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IGUALDADE DE GÊNERO E EMPODERAMENTO FEMININO: RUMO A UMA

SOCIEDADE JUSTA
Sara M. Lorentz
João Pedro N. Felipe
Kezia S. Pereira
Giovanna R. de Sousa
Maria Clara M. Silva

1. INTRODUÇÃO

A igualdade de gênero refere-se a garantia de direitos, oportunidades e tratamento


justo para todas as pessoas, independentemente de seu gênero. Contudo, historicamente, as
mulheres tiveram um papel de submissão na sociedade. No mundo institucional, os homens
são maiores em cargos de autoridades além de receberem um proveito maior para
preencherem a mesma função que as mulheres, ainda que estas busquem mais conhecimentos
e qualificações. Alguns motivos da desigualdade de gênero retratam a duração e perpetuação
de abstrações normativas, que reforçam a fundamentalidade de rotular pessoas e estabelecer
uma divisão. Essa desigualdade reforça situações de violência, podendo ser física, sexual,
psicológica, social, patrimonial ou moral.
As mulheres, muitas vezes, não encontram apoio social ou do Estado para desfazer
esses acontecimentos e ciclos. Ao longo do tempo, a mulher foi suprimida do agrupamento
efetivo nos espaços públicos, além de estarem submetidas (isso ainda é atual) à autoridade de
homens por parte de sua família, sendo seus pais e maridos. Desde o início da humanidade, o
homem utilizou de sua habilidade física para dominar as coesões sociais. As empresas, a
política e as ciências foram dominadas quase que por completo por eles até o século XX.
Atualmente, as passagens feministas ganham engajamento nas redes sociais, mas a
desigualdade continua. A mulher ainda é examinada de maneira desigual em relação ao
homem. Os espaços políticos, acadêmicos, científicos e sociais continuam dominados por
homens, que são maioria em número na sua ocupação. Acreditamos que, ao compreender
melhor as questões relacionadas à igualdade e ao empoderamento das mulheres, podemos
ajudar a construir uma sociedade mais justa, inclusiva e igualitária, onde todas as pessoas,
independentemente do gênero, tenham as mesmas oportunidades e direitos.

2. CONCEITOS DE IGUALDADE DE GÊNERO

A igualdade de gênero é uma questão fundamental no contexto atual, permeando todos


os aspectos da sociedade, desde o ambiente familiar até o profissional. Para entender o
significado deste tema, é necessário explorar seus conceitos básicos e entender a definição de
igualdade. Além disso, devem ser analisados os aspectos envolvidos, como igualdade de
oportunidades, direitos e acesso a recursos, e a importância de eliminar estereótipos e
preconceitos de gênero.
Refere-se à ausência de discriminação com base na identidade de gênero, que visa
garantir os mesmos direitos, oportunidades e recursos para homens, mulheres e representantes
de outras identidades de gênero. Este conceito básico implica em tratar todas as pessoas de
forma justa e igualitária, sem hierarquias ou privilégios. Não se limita à igualdade formal
perante a lei, mas inclui também a igualdade de fato em todas as áreas da vida.
Segundo Alexandre Bahia, os direitos fundamentais são a base de um Estado
democrático de direito e devem ser garantidos a todos os cidadãos, independentemente de seu
gênero. A jurisdição constitucional desempenha um papel fundamental na proteção e
promoção desses direitos, assegurando que as leis sejam interpretadas e aplicadas de acordo
com a Constituição. Como ressalta Bahia, a jurisdição constitucional desempenha um papel
crucial na promoção dos direitos fundamentais, no entanto, é importante questionar se essa
jurisdição tem sido efetiva na garantia da igualdade de gênero e no empoderamento feminino.
Afinal, apesar dos avanços legais e constitucionais, ainda persistem desigualdades na
sociedade contemporânea.
Ana Cristina T. Barreto discute a igualdade entre homens e mulheres no ordenamento
jurídico, abordando as conquistas legais e os desafios enfrentados. Ela destaca a importância
de políticas públicas efetivas, da conscientização social e da mudança de mentalidade para
alcançar uma verdadeira igualdade de gênero. A igualdade entre homens e mulheres no
ordenamento jurídico é um objetivo a ser perseguido constantemente. Como afirma Barreto, é
necessário promover uma mudança de mentalidade, superando estereótipos e preconceitos
arraigados na sociedade, para que as mulheres possam desfrutar plenamente de seus direitos e
contribuir de forma igualitária para o desenvolvimento social e econômico.

2.1 DIMENSÕES DA IGUALDADE DE GÊNERO

Enquanto mudanças legislativas ou jurisprudenciais podem promover a igualdade de


gênero, instituições funcionais também têm importante papel a desempenhar nesse processo.
Em 2001, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) determinou que o Brasil
havia violado os direitos de Maria da Penha Maia Fernandes, vítima de violência doméstica, e
recomendou que o país tomasse medidas para combater efetivamente a violência contra a
mulher. Em 2006, o Governo Federal brasileiro respondeu com a promulgação de uma lei
contendo mecanismos para reduzir e prevenir a violência doméstica contra a mulher, a “Lei
Maria da Penha” (Lei 11.340/2006), doravante denominada “a Lei”. A lei introduziu uma
nova definição legal de violência doméstica, penalidades criminais mais duras e "medidas de
proteção" para mulheres em perigo iminente.
A lei também exige uma série de reformas institucionais, incluindo inovações
institucionais como tribunais especializados, unidades de investigação especializadas e
equipes multidisciplinares (incluindo assistentes sociais, psicólogos, etc.) para apoiar as
vítimas. A lei também exige a criação de delegacias especializadas com mulheres em todos os
estados brasileiros. Diferentes setores do estado (por exemplo, executivo e judiciário) e
departamentos do executivo (serviços de assistência social, sistema público de saúde, polícia)
foram encarregados de implementar essas inovações. A lei também propõe medidas de
precaução, exigindo que o poder executivo adote uma "abordagem abrangente de precaução",
incluindo currículos escolares, campanhas educacionais, treinamento de pessoal e
financiamento para pesquisas. Essas políticas devem ser implementadas conjuntamente pelos
governos municipal, estadual e federal, em consulta com atores não governamentais.
Uma dimensão importante da igualdade de gênero é a igualdade de oportunidades.
Isso significa que homens e mulheres devem ter oportunidades iguais de educação, emprego,
liderança, recursos financeiros e participação na vida social e política. A igualdade de
oportunidades visa quebrar as barreiras que historicamente restringem o acesso das mulheres
a essas áreas e promover a participação igualitária de homens e mulheres em todas as áreas da
vida. Além disso, a igualdade de gênero também significa garantir direitos iguais para homens
e mulheres. Isso inclui direitos básicos como vida, liberdade, segurança, igual proteção legal,
liberdade de opinião e direito à participação política. Garantir que homens e mulheres gozem
de direitos iguais é essencial para uma sociedade justa e igualitária.
O feminismo desencadeou um repensar da política corporal, das relações de gênero e
da vida partidária. Nas últimas duas décadas, evoluiu para uma nova crítica à desigualdade e à
construção de direitos e oportunidades iguais. Cidadania reinventada para incluir mulheres: A
Declaração Universal dos Direitos do “Homem” passou a ser a Declaração Universal dos
Direitos “Humanos” para incluir mulheres após a Conferência de Copenhague de 1993. Como
você pode ver, a antiga ordem hierárquica da regra masculina foi quebrada apenas
recentemente.
A transformação não é rápida nem linear. Alguns progressos são temporários, mas os
obstáculos permanecem ou se repetem nas esferas econômica, política e especialmente
privada, onde a violência parece estar aumentando. Iniciamos o 3º milênio com algumas
contradições. Estamos vendo mais mulheres em todos os níveis de educação, maior
diversidade em campos profissionais, exposição da sexualidade feminina e mudanças nas leis.
Por outro lado, está ocorrendo uma feminização das carreiras, e não é por acaso, pois
as carreiras de salário-mínimo estão sendo feminizadas, as hierarquias salariais estão sendo
redefinidas em novas especialidades e os trabalhos domésticos continuam.

2.2 IMPORTÂNCIA DA IGUALDADE DE GÊNERO

A igualdade de gênero contribui para o desenvolvimento sustentável ao promover a


diversidade, a inclusão e o respeito à dignidade humana. Ao tratar homens e mulheres de
forma justa e equitativa, a sociedade se beneficia de uma maior participação de talentos e
perspectivas, impulsionando a inovação, a produtividade e a paz social.
Aspectos da igualdade de gênero incluem igualdade de oportunidades, direitos e
acesso a recursos, e a eliminação de estereótipos e preconceitos. Segundo António Guterres,
Secretário-Geral da ONU, “A igualdade de gênero não é apenas um direito humano
fundamental, mas também uma base necessária para um mundo pacífico, próspero e
sustentável." Reconhecer a importância desse tema e trabalhar ativamente para promover a
igualdade de gênero.
Kant defendeu a ideia de que todos os seres humanos possuem dignidade e valor
intrínsecos, independentemente de suas características particulares. Ele argumentou que a
moralidade deve ser baseada na razão e na igualdade de tratamento, sem distinções arbitrárias.
Embora Kant não tenha abordado especificamente a igualdade de gênero, seus princípios
morais universais podem ser aplicados a questões de justiça e igualdade.
A importância da igualdade é amplamente reconhecida por líderes e defensores dos
direitos humanos. Muitas vozes influentes enfatizam a necessidade de fechar a lacuna entre
homens e mulheres e promover a igualdade em todas as áreas da vida. A igualdade não é
apenas uma questão de justiça social, mas também um pré-requisito para o progresso social e
a sustentabilidade.
Ao promover a igualdade de gênero, estamos trabalhando para uma sociedade mais
inclusiva, onde homens e mulheres tenham oportunidades iguais de educação, emprego e
participação política. Isso não só beneficia os indivíduos, mas também contribui para o
desenvolvimento econômico e social do país, o estudo mostra que está diretamente
relacionada ao aumento da produtividade, inovação e resiliência da comunidade.
3. RELAÇÃO ENTRE IGUALDADE DE GÊNERO E EMPODERAMENTO
FEMININO

A igualdade de gênero é um fator importante no empoderamento das mulheres. Se as


mulheres tiverem oportunidades iguais de educação, saúde, trabalho e liderança, elas terão a
oportunidade de desenvolver todo o seu potencial e participar plenamente da sociedade. Além
disso, a igualdade promove uma cultura de respeito mútuo onde mulheres e homens são
valorizados igualmente, independentemente dos papéis de gênero. Por outro lado, o
empoderamento das mulheres promove a igualdade. Quando as mulheres são empoderadas,
elas se tornam agentes de mudança em suas vidas e comunidades, desafiando os estereótipos
de gênero e exigindo direitos iguais. Empoderar as mulheres, significa expandir o acesso das
mulheres aos recursos, informações e oportunidades de que precisam para assumir o controle
de suas vidas e tomar decisões informadas.
A igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres trazem muitos benefícios
para as mulheres, suas famílias e a sociedade como um todo. A pesquisa mostra que os países
que investem em equidade experimentam maior desenvolvimento humano, redução da
pobreza e crescimento econômico sustentável. Além disso, o empoderamento das mulheres
está associado a melhorias na saúde e bem-estar das mulheres, incluindo o aumento das
decisões reprodutivas e reduções na violência de gênero. É nessa perspectiva, de construção
da justiça de gênero, que Fraser (2002, p. 65) defende a proposta de “mudança tanto na
estrutura econômica quanto na hierarquia de status da sociedade contemporânea”. Ela ressalta
ainda que “somente a mudança em uma delas não será suficiente” para se atingir a igualdade.
Apesar do progresso até agora, desafios significativos permanecem na busca da
igualdade de gênero e do empoderamento das mulheres. Estereótipos de gênero persistentes,
discriminação no local de trabalho, falta de representação política e violência de gênero são
alguns dos obstáculos que precisam ser superados. O caminho para a igualdade de gênero e o
empoderamento das mulheres requer o engajamento de governos, organizações e sociedade
civil. Implementar políticas públicas que promovam a igualdade de gênero, fortalecer os
mecanismos de proteção dos direitos das mulheres e promover a educação e a conscientização
são ferramentas importantes para enfrentar esses desafios.

CONCLUSÃO

É importante ressaltar que a luta pela igualdade de gênero não é apenas


responsabilidade das mulheres, mas sim de toda a sociedade. É necessário o envolvimento de
homens, mulheres, organizações governamentais e não governamentais, instituições e
comunidades para alcançar uma sociedade verdadeiramente igualitária, onde os direitos e
oportunidades não sejam determinados pelo gênero.
A igualdade de gênero e o empoderamento feminino são elementos fundamentais para
a construção de uma sociedade justa e igualitária. A partir das reflexões apresentadas nos
artigos de Alexandre Bahia e Ana Cristina T. Barreto, fica claro que a garantia dos direitos
fundamentais e a promoção de uma jurisdição constitucional efetiva são cruciais para avançar
nessa direção.
Portanto, é responsabilidade de todos os atores sociais, incluindo governos,
instituições jurídicas, organizações não governamentais e indivíduos, trabalhar juntos para
promover a igualdade de gênero e o empoderamento feminino, garantindo que todas as
pessoas, independentemente de seu gênero, tenham igualdade de oportunidades e sejam
valorizadas em suas contribuições para a sociedade.

REFERÊNCIAS

BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco. Direitos fundamentais e jurisdição constitucional:


Igualdade: 3 dimensões, 3 desafios.. [S. l.]: Editora revista dos tribunais, 2014.

BARRETO, Ana Cristina Teixeira. A igualdade entre homens e mulheres no ordenamento


jurídico brasileiro. Acesso em, v. 12, 2014.

BLAY, Eva Alterman. Um caminho ainda em construção: A igualdade de oportunidades para


as mulheres. Revista USP, n. 49, p. 82-97, 2001.

DOS SANTOS, Jucélia Bispo. Novos movimentos sociais: feminismo e a luta pela igualdade
de gênero. Revista internacional de direito e cidadania, n. 9, p. 81-91, 2011.

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