TEXTO A USAR Da Primeira Opçao de Orientador 2
TEXTO A USAR Da Primeira Opçao de Orientador 2
TEXTO A USAR Da Primeira Opçao de Orientador 2
53660/CONJ-649-709
Educational Policies in the Amazon: Reflection on policies for public high school
education in the region of Tocantins and Vale do Acará/PA
Fahid da Costa Kemil1*, Afonso Welliton de Sousa Nascimento 12, Alexandre Augusto
Cals e Souza 2¹
RESUMO
O artigo busca responder como as políticas públicas de educação têm refletido sobre o Ensino Médio (EM)
no município de Abaetetuba/PA? Partindo da discussão de Políticas Públicas de Educação, verificando a
Lei de Diretrizes e Bases, o Plano Nacional de Educação e o Plano Estadual da Educação. Fazendo a relação
com o EM a partir da bibliografia utilizada e de entrevistas realizadas com oito pessoas, sendo quadro delas
professores e quatro alunos do Ensino Médio de duas escolas públicas. O objetivo desde estudo consiste
em identificar o reflexo das políticas públicas educacionais, mais especificamente do EM em escolas
públicas estaduais. A partir das entrevistas realizadas foi possível identificar que os alunos vêm tendo
dificuldades em relacionar os conteúdos abordados em sala de aula com a realidade em que vivem. Na visão
dos professores são identificados três perfis de escolas no município de Abaetetuba, as que buscam apenas
aprovação em vestibulares, as que visam, além disso, o trato de conhecimentos culturais e as que apenas se
preocupam em transmitir conteúdos em sua maioria descontextualizados.
ABSTRACT
The article seeks to answer how public education policies have reflected on High School (EM) in the city
of Abaetetuba/PA? Starting from the discussion of Public Education Policies, verifying the Law of
Directives and Bases, the National Education Plan and the State Education Plan. Making the relationship
with the EM from the bibliography used and from interviews with eight people, including teachers and four
high school students from two public schools. The objective of this study is to identify the reflection of
public educational policies, more specifically of EM in state public schools. From the interviews carried
out, it was possible to identify that students have been having difficulties in relating the contents covered
in the classroom with the reality in which they live. In the view of the teachers, three profiles of schools in
the municipality of Abaetetuba are identified, those that seek only approval in entrance exams, those that
aim, in addition, to deal with cultural knowledge and those that are only concerned with transmitting mostly
decontextualized content.
1
Universidade Federal do Pará- UFPA
*E-mail: alexandre@ufpa.br
INTRODUÇÃO
No Brasil é possível verificar diferenciações no ensino de acordo com o grupo
social, as escolas que atendem os setores populares pelas condições infraestruturais
oferecidas, nem sempre conseguem manter a qualidade desejada. A educação é direito de
todos, mas vem sendo tratada como privilégio de alguns, segundo Simões (2011), ocorre
a distribuição desigual do capital simbólico da escola. O que justifica o interesse de maior
compreensão sobre a temática estudada. Ela tende a se expandir com funções mais
voltadas às formas tradicionais de regulação. O capitalismo precisa da escola por razões
ideológicas e econômicas, mas se recusa a mudar a função social dessa instituição.
A pesquisa busca responder como as políticas públicas de educação têm refletido
sobre o Ensino Médio no município de Abaetetuba/PA? Partindo da discussão de Políticas
Públicas de Educação e Ensino Médio, verificando a Lei de Diretrizes e Bases, o Plano
Nacional de Educação e o Plano Estadual da Educação. Fazendo a relação com o Ensino
Médio a partir da bibliografia utilizada e de entrevistas realizadas com oito pessoas, sendo
quatro professores(as) e quatro alunos(as) do Ensino Médio de duas escolas públicas de
Abaetetuba. Onde quatro dos sujeitos são de uma escola e as outras quatro da segunda
escola, tanto docentes quanto discentes.
O objetivo deste estudo consiste em identificar a relação das políticas públicas
educacionais, mais especificamente com o Ensino Médio em escolas públicas no
município de Abaetetuba, a partir de uma revisão bibliográfica e de entrevistas
semiestruturadas com os informantes da pesquisa. Sendo relevante no sentido de outros
olhares, acerca da temática além de fomentar o debate sobre o assunto.
A proposta, para Simões (2011) é de unidade entre os aspectos manuais e
intelectuais no Ensino Médio, envolvendo o exercício das mãos e da mente, não havendo
a limitação da escola aos interesses imediatos, utilitários e pragmáticos, mas, com
proposições a refletir, pensar e compreender as determinações da vida social e produtiva,
articulando o trabalho, a ciência e a cultura, visando à emancipação humana.
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(órgão legislativos, tribunais, exército e outras) que possibilitam a ação do governo. Esse
último é o conjunto de programas e projetos que parte da sociedade, propondo para a
sociedade como um todo, caracterizando-se como a orientação política de um dado
governo que assume e desempenha as funções de Estado num determinado período.
Os neoliberais não defendem a responsabilidade do Estado em relação ao
oferecimento de educação pública a todo cidadão, de forma padronizada e universal,
Hofling (2001). Segundo a autora, a centralização na escolaridade, trouxe unidades
maiores, reduzindo a capacidade dos consumidores de escolher e aumentando o poder dos
produtores. As teorias neoliberais propõem que o Estado transfira suas responsabilidades
para o setor privado, então as famílias teriam o direito de livre escolha sobre a educação
desejada para seus filhos, estimulando a competição entre os serviços oferecidos no
mercado. Portanto, a educação como produto mercadológico
Tem sido mais comum no Brasil a reivindicação de iniciativas governamentais na
área da educação, em especial para que sejam desenvolvidas como políticas públicas de
Estado. De acordo com Simões (2011), o conceito mais adequado de política pública,
propõe a ideia de Estado e não de governo. Havendo conceitos polissêmicos para o termo
“política pública”, onde este engloba o sentido de uma ação com os objetivos e meios
para sua realização.
Ao se falar em políticas públicas, era pensado em uma intervenção do Estado
numa situação social problemática. Entretanto, como afirma Simões (2011), toda política
pública é uma intervenção estatal, havendo a necessidade de incorporar a esse conceito o
que resulta da interação e do conflito entre a concepção de Estado e as necessidades
exigidas pela sociedade civil.
São várias as fases das políticas públicas educacionais, segundo Simões (2011), a
identificação da questão, formulação, autorização, implementação, monitoramento e
avaliação. Todas essas fases envolvem diversos personagens. Tendo quatro diferentes
ângulos e elementos de observação das políticas públicas, como coloca o autor: teoria,
práticas e resultados; atores interesses e regras; custos, suporte e financiamentos; saberes,
valores e linguagens. Componentes que refletem efetivamente nas políticas educacionais
em especial nas voltadas ao Ensino Médio.
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O Ensino Médio faz parte da educação básica, situado entre o nível fundamental
e o superior. Essa denominação sofreu muitas variações ao longo do tempo e das políticas
públicas da educação brasileira. Segundo Lima et al (2009), na lei 4.024/61, a
denominação era Educação de Grau Médio ou Ensino Médio, dividida em dois ciclos,
Ginasial e Colegial. O ginásio tinha suas duas primeiras séries com oito disciplinas,
dessas, uma ou duas eram optativas. A terceira série era embasada em um currículo
pautado em aspectos históricos, linguísticos e literários. Já o colegial tinha um currículo
mais diverso, objetivando a preparação para cursos superiores, tendo de quatro a seis
disciplinas.
Com a reforma de 1971, sob a Lei 5.692, as escolas passaram a priorizar a
formação técnica, o Ensino Médio recebeu o nome de “2º Grau”, mantendo-se com essa
estrutura até a publicação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) nº 9.394/96, como afirma
Lima et al (2009). Segundo os autores, um fato curioso dessa formação foi o não
atendimento aos objetivos propostos, uma vez que não foi desenvolvido o gosto pela
cultura e também não houve a formação de técnicos capacitados para o mundo do
trabalho.
A partir da publicação da LDB, esse nível de ensino passou a ser chamado de
Ensino Médio. Em seu Artigo 35 o Ensino Médio é caracterizado como a etapa final da
educação básica, tendo a duração mínima de três anos e as finalidades de preparar o
educando para prosseguir os estudos em nível técnico ou superior, além de objetivar a
preparação básica para o trabalho e para a cidadania, formação ética, desenvolvimento da
autonomia intelectual, pensamento crítico, o entendimento dos fundamentos científico-
tecnológicos dos processos produtivos; compondo um currículo que aborde a educação
tecnológica básica, a compreensão do significado da ciência, das letras e das artes, assim
como os conhecimentos acerca do processo histórico, das transformações sociais e
culturais, tendo a língua portuguesa como instrumento de comunicação. Além disso, o
Ensino Médio também pode formar o educando para o exercício de profissões técnicas.
O Ensino Médio no Brasil tem sido considerado um nível de difícil enfrentamento,
segundo Simões (2011), devido à sua concepção, estrutura, forma de organização,
mediação e à particularidade de atender à juventude. Ele vem com duas propostas,
preparar para a continuidade dos estudos e para o mundo do trabalho, no projeto
capitalista de sociedade, dentro de determinadas ralações sociais.
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Na contramão a essa concepção, o conceito de politecnia, pensado por Gramsci
(2006) vem agregar a escola ao trabalho, propondo fundamentos científicos de diferentes
técnicas relacionadas ao trabalho moderno, à união entre instrução intelectual e trabalho
produtivo. Para o melhor desenvolvimento das questões culturais e educacionais, é
necessária a superação dessa proposta dual de educação, na visão de Simões (2011). Não
basta apenas reivindicar mais educação para os trabalhadores, mas a busca se estende a
um tipo de escola novo, com perspectivas de transformação social.
Se faz necessária a definição da identidade do Ensino Médio, sendo esse, a etapa
final da educação básica, tendo no trabalho um princípio educativo e não uma adaptação
à organização produtiva. Para Simões (2011) as dimensões constituintes dessa identidade
devem ser: trabalho, ciência, tecnologia e cultura. Pautado na universalização de um
Ensino Médio de qualidade de cultura geral e ampla, articulando conhecimentos e saberes
da ciência, tecnologia, cultura e do trabalho.
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A LDB (Lei nº 9.394, de 1996) estabelece a identidade do Ensino Médio como
uma etapa de consolidação da educação básica, aprimorando o educando como ser
humano, retrata a continuidade e aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no
ensino fundamental, oferecendo a preparação básica para o trabalho e a cidadania. Assim,
de acordo com Simões (2011) o governo centrou sua ação na integração do Ensino Médio
com a educação profissional, sem propor um ensino não profissionalizante, de interesse
dos trabalhadores e da juventude em geral.
A LDB define e regulariza o sistema de educação brasileiro, com base nos
princípios presentes na Constituição Federal de 1988. Segundo Lima et al (2009), a
primeira LDB foi criada em 1961, seguida por uma versão em 1971, que vigorou até o
estabelecimento da mais recente, em 1996. Essa lei é composta por diretrizes, indicativa
e não resolutiva das questões educacionais. Essas diretrizes fazem relação com o artigo
210 da Constituição Federal de 1988. A Resolução número 2, de abril de 1998, da Câmara
de Educação Básica, apresenta as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), como
diretrizes de base descritas pela Carta Magna Brasileira, sendo essa, matéria-prima da Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Segundo Lima et al (2009), para o
funcionamento das redes escolares, é necessária a união das ações do texto constitucional
e do contexto da LDB. A partir dessa realidade surgem a política e os planejamentos
educacionais no intuito de estabelecer um funcionamento independente e harmônico.
O Artigo 36 da LDB trata as diretrizes do currículo do Ensino Médio destacando
a Educação Tecnológica Básica, a compreensão do significado da ciência, das letras e das
artes, o processo histórico de transformação da sociedade e da cultura e tendo a língua
portuguesa como instrumento de comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da
cidadania. Esse artigo também propõe o uso de metodologias de ensino e avaliação que
estimulem a iniciativa dos estudantes, além da inclusão de uma língua estrangeira
moderna como disciplina obrigatória escolhida pela escola e uma segunda, em caráter
optativo. Essas metodologias e avaliações devem proporcionar ao aluno, no final do
curso, domínio dos princípios científicos e tecnológicos da produção moderna do
conhecimento. Conhecimentos sobre as formas contemporâneas de linguagem, saberes
sociológicos e filosóficos necessários ao exercício da cidadania:
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I – domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a
produção moderna;
II – conhecimento das formas contemporâneas de linguagem;
III – domínio dos conhecimentos de Filosofia e de Sociologia
necessários
ao exercício da cidadania.( LDB, Lei Nº 9.394/1996.)
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Meta 8: elevar a escolaridade média da população de 18 (dezoito) a 29
(vinte e nove) anos, de modo a alcançar, no mínimo, 12 (doze) anos de
estudo no último ano de vigência deste Plano, para as populações do
campo, da região de menor escolaridade no País e dos 25% (vinte e
cinco por cento) mais pobres, e igualar a escolaridade média entre
negros e não negros declarados à Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística - IBGE. (PNE, 2014).
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As lutas sobre as políticas públicas, inclusive a defesa ao Plano Nacional de
Educação, envolvem a organização e mobilização da sociedade civil na busca da
superação da lógica histórico política brasileira, a qual é limitada nos aspectos estruturais,
políticos, econômicos, culturais e pedagógicos, como afirma Dourado (2017). Durante a
história da educação brasileira vem ocorrendo diversas disputas de projetos com distintas
concepções sobre o papel do Estado e do planejamento, havendo diferentes visões
políticas e pedagógicas refletindo em vários campos da educação, como no financiamento
e nos processos de gestão. A partir da polarização entre os adeptos ao ensino público e os
adeptos do ensino privado, o uso e a compreensão do fundo público tem sofrido
argumentos éticos e políticos.
A falta de um sistema nacional de educação institucionalizado, a existência de
políticas e planejamento descontinuados, a falta de cooperação entre a União, os estados,
o Distrito Federal e os municípios, são fatores que dificultam os meios de acesso e
garantia à educação. Levando a discussões tardias sobre a concretização de planos
nacionais e/ou setoriais que, de acordo com Dourado (2017), estão em debate desde a
década de 1930.
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III - garantia do atendimento das necessidades específicas na educação
especial, assegurado o sistema educacional inclusivo em todos os
níveis, etapas e modalidades;
IV - promoção da articulação interfederativa na implementação das
políticas educacionais. (PNE, Lei N° 8.186, de 23 de junho de 2015)
O PEE em seu Artigo 2º trata sobre suas diretrizes, como é possível observar a
seguir:
I - erradicação do analfabetismo;
II - universalização do atendimento escolar;
III - superação das desigualdades educacionais, com ênfase na
promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de
discriminação;
IV - melhoria da qualidade da educação;
V - formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores
morais e éticos em que se fundamenta a sociedade;
VI - promoção do princípio da gestão democrática da educação pública;
VII - promoção humanística, científica, cultural e tecnológica do
Estado;
VIII - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em
educação como proporção do Produto Interno Bruto - PIB, que assegure
atendimento às necessidades de expansão, com padrão de qualidade e
equidade;
IX - valorização dos profissionais da educação;
X - promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à
diversidade e à sustentabilidade socioambiental.
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formação cidadã e meios para progredir no trabalho e prosseguir nos estudos. De acordo
com Carmo (2013) sobre as vagas em universidades publicas os cursos de maior
concorrência tem predominância de alunos provenientes do Ensino Médio em escolas
particulares. Já os cursos menos concorridos, têm um número maior de alunos oriundos
de escolas públicas. Em termos de aprovação escolar, também é verificado um índice
maior de aproveitamento nas escolas particulares. E os percentuais de repetência e
abandono tem sido maiores em escolas públicas. A evasão escolar, segundo Carmo
(2013), é maior em escolas públicas. A carga horária em sala de aula também costuma
ser maior em escolas particulares, comparadas às privadas. Embora haja certa
similaridade de qualidade de ensino em ambas as redes.
Os mapas abaixo trazem alguns dados sobre a Educação Básica, mais
especificamente o Ensino Médio no Brasil em 2014:
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Fonte: IBGE, 2021.
74
Fonte: IBGE, 2020.
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Seria interessante que o Ensino Médio tivesse uma política específica que o
conduza além da mera intervenção na formação, como afirma Pereira (2008), mas
considere os direitos dos sujeitos enquanto cidadãos. No estado do Pará o desafio é a
efetivação de políticas que visem além da inserção de jovens com idade entre 15 e 17
anos no Ensino Médio, mas também a sua permanência e continuação dos estudos,
segundo Pereira (2008), por meio da criação de uma rede de escolas com a possibilidade
de desenvolver um currículo que atenda às necessidades dos alunos.
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são feriados, eventos, greves, problemas na escola, falta de material, falta de
investimentos... E isso é comum em outras escolas também” (PROFESSORA B). Ambas
as professoras relataram que poucas instituições de ensino apresentam estruturas como
laboratório de informática ou multidisciplinar.
Quando vamos as vozes dos discentes, ao serem perguntados sobre seus
objetivos e perspectivas quanto ao seu estudo no Ensino Médio, os alunos relataram ter
foco em: obter aprovação em universidades públicas ou cursos técnicos (dois alunos) e
na busca de emprego (dois alunos). Em resposta à pergunta um dos alunos informou: “Eu
quero melhorar de vida, ajudar minha família e preciso de um bom emprego, aí tem que
estudar né?” (ALUNO A).
Aprovação em vestibulares
ou cursos técnicos
Busca por um emprego
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(ALUNO B). Outro aluno relatou: “Não sei pra que estudamos certos assuntos, não serve
pra nada... Só uso na sala mesmo” (ALUNO C).
Como proposta de melhora tanto os alunos quanto as professoras abordaram em
suas respostas a necessidade de melhorar a estrutura das escolas, as professoras
enfatizaram as melhorias nas escolas do campo, as quais estão prejudicadas em sua grande
maioria. As educadoras também afirmaram sobre a necessidade de maior
contextualização dos conteúdos. Além da melhor capacitação dos professores para
ampliar o acesso ao ensino, com ênfase para a educação especial.
8 CONSIDERAÇÕES POSSÍVEIS
Um grande desafio colocado sobre a educação consiste na necessidade de um
serviço público que garanta o direito à educação e acesso à cultura para todas as crianças
e jovens, com igualdade e mesmas oportunidades de justiça social. Na visão de Barroso
(2005), é relevante desmontar a lógica de mercado na educação, fazendo da regulação e
construção das políticas educativas um processo de construção coletiva, em condições de
igualdade para todos os cidadãos.
Segundo Sposito e Carrano (2003) outro desafio é colocar as políticas de
juventude em uma pauta ampliada de direitos públicos de caráter universalista.
Considerando os jovens sujeitos com autonomia e personagens ativos no processo de
formulação, execução e avaliação das políticas a eles destinadas.
De acordo com Carmo (2013), uma proposta encontrada nos Parâmetros
Curriculares Nacionais do Ensino Médio, visa à aproximação da escola à nova realidade
nacional. Propondo aos jovens e adolescentes uma participação social mais ativa.
Talvez uma administração formada por uma concepção crítica de Estado, veja
como seu real objetivo e função atender a sociedade como um todo, não favorecendo
apenas aos grupos detentores de poder econômico, mas tendo como prioridade programas
de ação universalizantes, incorporando conquistas sociais pelos grupos e setores
desfavorecidos, no intuito de propor um equilíbrio social.
A partir das entrevistas realizadas foi possível identificar que os alunos vêm tendo
dificuldades em relacionar os conteúdos abordados em sala de aula com a realidade em
que vivem, chegando a ter esses assuntos apenas como necessários para aprovação em
processos avaliativos, pouco visualizando sua interação com o contexto em que se vive.
Sobre os objetivos e perspectivas dos alunos acerca do Ensino Médio foi possível
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perceber a busca por um emprego, vaga em universidades ou cursos técnicos, vendo o
Ensino Médio como uma etapa para cumprir e se alcançar um desses objetivos. Pouco foi
observado sobre a relação com o saber, a motivação pela busca do conhecimento e
compreensão da realidade.
Na visão das professoras são identificados três perfis de escolas no município
de Abaetetuba, as que buscam apenas aprovação em vestibulares, as que visam, além
disso, o trato de conhecimentos culturais e as que apenas se preocupam em transmitir
conteúdos em sua maioria descontextualizados. Pouco se tem feito a relação com o
conhecimento e com a realidade vivida pelos alunos, não favorecendo sua compreensão
da mesma. Também foi mencionada a falta de investimentos em infraestrutura,
preparação e desenvolvimento das escolas, principalmente de educação no campo e sobre
a educação especial as quais tem apresentado ainda mais necessidades nesse contexto.
É central o trato de conteúdos contextualizados, voltados à realidade em que o
sujeito vive, os conhecimentos escolares e científicos são importantes e devem ser
abordados, certamente, porém é interessante a relação dos mesmos com o contexto social,
político, econômico e cultural em que o aluno vive, para assim lhe oferecer condições de
compreender tais realidades e poder atuar sobre elas. É visível também a necessidade de
maiores investimentos sobre a educação em termos de infraestrutura, acessibilidade e
garantia de direitos, abordados inclusive, nas leis.
Até mesmo quando se fala na busca por um bom emprego ou na preparação para
aprovação em vestibulares ou cursos técnicos, parcela significativa dos alunos do ensino
Médio é obrigada a recorrer a cursos para além de sua escola pública, como cursinhos
preparatórios. Por não estar conseguindo alcançar seu objetivo apenas na escola pública.
Sabendo que a educação é central para o desenvolvimento social e expansão de
uma dada região, durante esse processo educativo é interessante o diálogo e a relação com
instituições ligadas ao ensino e à extensão, para que assim possa haver uma maior
aproximação do ensino à realidade do jovem, podendo tornar a escola mais estimulante,
assegurando os direitos à liberdade ao respeito e às identidades. Fazendo uma reflexão
sobre a realidade atual é perceptível a necessidade de políticas que preparem os alunos
para a cidadania, possibilitando a compreensão do contexto social, político e econômico
em que se encontram.
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REFERÊNCIAS
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em,WWW.scielo.br. Acesso em, 16/12/2018
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