Perfil Do Bom Professor
Perfil Do Bom Professor
Perfil Do Bom Professor
Investigação Educacional
julho de 2016
Resumo
Cada um tem uma ideia intrínseca, porventura pouco definida, acerca das caraterísticas que
constituem um bom professor. Por ser um conceito tão pessoal, frequentemente cruzado com a
experiência de cada indivíduo, não será de estranhar que a sua definição provoque tantas
dificuldades e constrangimentos. Talvez esta subjetividade faça parte da sua natureza, pois cada
território escolar tem as suas especificidades, às quais o professor tem de se adaptar.
Conscientes dessa dificuldade, acreditamos, porém, que há dimensões que os alunos apreciam
mais num professor. Assim, a nossa investigação debruçar-se-á sobre as perceções dos alunos,
principais beneficiários do ofício docente, na tentativa de perceber quais as caraterísticas por
eles valorizadas, considerando os bons professores que tiveram no decorrer do seu percurso
escolar.
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iii
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Introdução
I. Enquadramento Teórico
“Que ele […] pense que toma o lugar daqueles que lhe confiaram os
filhos. […] Que a austeridade não seja triste nem a sua afabilidade
dissoluta […] Que a sua conversa trate sobretudo da honestidade e do
bem […] simples a ensinar, resistente ao esforço, mais assíduo do que
moderado. Que responda de bom grado às perguntas, e as faça ele
mesmo a quem não perguntar nada.”
Da legislação.
(…)
(…)
1
A opção de usar a legislação para a parte introdutória teórica do trabalho prende-se com a natureza
conceptual do mesmo. Pretende-se partir do geral (os contrutos formulados nas leis) para chegar, mais
tarde, às conclusão da investigação empírica.
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Itálico nosso.
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Provavelmente, enquadra-se melhor “into the elusive category of «I can‟t define it, but I
know it when I see it.»” (Jones, 2008, p. 95 citado por Miron & Mevorach 2014, p. 83).
Tal como salienta Roldão (2010), ensinar é antes de tudo “desenvolver uma
acção especializada, fundada em conhecimento próprio, de fazer com que alguém
aprenda alguma coisa que se pretenda e se considera necessária” (pp. 14-15), ou seja,
sob esta perspetiva, o bom professor é aquele que reúne determinadas qualidades que
possibilitam e incentivam os alunos a aprender. Assim, o bom professor será também
aquele que consegue convocar os seus saberes mobilizando-os para o desenvolvimento
da sua função particular, fazendo “com que esse saber-conteúdo se possa tornar
aprendido e apreendido através do acto de ensino” (Shulman, 1987 citado por Roldão,
2010, p. 23).
as categorias de Bakx et al. (2015) a par das categorias de Raufelder et al. (2016), a
título ilustrativo:
4
Optámos por elencar em quadro qualidades levantadas da análise conceptual e da investigação empírica
de forma a mostrá-las como frequentemente convergentes.
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Tal como Bell (2004) afirma, são as “leituras preliminares e o plano de pesquisa
[que] terão identificado as áreas importantes a investigar” (p. 118). Assim, e em
primeiro lugar, definimos domínios de investigação tendo em linha de conta o nosso
interesse enquanto futuros professores do Ensino Básico e Secundário. De seguida,
foram criteriosamente selecionados os itens a incluir no questionário, a partir de uma
síntese dos mais importantes que foram encontrados nos estudos que consultamos, a
saber:
C. Avaliação
D. Personalidade e carácter
Assiduidade/pontualidade
Coerência das palavras com as ações
Flexibilidade
Bom senso
Justeza
Paciência
Compreensão
Exigência
Dedicação
Bom humor
Humildade
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Deste modo, pensámos que a instrução criada, Pense em bons professores que
teve ao longo do seu percurso escolar (ou ainda tem) e responda às próximas questões,
considerando as caraterísticas que verificou existirem com maior ou menor grau, vai ao
encontro do nosso objetivo que, relembre-se, é saber que caraterísticas alunos acham
mais presentes nos professores que tiveram e consideram como bons. Assim, com esta
instrução pretendemos que os alunos tenham o seguinte raciocínio “o meu professor x
era um bom professor e esta característica, de facto, fazia/não fazia parte do seu perfil”.
Esta fase da instrução é extremamente importante, não só, por um lado, como aponta
Moreira (2004), porque a tarefa que se pretende que o sujeito entrevistado execute tem
que ser definida muito claramente, permitindo ao investigador prever potenciais
problemas ou “fatores que poderão vir a distorcer a sua [do entrevistado] resposta” (p.
122) e diminuir potenciais mal entendidos, a subsistência de dúvidas e ambiguidades;
mas também, por outro lado, porque, dizemos nós, é importante que a instrução e a
tarefa pedidas respeitem em simultâneo os objetivos da investigação e que incidam com
a maior acuidade possível no que se pretende avaliar.
claras mas limitadoras, por outro, as perguntas abertas podem ser mais flexíveis na sua
resposta, mas com a possibilidade de colocar problemas de interpretação ao
investigador. No entanto, cremos que as vantagens de incluir uma pergunta aberta
acerca deste assunto superam as dificuldades que poderão advir dela, mormente com a
potencialidade de obtenção de informação muito mais relevante e completa, sem
qualquer escala que poderia limitar ou influenciar o inquirido.
Aplicação do questinário
Saudar;
Agradecer o tempo prestado;
Explicar o propósito de estarmos a tentar avaliar o perfil do bom professor,
segundo a experiência dos alunos dos Ensinos Básico e Secundário;
Sublinhar que o preenchimento do questionário é voluntário e que há garantia do
anonimato;
Mencionar a brevidade do questionário, mas sem referir um tempo específico,
existindo a possibilidade de se usar o tempo que se achar necessário;
Enfatizar que não existem respostas certas ou erradas;
Mostrar disponibilidade para esclarecimento de dúvidas.
Testagem
No que diz respeito ao tema que servia o inquérito, a reação geral foi positiva e
os alunos demonstraram agrado perante a possibilidade de relembrarem os seus bons
professores e de partilharem as suas preferências e opiniões, facto que, consideramos,
influenciou algumas das questões levantadas, como adiante veremos.
A nível de compreensão lexical, na pergunta 3 (vd. anexo I), uma aluna não
compreendeu o que significava “expõe”, na pergunta 6, um aluno pediu que lhe fosse
explicado o significado de “coerente”. Em ambas as dúvidas, crê-se que há, por parte
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dos alunos, uma carência de capital lexical rico e variado que motiva o
desconhecimento dos vocábulos referidos. De igual forma, a pergunta 3 levantou ainda
uma outra dúvida na premissa “[um bom professor] torna visível a relação entre a
matéria e um conhecimento mais alargado do mundo”. A maior parte dos alunos foram
capazes de a parafrasear mas notámos que 3 dentre eles questionaram-nos sobre o
significado de “tornar visível” e sobre “um conhecimento do mundo mais alargado”.
Decidimos simplificar essa afirmação (vd. Anexo II), desfazendo a perífrase e trocando
a expressão de fim de frase que era mais abstracta por outra mais simples e concreta.
Conclusões preliminares
Referências Bibliográficas
Bain, K. (2004). What the best college teachers do. Cambridge: Harvard
University Press.
Bakx, A., Koopman, M., De Kruijf, J. & Den Brok, P. (2015). Primary school
pupils„ views of characteristics of good primary school teachers: An exploratory, open
approach for investigating pupils„ perceptions. Teachers and Teaching, 21(5). pp. 543-
564. DOI: 10.1080/13540602.2014.995477.
Beishuizen, J.J., Hof, E., Van Putten, C. M., Bouwmeester, S. & Asscher, J. J.
(2001). Students' and teachers' cognitions about good teachers. British Journal of
Educational Psychology, 71, pp. 185-201.
Raufelder, D., Nitsche, L., Breitmeyer, S., Keßler, S., Herrmann, E., Regner, N.
(2016). Students„ perception of “good” and “bad teachers” – Results of a qualitative
thematic analysis with German adolescents. International Journal of Educational
Research, 75. pp. 31-44. DOI: 10.1016/j.ijer.2015.11.004.
QUESTIONÁRIO
Este questionário pretende avaliar o perfil do bom professor com base nas experiências
de alunos do Ensino Básico e Secundário. Antes de começar a preencher este
questionário, deve ler atentamente todas as questões e procurar esclarecer qualquer
eventual dúvida. Tratando-se de um questionário anónimo, não deverá escrever o seu
nome em nenhuma das folhas. Para responder às questões formuladas, deverá assinalar
apenas uma opção de resposta.
Pense em bons professores que teve ao longo do seu percurso escolar (ou ainda
tem) e responda às próximas questões, considerando as características que verificou
existirem em maior ou menor grau.
1 2 3 4
Se precisar de corrigir:
1 2 3 4
1. Idade: ___
2. Sexo: Feminino ☐ Masculino ☐
QUESTIONÁRIO
Este questionário pretende avaliar o perfil do bom professor com base nas experiências
de alunos do Ensino Básico e Secundário. Antes de começar a preencher este
questionário, deve ler atentamente todas as questões e procurar esclarecer qualquer
eventual dúvida. Tratando-se de um questionário anónimo, não deverá escrever o seu
nome em nenhuma das folhas. Para responder às questões formuladas, deverá assinalar
apenas uma opção de resposta.
Pense em bons professores que teve ao longo do seu percurso escolar (ou ainda
tem) e responda às próximas questões, considerando as características que verificou
existirem em maior ou menor grau.
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Se precisar de corrigir:
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1. Idade: ___
2. Sexo: Feminino ☐ Masculino ☐