Guia de Boas Práticas para Manipuladores de Alimentos
Guia de Boas Práticas para Manipuladores de Alimentos
PARA MANIPULADORES
DE ALIMENTOS
PDF
Bibliografia.
ISBN 978-65-87507-18-7
1. Alimentação saudável 2. Alimentos - Manipulação 3. Nutrição
I. Pereira, Ingrid Annes.
21-72677 CDD-613.207155
Reitora
Denise Pires de Carvalho
Vice-Reitor
Carlos Frederico Leão Rocha
Pró-Reitora de Graduação
Gisele Viana Pires
Pró-Reitora de Pessoal
Luiza da Conceição de Araujo Marques
Pró-Reitora de Extensão
Ivana Bentes Oliveira
Vice-Diretor
Francisco de Assis Esteves
Revisão Final:
Analy Machado de Oliveira
Drª: Ciências de Alimentos
Profª da disciplina: Microbiologia de Alimentos
Curso de Farmácia
Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade - Nupem - UFRJ
Discentes:
Curso de Nutrição
Campus UFRJ-Macaé Professor Aluísio Teixeira
CONTATO: prolac.ufrj@gmail.com
Sumário
Apresentação 10
Módulo 1:
Introdução 11
Referências 30
Sumário
Módulo 2:
Introdução 31
Referências 65
Considerações finais 66
Apresentação
Boa leitura!
10
Módulo 1
Detecção e prevenção de
A preservação dos Controle da
intoxicações e
alimentos pelo transmissão de
infecções produzidas pela ação
emprego de doenças através
de microrganismos em
microrganismos; dos mesmos.
alimentos;
Microrganismos benéficos:
causam alterações benéficas nos alimentos,
modificando suas características originais, por
meio de um processo denominado fermentação.
Ex.: bebidas fermentadas, queijos, cervejas, vinhos,
pães e etc.
11
Fontes de contaminação
Solo e água;
Plantas;
Utensílios;
Trato Gastrointestinal;
Manipuladores de alimento;
Ração animal;
Pele de animais;
Ar e poeira.
Vírus
Fungos
Bactérias
12
3. Perigos em Alimentos:
13
Perigos químicos:
Perigos físicos:
14
4. Doenças Transmitidas por
Alimentos (DTA)
Vias de contaminação:
Boca Feridas
Mãos
Nariz
Garganta Pele
Sanitários
Animais
Espirro
Tosse
Alimento Vestuário e
Utensílios
Ar
15
Introdução na cozinha:
1. Matérias primas:
Água, vegetais crus, carnes, pescados, aves, ovos e outros alimentos crus
são fontes de patógenos. A seleção e o controle de fornecedor e Boas
Práticas no recebimento e no manuseio dessas matérias primas diminuem o
problema.
2. Alimentos prontos:
Alimentos já processados, prontos para uso ou semi-elaborados podem
veicular microrganismos patogênicos. Por isso, os fornecedores devem ser
avaliados, selecionados.
3. Pessoal:
Os manipuladores de alimentos podem ser carreadores de microrganismos
patogênicos para o ambiente, portanto, a adoção de Boas Práticas de
Higiene é essencial para redução da carga microbiana e por isso deve-se
adotar práticas como: lavagem rigorosa das mãos, antebraços e rosto, uso
de uniformes limpos e etc.
4. Insetos e roedores:
Podem ser veiculadores de patógenos. Medidas de controle para evitar a
entrada de pragas nesse ambiente através de um programa de Boas
Práticas devem ser aplicadas.
5. Ar:
A poeira carrega esporos de bactérias e fungos (células resistentes as
condições de ambiente adversas, mas que permanecem viáveis por muitos
anos). Assim, os alimentos devem ser mantidos cobertos e protegidos.
16
Matéria-prima:
Por alimentos contaminados misturados a
outros alimentos. Por exemplo: uma batata
gratinada pode receber creme de leite
contaminado.
Pessoal:
Superfícies:
Insetos e roedores:
Ar/ambiente:
2º - Multiplicação:
17
A velocidade de multiplicação dos microrganismos, depende basicamente
dos seguintes fatores:
Características do ambiente em
Características do
que o alimento se encontra:
alimento, como: – pH,
Temperatura e tempo de
presença ou ausência de
armazenamento. Existe uma faixa
oxigênio, presença de
de temperatura, conhecida como
substâncias antimicrobianas
zona de perigo para o alimento.
(inibem o crescimento de
A zona de perigo compreende a
microrganismos), alimentos
faixa de temperatura ideal para o
com casca, etc.
crescimento dos microrganismos.
3º - Sobrevivência de patógenos:
Ilustração autoral da
equipe ProLac
Os microrganismos patogênicos não esporulados
são facilmente destruídos por temperatura de
cozimento, Também são destruídos nos processos
de desinfecção de vegetais. Falhas em meio ao
processo de cocção e de sanitização de vegetais
resultam na sobrevivência de patogênicos não
esporulados. Já os erros cometidos, durante o
processo de reaquecimento de produtos prontos
resfriados, permitem que haja sobrevivência de
células vegetativas de microrganismos
patogênicos, tendo em vista, que os mesmos
tenham sobrevivido por conta de defeitos durante a
cocção ou se multiplicado ao decorrer de um
processo de resfriamento deficiente.
4º - Ingestão do alimento:
Aspectos relacionados ao estado imunológico do consumidor, quantidade de
alimento consumida e dose infectante estão relacionados ao desenvolvimento das
DTA. Indivíduos debilitados, idosos, crianças e gestantes são mais susceptíveis.
18
Como se avalia a qualidade microbiológica dos
alimentos?
De acordo com o ICMSF (International Commission on
Análises Microbiological Specification for Foods), são as
Microbiológicas do análises que permitem avaliar um produto
perfil higiênico e higienicamente, no que implica à aplicação das Boas
Práticas de Higiene ao decorrer de sua cadeia de
sanitário
produção e exposição ao consumo. Determinam as
contagens de microrganismos que não causam risco
direto a saúde do consumidor, mas que podem causar
deterioração. São estas as determinações analíticas de
contagem total de bactérias, contagem de fungos
(bolores e leveduras).
19
Microrganismos Patogênicos podem contaminar os alimentos e
transmitir doenças dos seguintes tipos:
21
Características de alimentos perecíveis:
Carne Peixe
22
DETERIORAÇÃO DOS ALIMENTOS
23
DETERIORAÇÃO PROVOCADA POR FUNGOS FILAMENTOSOS:
24
DETERIORAÇÃO PROVOCADA POR ENZIMAS:
25
Principais alterações dos alimentos enlatados:
26
Microbiota Contaminante dos Alimentos
CARNE IN NATURA
As condições do animal antes do abate, tais como, transporte,
alimentação, condições de estresse influenciam na qualidade e tipo de
microrganismo que se desenvolverá na carne.
PESCADO:
A microbiota inicial dos pescados sofre influência de diversos fatores
relacionados ao seu habitat, como: a condição da água, sazonalidade,
temperatura, presença de poluentes e condições de captura,
armazenamento, manipulação e conservação.
27
A microbiota contaminante dos pescados é influenciada pela
temperatura da água do seu habitat. Em pescados de origem das
águas temperadas ou frias são predominantes as espécies
psicrotróficas Gram-negativas: Pseudomonas spp., Moraxella spp.,
Acinetobacter spp., Shewanella spp., Vibrio spp., Aeromonas spp.
e Flavobacterium spp. e das espécies Gram-positivas dos gêneros:
Bacillus spp., Micrococcus spp., Clostridium spp..
AVES:
As carnes de frango sofrem deterioração principalmente por bactérias
presentes na superfície, pele e vísceras, causando o aparecimento de odores
indesejáveis, limosidade superficial e pigmentação esverdeada,
principalmente sob condições sanitárias as quais o número de bactérias está
6
em torno de 10 UFC/cm².
OVOS:
Os ovos são naturalmente estéreis, mas podem contaminar-se durante e logo após a
postura pelo material fecal contaminado da ave, pela manipulação, na gaiola ou no
ninho, pela água de lavagem, pela embalagem e durante a estocagem.⁽²⁾
28
FRUTAS E VEGETAIS:
A microbiota inicial pode variar consideravelmente de acordo com fatores
ambientais, tipo de solo, uso de fertilizantes e qualidade da água de
irrigação, podendo ocorrer a multiplicação de microrganismos na
superfície dos vegetais durante seu crescimento no campo, na colheita,
pós-colheita, armazenamento e distribuição.
29
Referências
30
Módulo 2
31
Segundo a RDC número 216 de 2004 da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA) são práticas de higiene que devem ser obedecidas
pelos manipuladores desde a escolha e compra dos produtos a serem
utilizados no preparo do alimento até a venda para o consumidor. As Boas
Práticas tem como propósito evitar a ocorrência de doenças provocadas
pelo consumo de alimentos contaminados.
Manipulação;
Como por exemplo:
Preparação;
restaurantes,
Fracionamento; padarias,
Armazenamento; confeitarias,
lanchonetes,
Distribuição; cozinhas industriais
Transporte; e institucionais,
cantinas, bufês,
Exposição à venda; comissarias,
Entrega de alimentos preparados ao consumo. pastelarias, dentre
outros.
Cumprimento da legislação.
33
33
2. HIGIENE DO AMBIENTE DE
PREPARO DO ALIMENTO E
UTENSÍLIOS
Precisamos inicialmente entender o conceito de higienização, que
corresponde a duas etapas, a limpeza e a sanitização.
34
Higienização
Limpeza Sanitização
1. Remoção dos
resíduos grosseiros 2. Pré-lavagem 3. Lavagem
das superfícies
6. Enxágue final
4. Enxágue 5. Sanitização
(se necessário)
Observação:
1 litro = 5 copos americanos cheios de água
+ =
PRINCIPAIS REGRAS PARA AS INSTALAÇÕES FÍSICAS E
HIGIENE DO AMBIENTE DE PREPARO DOS ALIMENTOS
(SEGUNDO A RDC 216/2004):
36
As instalações devem ser abastecidas de água corrente e
dispor de conexões com rede de esgoto ou fossa séptica.
Quando presentes, os ralos devem ser sifonados e as
grelhas devem possuir dispositivo que permitam seu
fechamento (RDC 216/2004).
37
Os equipamentos e os filtros para climatização devem estar
conservados. Realizar periodicamente e de forma programada a
limpeza dos componentes do sistema de climatização, a troca de
filtros e a manutenção dos equipamentos (RDC 216/2004).
38
As áreas que entram em contato indireto com os alimentos, como mesas e
bancadas, devem ter um bom estado de conservação, sem rachaduras,
fissuras ou outros defeitos.
Esses defeitos favorecem o
acúmulo de sujeiras e restos de É importante ressaltar que,
alimentos, favorecendo a rápida essa regra também se aplica
multiplicação de microrganismos às tábuas de corte que são
potencialmente patogênicos utilizadas no preparo dos
formadores de biofilmes. alimentos!
39
3. QUALIDADE DA ÁGUA DE
SERVIÇO
A limpeza do reservatório de água deve ser feita semestralmente!
40
4. HIGIENE DO MANIPULADOR DE
ALIMENTOS
A palavra higiene quando associada aos manipuladores de
alimentos geralmente está relacionada à higiene pessoal, de
forma abrangente.
41
Tanto na indústria quanto na cozinha, o manipulador de alimentos deve
seguir algumas recomendações, como:
42
O manipulador deve usar cabelos presos e cobertos com redes ou toucas,
para evitar que caiam nos alimentos. Além disso, os homens não devem
usar barba!
Você sabia que
1mm de cabelo
pode conter até
50.000
microrganismos?
1. Utilize a água 2. Esfregue a palma e o dorso das 3. Enxágue bem com água
corrente para molhar as mãos com sabonete, inclusive as corrente retirando todo o
mãos; unhas e os espaços entre os dedos, por sabonete;
aproximadamente 15 segundos;
43
Atenção! Ao lavar as mãos, fique atento a alguns cuidados:
Esfregar todas as regiões das mãos (veja a ilustração abaixo com as áreas
normalmente esquecidas);
Ilustração autoral da
equipe ProLac
44
As principais vias de contaminação dos alimentos por microrganismos
potencialmente patogênicos a partir do contato com manipuladores
são: a via fecal oral devido a falhas de higiene pessoal e por mãos
contaminadas; espirros; lesões de pele; acessórios pessoais ou
Equipamentos de Proteção Individual (EPI) contaminados; entre
outros.
Os principais microrganismos patogênicos que podem ser veiculados
aos alimentos por manipuladores são: Staphylococcus aureus,
Escherichia coli, Salmonella Typhi, Shigella spp., Listeria spp.,
Streptococcus spp., vírus da hepatite, cistos ou ovos de parasitas
intestinais.
Cabelo:
microrganismos
Nariz, boca e garganta: existentes no ar
microrganismos perigosos
(estafilococos)
Intestino: salmonelas,
coliformes, estreptococos
Mãos:
microrganismos que
vêm da boca, nariz,
superfícies sujas,
fezes e etc
Touca descartável
46
5.CUIDADOS COM AS MATÉRIAS-
PRIMAS, INGREDIENTES E
EMBALAGENS
47
Atenção! Não compre produtos que apresentarem:
49
Quando os ingredientes não forem totalmente utilizados, guarde-os em
recipientes e os identifique com informações sobre o tipo do produto, data
da utilização e o prazo de validade.
2L
Alface
Fab: 25/07/2020
Val: 3 dias
50
A temperatura mínima que os alimentos devem atingir, é de 70ºC (setenta
graus Celsius) e para que todas as partes do alimento atinjam essa
temperatura, é necessário que haja a garantia de um tratamento térmico
eficaz. Para utilizar temperaturas baixas no tratamento térmico, é preciso
atenção à combinação de tempo e temperatura, para que essa seja
suficiente na segurança e na qualidade higienicossanitária dos alimentos
51
Alimentos Congelados: O descongelamento deve ser
efetuado em condições de refrigeração à temperatura
inferior a 5ºC (cinco graus Celsius) ou em forno de micro-
ondas quando o alimento for submetido imediatamente à
cocção.
52
Em seguida, o alimento deve ser conservado sob refrigeração a
temperaturas inferiores a 5ºC (cinco graus Celsius), ou congelado à
temperatura igual ou inferior a -18ºC (dezoito graus Celsius negativos). O
prazo máximo de consumo do alimento preparado e conservado sob
refrigeração a temperatura de 4ºC (quatro graus Celsius), ou inferior, deve
ser de 5 (cinco) dias.
Peixe e batatas
Data de preparo: 27/07/2020
Prazo de validade: 5 dias
53
Atenção:
Produtos industrializados fechados ou abertos devem ser conservados
segundo a recomendação do fabricante.
Temperatura Tempo
74ºC O suficiente para atingir 74ºC
70ºC 10 minutos
65ºC 15 minutos
54
Atenção:
O balcão térmico deve estar com água tratada e limpa. A água deve ser
trocada diariamente e mantida à temperaturas entre 80ºC e 90ºC;
Termômetro mecânico
Termômetro digital
Termômetro infravermelho
56
8. EXPOSIÇÃO AO CONSUMO DO
ALIMENTO PREPARADO
As áreas de exposição do alimento pronto para consumo e
refeitórios devem ser mantidas organizadas, limpas e em
adequadas condições sanitárias.
57
Equipamentos de exposição ou distribuição de alimentos
prontos para consumo devem ter temperatura controlada, além
disso, devem ser devidamente dimensionados, e estar em
adequado estado de higiene, conservação e funcionamento.
Os utensílios utilizados
para consumo de
alimentos, tais como
pratos, copos, talheres,
devem ser descartáveis ou,
quando feitos de material
não-descartável, devem ser
devidamente higienizados e
armazenados em local
protegido.
58
Os ornamentos e plantas localizados na área de consumo ou
refeitório não devem constituir fonte de contaminação para os
alimentos preparados.
59
A infestação por pragas urbanas está associada a vários fatores: presença
de abrigo no ambiente físico, das condições de higienização do local, da
presença de alimento e água disponíveis para as pragas nas áreas de
armazenagem e entrada de mercadorias no local.
Caixas de papelão;
Embalagens plásticas: que envolvem alguns alimentos
como massas, farelos e os grãos, podem carrear
alguns carunchos (besouros pequenos) ou baratas de
cozinha;
Pallets de madeira;
60
Os insetos e roedores podem invadir o ambiente urbano, domiciliar e de
produção de alimentos provocando danos aos alimentos e a saúde humana.
Por exemplo, o mosquito Aedes spp. e os roedores são os vetores da
dengue e leptospirose, respectivamente.
61
O monitoramento das infestações deve ser realizado frequentemente, para
que possa ser acompanhado os resultados dos tratamentos realizados.
As inundações, devido às
chuvas, que ocorrem em várias
cidades, principalmente no
verão, podem provocar o
aparecimento de ratos em locais
não esperados.
62
Para evitar a entrada de insetos, verificar:
Deve-se também
inspecionar os pallets,
pois podem abrigar
baratas de cozinha em
suas frestas!
63
Nas partes internas, deve-se também tomar cuidado com as
frestas em azulejos e nas paredes, pois podem abrigar baratas de
cozinha ou ninhos de formigas.
64
Referências
65
Considerações
finais
Parabenizamos a todos os leitores que concluíram o
estudo desse material informativo. Acreditamos que as
noções, informações, principais conceitos e
conhecimentos para as boas práticas de manipulação de
alimentos vão colaborar para o sucesso dos
manipuladores, produtores e comerciantes de alimentos e
construção de melhores condições de saúde para a nossa
comunidade.
66
APOIO: