Filosofia Da Ciência - Resumos

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Filosofia da ciência- (ou) Epistemologia

“A ciência tem como objetivo explicar e prever os fenómenos.”

o reflexão em torno da objetividade da ciência


o questiona como a ciência adota os diferentes critérios de demarcação
o avalia a própria evolução da ciência

Senso comum- conhecimento adquirido pelas pessoas através de vivências, costumes e


situações do cotidiano.

São conhecimentos dispersos e pouco estruturados, com uma finalidade prática.

Conhecimento científico- conhecimentos sistematizados que resultam de investigações


metódicas e organizadas.

Visa produzir boas teorias explicativas.

Qual é o critério de cientificidade?

Problema de demarcação

“O que distingue as teorias científicas das que não são científicas?”

!!!

Verificacionismo

Uma teoria só é científica se consiste em afirmações empiricamente verificáveis, isto é,


afirmações cujo valor de verdade pode ser estabelecido através da observação.

O verificacionismo defende o método indutivo (indutivismo) como referência na produção


científica. Os defensores desta perspetiva consideram que a ciência evolui de forma linear, por
uma aproximação progressiva e cumulativa à verdade.

O indutivismo tem como etapas:

o Observação neutra e imparcial;


o Formulação de hipóteses
o Experimentação indutiva, ou seja, pegará numa numerosa quantidade de amostras
para comprovar algo, para chegar a uma:
o Lei científica

Para que este raciocínio (indutivo) funcione sem contradições, é necessário que se respeitem
algumas condições necessárias:

o O número de enunciados singulares observados, que constituem a base da


generalização, deve corresponder a uma amostra ampla;
o As observações devem repetir-se numa ampla variedade de circunstâncias;
o Não pode haver contradições com leis universais derivadas.

Se, numa ampla variedade de condições, se observa uma grande quantidade de P, e se todos
os P observados possuem sem exceção a propriedade Q, então todos os P têm propriedade Q.

Objeções ao método indutivo:

o A observação não é o ponto de partida de uma teoria científica, e ela quase nunca é
neutra e imparcial;
o Algumas teorias referem-se a coisas que não podem ser observadas, e das quais nunca
tivemos uma observação direta (como ADN, eletrões, genes, campos
eletromagnéticos);

!!!

o Por maior que seja o número de casos observados, e que estes mantenham uma certa
regularidade e consistência nos seus resultados, nunca podemos afirmar e acreditar
que essas regularidades se vão manter no futuro, com o passar do tempo.

Concluímos, então, que a verificação experimental é falaciosa.

Aprofundando o que foi acabado de ser dito:

Karl Popper considera que o método por indutivismo apresenta um caráter falacioso, pois
toma-se a seguinte forma:

Sendo T a teoria a ser testada, e P uma previsão deduzida a partir do mesmo, a estrutura da
dedução pode ser tomada da seguinte forma:

Se T é verdadeira, então P.

Ora, P.

Logo, T é verdadeira.

Esta estrutura argumentativa é inválida, correspondendo à falácia da afirmação do


consequente (falácia formal que consiste em confundir condição suficiente com necessária)- P
é uma condição necessária para T, mas não é suficiente.

Isso quer dizer que (concluindo com um exemplo): O próximo pedaço de metal a ser testado
pode dilatar, no entanto, isso não implica que seja verdade/que possamos afirmar que todos os
metais dilatam quando derretidos.

É, assim, que surge o falsificacionismo de Karl Popper.

Por maior que seja o número de casos observado, e que estes mantenham uma certa
regularidade e consistência nos seus resultados, nunca podemos afirmar e acreditar que essas
regularidades se vão manter no futuro, com o passar do tempo e os avanços nas tecnologias,
mentalidades,…

Concluiu-se, então, que a verificação experimental é falaciosa.

Para essa objeção, entra Karl Popper. Este considera que o método por indutivismo apresenta
um caráter falacioso, pois toma-se a seguinte forma:

Sendo T a teoria a ser testada, e P uma previsão deduzida a partir do mesmo, a estrutura da
dedução pode ser tomada da seguinte forma:

Se T é verdadeira, então P.

Ora, P.

Logo, T é verdadeira.

Esta estrutura argumentativa é inválida, correspondendo à falácia da afirmação do


consequente (falácia formal que consiste em confundir condição suficiente com necessária)- P
é uma condição necessária para P, mas não é suficiente.

Isso quer dizer que (concluindo com um exemplo): O próximo pedaço de metal que for
aquecido pode dilatar, mas isso não implica que seja verdade/que que possamos afirmar que
todos os metais dilatam quando derretidos.

É, assim, que surge o falsificacionismo de Karl Popper.

Popper concordava com Hume quando dito que a indução não podia ser racionalmente
justificada, e, portanto, que a ciência devia de abdicar do recurso à indução.

Para isso, Popper apresenta uma resposta alternativa ao problema da demarcação- “O método
das conjeturas e refutações”. Este apresenta como etapas:

1º Problema

O verdadeiro ponto de partida da ciência não é a observação e sim o problema- uma


inquietação que entra em confronto com as nossas ideias/teorias prévias. Para ele, a nossa
mente assemelha-se a um balde meio cheio, e não a uma tábua rasa, como consideram os
empiristas.

2º Conjetura

Para resolver o problema identificado, o cientista terá de propor uma resolução (uma primeira
tentativa de solução), e avançar com um teoria que permita explicar adequadamente os factos
explicados.

Contudo, essa teoria não é resultado de uma generalização indutiva, mas sim um palpite que
tem como base conhecimentos prévios, ou seja- uma suposição fundamentada, uma dedução.

3º Refutação

Por fim, resta ao cientista testar a sua teoria/hipótese, isto é, confrontá-la com a experiência.

No entanto, todo o raciocínio de Popper girava em torno da afirmação “As hipóteses científicas
não são suscetíveis de verificação, são apenas suscetíveis de falsificação.”- ou seja, não importa
quantas testagens são feitas e resultem na mesma coisa, bastará apenas um caso contrariar
aquela regularidade para que seja tudo posto em causa.

Popper propõe que se recorra a testes experimentais, não para confirmar uma hipótese, mas
para a desmembrar até encontrar algum erro/para tentar encontrar a sua falsidade- refutá-la.

Sendo T a teoria a ser testada, e P uma previsão deduzida a partir dela:

Se T é verdadeira, então P

Não P.

Logo, T é falsa.

Popper afirma que é apenas com o método das conjeturas e refutações que a ciência avança,
uma vez que encontrado o erro de uma teoria essa terá de ser reformulada ou abandonada e
substituída por uma melhor. Por outro lado, se os testes não provarem a sua falsidade, a teoria
é considerada corroborada, e, neste caso, não a consideramos verdadeira mas “superior” a
outras conjeturas que não apresentaram a mesma resistência face aos testes a que foram
submetidas.

Por esse motivo, Popper defende que nunca devemos de deixar de submeter uma conjetura às
mais rigorosas tentativas de falsificação/refutação, pois é assim que se dão os progressos
científicos.

Então quando é que uma teoria é científica para Popper?

Para Popper, uma teoria é científica apenas se for empiricamente falsificável, ou seja: se uma
teoria é científica, então ela é falsificável, ou seja, é passível de ser falsificada ou refutada pela
experiência.

Considerações sobre o falsificacionismo:

o Para Popper, o senso comum é o ponto de partida para o conhecimento científico;


o As melhores teorias são aquelas que nos fornecem mais informações sobre o mundo,
isto é, aquelas que apresentam um elevado grau de falsificabilidade;
o Popper considera que a ciência é objetiva, isto é, através do desaparecimento de
teorias mais fracas, o Homem vai-se aproximando cada vez mais à verdade;
o Popper considera que a evolução da ciência se dá através de uma espécie de
“darwinismo” teórico, isto é, à medida que a ciência avança, as teorias mais fracas vão
sendo eliminadas, sobrevivendo as mais capazes de nos mostrar a realidade.

Objeções ao falsificacionismo de Popper

o Nem todas as teorias científicas são verificáveis (uma vez que alguma teorias se
referem a objetos que não são diretamente observáveis (exemplo: neutrões, protões);
o O falsificacionismo não está de acordo com a prática científica (os cientistas trabalham
no efeito de confirmar as suas teorias, não nas tentativas de refutação);
o Falsificações inconclusivas;
o Subestima a importância das confirmações no progresso científico.

O progresso da ciência, segundo Popper:

Na perspetiva de Popper, a ciência progride de forma irregular, mas em direção à verdade. Para
o filósofo, não precisam de haver teorias verdadeiras para que hajam progressos, basta que as
teorias sejam melhores do que as anteriores. Ora, segundo este filósofo, uma teoria é melhor
que a anterior se resistir aos constantes testes de falsificabilidade e refutação, e se permitir
explicar uma maior número de fenómenos naturais.

Segundo Popper, as teorias científicas atuais possuem um maior grau de verosimilhança, sendo
essa justificação para estarmos cada vez mais próximos da realidade tal como ela
objetivamente é.

!!!

Enquanto que filósofos como Karl Popper consideram que a ciência evolui de forma
progressiva, sendo de forma linear ou irregular (como considerava Popper), e que a cada dia
que passa estamos mais perto de atingir a realidade como ela é- objetiva, Kuhn rejeita essa
teoria, considerando a ciência intersubjetiva. Para ele, a evolução da ciência dá-se por uma
sucessão de paradigmas (conceito central)- toda uma forma de fazer ciência à luz de uma
teoria central.

Kuhn pensa que a objetividade científica é muito limitada, e afirma que os cientistas aceitam
ver o mundo de uma nova forma e fazer ciência de acordo com certas regras, mas que são
incapazes de justificar racionalmente e objetivamente tal decisão.

Apesar de existirem critérios objetivos para escolher entre as teorias propostas nos paradigmas
rivais, as escolhas realizadas são, maioritariamente, subjetivas.

Quando um paradigma surge, inicia-se um período de ciência normal, que consiste na


resolução de enigmas (ou puzzles, para usar o termo de Kuhn) concebidos pelo paradigma.
Estes enigmas são considerados problemas especializados que surgem como um novo
paradigma.

Num período de ciência normal os cientistas estão focados em aumentar a credibilidade das
teorias a serem postas em causa, esforçando-se por resolver questões de caráter minucioso
que esta possa ter deixado em aberto.

No entanto, quando as tentativas de resolver um enigma fracassam, surge uma anomalia. Na


história da ciência tende-se a observar uma acumulação de anomalias. Descobrem-se cada vez
mais fenómenos que não estão ligados ao paradigma, de que nada lhe servem, até que este
(paradigma) acaba por entrar numa crise.

Durante a época de crise, a credibilidade do paradigma fica “posta em causa”, e a investigação


tranquila que caracteriza a ciência normal dá lugar a um período de ciência extraordinária.
Acaba por surgir uma teoria alternativa que proporciona um novo paradigma, e que fará com
que a comunidade científica fique dividida entre os apoiantes do antigo paradigma, e os
apoiantes do novo. Opera-se uma revolução científica, que leva maior parte da comunidade
científica a aderir ao novo paradigma. Inicia-se, então, outro período de ciência normal.

Dentro disto tudo, Kuhn afirma que os paradigmas são incomensuráveis, isto é, numa situação
em que dois paradigmas se confrontam, não se pode compará-los objetivamente de modo a
superiorizar um deles. A tese da incomensurabilidade dos paradigmas leva Kuhn a defender
que as mudanças de paradigma não envolvem uma aproximação à verdade.

Qualquer cientista “sensato” valoriza a exatidão, simplicidade, alcance, fecundidade e a


consistência, e, por isso, procura teorias que tenham estas propriedades no maior grau
possível.

!!!

Críticas à teoria de Thomas Kuhn:

A tese incomensurabilidade- para Kuhn, os paradigmas não podem ser comparados


objetivamente. Se aceitarmos esta tese, então nunca poderíamos afirmar que o heliocentrismo
está mais próximo da realidade do que o geocentrismo.

Questão da conversão da comunidade científica na mudança de paradigma- Kuhn defende que


a comunidade científica adere ao novo paradigma como espécie de conversão religiosa, isto é,
a adesão é feita (quase) de uma forma crítica.

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