LV - 21 Dias Na Vida de Um Discipulo
LV - 21 Dias Na Vida de Um Discipulo
LV - 21 Dias Na Vida de Um Discipulo
Silva
VINHA Editora
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
2010
21 dias na vida de um discípulo - Edificando relacionamentos para o reino
Categoria: Vida cristã / Devocional / Jejum
Para que Jesus chamou os doze? Ele não os chamou para uma
reunião de estudo bíblico, nem para uma reunião de discipulado.
Evidentemente, Ele também não os chamou para uma escola bíbli-
ca. Marcos 3:14 diz que Jesus os chamou para estarem com Ele e
para os enviar a pregar. A expressão “para estarem com Ele” define
a estratégia básica de Jesus. Ele queria uma relação estreita com os
seus discípulos para transmitir-lhes a sua vida pelo exemplo. Jesus
era um homem de relacionamentos e seus discípulos aprenderam
tudo, vendo.
Os discípulos viam como Jesus se relacionava com os pobres, o
que dizia para os ricos, como tratava os enfermos, como respondia
aos hipócritas, como expulsava os demônios, o que fazia quando
estava cansado, como reagia a uma tempestade no mar, como tra-
tava as prostitutas, como reagia às mentiras e calúnias, como amava
a Israel, como orava ao Pai, quando ria, quando chorava, quando
esbravejava e derrubava mesas, quando era preso e até como morreu.
Quando Jesus mandou fazer discípulos (Mateus 28:18-20), o que
os discípulos entenderam? O que passou pela mente deles quando
ouviram a ordem de Jesus? Certamente, para eles era como se Jesus
estivesse dizendo: “O que eu fiz com vocês, façam com outros”.
Esta comissão incluía pregar a muitos como Jesus pregou mas, es-
sencialmente, se referia a relações de discipulado.
Isso não é um método a mais. É a prática de Jesus. É o que sus-
tenta, edifica e ajusta ao corpo cada membro. Assim, ninguém fica
só. Todos têm um “pai” ou uma “mãe” espiritual.
Em II Timóteo 2:2, vemos que Paulo fala de várias gerações de
discípulos. Este texto mostra como estas relações de discipulado
prosseguem para a formação de vários níveis de ministérios. É neste
desenvolvimento que vão surgir líderes de célula, discipuladores e
até pastores.
1º Dia
1. Jesus e a multidão
O primeiro nível de relacionamento que Jesus travou foi o rela-
cionamento com a multidão. No capítulo 6 do Evangelho de João,
lemos no verso 2 que: “Seguia-o numerosa multidão porque tinham
visto os sinais que Ele fazia na cura dos enfermos”.
O ministério de Jesus foi um ministério de multidões, mas Ele
nunca as priorizou. Por quê? Porque o nível de resposta e de com-
promisso da multidão é pequeno, inseguro, desconhecido e o nível
de impacto e transformação da Palavra sobre ela é pequeno. Jesus
deu prioridade aos vínculos profundos que tinha com os discípulos.
A Bíblia diz que a multidão o seguia por causa dos sinais e das curas
que Ele fazia. O que quer dizer isso? Quer dizer que a multidão, por
não ter um relacionamento com Jesus, não era conhecida em suas
motivações, e quem não é conhecido não é confiável.
A massa é levada pelos seus ídolos. Ela vai e vem com extrema
facilidade. Uma atitude do ídolo pode levar a multidão a delírios
ou explodi-la, criando uma tragédia.
1º Dia – Multidão, seguidor e discípulo 15
Características da multidão
Relacionamento distante e impessoal.
Diálogos sempre muito superficiais, conversas frívolas e fúteis.
Fraca resposta ao desafio da Palavra de Deus.
Não aceitam ser cobrados ou confrontados em sua conduta.
Não se deixam tratar por ninguém.
Possuem motivação desconhecida, portanto não são con-
fiáveis para qualquer obra ou posição de responsabilidade
e liderança.
O nível de crescimento é baixo.
São totalmente independentes.
São infantis, confusos, religiosos e materialistas.
Nada herdam espiritualmente de seus líderes.
1º Dia – Multidão, seguidor e discípulo 19
2. Jesus e os seguidores
O segundo nível de relacionamento de Jesus foi com aquelas
pessoas que O procuravam para serem aconselhadas. Nós temos
alguns exemplos. O primeiro é Nicodemos em João 3. Ele não era
propriamente da multidão, tinha um relacionamento mais próximo
com Jesus. Todavia, não se obrigava a obedecer a Palavra que Ele
lhe dava. O fato de ele procurar Jesus de noite mostra que ele tinha
vergonha de sua fé e estava preocupado com a opinião dos outros
a seu respeito. Entretanto, ele ainda desejava saber mais do Senhor.
Seu relacionamento com o Senhor era mais próximo do que o da
multidão, mas não o suficiente para transformá-lo em discípulo.
O segundo exemplo de seguidor ocasional é o jovem rico.
Ele era um homem que não pertencia à multidão e simpatizava
com Jesus. Essa era a sua característica que mais se destacava: a
fidelidade religiosa e até legalista. Mas, sendo confrontado em sua
superficialidade, voltou atrás. Quando Jesus mostrou-lhe a cruz,
logo retrocedeu. Há uma classe de pessoas na igreja que sempre
procura os pastores e líderes para aconselhamento e é assídua na
igreja, participa das programações regularmente. Quando é época
de algum evento, são verdadeiros ativistas. São legalistas até mesmo
nas normas externas da igreja e místicos na guerra espiritual, mas
não possuem o compromisso de se desgastarem e tomarem a cruz
como um discípulo para a expansão do reino de Deus. Não aceitam
se submeter ao discipulado.
Os seguidores ocasionais sempre têm algumas ou todas
estas características:
São religiosos e legalistas, alimentam-se da Palavra, mas
com uma ótica religiosa e mística. Assim, são anêmicos
20 21 dias na vida de um discípulo – Edificando relacionamentos para o reino
3. Jesus e os discípulos
O terceiro nível de relacionamento que Jesus construiu foi com
seus discípulos. Neste nível, a proximidade é total, a intimidade e
a liberdade com as quais se expressam pensamentos e sentimentos
são completas; o compromisso e a renúncia também são totais. As
motivações dos discípulos e o potencial de resposta de cada um são
intimamente conhecidos e sobre essas bases os desafios são realizados.
O discipulado nos fala da aceitação do preço da cruz. É inte-
ressante vermos que Jesus pegou homens comuns, analfabetos,
sem formação religiosa alguma e passou a esses homens todo o seu
ministério, sua unção e sua autoridade. Jesus passou o seu “man-
to”. É importante entendermos que Ele não deixou por herança
1º Dia – Multidão, seguidor e discípulo 23
Objetivos do discipulado
a. A responsabilidade do discipulador
Se a obra de transformação do discípulo é do Espírito Santo, en-
tão qual é o papel do discipulador nesse processo? Paulo afirma que
“nós somos cooperadores de Deus” (I Co 3:9). É verdade que nem
o que planta nem o que rega é alguma coisa; todavia, ainda assim,
devemos plantar e regar. Somos cooperadores de Deus. Existe uma
parte da obra que é de Deus, mas existe outra obra que cabe a nós
realizar. É Deus quem faz a parte misteriosa de dar o crescimento,
mas somos nós que plantamos e regamos. Nossa ação nunca pode
substituir a ação de Deus; assim também a ação de Deus não nos
exime de nossa responsabilidade.
Qual é então a nossa responsabilidade na formação de um dis-
cípulo? Creio que devemos observar os exemplos do Senhor e de
Paulo, no Novo Testamento, e então fazer o mesmo.
Ser exemplo
Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo.
I Co 11:1
30 21 dias na vida de um discípulo – Edificando relacionamentos para o reino
Amá-los
Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos
outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis
uns aos outros. João 13:34
Conhecê-los
Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas
me conhecem a mim. João 10:14
Instruí-los
E o que de minha parte ouviste através de muitas teste-
munhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também
idôneos para instruir a outros. II Tm 2:2
Animá-los
Dou graças a Deus, a quem, desde os meus antepassa-
dos, sirvo com consciência pura, porque, sem cessar, me
lembro de ti nas minhas orações, noite e dia. Lembrado
das tuas lágrimas, estou ansioso por ver-te, para que eu
transborde de alegria pela recordação que guardo de
tua fé sem fingimento, a mesma que, primeiramente,
habitou em tua avó Lóide e em tua mãe Eunice, e es-
tou certo de que também, em ti. Por esta razão, pois,
te admoesto que reavives o dom de Deus que há em ti
pela imposição das minhas mãos. Porque Deus não nos
tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor
e de moderação. II Tm 1:3-7
2º Dia – Objetivos do discipulado 31
Corrigi-los
Dize estas coisas; exorta e repreende também com toda
a autoridade. Ninguém te despreze. Tito 2:15
Adverti-los e repreendê-los
Quanto aos que vivem no pecado, repreende-os na
presença de todos, para que também os demais temam.
I Tm 5:20
Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não,
corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade
e doutrina. II Tm 4:2
Honrá-los
Se alguém me serve, siga-me, e, onde eu estou, ali estará
também o meu servo. E, se alguém me servir, o Pai o
honrará. João 12:26
Ser amigo
Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o
que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos,
porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado
a conhecer. João 15:15
Enviá-los
Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações,
batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito
32 21 dias na vida de um discípulo – Edificando relacionamentos para o reino
b. A responsabilidade do discípulo
Devemos enfatizar que é responsabilidade do discípulo estar
sujeito, ser transparente, tratável, fiel, sincero, servo e esforçado
para corresponder em tudo o que lhe for pedido pelo discipulador.
a. A responsabilidade do discipulador
Podemos dizer que a responsabilidade do discipulador envolve
pelo menos quatro aspectos:
Equipar
Treinar
Edificar e
Enviar, colocando o discípulo em funções.
Equipar os discípulos
Em primeiro lugar, nós equipamos nossos discípulos com o
conhecimento da Palavra de Deus.
Ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado.
Mt 28:20
Porque jamais deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus.
Atos 20:27
Também precisamos ajudá-los a serem cheios do Espírito Santo
e aprenderem a viver em completa dependência de Deus. (At 1:8)
Precisamos levar nossos discípulos a conhecerem intimamente
a Deus mediante uma vida de oração e de estudo das Escrituras.
Não foi fácil para o Senhor ensinar seus discípulos a orarem. O
sono parecia ser um inimigo constante. No Getsêmani eles não
34 21 dias na vida de um discípulo – Edificando relacionamentos para o reino
Treinar os discípulos
Já dissemos que a maior lição de Jesus para formar obreiros foi
a própria obra. Não há nada que possa superar este método. Ele é
muito simples.
Estágio 1 — “Eu faço, você observa”. Leve os discípulos consigo.
Esse é o “siga-me”.
Estágio 2 — “Eu faço, você ajuda”. Faça diante deles o que se
pretende que eles façam depois: ensine-os com o exemplo.
Estágio 3 — “Você faz, eu ajudo”. Instrua-os especificamente,
atribuindo as tarefas que devem fazer (Mt 10:5-15).
Estágio 4 — “Você faz, eu observo”. Avaliar a tarefa realizada
para alertá-los e corrigi-los.
Isso é um círculo, voltando novamente ao primeiro ponto cada
vez que uma nova tarefa ou desafio for colocado, e assim por dian-
te. Na medida em que vão ganhando experiência, lhes é dada mais
liberdade para o desenvolvimento de seu talento pessoal. O treina-
mento é uma capacitação prática para que os discípulos aprendam
a fazer a obra.
O que deve constar no treinamento do seu discípulo?
Eles devem aprender a:
Evangelizar e testemunhar aos de fora;
2º Dia – Objetivos do discipulado 35
Edificar os discípulos
A terceira responsabilidade de um discipulador é edificar os seus
discípulos. Edificar é colocar dentro do edifício. Um tijolo edifi-
cado é aquele que foi completamente integrado na edificação. Ele
possui um tijolo acima dele, possui outros ao lado e possui tijolos
abaixo. Não é uma relação de superioridade ou inferioridade, mas
uma relação de edificação.
O discipulador é o tijolo acima, os tijolos ao lado são os com-
panheiros de discipulado e os tijolos abaixo são nossos próprios
discípulos. Tudo isso está vinculado e edificado junto.
A igreja é um corpo, e nela não existem ministérios indepen-
dentes. Os discípulos, desde o princípio de sua formação, devem
aprender a atuar em equipe. Não há lugar para individualismo entre
36 21 dias na vida de um discípulo – Edificando relacionamentos para o reino
b. A responsabilidade do discípulo
O discípulo deve estar atento para ver, ouvir e perguntar. O re-
lacionamento espontâneo e constante entre o discípulo e o discipu-
lador fará surgir oportunidades de ensino, exortação e treinamento.
A atitude do discípulo é a chave para que ele cresça no discipu-
lado. Podemos dizer que existem três tipos básicos de discípulos: os
passivos, os pródigos e os produtivos.
a. Os discípulos passivos
Entram e saem do relacionamento livremente. Quando uma
correção é aplicada, eles procuram outro discipulador que ainda
não tenha descoberto suas falhas. Eles se distanciam quando seus
discipuladores são atacados, difamados ou passam por dificuldades.
b. Os discípulos pródigos
Estes buscam a credibilidade da posição e não a correção. Eles
usarão o nome e a influência do discipulador para manipular outros
em algum relacionamento. Na verdade, eles querem o que discipu-
38 21 dias na vida de um discípulo – Edificando relacionamentos para o reino
c. O discípulo produtivo
É aquele que possui um coração de servo. Ele vê o discipulador
como um presente de Deus, por isso ele procura não tomar decisões
importantes sem ouvir o discipulador. Como verdadeiro discípulo,
ele honra o seu discipulador.
3º Dia
sabe para onde está conduzindo seu discípulo, ele não vai conseguir
ministrar a fé devida. Todo discípulo precisa sentir que seu discipu-
lador sabe para onde está indo.
Creio que é útil termos um roteiro básico daquilo que deve ser
tratado na vida de um discípulo. Evidentemente não se trata de uma
fórmula, mas apenas um sinalizador para nos ajudar nesse processo.
exerce uma função por causa da estrutura, mas não existe um re-
conhecimento espiritual do seu líder. Podem até chamar o líder de
discipulador, mas na prática é só um título hierárquico.
Por que nada disso é discipulado? Porque o cerne do discipulado
não é uma programação humana e nem a estrutura de uma orga-
nização, mas vínculos fortes entre alguém com coração ensinável e
um discipulador aprovado. O centro do discipulado são vínculos,
ligaduras no espírito, alianças profundas, compromisso de submis-
são, de andar na luz, de se deixar tratar. Esse comprometimento é
que define se o relacionamento é ou não discipulado. Esse vínculo
é o compromisso pelo qual aceito o desafio de andar na luz com
alguém, e “herdar o seu manto”, submeter-me a ele e abrir mão dos
meus conceitos errados. Esses vínculos é que definem o discipulado.
Discipulado é “vínculo íntimo e sólido entre duas pessoas – dis-
cipulador e discípulo”. O discípulo, que deve ser aberto, maleável,
tratável e ter um desejo de ser formado em Deus, será conduzido
por um discipulador: alguém cuja vida cristã global foi aprovada e
anteriormente discipulado por outrem, para levá-lo a uma posição
mais elevada em Deus de aprendizado da Palavra e de vida.
Entrar no padrão do discipulado é entrar no estilo de vida de Je-
sus. Somos convidados a viver uma vida de despojamento, negando-
nos a nós mesmos e diariamente tomando a cruz.
O convite é para servirmos, honrarmos e nos submetermos. É
mais do que algo exterior, é uma renúncia completa a ocuparmos o
primeiro lugar, seja qual for o contexto. A ênfase não está no quanto
de unção, autoridade e revelação eu tenho ou posso vir a ter, mas
no quanto estou disposto a abrir mão para aprender. O convite é
para nos humilharmos, esvaziarmo-nos de nós mesmos e então
começarmos a crescer; pois o alvo do discipulado é o crescimento.
A promessa de Jesus é infalível: “Aquele que se humilhar será exal-
tado”; “Humilhai-vos, portanto, diante de Deus e Ele vos exaltará”.
Discipulado é viver uma vida de renúncia. Mas por que deve-
mos renunciar? Porque essa é a única forma que Deus tem para
42 21 dias na vida de um discípulo – Edificando relacionamentos para o reino
2. As bases do discipulado
A primeira base de edificação de um discípulo é o reconheci-
mento do Senhor Jesus como rei. Isso significa que cada um precisa
entender que, ao ser introduzido no reino de Deus, foi colocado
debaixo de um governo de autoridade, onde Jesus Cristo é o único
rei. Conversão significa mudança de governo. A partir de agora, a
Palavra de Deus é a base de nossa vida.
Nesse reino existem leis e ordenanças, onde autoridades delega-
das foram instituídas. Se uma pessoa não reconhece autoridade não
pode ser edificada, não há como ser discipulada. Não aprendemos a
submissão no discipulado, mas a submissão é a primeira condição
e a base do discipulado.
Toda atitude de rebeldia e insubmissão deve ser abandonada e
toda postura arrogante deve ser rejeitada. Assim, a primeira base de
edificação e discipulado é a submissão à autoridade.
No decorrer dos anos, temos visto que a causa de muitos proble-
mas foi tentar discipular alguém que não havia se colocado numa
posição de discípulo, com um coração humilde e submisso.
A segunda base do discipulado é a transparência. Somos trans-
parentes quando confessamos nossos pecados. João diz que “Deus
é luz, e não há nele treva nenhuma. Se dissermos que mantemos
comunhão com ele e andarmos nas trevas, mentimos e não pra-
ticamos a verdade. Se, porém, andarmos na luz, como ele está na
luz, mantemos comunhão uns com os outros...” (I Jo 1:5-7). Só há
comunhão genuína na luz.
João também diz que “Se dissermos que não temos pecado
nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em
nós [...]. Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo
mentiroso, e a sua palavra não está em nós” (I Jo 1:8, 10). Alguns
3º Dia – Como formar um discípulo 43
3. A maneira de viver
Certamente a primeira coisa que um discipulador precisa atentar
é para a maneira de viver de seu discípulo, seu estilo de vida. Pedro
diz que fomos resgatados do fútil procedimento que nossos pais nos
legaram (I Pe 1:18). Todos nós recebemos ou herdamos de nossos
pais, antepassados, familiares e das pessoas que nos rodeiam uma
determinada maneira de viver.
O que é a maneira de viver? Nossa maneira de viver pode ser
dividida em quatro aspectos:
44 21 dias na vida de um discípulo – Edificando relacionamentos para o reino
Um roteiro de discipulado
1. O que é o discipulado?
O discipulado é um relacionamento de vida entre um discipu-
lador e seu discípulo, onde o discipulador procura levar o seu dis-
cípulo a se tornar como Jesus. Nesse sentido, não temos discípulos.
48 21 dias na vida de um discípulo – Edificando relacionamentos para o reino
A Palavra de Deus
O primeiro nível é quando ele fala a Palavra de Deus. Eviden-
temente, diante da Palavra de Deus a submissão de um discípulo
deve ser completa e absoluta. Se falarmos algo claro da Palavra de
Deus a um discípulo e ele simplesmente ignorar, podemos então
afirmar que ele é rebelde.
50 21 dias na vida de um discípulo – Edificando relacionamentos para o reino
O conselho do discipulador
O segundo nível de palavra é quando o discipulador dá um
conselho a seu discípulo. Mesmo sendo um bom conselho ou um
conselho realmente sensato, neste caso a submissão é relativa.
Vamos imaginar uma situação. Suponha que um discípulo
esteja interessado em uma moça que é incrédula. O discipulador
pode falar a Palavra de Deus, mostrando o erro do casamento
misto. Essa seria uma palavra completamente embasada na
Bíblia e, por isso mesmo, inquestionável. O discípulo deve se
submeter completamente.
Mas suponha uma situação em que o discípulo esteja interessado
em uma irmã, mas o discipulador resolve aconselhá-lo mostrando
que seria melhor que se relacionasse com outra irmã, usando, para
isso, motivos bem apropriados, mas não necessariamente bíblicos.
Nesse caso é apenas um conselho. Pode ser que o conselho seja bem
sensato porque o discipulador conhece as duas moças e pensa saber
que a outra seria melhor, mas mesmo assim é apenas um conselho.
Um discipulador não pode obrigar o seu discípulo a seguir cega-
mente seus conselhos. Neste caso, a submissão ao discipulador é
relativa. Se o discípulo rejeitar o conselho, ele não pode ser taxado
de rebelde por causa disso.
É preciso, porém, dizer que aquele discípulo que nunca aceita
um conselho do seu discipulador é orgulhoso e autossuficiente.
Apesar de não ser necessariamente rebelde, é resistente ao ensino e
dificilmente poderá ser edificado.
4º Dia – Um roteiro de discipulado 51
A opinião do discipulador
O terceiro tipo de palavra do discipulador são as suas opiniões.
Seguindo o exemplo, suponha que o discipulador resolva dizer ao
discípulo que ele acha que a moça na qual o discípulo está interes-
sado é muito feia e que ele deveria se casar com outra mais bonita.
Nem precisamos dizer que não é necessário nenhum tipo de sub-
missão às opiniões e gostos pessoais do discipulador. O discípulo
pode ignorar tal opinião completamente.
a. Amar os discípulos
Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos
outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis
uns aos outros. João 13:34
O Espírito Santo já derramou o amor de Deus em nossos co-
rações. Devemos expressar esse amor de forma terna e afetuosa aos
nossos discípulos. O amor é a única maneira de conquistarmos uma
reação favorável dos nossos discípulos.
4º Dia – Um roteiro de discipulado 55
d. Delegar responsabilidades
É no processo de delegar responsabilidades que o discipulador
pode ajudar o discípulo a descobrir suas deficiências, virtudes
56 21 dias na vida de um discípulo – Edificando relacionamentos para o reino
e. Supervisionar os discípulos
Nosso trabalho como discipuladores certamente inclui a super-
visão. Muitos discípulos presumem que a supervisão seja algo me-
cânico e impessoal, mas na verdade é uma demonstração de amor
e cuidado pela obra. O discipulador precisa averiguar com atenção
se o discípulo está indo na direção do alvo proposto.
b. Relacionamento familiar
Para os casados:
Ter relacionamento marido-mulher saudável
Desenvolver boa comunicação no casamento
Desempenhar os papéis básicos de cada um
Ter um bom relacionamento com os filhos
Participar da vida dos filhos
Ter um relacionamento sexual gratificante
Buscar ordem e administração doméstica
Encontrar equilíbrio nas finanças no lar
Resolver conflitos
Desenvolver uma vida devocional com a família
Para os solteiros:
Ter envolvimento com a família
Obedecer e honrar aos pais
Ter amizade e relacionamento com os irmãos
Desenvolver relacionamento com o sexo oposto: corte,
noivado e casamento
Preparação para o vestibular
Ter alvos profissionais.
No trabalho:
Manifestar disposição para trabalhar
Pontualidade
Submissão ao patrão, respeito pelos empregados
Constância no emprego
Testemunho de vida e de palavras
Responsabilidade do empregado e do empregador
Na escola:
Frequência
Rendimento escolar (trabalhos, provas)
Relacionamento com professores e colegas
Testemunho
Em relação ao governo:
Obediência às autoridades civis e militares
Pagamento de dívidas e impostos
Vida financeira:
Prosperidade financeira
62 21 dias na vida de um discípulo – Edificando relacionamentos para o reino
Negócios e empreendimentos
Administração financeira
Dízimos, ofertas, generosidade
Sociedade com incrédulos
Ter o nome limpo
Estágios do discipulado
Estágio 1
Eles não sabem e não sabem que não sabem
No primeiro estágio de discipulado, os discípulos são confiantes,
mas incompetentes. Eles não sabem e não sabem que não sabem.
O discipulador precisa ser diretivo e estabelecer o exemplo. Nesta
fase o Espírito Santo vai tratar com a arrogância do discípulo. Ele
presume que é capaz de fazer a obra e que pode usar suas habilidades
para isso. Será um tempo difícil porque o Senhor vai frustrá-lo. Cada
uma de nossas estratégias e iniciativas vai parecer um grande fiasco
diante da célula. Alguns possuem muitas habilidades e recursos, e
o Senhor vai aguardar até que todos eles se esgotem. Quanto mais
rápido chegarmos ao fundo do poço, mais rapidamente avançaremos
para a próxima fase. Mas, em nossa mente, presumimos que assumir
66 21 dias na vida de um discípulo – Edificando relacionamentos para o reino
Estágio 2
Eles não sabem e sabem que não sabem
Neste segundo estágio, os discípulos não têm entusiasmo nem
competência. Eles não sabem e sabem que não sabem.
Este é um tempo de pressão e desânimo. Os discípulos acabaram
percebendo que eles realmente não tinham a menor ideia do que
estavam fazendo. Antes se achavam tão capazes, mas agora caíram
no lado oposto. Eles simplesmente têm receio de qualquer iniciativa.
Não têm confiança, nem experiência, nem entusiasmo.
Na primeira fase, o discipulador diz: “Eu faço, vocês olham”.
Mas agora ele começa a dizer: “Eu faço, vocês ajudam”. Nesta nova
fase, o discipulador precisa mudar seu estilo diretivo para um estilo
de treinador. Agora se torna importante dar explicações. É preciso
investir tempo para que eles aprendam a ser confiantes na base
correta, ou seja, na dependência da força de Deus.
O estágio 2 realmente começa quando a empolgação esmorece
e os sentimentos de incompetência e de inexperiência vêm à tona.
Os desapontamentos se acumulam; as expectativas não se cumprem.
As dificuldades se tornam esmagadoras. Os discípulos esquecem a
visão e começam a questionar se é isso o que eles realmente querem.
Este é o estágio mais importante no processo de desenvolvimen-
to de um discípulo. O discipulador precisa estar disponível para
oferecer o incentivo de Deus em um nível pessoal e individual. O
discípulo precisa de atenção graciosa e de renovação da visão. A
visão precisa ser reafirmada.
Durante este estágio, libere a sua agenda e passe algum tempo
no fundo do poço com o discípulo. Ele precisa aprender que só é
possível continuar pela graça de Deus, e não por seu próprio esfor-
ço. É maravilhoso o que acontece quando uma pessoa é tirada do
estado de luta sem frutos para um lugar de graça onde haja repouso.
68 21 dias na vida de um discípulo – Edificando relacionamentos para o reino
Estágio 3
Eles sabem, mas não sabem que sabem
Neste estágio, os discípulos têm uma confiança crescente. Eles
sabem, mas não sabem que sabem.
Os discípulos já estão conduzindo as coisas. O entusiasmo está
de volta, mas desta vez está baseado em algum real conhecimento
dos princípios espirituais. A frase que leva o discípulo para este es-
tágio é “Deus está no comando”. A única coisa que nos levará ao
crescimento e à maturidade é o conhecimento da graça de Deus.
Neste estágio o discipulador se torna amigo do seu discípulo. Ele
é menos diretivo e está disponível e acessível para os discípulos por
meio de um relacionamento pessoal. Esta é uma fase de crescimento
e de fortalecimento da confiança.
A liderança muda de um estilo diretivo para um estilo de consen-
so. Muitos discipuladores cometem o erro de iniciar o discipulado
como se o discípulo estivesse nesta fase. Começam com amizade,
quando a amizade é uma posição a ser alcançada. Os amigos têm
objetivos comuns e compartilham as suas vidas.
Alguns tentam seguir um estilo democrático desde o começo,
mas isto simplesmente não funciona. Os discípulos precisam pas-
sar pelos estágios anteriores para terem a experiência e a visão para
poderem oferecer opiniões e sugestões confiáveis.
Neste estágio o discipulador deve começar a preparar o discípulo
para ser enviado. Ele já recebeu o que era necessário e agora está che-
gando o momento de repetir o processo com outros. Os discípulos
agora têm a visão; eles sabem em que direção precisam se mover,
portanto já podem eles próprios discipular outros.
5º Dia – Estágios do discipulado 69
Estágio 4
Eles sabem e sabem que sabem
No último estágio, os discípulos são confiantes e também com-
petentes. Eles sabem e sabem que sabem.
O discipulador agora dá poucas instruções e poucos exemplos.
O discípulo já tem a visão e já a praticou. O entusiasmo é elevado
e a confiança também, porque a experiência está em um nível ele-
vado. Tudo isso leva a um alto nível de competência para realizar o
trabalho sozinho. Em outras palavras, o discípulo está pronto para
ser um líder.
O grande entusiasmo deste estágio não é apenas uma empolgação
passageira. Ele tem raízes profundas na confiança, criada por um
forte sentimento de competência e experiência. A confiança que
tinha sido perdida agora começa a retornar.
Nesta fase o discipulador dá poucas instruções. Ele apenas per-
gunta aos discípulos o que eles pensam, só para checar se seguem a
visão recebida. Depois de tanto tempo juntos, os discípulos estão
aptos a contribuir para o planejamento e para a estratégia.
Agora é a hora de delegar autoridade e responsabilidade. Os bons
líderes sempre levam as pessoas a um estágio em que elas estejam
prontas para aceitar a responsabilidade delegada. Delegá-la aos dis-
cípulos antes de chegar a este estágio é uma receita para o desastre.
Os líderes devem estar sempre procurando entregar o seu tra-
balho a pessoas que possam executá-lo bem ou até melhor do que
eles. A delegação do trabalho passa pelos quatro estágios de um
treinamento apropriado:
Estágio 1 — “Eu faço, você observa”.
Estágio 2 — “Eu faço, você ajuda”.
Estágio 3 — “Você faz, eu ajudo”.
Estágio 4 — “Você faz, eu observo”.
6º Dia
Paulo, o discipulador
de Timóteo
2. Amor
É precioso ver como Paulo se referia a Timóteo: “meu amado
filho” (v. 2). Isso é extremamente afetuoso. Não espere ter discípulos
se não consegue expressar amor e afeto para com aqueles que Deus
lhe deu. Todos sabemos como essa expressão de pai é vital para o
crescimento e a identidade do filho.
Não é por acaso que as Escrituras mencionam oito vezes em que
o Pai se referiu a Jesus como: “Este é meu filho amado em quem
tenho todo o meu prazer” (Mt 3.17). Isso certamente foi vital para
que o Senhor assumisse seu ministério na terra (Is 42.1; Mt 12.18,
17.5; Mc 1.11, 9.7; Lc 3.22, 9.35 e II Pe 1.17). Seja instrumento de
Deus para que muitos filhos e discípulos desenvolvam ministérios
fortes e frutíferos debaixo de um forte senso de amor e aceitação.
Há filhos que geramos, há outros que adotamos, mas em ambos os
casos devemos amá-los incondicionalmente.
3. Intercessão (v. 3)
No verso 3 lemos que Paulo orava por Timóteo de noite e de
dia. Quando amamos um filho, oramos por ele; quando amamos
um discípulo, temos encargo pela sua vida. Deixar de orar por um
discípulo é sinal de indiferença e relacionamento superficial. Mas é
um grande privilégio ter um discipulador intercessor.
4. Intimidade
No verso 4 Paulo diz que se lembrava das lágrimas de Timóteo.
Isso significa que ele tinha liberdade para chorar diante de Paulo.
Ele não se envergonhava disso.
74 21 dias na vida de um discípulo – Edificando relacionamentos para o reino
8. Transferência de unção
Em I Timóteo 4.14, Paulo diz que o dom de Timóteo lhe havia
sido concedido pela imposição de mãos do presbitério, mas, aqui
no verso 6, vemos que ele também orou para que Timóteo recebesse
a unção para desempenhar o serviço apostólico. A Palavra de Deus
nos diz que havia uma unção que estava sobre Moisés e que foi
transferida aos setenta anciãos de Israel. Também lemos a respeito
do manto de Elias herdado por Eliseu, que consistia numa porção
dobrada da unção. Paulo é o exemplo do Novo Testamento de que
há poder na imposição de mãos e que de fato existe uma transfe-
rência de unção no discipulado.
A unção é transferida. Em Números 11.16,17, lemos:
Disse o SENHOR a Moisés: Ajunta-me setenta ho-
mens dos anciãos de Israel, que sabes serem anciãos e
superintendentes do povo; e os trarás perante a tenda
da congregação, para que assistam ali contigo. Então,
descerei e ali falarei contigo; tirarei do Espírito que está
sobre ti e o porei sobre eles; e contigo levarão a carga
do povo, para que não a leves tu somente.
Deus tirou do Espírito que estava sobre Moisés e O colocou
sobre sua equipe. Você terá o Espírito Santo e o espírito do seu
discipulador, que está sobre você, em sua vida.
O espírito a que o texto se refere é a atitude, intensidade, como,
por exemplo, ser faminto, ousado, valente ou passivo, retraído,
parado, isso é espírito. O Senhor vai transferir o espírito que está
em você e compartilhá-lo com seus discípulos, por isso discipular
é compartilhar o espírito. Deus tirou do espírito de Moisés e o co-
locou sobre os demais.
76 21 dias na vida de um discípulo – Edificando relacionamentos para o reino
3. Ser um cooperador
Saúda-vos Timóteo, meu cooperador, e Lúcio, Jasom e
Sosípatro, meus parentes. Romanos 16:21
6º Dia – Paulo, o discipulador de Timóteo 79
5. Ser confiável
Porque a ninguém tenho de igual sentimento, que sin-
ceramente cuide dos vossos interesses (Filipenses 2:20).
Tornamo-nos confiáveis quando somos transparentes. Um bom
discípulo abre seu coração com o seu discipulador. Também nos
tornamos confiáveis quando nos permitimos ser tratados. Apenas
ser transparente não nos qualifica, mas quando somos transparentes
e nos permitimos ser tratados e disciplinados, conquistamos uma
posição de confiança.
Elementos do Discipulado
1. Tipos de discipulado
Discipulado ativo
É o discipulado como meio de edificação da igreja.
O anjo da guarda (o exemplo bíblico de Barnabé cuidando
de Paulo)
Um acompanhamento técnico numa empresa
A supervisão de um estagiário.
Discipulado ocasional
Um conselheiro (o exemplo de Jetro, que aconselhou
Moisés)
Um professor.
Discipulado passivo
Seguir outros através de ministrações e exemplo ministerial
Seguir outros através de livros.
2. Elementos de um relacionamento
de discipulado
Ainda que possa ocorrer um discipulado ocasional, e mesmo que
possamos discipular alguém por meio de um discipulado passivo, o
nosso alvo é estabelecer um discipulado ativo. Essa é a forma efetiva
de um discipulado que resulta de fato na edificação da igreja. Ele
possui alguns elementos fundamentais que gostaria de enumerar.
a. Ser modelo
Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo.
I Co 11:1
As pessoas sempre se moldam para serem semelhantes a aqueles
a quem elas admiram ou respeitam. O discípulo é sempre “interes-
seiro”. Ele está inicialmente interessado em adquirir os recursos e o
conhecimento do seu discipulador.
7º Dia – Elementos do Discipulado 85
b. Atração
As pessoas tentam viver de acordo com as expectativas das pessoas
que elas admiram ou respeitam. A atração é a chave de um discipu-
lado eficiente. É essa atração que estimula a pessoa a trabalhar duro
e responder apropriadamente para ter a aprovação do discipulador,
cumprindo as condições colocadas por ele.
Jacó, o picareta, sempre procurava Labão porque os dois falavam
a mesma língua e tinham o mesmo jeito. Mas Maria, que era cheia
do Espírito, procurou Isabel. E quando as duas se encontraram algo
dentro de Maria estremeceu, pelo poder da unção de Deus. Quando
Maria encontrou Isabel, a unção aumentou, mas quando Jacó se
encontrou com Labão, a carne se fortaleceu. Precisamos andar com
quem aumenta a nossa unção e não com quem desperta a nossa car-
ne. Todos nós temos as duas coisas. Todos temos um pouco de Jacó
e outro tanto de Maria. Como Maria, todos nós, crentes, carregamos
a Jesus em nosso espírito; mas, como Jacó, trazemos muitas heranças
da nossa carne. Se procurarmos Labão, cairemos, mas se formos
atrás de Isabel, ficaremos cheios do Espírito. O relacionamento de
discipulado é baseado nesse princípio da atração. O discipulador,
por ser alguém mais maduro na fé e mais espiritual, exerce atração
sobre discípulos cheios de fome e sede espiritual.
86 21 dias na vida de um discípulo – Edificando relacionamentos para o reino
c. Relacionamento
Nossa personalidade é moldada em nossos relacionamentos. O
discipulador não se preocupa com o ensino acadêmico, mas em
se relacionar com o discípulo em bases de paternidade espiritual.
Relacionamentos são chaves em nossa vida. Nossa história é a
história de nossos relacionamentos. A sua vida depende das pessoas
que você permite ao seu derredor. As pessoas ao seu redor vão de-
terminar as experiências que você terá em Deus. As pessoas ao seu
redor vão alimentar força ou fraqueza em você. Os relacionamentos
nunca são neutros em sua vida. Sendo assim, seu crescimento espi-
ritual depende dos seus relacionamentos. Existem alguns tipos de
relacionamentos que podem levá-lo para o vale em vez de ajudá-lo
a escalar as montanhas de Deus.
Os relacionamentos são a chave da nossa vitória na guerra espi-
ritual. Nós não fazemos guerra sozinhos. Na batalha, precisamos de
alguém que vigie a nossa retaguarda. Essa pessoa é o seu discipulador.
É ele que vai guardá-lo, que vai adverti-lo dos perigos do caminho.
Nossos relacionamentos falam de nossa condição espiritual. Se
temos relacionamentos saudáveis, então somos estimulados a avan-
çar, mas se nossos relacionamentos nos puxam para baixo, então
devemos renunciar a eles.
Relacionamentos são chaves espirituais, por isso devemos ser ra-
dicais com eles. Relacionamentos espirituais devem ser alimentados
e fortalecidos, mas amizade com gente rebelde e maledicente deve
ser cortada, mesmo que tais pessoas se passem por irmãos.
Os seus relacionamentos vão determinar força ou fraqueza em
você. Então escolha bem aqueles que você aceita na sua intimidade.
Bênçãos ou maldições vêm através de pessoas que permitimos ao
nosso lado.
7º Dia – Elementos do Discipulado 87
d. Prestação de contas
Até nossos compromissos espirituais mais sinceros, se forem
mantidos em segredo, acabam deixados de lado. E o resultado de
compromissos negligenciados e promessas quebradas é que tende-
mos a não fazer nenhum compromisso novamente com a justifi-
cativa de que é melhor não nos comprometer do que não cumprir
o que dissemos. Mas isso é um engano, não podemos viver sem
compromissos. Não podemos crescer em Deus sem compromissos.
Só conheço uma forma de quebrar o círculo vicioso da in-
constância e cumprir nossas promessas: ter uma pessoa a quem
possamos prestar contas de nossos atos. A melhor pessoa para isso
é o nosso discipulador.
A prestação de contas é uma das bases do conceito de vida
em comunidade no Novo Testamento. No entanto, isso tem sido
tão resistido dentro da igreja. Na tentativa de tornar a igreja mais
aceitável aos olhos de pessoas sofisticadas, minamos o conceito de
compromisso e discipulado.
Todos nós precisamos de alguém que nos ajude a cumprir nossas
promessas. Mas como fazer isso de maneira prática? Não posso sim-
plesmente abordar um irmão que mal conheço na igreja e dizer-lhe:
“Acabei de prometer a Deus que nada farei de desonesto em minha
empresa. Será que você poderia me vigiar para eu cumprir minha
promessa?” Imagine alguém levantando no meio do culto e dizendo:
“Irmãos me ajudem a viver uma vida sem pecado”.
Tudo isso seria realmente chocante. Devemos ser mais sábios.
É o discipulado que supre essa necessidade. No discipulado, eu me
coloco debaixo da autoridade de alguém e presto contas de meus
alvos e planos, bem como me abro para receber exortação e correção
quando necessário.
Para evitar desapontamentos no relacionamento de discipulado,
é melhor sempre começar definindo claramente o padrão. Questões
88 21 dias na vida de um discípulo – Edificando relacionamentos para o reino
a. Pelo compromisso
Todo discipulado começa com compromisso. Nós nos tornamos
semelhantes a aqueles com quem nos comprometemos. No casa-
mento os cônjuges passam a ser parecidos depois de algum tempo,
por causa do compromisso. A força do discipulado depende do nível
de compromisso do discípulo.
Jesus exige compromisso dos seus discípulos. Não podemos se-
guir a Jesus sem compromisso. Precisamos ter compromissos com
Deus em primeiro lugar, mas devemos ter também compromissos
com a igreja e com nosso discipulador, com a visão e com os irmãos.
crescimento depende de algo que você deve fazer todos os dias. Algo
que você está fazendo diariamente vai determinar o seu futuro. O
que você vai alcançar depende de algo que você está fazendo todos
os dias. Aquele que não possui hábitos e rejeita toda disciplina não
pode ser discipulado. O homem, na segunda metade da sua vida, é
o resultado dos hábitos que ele formou na primeira metade.
6. Prepare-se
Segundo o conceito natural, Jesus nunca precisou se preparar.
Todavia, sabemos que, aos seus trinta anos, Ele se preparou e apren-
deu (Hb 2:10, 5:8). Ele se preparou estudando as Escrituras e se
preparou cumprindo toda a justiça.
Preparo inadequado produz resultados inadequados. Tempo
investido no preparo não é tempo desperdiçado.
98 21 dias na vida de um discípulo – Edificando relacionamentos para o reino
8. Exerça autoridade
Conheça a extensão da sua autoridade e exerça-a. Não tenha
receio de exercer autoridade.
Um grande problema que temos no meio da igreja não é o ex-
cesso, mas a falta de autoridade. O excesso não é difícil de corrigir,
mas a falta de autoridade traz muito problema. A falta de autori-
dade permite ao irmão entrar no buraco, sofrer sem precisar; tudo
porque você não quer exercer sua liderança efetivamente com receio
de parecer autoritário, dominador; com receio de perder a imagem
que fizeram de você.
Dentro dos limites que Deus colocou, exerça autoridade. Quan-
do falo sobre exercer dentro dos limites, quero dizer, como exemplo,
que não posso escolher com quem meu discípulo deve se casar, mas
8º Dia – Jesus como padrão de discipulador 99
Abusos no discipulado
mais comum entre os jovens, por isso Paulo ordenou a Tito que
exortasse os jovens a serem “moderados”.
Exorta semelhantemente os jovens a que sejam mode-
rados. Tt 2:6.
Tenha equilíbrio. Respeite a privacidade do outro e não o sobre-
carregue com excesso de atenção.
O bom discípulo
Condições do discipulado
O Senhor colocou condições para alguém se tornar seu discípulo.
Assim, alguém que hoje foi salvo ainda precisa se tornar um discípu-
lo. Ser um discípulo de Cristo é caminhar no caminho do vencedor.
A primeira condição que o Senhor colocou é que o discípulo é
aquele comprometido com a Palavra de Deus. “Disse, pois, Jesus
aos judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerdes na minha
palavra, sois verdadeiramente meus discípulos” (João 8:31). Não
há como discipular alguém que não deseja se comprometer com a
Palavra de Deus.
A segunda condição é que o discípulo deve ter a sua vida total-
mente comprometida com o Senhor.
Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher,
e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser
meu discípulo. E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após
mim não pode ser meu discípulo (Lucas 14:26-27). Assim, pois,
todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não
pode ser meu discípulo (Lucas 14:33).
Jesus também disse que a verdadeira característica de um dis-
cípulo é que ele produz fruto. “Nisto é glorificado meu Pai, em
que deis muito fruto; e assim vos tornareis meus discípulos” (João
15:8). Não é completamente o oposto do conceito natural? Alguns
pensam que precisam se tornar discípulos para dar frutos, mas o
Senhor diz que dar fruto é uma condição para se tornar discípulo.
Não se engane pensando que o fruto aqui é o fruto do Espírito, são
os filhos que geramos para Deus.
A quarta condição é que o discípulo é aquele que é compro-
metido com outros discípulos numa comunhão de amor. “Novo
128 21 dias na vida de um discípulo – Edificando relacionamentos para o reino
mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu
vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão
todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (Jo
13:34-35). Sem esse amor, não somos conhecidos como discípulos
simplesmente porque não o somos.
A última condição é que o discípulo é aquele que faz discípulos.
“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em
nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar
todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco
todos os dias até à consumação do século” (Mt 28:19-20).
Essas foram as condições colocadas pelo Senhor. Mas gostaria
de ver ainda algumas características de um bom discípulo dentro de
um relacionamento de discipulado. Quero lembrá-lo que todo líder
de célula precisa ser um discípulo. Sem essa cobertura espiritual e
essa relação de submissão, a obra de Deus pode ter muitas perdas.
O líder de célula que se recusa a ser um discípulo não pode liderar
na casa de Deus. Entretanto, muitos líderes não recusam aberta-
mente o discipulado, mas assumem atitudes que não são próprias
de um discípulo.
Entre os líderes de célula, existem três tipos de discípulos: os
egocêntricos, os pródigos e os produtivos.
a. Os discípulos egocêntricos
O discípulo egocêntrico é aquele que entra e sai do relaciona-
mento livremente; não tem compromisso; quer aprender por os-
mose, apenas ficando perto, como se fosse receber por transferência.
Certamente que, só por você estar em nosso meio, algo espiritual já
afeta a sua vida. Na verdade existe certo nível de “osmose espiritual”,
mas isso somente não é suficiente.
Esse tipo de discípulo quando recebe uma correção, por não
ter compromisso, normalmente procura outro discipulador, outro
pastor, outra igreja. Tem gente que não suporta ser contrariado, foi
mimado desde o nascimento e não suporta ser confrontado, pois
11º Dia – O bom discípulo 129
b. Os discípulos pródigos
Estes buscam a credibilidade da posição e não a correção. Eles
procuram estar na estrutura da igreja só por causa da credibilidade
da posição, mas não admitem ser corrigidos. Usarão o nome e a
influência do discipulador para manipular outros em algum rela-
cionamento na célula. Ele sonha em ser discípulo de um pastor não
porque deseja ser pastor, mas porque, na cabeça dele, aquilo traz
prestígio. Eles querem o que o discipulador conseguiu, mas não o
que ele aprendeu. Eles desejam reputação e reconhecimento sem
preparação e sem preço.
Os discípulos pródigos só pensam no que podem obter de van-
tagem. Estão apenas procurando o prestígio de um cargo ou posi-
ção. Querem o status, mas não querem a sabedoria, a revelação, o
conhecimento, o encargo e ter o mesmo coração do discipulador.
Isso é terrivelmente demolidor quando acontece na vida da igreja
e não é corrigido. Quem quer ter posição, tem um caminho para
trilhar. Só pode ser pastor aquele que foi aprovado por Deus.
130 21 dias na vida de um discípulo – Edificando relacionamentos para o reino
c. O discípulo produtivo
Ele toca no coração de Deus e consegue ser frutífero e abundante.
Possui coração de servo e vê o discipulador como presente de Deus,
como instrumento de Deus na vida dele. Entende que o discipula-
dor será boca de Deus para falar-lhe e se abre para receber instrução
através dele. Não é uma questão de cargo nem tampouco ele pensa
que o outro é perfeito ou que sabe tudo; é um relacionamento de
vida. Ele entende que o canal que Deus tem escolhido para lhe fa-
lar é sua liderança, seu discipulador, e não o vê como fardo, como
alguém a quem está obrigado a se submeter.
Ele não toma decisões sem ouvir sua liderança e, como verda-
deiro discípulo, honra seu discipulador não sendo independente,
participando-o do que está acontecendo em sua vida, estendendo-
lhe a mão quando sua liderança estiver em dificuldade. Ele não
tem a postura só do “venha a nós”, mas tem a posição de também
ser um instrumento de bênção na vida de sua liderança. Ele é o
que eu chamo de bom discípulo. A respeito desse discípulo, quero
apresentar sete características.
Deus para ensinar-lhe algo. Quando você tem essa postura simples e
humilde, Deus o honra. O reconhecimento é a percepção da unção
que flui através da vida daquela pessoa. Tenha em alta consideração
seu discipulador; dê a ele uma posição de honra. Mas não se torne
tão íntimo ao ponto de perder o respeito por ele.
não chegou. Você precisa ser honesto com ele e dizer que não pode
suprir as expectativas dele. Muitos discipuladores serão apenas um
trampolim para seus discípulos, outros, porém, talvez continuarão
como discipuladores para o resto da vida. Não tenha pretensão de
ter um único discipulador por toda a sua vida. Você terá muitos,
na medida em que avançar no ministério, ou se tornar mais velho.
Por exemplo, você tinha um discipulador quando era solteiro, mas
agora você se casou, mas ele ainda é solteiro. Diante de suas novas
necessidades e experiências e diante da incapacidade dele de ajudá-
lo, é necessário um novo discipulador. Tudo isso é normal e bom
na vida da igreja.
As células não devem ser o foco principal da igreja. Por favor, não
me interprete mal. Não estou dizendo que as células não são uma
parte importante da visão e da edificação da igreja. O que quero
dizer é que células surgem e desaparecem; começam e terminam.
A menos que seus membros se transformem em líderes de células,
em discípulos vencedores, os frutos não serão duradouros. O cres-
cimento da igreja está baseado na formação de líderes. A prioridade
máxima de um líder de célula deve ser identificar líderes em potencial
e iniciar o processo de discipulado para treiná-los e enviá-los para
liderarem a sua própria célula.
A célula não é uma estratégia de organização, mas de liderança,
discipulado e apascentamento. Nosso alvo não é ter membros, mas
discípulos. Cada membro deve ser treinado para ser um ministro
e ser enviado para sua família, escola e trabalho, e para liderar uma
célula como um verdadeiro discípulo.
138 21 dias na vida de um discípulo – Edificando relacionamentos para o reino
3. Mentalidade de escola
No treinamento escolar formamos professores e não líderes. Líde-
res são treinados fazendo o trabalho junto com outro líder, que é o
seu discipulador. Líderes lideram pessoas. Um líder que realiza uma
tarefa, mas não lidera ninguém, não está cumprindo o propósito.
Um líder de célula que não possui discípulos está completamente
fora da visão. Alguns se contentam em mandar as pessoas para faze-
rem o Curso de Maturidade e o CTL. Imaginam equivocadamente
que isso é tudo o que se espera deles, mas estão enganados. Nossos
cursos são fundamentais, mas o processo de treinamento de um
líder só estará completo se ele for discipulado pelo líder da célula.
As microcélulas
Um facilitador de multiplicação
Basicamente, as microcélulas atuam como um facilitador no
processo de multiplicação de uma célula. É muito simples, uma vez
implementado o processo, não há volta e o resultado será sempre o
mesmo: uma multiplicação saudável. Quando a célula atinge um
número de dez membros, então o grupo é subdividido em duas
microcélulas de cinco pessoas, e o líder da célula e o líder em trei-
namento lideram, cada um, uma das duas microcélulas.
148 21 dias na vida de um discípulo – Edificando relacionamentos para o reino
O visitante
Tais pessoas não fazem realmente parte da igreja. Como o pró-
prio nome diz, o visitante é aquele que vai a uma ou duas reuniões,
porque está passando por ali ou é convidado por um dos membros
da igreja. Esses, quando não fazem uma decisão por Cristo, em ge-
ral não voltam mais. Em nossos relatórios das células, os visitantes
são contados porque mostram a saúde daquele grupo. Uma célula
saudável, assim como uma igreja, sempre terá visitantes.
O frequentador assíduo
Estes são pessoas sinceras, que frequentam a maioria das reu-
niões da célula e das atividades da igreja. Até certo ponto pode-se
contar com elas. São consideradas frequentadoras assíduas as pes-
soas que ainda não se batizaram, mas que frequentam a célula com
certa regularidade. Alguns são frequentadores porque possuem
algum impedimento para o batismo - na maioria das vezes, algum
problema de divórcio, amasiamento, ou proibição dos pais para se
batizar. Outros são frequentadores porque gostam dos irmãos ou são
amigos dos anfitriões da célula. Gostam de receber oração e apre-
ciam a comunhão dos irmãos, mas quando desafiados ao batismo
normalmente recuam. Esses possivelmente ainda não nasceram de
novo. Eles são contados em nossos relatórios das células.
O membro
Consideramos membro aquele irmão que se batizou ou aquele
que veio de outra igreja reconhecidamente evangélica e que esteja
frequentando nossas células há pelo menos dois meses (ou oito reu-
niões). Eles constituem a maioria dos participantes da igreja. Como
152 21 dias na vida de um discípulo – Edificando relacionamentos para o reino
O discípulo
O discípulo é um seguidor, uma pessoa disposta, disponível
quando se precisa dela; que tomou a sua cruz e está seguindo a
Cristo. Somente consideramos discípulos aqueles membros que
aceitaram o desafio da liderança e estão dentro de um relaciona-
mento de discipulado. Membros estão buscando a própria bênção,
mas discípulos entenderam que precisam fazer a vontade de Deus.
O sonho de todo pastor é que a maioria dos irmãos integre este
último grupo, que sejam discípulos. Mas, por experiência própria,
depois de muitos anos de ministério, tenho concluído que eles são
sempre minoria.
O fim do individualismo
...que também vos sujeiteis a esses tais, como também
a todo aquele que é cooperador e obreiro. I Co 16:16
sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo. Ef 5:21
A primeira atitude que se espera de um discípulo é que ele ab-
dique do individualismo e das decisões unilaterais. É a decisão de
não caminhar só em circunstância alguma. Por um lado, isso vai
ser agradável, pois vai supri-lo. Era solitário, agora terá alguém para
caminhar consigo, alguém para amá-lo, que vai acolhê-lo, receber
suas lágrimas, entendê-lo e ouvi-lo. Esse é o aspecto positivo.
Mas abrir mão de uma completa independência também impli-
ca em perda. Quando começamos a abrir mão da independência,
sentimos a dor de dividir a privacidade com o discipulador. Esse
é o primeiro custo. O diabo fatalmente tentará superdimensionar
esse preço, de maneira que as pessoas o vejam como pesadíssimo.
Alguém poderá dizer que isto não passa de manipulação. Realmente,
em qualquer outro nível de relacionamento não caberia tal vínculo,
mas no discipulado sim. É isso que vemos na prática de vida dos
14º Dia – A relação do discípulo com o discipulador 159
Submissão ao discipulador
Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com
eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar
contas, para que façam isto com alegria e não gemendo;
porque isto não aproveita a vós outros. Hb 13.17
A segunda atitude que é pedida a um discípulo é o posiciona-
mento, a decisão de submeter-se ao discipulador. Falar de submissão
é sempre algo muito delicado.
Submissão é uma questão de coração, mas obediência é uma
questão de conduta. Devemos nos submeter sempre ao discipula-
dor, mas nem sempre temos de obedecê-lo. Evidentemente existe
um limite de obediência à autoridade. Somente Deus é objeto de
submissão ilimitada. A submissão ao homem é sempre limitada.
Se o discipulador dá uma ordem nitidamente contrária à ordem
de Deus, deve ser desobedecida.
A Palavra de Deus nos ensina que existe uma hierarquia de au-
toridades, que segue a seguinte ordem:
A autoridade soberana de Deus.
A autoridade da Bíblia.
A autoridade de nossas consciências.
A autoridade delegada.
O discipulador é uma autoridade delegada e por isso deve ser sub-
misso aos três níveis mais elevados de autoridade. Se o discipulador
160 21 dias na vida de um discípulo – Edificando relacionamentos para o reino
diz para fazermos algo que esteja em conflito com Deus, com a
Bíblia, ou com nossas consciências, ele precisa ser desobedecido. O
discípulo precisa ser submisso, mas não deve ter uma submissão cega.
Toda autoridade delegada tem um limite. O chefe somente
pode dar ordens com respeito ao trabalho, não pode determinar
nada na minha casa. O mesmo se aplica na igreja. O discipulador
está limitado a aquilo para o que foi delegado ou designado, não
pode escolher com quem devo me casar, ou interferir na minha vida
profissional ou doméstica, a não ser que, como discípulo, eu queira
aceitar sua opinião nessas questões.
Lembre-se daqueles três níveis de palavra que um discipulador
pode falar ao seu discípulo. O primeiro nível é quando ele fala a
Palavra de Deus. Evidentemente, diante da Palavra de Deus a sua
submissão deve ser completa e absoluta. Se um discipulador fala
algo claro da Palavra de Deus a um discípulo e ele simplesmente
ignora, podemos então afirmar que é rebelde.
O segundo nível de palavra é quando o discipulador dá um
conselho a seu discípulo. Mesmo sendo um bom conselho ou um
conselho realmente sensato, neste caso a submissão é relativa. Um
discipulador não pode obrigar o seu discípulo a seguir cegamente
seus conselhos. Quando o discípulo rejeita um conselho, ele não
pode ser taxado de rebelde por causa disso.
Porém, é preciso dizer que aquele discípulo que nunca aceita um
conselho do seu discipulador é possivelmente orgulhoso e autossu-
ficiente. Apesar de não ser necessariamente rebelde, é resistente ao
ensino e dificilmente pode ser edificado.
O terceiro tipo de palavra do discipulador são as suas opiniões.
Nem precisamos dizer que não é necessário nenhum tipo de sub-
missão às opiniões e gostos pessoais do discipulador. O discípulo
pode ouvir ou ignorar tal opinião completamente.
14º Dia – A relação do discípulo com o discipulador 161
uma cadeia de autoridade, Ele vai falar, vai operar por meio dessa
cadeia de autoridade.
Precisamos entender que se eu me vinculo a alguém, em nível
de discipulado, é por reconhecê-lo como servo de Deus, alguém
que tem vida de Deus, que tem as qualificações necessárias para ser
um discipulador. Se me submeto a esse alguém, Deus certamente
vai falar com ele coisas a meu respeito para a minha edificação. Eu
preciso estar atento a isso e ser submisso. Esse é o segundo custo.
O pecado da insubmissão, quando em meu coração rejeito a au-
toridade de alguém levantado por Deus, é comparado ao da feitiçaria
por sua gravidade e semelhança. O pecado da rebeldia é comparado
ao da feitiçaria porque ambos atraem demônios (I Sm 15:23). Por
isso pessoas rebeldes e insubmissas devem ser tratadas com rigor, a
fim de que sua fermentação não contagie os incautos.
Andar na luz
Ora, a mensagem que, da parte dele, temos ouvido e vos
anunciamos é esta: que Deus é luz, e não há nele treva
nenhuma. Se dissermos que mantemos comunhão com
ele e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a
verdade. Se, porém, andarmos na luz, como ele está na
luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue
de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. I Jo 1:5-7
A terceira atitude é uma decisão por andar na luz. O que é isso?
Andar na luz diz respeito a expor todas as áreas da minha vida, todos
os campos da minha vida ao conhecimento do meu discipulador:
vida financeira, relacionamento conjugal, relacionamento com a
liderança da igreja, relacionamentos no meu serviço, a minha vida
íntima, os meus pensamentos, as áreas nas quais eu tenho sido ata-
cado, se houver pecado, por quais tenho sido vencido, se o passado
ainda exerce alguma influência, que tipo de influência.
14º Dia – A relação do discípulo com o discipulador 163
Qualificações do
discipulador
a. Qualificações naturais
Na família, deve ser alguém que possui um bom relacionamento
com seus pais e irmãos, e, caso seja casado, deve ter o seu próprio
lar bem estruturado. Na igreja, deve estar vinculado à liderança e
atuando no lugar que lhe foi designado. No trabalho, é importante
que tenha uma vida financeira estruturada e seja reconhecido no
seu meio profissional pelo seu caráter cristão, assim como, nos rela-
cionamentos sociais, na área moral, no lazer, no namoro (caso seja
solteiro), no uso do seu tempo, na vida devocional, nos estudos, e
assim por diante.
Ser aprovado não significa ser perfeito, mas aberto constante-
mente para ser instruído e, acima de tudo, transparente e leal para
confessar suas faltas. A sua vida moral deve ser completamente tra-
tada para que não haja brecha para escândalos. E, finalmente, ter o
seu caráter tratado, sendo ensinável, tendo vínculos de comunhão
e de aprovação pela liderança, sendo fiel, submisso e andando no
172 21 dias na vida de um discípulo – Edificando relacionamentos para o reino
b. Qualificações espirituais
É bom não separarmos a vida natural da espiritual, visto que
o homem é um ser total e global, e não um monte de partes que
se juntam e se superpõem. Toda vida espiritual deve ser percebida
também na natural. Toda experiência espiritual deve ser visível nos
frutos do trabalho. Vejamos os aspectos considerados espirituais.
O discipulador deve ser totalmente livre do poder do pecado.
Não apenas viver tentativas para ser livre do poder do pecado, mas
ser de fato liberto do poder atrativo do pecado. Existem muitas
pessoas que não produzem nenhum escândalo, mas que vivem no
pavor e no desespero da possibilidade de caírem em pecado. São
pessoas que, quando atacadas por setas malignas, experimentam
uma ressonância interior forte, e isso acontece exatamente pelo fato
de não terem revelação de sua morte com Cristo. Elas ainda não se
apropriaram do poder da cruz, nem da sua morte por fé. Essas pes-
soas não podem discipular outras, pois não são confiáveis. Se existe
15º Dia – Qualificações do discipulador 173
1 - A herança do manto
É totalmente correta esta expressão popular: “Filho de peixe,
peixinho é”; ou esta: “Diga-me com quem andas que eu te direi
quem és”; ou ainda: “Tal pai, tal filho”. Chamamos de herança do
manto todas as características ministeriais e, em especial, a unção
herdada pelo discípulo. Vemos fortemente isso na Bíblia. Josué
herdou o estilo, a visão, o ministério, a autoridade e a unção de
Moisés; Eliseu herdou o manto de Elias; Timóteo, João Marcos,
Tito e outros herdaram de Paulo.
2- Transferência de unção
A Bíblia diz que Deus tirou do Espírito que estava sobre Moisés
e O colocou sobre os homens que foram escolhidos para auxiliá-
lo. Isso nos fala de termos todos a mesma alma, a mesma visão e a
mesma maneira de resolver as coisas. Ter o mesmo espírito é ter a
mesma disposição e a mesma maneira de pensar. Por isso discipu-
lado é o meio de termos unidade e segurança na obra de Deus. Ter
o mesmo espírito é uma das consequências do discipulado e um
dos princípios espirituais. Após algum tempo vinculado a alguém,
vemos o discípulo cada vez mais parecido com seu discipulador. A
unção pode ser transferida. Em Números 11.16,17 diz:
178 21 dias na vida de um discípulo – Edificando relacionamentos para o reino
3 - Reprodução do modelo
O modelo que elegemos e temos praticado é o que vamos re-
produzir; seja o estilo, a visão, a intensidade, o modo de agir, etc.
O que temos diante dos nossos olhos, praticamos. Se temos diante
de nós mediocridade, mediocridade produziremos. Por isso, todo
o cuidado com o discipulado, para que formemos seguramente
obreiros segundo o modelo que temos recebido de Deus.
16º Dia
seu pai espiritual. Não! Está envolvida apenas em fazer coisas para
receber algo em troca.
Há alguns anos temos ensinado a Visão do Gerar. Não estamos
aqui para fazer coisas, estamos aqui para gerar filhos para Deus!
Filhos geram, empregados fazem coisas. Na edificação da igreja, eu
sou filho, não um empregado. A obra de Deus não é edificada por
empregados, somente por filhos.
Nesse sentido, gostaria de compartilhar alguns princípios espi-
rituais para que possamos edificar a Igreja do Senhor.
pensam: “Eu não tenho nada a ver com isso, não é função minha,
não fui contratado para esse serviço”. Quem é filho sente encargo
pela casa, sente encargo pela família. Se o filho chega em casa e vê
algo pegando fogo, não pensa: “Eu não tenho nada a ver com isso,
isso é função do meu pai”. Ele não diz isso, sai gritando e toma
atitude até resolver a questão. Caso não consiga resolvê-la sozinho,
faz um escarcéu, um estardalhaço até que seu pai o auxilie e a casa
esteja protegida.
Somente filhos edificam permanentemente. Se você deseja fazer
parte da edificação da casa de Deus, você tem que ser filho. Só os fi-
lhos podem edificar a casa. Empregados e assalariados não o podem.
algo para alguém. Eram meros empregados. Nós não sabíamos, mas
tínhamos empregados disfarçados de filhos.
Filhos não agem assim, sabe por quê? Filhos sabem que vão her-
dar na hora certa! Filhos regozijam-se diante do sucesso do pai. Eles
não buscam tomar o que é do pai porque sabem que tudo também
lhes pertence. O filho amoroso não fica torcendo para o pai morrer
logo. Somente o filho pródigo, que antes de o pai morrer pediu a
parte da herança que lhe cabia e, mesmo assim, reconheceu mais
tarde que estava errado e voltou atrás. Não somos assim. Estamos
esperando em Deus porque servimos a Deus! Mas estamos servindo
na família. Todavia, empregados sempre estão esperando a oportu-
nidade para tomar algo.
Todos começam sua vida no Reino tendo oportunidade para ser
fiel àquilo que pertence a outros. Você vai receber o ministério do
seu pai espiritual. É o seu pai que reconhece você, é o seu pai que
vai colocar você nos ombros dele e alçar você a uma posição maior.
É o pai. Eu procuro ser pai dos pastores que estão comigo e tam-
bém daqueles que foram enviados. Eles sabem que podem contar
comigo porque reconhecem que são filhos e me veem como pai.
Nós somos a mesma família, estamos no mesmo empreendimento
santo, edificando o Reino de Deus.
E você? Você se coloca como um filho do seu discipulador? Para
você, o seu discipulador é apenas alguém que manda, um chefe, um
supervisor, ou você o tem como pai espiritual na sua vida? Você o
reconhece como alguém que pode falar da parte de Deus em sua
vida? Você é transparente ao ponto de abrir suas lutas, seus medos,
suas tentações, ou se limita apenas a prestar contas do seu trabalho
ou atividade?
Se quisermos edificar uma obra prevalecente, precisamos estar
aliançados como família, como pais e filhos espirituais. Não estamos
interessados no que você pode fazer, nem naquilo que você pode
16º Dia – Doze diferenças entre filhos e empregados 185
guardar, vigiar, e nunca desiste de seus filhos. É assim que tem que
ser. Filhos abrem o coração, filhos suportam a disciplina.
O valor de um
discipulador
“Por favor, não interfira nisso, deixe que eu ande sozinho”. Pensamos
então: “Oh Deus! Ela vai apanhar como eu apanhei”.
Lembro-me de uma irmã preciosa que um dia veio buscar conse-
lho para se casar e eu lhe disse: “Irmã, esse rapaz não é crente, você
deve se separar dele, pois é melhor ficar solteira do que mal-casada”.
Ela então falou: “Para quem já é casado, é muito fácil falar”. En-
tão, resolveu seguir adiante em sua vontade. Poucos meses depois,
me procurou dizendo: “Pastor, eu quero que você me mostre cada
moça que estiver tentando casar com alguém que não é crente. Eu
quero criar uma sala na igreja para ajudá-las a não cometer o erro
que cometi”.
Não excluímos ninguém porque tomou uma decisão equivo-
cada. Entretanto, não é fato que muitos poderiam ser muitíssimo
abençoados pela instrução de irmãos mais experientes? Imagine
aquelas irmãzinhas solteiras, não fariam bem em ouvi-la, adquirin-
do conhecimento? Para que repetir o erro se tem alguém que pode
ajudar a não cometê-lo? Para que repeti-lo?
Provérbios 8.17 diz assim: “Eu amo os que me amam, e os que
me procuram me acham”.
Nesse versículo, a própria sabedoria está falando: “Eu amo os
que me amam”, ou seja, eu estou à disposição daqueles que que-
rem ser sábios. Observe a chave que Deus nos revela: Os que me
procuram, me acham.
O povo de Israel ficou dando volta durante quarenta anos no
deserto. Para quê? Você pode economizar tempo em sua vida. Temos
pastores na Videira que se converteram há seis anos. Eu demorei
o dobro desse tempo para ser ordenado. Qual é a bênção de Deus
nisso? É que eu, com os meus vinte anos de ministério em tempo
integral, posso explicar para eles algumas coisas que fiz de errado,
e dizer-lhes, “Não façam isso porque eu já fiz e não funciona”. E
sabe o que é bom? Eles têm recebido o conselho e, em muito pouco
tempo, chegado a posições que eu demorei a alcançar.
17º Dia – O valor de um discipulador 201
é uma bênção para você, é uma bênção para a sua célula, para o seu
casamento, para a sua vida.
Você não deve ter receio de abrir sua vida ao seu discipulador.
Assim como Jesus, nós nunca esmagamos a cana quebrada. Existe
uma coisa que me deixa angustiado, irmão que tem vida dupla. Mas
se há algo que compreendo e me compadeço é quando alguém vem
a mim e abre as suas fraquezas. Qualquer um que haja assim comigo
já ganha minha atenção e respeito. Todavia, se outra pessoa me conta
a respeito de alguém que está aprontando, eu considero deslealdade.
calça jeans ou de couro, não sei mais o quê. Eu olhei aquilo e pensei:
Não pode ser de Deus. Definitivamente, uma mulher de moto com
essa roupa não está certo. Veja bem como eu era.
Mas Deus é bom, colocou as pessoas certas na minha vida. Co-
mecei a me interessar por ela e ela também por mim. Todavia, estava
em crise, pois ela não era o tipo que eu esperava como esposa. Então
procurei meu pastor e falei: “Olha, a fulana e a beltrana gostam de
mim. Eu estou gostando dessa, e ela parece que está gostando de
mim. Mas ela não é aquela menina espiritual que eu imaginava”.
Eu queria uma mocinha, assim, bem dócil e a minha esposa era
uma líder muito forte. Lembro-me que o pastor me deu uma palavra
que nunca esqueci: “Olha, a gente mede muito as moças pelo tipo
de rapaz por quem elas se interessam. Então, se essa moça não fosse
alguém que tivesse algo dentro de si, ela não se interessaria por você,
porque todos sabem que você quer ser pastor. E ela mesmo assim
gostou? É porque deve ter algo bom dentro dela”. Eu fiquei em paz.
Depois disso, criei essa regra para mim. Se uma moça gosta de um
rapaz espiritual, é porque ela está querendo ser espiritual também.
Pode até ser que não o seja, mas está querendo.
Isso foi sábio. Eu me casei e a minha esposa é uma maravilhosa
bênção em minha vida e ministério. Depois descobri que ela queria
o Senhor. Não era do jeitinho que eu imaginava que uma mulher
de pastor deveria ser. Mas Deus olha o coração. Por isso, se uma
moça quer andar com o sábio é porque ela deve ser sábia. Com
quem que você quer andar?
Josué, em Deuteronômio 34.9, estava cheio do espírito de sabedo-
ria. Por quê? Porque Moisés impôs suas mãos sobre ele. O que acon-
teceu depois? Os filhos de Israel lhe deram ouvidos. Isso aconteceu
porque Moisés colocou a mão na cabeça dele e ministrou em sua vida.
E todo Israel viu. Isso é importante: orar, impor as mãos, consagrar,
ungir. Penso que devemos ungir nossos líderes publicamente. Esse é
um sinal de reconhecimento e influência.
17º Dia – O valor de um discipulador 205
diz: “Irmão, você precisa avançar nisso. Não está certa a maneira de
você falar assim com a sua esposa”. E você ouve, se cala e reconhece:
“Eu tenho que mudar mesmo”.
Nem sempre o seu discipulador será aquele que está mais próxi-
mo de você. Então você diz: “Mas como é que vai falar comigo se
não está próximo? Só pode falar comigo quem é meu amigo ínti-
mo”. Preciso lhe dizer uma verdade: Amigos íntimos também não
falam. Quem fala é quem tem autoridade sobre você. Esses falam
o que precisa ser dito. E, às vezes, são esses que você não quer ou-
vir, quem Deus colocou na sua vida. Quando o discipulador falar
algo para você, ouça-o. Não tenha esta postura: “Ele só sabe cobrar,
nunca vem à minha casa, ele não é meu amigo. Ele não vê televisão
comigo, não vê vídeo comigo, não vai ao cinema comigo, não vai
ao shopping comigo, ele nem viaja comigo!”
Seu discipulador não tem que fazer nada disso. Ele tem que ser
apenas chave de crescimento na sua vida. Quantos querem reco-
nhecer o seu discipulador nesses dias? Diga para ele: “Irmão, você
é uma chave de Deus para o meu crescimento”. Ore por ele e o
abençoe. Agradeça a Deus pelo instrumento do céu que Ele colocou
para abençoar sua vida.
18º Dia
Doze características de
pais e patrões
A mentalidade de
um discípulo
A mentalidade de discípulo
Um discípulo é um sacerdote fiel, que procede segundo a mente
de Deus. Esse é o conceito de Deus sobre sacerdócio. Um sacerdote
é um discípulo, é alguém que pensa como Deus e age segundo a
Sua Palavra.
Temos muitos membros participando de grupos de discipulado,
mas poucos discípulos. Por quê? Porque para ser discípulo é preciso
19º Dia – A mentalidade de um discípulo 229
2. Tipos de discípulos
Vamos considerar dois tipos de discípulos que precisam mudar
sua mentalidade. O primeiro são os discípulos novos na fé. São
aqueles que estão começando na sua vida cristã e alguns estão tam-
bém começando na sua liderança.
Na nossa igreja uma pessoa pode começar a liderar a partir de um
ano de conversão. Nesse tempo é possível se batizar, fazer o Cursão
(Curso de Maturidade Espiritual), que dura seis meses, depois, o
CTL (Curso de Treinamento de Líderes), que dura mais seis meses,
e ser, ao mesmo tempo treinado como líder em uma célula. Se for
aprovada pelo líder, a pessoa pode vir a liderar uma célula no prazo
de um a dois anos. Embora nesse pequeno tempo ela já seja um
líder, temos que considerar que ela ainda é nova na fé.
Temos também um segundo tipo de discípulos, aqueles que já
têm mais tempo de conversão, mas que estão começando ou desen-
volvendo a sua liderança. Ambos são discípulos e precisam renovar a
sua mente com a Palavra de Deus. Alguns com coisas elementares da
vida cristã, outros com coisas mais profundas, mas que estão ainda
guardadas e que definem seu padrão de vida cristã.
232 21 dias na vida de um discípulo – Edificando relacionamentos para o reino
O discipulado de líderes
Líderes também são discípulos. A mudança de mentalidade pre-
cisa começar na própria liderança e, a partir dela, se estender para
todo o discipulado. Líderes que têm uma mentalidade de escravo e
não de vencedor impedem que outros cresçam também. Porque a
sua mentalidade irá refletir diretamente nas suas atitudes e escolhas.
O líder que lidera com uma mente natural age de maneira natural
e influencia os membros a agir da mesma maneira. Por exemplo: se
um líder acha que basta realizar a reunião com os irmãos uma vez
por semana, ele não vai valorizar as visitas e nem o discipulado com
o seu pastor. O foco dele é apenas a reunião da célula.
Por outro lado, os membros vão perceber essa atitude nele e não
serão desafiados a liderar. Qual será a atitude dos membros? Bem,
se um membro da célula pensa que liderar não faz parte dos planos
de Deus para ele, não responderá ao discipulado na célula.
Isso nos leva a concluir que os líderes influenciam com a men-
talidade que têm.
Por isso, devemos considerar a mudança de mentalidade como
um fator de crescimento importante na vida de todos que querem
ser discípulos de Cristo. Isso inclui os membros e toda a liderança.
Vamos usar o exemplo de um líder que se destacou no meio de
outros líderes de sua época: Calebe.
Porém o meu servo Calebe, visto que nele houve outro
espírito, e perseverou em seguir-me, eu o farei entrar
na terra que espiou, e a sua descendência a possuirá.
(Nm 14.24)
O termo que a Bíblia usa, “outro espírito”, está associado à men-
te e à emoção. Refere-se a uma atitude, ou a uma mentalidade em
236 21 dias na vida de um discípulo – Edificando relacionamentos para o reino
Sobre isso Paulo também nos orienta como usar a nossa auto-
ridade espiritual:
Portanto, escrevo estas coisas, estando ausente, para que,
estando presente, não venha a usar de rigor segundo a
autoridade que o Senhor me conferiu para edificação
e não para destruir. (2Co 13.10)
Todos aqueles que discipulam estão investidos de autoridade.
Essa autoridade tem um propósito: formar discípulos de Jesus.
Alguns falam de discipulado referindo-se apenas a uma estrutura,
mas não compreendem o que significa isso. Mas isso não os isenta
da responsabilidade.
A autoridade que Deus nos concede para gerar filhos espiritu-
ais nos faz responsáveis diante de Deus. Temos a responsabilidade
de fazer discípulos na nossa geração, ensinando-os a guardar e a
praticar a Palavra. Portanto, essa autoridade deve ser usada para
ensinar corretamente a Palavra de Deus, pois o discipulado é um
tempo de ensino.
Autoridade se delega, mas responsabilidade não. Podemos de-
legar autoridade para pregar, para expulsar demônios, para batizar,
para ensinar etc. Mas a responsabilidade pelos resultados é daquele
que delegou.
O discipulador não pode se responsabilizar pelas respostas que o
seu discípulo dá a Deus, mas ele é responsável pelo que ele mesmo
faz com o seu discipulado. Por não entender isso, muitos apresentam
muitas desculpas pela falta de resultado: “Ah! Eu tentei levantar um
líder, mas não consegui”.
Entenda algo: Todos são responsáveis pelos resultados que al-
cançam. Josué e Calebe se destacaram na sua geração no meio de
líderes incrédulos. Por quê? Porque decidiram enfrentar os desafios
e buscar os resultados. Qual o resultado que eles tiveram? Eles re-
ceberam uma herança na terra de Canaã, enquanto que os outros
morreram sem herança, no deserto.
238 21 dias na vida de um discípulo – Edificando relacionamentos para o reino
pede muito”. O pregador olhou para ele e disse: “Meu jovem, você
não entendeu nada, Jesus não pede muito, Ele pede tudo”.
Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz
de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está
crucificado para mim, e eu, para o mundo. (Gl 6.14)
Você é um discípulo de Cristo? O mundo está crucificado para
você? Ou ele ainda governa sua vida?
20º Dia
O discipulador como
um supervisor
a. A lei da prevenção
Essa lei consiste em detectar os problemas antes que eles apare-
çam. Por exemplo, para motivar um líder desanimado, o pastor pode
decidir colocá-lo com um discipulador motivado e que está crescen-
do. A intenção nesse caso é boa, mas o efeito pode ser o contrário,
como? Pode ser que o desânimo do líder contamine o discipulador
que estava motivado e crescendo, e este venha a desanimar. Nesse
caso, o pastor ou responsável pelos dois deve intervir antes que isso
aconteça e separá-los. Melhor é preservar um do que perder os dois.
Percebe como houve uma intervenção para evitar o problema?
Existem muitos problemas que poderiam ser evitados, se a lideran-
ça interviesse antes deles se manifestarem. Mas, para isso, é preciso
ficar ligado e atento aos sintomas.
Um bom médico às vezes, pelos sintomas, consegue ter um
prognóstico. Não espere os problemas aparecerem, intervenha
248 21 dias na vida de um discípulo – Edificando relacionamentos para o reino
b. A lei da manutenção
A manutenção está associada a pelo menos dois aspectos prá-
ticos: a estratégia e a persuasão. As estratégias são planos de ação
para manter o trabalho funcionando adequadamente. Até aqui,
sem problemas à vista. Já a persuasão é a intervenção para evitar
que a situação piore.
Um exemplo de estratégia: Se você percebe que uma célula está
estagnada no seu crescimento e tanto o líder como os membros se
sentem acomodados com isso, é hora de intervir; pois, do contrário,
essa célula corre o risco de definhar e morrer.
Você pode lançar um desafio para cada membro, durante três
meses, levar três visitantes. Um visitante por mês não será um gran-
de desafio, mas irá mobilizar os membros a um propósito que com
certeza resultará em pessoas indo ao Encontro, se batizando e no
crescimento da célula.
A melhor coisa para mobilizar os membros é um novo conver-
tido. É como uma casa que não tem crianças, quando chega uma,
ela movimenta o ambiente. Agora, vamos associar manutenção
com persuasão.
A persuasão é a capacidade do discipulador de convencer o outro
a perseverar, mesmo em situações adversas, ou seja, no meio dos
problemas. Quando tudo está correndo bem, dificilmente alguém
pensa em desistir. Normalmente isso ocorre quando vem a crise.
É nessa hora que se perde o foco e é também nessa hora que a
liderança faz a diferença, pois é necessária a intervenção de outra
pessoa que veja com clareza a situação e ajude quem está desani-
mado a continuar.
Quando você tiver vontade de largar tudo, quero que se lem-
bre de uma coisa: “O pódio é daqueles que suportam as pressões!”
20º Dia – O discipulador como um supervisor 249
que o discipulador precisa usar sua influência para fazer duas coisas:
tratar com os problemas e motivar o líder a continuar.
c. A lei da reação
A lei da reação exige uma ação imediata do líder ou pastor para
impedir que os problemas roubem os frutos. É quando já se percebe
a queda dos números, a perda de alguns frutos e é preciso correr
para salvar o que resta.
O melhor é evitar para não chegar nessa situação, mas mesmo
que em alguns casos chegue, ainda é possível uma solução.
É importante que você como líder entenda que, quando os
problemas não são tratados, sua liderança não cresce. Líderes que
não crescem tendem a parar de liderar, porque as pessoas são mo-
tivadas pelos resultados. Quando os resultados não vêm, eles se
desmotivam e param.
É comum quando passamos um número expressivo de células
de um discipulador para outro, algumas células fecharem, porque
na verdade elas já estavam doentes, mas não eram tratadas. Quan-
do outro líder assume e vai checar os números do relatório com a
realidade, acontece o choque, pois os problemas aparecem.
Outras vezes o problema não está nos números, mas na pessoa
do líder. Por ele já estar desmotivado, ele aproveita a mudança de
sua liderança e sai, deixando os problemas para aquele que está
assumindo. Veja, os problemas já estavam lá, apenas não foram
detectados e tratados.
A atitude do discipulador em relação aos problemas é determi-
nante para levar o líder a crescer e se multiplicar de maneira saudável.
a. Cumplicidade
É aquela atitude de ver o erro e não tomar providências para
corrigi-lo. Ser cúmplice é colaborar com o erro. O cúmplice não
comete o erro, mas se cala sobre ele, mesmo sabendo das consequ-
ências. Quando o discipulador vê o líder fazendo coisas erradas e
permite, sem tomar providências para evitar essa prática, ele está
sendo cúmplice do erro.
Um exemplo: Líderes que não vão à reunião da célula por
motivos fúteis. O discipulador sabe disso, mas apenas diz, “tudo
bem”! Nesse caso o discipulador está sendo cúmplice porque “tudo
bem” significa que a desculpa do líder é mais importante do que a
reunião da célula, que o compromisso do líder com os irmãos da
célula não é tão importante assim, e que o líder pode fazer outras
vezes se ele quiser.
Muitas vezes, a cumplicidade é uma maneira de o discipulador
poder justificar seus próprios erros. Para que no futuro ele possa
fazer o mesmo quando quiser. Quando o discipulador é firme, ele
tem que antes ser firme consigo mesmo. Como muitos não querem
esse padrão, acabam abrindo mão dele para os seus líderes também.
Cumplicidade é pecado: “Não te tornes cúmplice de pecados de
outrem. Conserva-te a ti mesmo puro”. (1Tm 5.22)
b. Complacência
É quando o discipulador ou pastor reconhece o erro, mas não
tem consequências. Ser complacente é ser tolerante com o erro de
outros no sentido de permiti-los. O discipulador complacente é
aquele que chega a falar do assunto, mas não mostra a seriedade do
erro, permitindo que o líder sofra as consequências dos seus atos.
Um exemplo disso: Durante o jejum de 21 dias, todos são con-
vocados a orar na igreja e a participar da leitura do livro. Um líder
não vai a nenhum dos dias, também não lê o livro que todos estão
lendo, então apresenta as suas desculpas e o discipulador aceita. Até
252 21 dias na vida de um discípulo – Edificando relacionamentos para o reino
c. Omissão
É permitir que o líder continue na posição de liderança, depois
de um erro grave. Como o dicionário define o omisso? Como al-
guém negligente, descuidado!
O discipulador omisso é aquele que não diz o que deveria dizer,
não faz o que deveria fazer, não trata com os erros que deveria tra-
tar, faz vista grossa às faltas dos seus líderes. Alguns discipuladores e
pastores têm medo de perder seus líderes. Foi o mesmo caso de Saul,
ele tinha medo do povo abandoná-lo e tornou-se refém do povo. Se
20º Dia – O discipulador como um supervisor 253
você tem agido assim, deixe-me dizer algo: Ou você muda, ou Deus
vai removê-lo, porque você não está liderando na dependência de
Deus. Isso é colocar a confiança em homens.
Pessoas sempre vão nos abandonar, somente o Senhor jamais
nos abandonará. Coloque a sua confiança em Deus e dependa dEle
em tudo, até mesmo para tratar com os problemas e pecados de
maneira devida. Se você honrar o nome de Deus, não permitindo
que líderes liderem relaxadamente, Deus o honrará – “Aos que me
honram, honrarei!”.
Você pode honrar a Deus de várias maneiras, uma delas é quando
age de acordo com a autoridade que Deus lhe deu, autoridade para
ensinar e disciplinar. O discípulo que nunca é disciplinado jamais
será a imagem de Jesus, pois até mesmo Jesus aprendeu a obedecer
através das coisas que sofreu.
Ele não foi disciplinado, mas aprendeu através de sofrimentos.
Por isso, não poupe os seus líderes, deixando de tratar com os erros
que cometerem. Para o bem deles e de sua liderança, trate-os como
filhos; se for necessário, discipline-os! Ainda que, em alguns casos,
signifique removê-los da posição. Para isso é importante ter critérios
justos. Se for o correto, faça-o! Assim, ele e os outros saberão que
tipo de líder você é e que estamos servindo a um Deus santo e zeloso!
Se você for omisso, descuidado, você pode ser derrotado: “Subiu
Gideão pelo caminho dos nômades, ao oriente de Noba e Jogbeá, e
feriu aquele exército, que se achava descuidado.” (Jz 8.11)
Se você for omisso, Deus vai tratar com você. Adão foi omisso
no Éden, por isso ele não confrontou a mulher quando ela pecou.
Deus trata a omissão de maneira severa.
Os resultados
do discipulado
primeira coisa que fez foi chamar pelo Deus de Elias. Ele viu Deus
usando Elias e isso despertou sua fé para realizar muito mais depois.
Primeiro Eliseu viu Elias fazendo o milagre.
Então, Elias tomou o seu manto, enrolou-o e feriu as
águas, as quais se dividiram para os dois lados; e passa-
ram ambos em seco (2Rs 2.8).
Depois, ele fez o mesmo.
Tomou o manto que Elias lhe deixara cair, feriu as águas
e disse: Onde está o Senhor, Deus de Elias? Quando
feriu ele as águas, elas se dividiram para um e outro
lado, e Eliseu passou (2Rs 2.14).
Certa vez um líder de célula nos contou algo interessante que
aconteceu na sua célula. Um dia apareceu uma pessoa possessa e,
enquanto os irmãos oravam, o endemoninhado saiu correndo. Só
que na varanda tinha uma célula de crianças se reunindo. Quan-
do o endemoninhado passou, uma criança percebeu o que estava
acontecendo, se levantou e o repreendeu em nome de Jesus. O en-
demoninhado caiu na hora. Quando os irmãos adultos chegaram,
ele já estava liberto.
Certamente essa criança conhecia sua autoridade no nome de
Jesus porque ouviu falar e também porque viu outros exercendo-
a. Ela apenas fez o mesmo porque creu. Quando a fé do discípulo
é ativada, ele vai realizar as mesmas obras daquele que o instruiu.
2. Desperta a sede
A sede espiritual não é algo que vem espontaneamente, ela precisa
ser despertada. Existe um ditado popular que diz: “Você não pode
forçar um cavalo a beber água, mas você pode despertar sua sede,
dando-lhe sal pra comer”.
21º Dia – Os resultados do discipulado 259
Foi nesse monte que Elias orou sete vezes com o rosto em terra,
enquanto o seu servo olhava no horizonte para checar algum sinal de
chuva. Certamente, onde Elias estava não era boa a sua visibilidade,
por essa razão ele enviava o servo a um lugar mais alto.
Aqueles que estão em lugares mais altos têm uma visão
mais clara do que aqueles que estão mais baixo. No caso de
Elias, ele já via no seu espírito o que Deus ia fazer, só queria
uma confirmação.
Dependendo da posição em que uma pessoa está, ela conse-
gue enxergar melhor do que outra. Às vezes precisamos de outros
para nos mostrar a visão de Deus que, por alguma razão, ainda
não enxergamos.
No discipulado, nem sempre o discípulo entende a visão com
clareza. Ele precisa enxergar através dos olhos de seus líderes. Mas,
à medida que seus olhos espirituais são abertos, começa a enxergar
por si mesmo com mais clareza a visão de Deus para ele. O discipu-
lador não tem que despertar para algo novo, mas para a visão que
Deus já nos deu como igreja: multiplicar!
passam a ter porque você investe nelas. O fato de ter que prestar
contas a alguém leva as pessoas a crescerem espiritualmente!
2. Gera quebrantamento
Os relacionamentos são as lixas que Deus usa para nos afinar!
Quando falamos em investir em potencial, tudo parece tão bom e
interessante. Mas quando somos obrigados a nos relacionar com
pessoas difíceis ou muito diferentes de nós, acabamos crescendo
mais, porque somos desafiados a praticar o fruto do Espírito: “Mas
o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benigni-
dade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio” (Gl 5.22).
Só podemos praticar o fruto do Espírito quando vencemos a
carne. São aqueles momentos em que você tem que se submeter,
quando na verdade você queria mesmo era chutar o balde! Mas, é
assim que amadurecemos em Deus.
No primeiro retiro de discipulado que eu fui, Deus começou
a me ensinar algumas lições preciosas. No primeiro dia, logo pela
manhã o pastor disse para cada um fazer seu devocional separada-
mente, antes do café. Naquele dia eu me prostrei diante de Deus,
chorei na Sua presença, estava me sentindo tão quebrantada e com
forte desejo de conhecer mais de Deus. Então, eu orei e pedi ao Se-
nhor que me ensinasse a ser humilde, pois eu queria crescer. Mas eu
não imaginava que Deus iria responder tão rápido a minha oração.
Logo que voltei do meu devocional, antes de entrar no refeitório
para tomar meu precioso café da manhã, minha discipuladora veio
com um balde e uma vassoura e disse que eu tinha sido escalada
sozinha para lavar cinco banheiros femininos e que eu deveria ir
imediatamente. Eu olhei para ela, respirei fundo, de repente come-
çou a subir aquela vontade de retrucar e dizer um “não” bem alto.
Mas, na hora, eu me lembrei de minha oração. Quase que eu chutei
literalmente o balde, mas fiz o que tinha que fazer. Enquanto eu
lavava o banheiro e fazia vômito, pois alguns estavam em péssimas
21º Dia – Os resultados do discipulado 265
5. Leva-o a multiplicação
A maneira de nos multiplicarmos é através do discipulado. Só
pode gerar discípulo quem é discípulo.
O crescimento do discipulador é visto através de seus frutos,
quando ele levanta discípulos de acordo com o seu DNA, ou seja,
líderes levantam outros líderes, discipuladores transformam líderes
em discipuladores, pastores geram outros pastores. A multiplicação
é a prova da aprovação. É por onde vem o reconhecimento. Tiago
diz que é pelas obras que você prova sua fé.
Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-
me essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, te
mostrarei a minha fé. (Tg 2.18)
Certa vez um mestre queria ensinar uma lição ao seu discípulo
e o levou a um rio. Pediu-o para se abaixar e pegou sua cabeça e
enfiou-a dentro d’água, segurando-a por alguns minutos. Quando
o discípulo já estava se debatendo, ele retirou sua cabeça para fora
d’água e lhe perguntou: “O que você desejou mais do que tudo
enquanto você estava debaixo d’água?” Ele logo respondeu: “Ar, é
lógico!” O mestre, então, lhe ensinou uma das lições mais importan-
tes de toda a sua vida, dizendo: “Quando você desejar o Senhor da
mesma maneira que você desejou respirar enquanto estava debaixo
d’água, então você poderá ser realmente um discípulo”.
Essa é uma verdade tremenda. Você só alcançará em Deus aquilo
que buscar de todo o seu coração. Ame ao Senhor de todo coração,
de toda alma e com toda sua força! Alguns querem estar no dis-
268 21 dias na vida de um discípulo – Edificando relacionamentos para o reino
Formato w 14 x 21 cm
Mancha w 10 x 18,5 cm
Tipo e corpo/entrelinha w AGaramond w 11,5/14 (texto); AGaramond w 24/28,8
(títulos); AGaramond w 15/18 (subtítulos); AGaramond w 11,5/16 (tópicos);
AGaramond w 11/16,5 (citação)