Tri N2

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE (UFS)

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS (CCSA)


DEPARTAMENTO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS (DRI)
TEORIA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS (TRI)
PROFº THIAGO FRANCO

THÁSYLA LOHANE DE JESUS SANTANA


MARIA EDUARDA SANTOS AQUINO
KAROLYNE SANTOS DA CRUZ

EXERCÍCIO DISSERTATIVO N2:


Comentário sobre “O Internacional” e o “Sistema Internacional”

SÃO CRISTÓVÃO–SE
2024
1. Introdução
Quando observamos o mundo ao redor, é fácil perceber que vivemos em um
mundo cada vez mais conectado um com os outros. As antigas fronteiras nacionais
parecem cada vez mais permeáveis, onde os eventos em um canto do globo podem
ter repercussões que se estendem pelo resto do planeta terra . Esta é a essência do
que entendemos, atualmente, por "internacional" um espaço onde as interações
entre estados, organizações internacionais, empresas multinacionais e até mesmo
grupos não estatais influenciam o nosso cotidiano de maneiras que muitas vezes
nem percebemos.
Mas o internacional vai além das simples relações entre países. Uma vez que
é um fenômeno complexo que abrange uma infinidade de questões, desde
comércio/segurança, até direitos humanos e mudanças climáticas. As relações
internacionais (ri) como fenômeno são um dos diversos reflexos desse mundo
“globalizado” que está em constante mudança, onde a interdependência entre os
atores globais se torna cada vez mais evidente. Quando vemos conflitos se
desenrolarem em uma região distante ou acordos comerciais sendo negociados
entre nações, estamos testemunhando as ri em ação, em todo a sua complexidade.
É nesse contexto dinâmico que as Relações Internacionais (RI) emergem
como um campo de estudo vital e fascinante. Ao examinar as causas e também os
efeitos das interações internacionais, os acadêmicos das RI lançam um visão sobre
os enredos que acontecem na política global, questionando as estruturas de poder
subjacentes ao explorar novas formas de abordar os desafios que acontecem
globalmente. Desde as teorias clássicas como o Realismo e o Liberalismo até as
perspectivas mais recentes como o Pós-Colonialismo e o Feminismo, as RI
oferecem uma rica história de ideias com debates que nos ajuda atualmente a
compreender melhor o mundo em que vivemos.

2. “Internacional”

O termo “internacional” remete frequentemente a nações soberanas, seus


governos e as suas relações diplomáticas, ignorando as interações entre as
populações. Entretanto, essa visão simplista exclui e dissocia o interno do externo,
nesse contexto o internacional parece mais próximo da globalização, quando na
verdade a internacionalização sempre esteve presente. As nações não eram
isoladas umas das outras, pelo contrário, sua própria formação foi determinada
desde a antiguidade através das rotas comerciais, migrações, e pela troca entre
povos em sua religião, cultura e economia. Moldando o nacional, o interno, para
depois influenciar e delinear o internacional. A influência cultural, por exemplo, pode
ser vista na popularidade da música, do cinema ou da culinária de um país para
outro.
O que ocorre dentro de um país revela os processos internacionais que se
seguirão e a trajetória de desenvolvimento dessas nações no futuro. O próprio
surgimento das nações é resultado de conflitos, dominação e integração de
diferentes grupos. Ademais, a influência de determinados países, tanto cultural
quanto politica, pode moldar os processos internacionais em niveis nacionais, como
aqueles que contribuíram para a abolição da escravidão no Brasil, fruto das
mudanças socioeconômicas, da pressão internacional e do ativismo dos
abolicionistas. Ao limitar o “internacional” as relações entre governos, outras formas
de interação como as relações transnacionais, as relações não-estatais, e o sistema
como um todo é ignorado.

Pode-se argumentar que longe do "internacional" nascer do nacional


e de uma expansão gradual dos laços entre entidades distintas, o
processo real se deu de maneira inversa: a história do sistema
moderno é a da internacionalização e da quebra, em partes
separadas, dos fluxos preexistentes pessoas, religião e comércio; a
precondição para a formação do estado-nação moderno foi o
desenvolvimento de uma economia e cultura Internacional, dentro da
qual eles se reuniram depois.99 (Halliday,2007, p. 16, §3).

A complexidade de delimitar o internacional, começa justamente com o fato


de que as interações entre países não ocorrem de forma isolada; elas estão
profundamente entrelaçadas com processos e acontecimentos que ocorrem dentro
das nações. Além disso, as interações internacionais são de uma variedade de
áreas, incluindo a política, economia, história, sociologias e geopolitica.
A evolução histórica do conceito do internacional também contribui para essa
dificuldade: o que pode ter sido considerado internacional em um período histórico
pode não se aplicar da mesma forma em outro contexto ou época. Ademais,
diferentes atores têm perspectivas diversas sobre o que constitui o internacional,
governos, acadêmicos, organizações internacionais e indivíduos podem ter diversas
interpretações, influenciadas por fatores como interesses políticos, econômicos e
ideológicos.
Nas relações internacionais, estas preocupações possuem
dois aspectos distintos: um é amplamente analítico e se refere ao
papel do Estado nas relações internacionais, ao problema da ordem
na ausência de uma autoridade suprema, ao relacionamento entre o
poder e a segurança, a interação da economia com a força militar, as
causas do conflito e as bases da cooperação. O outro é normativo e
diz respeito à questão de quando e como é legítimo usar a força: as
obrigações devidas ou não ao nosso Estado, ao Iugar da moralidade
nas relações internacionais e aos erros e acertos da intervenção.
(Halliday, 2007, pág. 18)

Assim sendo, várias teorias surgem para exemplificar, delimitar e organizar as


diferentes formas de internacionalização e compreender o que é considerado
"internacional".
A teoria clássica do realismo, com raízes no século XIX, coloca a ênfase na
centralidade do estado-nação e na busca por poder como principal motivador das
ações internacionais. O “internacional” é visto como um sistema anárquico, onde os
estados operam em um ambiente de guerra e paz, buscando garantir sua segurança
e seus interesses nacionais. Já de acordo com a perspectiva marxista, o
"internacional" é visto como um espaço de dominação e exploração, onde os países
capitalistas ricos exploram os países mais pobres e em desenvolvimento.
Outras abordagens de enfoques e pensamentos como o construtivismo,
concentra-se na elaboração social da política internacional, sua ideologia é apoiada
pelo fato de que a realidade é influenciada pelo contexto social, as estruturas são
formadas por ideias, e os interesses dos atores são moldados por essas ideias
compartilhadas. Enfim o internacional, é decidido pelo contexto em que se encontra,
os atores estão dentro da estrutura internacional que os modela e reciprocamente
por meio de suas interações cooperam para a moldagem dessa estrutura.
Em síntese, a abordagem do termo "internacional" transpassa as simples
relações entre nações soberanas e seus governos, adentrando em uma variedade
de interações que moldam as relações internacionais. A visão tradicional, centrada
nas relações diplomáticas entre Estados, não é mais suficiente para compreender a
complexidade das dinâmicas internacionais contemporâneas.
Ao longo da história, observamos que as nações nunca estiveram isoladas
umas das outras; ao contrário, a formação das mesmas foi moldada por uma
complicada interação. Além disso, diversas teorias surgem para abordar e explicar
as múltiplas partes do internacional. O realismo enfatiza a busca pelo poder e a
competição entre os Estados, enquanto o marxismo destaca as relações de
dominação e exploração entre países capitalistas e em desenvolvimento. Por sua
vez, o construtivismo ressalta a importância das ideias, normas e identidades na
construção das relações internacionais, destacando o papel do contexto social na
definição da realidade e dos interesses dos atores.
Portanto, é crucial reconhecer que o internacional vai além das fronteiras
estatais, abrangendo uma multiplicidade de interações e influências. Somente ao
considerar esses fatores e perspectivas podemos compreender plenamente a
complexidade do que é o “internacional”.

3. relações internacionais “O fenômeno”

No âmbito das RI, a interdependência é um conceito central, no qual todos os


países são reféns, como é apresentado por Robert Keohane e Joseph Nye, "a
interdependência complexa é uma situação na qual os Estados são tão dependentes
uns dos outros que a ação de um Estado pode ter um impacto significativo em outros
Estados". Essa é a realidade em diversas áreas, principalmente quando se trata de
questões econômicas, como também se faz presente em questões de segurança e
meio ambiente.
A globalização, dentro do sistema internacional, é um dos grandes fenômenos
que está relacionado a interdependência. Como cita Anthony Giddens, "a
globalização é o processo de intensificação das interconexões entre os países,
levando a uma maior interdependência entre as sociedades". Esse é o processo
responsável por trazer grande circulação de capitais, maior circulação de
mercadorias, maior circulação de pessoas, interculturalidade e o fortalecimento da
ideia de pertencimento global.
Além disso, a ascensão do multilateralismo, acreditando que seja algo de
importância e que um fator muito explorados pelos Estados, mostra a ligação entre
eles, para que possam pedir apoio diante de conflitos e situações de emergência, e
na manutenção da paz e segurança. Nesse contexto, podemos ver o surgimento de
organizações internacionais como ONU, OMC e a OTAN, as quais possuem tal
função, se apresentando como o ponto de apoio, debate e ajuda, de um Estado com
o outro. No entanto, a distribuição desigual de poder entre os Estados gera tensões
e desafios na ordem global. Conforme aponta Robert Dahl, "o poder é a capacidade
de um ator de influenciar o comportamento de outro ator". Essa assimetria de poder
pode criar obstáculos para a cooperação e contribuir para conflitos e instabilidades.
As RI, mesmo como um fenômeno complexo, é possível observar que sua
base está voltada para as interações e interdependência, como já foi mencionado,
mas indo além, também busca compreender as causas e consequências dos
eventos internacionais. Estudar o fenômeno traz clareza para alguns aspectos, em
um contexto mais próximo um exemplo marcante da interdependência entre os
Estados e das dinâmicas das Relações Internacionais é o desafio global da
pandemia de COVID-19. Como falado não só por Keohane e Nye, a ação de um
Estado em lidar com a pandemia tem impactos significativos em outros Estados, o
que evidencia a interdependência complexa no campo da saúde global, mas
também por Giddens ao notarmos que a disseminação do vírus transcende
fronteiras nacionais, ilustrando vividamente a intensificação das interconexões
globais.
No entanto, se acontecimento na saúde mundial, também traz a visão de um
patamar dispare entre os Estados. Países com maior capacidade econômica e
tecnológica têm acesso privilegiado a vacinas e recursos médicos, o qual dá a ele a
possibilidade de oferecer à população melhores condições de enfrentar uma de
forma menos dolorosa situações de grande calamidade, diferente de outras regiões
que possuem exacerbadas condições de desigualdades de saúde, dificuldades com
recursos e até mesmo negacionismo, não só internamente, mas internacionalmente
também. Essa assimetria de poder pode levar a tensões e conflitos, prejudicando os
esforços de cooperação global para conter a propagação do vírus e mitigar seus
impactos.
Acontecimentos como esse são capazes de explicar e exemplificar o
fenômeno das RI. É visto de maneira prática os princípios que formam as Relações
Internacionais, já que esses fatos, são capazes de ilustrar como os eventos
contemporâneos moldam e são moldados pelas complexas dinâmicas das RI.
4. Relações internacionais como “campo de estudo”

As Relações Internacionais (RI), enquanto campo de estudos, nos últimos


anos esta se transformando em uma área heterogênea que examina as interações
entre atores no âmbito internacional ou domestico, e as teorias que estão analisando
esses protagonistas podem ser divididas em duas categorias distintas, as teorias
clássicas e as teorias contemporâneas periféricas. Elucidando de uma melhor
maneira, enquanto as teorias clássicas como o Realismo e o Liberalismo têm sido
dominantes, desde a criação desse campo acadêmico, já as teorias
contemporâneas periféricas, como o Pós-Colonialismo e o Feminismo, trazem
críticas que vão de encontro com essas perspectivas estabelecidas.
No lado clássico das RI, o Realismo é uma das principais teorias que se
destaca, pois ela se preocupa em colocar a soberania, o poder e a segurança como
as principais preocupações dos estados. Fundamentado suas ideias no pensamento
de que o mundo é inerentemente um lugar de competição e conflito, os realistas
como Hans Morgenthau argumentam que os estados devem agir para garantir sua
própria sobrevivência, muitas vezes à custa de outros. Em contra partida, temos o
Liberalismo, representado por teóricos como Immanuel Kant, que vão defender a
cooperação internacional e o papel das instituições para promover a paz. O
Liberalismo também vai destacar a importância do comércio e das alianças na
construção de uma ordem global mais estável, o que resultaria em um mundo
pacífico.
Por outro lado, as teorias contemporâneas periféricas desafiam as suposições
feitas pelas teorias clássicas e visa preencher as lacunas deixadas pelas clássicas.
O Pós-Colonialismo, por exemplo, faz critica a perspectiva eurocêntrica das teorias
clássicas, destacando tanto como o colonialismo e quanto o imperialismo moldaram
as relações internacionais e continuam a controlar as dinâmicas globais
contemporâneas. Da mesma forma, o Feminismo faz crítica a falta de consideração
das relações de poder entre gênero nas teorias tradicionais, argumentando que a
exclusão das vozes femininas limita nossa compreensão das relações
internacionais, como vimos quando lemos a Bell Hooks.
Embora as teorias clássicas tenham fornecido uma base sólida para o estudo
das RI ao longo do tempo, as teorias contemporâneas periféricas estão oferecendo
novas perspectivas que são importantes para a construção de uma identidade
própria, que desafiam e/ou complementam essas visões estabelecidas. Ao
reconhecer as críticas fazem das teorias clássicas, podemos desenvolver uma
compreensão mais ampla das complexas dinâmicas das relações internacionais no
mundo contemporâneo.
As teorias clássicas das Relações Internacionais, como o Realismo e o
Liberalismo, como vimos anteriormente, elas têm sido consideradas nos últimos
anos dominantes na academia e na formulação de um pensamento acadêmico
considerando eurocêntrico que esta presente nas políticas internacionais. No
entanto, quando fazemos uma análise crítica mediante uma lente periférica é
revelado suas limitações e defeitos significativos, destacando a necessidade de uma
abordagem mais inclusiva que abrange para todas as direções para entender as
dinâmicas globais.
O Pós-Colonialismo, que conhecemos hoje, oferece uma crítica contundente
às teorias clássicas, uma vez que, elas destacam ainda uma visão eurocêntrica do
mundo. O Realismo, por exemplo, ignora frequentemente o impacto do colonialismo
nas relações entre estados e do imperialismo na formação da ordem global atual. Ao
priorizar os interesses dos estados europeus considerados ocidentais, o Realismo
vai negligencia as perspectivas do legado das nações e dos povos originários que
foram colonizados durante muitos anos. Essa abordagem teórica pode ser
considerado distorcida, partindo de uma visão periférica, das RI, pois obscurece as
desigualdades estruturais profundamente enraizadas, impedindo uma compreensão
completa dos fatores no âmbito domestico até o internacional.
Um pensamento que corrobora com a teoria pós-colonialista, é do Ailton
Krenak, onde desafia os clássicos ao trazer uma perspectiva pós-colonialista que
valoriza os conhecimentos tradicionais e critica a exploração da natureza. Ele
questiona a visão eurocêntrica que subjuga os povos originários promovendo a
destruição ambiental. Krenak propõe uma nova abordagem, centrada na diversidade
cultural, desafiando a noção de progresso baseada na exploração e da colonização.
Seus pensamentos destacam a importância de ouvir as vozes originarias,
repensando as relações humanas com o meio ambiente, abrindo caminho para uma
visão mais sustentável das Relações Internacionais.
Da mesma forma, o Feminismo também oferece críticas às teorias clássicas,
destacando sua falta de consideração pelas relações de poder entre gênero. O
Realismo, ao retratar o estado como um ator masculino racional, e o Liberalismo, ao
ignorar as formas específicas em que as identidades de gênero moldam as
interações políticas, falham em reconhecer o papel central que o patriarcado
desempenha na política internacional. As normas de gênero influenciam a tomada
de decisões e as relações de poder em níveis global e local, mas são
frequentemente negligenciadas pelas teorias clássicas.
No livro "Bananas, Beaches and Bases" da autora Cynthia Enloe, é explorada
a questão fundamental: onde estão as mulheres na política? Enloe oferece uma
perspectiva ao apontar que, embora as mulheres possam não ser proeminentes
comumente como grandes líderes, desempenham papéis essenciais nos bastidores,
impulsionando e dando vida às políticas em todo o mundo. Como ela afirma: "As
mulheres podem não estar nas manchetes políticas, mas elas estão nas linhas de
frente dos serviços burocráticos, nos escritórios dos legisladores e nos movimentos
sociais que transformam a política em prática diária."
Essa citação do livro de Enloe ressalta a grande importância das mulheres em
áreas que passam muitas vezes despercebidas, mas fundamentais para o
funcionamento eficaz da política. São as mulheres que ocupam cargos de
secretárias, assistentes administrativas e burocratas, garantindo que as políticas
sejam implementadas e administradas de forma eficiente. Suas contribuições muitas
vezes não são reconhecidas ou valorizadas, mas sem elas, o progresso político
seria muito mais lento e difícil de alcançar.
Além disso, as teorias clássicas ainda perpetuam uma visão hierárquica do
mundo, na qual certos atores são considerados mais importantes do que outros. Isso
reflete uma mentalidade de dominação que marginaliza as perspectivas dos países
periféricos e dos grupos marginalizados. O Pós-Colonialismo e o Feminismo
destacam a importância de desafiar essas hierarquias e de reconhecer a diversidade
de experiências e identidades dentro das RI, no âmbito acadêmico.
Uma análise crítica das teorias clássicas por meio de uma lente periférica
revela a necessidade urgente de uma abordagem mais ampla das RI. Ignorar as
perspectivas do Pós-Colonialismo e do Feminismo pode limitar a compreensão das
dinâmicas globais, impedindo o avanço de soluções mais justas para os desafios
enfrentados pela comunidade internacional. Para construir um mundo mais justo, é
essencial reconhecer e valorizar as vozes e as experiências da periferia, das
mulheres e de outros grupos marginalizados nas discussões sobre política
internacional. Somente por uma abordagem verdadeiramente inclusiva e
diversificada, podemos esperar alcançar uma ordem global mais justa e sustentável.

5. Conclusão

As teorias das Relações Internacionais (RI) oferecem uma variedade de


perspectivas e abordagens que facilitam a compreensão do que significa ser
"internacional", tanto como um conceito abstrato quanto como um fenômeno
concreto que afeta a vida das pessoas em todo o mundo. Ao longo deste texto,
exploramos as principais, que foram citadas ao longo do periodo, teorias das RI,
considerando também uma lente periférica para entender o "internacional" de forma
mais abrangente e inclusiva.
Uma das contribuições mais significativas das teorias das RI é fornecer uma
estrutura conceitual para analisar as interações entre atores globais, sejam eles
estados, organizações internacionais, empresas multinacionais ou grupos não
estatais. O Realismo, por exemplo, destaca a competição pelo poder como o
principal motor das relações internacionais, enquanto o Liberalismo enfatiza a
cooperação que leva a interdependência econômica. Por meio dessas teorias,
podemos examinar como o "internacional" é moldado por interesses, valores e
dinâmicas de poder em constante mudança.
Além disso, as teorias das RI consideram as relações internacionais não
apenas como um fenômeno empírico, mas também como um campo de estudo
acadêmico em constante evolução. Desde o surgimento do campo no início do
século XX, as RI têm se expandido para abranger uma ampla gama de questões e
temas, incluindo segurança, economia, direitos humanos, meio ambiente e cultura.
Essa diversidade de áreas de estudo reflete a complexidade do "internacional" e a
necessidade de uma abordagem interdisciplinar para compreendê-lo
adequadamente.
No entanto, é importante reconhecer que as teorias das RI têm suas
limitações. Muitas vezes, elas refletem uma perspectiva eurocêntrica e privilegiam as
experiências e interesses dos países do Norte global em detrimento dos países
periféricos e marginalizados. Uma abordagem periférica nos lembra da importância
de incluir essas vozes no diálogo acadêmico e de considerar como as dinâmicas
globais de poder podem afetar de maneira desproporcional diferentes grupos e
nações.
Diante dessas reflexões, é fundamental reconhecer a complexidade e a
interconexão das questões globais que compõem o "internacional". As RI nos
oferecem ferramentas conceituais e analíticas para compreender essas questões,
mas também nos desafiam a questionar pressupostos e a ampliar nossas
perspectivas. Através de uma abordagem mais inclusiva e crítica, podemos avançar
nosso entendimento do "internacional" e contribuir para a construção de um mundo
mais justo, pacífico e sustentável.
Em última análise, as teorias das RI oferecem uma estrutura valiosa para
entender o "internacional" em toda a sua complexidade. Ao considerar também uma
lente periférica e reconhecer as perspectivas das comunidades marginalizadas,
podemos enriquecer ainda mais nossa compreensão das dinâmicas globais de
poder e promover uma abordagem mais inclusiva e equitativa das relações
internacionais. O desafio agora é traduzir esse entendimento em ação, trabalhando
juntos para construir um mundo melhor para todas as pessoas.
Referencias Bibliográficas

KRENAK, Ailton; SILVESTRE, Helena e SOUZA SANTOS, Boaventura. O sistema e


o antissistema: três ensaios, três mundos no mesmo mundo. Belo Horizonte:
Autentica, 2002.

ARON, Raymond. Paz e guerra entre nações. Brasilia: IPRI, Impresa Oficial, 2002.

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HALLIDEY, Fred. REPENSANDO AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS. Porto


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