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Equações Diferenciais e Séries

Os conceitos de Equações Diferenciais e Séries são extremamente importantes, pois


fazem parte da investigação de problemas em uma vasta variedade de campos de
conhecimento, como em engenharia. Diversos problemas em engenharia conseguem
ser modelados com o conhecimento dos conceitos matemáticos; dentre eles podemos
citar os modelos físicos de crescimento e decrescimento exponencial, sistemas mola-
massa, circuitos elétricos e termologia.

Podemos destacar dois tópicos em nosso curso: Equações Diferenciais Ordinárias e


Sequências e Séries. As Equações Diferenciais Ordinárias são equações envolvendo
derivadas de funções de uma variável. As Sequências e Séries são conceitos
associados a funções. Enquanto o primeiro é relativo a uma listagem ordenada de
termos, o segundo refere-se a uma soma desses termos. Abordaremos esses
conceitos em modelagem e resolução de problemas nas ciências físicas, biológicas e
sociais.

Objetivos

Ao final desta disciplina, você deverá ser capaz de:

• Compreender o conceito de equação diferencial ordinária, a


notação, a ordem e o grau de tais equações.
• Interpretar geometricamente as soluções de uma equação
diferencial, bem como sua existência e unicidade.
• Compreender o conceito de equação diferencial de 1° ordem de
variáveis separáveis, o método de resolução desse tipo de
equação e aplicações em engenharia.
• Compreender o conceito de equação diferencial de 1° ordem
homogênea e o método de resolução desse tipo de equação.
• Compreender o conceito de equação diferencial de 1° ordem
linear (caso homogêneo e não homogêneo) e o método de
resolução desse tipo de equação.
• Aplicar o conceito de equação diferencial de 1° ordem
homogênea e linear em situações-problemas de engenharia.
• Compreender a ideia e o método de resolução dos casos
especiais de equações diferenciais de ordem 2.
• Compreender o conceito de equação diferencial de 2° ordem
linear com coeficientes constantes (homogênea e não
homogênea) e o método de resolução desse tipo de equação.
• Utilizar o conceito de equações diferenciais de ordem 2 em
sistemas e situações-problema de engenharia.
• Compreender o conceito de série de potências e suas
principais propriedades.
• Compreender o conceito de série de Taylor e suas principais
propriedades.
• Resolver uma equação diferencial utilizando o conceito de série
de potências.

Conteúdo Programático

Esta disciplina está organizada de acordo com as seguintes


unidades:

• Unidade 1 – Equações Diferenciais Ordinárias


• Unidade 2 – Equações Diferenciais Homogêneas e
Lineares de 1° Ordem
• Unidade 3 – Equações Diferenciais Ordinárias de 2° Ordem
• Unidade 4 – Séries de Potências e Séries de Taylor

Autoria

Caio Eduardo Pinheiro Costa

Professor em tempo integral desde 2011 dos cursos de Engenharia no Centro


Universitário Jorge Amado – Unijorge. Está vinculado ao Programa de Graduação a
Distância da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, atuando como Professor
Formador e Tutor On-line. Possui Graduação e mestrado em Matemática pela
Universidade Federal da Bahia – UFBA e é estudante do Programa de Doutorado em
Difusão do Conhecimento da UFBA-UNEB. Experiência em Matemática Aplicada,
Matemática Pura, Educação Matemática.
Equações Diferenciais Ordinárias

Nesta unidade compreenderemos o conceito de Equação Diferencial Ordinária,


abreviada para EDO. As equações diferenciais, que são equações envolvendo
derivadas de funções de uma variável, são descrições aproximadas de processos
reais. Uma vez formulado matematicamente o processo, teremos que resolver uma ou
mais equações diferenciais. Após conseguir a solução (ou informações sobre ela), é
necessário interpretá-la com base no contexto no qual se situou o problema, isto é,
devemos verificar se a solução matemática é razoável sob o ponto de vista do
problema de engenharia investigado.

Inicialmente, iremos discutir a definição de equação diferencial ordinária, as notações,


o conceito de ordem e de grau de uma EDO. As soluções de uma equação diferencial
serão analisadas geométrica e algebricamente e trataremos da existência e unicidade
delas. Em seguida, abordaremos o conceito de equações diferenciais de 1° ordem de
variáveis separáveis, um tipo muito importante de EDO, e finalizaremos dialogando um
pouco sobre algumas das inúmeras aplicações desse tipo de EDO em Engenharia.

Objetivo
Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de:

• Compreender o conceito de equação diferencial ordinária, a


notação, a ordem e o grau de tais equações.
• Interpretar geometricamente as soluções de uma equação
diferencial, bem como sua existência e unicidade.
• Compreender o conceito de equação diferencial de 1° ordem
de variáveis separáveis, o método de resolução desse tipo de
equação e aplicações em engenharia.

Conteúdo Programático
Esta unidade está organizada de acordo com os seguintes temas:

• Tema 1 - Definição, Notações (Lagrange e Leibnitz),


Ordem e Grau de uma Equação Diferencial Ordinária
• Tema 2 - Interpretação geométrica e existência e
unicidade de solução de Equações Diferenciais
• Tema 3 - Equações Diferenciais de 1° Ordem de Variáveis
Separáveis
• Tema 4 - Aplicações de Equações Diferenciais de 1°
Ordem de Variáveis Separáveis em Problemas de
Engenharia
No vídeo veremos que os impactos da pandemia de Covid-19 podem ser explicados
por meio de crescimento exponencial. Tal comportamento pode ser visto e analisado
também como a solução de uma Equação Diferencial Ordinária, que é o conteúdo
desta unidade.
Tema 1
Definição, Notações (Lagrange e Leibnitz),
Ordem e Grau de uma Equação Diferencial
Ordinária

Qual a ideia de uma Equação Diferencial Ordinária?


Muitos dos princípios que regem o comportamento do mundo físico são relações
envolvendo a taxa segundo a qual as coisas acontecem. Em linguagem matemática,
as relações são equações e as taxas são derivadas. Equações envolvendo
derivadas são denominadas Equações Diferenciais.

Uma equação diferencial que descreve algum processo físico é chamada, muitas
vezes, de um modelo matemático do processo.

Para conhecer mais sobre o modelo matemático do processo, assista ao


vídeo: Introdução à Modelação Matemática.

Afinal, qual a definição de Equação Diferencial?

Equação Diferencial Ordinária

Considere a função 𝑦 = 𝑓(𝑥) de uma variável. Uma Equação Diferencial Ordinária


(EDO) é uma equação que relaciona a variável 𝑥, a função 𝑦 e as derivadas
sucessivas 𝑦 ′ , 𝑦 ′′ , 𝑦 ′′′ , 𝑦 (4) … , 𝑦 (𝑛) da função 𝑦. Isto é, uma equação da forma
𝐹(𝑥, 𝑦, 𝑦 ′ , … , 𝑦 (𝑛) ) = 0 é chamada de Equação Diferencial Ordinária.

Veja alguns exemplos:

1) 𝑦 ′ = 2𝑥 , que é equivalente a 𝑦 ′ − 2𝑥 = 0
2) 𝑦 ′′ + 𝑦 3 = 0
3) (𝑦 ′′ )3 + 𝑦 ′ = 5𝑦 + 𝑥 que é equivalente a (𝑦 ′′ )3 + 𝑦 ′ − 5𝑦 − 𝑥 = 0
4) (𝑦 ′ )2 + 𝑦 5 = 𝑠𝑒𝑛(𝑥) que é equivalente a (𝑦 ′ )2 + 𝑦 5 − 𝑠𝑒𝑛(𝑥) = 0

Caso as derivadas sucessivas sejam denotadas por 𝑦 ′ , 𝑦 ′′ , 𝑦 ′′′ , 𝑦 (4) … , 𝑦 (𝑛) , dizemos
que a EDO está escrita na notação de Leibnitz.

𝑑𝑦 𝑑²𝑦 𝑑³𝑦 𝑑𝑛 𝑦
Caso as derivadas sucessivas sejam denotadas por 𝑑𝑥 , 𝑑𝑥² , 𝑑𝑥³ , … , 𝑑𝑥 𝑛 , dizemos que a
EDO está escrita na notação de Lagrange.
Todos os exemplos vistos anteriormente podem ser escritos com a
notação de Lagrange. Veja:

𝑑𝑦
1) 𝑑𝑥
= 2𝑥
𝑑²𝑦
2) 𝑑𝑥²
+ 𝑦3 = 0
3
𝑑²𝑦 𝑑𝑦
3) (𝑑𝑥²) + 𝑑𝑥 = 5𝑦 + 𝑥
𝑑𝑦 2
4) (𝑑𝑥 ) + 𝑦 5 = 𝑠𝑒𝑛(𝑥)

Associados à ideia de uma EDO, temos os conceitos de ordem e grau. Ou seja:

A ordem de uma equação diferencial ordinária 𝐹(𝑥, 𝑦, 𝑦 ′ , … , 𝑦 (𝑛) ) = 0 é dada pela


ordem da mais alta derivada envolvida na equação. O grau da EDO é dado pela
potência da mais alta derivada envolvida na equação.

Veja alguns exemplos:

𝑑𝑦
5) A EDO 𝑑𝑥
= 7𝑥 tem ordem 1 e grau 1.
𝑑²𝑦
6) A EDO 𝑑𝑥²
+ 𝑦3 = 0 tem ordem 2 e grau 1.
7) A EDO (𝑦 ′′ )3 ′
+ 𝑦 = 5𝑦 + 𝑥 tem ordem 2 e grau 3.
8) A EDO (𝑦 ) + 𝑦 5 = 𝑠𝑒𝑛(𝑥) tem ordem 1 e grau 2.
′ 2
Tema 2
Interpretação geométrica e existência e
unicidade de solução de Equações Diferenciais

Qual o significado da solução de uma Equação


Diferencial Ordinária?
Geralmente, as equações numéricas são muito conhecidas por todos os envolvidos
em engenharia. Por exemplo, a equação 3𝑥 = 12 é uma equação numérica na
variável 𝑥, de grau 1. Sua solução é o número 𝑥 = 3, pois ele cumpre a igualdade
apresentada, isto é, 3.4 = 12. Já a equação 𝑥 2 − 5𝑥 + 6 = 0 é uma equação
numérica de 2° grau, cujas soluções são os números 𝑥 = 3 𝑒 𝑥 = 2.

Quando tratamos de uma Equação Diferencial Ordinária 𝐹(𝑥, 𝑦, 𝑦 ′ , … , 𝑦 (𝑛) ) = 0


estamos envolvendo funções, e então nosso conceito de solução se “amplia”.

Dizemos que uma função 𝑦 = 𝑓(𝑥) é uma solução da equação diferencial ordinária
𝐹(𝑥, 𝑦, 𝑦 ′ , … , 𝑦 (𝑛) ) = 0 se, quando substituída na equação dada, a converte em uma
igualdade.

Veremos agora alguns exemplos envolvendo esse conceito.

Exemplo 1
Verificar se a função 𝑦 = 𝑐𝑜𝑠(𝑥) + 𝑠𝑒𝑛(𝑥) é solução da EDO: 𝑦 ′′ + 𝑦 = 0

Solução: Iremos encontrar a derivada de ordem 2 da função. Veja:

𝑦 = 𝑐𝑜𝑠(𝑥) + 𝑠𝑒𝑛(𝑥) → 𝑦 ′ = −𝑠𝑒𝑛(𝑥) + cos(𝑥) → 𝑦 ′′ = − cos(𝑥) − 𝑠𝑒𝑛(𝑥)

Com isso, 𝑦 ′′ + 𝑦 = (− cos(𝑥) − 𝑠𝑒𝑛(𝑥)) + ( 𝑐𝑜𝑠(𝑥) + 𝑠𝑒𝑛(𝑥)) = 0, e dessa


forma a função cumpre a igualdade, e, então, é uma solução da EDO.

Exemplo 2:
𝒅𝟐 𝒚
Verificar se a função 𝑦 = 𝑒 3𝑥 é a solução da EDO: 𝒅𝒙²
− 𝒚=𝟎

Solução: Iremos encontrar a derivada de ordem 2 da função. Veja:

𝑦 = 𝑒 3𝑥 → 𝑦 ′ = 3. 𝑒 3𝑥 → 𝑦 ′′ = 9. 𝑒 3𝑥

𝒅𝟐 𝒚
Com isso, 𝒅𝒙²
− 𝒚 = (9. 𝑒 3𝑥 ) − (𝑒 3𝑥 ) = 8. 𝑒 3𝑥 ≠ 0, e dessa forma a função
não cumpre a igualdade, e, então, não é uma solução da EDO.
Exemplo 3:
Encontrar a solução da EDO: 𝑦 ′ = 8𝑥

Solução: Pela definição de integral, podemos escrever:

𝑦 = ∫ 8𝑥𝑑𝑥 →

𝑥²
𝑦 = 8. +𝐶 →
2

𝑦 = 4𝑥 2 + 𝐶 , 𝑐𝑜𝑚 𝐶 ∈ ℝ

Observe que temos um conjunto formado por infinitas funções que cumprem a EDO (já
que 𝐶 ∈ ℝ é uma constante arbitrária). Essa família de funções é denominada Solução
Geral da EDO.

Como 𝐶 é uma constante arbitrária, podemos substituir, na solução geral, valores para
𝐶, como mostrado a seguir.

Solução geral: 𝑦 = 4𝑥 2 + 𝐶 , 𝑐𝑜𝑚 𝐶 ∈ ℝ. Tomamos:

𝐶 = 0 → 𝑦 = 4𝑥²
𝐶 = 1 → 𝑦 = 4𝑥 2 + 1
𝐶 = 2 → 𝑦 = 4𝑥 2 + 2
𝐶 = −1 → 𝑦 = 4𝑥 2 − 1
𝐶 = −2 → 𝑦 = 4𝑥 2 − 2

Cada função acima é denominada Solução Particular da EDO. Vejamos essas


soluções, geometricamente a seguir:
No exemplo anterior, as curvas são parábolas (infinitas parábolas). Essas curvas são
denominadas Curvas Integrais. Ou seja, a solução geral de uma EDO é representada
graficamente pela família de curvas chamadas de curvas integrais.

Exemplo:
Encontrar a solução da EDO: 𝑦 ′ = −3𝑥 2 + 1, que passe pelo ponto (0,1)

Solução: Pela definição de integral, podemos escrever:

𝑦 = ∫(−3𝑥 2 + 1)𝑑𝑥 →

𝑥3
𝑦 = −3. +𝑥+𝐶 →
3

𝑦 = −𝑥 3 + 𝑥 + 𝐶 , 𝑐𝑜𝑚 𝐶 ∈ ℝ → Solução Geral da EDO.

Como procuramos, dentre todas as soluções, a que passa pelo ponto (0,1), iremos
substituir na solução geral as condições 𝑥 = 0 𝑒 𝑦 = 1. Dessa forma:

1 = −03 + 0 + 𝐶 →
𝐶=1

Assim, a solução particular da EDO é dada por 𝑦 = −𝑥 3 + 𝑥 + 1


Veja as curvas integrais:
Tema 3
Equações Diferenciais de 1° Ordem de Variáveis
Separáveis

Como conseguimos identificar que uma EDO de 1°


Ordem é de Variáveis Separáveis?
Uma equação diferencial contendo apenas a derivada de 1ª ordem é classificada
como EDO de Ordem 1. Qualquer EDO de primeira ordem pode ser representada
pelas duas formas. São elas:

• 1° Forma: 𝑦 ′ = 𝑓(𝑥, 𝑦)
• 2° Forma: 𝑀(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 + 𝑁(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦 = 0

Importante saber que as duas formas são equivalentes. Vejamos dois exemplos:

Exemplo 1:

𝒙𝒚′ + 𝒚 − 𝒙𝟑 = 𝟎.

Vamos escrever a EDO nas duas formas citadas anteriormente. Veja:

Solução:
𝑥 3 −𝑦
1° Forma: 𝑥𝑦 ′ = 𝑥 3 − 𝑦 ⇒ 𝑦 ′ = 𝑥
𝑑𝑦 𝑥 3 −𝑦
2° Forma: 𝑑𝑥 = 𝑥
⇒ (𝑥 3 − 𝑦)𝑑𝑥 = 𝑥𝑑𝑦
(𝑥 3 − 𝑦)𝑑𝑥 − 𝑥𝑑𝑦 = 0
𝑀(𝑥, 𝑦) = 𝑥 3 − 𝑦 , 𝑁(𝑥, 𝑦) = −𝑥

Exemplo 2:

𝒙𝒚′ = 𝟓𝒚.

Vamos escrever a EDO nas duas formas citadas anteriormente. Veja:

Solução:

5y
1° Forma: y ′ = x
dy 5y
2° Forma: dx = x
⇒ 5ydx = xdy
5ydx − xdy = 0
M(x, y) = 5y , N(x, y) = −x
Iremos agora conhecer o primeiro tipo de EDO. Embora simples, é uma equação que
contêm aplicações muito importantes, em especial em engenharia.

Equações Diferenciais de 1° Ordem de Variáveis Separáveis

Uma EDO de 1ª ordem pode ser classificada como EDO de Variáveis Separáveis se,
de alguma forma, pudermos escrevê-la como:

𝐴(𝑥)𝑑𝑥 + 𝐵(𝑦)𝑑𝑦 = 0

Isto é, em uma EDO de variáveis separáveis conseguimos fazer a “separação” das


duas variáveis.

Dessa forma, basta integrar todos os membros da equação para encontrar a solução
geral.

Vejamos dois exemplos para entendermos melhor o conceito.

Exemplo 1:
Obter a solução geral da EDO 𝑦 ′ − 𝑦 = 0

Solução:

Usando a notação de Leibnitz, temos:


𝑑𝑦
=𝑦
𝑑𝑥

Separando as variáveis:

𝑑𝑦
= 𝑑𝑥
𝑦

Integrando ambos os membros da equação:

𝑑𝑦
∫ = ∫ 𝑑𝑥
𝑦

ln 𝑦 + 𝐶1 = 𝑥 + 𝐶2

ln 𝑦 = 𝑥 + (𝐶2 − 𝐶1 )

ln 𝑦 = 𝑥 + 𝐶
Essa é a solução geral da EDO. Vamos explicitar a função 𝑦. Para isso, fazemos:

𝑦 = 𝑒 𝑥+𝐶 = 𝑒 𝑥 . 𝑒 𝐶 = 𝑒 𝑥 . 𝐶

𝑦 = 𝑒 𝑥. 𝐶 , 𝐶 ∈ ℝ

Observação: Para os cálculos acima, utilizamos as seguintes propriedades


básicas:

• ln 𝐴 = 𝐵 ⇒ log 𝑒 𝐴 = 𝐵 ⇒ 𝐴 = 𝑒 𝐵

• 𝑘. ln 𝐴 = ln(𝐴𝑘 )

• 𝑒 ln 𝐴 = 𝐴

• 𝑒 𝐴 . 𝑒 𝐵 = 𝑒 𝐴+𝐵

Exemplo 2:
Obter a solução geral da EDO 𝑥𝑦 ′ = −4𝑦

Solução:

Usando a notação de Leibnitz:


𝑑𝑦
𝑥 = −4𝑦
𝑑𝑥

Separando as variáveis:

𝑑𝑦 −4𝑦
=
𝑑𝑥 𝑥
𝑑𝑦 −4𝑑𝑥
=
𝑦 𝑥

Integrando ambos os membros da equação:

𝑑𝑦 −4𝑑𝑥
∫ =∫
𝑦 𝑥

ln 𝑦 = −4 ln 𝑥 + 𝐶

Vamos explicitar a função 𝑦:

𝑦 = 𝑒 −4 ln 𝑥+𝐶 = 𝑒 −4 ln 𝑥 . 𝑒 𝐶 = 𝑒 −4 ln 𝑥 . 𝐶
−4 )
𝑦 = 𝑒 ln(𝑥 .𝐶

𝑦 = 𝑥 −4 . 𝐶
Tema 4
Aplicações de Equações Diferenciais de 1°
Ordem de Variáveis Separáveis em Problemas de
Engenharia

Em que problemas conseguimos encontrar as


equações diferenciais ordinárias de 1° ordem a
variáveis separáveis?
Como dito anteriormente, as equações diferenciais ordinárias de 1° ordem a variáveis
separáveis possuem diversas aplicações. Para entendermos melhor como acontecem
essas aplicações, vejamos algumas delas nos problemas a seguir.

Problema 1:

Um investidor aplica seu dinheiro em uma instituição que remunera o capital investido
𝑑𝐶
de acordo com a equação 𝑑𝑡
= 0,08𝐶. Supondo que o capital investido no instante 𝑡 =
0 seja R$10.000,00, determine o valor do capital aplicado no instante 𝑡.

Solução:

Separando as variáveis da EDO:


𝑑𝐶
= 0,08𝑑𝑡
𝐶

Integrando ambos os membros da equação:

𝑑𝐶
∫ = ∫ 0,08𝑑𝑡
𝐶

ln 𝐶 = 0,08𝑡 + 𝐾

Explicitando a função 𝐶, temos:


𝐶 = 𝑒 0,08𝑡 . 𝑒 𝐾

𝐶 = 𝑒 0,08𝑡 . 𝐾

Substituindo 𝑡 = 0 𝑒 𝐶 = 10.000 na solução geral, obtemos:

10.000 = 𝑒 0,08.0 . 𝐾 ⇒ 𝐾 = 10.000


Logo,
𝐶 = 10.000. 𝑒 0,08𝑡
Problema 2:

Suponha que a aceleração de uma partícula seja proporcional ao tempo 𝑡.


Para 𝑡 = 0 𝑠, a velocidade da partícula é 9 𝑚/𝑠. Sabendo-se que ambas, a velocidade
e coordenadas de posição são zero quando 𝑡 = 3 𝑠, escreva as equações do
movimento para a partícula.

Solução:

Utilizaremos aqui os conceitos de posição, velocidade instantânea e aceleração


instantânea de um corpo. Lembrando, se 𝑠 = 𝑠(𝑡) é a posição de um corpo, sua
𝑑𝑠
velocidade instantânea é dada por 𝑣(𝑡) = 𝑑𝑡 e sua aceleração instantânea é dada por
𝑑𝑣
𝑎(𝑡) = 𝑑𝑡
.

Como aceleração da partícula é proporcional ao tempo 𝑡, obtemos:

𝑑𝑣
𝑎= = 𝛼. 𝑡
𝑑𝑡

onde 𝛼 ∈ ℝ é uma constante chamada constante de proporcionalidade.

Separando as variáveis, temos:

𝑑𝑣 = 𝛼. 𝑡. 𝑑𝑡

Integrando ambos os membros da equação:

∫ 𝑑𝑣 = ∫ 𝛼. 𝑡. 𝑑𝑡

𝑡²
𝑣=𝛼 +𝐶
2

Substituindo 𝑡 = 0 𝑒 𝑣 = 9, obtemos:


9=𝛼 2
+ 𝐶 ⇒𝐶=9

Logo:
𝑡²
𝑣=𝛼 +9
2

Substituindo 𝑡 = 3 𝑒 𝑣 = 0, obtemos:


0=𝛼 +9
2
9
𝛼 = −9
2

Ou seja,

𝛼 = −2

Assim,
𝑡²
𝑣 = −2. +9
2

𝑣 = −𝑡 2 + 9

que é a função velocidade do corpo.

𝑑𝑠
Como 𝑣 = , ficamos com:
𝑑𝑡

𝑑𝑠
= −𝑡² + 9
𝑑𝑡

Separando as variáveis:

𝑑𝑠 = (−𝑡² + 9)𝑑𝑡

Integrando:

∫ 𝑑𝑠 = ∫(−𝑡² + 9)𝑑𝑡

𝑡³
𝑠=− + 9𝑡 + 𝐶
3

Substituindo 𝑡 = 3 𝑒 𝑠 = 0, obtemos:


0=− + 9.3 + 𝐶
3
E assim, 𝐶 = −18. Com isso:
𝑡3
𝑠=− + 9𝑡 − 18
3

Para saber mais sobre situações de Equações Diferenciais de 1° Ordem de


Variáveis Separáveis em Problemas de Engenharia, leia agora o Capítulo 2
do livro: BOYCE, W. E.; DI PRIMA, R. C; MEADE, D. B. Equações
diferenciais elementares e problemas de valores de contorno. 11. ed.
Rio de Janeiro: LTC, 2020. ISBN: 9788521637127. Disponível na Minha
Biblioteca.
Encerramento

Qual a ideia de uma Equação Diferencial Ordinária?


Uma Equação Diferencial Ordinária se refere a uma equação (igualdade entre dois
membros) envolvendo uma variável independente, uma função e as derivadas dessa
função.

Qual o significado da solução de uma Equação


Diferencial Ordinária?
Uma solução de uma Equação Diferencial Ordinária é uma função de uma variável
que, substituída, torna a igualdade válida.

Como conseguimos identificar que uma EDO de 1°


Ordem é de Variáveis Separáveis?
Uma EDO de 1ª ordem em que consigamos, de alguma forma, separar as duas
variáveis, é identificada como EDO de Variáveis Separáveis.

Em que problemas conseguimos encontrar as


equações diferenciais ordinárias de 1° ordem a
variáveis separáveis?
As equações diferenciais ordinárias de 1° ordem a variáveis separáveis são utilizadas
em modelagem e resolução de diversos problemas, como em cinemática, termologia,
crescimento populacional, decaimento radioativo.

Resumo da Unidade

Nesta unidade iniciamos o estudo das Equações Diferenciais Ordinárias (EDO).


Inicialmente, compreendemos o conceito de uma EDO, as notações, o grau e sua
ordem. Fazendo associações com equações numéricas, pudemos compreender o
conceito de solução de uma EDO, no qual apresentamos a solução geral e as
soluções particulares, tanto do ponto de vista algébrico quanto do ponto de vista
geométrico (gráfico).

Em seguida, conhecemos e identificamos uma EDO de 1ª ordem e abordamos o


primeiro tipo, a EDO de 1° ordem a variáveis separáveis. Aprendemos a encontrar
sua solução geral e explicitá-la.
Por fim, vimos exemplos de aplicações de EDO de 1° ordem a variáveis
separáveis, como podemos modelar matematicamente e encontrar a solução
desses problemas.

Referências

ANTON, H. Cálculo. Volume 2. Porto Alegre: Bookman, 2014. ISBN:


9780470647691.

BOYCE, W. E.; DI PRIMA, R. C.; MEADE, D. B. Equações diferenciais


elementares e problemas de valores de contorno. Rio de Janeiro: LTC, 2020.
ISBN: 9781119381648.

THOMAS, G. Cálculo. Volume 2. São Paulo: Pearson, 2012. ISBN:


9788581430874

Para aprofundar e aprimorar os seus conhecimentos sobre os assuntos


abordados nessa unidade, não deixe de consultar as referências
bibliográficas básicas e complementares disponíveis no plano de
ensino publicado na página inicial da disciplina.

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