Aula 2
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DO EXERCÍCIO
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1.1 Conceito
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Cinco músculos compõem a porção anterolateral do abdômen: reto abdominal,
oblíquo interno, oblíquo externo, transverso do abdômen e piramidal:
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1. Ilíaco: faz parte do músculo iliopsoas. Tem sua origem na fossa ilíaca e
sua inserção no trocânter menor. Assim, é um músculo que também atua
nos movimentos da articulação do quadril. Sua função no tronco é de
flexão da coluna vertebral.
2. Psoas maior: faz parte do músculo iliopsoas. Tem sua origem nos corpos
vertebrais de L1 a L4 r nos processos transversos de T12 a L5, e sua
inserção ocorre no trocânter menor. Percebe-se que o músculo ilíaco e o
psoas maior têm a mesma inserção, por isso é chamado de músculo
iliopsoas. Assim, é um músculo que também atua nos movimentos da
articulação do quadril. Sua função no tronco é de flexão da coluna
vertebral.
3. Psoas menor: tem sua origem na superfície lateral da vértebra T12 e da
vértebra L1. Sua inserção ocorre na eminência iliopúbica e na linha
pectínea do púbis. Também tem função nos movimentos da pelve e do
quadril. De forma geral, suas funções são secundárias. No tronco, esse
músculo auxilia na flexão e inclinação lateral da coluna vertebral.
4. Quadrado lombar: encontra-se profundamente dentro do abdômen e é
dorsal ao iliopsoas. Tem sua origem na crista ilíaca do ílio e inserção na
12ª costela e apófises transversais das 1ª a 4ª vértebras lombares. Suas
ações incluem a extensão da coluna lombar, a inclinação lateral
homolateral e auxílio na expiração.
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A coluna cervical tem 7 vértebras, a coluna torácica 12 vértebras, a coluna
lombar 5 vértebras e a região sacrococcígea, formada por 5 vértebras sacrais
fundidas e pelas 4 vértebras fundidas do cóccix (Sobotta, 2012). O segmento
móvel das vértebras consiste em duas vértebras adjacentes e um disco
intervertebral que as separa. O disco vertebral é constituído por um disco fibroso
periférico composto por tecido fibrocartilaginoso, chamado anel fibroso, e uma
substância interna, elástica e macia, chamada núcleo pulposo. Os discos
formam fortes articulações, permitem vários movimentos da coluna vertebral e
absorvem os impactos.
A estrutura das vértebras é semelhante por todo o segmento móvel da
coluna vertebral, exceto pelas duas primeiras vértebras cervicais, a atlas (C1) e
a áxis (C2), por possuírem sete elementos básicos (Figura 1):
1. corpo;
2. processo espinhoso;
3. processo transverso;
4. processos articulares;
5. lâminas; pedículos;
6. forame vertebral.
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Figura 1 – A estrutura das vértebras
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laterais do que no diâmetro anteroposterior. Também são maiores verticalmente
na parte anterior do que na parte posterior. Os pedículos do arco vertebral das
vértebras lombares são curtos, os processos espinhosos são amplos e
pequenos processos transversos se projetam para trás, para cima e para os
lados (Sobotta, 2012). Os discos intervertebrais da região lombar são espessos,
sendo mais espessas na região ventral do que na região dorsal, pois isso
contribui para a curvatura da região lombar, a lordose lombar.
Os músculos da região lombar da coluna vertebral são: longuíssimo
torácico, iliocostal lombar, espinhal do tórax, multífido e intertransversal.
1. Longuíssimo torácico: esse é um longo músculo com uma origem vertebral
nos processos espinhosos e inserções nos processos costais das vértebras
lombares. O músculo longuíssimo pode estender a coluna sob contração
bilateral, e a contração unilateral realiza a inclinação homolateral da coluna
vertebral.
2. Iliocostal lombar: é um músculo longo, que contém três porções – a cervical,
torácica e lombar. Em relação à porção lombar, sua origem ocorre na face
dorsal do sacro, e sua inserção ocorre no ângulo das seis últimas costelas.
Esse músculo realiza a extensão e a inclinação homolateral da coluna
vertebral.
3. Espinhal: é um músculo que contém três porções – da cabeça, do pescoço
e do tórax. Em relação à porção torácica, sua origem ocorre nos processos
espinhosos das vértebras T11 a L2, e sua inserção ocorre nos processos
espinhosos das vértebras torácicas superiores. Tem ação de extensão da
coluna vertebral.
4. Multífido: apresenta um complexo de feixes que se originam no dorso do
sacro, nas espinhas ilíacas posteriores superiores e nos processos
mamilares das vértebras lombares, enquanto se inserem no processo
espinhoso de três a cinco vértebras acima. Realizam a estabilização e a
extensão da coluna vertebral.
5. Intertransversal: percorrem toda a coluna. Os músculos
intertransversários lombares laterais têm sua origem e inserção nos
processos costais das vértebras lombares. Já os músculos
intertransversários lombares têm sua origem e inserção nos processos
mamários das vértebras lombares. Esses músculos têm como ação a
extensão da coluna e a inclinação homolateral da coluna.
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TEMA 2 – ESTRUTURA FUNCIONAL DA COLUNA
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sistemas, os quais a longevidade dos componentes e da eficiência do sistema
dependem da precisão de cada segmento. Isso inclui o alinhamento da postura
e os padrões de movimentos, que reduzem a tensão do tecido, o que evita
traumas nas articulações ou no tecido mole, permitindo ações musculares
eficientes (Sahrmann, 2002).
Os músculos fornecem apoio e rigidez no nível intervertebral para
sustentar as forças que atuam no nosso corpo no dia a dia ou durante a
realização de algum movimento, seja ele simples ou complexo. Assim, a
estabilidade da coluna vertebral depende dos músculos que a circundam.
Quanto maior a força de cada músculo, maior a rigidez do segmento móvel da
coluna vertebral e maior a estabilidade em situações habituais, em que apenas
uma pequena quantidade de coativação muscular, em torno de 10% da força
máxima, é necessária para fornecer a estabilidade (Barr et al., 2005).
O sistema neuromuscular também é importante, pois é ele quem
coordena a atividade muscular para responder as forças inesperadas e
esperadas. Este sistema deve ativar os músculos corretos no momento certo e
na quantidade correta para proteger a coluna de lesões e também permitir que
o movimento desejado seja realizado (Barr et al., 2005).
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região, contribuindo para uma boa cinética e cinemática articular durante a
realização dos movimentos (Monteiro; Evangelista, 2010).
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uma vez que os extensores da coluna são músculos lentos, que não contraem
rapidamente (Hamill; Knutzen; Derrick, 2016).
Baixos níveis de força e flexibilidade também podem gerar lesões na
porção lombar da coluna vertebral. Músculos abdominais fracos fazem com que
não haja controle sobre a pelve, aumentando a chance de ocorrer hiperlordose.
A hiperlordose gera uma sobrecarga indevida nas articulações e nos processos
articulares posteriores e no disco intervertebral (Hamill; Knutzen; Derrick, 2016).
Músculos do core inflexíveis também são associados à dor na lombar.
Em relação às lesões por uso excessivo, impactos, grandes forças
passando pela articulação, hiperextensão da lombar, flexão da lombar que
ocorram repetidas vezes na articulação, podem ser causas das lesões. A
espondilólise é uma lesão de origem indeterminada definida como um defeito,
ou falha mecânica, com descontinuidade óssea do segmento intervertebral.
Acredita-se ser causada por fratura por estresse na pars interarticularis, ou seja,
na articulação entre duas vértebras próximas, sendo mais frequente na
articulação de L5 devido a características específicas desse segmento
(Bozdech; Dufek, 1986).
Quando há a presença de espondilólise e ocorre a translação da vértebra,
ou seja, o deslizamento da vértebra, seja ele posterior ou anterior, ocorre a
espondilolistese. Usualmente, a dor é bem tolerada. Essas lesões são
relativamente comuns em jovens atletas, responsáveis por 47% das dores
lombares. Em adultos, cai consideravelmente, sendo responsável por apenas
5% das dores lombares (Cassidy; Shaffer; Johnson, 2005).
Os discos intervertebrais na região lombar da coluna vertebral exibem
maior incidência de prolapso discal do que qualquer outro segmento da coluna
vertebral (Hamill; Knutzen; Derrick, 2016). A função dos discos intervertebrais é
de amortecer as cargas entre os corpos vertebrais. Os discos conseguem
suportar forças de compressão, cisalhamento, flexão, extensão e rotações do
tronco. No entanto, os discos não toleram com tanta eficiência o torque axial,
principalmente se associado a força de compressão. Estes mecanismos, à
medida que se repetem, desencadeiam a degeneração do núcleo pulposo, que
vai desidratar. Quando o ligamento longitudinal romper e o núcleo pulposo
degenerado migrar para dentro do canal vertebral, teremos a hérnia de disco
(Venner; Crock, 1974). A protusão discal pode acarretar compressão dos nervos
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que deixam a medula espinhal, gerando sintomas de dormência, formigamento
e dor nos segmentos corporais adjacentes.
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variedade de manifestações clínicas, que incluem cervicalgia, rigidez do
pescoço, tontura, parestesias e dificuldades cognitivas como a perda de
memória. Em casos extremos, as colisões automobilísticas causam flexão e
extensão do pescoço muito além dos limites normais, podendo ocorrer fratura da
coluna com lesão da medula e paralisia.
Outra lesão que também pode ocorrer na porção cervical da coluna
vertebral é a hérnia de disco. Os discos intervertebrais funcionam como
elementos de absorção de impacto, a sua degeneração, que se inicia
habitualmente a partir dos 40 anos de idade, provoca um estreitamento do
espaço entre as vértebras, aumentando a sobrecarga exercida sobre as
vértebras cervicais, com um consequente desgaste. Além disso, se o núcleo
pulposo degenerado dos discos intervertebrais migrar para dentro do canal
vertebral, ocorre a hérnia de disco, que comprimir a medula ou outros nervos,
gerando sintomas de formigamento e dor.
NA PRÁTICA
FINALIZANDO
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sofre lesões, pois não é tão móvel quando a região cervical e a lombar. A região
lombar é a que mais sofre lesões, uma vez que essa região é a que mais absorve
as cargas.
Portanto, a musculatura do core deve ser fortalecida e alongada, pois tem
papel importante na estabilização da coluna vertebral, tanto em movimentos
simples, repetitivos de baixa sobrecarga, quanto de movimentos complexos com
alta sobrecarga. É papel do professor de educação física entender o
funcionamento do core e realizar treinamentos específicos para essa região do
corpo humano.
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REFERÊNCIAS
BARR, K. P. et al. Lumbar stabilization: core concepts and current literature, part
1. Am J Phys Med Rehabil, v. 84, p. 473-80, 2005.
BLISS, L. S.; TEEPLE, P. Cores stability: the centerpiece of any training program.
Current Sports Medicine Reports v. 4, p. 179-183, 2005.
MICHELI, L. J.; ALLISON, G. Lesões da coluna lombar no jovem atleta. Rev Bras
Med Esporte, Niterói, v. 5, n. 2, mar./apr. 1999.
WYKE, B. The neurology of lower back pain. In Jayson, M. The lumbar Spine
and back pain. 4. ed. Kent: Pitman Medical, 1993. p. 266-315.
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SAHRMANN, S. A. Diagnosis and treatment of movement impairment
syndromes. St. Louis: Mosby, 2002.
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