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Material Teórico - Conceitos Básicos de Óptica Geométrica

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Material teórico – Óptica Geométrica I

Conceitos Básicos de Óptica Geométrica

Segundo Ano do Ensino Médio

Autor: Thales Azevedo

Revisor: Lucas Lima


1. Introdução
Neste primeiro módulo, vamos iniciar o estudo da Óptica Geométrica, que é o
ramo da Física que estuda os fenômenos luminosos através da Geometria. Talvez você já
tenha ouvido falar que a luz consiste em uma onda eletromagnética e, portanto, de um
ponto de vista fundamental, devemos tratar os fenômenos luminosos como fenômenos
ondulatórios. Embora tais afirmações sejam corretas (pelo menos no domínio da Física
Clássica), a grande maioria dos fenômenos luminosos observados no nosso dia a dia pode
ser descrita sem que precisemos fazer nenhuma menção ao fato de a luz ser uma onda,
mas apenas fazendo uso de um conjunto de princípios e leis empíricas, como veremos ao
longo deste e dos próximos textos.

2. Conceitos iniciais
No âmbito da Óptica Geométrica, a luz é representada por meio de linhas
orientadas indicando a direção e o sentido de sua propagação. Essas linhas são chamadas
de raios luminosos (veja a figura 1).
Os corpos de onde partem os raios luminosos analisados em uma dada situação
são denominados fontes luminosas. Quanto à sua capacidade de emitir luz, uma dada
fonte pode ser classificada em uma das duas categorias: fonte primária, quando emite
luz por conta própria (por exemplo, o Sol, a chama de uma vela ou uma lâmpada acesa),
ou fonte secundária, quando precisa ser iluminada por uma outra fonte para poder emitir
luz (por exemplo, a Lua, os planetas em geral ou uma parede branca). Por esse motivo,
também podemos chamar fontes primárias de corpos luminosos e fontes secundárias de
corpos iluminados.

Figura 1: Raios luminosos representando a luz emitida pela chama de uma vela.

Além disso, podemos também classificar uma dada fonte de acordo com as suas
dimensões relativas. Se as dimensões da fonte forem desprezíveis quando comparadas às
dimensões envolvidas em uma dada situação, diremos que a fonte é pontual (por
exemplo, a chama de uma vela, quando observada de uma distância muito maior que a
altura da chama). Caso contrário, ou seja, quando as dimensões da fonte forem relevantes
para a análise de uma dada situação, diremos se tratar de uma fonte extensa (por exemplo,
uma lâmpada fluorescente tubular que ilumina objetos próximos a ela). Note que uma
mesma fonte luminosa pode ser considerada pontual ou extensa, a depender do contexto.
Para completar essa parte de conceitos iniciais, falta apenas classificar os meios
em que a luz pode ou não se propagar. Tais meios existem em três diferentes tipos:
• Meio transparente: o vácuo ou um material que permite a passagem de luz com
nitidez (por exemplo, o ar ou um vidro limpo);
• Meio translúcido: um material que permite a passagem parcial da luz (por
exemplo, o papel vegetal ou um lençol fino);
• Meio opaco: um material que impede totalmente a passagem da luz (por exemplo,
a madeira ou a cortiça).

3. Princípios da Óptica Geométrica


Como se dá a propagação da luz? No contexto da Óptica Geométrica, essa
pergunta é respondida com base em um pequeno conjunto de princípios, os quais listamos
abaixo.

i. Princípio da propagação retilínea: nos meios transparentes e homogêneos (ou


seja, cujas características são exatamente as mesmas em todos os seus pontos), a
luz propaga-se em linha reta. Tal princípio leva aos conceitos de sombra e
penumbra, além de estar por trás do funcionamento de uma câmara escura, como
veremos na próxima seção.
ii. Princípio da reversibilidade: se é possível que a luz percorra uma dada trajetória
em um sentido, então também é possível que a luz percorra a mesma trajetória no
sentido oposto. A figura 2 ilustra esse princípio. No cotidiano, tal princípio está
relacionado ao fato de que, em geral, se você consegue ver o rosto de uma outra
pessoa através de um espelho, então aquela pessoa também consegue ver seu
rosto.
iii. Princípio da independência: um determinado raio luminoso não sofre influência
de outros raios luminosos que porventura possam haver na sua vizinhança. Mesmo
na ocorrência de cruzamento de dois ou mais raios luminosos, cada um segue seu
trajeto como se os outros não existissem. Esse princípio é ilustrado na figura 3.
Figura 2: No lado esquerdo, uma fonte pontual A emite um raio luminoso que, após
sofrer um desvio na superfície horizontal, atinge um ponto B. No lado direito, uma fonte
pontual B emite um raio luminoso que, após sofrer um desvio na superfície horizontal,
atinge um ponto A. Note que, devido ao princípio da reversibilidade, as trajetórias nos
dois casos são idênticas, mudando apenas o sentido do percurso. Em outras palavras, se
não representarmos o sentido do raio luminoso na figura, não temos como saber de onde
ele foi emitido.

Figura 3: Ilustração do princípio da independência dos raios luminosos. O fato de os


raios luminosos azul e vermelho se cruzarem não altera as suas trajetórias ou
propriedades.

4. Aplicações
Vamos agora analisar as consequências dos princípios apresentados acima quando
aplicados a determinadas situações.

4.1 Câmara escura


Considere uma caixa feita de um material opaco e que apresenta uma pequena
abertura em uma de suas faces. Esse sistema é conhecido como uma câmara escura,
devido ao fato de que seu interior é muito pouco iluminado pelos raios luminosos
provenientes do exterior, e demonstra o princípio de funcionamento das câmeras
fotográficas.
Para entender essa conexão, suponha que um objeto luminoso o seja posicionado
de frente para a face da câmara escura que contém o orifício (O), a uma distância dO
daquela, conforme representado na figura 4. Nessa situação, os raios luminosos emitidos
por o que penetram a câmara através de seu orifício acabam por formar uma imagem i,
invertida (“de cabeça para baixo”) e menor que o objeto, na face oposta ao orifício.
Perceba que o fato de a imagem ser invertida é uma consequência direta do princípio de
propagação retilínea da luz: o raio luminoso que forma a extremidade inferior da imagem
(B´) provém da extremidade superior do objeto (B).

Figura 4: Formação da imagem (i) de um objeto luminoso (o) em uma câmara escura.

Podemos relacionar o tamanho da imagem formada com o tamanho do objeto


luminoso, a distância deste ao orifício (dO) e à profundidade da caixa (dI). De fato, a figura
4 permite-nos concluir que os triângulos ABO e A´B´O são semelhantes, uma vez que os
ângulos internos opostos pelo vértice em O são iguais, e as bases AB e A´B´ são paralelas.
Sendo assim, a razão entre a base e a altura de cada triângulo tem que dar o mesmo
resultado, ou seja,
𝐴𝐵 𝐴′𝐵′
=
𝑑𝑂 𝑑𝐼
𝑜 𝑖
=
𝑑𝑂 𝑑𝐼
𝑑𝐼
⇒𝑖= 𝑜.
𝑑𝑂

Como dI < dO, vemos que de fato i < o, ou seja, a imagem é menor que o objeto.
Por fim, se colocamos na face da câmara escura onde a imagem é formada um
material sensível à luz, como um filme fotográfico, então é possível em princípio guardar
aquela imagem na forma de uma fotografia.
4.2 Sombra e penumbra
O princípio da propagação retilínea da luz implica que, em geral, quando houver
um anteparo opaco na vizinhança de uma fonte luminosa, haverá uma região que os raios
luminosos provenientes daquela fonte não conseguem penetrar. Essa região que não
recebe luz é denominada sombra.
Considere, por exemplo, a situação ilustrada na figura 5. Nela, os raios luminosos
provenientes do Sol não são capazes de iluminar as regiões posteriores a um edifício e a
uma pessoa que está de pé, ou seja, há duas regiões de sombra na figura.

Figura 5: Regiões de sombra atrás de um edifício de altura H (sombra de comprimento


S) e de uma pessoa de altura h (sombra de comprimento s), iluminados pela luz solar. A
altura da pessoa foi exagerada para facilitar a visualização de sua sombra.

É interessante notar que, nessa situação, é possível determinar a altura do edifício


se conhecermos (ou medirmos) os comprimentos das sombras e a altura da pessoa que
está de pé. De fato, considerando que os raios luminosos que vêm do Sol chegam à Terra
praticamente paralelos entre si (uma vez que a distância entre a Terra e o Sol é grande
demais para que haja qualquer diferença relevante na direção daqueles raios), temos que
os triângulos ABC e DEF na figura 5 são semelhantes. Portanto, a razão entre a base e a
altura de cada triângulo tem que dar o mesmo resultado, ou seja,
𝐸𝐹 𝐵𝐶
=
𝐷𝐸 𝐴𝐵
𝑠 𝑆
=
ℎ 𝐻
𝑆
⇒ 𝐻 = 𝑠 ℎ.

Por fim, quando a fonte luminosa em questão for uma fonte extensa, a presença
de um anteparo opaco na sua vizinhança vai dar origem a, além de uma região de sombra,
uma região que é parcialmente iluminada, denominada penumbra. A figura 6 ilustra essa
situação.

Figura 6: Ilustração dos conceitos de sombra e penumbra. Enquanto pontos na região de


sombra não recebem raios luminosos de nenhuma parte da fonte, devido à presença do
anteparo opaco, os pontos na região de penumbra são parcialmente iluminados,
recebendo raios luminosos oriundos de alguma porção da fonte (quanto mais próximos
da região de sombra, menor é essa porção). Os demais pontos na figura (região em
branco) são iluminados por raios luminosos provenientes de todos os pontos da fonte.

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