Capítulo 01 - Distinção de Leis

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Capítulo 01 - Distinção de Leis

"Por essa razão, pois amados, esperando estas coisas,


empenhai-vos por serdes achados por Ele em paz, sem
mácula e irrepreensíveis, e tende por salvação a
longanimidade de nosso Senhor, como igualmente o
nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a
sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca destes
assuntos, como, de fato costuma fazer em todas as
suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis
de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam,
como também deturpam as demais Escrituras, para a
própria destruição deles.
Vós, pois, amados, prevenidos como estais de
antemão, acautelai-vos; não suceda que, arrastados
pelo erro desses insubordinados, descaias de vossa
própria firmeza; antes, crescei na graça e no
conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo. A Ele seja a glória, tanto agora como no dia
eterno." II Pedro 3:14 a 18

Por esta exposição inicial, vamos iniciar um estudo sobre textos mal
compreendidos hoje pelos cristãos, com relação a Lei de Deus ou Dez
Mandamentos, e descobrir a verdade sobre tais textos, dentre eles:

Gálatas 3:10 - "Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de
maldição..."

Gálatas 3:13 - "Cristo nos resgatou da maldição da lei..."

Efésios 2:15 - "Aboliu, na Sua carne, a lei dos mandamentos na forma de


ordenanças..."

Colossenses 2:16 e 17 - "Ninguém, pois, vos julgue pelo comer, ou pelo beber,
ou por causa de dias de festa, ou de lua nova, ou de sábados, que são sombras das
coisas vindouras; mas o corpo é de Cristo."

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Leia os versículos seguintes comparando com os citados acima.

Romanos 3:31 - "Anulamos, pois, a Lei pela fé? Não, de maneira nenhuma! Antes,
confirmamos a Lei." - Ora! Não foi desfeita a Lei? Não é maldito o que observa?
Porque então "estabelecer" uma Lei nestas condições, ainda mais sobre a base da
fé?

Romanos 7:7 - "Que diremos, pois? É a Lei pecado? De modo nenhum! Mas eu
não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da Lei; pois não teria eu
conhecido a cobiça, se a Lei não dissera: 'Não cobiçarás.'"

Romanos 7:12 - "Por conseguinte, a Lei é santa, e o mandamento, santo, e justo


e bom." - Repetindo: Lei santa, Lei justa e Lei boa. Como admitir que a mesma seja
maldita?
Efésios 6:2 - "Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com
promessa..." - Paulo adverti a observar esse mandamento, no entanto, seria ilógico
observá-lo, já que os Dez Mandamentos, foram "desfeitos", não acha?

I Timóteo 1:8 - "Sabemos, porém, que a Lei é boa, se alguém dela se utiliza de
modo legítimo..." - E agora? Para onde ir? É inconcebível que uma coisa maldita,
desfeita ou anulada, seja boa, concorda?

Até aqui, é possível ter entendido que há diversidade de leis na Bíblia. E realmente
Paulo menciona muito o termo lei, nos assuntos que enfoca, de maneira ora
explícita e clara, ora dificultosa ao entendimento imediato. Certo é que Paulo
estabelece a diversidade de leis, realçando uma, a Lei de Deus (Dez
Mandamentos) também conhecida como Lei Moral e mostrando a caducidade de
outra, a Lei de Moisés, também conhecida Lei Cerimonial na qual era constituída
de: sacrifícios, ofertas diversas, circuncisão, dias de festas...

Crê boa parte dos cristãos de hoje que a Lei de Deus foi abolida quando Cristo
morreu na cruz. Isso ocorre porque estes mesmos cristãos aplicam ao termo "LEI",
encontrado nas Escrituras, como a definição de todas as leis da Bíblia. Não
sancionam a separação delas e discordam que haja distinção entre as mesmas,
tudo se resume, pensam, na Lei de Moisés.

Admitir que a Bíblia só apresente uma lei, e que tudo é Lei de Moisés, não havendo
portanto distinção entre elas, é o mesmo que dizer ser ela um amontoado de
contradições. De fato, existem leis providas de Deus, que foram enunciadas,
escritas e entregues por Moisés, e entre elas está a Lei Cerimonial, constituída de
um ritual que os judeus deveriam praticar até que viesse o Messias Jesus. (Êxodo
24:7; Deuteronômio 31:24 a 26)

"Os descendentes de Abraão foram cativos no Egito, e o clamor de suas aflições


foram ouvidas por Deus, e Ele 'lembrou' da aliança que fizera com Abraão,
resgatando assim os israelitas do seu opressor, fazendo deles oráculos, guardiões
dos estatutos divinos, e ao mesmo tempo testemunhas do poder Criador de Deus
às demais nações."(Gênesis 17:1 a 8; Gênesis 17:9 a 14; Êxodo 3:1 a 9; Êxodo
19:1 a 8)

Os rituais cerimoniais que Deus estabeleceu, simbolizava o evangelho para eles


(judeus), e compunha-se de ordenanças como: ofertas diversas, holocaustos,
abluções, sacrifícios, dias anuais de festas específicas e deveres sacerdotais. E tais
ordenanças foram registradas na Lei de Moisés [Lei Cerimonial], não na Lei de Deus
[Lei Moral]. (II Crônicas 23:18; II Crônicas 30:15 a 17; Esdras 3:1 a 5).

Todo o cerimonialismo, representava Cristo. Todas os estatutos e leis cerimoniais


que eram realizados pelos judeus apontavam para Ele. Todas as coisas realizadas
representava o sacrifício, o perdão e a salvação realizado por Cristo na cruz.
(Colossenses 2:8 a 19). Pesquisando atentamente as Escrituras, podemos
encontrar outras leis como:

o leis acerca dos altares - Êxodo 20:22 a 26;


o leis acerca dos servos - Êxodo 21:1 a 11;
o leis acerca da violência - Êxodo 21:12 a 36;
o leis acerca da propriedade - Êxodo 22:1 a 15;
o leis civis e religiosas - Êxodo 22:16 a 31;
o lei dietética - Levítico 11;
o repetição de diversas leis - Levítico 19...
o leis para os sacerdotes - Levítico 21:1 a 24;

Existe, porém, um código particular e


distinto, escrito e entregue pelo próprio Deus
a Moisés, a Lei Moral [Dez Mandamentos -
Êxodo 31:18]. Esta Lei é universal e eterna.
(Isaías 56:1 a 8; Mateus 5:17 a 20;
Eclesiastes 12:13 e 14). Portanto estudando
com cuidado e humildade, buscando o auxílio
do Senhor para compreendê-las, poderemos
através do Espírito Santo, ter a mente
esclarecida e encontrar na Bíblia essa
variedade de leis.

Lourenço Silva Gonzalez, Assim Diz o Senhor, 3.ª ed., 1986.

A Lei e o Evangelho

Quando os judeus rejeitaram a Cristo, rejeitaram a base de sua fé. E, por outro
lado, o mundo cristão de hoje, que tem a pretensão de ter a fé em Cristo, mas
rejeita a Lei de Deus, comete um erro semelhante ao dos iludidos judeus. Os que
professam apegar-se a Cristo, polarizando nEle as suas esperanças, ao mesmo
tempo que desprezam a Lei Moral e as profecias, não estão em posição mais
segurar do que os judeus descrentes. Não podem chamar inteligentemente os
pecadores ao arrependimento, pois são incapazes de explicar devidamente o de que
se devem arrepender. O pecador, ao ser exortado a abandonar seus pecados, tem
o direito de perguntar: Que é pecado? Os que respeitam a Lei de Deus podem
responder: "Pecado é a transgressão da Lei." (I João 3:4). Em confirmação disto o
apóstolo Paulo diz: "... eu não conheceria o pecado, não fosse a Lei." (Romanos
7:7)

Unicamente os que reconhecem a vigência da Lei Moral podem explicar a natureza


da expiação. Cristo veio para servir de mediador entre Deus e o homem, para unir
o homem a Deus, levando-o à obediência a Sua Lei. Não havia e não há na Lei,
poder para perdoar o transgressor. Jesus, tão-só, podia pagar a dívida do pecador.
Mas o fato de que Jesus pagou a dívida do pecador arrependido não lhe dá licença
para continuar na transgressão da Lei de Deus; deve ele, daí por diante, viver em
obediência a essa Lei.

A Lei de Deus existia antes da criação do homem, ou do contrário Adão não podia
ter pecado. Depois da transgressão de Adão não foram mudados os princípios da
Lei, mas foram definitivamente dispostos e expressos de modo a adaptar-se ao
homem em seus estado decaído. Cristo, em conselho com o Pai, instituiu o sistema
de ofertas sacrificais; de modo que a morte, em vez de sobrevir imediatamente ao
transgressor, fosse transferida para uma vítima que devia prefigurar a grande e
perfeita oferenda do Filho de Deus.

Os pecados do povo foram em figura transferidos para o sacerdote oficiante, que


era um mediador para o povo. O sacerdote não podia ele mesmo tornar-se oferta
pelo pecado e com sua vida fazer expiação, pois era também pecador. Por isso, em
vez de sofrer ele mesmo a morte, sacrificava um cordeiro sem mácula; a pena do
pecado era transferida para o inocente animal, que assim se tornava seu substituto
imediato, simbolizando a perfeita oferta de Jesus Cristo. Através do sangue dessa
vítima o homem, pela fé, contemplava o sangue de Cristo, que serviria de expiação
aos pecados do mundo.

Propósito da Lei Cerimonial

Se Adão não tivesse transgredido a Lei de Deus, nunca teria sido instituída a Lei
cerimonial. O evangelho das boas novas foi primeiro dado a Adão na declaração
que lhe foi feita, de que a semente da mulher havia de esmagar a cabeça da
serpente; e foi transferido através de gerações a Noé, Abraão e Moisés. O
conhecimento da Lei de Deus e do plano da salvação foi comunicado a Adão e Eva
pelo próprio Cristo. Entesouraram cuidadosamente a importante lição,
transmitindo-a verbalmente aos filhos e aos filhos dos filhos. Assim se preservou o
conhecimento da Lei de Deus.

Os homens naqueles dias viviam quase mil anos, e anjos visitavam-nos com
instruções providas diretamente de Cristo. Foi estabelecido o culto de Deus
mediante as ofertas sacrificais, e os que temiam a Deus reconheciam perante Ele os
seus pecados, aguardando, com gratidão e santa confiança, a vinda da Estrela da
Manhã, que havia de guiar ao Céu os caídos filhos de Adão, por meio do
arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor e salvador Jesus Cristo.
Assim era o evangelho pregado em cada sacrifício; e as obras dos crentes
revelavam continuamente a sua fé num Salvador porvindouro. Disse Jesus aos
judeus: "Porque, se vós crêsseis em Moisés, creríeis em Mim; porque de Mim
escreveu ele. Mas, se não credes nos seus escritos, como crereis nas Minhas
palavras?" (João 5:46 e 47)

Era, porém, impossível a Adão, por exemplo e preceito, deter a onda de miséria
que sua transgressão trouxera aos homens. A incredulidade insinuou-se no coração
dos homens. Os filhos de Adão apresentam os dois rumos seguidos pelos homens
em relação às reivindicações de Deus. Abel via a Cristo prefigurado nas ofertas
sacrificais. Caim era incrédulo quanto à necessidade de sacrifícios; recusou-se a
discernir que Cristo era tipificado pelo cordeiro morto; o sangue de animais parecia-
lhe não ter virtude alguma. O evangelho foi pregado a Caim, assim como para seu
irmão; mas foi-lhe um cheiro de morte para morte, visto como não reconheceu, no
sangue do cordeiro sacrifical, a Jesus Cristo - única provisão feita para salvação do
homem.

Nosso Salvador, em Sua vida e morte, cumpriu todas as profecias que para Ele
apontavam, e foi a substância de todos os tipos e sobras apresentados. Ele guardou
a Lei Moral, e exaltou-a satisfazendo a suas reivindicações, como representante do
homem. Aqueles, de Israel, que se volveram ao Senhor, e aceitaram a Cristo como
a realidade simbolizada pelos sacrifícios típicos, discerniram a finalidade daquilo
que devia ser abolido.

Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 229.

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