Perspectivas Sobre As Redes Subterrâneas de Distribuição de Energia Elétrica de Média Tensão em Blumenau
Perspectivas Sobre As Redes Subterrâneas de Distribuição de Energia Elétrica de Média Tensão em Blumenau
Perspectivas Sobre As Redes Subterrâneas de Distribuição de Energia Elétrica de Média Tensão em Blumenau
Luiz H. Meyer3
Thair I. A. H. Mustafa4
Resumo: O apelo urbanístico pela eliminação de impactos visuais no espaço urbano inclui
aqueles causados pelas redes aéreas de distribuição de energia elétrica, exercendo uma certa
pressão sobre as concessionárias de energia elétrica e prefeituras, em favor da substituição
dessas redes aéreas por redes subterrâneas. Em alguns países, a pressão é mais enfática, por
conta ainda de eventos climáticos extremos, enquanto que em outros, nem tanto, tal como no
Brasil. Aqui, em favor das redes aéreas, há o incontestavelmente menor custo e diversas
inovações, a fim de torná-la cada vez menos suscetível à interrupção de sua operação por conta
de sua intrínseca vulnerabilidade ao toque de agentes externos. Entretanto, em diversos casos,
mais recentes, a adoção de redes subterrâneas tem se mostrado como sendo tecnicamente
necessária, a ponto de tornar secundárias questões relativas ao seu custo. Por exemplo, no caso
de redes de baixa-tensão, elas já têm sido amplamente adotadas em condomínios, passeios
públicos, pontes e praças. No caso de redes de média-tensão, sua adoção tem se dado
principalmente em grandes centros, onde há áreas de elevada densidade de potência instalada,
cuja adoção de redes subterrâneas permite o atendimento de clientes estratégicos, que
apresentam elevado consumo de energia elétrica, tais como bancos, hospitais, lojas, colégios e
shopping-centers, por exemplo. Nesse contexto, cidades de porte médio, tal como Blumenau,
onde medidas de adoção de redes subterrâneas de média tensão podem se dar de forma gradual
e planejada, ainda não apresentam qualquer característica geral que aponte para uma
coordenação na abordagem desse tema. Por isso, este trabalho apresenta o estágio atual da
adoção de redes subterrâneas de média tensão, em Blumenau, contextualizando características
geográficas que se apresentam em várias cidades de mesmo porte, em todo o país, visando
promover um direcionamento para a abordagem do tema, considerando sua importância no
âmbito das cidades inteligentes..
Abstract: The appeal in favor of eliminating any minor urbanistic visual impact, which includes
that caused by the overhead power distribution network, exerts some pressure on the power utility
1
Doutor em Engenharia Elétrica, Universidade regional de Blumenau, scabral@furb.br
2
Doutor em Engenharia Elétrica, Universidade regional de Blumenau, hugo@furb.br
3
Doutor em Engenharia Elétrica, Universidade regional de Blumenau, meyer@furb.br
4
Doutor em Engenharia Elétrica, Universidade regional de Blumenau, tim@furb.br
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companies all over the world in view of the replacement of that sort of power distribution for the
underground one. In some countries, the pressure is more emphatic due to extreme climate
events, whereas in others it is not so much, such as in Brazil. Here, in favor of the overhead
network is the undeniable lower cost added to several innovations in order to make it less and
less susceptible to the interruption of its operation due to its intrinsic vulnerability to the incidence
of external agents. However, in many cases, the adoption of underground networks proves to be
necessary. For example, in the central áreas of big cities, where there is a high density of installed
power, underground networks allow the service of strategic clients that have high power
consumption such as banks, hospitals, offices, schools, and shopping malls, for example. In this
context, medium-sized cities, such as Blumenau, where measures for the adoption of
underground networks can take place gradually, do not present any general characteristic that
points to any coordination in the approach to this theme. Therefore, this work presents the current
stage of the adoption of underground networks in Blumenau, contextualizing geographic
characteristics that are also present in several cities of the same size, throughout the country,
aiming to promote an approach to the theme, considering its importance in the scope of smart
cities..
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1 INTRODUÇÃO
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cabos de bitola apreciável em postes de redes áreas, a adoção de redes
subterrâneas de média-tensão tem se verificado cada vez mais frequente. Neste
caso, o emprego de longos circuitos dessas redes se justifica pelo atendimento
de diversos clientes de elevado consumo, localizados em áreas de alta
densidade de potência, para os quais a disponibilidade de energia elétrica tem
que ser garantidamente ininterrupta, tais como bancos, hospitais, shopping-
centers, templos e demais instalações onde haja considerável trânsito e/ou
presença de um significativo número pessoas.
No que diz respeito às cidades de porte médio, neste trabalho
consideradas como tendo população de até 1 milhão de habitantes, a adoção de
redes subterrâneas tem se limitado às de baixa-tensão, amplamente motivada
pelas preocupações visuais urbanísticas. Quanto à adoção de redes
subterrâneas de média-tensão, nessas mesmas cidades, não tem havido
aumento significativo. Nesse contexto, é representativo o caso de Blumenau,
onde somente na principal rua da cidade, localizada na área central, está
instalado o único trecho de rede subterrânea de média-tensão, enquanto que
redes subterrâneas de baixa-tensão têm sido cada vez mais instaladas. Nesse
contexto, um novo impulso tem sido aplicado à demanda pela adoção de redes
subterrâneas de média tensão, por cidades brasileiras de porte médio,
representado pela proposta de tornarem-se cidades-inteligentes. Com isso,
diversas ações têm sido planejadas e até executadas, pelos devidos setores de
administração municipal, no sentido de criar as condições para que essas
cidades se adequem ao conceito de “inteligentes”, efetivamente. Isso inclui a
adoção de redes subterrâneas de média-tensão, para além da adoção das redes
de baixa-tensão, não somente em áreas centrais, mas também em bairros
próximos ao perímetro central. Nesses locais, os cabos aéreos de comunicação
tendem a ser substituídos por redes sem fio, o que deixaria os cabos de energia
das redes aéreas de distribuição como sendo os únicos responsáveis pela
poluição visual. Apesar disso, há consideráveis barreiras a serem vencidas,
nesse processo de adoção de redes aéreas. Principalmente, porque quanto ao
movimento das cidades brasileiras de porte médio em relação à adoção de redes
subterrâneas de média-tensão, não se denota haver qualquer coordenação,
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ainda. Talvez, por não ser significativa a divulgação sobre estudos a respeito de
resultados advindos da adoção de determinado padrão de medidas para
implantação de rede subterrânea. Por exemplo, a inexistência de uma secretaria
nacional que possa coordenar estudos de viabilidade e acesso a fundos de
financiamento. Esse problema nada tem a ver com as questões técnicas de
projeto elétrico das redes, que devem estar de acordo com aquelas adotadas
pela concessionária de energia elétrica local.
Não obstante, por conta da importância central das questões técnicas, é
primordial considerá-las, neste trabalho. Inicialmente, se deve ressaltar o papel
exercido pelo equipamento elétrico conhecido como transformador de
distribuição. Afinal, é a partir dele que se distinguem as redes de média das de
baixa-tensão. Por exemplo, em redes subterrâneas de média-tensão, o
transformador pode estar localizado numa galeria subterrânea, como em
Blumenau, ou sobre o passeio, como em Florianópolis, por exemplo.
Respectivamente, trata-se de transformador submersível e de transformador
sujeito à inundação, cujos projetos diferem significativamente, bem como os
custos, além de uma eventual vulnerabilidade a vandalismo, e representar uma
falsa sensação de risco de acidente, no caso do transformador instalado em
passeio público. Além do transformador, quanto à cablagem subterrânea,
algumas concessionárias de energia adotam, em algumas cidades, barreiras
magnéticas, que evitam que o campo magnético alcance os pedestres, enquanto
que em outas cidades, atendidas por diferentes concessionárias de energia
elétrica, as barreiras são ignoradas.
Adentrando um pouco mais especificamente no âmbito técnico, que
princípios de aterramento elétrico são empregados na blindagem dos cabos?
Enquanto algumas concessionárias optam pelo aterramento em único ponto,
outras optam por fazê-lo em vários pontos do circuito. A diferença está no risco
aos trabalhadores de manutenção dessas redes em detrimento das perdas de
energia induzida, causadas pela segunda opção.
Considerando esses fatos listados, este trabalho traz uma análise das práticas
adotadas na implantação de redes subterrâneas de média-tensão, no sentido de
trazê-las à luz da discussão de seu desempenho, visando contribuir para que
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uma padronização de sequência de passos para implantação de redes
subterrâneas possa vir a ser criada, permitindo de forma mais econômica
contemplar a adoção ostensiva desse tipo de rede, por conta dos benefícios que
ela traz. Como referência, a realidade da cidade de Blumenau é considerada,
podendo ser adequada à realidade de diversas outras cidades médias do Brasil.
2 DESENVOLVIMENTO
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Figura 1 – Aspecto simplificado da geração, transmissão e distribuição e energia elétrica –
rede aérea
Fonte: a. dos autores, adaptado de (MEHMET et al., 2017); b. dos autores, adaptado de
(SANTOS, 2008)
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passando por desligamentos indesejáveis. Não obstante, se nota ainda a
consequente deformação das árvores, que também causa um impacto visual
significativo.
Figura 3 – Poda de redes áreas de distribuição – Média e baixa-tensão
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Figura 4 – Rede aérea de média-tensão com dois de seus três cabos protegidos por uma
cobertura isolante, junto à vegetação.
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Figura 6.a – Espaçadores utilizados em rede aérea de baixa-tensão; 6.b Cabo multiplexado
Por outro lado, por conta dos motivos associados às redes aéreas de
baixa e de média-tensão, a adoção de redes subterrâneas vem ganhando
impulso. Principalmente, nas situações em que suas vantagens técnicas e
visuais suplantam a desvantagem do custo elevado. Nesse contexto e conforme
já mencionado, as redes subterrâneas de baixa-tensão têm se tornado bastante
difundidas em condomínios, praças, viadutos e outros espaços urbanos.
Entretanto, essas redes possuem uma capacidade limitada de atendimento de
cargas tais como hospitais, centros comerciais, bancos, condomínios, dente
outros. Principalmente, quando essas cargas estiverem numa mesma
rua/avenida ou quarteirão. Nesses casos, o atendimento em média-tensão se
torna economicamente viável e tem, paulatinamente, deixando de ser através de
redes aéreas e passando para redes subterrâneas. Essas, por sua vez e embora
sejam plenamente favoráveis ao paisagismo urbanístico, possuem aspectos
importantes a serem considerados, no que diz respeito às pessoas que convivem
em sua proximidade. Principalmente, pela vulnerabilidade a dois dos principais
itens decorrentes de sua instalação e operação. Nominalmente, quanto à
instalação do transformador elétrico e à adoção de blindagem magnéticas em
canaletas subterrâneas, cujos detalhes são apresentados a seguir, sendo que
em (CAMPOS et al, 2019) se apresenta um estudo técnico mais aprofundado.
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baixa-tensão, a fim de atender os clientes. São eles o transformador subterrâneo
e o transformador de pedestal, estando ambos localizados em plena área
urbana. O transformador subterrâneo, conforme se classifica, se localiza em
galeria subterrânea, geralmente sob passeios públicos, devendo por isso ser
submersível e não sendo visível aos pedestres. Já o de pedestal é fixado sobre
o solo de área de passeio, devendo por isso estar protegido tanto contra acesso
de vândalos, curiosos e incautos, quanto contra a incidência de água e poeira.
Nas Figuras 7.a e 7.b se mostram, respectivamente, um transformador de
pedestal e um transformador subterrâneo, instalados. Ambos os tipos são
consideravelmente mais caros que os transformadores de distribuição da rede
aérea, mostrados na Figura 2.
Figura 7.a – Transformador de pedestal instalado; 7.b - Transformador subterrâneo sendo
instalado.
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alcança o passeio público, por onde transitam pessoas e, por isso, pode implicar
em efeitos biológicos, devendo haver a preocupação com os valores de campo
magnético nesse local, respeitando valores limites devidamente regulamentados
(ANEEL, 2021). Isso tanto para redes aéreas quanto subterrâneas. Entretanto,
por conta da maior proximidade, as redes subterrâneas representam maior
nocividade, sendo que a alvenaria da cobertura das canaletas não blinda o
campo magnético. Por esses motivos diversas pesquisas têm sido realizadas,
no sentido de encontrar formas economicamente viáveis de se mitigar esse
problema e permitir o desenvolvimento tecnológico com vistas ao maior emprego
de redes subterrâneas, atuando na redução de seus custos envolvidos. Neste
caso, convém mencionar, dentre vários, os importantes trabalhos de (OLIVEIRA,
2016) e (MOREIRA et al., 2021). Em termos práticos, as formas utilizadas para
reduzir o valor do campo magnético que alcança os pedestres invariavelmente
implicam em aumento das perdas, por conta da circulação de correntes parasitas
em condutores que, diretamente, representam custos. Neste ponto, cabe
salientar que simplesmente enterrar os cabos diretamente no solo não é uma
prática aconselhável. Principalmente, por conta da ação de elementos químicos
do solo sobre o material isolante dos cabos, intensificada pela umidade.
Portanto, construir valas sob o passeio público é minimamente necessário,
dispondo os cabos sobre um leito de alvenaria e livres de contato direto solo.
Desta forma, cabos dispostos como na Figura 8.a raramente ocorrem,
mesmo no caso de redes de baixa-tensão. Quando muito, em alguns casos, os
cabos estarão dentro de uma mangueira corrugada, protegendo-os do contato
direto com o solo. Usualmente, a disposição mais recomendável é que a
mangueira corrugada contendo os cabos ainda esteja dentro de uma canaleta
em alvenaria, como mostrado na Figura 8.b.
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Figura 8.a – Cabos subterrâneos diretamente enterrados. 8.b – Cabos subterrâneos
internos à mangueira corrugada, disposta em canaleta em alvenaria.
Cabos
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de pré-projeto de rede que se mostram primordiais a se considerar.
Primeiramente, quanto aos problemas causados ao trânsito de automóveis e de
pedestres, durante a escavação de valas, no espaço urbano, e implantação e
cabos, equipamentos e poços de inspeção. Nesse caso, a adoção de uma
logística visando reduzir ao máximo os problemas de acessibilidade e mobilidade
do público se torna fundamental. Em segundo lugar, quanto à necessidade
desse evitar o congestionamento do solo, seguindo o código obras vigente da
municipalidade, se existente, para a ocupação racional do subsolo,
contemplando o convívio tecnicamente correto de redes de energia elétrica de
média-tensão junto com redes de água potável, esgoto, telefonia e mesmo a
rede de energia elétrica de baixa-tensão. Dentre as questões importantes desse
convívio está a relativa “nocividade” que as redes de média-tensão representam,
por induzir tensão que pode atingir um nível perigoso nessas redes
anteriormente mencionadas.
Um trabalho contendo as discussões com maior profundidade sobre
esses itens estão em (SIMÃO, 2021).
Levadas em conta as questões anteriores, tanto o monitoramento quanto
a manutenção de redes de média-tensão se tornam mais efetivos. A
manutenção, tida como de menor frequência nas redes subterrâneas, tem
significativa importância por conta da necessidade de antecipação a defeitos,
dadas as significativas dificuldades para qualquer intervenção. Por isso, mesmo
as manutenções preditivas temporárias são menos recomendáveis do que o
estabelecimento de um sistema de monitoramento que, tendo incluídas formas
de predição de falhas, antecipe a necessidade de intervenção e essa ocorra
somente quando necessária. Em termos de princípios de manutenção, adotados
pela concessionária, trata-se de um paradigma, ao se comparar com o
procedimento usual para as redes aéreas. Ainda, o monitoramento permite a
verificação de eventuais ocorrências de desequilíbrio de correntes, sob e sub
tensão e fuga de corrente, que contribui para a melhor operação das redes
subterrâneas. Neste caso, é recomendável que seja incluído o aterramento das
blindagens dos cabos, no monitoramento, evitando a intervenção da equipe de
manutenção, já que, dependendo da forma como essas blindagens são
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aterradas a elevação de seu potencial pode atingir até dezenas de quilovolts,
decorrente da proximidade e consequente acoplamento com os cabos de fase,
representa extremo perigo.
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Nessa implantação, os transformadores trifásicos, do tipo submersível, 25
kV/380 V foram instalados em espaço subterrâneo conhecido como vault
enquanto que os cabos foram colocados em dutos enterrados sob o calçamento.
O projeto foi concebido a partir de premissas já ultrapassadas, provavelmente
copiado de projetos de cidades de maior porte, como Curitiba. Uma das
preocupações foi, certamente, quanto ao fato de que na ocorrência de enchentes
do rio Itajaí-Açu, que corta a cidade, essa rua fica inundada, devendo todos os
elementos do circuito da rede subterrânea serem adequados para essa
condição. Sob o ponto de vista da CELESC, esse circuito de rede subterrânea
apresenta alguns problemas de manutenção, pelo fato de que, por conta de sua
concepção ultrapassada, elementos de reposição, como buchas, muflas,
isoladores e vários acessórios não são mais tão comercialmente disponíveis,
requerendo o armazenamento de vários desses elementos, comprados quando
minimamente disponíveis em estoques de fabricantes, a fim de se evitar
possíveis ocorrências de falta de energia. Por isso, a área de estocagem de
elementos dessa única rede da cidade é praticamente a mesma área em que se
estocam elementos equivalentes de redes aéreas para toda a área da Agência
regional de Blumenau, que atende 16 (dezesseis) municipalidades. Ambas áreas
de estocagem estão no terreno da Usina do Salto, na rua Bahia, em Blumenau.
Por ser o único circuito de rede de média-tensão com comprimento
significativo, a análise para esse tipo de rede nos estágios atual e futuro
consideram não somente as redes de média-tensão, que possam vir a ser
implantadas, mas também as de baixa tensão, cada vez mais empregadas.
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9, em que uma rede de média-tensão tem parte de seu circuito instalado sob
passeio e pista de rolamento, para atender um supermercado, no bairro Vila
Nova.
Figura 10. Entrada subterrânea de energia em média-tensão para atendimento de um
supermercado – o circuito subterrâneo está indicado.
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de Blumenau são elencáveis a ter a rede de alta-tensão local tornada
subterrânea, por questões de apelo urbanístico, incluído no âmbito das cidades
inteligentes. Essencialmente, toda a área central, tendo o prédio da Prefeitura
Municipal como referência, se torna naturalmente elencável para essa
transformação. Considerando que tanto a Rua XV de Novembro, quanto a
Avenida Pres. Castelo Branco, também conhecida como Avenida Beira-rio,
possuem já redes subterrâneas, de média e de baixa-tensão, respectivamente,
há uma natural expectativa que futuros circuitos de média tensão deverão
atender pequenas ruas centrais, como Curt Hering, Floriano Peixoto, Ângelo
Dias, Nereu Ramos, Padre Jacobs, Paulo Zimmermann, Amadeu da Luz e
Alameda Rio Branco, enquanto a Rua Sete de setembro, uma das principais da
cidade, deverá aguardar por mais tempo para ser contemplada com redes
subterrâneas, por conta de sua considerável extensão.
Adicionalmente, as ruas da região turística da Vila Germânica, são
inerentemente elencáveis para a implantação de redes subterrâneas de média-
tensão, podendo se estender à rua Antônio da Veiga, por conta do elevado
tráfego, significativa circulação de pessoas e por se caracterizar como um
corredor de serviços.
Em termos gerais, é possível depreender que para a implantação de uma
rede subterrânea em ruas da cidade é necessária uma demanda advinda de uma
entidade da sociedade organizada. Muito geralmente, associação de lojistas
e/ou comerciais e industriais, que ainda garantam a fonte do financiamento.
Entretanto, cabe à CELESC toda a aprovação, acompanhamento e
comissionamento do projeto técnico de implantação, para o qual será ainda
necessário o apoio de secretarias municipais, como as de trânsito, de obras, de
planejamento urbano e de administração.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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neste trabalho, centrado nas redes de média- e baixa-tensão, é possível concluir
que, atualmente, vivemos um período em que poucos trechos desse tipo de rede
têm sido implantados o que, por sua vez, favorece a abertura de discussões
sobre o estabelecimento de ações que permitam a uniformização, em nível
nacional, de submissão de projetos de redes subterrâneas, desde os estudos de
viabilidade até a operação, passando pelo pedido de financiamento, sempre de
acordo com as normas técnicas nacionais e as normas da concessionária de
energia local. Tal implementação poderia estar atrelada a um dos ministérios do
governo federal. Dessa forma, cidades de médio porte, como Blumenau e que
existem em elevado número, no país, podem mais facilmente conseguir êxito na
implantação de redes subterrâneas, de média e de baixa-tensão.
Visando colaborar para a criação de um processo de âmbito nacional que
permita facilitar a implantação de redes subterrâneas de média-tensão, este
trabalho traz informações que vão desde a simples citação da preocupação com
a logística das obras de escavação do passeio, que precisam ser analisadas com
mais profundidade, até a necessidade à obediência das normas da
concessionária local de energia elétrica.
Em termos de experiência própria, apesar de contar com um considerável
trecho de rede subterrânea, em sua principal rua de comércio, a cidade de
Blumenau não vive uma expectativa de implantação de novos trechos, mas sim
uma certa e compreensível reticência, por parte da concessionária local, a
CELESC, por conta de sua logística de sua manutenção, por ser uma rede de
concepção antiga.
Finalmente, é fato que se trata de uma questão e tempo para que a
implantação de novos trechos de rede subterrânea de média-tensão, envolvendo
o poder municipal, ocorra. Por isso, o levantamento feito neste trabalho visa
representar uma contribuição para o tema, nas ações futuras.
Neste contexto, os autores propõem uma sequência de ações,
apresentada no Quadro 1, abaixo, que pode ser aplicada à maioria das cidades
brasileiras, visando auxiliar na implantação de redes subterrâneas de
distribuição e energia elétrico, tendo como ambiente o espaço público urbano,
implicitamente.
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Quadro 1
Etapa Caracterização Atribuição Razão OBS
01 Demanda por Organizações P. ex . Paisagismo ou defesa Paisagismo costuma
rede sociais – P. ex. de árvores ou de animais ou, ser o principal
subterrânea Associação de ainda, segurança de motivo, servindo
lojistas; pessoas. ainda por atender à
- População - P. ex. defesa de árvores de
Associação de embelezamento
moradores; urbano e de animais,
tais como pássaros,
símios, esquilos,
gambás e morcegos.
02 Estudo de Concessionária local Definir a extensão e o Redes de baixa
viabilidade de energia elétrica + traçado da rede pretendida e tensão costumam
poder público a tensão de operação ser mais simples e,
municipal (média ou baixa tensão), geralmente, atendem
com base em normas bem em praças ,
técnicas, incluindo viadutos e parques;
legislação de ocupação de Redes de média
subsolo tensão se aplicam
em locais de intenso
comércio lojista,
sendo bem mais
caras.
03 Estudo de Poder público Reduzir ao mínimo possível Obras civis de
impacto das municipal o impacto, no espaço escavação causam
obras e urbano, das obras de profunda
orçamento implantação interferência na
geral mobilidade urbana
local
04 Estudo de Poder público O maior retorno é intangível. A viabilidade não
viabilidade municipal, Por isso, fontes de pode ser feita por
concessionária de financiamento a fundo retorno financeiro,
energia e entidade perdido devem ser pois esse
demandante priorizadas praticamente não há.
REFERÊNCIAS
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evitar acidentes com rede elétrica, 03 de janeiro de 2022. Disponível em
https://www.agenciaminas.mg.gov.br/noticia/podas-de-arvores-devem-ser-feitas-por-
profissional-para-evitar-acidentes-com-rede-eletrica . Acessado em 10/05/2023.
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CAMPOS, L. C. R., de MACEDO, A. de S., LOPES, D. M., Sistemas de Redes
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[S. l.], v. 5, n. 2, p. 151–169, 2019.
Disponível em: https://periodicos.ufes.br/bjpe/article/view/V05N02_14 . Acesso em 17
de maio de 2023.
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de Santa Catarina, agosto de 2019. Disponível em
https://itajai.sc.gov.br/noticia/23468/itajai-tera-a-maior-rede-subterranea-de-energia-
eletrica-de-santa-catarina . Acessado em 10/06/2023.
Revista Mundi Engenharia, Tecnologia e Gestão. Paranaguá, PR, v.8, n.3, 2023.
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Energy and exergy assessments of nuclear and solar energy sources in the United Arab
Emirates, International Journal of Hydrogen Energy, Volume 42, Issue 4, 2017.
Disponível em https://doi.org/10.1016/j.ijhydene.2016.05.044 . Acessado em
10/05/2023.
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Revista Mundi Engenharia, Tecnologia e Gestão. Paranaguá, PR, v.8, n.3, 2023.
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