2023 - VI Colóquio UFMG - Artigo - Marilia Ceolin

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ARQUITETURA, TEMPO E CIDADE: patrimônio e paisagem

urbana de Tupanciretã, Rio Grande do Sul

CEOLIN, MARILIA G. (1); ALBERTON, JOSICLER O. (2); ROMANO,


LEONORA (3)

1. Universidade Federal de Santa Maria. Programa de Pós-Graduação em Arquitetura,


Urbanismo e Paisagismo
97105-900
marilia.ceolin@acad.ufsm.br

2. Universidade Federal de Santa Maria. Programa de Pós-Graduação em Arquitetura,


Urbanismo e Paisagismo
97105-900
josicler.alberton@ufsm.br

3. Universidade Federal de Santa Maria. Curso de Arquitetura e Urbanismo


97105-900
leonora.romano@ufsm.br

6º Colóquio Ibero-Americano: Paisagem Cultural, Patrimônio e Projeto


Belo Horizonte/MG - de 11 a 15/09/2023
RESUMO
O presente trabalho tem como mote o patrimônio arquitetônico de Tupanciretã, pequena cidade
do Rio Grande do Sul, cortada pela rede ferroviária que conecta Cruz Alta ao município de Santa
Maria, localizada na região central do estado. O objetivo é compreender as transformações que
ocorreram no decorrer do tempo, identificando edifícios importantes para a história e a cultura
tupanciretanense e as discussões sobre o patrimônio urbano que foram realizadas nos últimos
anos. Para tanto, estabeleceu-se um diálogo com duas dissertações: a primeira, intitulada
“Inventário urbano de Tupanciretã-RS: um olhar sobre o patrimônio arquitetônico e cultural da
Terra da Mãe de Deus”, tem autoria de Tarcísio Dorn de Oliveira e foi apresentada ao Programa
de Pós-Graduação Profissionalizante em Patrimônio Cultural, da Universidade Federal de Santa
Maria, em 2011; a segunda, com o título “Produção de material didático-pedagógico para a
valorização do patrimônio histórico e cultural de Tupanciretã” foi realizada por Marilen Fagundes
Peres junto ao Curso de Mestrado Profissional em Ensino de História, da Universidade Federal
de Santa Maria, em 2016. Através de um estudo comparativo entre as duas pesquisas e as
discussões teóricas que as mesmas mobilizaram, sobre a arquitetura, o patrimônio e a história
de Tupanciretã, este trabalho destaca vinte e duas obras arquitetônicas, expostas e tratadas por
ambos pesquisadores, realizando a inclusão de imagens atuais da situação das mesmas (ano
de 2023). Tal procedimento possibilitou constatar que a falta de estratégias locais para a
preservação do patrimônio construído tem colaborado com a renovação urbana – dois edifícios
dos vinte e dois citados já não existem mais. Considera-se, também, importante destacar que
algumas obras são fundamentais para a compreensão da paisagem cultural do município, a
exemplo do Complexo Agroindustrial Dr. Severo Correa de Barros Netto, grande frigorífico
abandonado que influenciou, por algumas décadas, a dinâmica urbana de Tupanciretã. O retorno
às pesquisas já realizadas sobre o município e, por conseguinte, a aproximação de
pesquisadores, assim como o aprofundamento de algumas temáticas e estudos sobre edifícios
específicos, visando a preservação e valorização de importantes elementos da história e cultura
da sociedade tupanciretanense, são fundamentais para se propor políticas de preservação e
gestão para cidades do interior, tão distantes dos grandes centros urbanos, mas substanciais
para a compreensão das paisagens que conformam o Brasil.
Palavras-chave: arquitetura; patrimônio; Tupanciretã.

6º Colóquio Ibero-Americano: Paisagem Cultural, Patrimônio e Projeto


Belo Horizonte/MG - de 11 a 15/09/2023
Introdução

Conforme apontado por Oliveira (2011, p. 6), “a arquitetura e os diversos lugares da


cidade constituem o cenário de nossas lembranças e situam-se na medida em que as
paisagens construídas fazem alusão a significados simbólicos, onde evocam narrativas
relacionadas às nossas vidas”.

Da mesma forma, Villani, Nogueira e Oliveira (2013) mencionam que o conceito de


memória urbana e identidade cultural enquanto fenômeno social se apresentam como
processo histórico e tradicional que observam e analisam as diferentes características
de um determinado povo.

Assim sendo, certos edifícios, de valor arquitetônico significativo, despertam o interesse


e estimulam a busca por informações adicionais sobre o local e a memória urbana.
Essas edificações representam a concretização da cultura da cidade, carregando em
suas características e estilo arquitetônico a história das pessoas envolvidas, como é o
caso do município de Tupanciretã (VILLANI; NOGUEIRA; OLIVEIRA, 2013).

De acordo com Oliveira e Lopes (2018), a arquitetura, quando vista como um bem
patrimonial, apresenta-se como uma mediadora entre passado e presente, funcionando
como uma âncora que proporciona uma sensação de continuidade em relação às
épocas anteriores. Os autores complementam, ainda, que considerar a arquitetura como
patrimônio, implica vê-la como um testemunho concreto transmito às futuras gerações:

O patrimônio arquitetônico criado pelo Homem tem sua existência


física em certo espaço e tempo, onde por diversos motivos, muitos
desses bens destroem-se e/ou desaparecem. Entretanto, outros
sobrevivem acumulando e evidenciando expressões como
monumentalidade, valor e poder (OLIVEIRA; LOPES, 2018, p. 1).

Considera-se, então, o patrimônio arquitetônico como uma construção coletiva, a qual


possui grande relevância para a sociedade, visto que, a preservação da arquitetura
torna-se significativa quando está ligada à coletividade e à memória urbana (OLIVEIRA;
MUSSI; ENGERROF, 2020).

Dessa maneira, segundo Ceolin e Falcão (2020), ao preservar uma edificação, não
apenas se restaura a funcionalidade ou se atribui novos propósitos a um edifício –
frequentemente abandonado ou deteriorado –, mas também, resgata-se a história e a
cultura desse local, que, de certa forma, teve uma importância para a comunidade, seja
social, cultural ou historicamente; em conformidade, Oliveira et al. (2023, p. 194) citam
que “ao preservar o patrimônio é possível garantir suas características para entender e

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explicar a evolução histórica e urbana das cidades por meio de heranças objetivas e
subjetivas.”

Cabe-se ressaltar, ainda, que a cidade é inegavelmente resultado de um


desenvolvimento acelerado e está sujeita a transformações decorrentes das ações
humanas, alterando o cenário urbano. Por vezes, tais mudanças ocorrem por meio de
um planejamento adequado, enquanto em outras ocasiões ocorrem de forma
desordenada (OLIVEIRA; MUSSI; ENGERROF, 2020).

Diante desse contexto, o propósito desse trabalho consiste em analisar as


transformações arquitetônicas que se desenvolveram ao longo do tempo em
Tupanciretã, reconhecendo edificações relevantes para a história e cultura do município,
além de analisar os debates concernentes ao patrimônio urbano que têm sido
promovidos recentemente. Para isso, realizou-se um estudo sobre duas dissertações
buscando compreender suas discussões teóricas sobre arquitetura, patrimônio e
história no âmbito do município tupanciretanense, onde, também, foram destacadas um
total de vinte e duas obras arquitetônicas tratadas pelos respectivos pesquisadores.

Estudo sobre as dissertações

Estabeleceu-se um diálogo com duas dissertações, as quais abordam questões


relacionadas ao patrimônio arquitetônico do município de Tupanciretã, apresentando,
assim, diversas edificações características da cidade. A primeira dissertação intitulada
“Inventário urbano de Tupanciretã-RS: um olhar sobre o patrimônio arquitetônico e
cultural da Terra da Mãe de Deus”, tem autoria de Tarcísio Dorn de Oliveira e foi
apresentada ao Programa de Pós-Graduação Profissionalizante em Patrimônio Cultural,
da Universidade Federal de Santa Maria, em 2011; a segunda, com o título “Produção
de material didático-pedagógico para a valorização do patrimônio histórico e cultural de
Tupanciretã” foi realizada por Marilen Fagundes Peres junto ao Curso de Mestrado
Profissional em Ensino de História, também da Universidade Federal de Santa Maria,
no de 2016.

A dissertação de Tarcísio Dorn de Oliveira versa sobre um tema de grande importância


para o município de Tupanciretã, na qual o autor busca resgatar a memória urbana
através de um Inventário Arquitetônico e Cultural – principal objeto do estudo –,
articulando a preservação do patrimônio às demandas do desenvolvimento social e
econômico do município. Com foco nos aspectos históricos, socioculturais e
arquitetônicos de cada edificação analisada, o pesquisador intenciona à participação
nas políticas públicas de desenvolvimento urbano de maneira articulada ao plano
diretor.

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Segundo Oliveira (2011, p. 11), "Inventário é um instrumento que tem como proposta a
apreensão dos valores do patrimônio arquitetônico e cultural de Tupanciretã":

Pode ser entendido como um programa de pesquisa dinâmico e


sistemático de conhecimento, identificação e caracterização das
diversas manifestações, expressões e realizações artísticas e
culturais, propondo identificar, documentar e registrar
sistematicamente os bens arquitetônicos e culturais expressivos da
cidade em estudo (OLIVEIRA, 2011, p. 11).

O objetivo do trabalho de Oliveira consistiu, então, em realizar pesquisas sobre a


evolução urbana na esfera dos diversos estilos arquitetônicos, identificando esses
exemplares de interesse relativo à arquitetura, cultura e história e, buscando promover
a manutenção da memória coletiva relacionada a estes espaços e a identidade que
essas edificações podem conferir aos seus usuários.

Diante das análises realizadas, observou-se que a escassa preocupação em manter e


preservar as edificações antigas, a memória urbana e a pouca educação em valorizar o
patrimônio arquitetônico e cultural foram consideradas como problemáticas de pesquisa,
diante disso, o autor buscou a conscientização da importância da restauração e
preservação do patrimônio, além de mostrar as bases arquitetônicas, históricas e
culturais das construções.

De acordo com Oliveira (2011, p. 29), "a área urbana de Tupanciretã abrange aspectos
arquitetônicos, nos quais estão inscritos os vestígios da história, oferecendo a
oportunidade de rememorar acontecimentos passados e a própria transformação
urbana".

Com isso, para selecionar as edificações que foram analisadas, o pesquisador


desenvolveu uma enquete à população tupanciretanense, para que os entrevistados
opinassem quanto à relevância ou significado arquitetônico de cinquenta e sete imóveis
previamente selecionados. Neste questionamento foram coletadas as opiniões de 360
cidadãos, de diversas classes sociais, graus de estudo e faixas etárias, todos residentes
da área urbana do município. Após a apuração dos resultados, foram inventariadas na
dissertação as vinte edificações mais votadas, as quais foram separadas por década de
construção – entre 1910 a 1950.

O autor considerou, então, que para um início de tombamento de prédios em


Tupanciretã, ainda era necessário um trabalho muito grande de conscientização dos
proprietários e da comunidade em geral, mas a investigação realizada representa uma
medida estratégica de preservação destes exemplares junto à gestão pública municipal,

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através da elaboração de um plano de salvaguarda aos bens inventariados e, também,
de outros existentes na cidade.

A segunda pesquisa, de autoria de Marilen Fagundes Peres, refere-se a questões


ligadas ao patrimônio histórico e cultural do município de Tupanciretã, a partir de uma
visão voltada para educação patrimonial, na qual a pesquisadora pretendeu fornecer
recursos e informações para professores e alunos, através de um material que
valorizasse a história do município, considerando seu patrimônio histórico e cultural.
Para isso, a autora fundamentou-se em alguns conceitos principais, como: ensino,
história e patrimônio.

Peres considerou, então, o ensino de História no município bastante comprometido, pois


muitos elementos de suma importância não eram ensinados aos alunos devido à falta
de recursos apropriados para tal ensinamento, o que a fez perceber a necessidade de
produzir material adequado para uso escolar. Além disso, a autora buscou incentivar,
através da valorização do patrimônio, a história, a cultura e todos os elementos étnicos
que constituíram a cidade de Tupanciretã. Dessa forma, o objetivo principal do trabalho
consistiu na formação de uma identidade, por meio da valorização do patrimônio e
história locais, visando a coletividade.

Para isso, a pesquisadora elaborou um roteiro de educação patrimonial, com sugestões


de nove edificações – sete delas já citadas por Oliveira – consideradas relevantes para
visitação com os alunos, com um modelo de ficha a ser preenchido pelos estudantes,
no qual seriam analisados os aspectos positivos e negativos da visita, bem como, as
impressões dos educandos sobre as obras e a importância das mesmas para a
comunidade tupanciretanense.

Neste contexto, em ambas as pesquisas, foram abordados pontos relevantes


relacionados à realidade do município de Tupanciretã, pois tratar de questões
vinculadas à conservação do patrimônio significa reconhecer e respeitar a história, as
tradições e culturas acumuladas ao decorrer dos anos.

Transformações arquitetônicas ao longo do tempo

De acordo com Mateus (2013), intervir no patrimônio arquitetônico atualmente implica


atuar em diversas etapas ou momentos de fases evolutivas das técnicas de construção
que perpassam ao longo do tempo e espaço e, não são exclusivas de uma única
sociedade, mas se entrelaçam em várias combinações, criando, assim, diferentes
identidades e memórias.

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Em conformidade, Signor e Gallina (2018), mencionam que cada cultura possui suas
características únicas, e ao enfatizar-se essas particularidades, a intervenção pode ser
percebida como benéfica, promovendo as diferenças locais e, ao mesmo tempo,
fazendo uma contribuição significativa para o desenvolvimento econômico e ambiental.

Corroborando com o tema, Villani, Nogueira e Oliveira (2013), consideram que a


memória urbana emergiu como um tópico central nos recentes anos, abrangendo uma
vasta gama de discussões, devido à crescente preocupação quanto à preservação e
conservação dos vestígios urbanos presentes em diversos cenários, respaldada pela
reflexão sobre o risco de esquecer ou perder tais registros relevantes para uma
determinada sociedade – sejam eles de natureza arquitetônica, histórica ou cultural.

De acordo com Oliveira (2011), o ambiente urbano contemporâneo perdeu diversas


construções e conjuntos arquitetônicos, evoluindo para um espaço diversificado que,
frequentemente, não reconhece devidamente os edifícios históricos restantes e contribui
para o seu eventual desaparecimento.

Desse modo, Oliveira (2017) constatou que as demolições no município de Tupanciretã


estão fundamentalmente ligadas à perda da memória da evolução urbana e com o
empobrecimento do cenário, o que demonstra a urgência de preservar os elementos
presentes na cidade.

A falta de conhecimento da população sobre a importância da


preservação do patrimônio arquitetônico e seu abandono, aliada a
um discurso de modernização, coloca em risco a identidade cultural
e arquitetônica das cidades, tendo em vista que, com a passagem
dos anos, cresce a descaracterização das edificações, apagando
traços históricos que compõem a ambiência e a memória das
cidades (OLIVEIRA et al., 2023, p. 201).

Segundo Mateus (2013, p. 31), “além da salvaguarda dos testemunhos materiais


histórico-arquitetônicos é fundamental proteger os traços de autenticidade das culturas
construtivas que lhes deram forma ou que foram responsáveis pelas suas
transformações no tempo”.

Considerando as proposições acima, este trabalho destaca um total vinte e duas obras
arquitetônicas, expostas e tratadas por Oliveira (2010) e Peres (2016), de forma a
comparar as características de cada construção no decorrer do tempo. Para isso, foi
elaborado um quadro comparativo das edificações em diferentes épocas – Quadro 1 –
e, para desenvolvê-lo, foi realizado um levantamento fotográfico de cada edificação, no
presente ano de 2023, para relacioná-las com as imagens levantadas pelos dois autores
na década de 2010 e, também, com algumas imagens de época encontradas em outras
bibliografias.

6º Colóquio Ibero-Americano: Paisagem Cultural, Patrimônio e Projeto


Belo Horizonte/MG - de 11 a 15/09/2023
Quadro 1 – Comparativo das edificações em diferentes épocas.
(continua)

Antigamente Década de 2010 2023 Informações


Antiga Residência Major Antônio José da Silveira
Construída na década de 1910, foi umas das primeiras da área
urbana; a edificação possui estilo arquitetônico eclético e
volumetria simples e, estão mantidas grande parte de suas
1 características originais, resistindo ao tempo (OLIVEIRA, 2011).
Uso original/atual: Residencial.
Fonte: Acervo Juliana Gomes. Situação em 2023: somente alteração na pintura.
Citada por Oliveira, 2011. Fonte: Oliveira, 2011. Fonte: Acervo das autoras, 2023.

Antiga Residência Serafim Corrêa Barros


Construída na década de 1920 e destinada à família Corrêa Barros;
trata-se de um volume assimétrico, com estilo arquitetônico eclético
e acesso marcado pelo oitão ornamentado em alto-relevo; a
2 edificação apresenta ótimo estado de conservação; (OLIVEIRA,
2011).
Uso original/atual: Residencial.
Situação em 2023: características inalteradas.
Fonte: Oliveira, 2011. Fonte: Acervo das autoras, 2023.
Antiga Residência Coronel Marcial Gonçalves Terra
Construída na década de 1920; tratava-se de um volume
perfeitamente simétrico, com acesso marcado no centro da
fachada principal; haviam também ornamentos em alto-relevo
3 centralizados acima da porta de acesso. (OLIVEIRA, 2011).
Uso original: Residencial; uso na década de 2010: Serviços – CAPS
de Tupanciretã; atualmente: Inexistente.
Situação em 2023: demolida.
Fonte: Oliveira, 2011. Fonte: Acervo das autoras, 2023.
Antigo Banco Pelotense
Construído na década de 1920 para abrigar o Banco Pelotense -
logo após abrigou as instalações do Fórum de Tupanciretã por
vários anos; com estilo eclético, o imóvel possui um volume
4 prismático marcando a esquina; o prédio resiste aos anos e estão
mantidas grande parte de suas características originais.
(OLIVEIRA, 2011). Uso original: Serviços - Banco Pelotense; uso
Fonte: Acervo Juliana Gomes. na década de 2010/atualmente: Serviços - Brigada Militar.
Citada por Oliveira, 2011. Fonte: Oliveira, 2011. Fonte: Acervo das autoras, 2023. Situação em 2023: características inalteradas.

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Quadro 1 – Comparativo entre as edificações em diferentes épocas.
(continua)

Antigamente Década de 2010 2023 Informações


Antiga Farmácia Dionísio Krebs
Construída na década de 1920, sempre teve funções comerciais; a
fachada é fortemente marcada por elementos geométricos acima
das aberturas e sequencia de colunatas entre as esquadrias;
possui as mesmas características originais, praticamente sem
5 nenhuma alteração (OLIVEIRA, 2011).
Uso original: Comercial - Farmácia Dionísio Krebs; uso na década
de 2010: desocupado; uso atual: Comercial.
Fonte: Acervo Juliana Gomes. Situação em 2023: alterações nas esquadrias e pintura.
Citada por Oliveira, 2011. Fonte: Oliveira, 2011. Fonte: Acervo das autoras, 2023.
Clube Comercial
Construído na década de 1910 para ser o Clube Comercial de
Tupanciretã; o pavimento térreo abriga um restaurante e o hall de
entrada do Clube e o pavimento superior é configurado por um
grande salão de festas; com estilo arquitetônico eclético configura-
6 se como um volume imponente e assimétrico; resiste ao tempo e
estão mantidas quase todas suas características originais
(OLIVEIRA, 2011).
Fonte: Acervo Juliana Gomes. Uso original/atual: Lazer.
Citada por Oliveira, 2011. Fonte: Oliveira, 2011. Fonte: Acervo das autoras, 2023. Situação em 2023: somente alteração na pintura.
Igreja Matriz
Concluída em 1918, a edificação foi concebida para abrigar a
Paróquia Mãe de Deus; as fachadas do prédio são de grande
ornamentação, destacando-se a torre central, marcando o acesso
ao templo; a edificação se encontra composta por uma nave
central, coro alto e altar-mor; apresenta excelente estado de
7
conservação devido ao projeto de restauro realizado no ano de
2010 (OLIVEIRA, 2011).
Uso original/atual: Religioso.
Situação em 2023: somente alteração na pintura.
Fonte: Acervo Juliana Gomes.
Citada por Oliveira, 2011. Fonte: Oliveira, 2011. Fonte: Acervo das autoras, 2023.

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Quadro 1 – Comparativo entre as edificações em diferentes épocas.
(continua)

Antigamente Década de 2010 2023 Informações


Edifício Solar da Praça
Construída em meados de 1920, com predominância do estilo
eclético e traços da arquitetura imigrante italiana; possui
ornamentações, traços e detalhes marcando as esquadrias;
8 apresenta bom estado de conservação (OLIVEIRA, 2011).
Uso original/atual: Administrativo - Setores de administração
municipal.
Fonte: Acervo Juliana Gomes. Situação em 2023: somente alteração na pintura.
Fonte: Oliveira, 2011. Fonte: Acervo das autoras, 2023.
Citada por Oliveira, 2011.
Antiga Residência Zeca Pinto
Construída na década de 1930, com estilo eclético; após algum
tempo passou a servir como a segunda Sede Administrativa da
Prefeitura Municipal; estão mantidas grande parte das
9 características originais, porém sua conservação está
comprometida (OLIVEIRA, 2011).
Uso original: residencial; uso na década de 2010: Institucional -
Biblioteca Municipal de Tupanciretã; atualmente: interditado.
Fonte: Gomes, 1996. Fonte: Oliveira, 2011. Fonte: Acervo das autoras, 2023.
Situação em 2023: necessitando de manutenção.
Antiga Residência Edemar Kruel
Construída no início da década de 1930; trata-se de um volume
simétrico, com estilo eclético; possui ornamentos em alto-relevo
marcando um ritmo e um oitão frontal com um símbolo circular;
10 encontra-se em péssimo estado de conservação (OLIVEIRA,
2011).
Uso original/atual: Residencial.
Fonte: Oliveira, 2011. Fonte: Acervo das autoras, 2023. Situação em 2023: alteração do telhado original; a edificação
ainda necessita de manutenção.
Antiga Residência Hermínio Beck
Construída na década de 1930; a fachada frontal era marcada por
ornamentações em alvenaria com predominância do estilo
eclético e assimetria dos elementos. (OLIVEIRA, 2011). “A
11 edificação apresenta regular estado de conservação e apresenta
risco de desaparecimento devido a especulação imobiliária do
entorno". (OLIVEIRA, 2011, p. 81).
Uso original/na década de 2010: Residencial; atualmente:
Fonte: Oliveira, 2011. Fonte: Acervo das autoras, 2023. inexistente - ocupação comercial. Situação em 2023: demolida.

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Quadro 1 – Comparativo entre as edificações em diferentes épocas.
(continua)

Antigamente Década de 2010 2023 Informações


Antiga Residência João de Mello e Silva
Construída em meados de 1930, possui arquitetura eclética, com
volume arredondado na esquina e elementos estéticos marcando o
frontão; a edificação ainda apresenta bom estado de conservação
12 (OLIVEIRA, 2011).
Uso original: Residencial; uso na década de 2010: Comercial - Up
News Informática; atualmente: desocupado.
Situação em 2023: características inalteradas.
Fonte: Oliveira, 2011. Fonte: Acervo das autoras, 2023.
Antiga Residência Pedro Pinto
Construída no final da década de 1930; marcada pela arquitetura
eclética, pode-se perceber uma série de ornamentos, como: as
esquadrias arredondadas na parte superior, a sacada com pilastras
13 finamente rebuscadas; a edificação apresenta bom estado de
conservação (OLIVEIRA, 2011).
Uso original/atual: Residencial.
Situação em 2023: somente alteração na pintura.
Fonte: Oliveira, 2011. Fonte: Acervo das autoras, 2023.

Antiga Agência do Banco do Estado do Rio Grande do Sul


Construído na década de 1930, é marcado pela arquitetura
eclética, podendo-se perceber uma série de ornamentos, como: o
ritmo nas esquadrias, o balcão em alvenaria no pavimento superior
14 e o acesso chanfrado marcando a esquina; apresenta bom estado
de conservação (OLIVEIRA, 2011). Uso original: Residencial; uso
na década de 2010/atualmente: Comercial (térreo) e Residencial
(pav. superior). Situação em 2023: características inalteradas.
Fonte: Gomes, 1996. Fonte: Oliveira, 2011. Fonte: Acervo das autoras, 2023.

Antiga Agência do Banco Nacional do Comércio


Construído na década de 1930, é marcado pela arquitetura
eclética, podendo-se perceber uma série de ornamentos; manteve-
se grande parte das suas características originais e possui boa
15 conservação (OLIVEIRA, 2011). Uso original: Serviços - Banco
Nacional do Comércio (térreo) e Residencial (pav. superior); uso na
década de 2010/atualmente: Comercial (térreo) e Residencial (pav.
Fonte: Gomes, 1996. Fonte: Oliveira, 2011. Fonte: Acervo das autoras, 2023. superior). Situação em 2023: somente alteração na pintura.

6º Colóquio Ibero-Americano: Paisagem Cultural, Patrimônio e Projeto


Belo Horizonte/MG - de 11 a 15/09/2023
Quadro 1 – Comparativo entre as edificações em diferentes épocas.
(continua)

Antigamente Década de 2010 2023 Informações


Antiga Residência Glória Carneiro Fogliatto
Construída no início da década de 1940, possui arquitetura eclética
com elementos estéticos arredondados e acesso à área coberta em
arcos; resiste ao tempo e apresenta em grande parte suas
16 características originais (OLIVEIRA, 2011).
Uso original/atual: Residencial.
Situação em 2023: alteração do gradeamento frontal original e o
Fonte: Gomes, 1996. Fonte: Oliveira, 2011. Fonte: Acervo das autoras, 2023. fechamento da área superior com vidros e telhado.
Antiga Residência Helena Fogliatto
Construída na década de 1940, possui arquitetura protomoderna
com elementos estéticos arredondados, ritmo nas esquadrias,
acesso frontal com área coberta; a fachada frontal é fortemente
17 marcada pelo número de esquadrias e pelo volume cilíndrico
localizado à frente do prédio; resiste ao tempo e está totalmente
mantida as características originais (OLIVEIRA, 2011).
Uso original/atual: Residencial.
Fonte: Gomes, 1996. Fonte: Oliveira, 2011. Fonte: Acervo das autoras, 2023.
Situação em 2023: características inalteradas.
Antiga Residência Nicanor Carlos Spreckelsen
Construída na década de 1940, possui arquitetura eclética, com
assimetria dos elementos, marcada por uma grande sacada curva;
resiste ao tempo e está mantida grande parte das suas
18 características originais (OLIVEIRA, 2011).
Uso original/atual: Residencial.
Situação em 2023: alteração do gradeamento frontal original.
Fonte: Oliveira, 2011. Fonte: Acervo das autoras, 2023.
Antiga Estação Ferroviária
Construída no final da década de 1940, possui ornamentações
simétricas na fachada frontal, marcada pelo acesso com uma
marquise sustentada por duas colunas, frontão com linhas retas,
19 salientando-se sobre a platibanda linear da construção (OLIVEIRA,
2011). Uso original: Comercial e Serviços; uso na década de
Fonte: Costa, 2010. Citado por Fonte: Oliveira, 2011. Fonte: Acervo das autoras, 2023. 2010/atualmente: Comercial e Residencial.
Peres, 2016. Situação em 2023: características inalteradas.

6º Colóquio Ibero-Americano: Paisagem Cultural, Patrimônio e Projeto


Belo Horizonte/MG - de 11 a 15/09/2023
Quadro 1 – Comparativo entre as edificações em diferentes épocas.
(conclusão)

Antigamente Década de 2010 2023 Informações


Central de Correios e Telégrafos
Edificação concluída e inaugurada em meados de 1950; revela
uma arquitetura protomoderna, pois trata-se de um volume
simétrico, com grandes colunas sem ornamentações que nascem
20 no térreo e alcançam a platibanda proporcionando a ideia de
verticalidade; é considerado novo e estão mantidas as
características originais (OLIVEIRA, 2011). Uso original/atual:
Serviços (térreo) - Correios e Residencial (pav. superior).
Fonte: Gomes, 1996. Fonte: Oliveira, 2011. Fonte: Acervo das autoras, 2023. Situação em 2023: percebe-se que foi realizada manutenção de
pintura.
Antigo Complexo Agroindustrial Dr. Severo Correa de Barros
Netto ou Antigo Frigorífico Serrana
A construção é de meados da década de 1940; inicialmente o
frigorífico foi administrado pelo instituto de carnes, depois passou
pela administração da Cocecal, para, então, ser administrado pela
21 Cooperativa Rural Serrana, quando viveu seu melhor momento; foi
Fonte: Luís Afonso Costa, considerado, no seu ápice, o maior frigorífico da América Latina; as
2010. Citado por Marilen atividades foram encerradas no ano de 2015 e desde então
Fagundes Peres, 2016. Fonte: Acervo das autoras, 2023. encontra-se fechado (PERES, 2016). Uso original/década de 2010:
Industrial; atualmente: interditado/abandonado. Situação em
Fonte: Peres, 2016. 2023: necessitando de grande manutenção.
Antigo Edifício da Administração e Mercado da Cooperativa
Serrana
Construído entre o final dos 1960 e início dos anos 1970; na época
de sua construção, a edificação foi causadora de muita polêmica
por contar com sistema de ar condicionado central e elevador,
22 considerado muito moderno para a época e de custos altíssimos
(PERES, 2016). Uso original: Comercial e Serviços - Sede
Fonte: Luís Afonso Costa, Administrativa e Mercado da Cooperativa Rural Serrana; uso na
2010. Citado por Marilen Fonte: Acervo das autoras, 2023. década de 2010/atualmente: Institucional - E.M.E.F. Dr. Flory Druck
Fagundes Peres, 2016. Kruel e Museu Municipal Helio F. Fernandez. Situação em 2023:
necessitando manutenção na pintura.
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2023.

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Nesta análise das edificações ao longo do tempo em Tupanciretã, pode-se visualizar de
perto a evolução do patrimônio arquitetônico do município, com base nas imagens
comparativas das vinte e duas construções.

Infelizmente, observa-se que duas obras foram demolidas após o ano de 2011 – a
Antiga Residência Coronel Marcial Gonçalves Terra e a Antiga Residência Hermínio
Beck –, representando uma perda significativa para a herança arquitetônica do
município, o que demonstra a necessidade de estabelecer políticas de preservação e
conscientização sobre o valor do patrimônio histórico.

Além disso, a identificação de um imóvel interditado – Antiga Residência Zeca Pinto – e


outro abandonado – Antigo Complexo Agroindustrial Dr. Severo Correa de Barros Netto
– destaca questões relacionadas à segurança e ao cuidado com o patrimônio.
Considera-se fundamental, então, que essas estruturas sejam avaliadas quanto à sua
viabilidade de restauração e revitalização, não apenas para preservar a história, mas,
também, para potencializar o desenvolvimento da cidade.

Por outro lado, nas imagens atuais, é possível notar exemplos bem-sucedidos, onde as
edificações e grande parte das suas características foram preservadas, mantendo ao
mesmo tempo a integridade histórica e arquitetônica.

Ficha de análise visual das arquiteturas abandonadas

A partir do estudo e do levantamento fotográfico das fachadas, elaborou-se uma ficha


de análise visual de apenas duas edificações abordadas neste artigo – considerando a
extensa quantidade total de obras, tornou-se inviável a análise de todas no presente
estudo. As edificações foram escolhidas por serem as únicas arquiteturas abandonadas
e/ou interditadas do acervo, sendo elas: a Antiga Residência Zeca Pinto e o Antigo
Complexo Agroindustrial Dr. Severo Correa de Barros Netto.
A ficha permite, então, documentar o estado atual de cada edificação, registrando
detalhes visuais e informações relevantes, o que pode ser valioso para futuros estudos,
além de, possivelmente ajudar a preservar informações sobre o edifício antes que ele
possa se deteriorar ainda mais ou, até mesmo, vir a ser demolido.
Para isso, foi seguido um modelo de fichas elaborado por Osmari et al. (2021), com
algumas adaptações. Para efetuar o preenchimento, considerou-se tanto as
observações feitas durante as visitas nos locais, quanto as impressões obtidas por meio
da documentação fotográfica dos imóveis.
As fichas foram preenchidas de forma individual, sendo uma para cada edificação.
Utilizou-se as definições determinadas por Osmari et al. (2021), na qual cada uma das
construções é avaliada utilizando uma escala com três variações (integral, parcial e

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inexistente), de acordo com os aspectos físicos de cada elemento analisado (pintura,
limpeza, telhado e esquadrias). No que diz respeito à integridade da construção, existem
três cenários a serem considerados: partes suprimidas – quando há demolição ou perda
de partes originais; íntegra – quando a volumetria e os elementos atuais se mantêm em
relação ao original; ou partes integradas – quando há a identificação de novos volumes
ou adições na fachada. A primeira ficha de análise visual demonstra informações sobre
a Antiga Residência Zeca Pinto, conforme apresentado no Quadro 2.

Quadro 2 – Ficha de análise visual da Antiga Residência Zeca Pinto.


Identificação/localização

Antiga Residência Zeca Pinto

Fonte: Acervo das autoras, 2023

Bairro Centro

Latitude 29°05'04.7”

Longitude 53°50'11.7"

Tipologia

Estilo arquitetônico Art Déco. Eclético (OLIVEIRA, 2011).

Número de pavimentos 1

Estado da Edificação

Integridade da pintura Parcial

Integridade da limpeza Parcial

Integridade do telhado Não identificado visualmente

Integridade das esquadrias Íntegra

Integridade da edificação Íntegra


Fonte: Elaborado pelas autoras, 2023.

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As informações sobre o Antigo Complexo Agroindustrial Dr. Severo Correa de Barros
Netto, estão dispostas no Quadro 3.

Quadro 3 – Ficha de análise visual do Antigo Complexo Agroindustrial Dr. Severo Correa de
Barros Netto.
Identificação/localização

Antigo Complexo
Agroindustrial Dr. Severo
Correa de Barros Netto

Fonte: Acervo das autoras, 2023

Bairro Do Frigorífico

Latitude 29°05'17.3"

Longitude 53°48'55.7"

Tipologia

Estilo arquitetônico Art Decó

Número de pavimentos 6

Estado da Edificação

Integridade da pintura Parcial

Integridade da limpeza Inexistente

Integridade do telhado Inexistente

Integridade das esquadrias Inexistente

Integridade da edificação Íntegra


Fonte: Elaborado pelas autoras, 2023.

Considerações finais

Com esta pesquisa foi possível analisar de que forma questões sobre o patrimônio
arquitetônico de Tupanciretã estão sendo abordadas e quais suas diferenças em relação
aos dias atuais, o que possibilitou uma aproximação teórica sobre o tema exposto.

Fundamentando-se nas informações encontradas nas dissertações acadêmicas


analisadas, evidencia-se a importância de pesquisas acerca das transformações que
ocorrem no ambiente urbano de Tupanciretã, considerando a carência de discussões
acerca do tema no âmbito municipal, com a finalidade de evitar perdas e
descaracterizações do patrimônio, pois, ao preservar as edificações e suas

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particularidades arquitetônicas, destaca-se elementos que são fundamentais para a
identidade da sociedade.

A partir dos resultados obtidos nesta pesquisa, identificou-se alguns fatores importantes,
como: primeiramente, ao ler a pesquisa de Oliveira (2011), constatou-se que autor já
notava um processo crescente de ocupação do solo, ameaças da especulação
imobiliária, adensamento populacional e falta de políticas públicas adequadas em
Tupanciretã, os quais já colocavam em risco o patrimônio arquitetônico e cultural da
cidade. Com isso, ao realizar a presente pesquisa, percebeu-se que de vinte e duas
edificações referidas na década de 2010, duas já foram demolidas, em pouco mais de
dez anos desde a pesquisa de Oliveira.

Outro aspecto importante verificado, foi o abandono do Antigo Complexo Agroindustrial


Dr. Severo Correa de Barros Netto, onde percebeu-se a deterioração dos seus
elementos construtivos, principalmente nas esquadrias e telhados e, a relevante
transformação no seu entorno, com a proximidade de novas construções irregulares.
Além disso, surgiu uma certa preocupação em relação à manutenção e conservação da
Antiga Residência Zeca Pinto, principalmente considerando sua localização central e a
especulação imobiliária no seu entorno.

Ademais, este trabalho possibilitou a compreensão de forma prática de como o ser


humano é movido por sensações, imagens e recordações, podendo ser citado como
exemplo a memória visual das duas edificações demolidas, que foi percebida ao se fazer
o levantamento fotográfico, onde apenas ao visualizar as imagens dos anos 2010 era
sabido exatamente a localização de ambas, como se ainda lá estivessem. Assim, a
sensação que ficou foi de que os espaços onde essas edificações estavam, hoje não
possuem significado algum, no sentido cultural, histórico e patrimonial.

Em suma, esta análise revela a complexidade da gestão do patrimônio arquitetônico em


Tupanciretã: enquanto algumas edificações foram perdidas, outras podem ser
resgatadas com intervenções adequadas. A preservação e valorização do patrimônio
arquitetônico devem ser um compromisso contínuo da comunidade e das autoridades
locais, garantindo que a história e a identidade da cidade sejam preservadas para as
futuras gerações.

Com isso, é importante ressaltar que o presente estudo representa uma análise
preliminar das pesquisas realizadas até o momento, sendo necessário aprofundar ainda
mais as discussões acerca desse tema, pois desempenham um papel fundamental no
embasamento sobre a arquitetura, o patrimônio e a história do município
tupanciretanense.

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Referências

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