Presidência Do Conselho de Ministros: Diário Da República, 1. Série
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Presidência Do Conselho de Ministros: Diário Da República, 1. Série
ª série
de 22 de março
Sumário: Estabelece o regime geral de aplicação dos fundos europeus do Portugal 2030 e
do Fundo para o Asilo, a Migração e a Integração para o período de programação
de 2021-2027.
O presente decreto-lei vem assim definir o regime geral de aplicação do Portugal 2030 e
dos respetivos fundos, designadamente no que respeita à regulamentação aplicável, aos requi-
sitos associados à elegibilidade, às obrigações dos beneficiários e às modalidades e formas de
financiamento, de acordo com o estabelecido nos Regulamentos (UE) n.os 2021/1056, 2021/1057,
2021/1058, e 2021/1060 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 24 de junho de 2021 e nos
Regulamentos (UE) n.os 2021/1139 e 2021/1147, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 7 de
julho de 2021.
Nos termos da regulamentação europeia, são estabelecidas as regras gerais relativas aos
procedimentos de análise, seleção e decisão das operações a financiar e ao circuito financeiro,
impondo, a todas as entidades envolvidas na implementação dos fundos europeus, o respeito pela
Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia, pela Convenção das Nações Unidas sobre
os Direitos das Pessoas com Deficiência, bem como o dever de contribuir para o desenvolvimento
sustentável e para preservar, proteger e melhorar a qualidade do ambiente, tendo em conta o prin-
cípio do poluidor-pagador e o princípio «não prejudicar significativamente».
Este diploma aplica-se às operações financiadas pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento
Regional, pelo Fundo Social Europeu Mais, pelo Fundo de Coesão, pelo Fundo Europeu dos
Assuntos Marítimos, das Pescas e da Aquicultura, e pelo Fundo para Uma Transição Justa,
aplicando-se, ainda, com as necessárias adaptações ao Fundo para o Asilo, a Migração e a
Integração (FAMI).
Foram ouvidos os órgãos de governo próprios das Regiões Autónomas, a Associação Nacional
de Municípios Portugueses e a Comissão Nacional de Proteção de Dados.
Assim:
Nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 198.º da Constituição, o Governo decreta o seguinte:
TÍTULO I
Disposições gerais
Artigo 1.º
Objeto
Artigo 2.º
Âmbito
a) Programas temáticos:
b) Programas regionais:
i) Norte;
ii) Centro;
iii) Lisboa;
iv) Alentejo;
v) Algarve;
Artigo 3.º
Definições
Para efeitos do disposto no presente decreto-lei, e sem prejuízo das definições constantes do
artigo 2.º do Regulamento (UE) n.º 2021/1060 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 24 de
junho de 2021, que estabelece disposições comuns relativas ao FEDER, FSE+, FC, FEAMPA e
FTJ, entende-se por:
Artigo 4.º
Obrigações gerais
A aplicação dos fundos europeus deve estar centrada nos resultados a atingir, de acordo com o
princípio da orientação para resultados, previsto na alínea c) do artigo 2.º do Decreto-Lei n.º 5/2023,
de 25 de janeiro, concretizando-se designadamente:
Artigo 6.º
Desmaterialização
1 — A aplicação dos fundos europeus, nas suas diferentes fases, é efetuada através de meios
eletrónicos que permitam tornar mais simples, rápido e eficaz o acesso à tramitação dos procedi-
mentos e o acesso à informação, simplificando e reduzindo a sua duração, promovendo a rapidez
das decisões e uma maior transparência e controlo dos processos.
2 — O estabelecido no número anterior concretiza-se, designadamente:
Artigo 7.º
Dados pessoais
Artigo 8.º
Notificações e comunicações
Artigo 9.º
Contagem de prazos
TÍTULO II
Artigo 10.º
Regime jurídico
1 — O regime jurídico aplicável aos programas financiados pelos fundos europeus é constituído:
3 — Sem prejuízo das publicações obrigatórias, os elementos referidos nos números anteriores
são também publicitados no Portal dos Fundos Europeus e nas páginas da Internet dos órgãos de
coordenação técnica e dos órgãos de gestão respetivos, em versão permanentemente atualizada
e consolidada.
Artigo 11.º
Regulamentação específica
Artigo 12.º
Avisos para apresentação de candidaturas
i) Pré-qualificação;
ii) Concurso;
iii) Convite, em casos devidamente fundamentados, nomeadamente sempre que as operações
apenas possam ser executadas pelas entidades convidadas;
a) Prorrogação do período de submissão de candidaturas, efetuada até cinco dias úteis antes
da data prevista para o seu encerramento, e pelo prazo máximo igual ao inicialmente fixado; ou
b) Em situações excecionais ou imprevisíveis, devidamente justificadas, sendo as alterações
ao aviso objeto de prévia autorização pelos membros do Governo responsáveis pela coordenação
política específica sempre que as alterações respeitem a aspetos dos avisos que tenham sido
aprovados pela CIC Portugal 2030.
9 — Os avisos alterados nos termos do número anterior são objeto de republicação pela mesma
forma e meios dos avisos que alteram e incluem a fundamentação da respetiva alteração.
10 — Sempre que as alterações referidas na alínea b) do n.º 8 tenham implicações nas
condições de admissibilidade e seleção das candidaturas, o aviso para apresentação de
candidaturas deve ser prorrogado, pelo prazo mínimo de 10 dias, para que os beneficiários
possam ajustar ou rever os respetivos processos de candidatura, incluindo as candidaturas
já submetidas.
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TÍTULO III
Artigo 13.º
Beneficiários
1 — Podem beneficiar dos apoios dos fundos europeus quaisquer pessoas, singulares ou
coletivas, do setor público, cooperativo, social ou privado, com ou sem fins lucrativos, bem como
as entidades previstas na regulamentação específica ou nos avisos para apresentação de candi-
daturas aplicáveis, que preencham as condições previstas no presente decreto-lei.
2 — Com exceção das operações que revistam a forma de auxílios de Estado, os organismos
públicos, formalmente competentes para a concretização das políticas públicas nacionais ou dos
respetivos instrumentos, podem ser beneficiários dos fundos europeus, desde que os instrumentos
se encontrem regulamentados, de forma específica, em legislação nacional, que estabeleça as
competências institucionais pela gestão, decisão e avaliação dos apoios públicos, designadamente,
quando aplicável, o tipo, a natureza, os destinatários, as condições, os requisitos, as modalidades
e os montantes relativos aos apoios financeiros a conceder.
3 — A opção prevista no número anterior é concretizada na regulamentação específica ou em
avisos para apresentação de candidaturas nas situações previstas no n.º 6 do artigo anterior.
Artigo 14.º
Requisitos de elegibilidade das entidades candidatas e dos beneficiários
k) Não ter pendente processo de injunção de recuperação de auxílios ilegais, nos termos da
regulamentação europeia;
l) Não se encontrar em processo de insolvência.
Artigo 15.º
Obrigações dos beneficiários
a) Nos sítios na Internet dos beneficiários ou dos projetos, caso existam, deve ser garantida
a visibilidade permanente dos elementos financiadores associados às operações cofinanciadas,
e assegurada a disponibilização da descrição da operação apoiada, com elementos audiovisuais
de apoio;
b) Nos edificados, equipamentos ou ações imateriais apoiadas deve ser dado conhecimento
do apoio com a aposição dos emblemas financiadores nos próprios equipamentos ou materiais, ou
no edificado, em local de grande circulação, e com visibilidade e legibilidade adequadas;
c) Para operações cujo custo elegível financiado seja superior a € 500 000 é obrigatória a rea-
lização de um vídeo, com uma duração não inferior a um minuto, para apresentação da operação,
respetivos objetivos e resultados, com cedência de direitos de autor às entidades financiadoras,
podendo a realização do vídeo ser elegível em moldes a definir no aviso para apresentação de
candidatura;
d) Para operações cujo custo total da operação seja superior a € 10 000 000 ou consideradas de
importância estratégica, deve ser organizada pelo beneficiário uma atividade de comunicação.
3 — A utilização abusiva dos símbolos, insígnias e referências aos apoios da União Europeia,
do Portugal 2030 e dos respetivos programas, é passível de procedimento judicial.
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a) Investimentos de pequenas e médias empresas (PME), pelo menos durante três anos a
contar da data do pagamento do saldo final ao beneficiário;
b) Investimentos de não PME ou investimento em infraestruturas, pelo menos durante cinco
anos a contar da data do pagamento do saldo final ao beneficiário.
a) Cessar a atividade produtiva ou proceder à sua relocalização para fora da região do nível
NUTS II a que o apoio se refere;
b) Alterar a propriedade de um elemento da infraestrutura que confira a uma entidade pública
ou privada uma vantagem indevida;
c) Alterar substancialmente a operação de modo a afetar a sua natureza, os seus objetivos ou
as condições de realização, comprometendo os seus objetivos originais.
Artigo 16.º
Impedimentos e condicionamentos
agravado de saúde, bem como as que, nos dois anos anteriores à apresentação da candidatura,
tenham sido condenados por despedimento ilícito de grávidas, puérperas ou lactantes, ficam impe-
didas de aceder aos fundos europeus, por um período de três anos, a contar do trânsito em julgado
da decisão condenatória, salvo se da referida decisão resultar período superior.
4 — Sem prejuízo de outras cominações previstas na legislação europeia e nacional e na
regulamentação específica aplicáveis, as pessoas singulares e coletivas que recusem a submissão
a um controlo por parte dos órgãos competentes, só podem aceder aos fundos europeus nos três
anos subsequentes à decisão de revogação do financiamento, proferida com fundamento naquele
facto, mediante a apresentação de garantia idónea nos termos previstos nos n.os 7 e 8.
5 — As pessoas singulares e coletivas contra quem tenha sido deduzida acusação em processo-
-crime pelos factos referidos no n.º 1, ou em relação aos quais tenha sido feita participação criminal
por factos apurados em verificações de gestão ou processos de controlo ou auditoria movidos pelos
órgãos competentes, nacionais ou da União Europeia, apenas podem ter acesso a fundos europeus
se apresentarem garantia idónea nos termos previstos nos n.os 7 e 8.
6 — As entidades relativamente às quais, em sede de verificações de gestão ou de processos
de auditoria movidos pelos órgãos competentes, nacionais ou da União Europeia, se verifique a
existência de situações de conflito de interesses que desvirtuem as regras de mercado ou con-
duzam a um empolamento injustificado das despesas imputadas às operações, apenas podem
ter acesso a fundos europeus, se apresentarem garantia idónea nos termos previstos no número
seguinte e no n.º 8.
7 — A garantia idónea deve ser prestada por cada pagamento a efetuar, independentemente
da operação a que se reporta, devendo ser válida até à aprovação do saldo final ou até à restituição
dos apoios recebidos, se a ela houver lugar.
8 — A exigência de apresentação da garantia idónea pode ser dispensada pela entidade paga-
dora competente, quando a situação que a tenha determinado não envolva risco de incumprimento
de obrigações associadas a pagamentos futuros.
9 — As garantias prestadas por força do disposto nos n.os 4 a 6 podem ser objeto de redução,
em sede de execução das mesmas, até ao valor que for apurado no saldo final como sendo o
devido a título de restituição e podem ser liberadas ou por restituição dos montantes em causa,
ou na sequência de ação de verificação realizada pela autoridade de gestão em que se conclua
pela inexistência de situações de natureza idêntica ou semelhante às referidas nos n.os 4 a 6 em
candidaturas diversas daquela onde foram apurados os factos.
10 — As pessoas singulares e coletivas relativamente às quais tenha sido apurada a existência
de situações de conflito de interesses que desvirtuem as regras de mercado ou conduzam a um
empolamento injustificado das despesas imputadas às operações ou contra as quais tenha sido
feita, nos termos do n.º 5, participação criminal, podem, na pendência do processo administrativo
ou do processo-crime, neste último desde que não tenha sido deduzida acusação, solicitar, em
operações diversas daquela em que tenham sido apurados os factos que determinaram a obrigação
de apresentação de garantia idónea, um pagamento anual de reembolso, desde que precedido
de ação de verificação realizada pela autoridade de gestão que conclua pela inexistência nessas
operações de situações de natureza idêntica ou semelhante às referidas nos n.os 5 e 6.
11 — O pagamento referido no número anterior é efetuado com dispensa de prestação da
respetiva garantia, ou com liberação da garantia anteriormente prestada, deduzindo-se dele qual-
quer quantia já recebida.
12 — Sempre que esteja em causa uma pessoa coletiva, o disposto nos números anteriores é
aplicável, com as necessárias adaptações, aos titulares dos órgãos de direção, de administração e de
gestão e a outras pessoas que exerçam funções de administração ou gestão, ainda que de facto.
13 — Ficam igualmente impedidas ou condicionadas no acesso aos fundos europeus, as
entidades que sejam maioritariamente detidas por entidades que se encontrem impedidas ou con-
dicionadas nos termos previstos no presente artigo.
14 — Os impedimentos ou condicionamentos previstos nos números anteriores são aplicáveis
às pessoas singulares e coletivas candidatas ou aos beneficiários que recorram, no âmbito da
operação objeto de financiamento por fundos europeus, a pessoas singulares ou coletivas relati-
vamente às quais, independentemente da natureza da sua intervenção, se verifiquem, mediante a
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Artigo 17.º
Informação sobre idoneidade, fiabilidade e dívidas aos fundos europeus
TÍTULO IV
CAPÍTULO I
Artigo 18.º
Forma dos apoios
e) Uma combinação das formas referidas nas alíneas anteriores, se cada forma cobrir catego-
rias diferentes de custos, ou se forem utilizadas para diferentes projetos que façam parte de uma
mesma operação, ou para fases sucessivas de uma operação;
f) Financiamento não associado aos custos, desde que previsto no programa ou em ato dele-
gado da Comissão Europeia.
3 — As operações cujo custo total da operação não exceda € 200 000 têm de assumir a forma
de custos unitários, montantes fixos ou taxa fixa, exceto no caso das operações para as quais o
apoio constitua um auxílio de Estado, ou que sejam financiadas pelo FC, ou pelo FEAMPA.
4 — O disposto no número anterior não se aplica a operações no domínio da investigação e
inovação, desde que tal seja objeto de aprovação prévia do comité de acompanhamento do res-
petivo programa.
5 — No âmbito das operações mencionadas no n.º 3, as despesas relativas aos participantes,
referentes a salários, bolsas ou outros subsídios de idêntica natureza, podem ser reembolsados,
com base em custos reais, nos termos da alínea a) do n.º 2.
6 — Os custos indiretos são financiados preferencialmente ao abrigo de uma das opções de
custos simplificados previstas nas alíneas b) a d) no n.º 2, com exceção das operações apoiadas
ao abrigo da assistência técnica.
Artigo 19.º
Elegibilidade das operações
Artigo 20.º
Elegibilidade das despesas
eventualmente associados ao valor dessas rendas, devendo ainda ser observadas as seguintes
regras específicas:
a) No caso de contrato de locação financeira que contenha uma opção de compra ou preveja
um período mínimo de locação equivalente à duração da vida útil do bem que é objeto do contrato,
comummente designado leasing, o montante máximo elegível para cofinanciamento não pode
exceder o valor de mercado do bem objeto do contrato;
b) No caso de contrato de locação financeira que não contenha uma opção de compra e cuja
duração seja inferior à duração da vida útil do bem que é objeto do contrato, comummente designado
renting, as prestações são elegíveis proporcionalmente ao período da operação cofinanciada;
c) Se o termo do contrato de locação financeira ou de aluguer de longa duração for posterior
à data final prevista para os pagamentos ao abrigo do programa, só podem ser consideradas ele-
gíveis as despesas relacionadas com as prestações devidas e pagas pelo locatário até essa data
final de pagamento.
a) O imposto sobre o valor acrescentado (IVA) recuperável, ainda que não tenha sido ou não
venha a ser efetivamente recuperado pelo beneficiário;
b) As despesas pagas no âmbito de contratos efetuados através de intermediários ou consul-
tores, em que o montante a pagar é expresso em percentagem do montante cofinanciado ou das
despesas elegíveis da operação;
c) As despesas que não se encontrem suportadas por fatura eletrónica ou documento fiscal-
mente equivalente;
d) Os pagamentos em numerário, exceto nas situações em que se revele ser este o meio de
pagamento mais frequente, em função da natureza das despesas, e desde que num quantitativo
unitário inferior a € 250;
e) Os contratos adicionais que injustificadamente aumentem o custo de execução do projeto;
f) As multas, coimas, sanções financeiras, juros e despesas de câmbio;
g) As despesas com processos judiciais;
h) Os encargos bancários com empréstimos e garantias, com exceção das tipologias de ações
relativas a instrumentos financeiros;
i) As compensações pela caducidade do contrato de trabalho ou indemnizações por cessação
do contrato de trabalho de pessoal afeto à operação, bem como as entregas relativas ao Fundo de
Compensação do Trabalho e ao Fundo de Garantia de Compensação do Trabalho;
j) Os encargos não obrigatórios com o pessoal afeto à operação;
k) Quaisquer negócios jurídicos celebrados, seja a que título for, com titulares de cargos de
órgãos sociais, salvo os decorrentes de contrato de trabalho celebrado previamente à submissão
da candidatura do beneficiário.
6 — O disposto na alínea d) do número anterior não é aplicável aos apoios atribuídos a parti-
cipantes em ações apoiadas, nomeadamente quanto a bolsas e subsídios destinados a facilitar a
sua participação nas ações, cujos pagamentos são realizados obrigatoriamente por transferência
bancária.
7 — O disposto nas alíneas g), h) e j) do n.º 5 não são aplicáveis a operações que financiam
a atividade das autoridades de gestão e do órgão de coordenação técnica previstos no Decreto-Lei
n.º 5/2023, de 25 de janeiro.
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Artigo 21.º
Proibição do duplo financiamento
1 — O custo elegível total de uma operação não pode ser cofinanciado em qualquer outra
operação do mesmo fundo europeu, de outro fundo europeu, ou de outro instrumento da União
Europeia.
2 — A aferição do duplo financiamento é efetuada, designadamente através de mecanismos
de interoperabilidade entre sistemas de informação e de demonstração pelos beneficiários de que a
operação e respetivas despesas não foram objeto de cofinanciamento pelo mesmo fundo europeu,
por outro fundo europeu, ou por outro instrumento da União Europeia.
Artigo 22.º
Indicadores de operação
CAPÍTULO II
Candidaturas
Artigo 23.º
Modalidades de apresentação de candidaturas
a) Em parceria:
i) Projeto desenvolvido entre duas ou mais entidades independentes que se assumem como
parceiras na prossecução de um objetivo comum, visando o desenvolvimento das ações que inte-
gram um plano de atividades conjunto e a concretização das realizações e resultados do projeto;
ii) Uma das entidades parceiras assume a função de entidade coordenadora da parceria, sendo
o interlocutor único junto da autoridade de gestão e responsável por assegurar as transferências
dos pagamentos atribuídos pela autoridade de gestão aos restantes parceiros, tendo presente o
acordo escrito estabelecido entre os parceiros, e por proceder às restituições a que haja lugar; e
iii) Todas as entidades que integram a parceria são consideradas beneficiários, pelo que
devem cumprir todos os requisitos de elegibilidade, obrigações e impedimentos dos beneficiários
constantes dos artigos 14.º, 15.º e 16.º;
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b) Em conjunto:
i) Projeto apresentado por uma ou mais entidades públicas ou privadas sem fins lucrativos
de natureza associativa, assumindo uma delas a função de entidade coordenadora da parceria e
interlocutor junto da autoridade de gestão, visando a implementação de um programa estruturado
de intervenção para um conjunto de entidades de um mesmo território, setor de atividade, fileira
ou agregado económico ou social;
ii) O programa de intervenção deve ser detalhado num plano de ação conjunto, subscrito por
pelo menos 50 % das entidades que se prevê envolver no projeto, incluindo a identificação dos
objetivos, metodologia de intervenção e resultados a atingir;
iii) O plano de ação conjunto inclui necessariamente informação sobre o acompanhamento e
avaliação das entidades intervenientes, custos comuns incorridos se previsto em aviso para apre-
sentação de candidaturas, e custos individuais a suportar por cada entidade, assim como outros
aspetos relevantes, nomeadamente as condições de pagamento;
iv) A entidade coordenadora e todas as entidades intervenientes que incorram em custos
individuais são consideradas beneficiários, estando obrigadas a cumprir todos os requisitos de ele-
gibilidade, obrigações e impedimentos dos beneficiários constantes dos artigos 14.º, 15.º e 16.º; e
v) Os pagamentos são feitos aos beneficiários previstos na subalínea anterior, ficando os
mesmos solidariamente responsáveis pela prossecução dos objetivos do projeto, bem como pelo
cumprimento dos respetivos resultados;
c) Em copromoção:
i) Projeto desenvolvido entre duas ou mais entidades independentes, que cooperam de forma
estratégica e efetiva numa lógica de médio e longo prazo, partilhando infraestruturas, competências
e recursos, incluindo recursos humanos, em função dos contributos específicos para os objetivos
do projeto, visando o desenvolvimento das ações que integram o plano de atividades comum e a
concretização das realizações e resultados;
ii) Um dos copromotores assume a função de entidade líder, sendo responsável por assegu-
rar a coordenação geral do projeto e a interlocução com os vários copromotores e entre estes e a
autoridade de gestão, no que diz respeito à gestão técnica, administrativa e financeira do projeto;
iii) Deve ser estabelecido um acordo escrito, subscrito por todas as entidades que participam
no projeto, que explicite o âmbito da cooperação entre as entidades envolvidas, a identificação
da entidade líder, a responsabilidade conjunta entre as partes, o contributo individual de cada
entidade para a concretização do projeto, assim como os termos da partilha de custos, riscos e
resultados;
iv) Todas as entidades que integram o projeto são consideradas beneficiários, pelo que devem
cumprir todos os requisitos de elegibilidade, obrigações e impedimentos dos beneficiários constantes
dos artigos 14.º, 15.º e 16.º; e
v) Os pagamentos são realizados a todos os copromotores, ficando estes individualmente
responsáveis pelas restituições dos apoios que tenham recebido e solidariamente responsáveis
pela prossecução dos objetivos do projeto, bem como pelo cumprimento dos resultados.
3 — Para além das modalidades referidas no número anterior podem ainda ser apresentadas
candidaturas integradas de formação (CIF), apoiadas pelo FSE+, promovidas pelos parceiros sociais
com assento na Comissão Permanente de Concertação Social, desde que a operação seja realizada
por essas entidades, ou por organizações setoriais e regionais suas associadas, com recurso a
estruturas de formação certificadas, e sem prejuízo do regime aplicável a estes beneficiários e ao
funcionamento das respetivas operações que seja fixado em regulamentação específica.
4 — Podem ainda, a título excecional, ser apresentadas CIF, nos termos referidos no número
anterior, por outras entidades de dimensão e representatividade apropriada, com assento no Con-
selho Económico e Social ou no Conselho Nacional para a Economia Social, nestes casos mediante
despacho fundamentado dos membros do Governo responsáveis pelas áreas do trabalho, solida-
riedade e segurança social e pela gestão global dos fundos europeus.
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5 — Todas as entidades que integram uma CIF são consideradas beneficiários, estando obriga-
das ao cumprimento dos requisitos de elegibilidade, obrigações e impedimentos dos beneficiários,
constantes dos artigos 14.º, 15.º e 16.º
6 — Para efeitos do disposto nos números anteriores, entende-se por entidade independente
a entidade que não seja participada ou que não participe no capital de outra entidade, ou que par-
ticipando ou seja participada, detenha menos de 25 % do capital ou não tenha direito de voto, ou
que não esteja associada a outra entidade por intermédio de uma pessoa singular.
7 — Uma candidatura que envolva mais do que um programa financiador, um fundo, ou uma
tipologia de intervenção, ou uma tipologia de operação, dá origem a operações distintas, com códigos
de operação distintos, associadas entre si, observando as regras dos n.os 4 e 5 do artigo 6.º
Artigo 24.º
Análise e seleção das candidaturas
Artigo 25.º
Decisão sobre as candidaturas
4 — Sem prejuízo de poderem ser solicitados aos candidatos, sempre que necessário, ele-
mentos em falta ou esclarecimentos, o prazo de decisão referido no n.º 1 suspende-se por uma
única vez, nos termos do Código do Procedimento Administrativo.
5 — Os elementos solicitados, a que se refere o número anterior, devem ser remetidos à
autoridade de gestão no prazo por esta fixado, o qual não pode ser superior a 10 dias, contados da
receção do pedido de elementos adicionais, salvo se o candidato apresentar justificação e a mesma
vier a ser aceite pela autoridade de gestão, na falta dos quais prossegue a análise da candidatura
com os elementos disponíveis.
6 — A decisão sobre as candidaturas pode ser de:
Artigo 26.º
Aceitação da decisão de aprovação da candidatura
Artigo 27.º
Caducidade e revogação da decisão de aprovação da candidatura
CAPÍTULO III
Artigo 28.º
Pagamentos
a) Adiantamento;
b) Reembolso; ou
c) Saldo final.
a) Adiantamento inicial no valor de até 10 % do valor total aprovado, sem prejuízo do estabe-
lecido no n.º 4;
b) Adiantamento contra fatura, mediante apresentação de faturas eletrónicas ou de documentos
equivalentes fiscalmente aceites;
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18 — Os montantes pagos aos beneficiários a título de adiantamento, que não sejam por estes
integralmente utilizados, mediante a apresentação de pedidos de reembolso que justifiquem os
adiantamentos recebidos, ou decorrido o prazo estabelecido no n.º 11, são objeto de recuperação
e podem determinar a redução ou a revogação do financiamento.
19 — Os créditos dos beneficiários revertem a favor do respetivo órgão pagador, para utili-
zação na implementação de fundos europeus, nas situações em que se verifique a dissolução ou
extinção do beneficiário, bem como nas situações em que sejam declarados insolventes e, nestes
casos, o respetivo processo, após rateio final, se encontre encerrado à data em que estão reunidas
as condições para efetivar o pagamento.
20 — Nas operações em cooperação, os pagamentos são realizados diretamente a cada um
dos beneficiários ou, no caso da parceria, ao seu coordenador, nos termos indicados pelas autori-
dades de gestão nas ordens de pagamento a remeter ao órgão pagador.
Artigo 29.º
Suspensão de pagamentos
1 — Os pagamentos aos beneficiários podem ser suspensos, até que seja tomada decisão
sobre a situação que lhes deu origem ou até à respetiva regularização por parte do beneficiário,
com fundamento nas seguintes situações:
Artigo 30.º
Circuito financeiro
1 — Os pagamentos aos beneficiários são, com base em ordens de pagamento emitidas pelas
autoridades de gestão, realizados, pela Agência, I. P., e pelo IFAP, I. P., este último no âmbito do
FEAMPA, na qualidade de órgãos pagadores, nos termos do Decreto-Lei n.º 5/2023, de 25 de
janeiro, e pelos organismos em quem estes, por acordo escrito, tenham delegado poderes para a
realização de pagamentos, de acordo com os procedimentos definidos em regulamento adminis-
trativo daqueles órgãos.
2 — Previamente à submissão das ordens de pagamento à Agência, I. P., ao IFAP, I. P., ou
ao organismo com poderes delegados para a realização de pagamento, devem as autoridades de
gestão ou os organismos a quem tenham sido atribuídas funções ou tarefas de gestão:
3 — Os pagamentos são efetuados até ao limite do montante aprovado, no respeito pelas nor-
mas previstas no artigo 28.º, depois de confirmada a execução da operação nos termos previstos
na decisão de aprovação, ocorrendo o seu processamento, no todo ou em parte, na medida das
disponibilidades financeiras da Agência, I. P., e do IFAP, I. P.
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Artigo 31.º
Contribuição nacional para efeitos dos fundos europeus
Artigo 32.º
Reembolsos
CAPÍTULO IV
Artigo 33.º
Redução ou revogação do financiamento
f) A apresentação dos mesmos custos a mais de uma autoridade de gestão ou a outras entidades
responsáveis por financiamentos públicos, sem aplicação de critérios de imputação devidamente
fundamentados;
g) A redução do financiamento que comprometa a execução integral da operação;
h) A não regularização das deficiências de organização do processo relativo à realização da
operação e o não envio de elementos solicitados pela autoridade de gestão nos prazos pela mesma
fixados;
i) A existência de dívidas a formandos não regularizadas pelos beneficiários no prazo concedido
ao abrigo do n.º 2 do artigo 29.º;
j) A recusa, por parte dos beneficiários, da submissão ao controlo e auditoria a que estão
legalmente sujeitos;
k) A falta de apresentação da garantia idónea, quando exigida;
l) A afetação de participantes a atividades produtivas a coberto de atividades de formação
profissional;
m) A prestação de falsas declarações ou declarações inexatas, incompletas ou desconformes
designadamente sobre o beneficiário, sobre a realização da operação, sobre os custos incorridos,
sobre o processo formativo, que afetem, de modo substancial, a justificação dos apoios recebidos
ou a receber;
n) A inexistência do processo técnico e contabilístico.
Artigo 34.º
Recuperação dos apoios
7 — A apresentação de garantia idónea, nos termos do número anterior, pode ser dispensada
nos casos em que o valor para cada prestação mensal devida, para o período autorizado, seja
igual ou inferior à Retribuição Mínima Mensal Garantida que esteja em vigor à data da aprovação
do plano de prestações.
8 — Quando a restituição seja autorizada nos termos do n.º 6, o incumprimento relativamente
a uma prestação importa o vencimento imediato de todas as restantes.
9 — Em caso de recuperação parcial da dívida, o montante recuperado é primeiramente o
imputado aos juros que se mostrem devidos e só depois ao capital, sem prejuízo do disposto no
n.º 2 do artigo 785.º do Código Civil.
10 — Sempre que as entidades obrigadas à restituição de qualquer quantia recebida não
cumpram a respetiva obrigação de restituição no prazo estipulado, é a mesma realizada através de
execução fiscal, a promover pela Agência, I. P., ou pelo IFAP, I. P., quando estejam em causa apoios
do FEAMPA, junto da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), nos termos previstos no Código de
Procedimento e de Processo Tributário, constituindo a certidão de dívida emitida título executivo
para o efeito, devendo a entrega da certidão de dívida ser efetuada através da plataforma eletrónica
da AT, no Portal das Finanças, ou por via eletrónica.
11 — Em sede de execução fiscal, os titulares dos órgãos de direção, de administração ou
de gestão dos beneficiários, à data da prática dos factos que determinam a restituição dos apoios,
respondem subsidiariamente pelos montantes em dívida, nos termos previstos no artigo 153.º do
Código de Procedimento e de Processo Tributário.
12 — Não é desencadeado processo de recuperação por reposição, sempre que o montante
em dívida seja igual ou inferior ao estabelecido anualmente no decreto-lei de execução orçamental.
13 — A Agência, I. P., ou o IFAP, I. P., quando estejam em causa apoios do FEAMPA,
podem prescindir de recuperar quantias iguais ou inferiores a € 100, aferidas por beneficiário
e por operação, bem como reconhecer a impossibilidade de cobrança mediante decisão fun-
damentada.
14 — Os créditos e os respetivos juros de mora, resultantes da não utilização ou da utilização
indevida dos apoios concedidos no âmbito dos fundos europeus, gozam das seguintes garantias
especiais:
a) Privilégio mobiliário geral, graduando-se logo após os créditos referidos no n.º 1 do artigo 736.º
do Código Civil;
b) Privilégio imobiliário, graduando-se logo após os créditos referidos no artigo 748.º do Código
Civil;
c) Hipoteca legal, graduando-se logo após os créditos referidos na alínea a) do artigo 705.º
do Código Civil.
TÍTULO V
Artigo 35.º
Regime transitório
1 — A autoridade de gestão pode proceder à seleção de uma operação que consista na segunda
fase de uma operação selecionada para apoio e iniciada no Portugal 2020, desde que cumpridos
os requisitos previstos nos regulamentos europeus.
2 — Às operações, quer tenham ou não sido objeto de aprovação, ao abrigo de mecanismos
extraordinários de antecipação de fundos do Portugal 2030, aplica-se o regime jurídico constante
do presente diploma, a partir do momento em que ocorra o seu reenquadramento nos respetivos
programas, sendo os seus efeitos reportados ao momento da submissão da candidatura, com base
em confirmação, pela autoridade de gestão do Portugal 2030, da decisão de aprovação adotada
pela autoridade de gestão do Portugal 2020 nos termos fixados nos avisos para apresentação de
candidaturas e dos despachos normativos setoriais.
3 — O disposto no n.º 6 do artigo 18.º e na alínea c) do n.º 2 do artigo 15.º não se aplica às
operações aprovadas ao abrigo do mecanismo extraordinário de antecipação de fundos do Portu-
gal 2030 que tenham sido reenquadradas nos termos do número anterior.
4 — O disposto no artigo 8.º, no n.º 19 do artigo 28.º, no n.º 4 do artigo 29.º e nos n.os 14 e 15
do artigo 34.º, relativos, respetivamente, às notificações aos beneficiários, à reversão, à suspensão
de pagamentos e garantias especiais dos créditos, aplicam-se a todas as operações independen-
temente do período de programação a que digam respeito.
Artigo 36.º
Entrada em vigor
Publique-se.
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