Óleo Essencial

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Aromaterapia

Introdução a Aromaterapia

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Me. Alessandra Safira Barbas
Prof. Me. Rodrigo Terrazas Sanzetenéa

Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Introdução a Aromaterapia

• Introdução;
• História da Aromaterapia;
• Plantas;
• As Estruturas das Plantas;
• Plantas Aromáticas.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Apresentar ao aluno os conceitos e a história da Aromaterapia, métodos de utilização dos
aromas pelas civilizações e a estrutura das plantas que são utilizadas na obtenção dos
óleos essenciais.
UNIDADE Introdução a Aromaterapia

Introdução
Aromaterapia é uma técnica terapêutica natural que trabalha com os óleos essen-
ciais – substâncias aromáticas naturais – para equilíbrio e tratamento do organismo
em geral. A aromaterapia pode atuar sozinha ou complementando outras terapias,
sendo essas convencionais ou alternativas, com o intuito de buscar a cura.

A forma de trabalho dessa técnica é diferenciada, afinal, utiliza somente produtos


de origem vegetal, somente um tipo específico de planta produtora de óleos voláteis
ou essenciais.

Figura 1 – Sinergias de óleos essência


Fonte: Getty Images

Os óleos essenciais têm a função sutil de restaurar as energias curativas orgânicas,


trazendo ao corpo, à mente e ao espírito o equilíbrio necessário para uma vida sau-
dável. Na evolução histórica mundial, encontram-se evidências de que as ervas aro-
máticas eram utilizadas, desde a antiguidade, na culinária, na religião e na medicina.

Historicamente é comprovada em documentos científicos a necessidade primor-


dial de aplicar os óleos essenciais no tratamento e ou prevenção de patologias físicas,
psicológicas e emocionais. Contudo, para que a aplicação terapêutica dos óleos es-
senciais seja feita com excelência, é fundamental se aprofundar na percepção e no
conhecimento amplo em torno da dimensão e do conceito de aromaterapia.

A aromaterapia também é uma ciência e arte milenar com base na Fitoterapia.


Ela trabalha com os óleos essenciais 100% naturais extraídos de plantas aromáticas
de forma segura e extremamente eficiente, para fins estéticos e medicinais, com
práticas já detectadas desde o antigo Egito.

A aromaterapia traz inúmeros benefícios comprovados e aplicados. Isso se dá


de inúmeras formas, por meio, por meio de sinergias com óleos vegetais, velas
aromáticas, inalação, cosméticos naturais ou a partir da ingestão de algumas gotas
de óleo essencial.

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História da Aromaterapia
Historicamente, sobre a Aromaterapia, não há uma data exata da primeira extra-
ção de “óleos essenciais”. Durante milhares de anos, as ervas aromáticas, bálsamos
e resinas foram utilizadas para embalsamar os cadáveres em cerimônias religiosas e
em sacrifícios.

Figura 2 – Aromaterapia no Egito antigo


Fonte: Getty Images

A história da aromaterapia teve quatro grandes épocas:


• Primeira época: nesse momento da história, as plantas aromáticas eram usa-
das in natura. Em geral, eram utilizadas como medicamentos, condimentos e/
ou alimentação. Apresentavam-se inteiras, maceradas ou decantadas;

Figura 3 – Ervas aromáticas


Fonte: Getty Images

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UNIDADE Introdução a Aromaterapia

• Segunda época: nesse momento da história, as plantas aromáticas eram utili-


zadas de várias formas. Eram queimadas, postas para infundir, maceradas em
óleo vegetal. Foi nessa grande época que se descobriu a atividade da substância
odorificante das plantas e a sua atuação.

Figura 4 – Incensos naturais artesanais


Fonte: Getty Images

• Terceira época: a intensidade de pesquisas sobre a extração das substâncias


odoríficas foi muito marcante. Sendo assim, houve o nascimento do conceito de
“óleo essencial”, firmando a criação e o desenvolvimento da destilação;
• Quarta época: momento histórico no qual encontramos o período moderno.
Momento esse que, a partir de então, todo o conhecimento sobre os compo-
nentes dos óleos essenciais é aplicado, afinal, intensificava-se aí os estudos e as
explicações sobre as atividades físicas, químicas e biológicas, como também,
recentemente, as eletrônicas dos aromas vegetais.

As populações aborígenes que viviam no continente Australiano há 40.000


anos aprenderam a se adaptar às mais duras condições de vida do seu meio. Elas
desenvolveram um excepcional conhecimento da flora indígena, afinal faziam uso
das folhas de Melaleuca alternifólia – esse óleo essencial é de grande importância
no “arsenal” aromaterapêutico moderno.

A China, os Hindus e a Bacia do Mediterrâneo são considerados, cronologica-


mente e historicamente, os três grandes berços geográficos da civilização aromática,
afinal, seus conhecimentos e procedimentos foram base de estudos para as aplica-
ções e à utilização da aromaterapia atualmente.

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A região mais rica do mundo em plantas aromáticas é o continente Indiano, no
qual utilizava-se as conhecidas “águas aromáticas” por mais de 7000 anos, no trata-
mento de doenças físicas, emocionais e espirituais.

Os mestres religiosos indianos, conhecidos como Rishis, utilizavam as águas aro-


máticas em cerimônias religiosas para tratar o corpo e o espírito. Também as utiliza-
vam na medicina Ayurvédica.

Na cultura indiana encontramos livros como o Riga Veda e o Sucrutasamhitâ, que


catalogam inúmeras fórmulas de banhos aromáticos, sinergias aromáticas e massagens
nas quais eram utilizadas as plantas aromáticas e os óleos essenciais. Nesses livros,
estão citadas a origem do manjericão na Índia, onde esse era sagrado, o cálamo,
os capins do gênero Andropogon (capim limão, cidreira, citronela, vetiver etc.), o
espicanardo, a canela, o cardamono, o coentro, o gengibre, a mirra e as demais 700
substâncias aromáticas que também eram usadas com fins de ações psicológicas.

Figura 5 – Rig Veda – Livro dos hinos


Fonte: ucuenca.edu.ec

Rig Veda ou Rigveda, também chamado Livro dos Hinos, é uma antiga coleção indiana
de hinos em sânscrito védico, o Primeiro Veda, e é o mais importante veda. As ervas eram
destiladas em oficinas, lugares em que eram extraídos os extratos alcoólicos, sendo esses
utilizados nos perfumes, em cerimônias religiosas e como tratamentos terapêuticos medi-
cinais, segundo o Rig Veda.

Na Mesopotâmia, foi encontrada uma inscrição de aproximadamente 4.000


anos que faz menção da utilização de óleos nos ritos religiosos e também na luta
contra “epidemias”.
O Cipreste e outras ervas aromáticas eram queimadas pelo povo babilônico para
cuidar do mundo espiritual. Os babilônicos relatavam que a queima expulsava os
espíritos malfeitores, considerados como provocadores de doenças e de miasmas.

Há 3.500 anos, na China, utilizava-se a queima de madeiras aromáticas como


incenso para perfumar ambientes. É por meio dos estudos e trabalhos dos chineses

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UNIDADE Introdução a Aromaterapia

referentes às ervas aromáticas e aos óleos que foi descoberto o processo de extração
de óleos essenciais a partir da infusão de plantas.

Os escritos Chineses relatam que Shen Nug, fundador da medicina herbária chi-
nesa, há 4.500 anos, escreveu o mais importante tratado de fitoterapia, catalogando
numerosas plantas aromáticas, o livro Shen Nung Pen Tsao Ching.

Na vida cotidiana e nos rituais religiosos, as plantas aromáticas recebiam grande


destaque entre os povos que residiam em torno da Bacia do Mediterrâneo.

Na cultura egípcia, as plantas aromáticas vêm sendo relatadas desde os anos


3.000 e 2.000 a.C. Esses povos utilizavam métodos de destilação variados para a
completa utilização delas pelos médicos no tratamento de doenças – como nas prá-
ticas mágicas, religiosas e esotéricas.

Nos manuscritos egípcios de 2000 a.C., eles catalogaram métodos de como isolar
os perfumes, como extrair a seco os óleos, todos os seus conhecimentos sobre a
Terebentina e o Mastique, e também encontra-se aí as formas como eles utilizavam
os óleos, perfumes e incensos no templos para a adorar a seus deuses.

Os egípcios embalsamavam seus cadáveres com gomas e óleos e faziam diferentes


preparações com as ervas. Ao nascer do Sol, por exemplo, queimavam Olíbano em
homenagem ao Deus Sol, Rá; e no entardecer, queimavam mirra, que era oferecida à lua.

Imhotep, sacerdote-médico consultor do Faraó, escreveu tratados de medicina e


de astronomia. Nesses tratados de 1.500 anos a.C., Imhotep catalogava protocolos
aromáticos que se assemelham à aromaterapia moderna. Nessa mesma época, a uti-
lização das plantas aromáticas era amplamente realizada em forma de gomo-resinas
aromáticas transformadas por infusão em óleos vegetais, que eram a base da prepa-
ração de unguentos aromáticos.

A água aromática perfumada recebeu uma nova nomenclatura, “perfume”, termo


criado pelos egípcios – do latim, per fumum, que se traduz como fumaça. Os homens
e as mulheres egípcios utilizavam perfumes diariamente. Eles usavam um cone sólido
de perfume sobre suas cabeças para receberem o aroma desses, pois gradualmente
esse cone derretia e os enchia de todo o cheiro.

Os egípcios utilizavam os óleos também em massagens e aplicações corporais


após o banho como meio de manter a higiene pessoal. Eles utilizavam mirra, olíba-
no, cedro e pimentas com argila para embalsamar seus mortos, afinal, esses óleos
têm propriedades antissépticas completas.

O Kiphi, composto de 70 plantas e outras misturas fito-aromáticas, era intensa-


mente utilizado na Grécia e em Roma como anestésico e como fumigações aromá-
ticas. Já para embalsamar e mumificar seus mortos com melhor conservação, eles
faziam uso da mistura de extratos aromáticos com óleos de cedro e manjericão.

No livro XIII de sua História Natural, Plínio trata de árvores e vegetais produto-
ras de essências e muitos outros materiais que foram produzidos pelos Gregos para
compor as obras que exaltam as propriedades, características e melhores regiões de

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produção das substâncias odoríficas naturais. Os gregos eram exímios consumidores
das plantas aromáticas e de seus produtos.

Na cidade de Atenas, as grande epidemias e pestes eram tratadas também com


a queima de plantas aromáticas, como lavanda, alecrim, hissopo, segurelha e outras
pelos médicos. Foi Hipócrates, conhecido como Pai da Medicina, quem lutou inicial-
mente epidemias com as ervas e tratava doenças femininas com banhos aromáticos,
o que relata em suas obras

Teofrasto, autor do livro O Tratado dos Odores, obra essa que relata as fun-
ções terapêuticas dos perfumes e dos óleos essenciais sobre os órgãos internos,
auxilia a mulher a saber sobre qual perfume é mais conveniente para cada parte do
seu corpo.

Os gregos foram grandes influenciadores dos romanos nas questões aromáticas,


dando a esses muitos conhecimentos e a base para seus estudos aprofundados sobre
os perfumes. Durante o Reinado de Nero, Dioscorides Pedaniu – médico grego –
publicou sua obra o sobre matéria médica, sendo posteriormente reproduzida pelos
árabes. Nessa obra, Dioscorides relata sua pesquisa sobre as origens da invenção da
destilação e as possibilidades médicas das águas destiladas (hidrossóis). essa obra foi
referência para toda medicina ocidental durante um milênio. Dioscorides era exímio
conhecedor do Kyphi, donde se aprofundava no conhecimento sobre as proprieda-
des anti-espasmódicas de Kyphi, incluindo suas inúmeras qualidades e também o
estudo do Juniperus phoenicea, e suas propriedades espermicidas.
No século IX, era documentado nos escritos de Gerber a destilação a seco e a
hidrodestilação, de onde se afirmava que os persas eram os inventores da destilação,
utilizada ainda atualmente, e que durante as Cruzadas o conhecimento sobre os óle-
os aromáticos e os perfumes se expandiu para o leste e para a Arábia.

Ibin Sina (980 d.C. a 1037 d.C.), chamado de Avicena, produziu o primeiro óleo essencial
puro retirado da Rosa centifolia. Avicena utilizava de forma ampla e completa os óleos es-
senciais de forma terapêutica. Ele era conhecido como “príncipe dos médicos”, escreveu e
publicou mais de cem obras médicas, incluindo o célebre Cânone de Medicina, que faz
referência a inúmeros óleos essenciais (referência sobre Ibin Sina no filme O Físico (O
médico), de 2013, de Noah Gordon).

Ibin Sina, mestre médico indiano, disponível em: https://bit.ly/32yTwjg

Os árabes foram responsáveis pela evolução nas químicas e dos métodos de des-
tilação, fazendo com que eles se tornassem os “fundadores da aromaterapia”. Eles
deram continuidade à aplicação dos óleos de forma terapêutica, ampliando a utiliza-
ção dos aromas na alquimia, medicina e em terapias naturais.
Os produtos destilados eram resfriados por serpentinas, sendo essas criadas pelos
doutores e alquimistas árabes. No século XIII, Arnold Villanova de Bachuone foi o

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UNIDADE Introdução a Aromaterapia

primeiro a descrever em detalhes sobre a utilização da Terebentina na associação de


alecrim e sálvia. Contudo, foi em l’eau de vie ou fermentadas em água (devido à pre-
sença de álcool) que a maceração das ervas era feita e assim a separação dos óleos
essenciais não era realizada no final do processo, obtendo-se somente águas aromá-
ticas destiladas. Nesse mesmo momento, os óleos de amêndoas amargas, arruda,
canela, sândalo e rosa foram destilados pela primeira vez.

Por volta do ano 1200, a profissão de perfumista foi reconhecida pelo rei Felipe
Augusto II. Sendo assim, a partir de então, foi concedida a licença para a abertura
de locais específicos destinados à comercialização de suas criações. Hildegard, por
exemplo, uma freira do século XII, cultivava lavanda e utilizava a destilação para a
obtenção do óleo da lavanda, para utilizar suas propriedades medicinais.

No século XIII, nasce a indústria farmacêutica, ampliando a destilação de um


grande número de óleos essenciais.

A obra Liber de distillatione, escrita por Giovanni Battista Della Porta e pu-
blicada em 1563, documentava e catalogava as especificações corretas dos óleos
carreadores, dos óleos essenciais e as diversas formas de separar os óleos essenciais
das aromáticas águas destiladas.

Figura 6 – Roupagem médica utilizada no


século XIV para prevenção da peste negra
Fonte: npr.org

Durante o século XIV, surgiu uma doença conhecida como a peste negra, que
matou milhões de pessoas. Durante esse momento, a medicina buscava meios de
conter esse surto e, com isso, começaram a utilizar compostos de ervas para tratar
as pessoas doentes.

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Os médicos dessa época utilizavam uma roupagem específica com uma máscara
com longo nariz, no qual eles colocavam óleos essenciais na ponta como forma de
prevenção da Peste, podendo assim tratar tranquilamente os doentes.

A destilação dos óleos a partir do século XV foi intensificada de forma ampla e


abrangente, incluindo olíbano, junípero, rosa, sálvia e alecrim no catálogo dos óleos
essenciais utilizados, fazendo com isso que a publicação de livros sobre ervas e suas
propriedades cresça no final do mesmo século.

Ainda No século XV, os boticários (atuais farmacêuticos) receberam o nome


aromaterii, intensificando assim o lugar das plantas aromáticas e seus extratos
junto à medicina da época. Os óleos, durante o século XVI, podiam ser comprados
livremente dentro dos boticários e, a partir do século XVII, os perfumes eram
considerados como obras de arte.

Os livros The English Physitian (1652) e o Complete Herbal (1653), escritos


por Nicholas Culpeper, um conhecidíssimo botânico, herbalista, médico e astrólogo
inglês, é um material no qual encontramos conhecimentos amplos e profissionais
sobre farmácia e herbalismo. Nicholas, para escrever essas obras, fez pesquisas em
campos e florestas da Inglaterra, estudando e catalogando milhares de plantas
medicinais. Ele era estritamente contra os métodos alopáticos de tratamento e de-
fendia a utilização de métodos naturais, como as ervas, os óleos essenciais e outras
alternativas naturais ao tratamento das pessoas. Intitulado como pai do herbalismo
moderno, Culpeper conquistou seu espaço com seus estudos e pesquisas, dando
base à fitoterapia e aromaterapia atuais.

Figura 7 – Nicholas Culpeper, médico herbalista, intitulado Pai do herbalismo


Fonte: Wikimedia Commons

No século XIX, os perfumes eram verdadeiras obras de arte. Eram comercializados


em vidros artísticos e a sua constituição base era de óleos essenciais. Chambeland,
em 1887, consolidou os primeiros estudos sobre a capacidade de neutralização de

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germes dos óleos essenciais. Já Codéac e Meunier, em 1888, também publicaram


artigos sobre esse mesmo tema

A necessidade farmacêutica de separar os constituintes dos óleos essenciais para


que pudessem criar químicos sintéticos e remédios fez com que se intensificasse no
século XX os estudos. O objetivo era baratear e deixar mais eficientes os tratamen-
tos terapêuticos. A formação da medicina atual e das fragrâncias sintéticas foi con-
solidada com esses estudos, contudo, acabou enfraquecendo a utilização dos óleos
essenciais como remédios.

Dr. Otto Wallach, em 1910, ganhou o prêmio Nobel em Química, pois realizou
a análise e identificação dos componentes primários (terpenos) dos óleos essenciais
das plantas aromáticas.

O termo aromaterapia foi lançado profissionalmente por Maurice Renné


Gattefossé em 1928, quando citou em um artigo científico o uso de óleos essen-
ciais na sua totalidade, sem que esses fossem divididos em seus constituintes bá-
sicos. A partir daí, foi publicado, em 1937, o livro Aromathérapie: Les Huiles
essentielles hormones végétales. Nesse livro, Gattefossé catalogou as numerosas
possibilidades terapêuticas dos óleos essenciais, relatando assim a sua experiência
pessoal com o óleo de lavanda. Essa experiência, aliás, o levou a pesquisar mais
profundamente os óleos. Nos seus estudos, ele verificou que os óleos essenciais são
mais efetivos em sua totalidade do que seus componentes isolados e/ou sintetizados.

Maurice Renne Gattefosse em 1938, disponível em: https://bit.ly/35JGa5t

Gattefoussé, no início de 1904, constatou através de seus estudos o poder antis-


séptico do óleo de eucalipto globulus, quando foi verificado que o eucalipto globulus
utilizado em sua composição natural era muito mais forte e intenso do que se fosse
utilizado um dos seus princípios isolados, o eucaliptol (= cineol).

“The Fragrance Foundation” foi fundada em 1949, por seis líderes da indústria de
perfumaria, Elizabeth Arden, Coty, Guerlain, Helena Rubenstein, Chanel e Parfums
Weil, tendo como objetivo desenvolver programas educacionais sobre estudos voltados
à importância e aos prazeres das fragrâncias para os americanos.

Outros aromaterapeutas importantes do século XX foram Jean Valnet, Marguerite


Maury e Robert B. Tisserand.

Nos anos 1970, Dr. Jean Valnet deu início ao movimento renascentista francês,
introduzindo na sociedade francesa o conhecimento correto do extraordinário poder
curativo dos óleos essenciais a partir da publicação de sua obra, Aromathérapie,
donde. Com isso, ele lançou a nova onda de interesse pelas “essências” na popula-
ção civil e médica. Esse autor é conhecido também pelo seu trabalho utilizando óleos
essenciais para tratar soldados feridos durante a guerra, pois, durante a Segunda
Guerra Mundial, quando seu estoque de antibióticos tinha acabado, teve que utilizar
os óleos essenciais para o tratamento de patologias e, com isso, verificou que a atu-
ação desses óleos sobre o organismo era igual à atuação dos antibióticos.

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Dr. Jean Valnet, médico francês, disponível em: https://bit.ly/32zK8vC

Após esse ocorrido com o Dr. Jean Valnet e com os estudos realizado por ele,
as escolas de Jean Claude Lapraz e Christian Duraffourd, por um lado, e de Paul
Belaiche, por outro, efetuaram os trabalhos de aprofundamento sobre as atividades
e aplicações terapêuticas de extratos aromáticos.

Marguerite Maury, uma bioquímica australiana, foi pioneira na utilização dos óleos essen-
ciais com fins cosméticos, a partir de estudos intensos e de muitíssimos testes. Posterior-
mente, introduziu a visão holística da aromaterapia, criando modos variados de aplicação
dos óleos através da massagem, personalizando cada sinergia e esses óleos conforme as ca-
racterísticas temperamentais e de personalidade de seus clientes. Em 1961, lançou o livro Le
Capital Jeunesse, traduzido em 1964 na Inglaterra por Danièle Ryman, tendo sido o gancho
forte para a inserção da técnica nesse país.

Marguerite Maury, bioquímica australiana, disponível em: https://bit.ly/2RD5ZMl

Os óleos essenciais, combinados com técnicas de massagens variadas, em 1961,


trouxeram a constatação assertiva que essa prática da Aromaterapia tinha um gran-
de poder de cura.

O primeiro livro de Aromaterapia publicado em inglês foi The Art of Aromatherapy


(1977), escrito por Robert B. Tisserand, um aromaterapeuta inglês que introduziu a
Aromaterapia nas nações de língua inglesa. Tisserand também escreveu vários livros
e fundou duas associações de aromaterapia, tendo editado um jornal internacional
sobre o assunto. Em 2017, completou 50 anos de estudos sobre aromaterapia.

Dr. Pierre Franchomme alavancou na França uma nova força terapêutica aromá-
tica durante a segunda metade dos anos 1970. Em seguida, seu discípulo, Daniel
Pénöel, colaborando assim com numerosos outros médicos, farmacêuticos, biólo-
gos e pesquisadores, estudou os óleos essenciais, perseguindo e suscitando traba-
lhos em aromaterapia.

Em 1982, uma parte da The Fragrance Foundation fundou o Sense of Smell


Institute, uma organização sem fins lucrativos devotada a dar suporte à pesquisa
científica e psicológica em universidades e hospitais ao redor do mundo relacionados
a esclarecer os mistérios e a importância do sentido do olfato e os efeitos benéfi-
cos das fragrâncias. Em conjunto, em 1989, criaram em Nova York a terminologia
“Aromacologia”, o objetivo de definir cientificamente os efeitos dos aromas sobre o
organismo e os sentimentos

Nos finais do século XX e no início do século XXI, houve um ressurgimento da


utilização de produtos mais naturais, incluindo óleos essenciais para benefícios cos-
méticos e aromáticos a partir do trabalho de algumas pessoas como:

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UNIDADE Introdução a Aromaterapia

• Gabriel Mojay: Estudou medicina tradicional chinesa em 1978 e aromaterapia


científica. Tornou-se especialista no uso terapêutico dos óleos essenciais. Em
1990, fundou o registro de aromaterapeutas qualificados. Em 1992, organizou
a Conferência Óleos essenciais e a segurança pública. Em 2002, fundou a
Federação Internacional de Aromaterapeutas Profissionais (IFPA), onde ainda é
presidente. Autor do livro Aromatherapy for healing the spirit e de matérias
em vários jornais do Reino Unido, EUA e Japão;
• Marcel Lavabre: Começou sua carreira em 1974, em Provence, em meio à
destilação de óleos essenciais. Foi um dos primeiros escritores a considerar as
propriedades energéticas dos óleos. Em 1981, mudou-se para EUA, sendo pio-
neiro na prática da aromaterapia no país. Organizou o primeiro congresso inter-
nacional de aromaterapia em Santa Mônica. Ministrou cursos na Ásia, América
Latina e América do Norte;
• Join Kein e Ruah Bull: Esta dupla atua na área da saúde desde a década de
1970 e escreveram juntas três livros sobre aromaterapia sutil e energética. Seus
livros trazem um olhar sobre um caminho mais espiritual, utilizando os óleos
através de massagem e Reiki;
• Shirley Price: Iniciou sua carreira nos anos 1970 e na mesma época fundou
sua própria marca. Em 1998, aposentou-se de carreira empresarial e passou a
dedicar-se em escrever seus livros. É dela o clássico “Aromaterapia para doenças
comuns” em 1999;
• Valerie Ann Wordwood: Aromaterapeuta clínica, doutora em saúde complemen-
tar. Ministrou cursos no mundo inteiro. Participou ativamente da federação interna-
cional de Aromaterapia. Desenvolve pesquisas e atendimentos na Inglaterra;
• Lydia Busson: Ministra cursos de aromaterapia na Suíça e palestras pela
Europa. Autora de livros sobre aromaterapia energética, associa o uso dos óleos
essenciais à medicina Ayurvédica.

Nos dias atuais, os óleos essenciais estão sendo usados de forma mais assídua e
profissionais, buscando seja por conta da beleza ou da terapêutica em questão, o
tratamento pelo equilíbrio emocional, físico e psicológico das pessoas.

Plantas
O perfume das flores é associado à alma dos vegetais desde a Antiguidade e à
ideia de que, quando emite o seu perfume, a planta expressa sua personalidade. Por
isso, no momento em que os herboristas começaram a extrair e conservar os per-
fumes vegetais, catalogaram as substâncias desconhecidas com o nome da essência
das plantas da qual foram extraídas. Concluíram com isso que dentro dos frascos de
seus laboratórios estavam armazenadas a alma das rosas, violetas e jasmins.

Ao extrair essas substâncias verificaram que elas não se misturavam com a água
e tinha um aspecto oleoso, por esse motivo deram o nome de óleos essenciais,
apesar de serem formados por diversas substâncias. No decorrer dos estudos e

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anos percebe-se que possuíam uma característica específica, a volatilidade, ou seja,
evaporam facilmente perfumando muito intensamente o ambiente, propriedade que
influenciou na nomenclatura mais moderna e técnica que podemos encontrar em
literatura, Óleo Volátil.

Figura 8 – Plantas diversas


Fonte: Getty Images

Desde o século XIX, têm sido feitas pesquisas químicas ajudando na descoberta dos
grupos de substâncias químicas específicas responsáveis pelo odor das plantas: funções
antissépticas, narcóticas, excitantes, calmantes, cicatrizantes, dentre outras. A grande
maioria possui características de substâncias aromáticas, que são compostos orgânicos
em que pelo menos parte dos átomos de carbono (a base desses compostos) forma um
anel fechado, e essas substâncias recebem a classificação de aromáticas, por terem sido
descobertas em produtos vegetais odoríferos. As demais substâncias possuem átomos ou
grupos de átomos específicos que ajudam a determinar seu odor, um grande exemplo
são os compostos de enxofre que possuem um cheiro muito característico.

O estímulo pela busca de conhecimentos sobre as substâncias orgânicas que deri-


vavam do petróleo e do carvão impulsionaram os estudos dos compostos aromáticos.
Foi assim que foram descobertos os terpenos, um composto de carbono e hidrogênio
que é a base da matéria orgânica (Hidrocarboneto), que inicialmente foram identifi-
cados e encontrados em árvores resinosas. O termo terpeno deriva da palavra tere-
bintina, nome dado à resina do terebinto, substância existente nas árvores nativas da
região do mediterrâneo que eram usadas na medicina desde a Antiguidade.

Nesse ínterim das pesquisas, o fato mais interessante descoberto foi que os ter-
penos são muito frequentes nos organismos vegetais e animais, exercendo diversas
funções metabólicas, explicando com isso sua utilidade como medicamentos e sua
atuação positiva nas funções orgânicas corporais.

Os monoterpenos (formados por duas unidades de isopreno, que é um grupo de


cinco carbonos em um arranjo específico) e os sesquiterpenos (formados por três

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UNIDADE Introdução a Aromaterapia

isoprenos) são os que compõem os óleos essenciais, pois são os mais voláteis e, com
isso, espalham-se muito rapidamente no ambiente, atraindo-os e espantando os in-
setos. Podemos exemplificar os terpenos com: citral, mcitroneol, citronelal, geraniol,
mentol, limoneno, pineno etc.
Apesar dos terpenos estarem presentes em diferentes essências, a nomenclatura
dada a cada um deriva-se da planta em que esse foi identificado a priori: gerânio,
pinho, menta, limão, erva-cidreira etc.
O fitol (componente mais importante da clorofila, assemelha-se quimicamente à
hemoglobina do sangue), a vitamia A e o ácido abiético possuem destaque dentro da
cartela de diterpenos existentes. Já entre os triterpenos (com seis isopremos), pode-
mos destacar a Amirina (existente na maioria das essências e resinas) e o esqualeno,
do óleo de fígado de cação, precursor do colesterol. A categoria dos tetraterpenos
(com oito isoprenos) possui grande grupo de pigmentos carotenoides, que são en-
contrados em vegetais, animais e ativam o metabolismo da vitamina A. As longas ca-
deias formadas por até 5000 isoprenos são chamados de politerpenos, encontrados
na borracha natural (látex, resina da seringueira) e a guta-percha (resina da árvore
asiática). O âmbar é uma resina isoprenoide fóssil com composição específica não
bem determinada. Os isoprenoides que são importantes para a ativação do meta-
bolismo animal e vegetal são a vitamina E, os esteroides e os alcaloides (substâncias
tóxicas de várias plantas que são usadas como medicamentos).
Os óleos voláteis são compostos pelas estruturas de base e também por álcoois,
ésteres, óxidos, ácidos, cetonas, aldeídos acetato, entre outros derivados de terpenos.
Geralmente os óleos de folhas e lenhos são essências com composição química sim-
ples, podendo conter de 90 a 98% de uma única substância; mas as outras essências,
geralmente as flores, podem conter dezenas de substâncias. O fato mais relevante
não é a quantidade de substâncias, e sim o modo de obter o odor exato, pois, muitas
vezes, quantidades mínimas podem produzir a qualidade certa de uma determinada
essência, sendo assim difícil reproduzir com exatidão essências sintéticas.
As essências ficam armazenadas em células especiais, glândulas ou canais situ-
ados em diversas partes das plantas: folhas, cascas, raízes, flores, frutos e ou se-
mentes. Os estudos mostraram que os óleos se concentram em partes diferentes da
planta de acordo com a hora do dia, confirmando que as plantas produzem mais
essências em certa fase do ano.
Em alguns casos, a mudança de região de plantio pode bloquear a produção de essências.
Podemos exemplificar como a alfazema, que é nativa de região temperada, afastada do
Equador, onde no verão os dias são muito mais longos que nos trópicos, só completa
seu ciclo vital quando produz flores e frutos; a exposição longa às altas temperaturas das
regiões tropicais faz com que ela não produza muitas flores e frutos, sendo assim, não será
possível produzir a essência de alfazema em condições climáticas tropicais normais.

A luz, a chuva, o tipo de solo e os nutrientes são itens indispensáveis na obtenção


de óleos. Se as condições estiverem inadequadas, se o ambiente não tiver matérias-
-primas necessárias, a planta poderá não conseguir sintetizar os princípios ativos que
constituem a essência.

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Cada planta possui uma proporção característica de óleo, variando de 0,01% até
10%. Contudo, a média fica entre 1% a 2%. As plantas mais odoríferas (com essências
mais fortes) são geralmente nativas dos trópicos. Algumas dessas plantas têm tanto
óleo, que poderíamos extrair simplesmente espremendo partes dela com as mãos.

As Estruturas das Plantas


As partes da planta são as raízes, as folhas, o caule, as flores e frutos. Cada
parte desempenha uma função importante para o vegetal, assim como os órgãos
do corpo humano.

Em resumo, as folhas fazem a respiração e a fotossíntese; as raízes absorvem


substâncias do solo; o caule sustenta o vegetal; e as flores e frutos estão relacionados
com a reprodução. Cada parte da planta possui um papel para que a planta se ali-
mente, respire, cresça e se reproduza.

No entanto, vale ressaltar que essas partes não estão presentes em todas as plantas.

Por exemplo, os musgos e as samambaias não têm flores, nem frutos e se re-
produzem através de esporos. Já as folhas dos cactos se modificaram durante o seu
processo evolutivo, dando lugar aos espinhos.

Apesar dessas diferenças entre os integrantes do Reino Vegetal, é importante


conhecer cada parte da planta e as suas funções. Na sequência. apresentaremos as
principais características e alguns exemplos das partes da planta.

Folhas
As folhas apresentam uma grande diversidade de formatos. É a parte da planta
responsável por realizar a fotossíntese, processo através do qual a planta produz o
seu próprio alimento.

Figura 9 – Folhas diversas


Fonte: Getty Images

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UNIDADE Introdução a Aromaterapia

Nas células das folhas há muitas estruturas, chamadas cloroplastos, que contêm a
clorofila, o pigmento que dá a cor verde à planta. A clorofila também absorve a luz
do sol para que a fotossíntese aconteça.

Nas folhas também acontece respiração e transpiração. Esses dois processos são
possíveis porque na superfície da folha existem estruturas chamadas de estômatos,
que se abrem e fecham, permitindo a entrada e saída de gases e água da planta.

Elas podem ser classificadas de acordo com a disposição do limbo, que é a parte
mais conhecida delas. Assim, ela pode ser simples ou composta, como os trevos e
as folhas de palmeiras.

Raízes
As raízes apresentam formatos relacionados com a sua função. Elas ajudam a
fixar a planta ao solo e são responsáveis pela absorção de substâncias essenciais,
como água e sais minerais. Além disso, elas conduzem as substâncias e atuam tam-
bém como reserva.

Existem diferentes tipos de raízes, mas, de modo geral, há uma raiz primária prin-
cipal e várias ramificações, que são as raízes laterais. Além dessas, ainda existem as
raízes aquáticas, como a vitória-régia.

Rizoma
Uma haste modificada que cresce logo abaixo da superfície do solo em direção
horizontal, como, por exemplo, o gengibre, o açafrão da terra.

Figura 10 – Rizoma gengibre


Foto: Getty Images

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Caules
Os caules transportam os nutrientes produzidos na fotossíntese. Sustentam a
planta e fazem o transporte de substâncias através dessa. A água e os sais minerais
são levados através de vasos existentes dentro do caule, das raízes até das folhas.
Os açúcares (produzidos na fotossíntese) são transportados das folhas até as raízes.
É no caule que são produzidos os hormônios vegetais, auxiliando no crescimento e
desenvolvimento da planta.

Imagem do caule da planta pata de vaca, disponível em: https://bit.ly/3iCkbkT

Geralmente, os caules são aéreos e verticais, como no caso do tomateiro ou dos


troncos das árvores. Existem ainda os vegetais que possuem caules que crescem junto
ao solo e outros que são subterrâneos, como é o caso das bananeiras e do gengibre.

Flores
As flores são coloridas e atrativas. Elas são responsáveis pela reprodução da planta e
estão presentes apenas no grupo de plantas mais evoluído, chamado de angiospermas.

Figura 11 – Diversos tipos de gerânios


Fonte: Getty Images

As flores podem ser hermafroditas ou monoicas quando possuem ao mesmo


tempo as estruturas femininas (carpelos) e masculinas (estames). Um exemplo desse
tipo de flor são as tulipas, que também podem ter suas estruturas separadas em
flores diferentes, chamadas de dioicas, como ocorre com o mamoeiro.

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UNIDADE Introdução a Aromaterapia

Frutos
No interior dos frutos são encontradas as sementes. Os frutos são, geralmente, re-
sultado do desenvolvimento do ovário após a fecundação. As sementes são os óvulos
desenvolvidos. Aquelas que se encontram em condições apropriadas germinam no
solo originando novas plantas.

Figura 12 – Diversos tipos de frutos


Fonte: Getty Images

Plantas Aromáticas
As plantas aromáticas destacam-se pela sua prática terapêutica milenar e seu
cheiro singular. Nos primórdios, quem mais adotava essa prática era a população
carente. Contudo, recentemente, o uso das plantas como fonte de terapia é predo-
minantemente utilizado em países em desenvolvimento.

Figura 13 – Diversos tipos de plantas aromáticas


Fonte: Getty Images

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Especialmente na Ásia, América Latina e África, essas plantas são uma solução
alternativa para problemas de saúde (SARTORATTO, 2014). Só na China, até o
início da década de 1990, foram desenvolvidos cerca de 11.000 medicamentos de-
rivados das plantas. Posteriormente, aprimorando os conhecimentos e isolando os
princípios ativos das plantas biologicamente ativas, iniciou-se uma nova era na inves-
tigação e no uso de plantas aromáticas e medicinais. Dentre as variadas atividades
biológicas dessas ervas, destacam-se ações: antiviral, anticarcinogénica, antibacte-
riana, antioxidante, antifúngica, colérica, hepatoprotetora, larvicida e/ou repelente e
enzimática estimulante (COELHO, 2009).

As plantas aromáticas pertencem ao grupo das plantas medicinais, justamente


por apresentarem componentes químicos com comprovadas características terapêu-
ticas relacionadas com as que exercem na planta que os produz e que justificam a sua
utilização na fitoterapia (CUNHA et al., 2009; MSAADA et al., 2012).

Para garantir a sobrevivência, todas as plantas produzem compostos através do


seu metabolismo, que são imprescindíveis para seu desenvolvimento, podendo esses
ser distinguidos em metabolitos primários (comuns em todos os seres vivos) – nome-
adamente, lípidos, hidratos de carbono e proteínas; e metabolitos secundários (espe-
cíficos de cada organismo e derivados dos primários) – como terpenos, compostos
fenólicos e compostos nitrogenados que são derivados de diversas vias metabólicas.
Os metabolitos primários são importantes para as funções vitais da planta e são
nomeados como: processos de fotossíntese, respiração, transporte de solutos e assi-
milação de nutrientes (FERREIRA, 2014; LAVABRE, 1992; ENGELBERTH, 2010;
SOUZA et al., 2010).

Quanto aos metabolitos secundários, acreditou-se que esses eram apenas subpro-
dutos do metabolismo primário, não tendo qualquer função na planta. Porém, atual-
mente, após novos estudos, sabe-se que esses apresentam como principal função a
defesa da planta, sendo produzidos, muitas vezes, em resposta ao stress fisiológico
(COELHO, 2009; DJILANI; DICKO, 2012).

As plantas que produzem óleos voláteis são inúmeras e podem vir de todas as
partes do planeta, sendo que a maioria se concentra em algumas poucas famílias do
reino vegetal e localizam-se principalmente em áreas temperadas quentes ou tropi-
cais. Os grupos de plantas são muitos, mas a Ordem das Coníferas, que inclui, entre
outras, as famílias das Pináceas (pinheiro, cedro, abeto) e das Cupressáceas (cipreste,
tuia, junípero), merecem destaque. Essa ordem pertence à classe das Gimnospermas
(plantas sem flores), que possui sua essência nas folhas, nas gemas ou brotos e na
resina do caule.

As plantas com flores (Angiospermas) se classificam em muitas famílias importan-


tes. Dentre elas, podemos destacar as Monocotiledôneas (plantas com uma sementes
simples), nas quais incluem-se as Liliáceas (alho, cebola, babosa), as Iridáceas (íris,
açafrão), as Zingiberáceas (gengibre, cana-do-brejo, colônia), as orquidáceas (bau-
nilha), as Ciperáceas (capim-santo, piripiri) e as Gramíneas (capim-limão, capim-
-cheiroso, vetiver).

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UNIDADE Introdução a Aromaterapia

As Dicotiledôneas são plantas com uma semente dupla, nas quais podemos incluir
várias subclasses como a Magnoliídeas (anis-estrelado), as Miristicáceas (noz-moscada),
as Monimiáceas (boldo-do Chile), as Lauráceas (louro, canela, cânfora) e as Piperáceas
(pimenta do reino). Entre as Ranunculídeas, encontramos a pulsatila, o hidraste
etc. Nas Hamamelidídeas, encontramos o hamamélis, o estoraque e a bétula. Nas
Cariofilídeas, podemos destacar o guiné, o cravo de jardim, a erva de santa Maria, o
hipérico, o álamo, a gaultéria, o benjoim, a malva e a cascarilha. Nas Rosiídeas, podem
destacar várias famílias: Rosáceas (rosas, amêndoas, morango), leguminosas (melioto,
paucampéche), Mirtáceas (murta, cravo da índia, eucalipto, goiabeira), Anacardiáceas
(aroeira, mangueira), Rutácea (arruda, laranja, limão), Burseráceas (incenso, mirra),
Geraniáceas (gerânios), Ramnáceas (amieiro), Santaláceas (sândalos), Oleáceas
(jasmim) e Umbelíferas (erva-doce, coentro, cominho, salsa etc.). Na subclasse da
Asterídeas, pode-se destacar o sabugueiro, a valeriana, as Solanáceas (pimentão,
pimenta malagueta) e as grandes famílias de Verbenáceas (verbena, cambará, Lúcia-
lima), das Labiadas (alecrim, alfazema, boldo brasileiro, erva cidreira, hortelã, orégano
etc) e das Compostas (alface, arnica, camomila, carqueja, guaco etc.).

O perfume das flores é a base da aromaterapia. Algumas de suas corolas espalham


um aroma muito doce e relaxante. Considere, por exemplo, o efeito antiestresse do
perfume das rosas e das flores de lavanda. Muitas vezes, apenas o cheiro de
uma flor perfumada no jardim ou durante uma caminhada em um parque nos traz
imediatamente uma boa sensação. Entre as flores mais perfumadas, estão: gerânio,
jasmim, flores de camomila, lilacs, flores de tuberosa e madressilva. Não falta, por
fim, o cosmea (ou cosmos), cujo cheiro faz lembrar de baunilha e chocolate.

Ervas aromáticas e especiarias são usadas em aromaterapia para trazer um esta-


do de bem-estar físico e psicológico para quem está precisando de uma dose
reforçada de energia. Entre as ervas e as plantas aromáticas cujos perfumes nos
remetem à força, estão: hortelã, alecrim, manjericão, orégano, tomilho e a man-
jerona. Muitos dos aromas de ervas dão, ao mesmo tempo, um efeito enérgico e
antiestressante. Por isso, é muito importante ter ervas frescas sempre à disposição.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Portal Óleos Essenciais
https://bit.ly/2RwftJd

Livros
Introdução à Aromatologia
FLÉGNER, F. L. Introdução à Aromatologia. São José do Rio Preto: Ed. Laszlo
(em prelo).
Guia de Óleos Essenciais de Todo o Mundo
FLÉGNER, F. L. Guia de óleos essenciais de todo o mundo. São José do Rio
Preto: Ed. Laszlo (em prelo).
Guia Completo dos Óleos Essenciais: Como Usar os Óleos Essenciais para a Saúde, a Beleza e o Bem-estar
GARRES, H. Guia completo dos óleos essenciais: como usar os óleos essenciais
para a saúde, a beleza e o bem-estar. 1. ed. São Paulo: Pensamento, 2018.

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UNIDADE Introdução a Aromaterapia

Referências
ANJOS, T. dos. Aromaterapia, terapia aplicada através dos óleos essenciais.
Rio de Janeiro: Roka, 1996.

BIRABÉN, V. Aromaterapia. São Paulo: Gente, 1997.

CORAZZA, S. R. Aromacologia, uma ciência de muitos cheiros. São Paulo:


Editora Senac, 2002.

DAVIS, P. Aromaterapia. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

FARRER-HALLS, G. A Bíblia da Aromaterapia: o guia definitivo para o uso tera-


pêutico dos óleos essenciais. 1. ed. São Paulo: Pensamento, 2016.

GASPAR, E. D. Aromaterapia. 1. ed. São Paulo: Pallas, 2006.

HOARE, J. Guia completo de aromaterapia: um curso estruturado para alcançar


a excelência profissional. São Paulo: Pensamento, 2011.

ROSE, J. O Livro da Aromaterapia. São Paulo: ed. Campus, 1995.

SANTOS, A. C. F.; EL’AOUAR, I. S. Romaterapia: uma nova tecnologia de cuidado,


prevenção e promoção da saúde. Revista Cientefico, v. 19, n. 39, 2019. Disponí-
vel em: <https://revistacientefico.adtalembrasil.com.br/cientefico/article/view/679>.
Acesso em: 15/09/2020.

SILVA, A. R. Tudo sobre Aromaterapia. Rio de Janeiro: Roka, 1998.

SILVA, M. A. N.; COELHO, O. P.; NEVES, P. R.; SOUZA, A. R. L.; GRAZIELA,


B. da S.; LAMARCA, E. V. Acerca de pesquisas em aromaterapia: usos e benefícios
à saúde. Rev. Ibirapuera, São Paulo, n. 19, p. 32-40, jan./jun. 2020. Disponível
em: <http://seer.unib.br/index.php/rev/article/download/224/173>. Acesso em:
15/09/2020.

TISSERAND, R. A arte da Aromaterapia. Rio de Janeiro: Roka, 1993.

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