Logistica - Materiais e Armazenamento Aula 1

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LOGÍSTICA - MATERIAIS E

ARMAZENAMENTO
AULA 1

Profª Rosinda Angela da Silva


CONVERSA INICIAL

Neste momento, estamos iniciando os estudos sobre logística, a qual tem


como foco apresentar conteúdos voltados para a importância da armazenagem
na gestão de materiais – que pode ser entendido como estoque – e o impacto
disso no abastecimento das organizações, bem como na disponibilidade de
produtos ao cliente final.
Para iniciar esta caminhada, teremos como objetivo, nesta aula, entender
do que se trata a administração de materiais e o atingiremos por meio dos
estudos dos temas: gestão, tipologia, classificação ABC, custos e indicadores
aplicados à gestão de estoques. Os temas tratados são desafiadores, porém são
a base para o entendimento de como as empresas se preparam para atender ao
cliente final por meio da disponibilidade dos produtos com a qualidade, rapidez
e custo que o cliente deseja.

CONTEXTUALIZANDO

Gerenciar estoques não é uma tarefa fácil! São muitas variáveis internas
e externas envolvidas nesse processo. Por exemplo: clientes compram produtos
tangíveis e querem recebê-los o mais rápido possível; os centros produtivos nem
sempre estão próximos dos centros de consumo; os grandes centros urbanos
possuem restrições de circulação e recebimento de mercadorias; muitos
produtos são produzidos no exterior e demoram para chegar; alguns produtos
são sazonais, entre outros.
Observe que esses exemplos impactam diretamente na disponibilidade
de produtos aos clientes, no entanto, não pense que esses são problemas novos
para os gestores, pois já são conhecidos de longa data. Uma alternativa que tem
sido utilizada para abrandar os impactos disso é a manutenção de certo volume
de estoque para atender às demandas. No entanto, antes de você pensar que o
estoque é alternativa para tudo, convidamos você a refletir sobre alguns detalhes
sobre isso.
Estoque é estratégico, mas gera custo; estoque protege contra
sazonalidade, mas pode perecer; estoque pode comprometer o capital de giro
da empresa, mas pode obter ganhos de escala em compras; estoque pode
ocupar espaço de armazenagem, mas reduzirá o tempo de atendimento ao
cliente; estoque pode gerar mais custo de transporte e menos custo de

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armazenagem ou vice-versa, entre muitos outros parâmetros de análise. Se você
refletiu sobre essas informações, deve estar se questionando: afinal, o estoque
é bom ou ruim para uma organização? Vamos estudar sobre o tema para
responder a esse questionamento?

TEMA 1 – GESTÃO DE ESTOQUES

De forma simples, podemos compreender estoque como uma quantidade


de produtos que são temporariamente estocados (guardados, armazenados)
para consumo ou venda futura. Existem diversos motivos que levam uma
empresa a decidir manter produtos em estoques e eles são mais representativos
em alguns tipos de negócios do que em outros, o que requer conhecimento e
discernimento para não tirar conclusões precipitadas. Isso é importante ficar
claro já no início de nossos estudos, porque o estoque precisa ser administrado
como estratégico e não como simples acúmulo de produtos que aumentam os
custos operacionais das empresas.
No que consiste a gestão de estoques? É uma atividade gerencial e
administrativa que exige uma visão completa de toda a operação de uma
organização. O desempenho operacional de indústrias e varejistas é impactado
pela qualidade e eficiência da gestão dos seus estoques, pois, se faltar matéria-
prima em uma indústria, o processo de produção pode ser interrompido. Já se
faltar estoque em um varejista, que só compra e revende mercadorias – como
um supermercado, por exemplo –, pode ocorrer ruptura de gôndola (também
conhecido como ruptura de estoque), que significa que o cliente procurou
determinado produto, mas estava em falta na área de vendas. Pode ter certeza
de que são situações que ocorrem com mais frequência do que deveriam e por
isso aprender a fazer uma boa gestão de estoques é imprescindível para as
organizações.
Na prática, a gestão de estoques abrange muito mais que somente cuidar
dos produtos físicos, uma vez que contempla a gestão de todos os recursos
envolvidos, como o capital investido, a infraestrutura física para armazenagem,
a quantidade de pessoas, a tecnologia embarcada em sistemas informatizados
e infraestrutura, além dos outros processos que impactam ou são impactados.
Observe que isso exige uma gestão integrada, conforme sugerido por Moura
(2004, p. 2) na Figura 1.

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Figura 1 – Gestão de estoque integrada

Gestão de
estoques

Produção
Fornecedor Compras Qualidade Expedição Distribuição Cliente
ou Vendas

Fonte: Moura, 2004, p. 2.

A Figura 1 evidencia que há dois processos externos de extrema


importância para a empresa: os fornecedores e os clientes. Os fornecedores
aliados da organização serão responsáveis por entregar produtos com
qualidade, no prazo certo e com o custo justo, o que é considerado uma
vantagem competitiva, e o setor de Compras, que estudaremos mais adiante, é
o responsável por esta conexão. Os demais processos contemplados na Figura
1 são internos e podem ser otimizados por meio do uso de ferramentas e
metodologias no que concerne ao impacto na gestão dos estoques. A realização
otimizada deles culminará no atendimento com excelência ao cliente final da
empresa e, para isso, a gestão de estoques é uma das principais atividades.
A gestão de estoques demonstrará a capacidade da empresa em lidar
com os volumes de estoques de cada produto e isso contempla, não deixar altos
volumes de estoques parados e não deixar faltar produtos para as operações.
Isso requer que o fluxo de entradas e saídas dos itens em estoque ocorram
praticamente ao mesmo tempo, o que é um desafio da gestão em todo o mundo.
Para uma boa gestão dos estoques, é preciso conhecer a demanda, pois
todo o planejamento das compras e, consequentemente, dos itens que ficarão
em estoque, depende de quanto a empresa pretende vender. Com a informação
da perspectiva de demanda, no caso de uma indústria, planejamos o Plano
Mestre de Produção (PMP) e, com isso, saberemos quais itens – geralmente
matérias-primas e insumos –, qual a quantidade e qual o prazo de entrega
necessário. Se for um varejista, com base na demanda, planeja-se o Plano
Mestre de Vendas (PMV) e, com isso, o gestor dos estoques programará as
compras dos produtos para revenda, informando quantidades e prazo de
entrega. Perceba que, indiferentemente se for uma indústria ou um varejo, se
envolver bens tangíveis, será necessária a gestão dos estoques, a qual envolve:
gestão visual e física dos produtos, localização deles, movimentação, manuseio
deles e até saber por que a empresa decidiu mantê-los.

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1.1 Justificativas para manter estoques

Por que a empresa os mantém pode ser identificado por meio das
justificativas comumente apresentadas pelas empresas, por exemplo:

1.1.1 Garantia de atendimento ao cliente

Se a empresa é especialista em produto comprado por impulso ou para


consumo imediato, é importante que ela o tenha onde e quando o cliente deseja.
Como o Brasil é um país gigante e as fontes produtivas muitas vezes estão
distantes do mercado consumidor, será necessário manter estoque para atender
o cliente de imediato. Nesses casos, se o cliente não encontrar o produto do
fornecedor A, certamente ele comprará de B, por exemplo: água mineral em
embalagem descartável, biscoitos, salgadinhos, alimentos de consumo imediato,
em geral.

1.1.2 Proteção contra sazonalidades

Muitos produtos não são produzidos o ano todo porque são sazonais, ou
por questões climáticas e estações do ano, ou por cultura do país em consumir
mais ou menos de tal produto. Exemplos: alguns tipos de frutas, verduras,
legumes, hortaliças, pinhão, ovos de Páscoa, panetone, sorvetes, cervejas,
vinhos, moda praia, moda inverno, pacotes turísticos, entre tantos outros.

1.1.3 Distância da fonte de fornecimento:

Considerando que atualmente as empresas podem adquirir tanto


matérias-primas quanto produtos acabados de fornecedores globais, isso exige
um planejamento de longo prazo para não faltar produto para suas operações.
Com isso, a gestão dos estoques dos itens importados requer uma tratativa
diferenciada e certamente será mantida uma quantidade estocada para atender
às operações da empresa, durante o tempo que demande a reposição.

1.1.4 Confiabilidade da fonte de fornecimento

Esse motivo está conectado tanto com fornecedores nacionais quanto


internacionais. Se o fornecedor atrasa as entregas ou está em local que pode
ser impactado por externalidades (como excesso de chuvas em determinado
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período, nevascas ou outros riscos), o estoque é utilizado como alternativa de
produto suficiente para aguardar a entrega do pedido.
Cada empresa tem seus motivos para manter (ou não) estoques e estes
que foram comentados aqui são os mais comuns. Agora que já entendemos o
que é a gestão de estoques e sua importância, conheceremos os tipos de
estoques que as empresas mantêm em suas instalações.

TEMA 2 – TIPOS DE ESTOQUE

Os estoques necessitam de monitoramentos e controles diferenciados,


dependendo do tipo de produto e sua criticidade para o processo. Devido a isso,
os estoques foram tipificados de acordo com sua aplicação e também são
conhecidos como tipos de almoxarifados. Serão apresentados os mais comuns,
que, de acordo com Pozo (2007), são matérias-primas, materiais auxiliares,
manutenção, intermediário, acabado e em consignação. Conheceremos agora
suas principais características.

2.1 Estoques mantidos pelas organizações

2.1.1 Matérias-primas (MP)

Esse estoque é composto por todos os itens que uma indústria utiliza para
a produção ou montagem do seu produto final. Pode ser uma matéria-prima em
estágio inicial ou já parcialmente transformada, por exemplo: minério de ferro
(estágio inicial), chapa de aço (já recebeu um processamento) e ainda será
estampada, pintada e rebitada, transformando-se em um gabinete para
computador. E também podem ser componentes, módulos, sistemas,
dispositivos, partes, peças, enfim, tudo aquilo que será agregado a um produto
para torná-lo utilizável.
As matérias-primas geralmente são compradas com base na
programação de produção e, na maior parte dos casos, o gestor sabe quanto
tempo esse estoque ficará parado. O fato é que esse tipo de estoque é sensível
para as indústrias, porque, se faltar, a linha de produção é interrompida. Além
disso, podem ser adquiridas de diferentes fornecedores e, em muitos casos,
necessitam ser compatíveis, ou seja, uma indústria pode comprar componentes
de diferentes fornecedores em quaisquer partes do mundo e apenas montá-los
em sua planta, como ocorre com a indústria automobilística.
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2.1.2 Produtos acabados (PA)

Esse tipo de estoque é comumente mantido pelas empresas que


compram e vendem mercadorias, como é o caso dos varejistas, atacadistas,
importadores, distribuidores, atacarejos, representantes. Como exemplos de
estoques de produtos acabados, temos confecções, calçados, decorações,
móveis, utensílios de cozinha, eletroeletrônicos e suas classificações: itens de
linha branca (geladeiras, fogões, lava-roupas), marrom (televisões, produtos de
áudio), azul (batedeiras, liquidificadores, furadeiras), verde (notebooks,
impressoras), material escolar, entre outros (Rodrigues, 2018).
São produtos comprados depois de uma avaliação da previsão da
demanda do mercado e permanecem em estoque até que sejam vendidos. Na
atualidade, é comum ver casos de indústrias brasileiras que produzem parte
desses produtos no Brasil e importam parte deles de países com custos mais
atrativos. No caso da compra de fornecedor nacional, o lead time (tempo total de
reposição do item) geralmente é menor, assim a empresa pode manter estoques
menores. No entanto, os itens que as empresas importam para revenda, o lead
time é maior e depende muito do país onde é produzido e do tempo de
transporte, que, por questões de custos, geralmente é marítimo. Nos casos de
importação, o estoque mantido na planta gira em torno de três, quatro meses ou
até mais.

2.1.3 Produtos em processo, também conhecido como work in process


(WIP), semiacabado ou intermediário

Esse tipo de estoque em uma indústria é bem comum e pode ser


compreendido sob duas perspectivas:

1. é o produto que já saiu do almoxarifado e está na linha de produção, mas


ainda não está pronto, porque ainda não concluiu todas as suas fases;
2. é também uma opção para adiantar fases da produção que não
comprometam o acabamento do produto final e mantêm os colaboradores
trabalhando mesmo quando não há exatamente um pedido de venda.

Exemplo de um produto em processo: uma fábrica de liquidificadores que


ainda não sabe qual será o modelo e cor final do produto acabado, mas já sabe
que utilizará os motores e todos são iguais. Então, a indústria retira as matérias-

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primas (ou componentes) do almoxarifado de matérias-primas, monta os
motores e o guarda novamente em estoque, mas, agora, no almoxarifado de
material em processo. Quando a empresa receber o pedido do cliente, este
motor será utilizado para montar o produto final.

2.1.4 Gastos gerais de fabricação (GGF)

Também conhecido como estoque de materiais auxiliares: em uma


indústria, esse estoque é comum porque nem tudo o que é utilizado na produção
é exatamente matéria-prima, mas pode haver itens essenciais para a montagem
ou fabricação dos produtos. Em uma indústria de móveis, por exemplo, a chapa
de madeira, a cola, os fixadores, puxadores, entre outros, são considerados
matérias-primas para a fabricação dos bens. No entanto, para que a produção
seja viabilizada, é comum a utilização de graxas, lixas, rebolos, óleos de corte,
entre tantos outros, os quais são categorizados como GGF. Na indústria também
há o estoque de materiais auxiliares, os quais geralmente são materiais de
higiene e limpeza, de escritório e equipamentos de proteção individual (EPIs).
O nome estoque de materiais auxiliares também é comumente utilizado
pelas empresas varejistas e prestadoras de serviços, pois também utilizam
materiais de escritório, materiais de higiene, limpeza e descartáveis.

2.1.5 Manutenção, reparo e operações (MRO)

Esse tipo de estoque é mantido por empresas que mantêm um setor


específico de manutenção, o qual é responsável por manter o bom
funcionamento de máquinas e equipamentos, além da própria infraestrutura
predial, elétrica, hidráulica, entre outros. Embora muitas organizações optem
pela terceirização desse tipo de atividade, ainda assim muitas outras preferem
manter sob sua responsabilidade para garantir agilidade nos consertos. Além
disso, é um estoque importante para as empresas que investem em manutenção
preventiva e preditiva dos seus recursos de produção. São compostos de
torneiras, cabos elétricos, lâmpadas, interruptores, porcas, arruelas, parafusos,
reparos, redutores, caps, tubos flexíveis, mangueiras plásticas, puxadores,
rolamentos, entre tantos outros.

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2.1.6 Estoque em consignação

Esse tipo de estoque é utilizado por fabricantes ou proprietários de


mercadorias (fornecedores) com lojistas para prospectar vendas. A mercadoria
continua como propriedade do fornecedor e, caso a venda ocorra, o lojista
entrega a mercadoria ao cliente final e paga ao fornecedor. Outra situação em
que o uso do estoque consignado é percebido é na terceirização de algumas
operações industriais que são terceirizadas, como o seguinte exemplo: uma
indústria de fixadores (porcas, parafusos, arruelas, buchas) mantém estoques
de alguns dos seus produtos com um determinado intermediário (distribuidor), o
qual monta kits e entrega para a indústria de móveis de madeira. Quando o
distribuidor recebe pedido do seu cliente, ele monta os kits com os fixadores
solicitados (porca + parafuso; parafuso + bucha; ou qualquer outra configuração)
e entrega à fábrica de móveis. É nesse momento que o distribuidor informa ao
fabricante de fixadores que ocorreu a venda e assim ocorre o faturamento entre
as empresas. Isso ocorre imediatamente após a venda, até para o fabricante de
fixadores saber o que precisa repor no distribuidor. Essa modalidade é também
chamada de estoque em poder de terceiros.
Pode ocorrer de você encontrar ou até trabalhar com outros tipos de
estoques, mas os que aqui foram apresentados são os mais corriqueiros nas
organizações e precisam ser adequadamente gerenciados.

TEMA 3 – CLASSIFICAÇÃO ABC DE ESTOQUES

Agora que já conhecemos alguns tipos de estoques, precisamos


compreender que, na prática, não é possível (tampouco viável) gerenciar todos
os estoques da mesma maneira. Considerando que um item pode ser mais
crítico ou de custo mais elevado que outro na operação da empresa, é pertinente
utilizar métodos adequados para sua gestão. Um desses métodos é a
classificação dos estoques em categorias conhecido como curva de Pareto,
curva 80/20 ou ainda, curva ABC ou análise ABC.
Segundo Seleme e De Paula (2019), a relação 80/20 de Pareto pode ser
utilizada em diferentes contextos e para a gestão de estoques foi aprimorada e
recebeu uma terceira categoria e assim passou a se chamar ABC.
De forma simples, para a gestão de estoques, a ABC tem os seguintes
aspectos:

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Quadro 1 – Modelo conceitual da análise ABC

Categoria Valor em estoque Quantidade em estoque


A 70% 10%
B 20% 20%
C 10% 70%

O Quadro 1 traz percentuais que certamente variam de empresa para


empresa, de item para item e serão os gestores de materiais que, em conjunto,
decidirão quais são os itens são A, B ou C. Isso é uma análise séria porque
impactará nas decisões de compras e também nos volumes dos produtos em
estoque. O exemplo a seguir auxiliará a compreender como construir uma
análise ABC.

3.1 Aplicando a Curva ABC

A empresa Kaizen apresentou o seguinte movimento em seus estoques


em determinado ano:

Quadro 2 – Levantamento dos itens utilizados ao ano

Item Valor unitário Consumo anual Valor total


AB 15,00 2.000 30.000,00
BC 367,00 45 16.515,00
CD 780,00 16 12.480,00
DE 34,00 2740 93.160,00
EF 57,00 1300 74.100,00
FG 177,00 890 157.530,00
GH 19,90 5.000 99.500,00
HI 204,00 134 27.336,00
IJ 37,00 600 22.200,00
JK 22,00 422 9.284,00
KL 13,90 374 5.198,60
LM 26,15 3.312 86.608,80
MN 16,00 722 11.552,00
NO 8,90 1044 9.291,60
PQ 44,00 980 43.120,00
Total 697.876,00
Fonte: Seleme; De Paula, 2019.

Depois de ter realizado a multiplicação do valor pago pelos itens pela


quantidade consumida no ano, encontra-se o valor total que foi aplicado no
estoque. O próximo passo será identificar qual o percentual cada item
representou dentro do montante aplicado em estoque, por isso acrescentam-se
as colunas (%), (% acumulado) e a classe à qual cada item pertence, conforme
Quadro 3.

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Quadro 3 – Indicação das classes dos itens

Item Valor Consumo Valor total % % Acumulado Classe


unitário anual
FG 177,00 890 157.530,00 22,57 22,57 A
GH 19,90 5.000 99.500,00 14,26 36,83 A
DE 34,00 2740 93.160,00 13,35 50,18 A
LM 26,15 3.312 86.608,80 12,41 62,59 B
EF 57,00 1300 74.100,00 10,62 73,21 B
PQ 44,00 980 43.120,00 6,18 79,39 B
AB 15,00 2.000 30.000,00 4,30 83,69 B
HI 204,00 134 27.336,00 3,92 87,61 B
IJ 37,00 600 22.200,00 3,18 90,79 C
BC 367,00 45 16.515,00 2,36 93,15 C
CD 780,00 16 12.480,00 1,79 94,94 C
MN 16,00 722 11.552,00 1,65 96,59 C
NO 8,90 1044 9.291,60 1,33 97,92 C
JK 22,00 422 9.284,00 1,33 99,25 C
KL 13,90 374 5.198,60 0,75 100,00 C
Total 697.876,00
Fonte: Seleme; De Paula, 2019.

Observe que no Quadro 3 os itens foram organizados de forma


decrescente. Assim, o item FG, no Quadro 2, correspondia ao sexto item, mas
no Quadro 3 ele se tornou o primeiro. Isto ocorreu porque, na prática, ele foi o
item que mais consumiu recurso financeiro no período analisado.

3.2 Analisando os dados obtidos

Na prática, para que serve essa informação? Podemos afirmar que


conhecer a classificação dos itens de estoque é de extrema utilidade para
determinar a tratativa mais adequada para cada item. Considerando que
somente três itens consumiram mais de 50% do capital em estoque, não é
possível gerenciá-lo da mesma forma que os demais itens. O controle precisa
ser mais rigoroso. O volume de estoque deve ser dimensionado para não sobrar,
mas também para não faltar e a negociação com os fornecedores que entregam
esses itens também precisa ser diferenciada. O que não significa dizer que os
itens B e C não serão controlados, mas que os itens da classe A exigem maior
atenção porque impactam fortemente no recurso financeiro aplicado em estoque.

TEMA 4 – CUSTOS DE ESTOQUES

No contexto da gestão, o custo dos estoques se apresenta como uma das


atividades mais importantes porque o estoque consome capital e pode se tornar
um problema caso não seja bem administrado. Para que um gestor possa

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realizar uma gestão eficiente, é necessário que ele conheça os custos gerados
pelos estoques e também os custos da falta.

4.1 Custo da falta de estoque

Iniciaremos pelo custo de deixar faltar estoques, porque isso impacta de


forma diferente em cada empresa. Segundo Pozo (2007), o custo gerado pela
falta dos estoques pode ocorrer quando a empresa mantém níveis tão baixos
que podem evoluir para uma ruptura (falta do produto que fez a empresa perder
venda). Se a empresa deixa faltar o produto ou, por algum motivo, atrasar a
entrega, pode ter um custo com multa de contrato ou cancelamento do pedido
por parte do cliente. Mesmo que o cliente não cancele o pedido, isso pode causar
desgaste na imagem da empresa e impactar no coeficiente de confiabilidade que
ela tem no mercado, além da possibilidade de abrir espaço para a concorrência.
Por fim, compreende-se que os custos decorrentes da falta de estoque são
difíceis de serem mensurados e, por isso, devem ser evitados.

4.2 Custos gerados pelos estoques

Em relação aos custos gerados pelos estoques, temos que conhecer


alguns elementos que os compõem, os quais são apresentados por Martins e Alt
(2006) como:

1. custos diretamente proporcionais às quantidades estocadas; e


2. inversamente proporcionais – conectados com a quantidade adquirida,
também conhecidos como custos de obtenção.

São custos que decorrentes das empresas carregarem os seus estoques.


Aqui, a expressão carregamento do estoque não significa carregar produtos em
veículos de transporte e sim o custo da quantidade de produto estocada. Essas
duas categorias englobam diversos elementos de custos e riscos, os quais serão
apresentados na sequência.

4.2.1 Custos diretamente proporcionais às quantidades estocadas

Os custos diretamente proporcionais são compostos pelos custos a


seguir.

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• Armazenagem: quanto mais produto para ser estocado, mais espaço é
necessário para sua guarda, o que gera mais custo de aluguel.
• Manuseio: quanto mais produto estocado, mais vezes ele será
manuseado e mais pessoas e equipamentos de movimentação interna
serão necessários também. Isto implica maior quantidade de pessoas
trabalhando no armazém e na infraestrutura instalada.
• Perdas, furtos, roubos e obsolescência: quanto mais itens em estoque,
maiores os riscos de que produtos sejam perdidos dentro do armazém.
Além disso, aumentam os riscos de também de furtos e roubos,
principalmente se forem itens de valor agregado. Já o risco do produto se
tornar obsoleto é iminente principalmente com produtos perecíveis. Se
esses riscos se concretizarem, certamente o custo da manutenção dos
estoques em um armazém ou depósito, será maior. Esses custos fazem
contraponto aos custos de oportunidade, pois o empreendedor poderia
aplicar esse valor em investimentos mais rentáveis do que o estoque.

A equação utilizada para determinar o custo de carregamento dos


estoques – o que envolve todos os custos diretamente proporcionais e outros –,
segundo Martins e Alt (2006), é composta conforme o Quadro 4:

Quadro 4 – Equação do Custo de carregamento (CC)

Equação Elementos
Cc = Custo de carregamento
CA = Soma de todos os custos diretamente
Cc = CA + i x P proporcionais
i = taxa de juros corrente
P = Preço pago ao fornecedor

Fonte: Martins; Alt, 2006.

Perceba que esses elementos de custos diretamente proporcionais


contemplam os custos de capital e também o preço do produto que será pago
ao fornecedor. Exemplo aplicado no Quadro 5:

Quadro 5 – Aplicação do custo diretamente proporcional

Dados Resolução
Na empresa Kaizen, um item apresentou
custo de armazenagem anual total de R$ 0,60 Cc = CA + i x P
por unidade e preço de compra unitário de
R$ 2,00. Considerando uma taxa de juros de Cc = 0,60 + 0,12 a.a. x 2,00
12% a.a., calcular o custo de carregamento Cc = 0,60 + 0,24
de estoque desse item. Cc = 0.84 / unid.ano

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CA = 0,60/unid.ano
i = 12% a.a. = 0,12
P = 2,00/unid

Fonte: Martins; Alt, 2006, p. 179.

Analisando o valor de R$ 0,84 a unidade por ano, parece que o custo de


armazenagem é baixo, mas lembre-se de que é por unidade e que será
multiplicado pela quantidade que estiver parada no estoque. E se fossem 30 mil
peças? E 100 mil peças?

4.2.2 Custos inversamente proporcionais

Na proposta de Martins e Alt (2007), esses custos diminuem com o


aumento do estoque médio. São conhecidos como custos de obtenção ou custo
de pedido de compras, isso quando a empresa adquire o item de fornecedores
externos. Se a empresa produz o próprio item, esse custo é chamado de
preparação.
No caso dos custos de obtenção, os elementos que os compõem são
custo de fazer e administrar um pedido de compras e o custo de transporte para
entrega do pedido.
Para obtê-los, Martins e Alt (2006) explicam que é preciso identificar os
custos de emitir e monitorar um pedido de compras (follow-up) e também os
custos do transporte, uma vez que, cada vez que ocorrer uma entrega, esse
custo acontecerá. Observe a composição deste custo de acordo com o Quadro
6.

Quadro 6 – Equação do custo inversamente proporcional

Equações Elementos
Cp = Custo de preparação (obtenção,
aquisição, custo do pedido de compras)
Cp x número de pedidos Custo do transporte = O valor que será pago
para a transportadora entregar o produto
Número de pedidos = Quantas vezes a
Onde: Cp = Custo de preparação + Custo do empresa pretende comprar por ano.
transporte *A relação do número de pedidos com a
demanda da empresa, informará a
quantidade recebida por lote, representado
por Q.
**O estoque médio (EM) é representado
então por Q/2.

Fonte: Martins; Alt, 2006.

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Para compreender o impacto desse custo no estoque, observe o exemplo
no Quadro 7.

Quadro 7 – Calculando os custos inversamente proporcionais

Dados Resolução
A empresa Kaizen revende o rolamento de Custo inversamente proporcional:
esferas, o qual é utilizado na manutenção
industrial e tem uma demanda anual estimada D = Demanda = 2.400 unids/ano
em 2.400 unidades. Adquire de apenas um N = número de pedidos a.a. = 12
fornecedor localizado à 500km de distância. Q = quantidade do lote = D/Q = 2400 / 12
O custo de transporte por entrega é por conta pedidos = 200 unids. por lote
da Kaizen e custa R$ 240,00. O custo da Cp = Custo de preparação: 50,00 por
emissão e follow-up do pedido de compras, pedido + Valor do frete: 240,00 por entrega
está estimado em R$ 50,00. O comprador da = 290,00
Kaizen planeja comprar este item todo o mês,
assim é preciso calcular o custo anual de Custo incorrido:
obtenção que este item apresenta. Cp x número de pedidos
290,00 x 12 = 3.480,00/ano

Fonte: Martins; Alt, 2006.

O Quadro 7 demonstra que, com a política de 12 pedidos por ano (1x ao


mês), ela incorrerá no valor de R$ 3.480,00/ano e receberá 200 unidades em
cada pedido, o que auxilia o gestor dos estoques a organizar o espaço para
acomodar estes itens.

4.3 Outros custos do estoque

Além das duas categorias apresentadas, ainda são considerados custos


dos estoques, os custos do espaço da armazenagem e também o valor pago ao
fornecedor. Assim, ainda temos o Custo independente, representado por Ci e
Custo do material comprado, representado por DxP, que é a Demanda
multiplicada pelo Preço pago ao fornecedor.
Por fim, podemos entender que os custos dos estoques possuem quatro
categorias distintas e formam o Custo Total – CT, conforme Quadro 8:

Quadro 8 – Resumo das categorias de custos dos estoques

Categorias Equações ou elementos envolvidos


1. Custo de carregamento Cc = C a + i x P
Multiplica-se pelo EM, representado por Q/2
2. Custo de preparação/obtenção Cp
Considera o número de pedidos, obtido por D/Q
3. Custo independente Ci
4. Custo do material comprado DxP

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Para visualizar a formação total de um custo de estoque, utilizaremos um
exemplo de Martins e Alt (2006), conforme Quadro 9.

Quadro 9 – Determinando o Custo Total (CT) dos estoques

Elementos Aplicação

Determinar o Custo Total (CT) de CT = (Ca + i x P) x (Q/2) + Cp x D/Q + Ci + DxP


estoque de um item da empresa
Kaizen, o qual é comprado de 1 – (Ca + i x P) x (Q/2)
fornecedor e que apresentou o (0,08 + 0,15 x 0,15) x 5000/2 =
seguinte comportamento: (0,1025) x 2500 = 256,25
+
D = 25.000 peças/ano 2 – Cp x D/Q
I = 15% a.a. = 0,15 60,00 x 25.000/5.000 =
P = R$ 0,15 a unid. 60,00 x 5 = 300,00
Cp = 60,00 / pedido +
Ca = R$ 0,08 a unid.ano 3 – Ci
Ci = R$ 150,00/ ano 150,00
Q = (quantidade do lote): 5.000 +
unid/lote 4 – DxP
25.000 x 0,15 = 3.750,00

Custo Total: 256,25 + 300,00 + 150,00 + 3750,00 =


CT = 4.456,25
Fonte: Martins; Alt, 2006, p. 185.

Esse modelo auxilia a compreender como ocorre a formação de custo de


estoque e depois de definidos todos os elementos, pode-se (e deve-se)
parametrizar em sistema informatizado para que o cálculo seja feito de forma
automatizada. No entanto, se o gestor não reconhece estes elementos, não
compreenderá como o sistema calcula o custo total do estoque e não terá
subsídios para tomar decisões e identificar por onde iniciar o processo de
redução de custos.

TEMA 5 – INDICADORES DE ESTOQUES

Os indicadores são importantes instrumentos para analisar como está a


gestão dos estoques da organização. São úteis para que o gestor avalie como
os estoques estão contribuindo para a estratégia de atendimento ao cliente final.
Os indicadores mais comuns são: Giro do estoque; Cobertura de estoque;
Ruptura do estoque; Nível de Serviço e Acuracidade do Controle. Vamos
conhecê-los!

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5.1 Principais indicadores da gestão de estoques

5.1.1 Giro do estoque

Também conhecido como rotatividade, tem como propósito evidenciar o


quanto um item foi movimentado em determinado período. Na prática, serve para
identificarmos como estão as vendas desse produto. Segundo Pozo (2007, p.
47), “é necessário possuirmos o valor dos estoques e dividirmos pelo custo anual
das vendas. O valor de estoque pode ser utilizado em quantidades monetárias
ou quantidades de peças”. O Quadro 10 traz um exemplo aplicado de giro de
estoques.

Quadro 10 – Giro de estoques

Indicador Aplicação
No ano passado, a empresa Kaizen obteve vendas anuais
de R$ 1.200.000,00 e apresentou custo anual de vendas de
Giro de Estoque (GE) = R$ 780.000,00. Seu lucro anual foi de R$ 65.000,00, e teve
Custo das vendas anuais / em seus estoques (matéria-prima, material auxiliar, MRO,
Custo dos Estoques WIP, acabados) um investimento de R$ 240.000,00. Com
estes dados, calcule qual foi a rotatividade do estoque da
Kaizen no período analisado.

GE = 780.000,00/ 240.000,00 = 3,25 vezes

Análise: Neste caso, significa dizer que o estoque da Kaizen,


se renovou 3,25 vezes, o que não é considerado um giro
adequado, pois é importante que o estoque gire com maior
velocidade.

Fonte: Pozo, 2007, p. 47

5.1.2 Cobertura de estoque

Esse indicador tem como pressuposto demonstrar aos gestores o tempo


que o estoque é (ou foi) suficiente e está intrinsecamente conectado ao giro de
estoque, conforme está evidenciado no Quadro 11.

Quadro 11 – Cobertura de estoque

Indicador Aplicação
Utilizando os dados da empresa Kaizen do exemplo anterior,
calcule a cobertura de estoques do item que apresentou giro
CE = Número de dias do de 3,25 vezes.
período em análise/GE
CE = 365 dias / 3,25 = 112,3 dias

Análise: Conforme comentado anteriormente que 3,25 vezes


era um índice baixo para o GE, porque significa que o produto

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ficou parado por 112 dias em média, o que representa mais de
três meses.

Fonte: Pozo, 2007, p. 49.

5.1.3 Ruptura do estoque

É um indicador de extrema importância porque evidencia a


indisponibilidade dos itens. É importante entender que o termo ruptura do
estoque é mais forte que estoque em falta porque, se houve ruptura, foi porque
o cliente procurou o item e não o encontrou, fazendo com que a empresa
perdesse venda. É essencial tanto para a indústria que pode ter uma linha de
produção interrompida por falta de um insumo quanto para o varejista (on-line ou
loja física) que apresentou algum produto faltante na gôndola ou no site. O
Quadro 12 traz um exemplo desse indicador.

Quadro 12 – Ruptura do estoque

Indicador Aplicação
O site da Kaizen oferece 20 tipos diferentes de produtos aos
seus clientes. Na segunda-feira pela manhã, o responsável
Ruptura do Estoque = Itens pela gestão dos estoques emitiu um relatório das vendas do
que estão sem estoque / final de semana e constatou que 5 itens haviam acabado e
Total de produtos da loja alguns clientes haviam tentado comprá-los.
x 100 No momento da análise, o indicador de ruptura (ou índice de
disponibilidade) era de:

Ruptura = 5 / 20 = 0,25 x 100 = 25% de ruptura

Análise: Neste caso, é preciso repor estes itens rapidamente


e criar um mecanismo de acompanhamento para que o site
pare de mostrar o produto, já que o estoque foi zerado.

5.1.4 Nível de serviço

Tem como proposta evidenciar como está o atendimento ao cliente, que


pode ser interno ou externo. Por exemplo, quando uma linha de produção solicita
itens ao almoxarifado, é atendido prontamente (100% de nível de serviço) ou
será que faltou alguma coisa naquele momento? O Quadro 13 traz um exemplo.

Quadro 13 – Nível de serviço (NS)

Indicador Aplicação
Em um período de seis meses, o almoxarifado da
empresa Kaizen recebeu 3.100 requisições de
Nível de Serviço (NS) = materiais com um número médio de 1,45 item por
Requisições atendidas plenamente / requisição. Se o almoxarife entregou 4.400 itens
Total de requisições conforme solicitado, qual foi o NS do almoxarifado?

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x 100
NS = 3.100 requisições x 1,45 = 4.495 itens
OU
NS = 4400 / 4495 = 0,9788 x 100 = 97,88%
Nível de Serviço (NS) =
Número de itens entregues / Total de Análise: neste exemplo, o almoxarifado atendeu
itens solicitados quase 100% dos itens solicitados, no entanto, é
x 100 importante identificar quais foram os itens faltantes e
avaliar o impacto da falta.

Fonte: Martins; Alt, 2006.

5.1.5 Acuracidade do controle

Esse indicador tem como objetivo demonstrar quão correto está o controle
dos itens e demonstra isso por meio da comparação dos itens registrados em
sistema e daqueles que realmente estão no estoque físico. Comumente aplicado
após o inventário físico e pode ser analisado em valores ou em quantidades de
peças. O Quadro 14 traz um exemplo aplicado.

Quadro 14 – Acuracidade do controle

Indicador Aplicação
Após o inventário da empresa Kaizen, os dados da
tabela a seguir foram registrados. O indicador de
Acuracidade do Controle = acuracidade foi aplicado a cada item individualmente
e, posteriormente ao total de itens contados, onde
Número de itens com registros acuracidade do controle ficou em 95,50%.
corretos / Número total de itens
Análise: Para afirmar que 95,5% é bom ou ruim, é
OU preciso avaliar o capital financeiro que isso
Valor de itens com registros corretos representa também, pois temos 4,5% de itens em
/ Valor total de itens desacordo. Neste caso 4,5% de cinco mil reais, pode
não ser muito representativo, mas de cem mil reais?
quinhentos mil reais? Dez milhões de reais, entre
outras possibilidades.

Fonte: Martins; Alt, 2006, p. 202.

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Uma análise simplista poderia apontar que 95,50% de acerto é um
excelente índice (e, em alguns casos, é mesmo). No entanto, considerando que
esses 4,5% faltantes causaram ruptura de gôndola, prejudicou a imagem da
empresa e também seu resultado financeiro, é preciso tomar uma ação para
melhorar esse indicador. Isso vem ao encontro do que explica Pozo (2007, p. 39)
quando a autor comenta que “a importância da correta administração de
materiais pode ser mais facilmente percebida quando os bens necessários não
estão disponíveis no momento exato e correto para atender às necessidades de
mercado”. Assim, compreendemos que a administração de materiais eficiente
busca o equilíbrio entre os elementos apresentados nesta aula, o que exige
profissionais capacitados para tal.

TROCANDO IDEIAS

Você já pensou que, por um lado, a empresa quer atender prontamente o


cliente e, por outro, não quer ter altos custos com estoques? O desafio está em
encontrar a quantidade adequada que permita a empresa a apresentar bons
resultados financeiros e oferecer nível de serviço que atenda as expectativas dos
clientes. Você tem alguma ideia em como encontrar este equilíbrio?
Utilize o recurso do fórum para discutir sobre isso com seus colegas de
turma.

NA PRÁTICA

Para aplicar o conhecimento adquirido nesta aula, utilizaremos o exemplo


do Quadro 15 como parâmetro.

Quadro 15 – Calculando os custos inversamente proporcionais

Dados Resolução
A empresa Kaizen revende o rolamento de Custo inversamente proporcional:
esferas, o qual é utilizado na manutenção
industrial e tem uma demanda anual estimada D = Demanda = 2.400 unids/ano
em 2.400 unidades. Adquire de apenas um N = número de pedidos a.a. = 12
fornecedor localizado à 500km de distância. Q = quantidade do lote = D/Q = 2400 / 12
O custo de transporte por entrega é por conta pedidos = 200 unids. por lote
da Kaizen e custa R$ 240,00. O custo da Cp = Custo de preparação: 50,00 por
emissão e follow-up do pedido de compras pedido + Valor do frete: 240,00 por entrega
está estimado em R$ 50,00. O comprador da = 290,00
Kaizen planeja comprar este item todo o mês,
assim, é preciso calcular o custo anual de Custo incorrido:
obtenção que este item apresenta. Cp x número de pedidos
290,00 x 12 = 3.480,00/ano

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Fonte: Martins; Alt, 2006.

O material explica que o comprador da empresa Kaizen pretende comprar


todos os meses, mas e se ele quiser aplicar outras políticas? Por exemplo:

• Comprar uma única vez ao ano?


• Comprar duas vezes ao ano?
• Comprar dez vezes ao ano?

Resolução: veremos em outra ocasião.

FINALIZANDO

Esta aula foi dedicada a entendermos alguns temas envolvidos na


administração de materiais, com foco na gestão dos estoques. Para visualizar a
complexidade do tema, os assuntos foram apresentados de forma gradual para
que você pudesse compreender a conexão entre eles.
Inicialmente foi apresentado o conceito de gestão de estoque integrada e
quais justificativas são comumente utilizadas para comprovar a necessidade de
manter estoques. Na sequência, distinguimos os tipos de estoques, que, em
algumas empresas, representam os almoxarifados que elas possuem;
aprendemos sobre a análise ABC aplicada aos estoques; identificamos
elementos de custos de estoques que formam o custo total de estocagem e, por
fim, aprendemos sobre indicadores aplicados aos estoques.
Com isso, concluímos esta aula, em que os conceitos discutidos nos
auxiliaram a atingir o objetivo proposto que era entender o que é administração
de materiais e qual seu papel no contexto da logística.

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REFERÊNCIAS

MARTINS, P. G.; ALT, P. R. C. Administração de materiais e recursos


patrimoniais. São Paulo: Saraiva, 2006.

MOURA, C. E. Gestão de estoque: ação e monitoramento da cadeia de logística


integrada. Rio de Janeiro: Ciência Moderna Ltda., 2004.

POZO, H. Administração de recursos materiais e patrimoniais: uma


abordagem logística. São Paulo: Atlas, 2007.

RODRIGUES, M. J. Inovação é a chave para indústria automobilística avançar


na agenda de sustentabilidade. CNI – Confederação Nacional da Indústria,
2018. Disponível em:
<https://noticias.portaldaindustria.com.br/noticias/sustentabilidade/inovacao-e-
a-chave-para-industria-automobilistica-avancar-na-agenda-de-
sustentabilidade/>. Acesso em: 3 jan. 2022.

SELEME, R.; DE PAULA, A. Logística: armazenagem e materiais. Curitiba:


InterSaberes, 2019.

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