028 BJD

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 18

Brazilian Journal of Development 452

ISSN: 2525-8761

Análise da estabilidade global em edificações de pequeno porte

Global stablility analysis in low-rise structures


DOI:10.34117/bjdv10n1-028

Recebimento dos originais: 08/12/2023


Aceitação para publicação: 08/01/2024

Nayra Consentino Fontoura


Mestranda em Engenharia
Instituição: Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) - campus Alegrete
Endereço: Avenida Tiaraju, 810, Ibirapuitã Alegrete - RS
E-mail: nayrafontoura@gmail.com

Alisson Simonetti Milani


Doutor em Engenharia Civil
Instituição: Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) - campus Alegrete
Endereço: Avenida Tiaraju, 810, Ibirapuitã Alegrete - RS
E-mail: alissonmilani@unipampa.edu.br

Jaelson Budny
Doutor em Engenharia Civil
Instituição: Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) - campus Alegrete
Endereço: Avenida Tiaraju, 810, Ibirapuitã Alegrete - RS
E-mail: jaelsonbudny@unipampa.edu.br

Diego Arthur Hartmann


Doutor em Engenharia Civil
Instituição: Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) - campus Alegrete
Endereço: Avenida Tiaraju, 810, Ibirapuitã Alegrete - RS
E-mail: diegohartmann@unipampa.edu.br

RESUMO
O coeficiente 𝛾𝑍 é um parâmetro de estabilidade amplamente utilizado no Brasil, contudo
possuí aplicação limitada para 4 pavimentos, devido a orientação da NBR 6118 (2023),
que permite a utilização de redutores de rigidez como consideração aproximada dos
efeitos da não linearidade física (NLF). Objetivo deste trabalho é avaliar a estimativa dos
efeitos de 2ª ordem do coeficiente 𝛾𝑍 em edificações de 2 e 3 pavimentos e, verificar a
influência da variação dos redutores de rigidez nos resultados do coeficiente 𝛾𝑍 . Foram
realizadas simulações no sistema TQS de dois modelos com configurações distintas, em
que os resultados do coeficiente 𝛾𝑧 foram comparados com os obtidos através do processo
P-∆. Os resultados evidenciam que a utilização de fatores de redução de rigidez mais
refinados como estimativa da NLF proporcionou maior precisão na estimativa dos efeitos
de 2ª ordem. Empregando os redutores de rigidez indicados pela NBR 6118 (2023) no
modelo de 2 pavimentos, obteve-se 𝛾𝑧 =1,10, classificando a estrutura como de nós fixos.
Entretanto, ao considerar os demais métodos de redução de rigidez, o coeficiente obtido
foi de 1,13, reclassifcando a estrutura como de nós móveis. Logo, quando a estimativa
dos efeitos da NLF é realizada de forma mais refinada, o coeficiente 𝛾𝑧 oferece uma

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.10, n.1, p. 452-469, jan., 2024


Brazilian Journal of Development 453
ISSN: 2525-8761

estimativa adequada dos efeitos de 2ª ordem para as estruturas estudadas com menos de
4 pavimentos.

Palavras-chave: edifícios de pequeno porte, instabilidade global, parâmetros de


instabilidade, coeficiente γz .

ABSTRACT
The γZ coefficient is a stability parameter widely used in Brazil, however, it has limited
application for 4-story buildings due to the orientation of NBR 6118 (2023), which allows
for the use of stiffness reducers as an approximate consideration of the effects of physical
nonlinearity (NLF). The objective of this study is to assess the estimation of the second-
order effects of the γZ coefficient in 2 and 3-story buildings and to investigate the
influence of variations in stiffness reducers on the results of the γZ coefficient.
Simulations were conducted in the TQS system for two models with different
configurations, where the results of the γZ coefficient were compared with those obtained
through the P-Δ process. The results show that using more refined stiffness reduction
factors as an estimate of NLF provided greater accuracy in estimating second-order
effects. By employing the stiffness reducers indicated by NBR 6118 (2023) in the 2-story
model, a γZ value of 1.10 was obtained, classifying the structure as having fixed nodes.
However, when considering other stiffness reduction methods, the obtained coefficient
was 1.13, reclassifying the structure as having mobile nodes. Therefore, when estimating
the effects of NLF in a more refined manner, the γZ coefficient provides an adequate
estimate of second-order effects for the studied structures with fewer than 4 stories.

Keywords: low-rise buildings, global instability, instability parameters, γz coefficient.

1 INTRODUÇÃO
A estabilidade de uma estrutura pode ser entendida como a sua capacidade de
manter o equilíbrio sob a incidência de ações verticais e horizontais, uma vez que as ações
provenientes dos deslocamentos horizontais da estrutura geram os efeitos de 2ª ordem,
esses se expressivos podem comprometer a estabilidade da estrutura inviabilizando o seu
uso (CARMO, 1995).
Análise da estabilidade global é um dos principais fatores que permite a
verificação da segurança da estrutura em relação à perda da capacidade resistente,
avaliando a influência dos efeitos de 2ª ordem no deslocamento da estrutura. De acordo
com Carvalho e Pinheiro (2009) os esforços calculados a partir da geometria inicial da
estrutura, sem considerar deformações, são denominados efeitos de 1ª ordem e após o
surgimento das deformações são considerados como efeitos de 2ª ordem. Dessa forma, o
estudo do equilíbrio da estrutura é efetuado considerando a configuração deformada, ou
seja, quando os deslocamentos são levados em conta na análise (KIMURA, 2018).

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.10, n.1, p. 452-469, jan., 2024


Brazilian Journal of Development 454
ISSN: 2525-8761

Com objetivo de facilitar a consideração dos efeitos de 2ª ordem no


dimensionamento de estruturas, a NBR 6118 (2023) delimita as estruturas em nós fixos e
nós móveis. Quando a estrutura é classificada como “nós fixos” representa que os
esforços de 2ª ordem são inferiores a 10% dos efeitos de 1ª ordem, devido a sua pequena
magnitude podem ser desconsiderados. Contudo, quando os esforços de 2ª ordem são
superiores a 10% dos efeitos de 1ª ordem, a estrutura apresenta um comportamento
flexível, sendo classificada como “nós móveis”, e os deslocamentos horizontais são
significativos e devem ser considerados. No entanto, os efeitos de 2ª ordem apresentam
cálculos complexos, tornando-se necessário a utilização de critérios que analisem a
deslocabilidade da estrutura apenas com os resultados obtidos com os dados das análises
de 1ª ordem. Desse modo, a NBR 6118 (2023) sugere a utilização dos parâmetros de
estabilidade com o intuito de simplificar os métodos de cálculos através do parâmetro de
estabilidade α e coeficiente 𝛾𝑍 .
O coeficiente de instabilidade 𝛾𝑍 tem o intuito de simplificar o processo de
obtenção dos esforços finais de 2ª ordem, possibilitando identificar se a estrutura
apresenta nós fixos ou móveis, sem a necessidade de realizar uma análise criteriosa de 2ª
ordem. Com o propósito de investigar aplicação coeficiente 𝛾𝑍 em estruturas de pequeno
porte, com menos de 4 pavimentos, foi realizado um estudo utilizando o software TQS
avaliando a influência da variação dos redutores de rigidez na estimativa dos efeitos de
2ª ordem. Nessa pesquisa, foram analisados dois modelos de edificações com diferentes
configurações de planta baixa, ambos os modelos foram examinados com altura de dois
e três pavimentos e pé-direito de 3 metros, enquanto foi considerado diferentes
abordagens na redução de rigidez para a estimativa dos efeitos de segunda ordem. Essas
abordagens baseiam-se nos valores estabelecidos pela NBR 6118 (2023), bem como nas
pesquisas realizadas por Bueno (2014) e Moreira e Martins (2018). Como forma de
validação, a estrutura foi processada considerando o método de estimativa dos efeitos de
2ª ordem P-∆, no qual foram aplicados os redutores de rigidez encontrados através do
Pórtico Não Linear Físico Geométrico (PNLFG). Dessa forma, foi possível avaliar a
estimativa do coeficiente 𝛾𝑍 nos efeitos de segunda ordem em edificações de pequeno
porte. Este estudo visa aprimorar a compreensão dos efeitos de 2ª ordem em estruturas de
concreto armado de pequeno porte, levando em consideração as variações nos redutores
de rigidez, com intuito de contribuir para o desenvolvimento de práticas mais seguras e
eficientes na análise estrutural de edificações

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.10, n.1, p. 452-469, jan., 2024


Brazilian Journal of Development 455
ISSN: 2525-8761

2 OBJETIVO
O coeficiente 𝛾𝑍 é frequentemente utilizado na avaliação da estabilidade global
por ser um método simples, além de avaliar a sensibilidade da edificação em relação aos
efeitos de 2ª ordem, ele também estima os esforços com boa aproximação. No entanto sua
aplicação restringida a edificações de no mínimo 4 pavimentos ocorrem em razão da
análise aproximada da não linearidade física da NBR 6118 (2023) que trata edificações
com menos de 4 pavimentos como análise específica. Desse modo foi avaliada atuação
dos efeitos de 2ª ordem em uma edificação de concreto armado de pequeno porte,
verificando a possibilidade da utilização do coeficiente 𝛾𝑍 como parâmetro de
estabilidade global em edificações de dois a três pavimentos, analisando
concomitantemente a influência da variação dos redutores de rigidez na estimativa dos
efeitos de segunda ordem.

3 REVISÃO BIBLIOGRAFICA
O coeficiente de estabilidade 𝛾𝑍 foi proposto inicialmente por Franco e
Vasconcelos em 1991, e surgiu com a intenção de simplificar o processo de obtenção dos
esforços de 2ª ordem (LIMA, 2019). Sendo possível verificar a importância desses
esforços, classificando a estrutura em estrutura de nós fixos (𝛾𝑍 ≤ 1,10) ou nós móveis
(𝛾𝑍 > 1,10), sem a necessidade de realizar uma análise de 2ª ordem criteriosa, além de
estimar os esforços com boa aproximação (ALVES; PAIXÃO, 2016). Conforme o item
15.5.3 da NBR 6118 (2023) o coeficiente 𝛾𝑍 pode ser determinado a partir dos resultados
de uma análise linear de 2ª ordem, para cada caso de carregamento segundo a Equação 1,
sendo válido para estruturas reticuladas de no mínimo quatro pavimentos.

1
𝛾𝑍 =
∆ Eq.[1]
1 − 𝑀𝑡𝑜𝑡,𝑑
𝑀1,𝑡𝑜𝑡,𝑑

Sendo:

∆Mtot,d – O momento de tombamento, sou seja, a soma de todas as forças horizontais da combinação
considerada, com seus valores de cálculo, em relação à base da estrutura;

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.10, n.1, p. 452-469, jan., 2024


Brazilian Journal of Development 456
ISSN: 2525-8761

M1,tot,d – É a soma dos produtos de todas as forças verticais atuantes na estrutura, na combinação
considerada, com seus valores de cálculo, pelos deslocamentos horizontais de seus respectivos pontos de
aplicação obtidos de análise de 1ª ordem.

Para uma correta estimativa dos efeitos de 2ª ordem é necessário a consideração


da não linearidade física (NLF) do concreto armado (SILVA et al., 2020). Uma vez que,
as propriedades dos materiais sofrem alterações à medida que são submetidos ao
carregamento. No caso do concreto armado a fissuração, fluência e o escoamento do aço
provocam diminuição da rigidez da estrutura em função da magnitude do carregamento
(DELALIBERA et al., 2014). A NLF pode ser avaliada por meio do diagrama momento-
curvatura (M-1/r), construído a partir da seção transversal de cada elemento da estrutura,
com armadura suposta conhecida e força normal atuante, calculado por meio da rigidez
secante (GOMES; MARTHA; SANTOS, 2021). No entanto, trata-se de um procedimento
complexo que só pode ser utilizado com auxílio de softwares.
Uma maneira de considerar os efeitos da não linearidade física em uma estrutura
de concreto armado é alterar diretamente o valor da rigidez dos elementos que compõem
a estrutura (KIMURA,2018). Como forma aproximada de considerar a NLF nos efeitos
de 2ª ordem a edição da NBR 6119 (2003) passou adotar as equações de redução de
rigidez estudadas por MacGregor (1993). Além disso, também permitia a consideração
de redução da rigidez dos elementos estruturais em 70%, quando a estrutura fosse
composta exclusivamente por vigas e pilares com coeficiente 𝛾𝑧 ≤ 1,30, na atualização
de 2007 a norma retirou a consideração de 70% da rigidez dos elementos estruturais, na
edição de 2014 não houve alterações pertinentes no capítulo da consideração da NLF da
estrutura. Atualmente o item 15.7.3 da NBR 6118 (2023) apresenta considerações sobre
os efeitos da NLF aproximado sendo orientado a utilização do coeficiente redutor de
rigidez de 𝐸𝐼𝑠𝑒𝑐 = 0,4𝐸𝑐 𝐼𝑐 para vigas e 𝐸𝐼𝑠𝑒𝑐 = 0,8𝐸𝑐 𝐼𝑐 para pilares, ademais nessa
edição a norma orienta que em estruturas com menos de quatro andares a redução de
rigidez dos elementos estruturais deve ser avaliada de forma específica.
Com intuito de analisar a possibilidade de utilização do coeficiente 𝛾𝑧 em
edificações de até 4 pavimentos e Bueno (2014) e Moreira e Martins (2018) investigaram
valores de redutores de rigidez para edificações com menos de 4 pavimentos. Bueno
(2014) propôs coeficientes de redução de rigidez para vigas (𝐸𝐼𝑠𝑒𝑐 = 𝛼𝑉 𝐸𝑐 𝐼𝑐 ) e pilares
(𝐸𝐼𝑠𝑒𝑐 = 𝛼𝑃 𝐸𝑐 𝐼𝑐 ) através do estudo paramétrico de dois modelos estruturais variando
características dos modelos estudados. Para as estruturas de um pavimento o autor sugeriu
valores de 𝛼𝑉 = 0,2 para vigas e 𝛼𝑃 = 0,60 para pilares. Para aquelas com dois

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.10, n.1, p. 452-469, jan., 2024


Brazilian Journal of Development 457
ISSN: 2525-8761

pavimentos propôs 𝛼𝑉 = 0,3 para vigas e 𝛼𝑃 = 0,60, para estruturas de três


pavimentos 𝛼𝑉 = 0,3 para viga e 𝛼𝑃 = 0,70 e estruturas de quatro a 10 pavimentos 𝛼𝑉 =
0,4 para vigas e 𝛼𝑃 = 0,80.
Moreira e Martins (2018) também realizaram investigação com intuito de
identificar redutores de rigidez que tivessem aplicabilidade em edificações com menos de
4 pavimentos. Esses autores avaliaram diversos fatores a fim de se obter modelos com
diferentes taxas de armaduras. Conforme os dados analisados Moreira e Martins (2018)
sugeriram redutores de rigidez para edificações de um pavimento de 𝛼𝑉 = 0,17 para vigas
e 𝛼𝑃 = 0,66 para pilares, em edificações com 2 pavimentos 𝛼𝑉 = 0,15 para vigas e 𝛼𝑃 =
0,71 para pilares, e edificações com três pavimento fator de redução de rigidez de 𝛼𝑉 =
0,14 para vigas e 𝛼𝑃 = 0,72 para pilares.
O sistema TQS possui a ferramenta Pórtico Não Linear Físico Geométrico
(PNLFG), que consiste em um modelo espacial composto por vigas e pilares, que podem
ser utilizados na verificação das solicitações normais do estado limite último (TQS
INFORMÁTICA, 2020). Nesse modelo, é realizada uma discretização refinada da
estrutura, na qual cada vão de viga e lance de pilar é divido em inúmeras barras. A NLF
presente nas vigas e pilares é avaliada através do cálculo da rigidez à flexão EI, obtido a
partir das relações momento-curvatura (M-1/r) e momento normal-curvatura (M-N-1/r).
Para análise do PNLFG, é necessário que os esforços e o dimensionamento com
detalhamento dos elementos estejam processados. No caso dos pilares a rigidez a flexão
é calculada nas direções EIy e EIz, já para as vigas apenas a rigidez EIy. Ao final do
processamento o PNLFG produz relatório abrangente que inclui informações obre as
verificações do ELU, bem como os resultados dos redutores de rigidez médios para vigas
e pilares, simplificando análise dos dados.
O processo P-∆ é um processo iterativo utilizado quando se requer um cálculo
mais preciso dos efeitos de 2ª ordem, pois a partir de uma análise de 1ª ordem uma
estrutura sofre ação de forças verticais e horizontais que geram deslocamento, dessa
forma é realizada sucessivas iterações avaliando o deslocamento em conjunto com
aplicação das forças, a convergência dos resultados é encontrada no momento que a
estrutura apresenta posição final de equilíbrio. No sistema TQS o processo P-∆ utiliza o
método da matriz de rigidez secante, baseados nos estudos de Medeiros e França (1989),
que utiliza a hipótese de análise cinemática estrutural de Navier-Bernoulli, e no uso do
método dos elementos finitos como ferramenta de discretização. A matriz Ks, que consiste

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.10, n.1, p. 452-469, jan., 2024


Brazilian Journal of Development 458
ISSN: 2525-8761

na soma das matrizes de rigidez elástica (Ke), de rigidez geométrica (Kg) e de forças axiais
decorrentes dos deslocamentos nodais (KL) (MEDEIROS, 1999).
Contudo, o processo P-∆ resulta apenas nos esforços solicitantes finais de 2ª
ordem. Desse modo, com intuito de possibilitar a estimativa dos efeitos de 2ª ordem por
meio do processo P-∆ o software TQS criou a relação RM2M1, dado pela Equação 2, a
qual se trata de um coeficiente que avalia o grau de instabilidade da estrutura, no qual M1
é o momento das forças horizontais em relação à base do edifício, e M2 é a resultante do
cálculo P-∆ em uma combinação não linear.

M2
RM2M1 = Eq.[2]
M1

4 METODOLOGIA
Com objetivo de investigar a influência da variação dos redutores de rigidez na
verificação da estabilidade global em edifícios de pequeno porte através do coeficiente
𝛾𝑧 , foi realizado um estudo utilizando o sistema TQS. Neste estudo, foram analisados dois
modelos de edificação com diferentes plantas, como ilustrado na Figura 1. Ambos os
modelos possuem altura de pé-direito de 3 metros e foram avaliados em alturas de dois e
três pavimentos. Além disso, para uma avaliação aproximada da NLF, foram adotadas
diferentes estratégias para abordar os redutores de rigidez, iniciando pelos parâmetros
estabelecidos pela NBR 6118 (2023), bem como as investigações conduzidas por Bueno
(2014) e os estudos e Moreira e Martins (2018). Como método de referência utilizou o
processo do PNLFG, por se tratar modelo rigoroso de análise.

4.1 DESCRIÇÃO DO MODELO


Para o desenvolvimento desse trabalho foram realizadas 16 simulações com a
utilização do coeficiente 𝛾𝑧 para modelos T1 e T2 apresentados na Figura 1, variando a
forma estrutural, número de pavimentos e a metodologia de consideração da NLF.
Como forma de validação dos resultados, foram realizadas mais 4 simulações utilizando
o processo P-∆, em que foram consideradas os redutores de rigidez identificados por
meio do processo do PNLFG.

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.10, n.1, p. 452-469, jan., 2024


Brazilian Journal of Development 459
ISSN: 2525-8761

Figura 1: Modelos analisados (a) Modelo T1 (b) Modelo T2.

Fonte: Autoria Própria.

Conforme ilustra a Figura 1 (a) o modelo T1 é composto por 4 lajes com


dimensões simétricas e apresenta vigas com vãos de 480 cm, pilares com seção de 20x20
e vigas com seção transversal de 20x40 cm. A segunda estrutura analisada representada
pela Figura 1 (b), apresenta três lajes com dimensões de 380 cm por 400 cm, pilares com
seção de 20 x 40 cm e vigas com seção transversal de 14x40 cm.
As simulações foram realizadas considerando o modelo composto por barras que
simulam vigas e pilares da estrutura, denominado pelo sistema TQS como Modelo
estrutural IV, onde as ações verticais e horizontais em vigas e pilares são calculadas como
pórtico espacial (TQS INFORMÁTICA, 2020). A localização da edificação foi
considerada como meio urbano, conforme o item 6.4 da NBR 6118 (2023), sendo
classificada como classe de agressividade ambiental II. O concreto atende a classe C25,
com cobrimento nominal de 2,5 para lajes e 3 cm para vigas e pilares.

4.2 AÇÕES ATUANTES


Qualquer análise estrutural deve-se considerar a influência de todas as ações que
possam produzir efeitos significativos na estrutura (NBR 6118, 2023). Dessa forma, nos
modelos simulados foram considerados as ações do peso próprio dos elementos

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.10, n.1, p. 452-469, jan., 2024


Brazilian Journal of Development 460
ISSN: 2525-8761

estruturais considerando massa específica do concreto armado de 2,5 tf/m³, as cargas


atuantes para as lajes do pavimento tipo foi definido o carregamento permanente de 0,1
tf/m² e acidental de 0,15 tf/m². Já para as cargas atuantes nas lajes de cobertura foi
estabelecido carregamento permanente de 0,15 tf/m² e acidental de 0,1 tf/m².
Para as cargas de alvenaria de vedação para o modelo T1 foi aplicado sobre as
vigas do pavimento tipo o bloco de espessura de 19 cm, que apresenta uma carga
distribuída linear de 0,32 tf/m² com altura de parede de 2,60 m, e para cobertura foi
considerada a mesma carga, contudo considerando uma altura de parede de 1 m nas vigas
perimetrais, representando as platibandas. O modelo T2 foi considerado uma carga de
bloco com espessura de 14 cm, que possui carga distribuída de 0,26 tf/m² com altura de
2,60 para o pavimento tipo e 1 m para cobertura.
O cálculo referente às ações devido à força do vento foi realizado conforme os
parâmetros estabelecidos pela NBR 6123 (1988), em ambos os modelos analisados a
velocidade básica do vento foi definida como 45 m/s, o fator topográfico (S1) foi
considerado valor referente a terrenos planos ou fracamente acidentados (S1=1), o fator
relativo à rugosidade do terreno (S2) foi considerado a categoria IV, o fator relativo a
classe da edificação (S2) foi definido como classe A, e por último o fator estatístico (S3)
foi definido o valor correspondente a edificações como hotéis e residências, comércio e
indústria com alta taxa de ocupação (S3=1). O software TQS apresenta uma ferramenta
que facilita a entrada de dados relacionados as edificações e os fatores utilizados. Com
base nas dimensões da face da edificação o sistema TQS realiza o cálculo do coeficiente
de arrasto (Ca) em relação ao ângulo de incidência. Neste estudo, em razão do formato
das edificações, optou-se pelas direções 0° e 180°, 90° e 270°. Desse modo o modelo T1
apresenta a mesma projeção de face em todas as direções, resultando um Ca idêntico em
todos os sentidos da ação do vento. Contudo o modelo T2 apresenta projeção de face
semelhante entre os sentidos horizontais sendo 0° e 180° e nos sentidos verticais 90° e
270°, como pode ser observado na Tabela 1.

Tabela 1: Coeficientes de arrasto utilizados.


Direção Incidência do Vento
Modelo
0° 180° 90° 270°
T1P2 1,03 1,03 1,03 1,03
T1P3 1,11 1,11 1,11 1,11
T2P2 0,78 0,78 1,20 1,20
T2P3 0,81 0,81 1,25 1,25
Fonte: Autoria Própria.

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.10, n.1, p. 452-469, jan., 2024


Brazilian Journal of Development 461
ISSN: 2525-8761

4.3 CONSIDERAÇÕES DA NÃO LINEARIDADE FÍSICA


A influência da variação da NLF foi avaliada por meio da variação dos redutores
de rigidez, no qual as estruturas foram simuladas utilizando 4 fatores de redução de
rigidez diferentes. Os primeiros fatores utilizados foram os indicados pela NBR 6118
(2023), independente da limitação de altura trazida pela norma. Em seguida foram
avaliados os redutores de rigidez estudados por Bueno (2014) e Moreira e Martins (2018)
como métodos 2 e 3 respectivamente, valores utilizados representados na Tabela 2.

Tabela 2: Redutores de Rigidez.


2 PAV. 3 PAV
Metodologia
𝛼𝑉 𝛼𝑃 𝛼𝑉 𝛼𝑃
NBR 6118 (2023) 0,40 0,80 0,40 0,80
Bueno (2014) 0,30 0,60 0,30 0,70
Moreira e Martins (2018) 0,15 0,71 0,14 0,72
Fonte: Autoria Própria.

Como método de validação dos resultados foi utilizado o pórtico não linear físico
e geométrico (PNLFG) do sistema TQS, que tratar-se de um modelo espacial composto
por vigas e pilares, com uma discretização refinada em que as vigas e pilares foram
divididos em barras de no máximo 50 cm. A rigidez de cada barra discretizada é
determinada de acordo com a geometria, armaduras detalhadas em cada elemento
estrutural e esforços solicitante obtidos durante o processamento, e a rigidez é obtida a
partir das relações momento curvatura (M-1/r) de cada barra. O processo de identificação
dos redutores de rigidez de cada modelo é ilustrado pelo fluxograma apresentado na
Figura 2.
Após o dimensionamento dos elementos estruturais foi realizado o processamento
do PNLFG para obter o coeficiente médio de rigidez das vigas e pilares. Em seguida, os
coeficientes de rigidez iniciais da estrutura foram ajustados no critério do sistema e a
estrutura foi redimensionada. Após o redimensionamento, o PNLFG foi novamente
executado. Este processo foi repetido iterativamente até que não fossem observadas mais
variações nos redutores em comparação com a iteração anterior.

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.10, n.1, p. 452-469, jan., 2024


Brazilian Journal of Development 462
ISSN: 2525-8761

Figura 2 – Fluxograma metodologia empregada no PNLFG.

Fonte: Autoria Própria.

4.4 ANÁLISE ESTABILIDADE GLOBAL


A avaliação da estimativa dos efeitos de 2ª em edificações de pequeno porte foi
realizada após o processamento global da estrutura no sistema TQS, no qual foi gerado o
relatório de estabilidade global. Nesse relatório foi possível avaliar a influência do
coeficiente 𝛾𝑧 na estimativa dos efeitos de 2ª ordem. A Figura 3 apresenta o processo de
análise realizado, no qual após a modelagem a estrutura foi processada considerando os
efeitos de 2ª ordem por meio do coeficiente 𝛾𝑧 em que os critérios dos redutores de rigidez
foram variados. Também foi avaliado o processo de estimativa dos efeitos de 2ª ordem
através da análise de estabilidade global pelo processo P-∆, no qual foi utilizado os
redutores de rigidez encontrados pelo processo do PNLFG.

Figura 3:Fluxograma da metodologia de análise da estabilidade global.

Fonte: Autoria Própria.

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.10, n.1, p. 452-469, jan., 2024


Brazilian Journal of Development 463
ISSN: 2525-8761

5 RESULTADOS
5.1 RESULTADOS NLF
A Tabela 3 apresenta os resultados obtidos no processamento do PNLFG nos
modelos T1 e T2, cada estrutura foi analisada de forma individual através do processo
ilustrado na Figura 2. Em todas as simulações houve uma redução em ambos os fatores
em relação a rigidez inicial.

Tabela 3: Resultado PNLFG


Nº de T1 2 Pavimentos T1 3Pavimentos T2 2 Pavimentos T2 3 Pavimentos
Iterações 𝛼𝑉 𝛼𝑃 𝛼𝑉 𝛼𝑃 𝛼𝑉 𝛼𝑃 𝛼𝑉 𝛼𝑃
1ª 0,40 0,80 0,40 0,80 0,40 0,80 0,40 0,80
2ª 0,19 0,74 0,18 0,78 0,16 0,78 0,17 0,77
3ª 0,18 0,69 0,18 0,73 0,15 0,71 0,14 0,74
4ª 0,18 0,68 0,18 0,73 0,14 0,70 0,14 0,72
5ª 0,18 0,68 0,18 0,73 0,14 0,70 0,14 0,72
6ª 0,18 0,68 0,18 0,73 0,14 0,70 0,14 0,72
Fonte: Autoria Própria.

O modelo T1 apresentou o mesmo valor de redutor de rigidez das vigas tanto na


estrutura de 2 pavimentos quanto na estrutura de 3 pavimentos, no caso do fator de
redução de rigidez dos pilares apresentou uma variação de 6,85%, em que a estrutura de
2 pavimentos apresentou fator de 0,68 e a estrutura de 3 pavimentos um fator de 0,73. O
mesmo foi observado para o caso do modelo T2, no qual os redutores de rigidez das vigas
apresentaram fator de 0,14 para as alturas de 2 e 3 pavimentos, e uma variação de 2,78%
entre os redutores de rigidez dos pilares.
O coeficiente 𝛼𝑉 nos modelos T1 e T2 manteve-se constante, independentemente
do número de pavimentos simulados. Conforme destacado por Khuntia e Ghosh (2004),
a rigidez das vigas é diretamente influenciada pela taxa de armadura, altura da linha neutra
e resistência à compressão do concreto. Ambos os modelos analisados apresentavam
dimensões idênticas para vigas e pilares. Desse modo em ambos os modelos a altura da
linha neutra e a taxa de armadura apresentaram semelhanças, resultando em uma média
final igual para os redutores de rigidez das vigas nos modelos com 2 e 3 pavimentos.
A Tabela 4 apresenta os valores dos redutores de rigidez que foram utilizados no
dimensionamento dos modelos T1 e T2, apresentando além dos valores encontrados por
meio do PNLFG, também apresenta os redutores de rigidez indicados pela NBR 6118
(2023), e os valores estudados por Bueno (2014) e Moreira e Martins (2018).

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.10, n.1, p. 452-469, jan., 2024


Brazilian Journal of Development 464
ISSN: 2525-8761

Tabela 4: Redutores de rigidez adotados.


2 PAV. 3 PAV
Metodologia
Vigas Pilares Vigas Pilares
NBR 6118 (2023) 0,40 0,80 0,40 0,80
Bueno (2014) 0,30 0,60 0,30 0,70
Moreira e Martins (2018) 0,15 0,71 0,14 0,72
PNLFG T1 0,18 0,68 0,18 0,73
PNLFG T2 0,14 0,70 0,14 0,72
Fonte: Autoria Própria.

5.2 RESULTADOS ANÁLISE DE ESTABILIDADE GLOBAL


A Tabela 5 apresenta os resultados do coeficiente 𝛾𝑧 e do fator RM2M1 obtidos a
partir das simulações realizados nos modelos T1 com dois e três pavimentos. Ao avaliar
os resultados do modelo T1P2, composto por dois pavimentos, observa-se que a análise
de estabilidade global, levando em consideração os coeficientes de redução de rigidez
prescritos pela NBR 6118 (2023), resultou em uma classificação da estrutura como de
"nós fixos" com um coeficiente 𝛾𝑧 de 1,10. Ao analisar os resultados com base nos demais
coeficientes de redução de rigidez, verificou-se uma classificação da estrutura como de
"nós móveis," com um coeficiente 𝛾𝑧 igual a 1,13. O processo P-∆, utilizado para estimar
os efeitos de segunda ordem por meio do fator RM2M1, produziu um resultado
semelhante, também com um coeficiente 𝛾𝑧 de 1,13, em consonância com os resultados
obtidos considerando os redutores de rigidez recomendados por Bueno (2014) e Moreira
e Martins (2018).
De maneira semelhante, ao avaliar os resultados obtidos por meio do modelo
T1P3, composto por três pavimentos, observa-se uma variação significativa nos valores
do coeficiente 𝛾𝑧 . Para o modelo T1P3, a análise considerando os redutores de rigidez
estipulados pela norma já resultou em uma classificação da estrutura como de "nós
móveis," com um coeficiente 𝛾𝑧 de 1,17. No entanto, ao analisar os resultados com base
nos redutores de rigidez propostos por Bueno (2014) e Moreira e Martins (2018), obteve-
se um coeficiente 𝛾𝑧 igual a 1,19 e 1,22, respectivamente. Ao comparar esses valores do
coeficiente 𝛾𝑧 com os obtidos pelo processo P-∆ para estimar os efeitos de segunda ordem,
observou-se uma variação de 4,10% e 2,46% para os redutores de rigidez da NBR 6118
(2023) e de Bueno (2014), respectivamente. Além disso, os modelos que incorporaram
os redutores de rigidez propostos por Moreira e Martins (2018) apresentaram resultados

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.10, n.1, p. 452-469, jan., 2024


Brazilian Journal of Development 465
ISSN: 2525-8761

idênticos na estimativa dos efeitos de segunda ordem em relação ao processo P-∆,


considerando o PNLFG.

Tabela 5: Resultado Estabilidade Global Modelo T1.


DIREÇÃO T1P2N T1P2B T1P2M T1P2PNLFG T1P3N T1P3B T1P3M T1P3PNLFG
0° e 180° 1,10 1,13 1,13 1,13 1,17 1,19 1,22 1,22
90° e 270° 1,10 1,13 1,13 1,13 1,17 1,19 1,22 1,22
Fonte: Autoria Própria.

Os resultados provenientes das simulações das estruturas T2, com dois e três
pavimentos, estão apresentados na Tabela 6. Ao analisar os dados do modelo T2 na
direção horizontal (0° e 180°), não se observou uma variação significativa da estimativa
dos efeitos de 2ª ordem em relação a variação dos redutores de rigidez, tanto nas estruturas
com 2 pavimentos quanto nas estruturas de 3 pavimentos. A direção horizontal, por sua
vez, exibe um maior número de pórticos de contraventamento em comparação à direção
vertical, conferindo assim maior estabilidade. No entanto, é possível notar que a variação
na rigidez resultou em um aumento do fator de estabilidade, ainda que esta seja
insignificante. Os resultados analisados na direção vertical do modelo T2, com dois
pavimentos, apresentaram o mesmo comportamento descrito anteriormente para o
modelo T1. O modelo simulado com o emprego dos redutores de rigidez recomendados
pela norma NBR 6118 (2023) exibiu um coeficiente 𝛾𝑧 igual a 1,11, em contraste com os
modelos simulados utilizando outros redutores de rigidez, que apresentaram 𝛾𝑧 de 1,13.
No caso do modelo T2, com três pavimentos, a variação nos redutores de rigidez
teve um impacto mais significativo. O modelo que empregou o processo P-Δ e os
redutores de rigidez prescritos pelo PNLFG apresentou um fator RM2M1 de 1,24,
enquanto o processo de estimativa dos efeitos de segunda ordem utilizando o coeficiente
𝛾𝑧 resultou em um valor de 1,19, representando uma variação de 4,03%. Em relação aos
redutores indicados por Bueno (2014) e Moreira e Martins (2018), os coeficientes 𝛾𝑧
foram iguais a 1,22 e 1,23, respectivamente.

Tabela 6: Resultado Estabilidade Global Modelo T2.


DIREÇÃO T2P2N T2P2B T2P2M T21P2PNLFG T2P3N T2P3B T2P3M T2P3PNLFG
0° e 180° 1,01 1,02 1,02 1,02 1,02 1,03 1,03 1,04
90° e 270° 1,11 1,13 1,13 1,13 1,19 1,22 1,22 1,23
Fonte: Autoria Própria.

A Figura 4 ilustra o gráfico com a variação dos resultados dos coeficientes de


estabilidade global de todos os modelos analisado, no qual é possível observar que a

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.10, n.1, p. 452-469, jan., 2024


Brazilian Journal of Development 466
ISSN: 2525-8761

variação dos redutores de rigidez influenciou em todos os modelos estudados, mesmo nos
modelos considerados de nós fixos. Além disso os resultados demonstram que o
coeficiente 𝛾𝑧 apresenta uma boa estimativa dos efeitos de 2ª ordem, quando considerada
corretamente a rigidez dos elementos estruturais.

Figura 4: Resultado final análise da estabilidade global.

Fonte: Autoria Própria.

6 CONCLUSÕES
No presente trabalho foi avaliado a estimativa dos efeitos de segunda ordem
através do coeficiente 𝛾𝑧 em edificações de dois e três pavimentos. Destaca-se que a
análise da estabilidade global nas estruturas avaliadas apresentou resultados mais
favoráveis quando foram considerados fatores de correção de rigidez inferiores ao
estabelecidos pela NBR 6118 (2023). Observou-se que, em alguns casos, ao considerar
os redutores de rigidez conforme a norma, a estrutura foi classificada como tendo nós
fixos, dispensando a consideração dos efeitos de segunda ordem. No entanto, ao avaliar
a estrutura com diferentes redutores de rigidez, ela foi categorizada como tendo nós
móveis, o que torna obrigatória a consideração dos efeitos de segunda ordem. Desse
modo, os resultados do coeficiente 𝛾𝑧 obtidos ao considerar os redutores de rigidez
indicados por Bueno (2014) mostraram uma menor concordância com os valores de
validação do método P-∆. Em contrapartida, os redutores de rigidez sugeridos por
Moreira (2018) e obtidos por meio do PNLFG se aproximaram mais dos resultados finais
de validação. Diante desse contexto, também foi avaliado a estimativa dos efeitos de 2ª
ordem do coeficiente 𝛾𝑧 através da comparação com os resultados obtidos com a
estimativa do processo P-∆, sendo possível observar que o coeficiente 𝛾𝑧 apresentou uma
pequena variação em relação ao processo P-∆, visto que os esforços obtidos foram

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.10, n.1, p. 452-469, jan., 2024


Brazilian Journal of Development 467
ISSN: 2525-8761

bastante similares em ambos os processos de estimativa, assim, é possível afirmar que


nesse estudo o coeficiente 𝛾𝑧 apresentou uma boa estimativa dos efeitos de segunda ordem
em edificações de pequeno porte. Nesse sentido, destaca-se a importância de realizar
análises mais abrangentes a respeito da consideração dos redutores de rigidez como forma
aproximada da NLF, visto que os valores apresentados por ambos autores estudados
foram bastante distintos. Ademais, foi evidente que a consideração aproximada da NLF
apresenta uma influência significativa nos parâmetros de estabilidade global da estrutura.
Para uma avaliação mais abrangente dos efeitos de segunda ordem em edificações
de pequeno porte, sugere-se a realização de futuros trabalhos que contemplem estruturas
com diferentes configurações estruturais, variações nas dimensões de vigas e pilares, bem
como estruturas assimétricas, aproximando-se de um modelo estrutural real.

AGRADECIMENTO

Os autores agradecem à Universidade Federal do Pampa pelo suporte a esta pesquisa.

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.10, n.1, p. 452-469, jan., 2024


Brazilian Journal of Development 468
ISSN: 2525-8761

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de


estruturas de concreto - procedimento. Rio de Janeiro, 2023.
______ NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto - procedimento. Rio de Janeiro,
2003.
______ NBR 6120: Ações para cálculo de estruturas de edificações. Rio de Janeiro,
2019.
______ NBR 6123: Forças devidas ao vento em edificações. Rio de Janeiro, 1980.
ALVES, E. C.; PAIXÃO, J. F. M. ANÁLISE DE ESTABILIDADE GLOBAL EM
EDIFÍCIOS ALTOS. REEC - Revista Eletrônica de Engenharia Civil, Goiânia, v. 13,
n. 1, 2016. DOI: 10.5216/reec.v13i1.39552.
AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. Building code requirements for structural
concrete (ACI 318-19) and commentary. 2019.
BUENO, M. M. E. Avaliação dos parâmetros de instabilidade global em estruturas
de concreto armado. 251f. Tese (Doutorado em Estruturas e Construção Civil) —
Universidade de Brasília - Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Brasília - DF,
2014.
CARMO, R. M. D. S. Efeitos de segunda ordem em edifícios usuais de concreto
armado. 135 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Estruturas) — Universidade de
São Paulo - Escola de Engenharia de São Carlos, São Carlos -SP, 1995.
DELALIBERA, R. G.; DA SILVA, W. A.; LACERDA, M. M. S.; FLORÊNCIO, Á. C.
Avaliação dos critérios para análise da estabilidade global em edifícios de concreto
armado: estudo de caso. (D.O.I. 10.5216/reec.v9i2.28875). REEC - Revista Eletrônica
de Engenharia Civil, Goiânia, v. 9, n. 2, 2014. DOI: 10.5216/reec.v9i2.28875.
FRANCO, M.; VASCONCELLOS, A. C. Practical assessment of second order effects in
tall buildings. Colloquium on the CEB-FIP MC90, Rio de Janeiro Proceedings,
COPPE/UFRJ, p. 307–323, 1991.
GOMES, B. C.; MARTHA, L. F.; SANTOS, S. H. C. Análise não-linear física de pórticos
em concreto armado com redução da rigidez pelo método aproximado normativo e
método iterativo com diagrama momento-curvatura. In: XXII CONGRESSO
BRASILEIRO DE PONTES E ESTRUTURAS, 12. Rio de Janeiro- RJ. 2021.
KHUNTIA, M.; GHOSH, S. K. Flexural stiffness of reinforced concrete columns and
beams: analytical approach. Structural Journal, ACI, v. 101, n. 3, p. 351–363, 2004.
KIMURA, A. Informática aplicada a estruturas de concreto armado.: Oficina de
Textos, 2018. ISBN 9788579753114.
LIMA, G. de O. Estudo comparativo dos parâmetros de estabilidade em dois tipos de
sistemas de contraventamento adotados em edifícios de concreto armado / Comparative
study of the stability parameters in two types of bracing systems adopted in armed
concrete buildings. Brazilian Journal of Development, [S. l.], v. 5, n. 11, p. 27207–
27225, 2019. DOI: 10.34117/bjdv5n11-332.

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.10, n.1, p. 452-469, jan., 2024


Brazilian Journal of Development 469
ISSN: 2525-8761

MACGREGOR, J. G. Design of slender concrete columns-revisited. ACI Structural


Journal, ACI, v. 90, n. 3, p. 302–309, 1993.
MEDEIROS, S. R. P. Modulo TQS para análise não linear geométrica de pórticos
espaciais. TQSNews Jornal, n. 12, p. 15–18, fev. 1999. TQS. Disponível em:
⟨http://download.tqs.com.br:8080/download/JornalTQS12.pdf⟩
MOREIRA, L. M.; MARTINS, C. H. Estruturas de pequeno porte em concreto armado:
consideração aproximada da não linearidade física para análise da estabilidade global.
Revista IBRACON - Estruturas e Materiais, v. 11, n. 1, p. 1–25, fev. 2018. IBRACON.
SILVA, C. B. P. da; MOTA, A. G.; IZQUIERDO, O. S.; MORAES, M. A. F.;
PINHEIRO, A. da S.; IZQUIERDO, I. S. Influência da localização do núcleo rígido de
edificios de múltiplos pavimentos de concreto armado na estabilidade global das
estruturas / Influence of the location of the hard core of buildings of multiple armed
concrete floors on the global stability of structures. Brazilian Journal of
Development, [S. l.], v. 6, n. 9, p. 65574–65589, 2020. DOI: 10.34117/bjdv6n9-113.
TQS INFORMÁTICA. Manual do usuário do CAD/TQS: análise estrutural. São
Paulo - SP, 2020. Disponível em:
⟨http://docs.tqs.com.br/Docs/Details?id=3177&language= pt-BR⟩.

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.10, n.1, p. 452-469, jan., 2024

Você também pode gostar