028 BJD
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ISSN: 2525-8761
Jaelson Budny
Doutor em Engenharia Civil
Instituição: Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) - campus Alegrete
Endereço: Avenida Tiaraju, 810, Ibirapuitã Alegrete - RS
E-mail: jaelsonbudny@unipampa.edu.br
RESUMO
O coeficiente 𝛾𝑍 é um parâmetro de estabilidade amplamente utilizado no Brasil, contudo
possuí aplicação limitada para 4 pavimentos, devido a orientação da NBR 6118 (2023),
que permite a utilização de redutores de rigidez como consideração aproximada dos
efeitos da não linearidade física (NLF). Objetivo deste trabalho é avaliar a estimativa dos
efeitos de 2ª ordem do coeficiente 𝛾𝑍 em edificações de 2 e 3 pavimentos e, verificar a
influência da variação dos redutores de rigidez nos resultados do coeficiente 𝛾𝑍 . Foram
realizadas simulações no sistema TQS de dois modelos com configurações distintas, em
que os resultados do coeficiente 𝛾𝑧 foram comparados com os obtidos através do processo
P-∆. Os resultados evidenciam que a utilização de fatores de redução de rigidez mais
refinados como estimativa da NLF proporcionou maior precisão na estimativa dos efeitos
de 2ª ordem. Empregando os redutores de rigidez indicados pela NBR 6118 (2023) no
modelo de 2 pavimentos, obteve-se 𝛾𝑧 =1,10, classificando a estrutura como de nós fixos.
Entretanto, ao considerar os demais métodos de redução de rigidez, o coeficiente obtido
foi de 1,13, reclassifcando a estrutura como de nós móveis. Logo, quando a estimativa
dos efeitos da NLF é realizada de forma mais refinada, o coeficiente 𝛾𝑧 oferece uma
estimativa adequada dos efeitos de 2ª ordem para as estruturas estudadas com menos de
4 pavimentos.
ABSTRACT
The γZ coefficient is a stability parameter widely used in Brazil, however, it has limited
application for 4-story buildings due to the orientation of NBR 6118 (2023), which allows
for the use of stiffness reducers as an approximate consideration of the effects of physical
nonlinearity (NLF). The objective of this study is to assess the estimation of the second-
order effects of the γZ coefficient in 2 and 3-story buildings and to investigate the
influence of variations in stiffness reducers on the results of the γZ coefficient.
Simulations were conducted in the TQS system for two models with different
configurations, where the results of the γZ coefficient were compared with those obtained
through the P-Δ process. The results show that using more refined stiffness reduction
factors as an estimate of NLF provided greater accuracy in estimating second-order
effects. By employing the stiffness reducers indicated by NBR 6118 (2023) in the 2-story
model, a γZ value of 1.10 was obtained, classifying the structure as having fixed nodes.
However, when considering other stiffness reduction methods, the obtained coefficient
was 1.13, reclassifying the structure as having mobile nodes. Therefore, when estimating
the effects of NLF in a more refined manner, the γZ coefficient provides an adequate
estimate of second-order effects for the studied structures with fewer than 4 stories.
1 INTRODUÇÃO
A estabilidade de uma estrutura pode ser entendida como a sua capacidade de
manter o equilíbrio sob a incidência de ações verticais e horizontais, uma vez que as ações
provenientes dos deslocamentos horizontais da estrutura geram os efeitos de 2ª ordem,
esses se expressivos podem comprometer a estabilidade da estrutura inviabilizando o seu
uso (CARMO, 1995).
Análise da estabilidade global é um dos principais fatores que permite a
verificação da segurança da estrutura em relação à perda da capacidade resistente,
avaliando a influência dos efeitos de 2ª ordem no deslocamento da estrutura. De acordo
com Carvalho e Pinheiro (2009) os esforços calculados a partir da geometria inicial da
estrutura, sem considerar deformações, são denominados efeitos de 1ª ordem e após o
surgimento das deformações são considerados como efeitos de 2ª ordem. Dessa forma, o
estudo do equilíbrio da estrutura é efetuado considerando a configuração deformada, ou
seja, quando os deslocamentos são levados em conta na análise (KIMURA, 2018).
2 OBJETIVO
O coeficiente 𝛾𝑍 é frequentemente utilizado na avaliação da estabilidade global
por ser um método simples, além de avaliar a sensibilidade da edificação em relação aos
efeitos de 2ª ordem, ele também estima os esforços com boa aproximação. No entanto sua
aplicação restringida a edificações de no mínimo 4 pavimentos ocorrem em razão da
análise aproximada da não linearidade física da NBR 6118 (2023) que trata edificações
com menos de 4 pavimentos como análise específica. Desse modo foi avaliada atuação
dos efeitos de 2ª ordem em uma edificação de concreto armado de pequeno porte,
verificando a possibilidade da utilização do coeficiente 𝛾𝑍 como parâmetro de
estabilidade global em edificações de dois a três pavimentos, analisando
concomitantemente a influência da variação dos redutores de rigidez na estimativa dos
efeitos de segunda ordem.
3 REVISÃO BIBLIOGRAFICA
O coeficiente de estabilidade 𝛾𝑍 foi proposto inicialmente por Franco e
Vasconcelos em 1991, e surgiu com a intenção de simplificar o processo de obtenção dos
esforços de 2ª ordem (LIMA, 2019). Sendo possível verificar a importância desses
esforços, classificando a estrutura em estrutura de nós fixos (𝛾𝑍 ≤ 1,10) ou nós móveis
(𝛾𝑍 > 1,10), sem a necessidade de realizar uma análise de 2ª ordem criteriosa, além de
estimar os esforços com boa aproximação (ALVES; PAIXÃO, 2016). Conforme o item
15.5.3 da NBR 6118 (2023) o coeficiente 𝛾𝑍 pode ser determinado a partir dos resultados
de uma análise linear de 2ª ordem, para cada caso de carregamento segundo a Equação 1,
sendo válido para estruturas reticuladas de no mínimo quatro pavimentos.
1
𝛾𝑍 =
∆ Eq.[1]
1 − 𝑀𝑡𝑜𝑡,𝑑
𝑀1,𝑡𝑜𝑡,𝑑
Sendo:
∆Mtot,d – O momento de tombamento, sou seja, a soma de todas as forças horizontais da combinação
considerada, com seus valores de cálculo, em relação à base da estrutura;
M1,tot,d – É a soma dos produtos de todas as forças verticais atuantes na estrutura, na combinação
considerada, com seus valores de cálculo, pelos deslocamentos horizontais de seus respectivos pontos de
aplicação obtidos de análise de 1ª ordem.
na soma das matrizes de rigidez elástica (Ke), de rigidez geométrica (Kg) e de forças axiais
decorrentes dos deslocamentos nodais (KL) (MEDEIROS, 1999).
Contudo, o processo P-∆ resulta apenas nos esforços solicitantes finais de 2ª
ordem. Desse modo, com intuito de possibilitar a estimativa dos efeitos de 2ª ordem por
meio do processo P-∆ o software TQS criou a relação RM2M1, dado pela Equação 2, a
qual se trata de um coeficiente que avalia o grau de instabilidade da estrutura, no qual M1
é o momento das forças horizontais em relação à base do edifício, e M2 é a resultante do
cálculo P-∆ em uma combinação não linear.
M2
RM2M1 = Eq.[2]
M1
4 METODOLOGIA
Com objetivo de investigar a influência da variação dos redutores de rigidez na
verificação da estabilidade global em edifícios de pequeno porte através do coeficiente
𝛾𝑧 , foi realizado um estudo utilizando o sistema TQS. Neste estudo, foram analisados dois
modelos de edificação com diferentes plantas, como ilustrado na Figura 1. Ambos os
modelos possuem altura de pé-direito de 3 metros e foram avaliados em alturas de dois e
três pavimentos. Além disso, para uma avaliação aproximada da NLF, foram adotadas
diferentes estratégias para abordar os redutores de rigidez, iniciando pelos parâmetros
estabelecidos pela NBR 6118 (2023), bem como as investigações conduzidas por Bueno
(2014) e os estudos e Moreira e Martins (2018). Como método de referência utilizou o
processo do PNLFG, por se tratar modelo rigoroso de análise.
Como método de validação dos resultados foi utilizado o pórtico não linear físico
e geométrico (PNLFG) do sistema TQS, que tratar-se de um modelo espacial composto
por vigas e pilares, com uma discretização refinada em que as vigas e pilares foram
divididos em barras de no máximo 50 cm. A rigidez de cada barra discretizada é
determinada de acordo com a geometria, armaduras detalhadas em cada elemento
estrutural e esforços solicitante obtidos durante o processamento, e a rigidez é obtida a
partir das relações momento curvatura (M-1/r) de cada barra. O processo de identificação
dos redutores de rigidez de cada modelo é ilustrado pelo fluxograma apresentado na
Figura 2.
Após o dimensionamento dos elementos estruturais foi realizado o processamento
do PNLFG para obter o coeficiente médio de rigidez das vigas e pilares. Em seguida, os
coeficientes de rigidez iniciais da estrutura foram ajustados no critério do sistema e a
estrutura foi redimensionada. Após o redimensionamento, o PNLFG foi novamente
executado. Este processo foi repetido iterativamente até que não fossem observadas mais
variações nos redutores em comparação com a iteração anterior.
5 RESULTADOS
5.1 RESULTADOS NLF
A Tabela 3 apresenta os resultados obtidos no processamento do PNLFG nos
modelos T1 e T2, cada estrutura foi analisada de forma individual através do processo
ilustrado na Figura 2. Em todas as simulações houve uma redução em ambos os fatores
em relação a rigidez inicial.
Os resultados provenientes das simulações das estruturas T2, com dois e três
pavimentos, estão apresentados na Tabela 6. Ao analisar os dados do modelo T2 na
direção horizontal (0° e 180°), não se observou uma variação significativa da estimativa
dos efeitos de 2ª ordem em relação a variação dos redutores de rigidez, tanto nas estruturas
com 2 pavimentos quanto nas estruturas de 3 pavimentos. A direção horizontal, por sua
vez, exibe um maior número de pórticos de contraventamento em comparação à direção
vertical, conferindo assim maior estabilidade. No entanto, é possível notar que a variação
na rigidez resultou em um aumento do fator de estabilidade, ainda que esta seja
insignificante. Os resultados analisados na direção vertical do modelo T2, com dois
pavimentos, apresentaram o mesmo comportamento descrito anteriormente para o
modelo T1. O modelo simulado com o emprego dos redutores de rigidez recomendados
pela norma NBR 6118 (2023) exibiu um coeficiente 𝛾𝑧 igual a 1,11, em contraste com os
modelos simulados utilizando outros redutores de rigidez, que apresentaram 𝛾𝑧 de 1,13.
No caso do modelo T2, com três pavimentos, a variação nos redutores de rigidez
teve um impacto mais significativo. O modelo que empregou o processo P-Δ e os
redutores de rigidez prescritos pelo PNLFG apresentou um fator RM2M1 de 1,24,
enquanto o processo de estimativa dos efeitos de segunda ordem utilizando o coeficiente
𝛾𝑧 resultou em um valor de 1,19, representando uma variação de 4,03%. Em relação aos
redutores indicados por Bueno (2014) e Moreira e Martins (2018), os coeficientes 𝛾𝑧
foram iguais a 1,22 e 1,23, respectivamente.
variação dos redutores de rigidez influenciou em todos os modelos estudados, mesmo nos
modelos considerados de nós fixos. Além disso os resultados demonstram que o
coeficiente 𝛾𝑧 apresenta uma boa estimativa dos efeitos de 2ª ordem, quando considerada
corretamente a rigidez dos elementos estruturais.
6 CONCLUSÕES
No presente trabalho foi avaliado a estimativa dos efeitos de segunda ordem
através do coeficiente 𝛾𝑧 em edificações de dois e três pavimentos. Destaca-se que a
análise da estabilidade global nas estruturas avaliadas apresentou resultados mais
favoráveis quando foram considerados fatores de correção de rigidez inferiores ao
estabelecidos pela NBR 6118 (2023). Observou-se que, em alguns casos, ao considerar
os redutores de rigidez conforme a norma, a estrutura foi classificada como tendo nós
fixos, dispensando a consideração dos efeitos de segunda ordem. No entanto, ao avaliar
a estrutura com diferentes redutores de rigidez, ela foi categorizada como tendo nós
móveis, o que torna obrigatória a consideração dos efeitos de segunda ordem. Desse
modo, os resultados do coeficiente 𝛾𝑧 obtidos ao considerar os redutores de rigidez
indicados por Bueno (2014) mostraram uma menor concordância com os valores de
validação do método P-∆. Em contrapartida, os redutores de rigidez sugeridos por
Moreira (2018) e obtidos por meio do PNLFG se aproximaram mais dos resultados finais
de validação. Diante desse contexto, também foi avaliado a estimativa dos efeitos de 2ª
ordem do coeficiente 𝛾𝑧 através da comparação com os resultados obtidos com a
estimativa do processo P-∆, sendo possível observar que o coeficiente 𝛾𝑧 apresentou uma
pequena variação em relação ao processo P-∆, visto que os esforços obtidos foram
AGRADECIMENTO
REFERÊNCIAS