Botanica Sistematica Ercilia 2

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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Filogenia Vegetal no Domínio Eucariótico

Nome da Estudante: Ercilia Francisco


Código: 708211441

Nome do Docente: Jorge Augusto Carvalho

Curso: Licenciatura em Ensino de Biologia


Disciplina: Botânica Sistemática
Ano de Frequência: 2º Ano, Turma N

Quelimane, Novembro, 2022


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 Índice 0.5
 Introdução 0.5
Aspectos
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organizacionais
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 2.0
problema)
Introdução  Descrição dos
1.0
objectivos
 Metodologia adequada
2.0
ao objecto do trabalho
 Articulação e domínio
do discurso académico
Conteúdo (expressão escrita 3.0
cuidada, coerência /
Análise e coesão textual)
discussão  Revisão bibliográfica
nacional e internacional
2.0
relevante na área de
estudo
 Exploração dos dados 2.5
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
Aspectos tamanho de letra,
Formatação 1.0
gerais parágrafo, espaçamento
entre linhas
Normas APA
 Rigor e coerência das
Referências 6ª edição em
citações/referências 2.0
Bibliográficas citações e
bibliográficas
bibliografia
Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor

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Índice
Introdução ............................................................................................................................................ 2

Objectivo geral: .................................................................................................................................... 2

Objectivos específicos:......................................................................................................................... 2

Metodologia ......................................................................................................................................... 2

1. Grupos da filogenia vegetal no domínio eucariótico.................................................................... 3

2. Novidades evolutivas dos grupos na filogenia vegetal no domínio eucariótico .......................... 5

3. Esboço de um cladograma dos grupos vegetais no dominio eucariótico ................................... 13

Conclusão ........................................................................................................................................... 14

Referências Bibliográficas ................................................................................................................. 15

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Introdução
A taxonomia é utilizada em áreas da ciência conhecidas como Sistemática e Filogenia.
Enquanto a Sistemática entende a organização e complexidade da diversidade biológica. A
Filogenia afasta ou aproxima estes organismos de acordo com as características que
apresentam, sugerindo relações de parentesco entre estes organismos e indicado a origem a
partir de um ancestral comum. Com isso, esboçando um perfil histórico e evolutivo dos
organismos.

Em biologia, filogenia (ou filogênese) é o estudo da relação evolutiva entre grupos de


organismos (por exemplo, espécies, populações), que é descoberto por meio de
sequenciamento de dados moleculares e matrizes de dados morfológicos. O termo
filogenética deriva dos termos gregos File e Filon, denotando "tribo" e "raça", e o termo
genético, denotando "em relação ao nascimento", da gênese "origem" ou "nascimento".

O resultado dos estudos filogenéticos é a história evolutiva dos grupos taxonômicos, ou


seja, sua filogenia. O presente trabalho de Botânica sistemática aborda a filogenia vegetal
no domínio eucariótico, de modo a responder aos seguintes objectivos:

Objectivo geral:
Apresentar a Filogenia vegetal no dominio eucaritico.

Objectivos específicos:.
 Identificar os grupos da filogenia vegetal no domínio eucariótico;

 Descrever os grupos da filogenia vegetal no domínio eucariótico;

 Explicar as novidades evolutivas dos grupos na filogenia vegetal no domínio


eucariótico

 Esboçar um cladograma dos grupos vegetais no domínio eucariótico

Metodologia
Para o alcance destes objectivos foi adoptada uma metodologia assente numa pesquisa
bibliográfica que inclui diversos autores devidamente citados ao longo do texto e
mencionados na bibliografia final deste trabalho. A pesquisa bibliográfica se caracteriza por
ser a leitura de livros, artigos académicos, jornais ou qual outro material de cunho técnico
ou académico com, e, neste trabalho teve o propósito de fazer sustentar o tema em estudo.

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1. Grupos da filogenia vegetal no domínio eucariótico
De acordo com Amaral e Silva (2001) o Reino Plantae tem 12 divisões:

 Briófitos - musgos, hepáticas e antocerotas;


 Pteridófitos - psilotófitos, licófitos, cavalinhas e fetos;
 Gimnospérmicas - cicas, ginkgo, coníferas e gnetófitos e
 Angiospérmicas.

Para Judd (2009) o grupo das pteridófitas vivas ainda hoje compreende as avencas,
samambaias, licopódios, cavalinhas, pinheirinhos, selaginelas, eqüissetos e rabo de lagarto.
Sendo os eqüissetos psilotos e samambaias grupos monofiléticos e constituem linhagens
mais próximas as plantas com sementes.

Pteridófitas apresentam sequencias evolutivas interessantes, abrangendo membros sem


folhas e com pequenas escamas nos Psilotos atuais, representantes com folhas simples e
pequenas de única nervura como folhas micrópila de licopódio, folhas com poucas nervuras
e bifurcadas e folhas complexas como em algumas samambaias.

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A condução era feita pelo cilindro central, ou estelo. Os fósseis mostram que o cilindro
central era delgado, com um cordão de células condutoras de água, rodeado por células que
conduziam fluidos no sentido oposto, o propostelo (seiva elaborada), formado por células
alongadas revestidas de celulose em forma de anel. Em pteridófitas o estelo permite montar
a sequencia supostamente evolutiva, a medida que o diâmetro do caule aumenta e que as
folhas surgem a massa de elementos condutores de água e sais aumenta proporcionalmente
(Amaral e Silva, 2001).

Evolutivamente os tecidos xilemáticos foram aumentando sua resistência ao longo das eras
geológicas garantindo resistência a pressão derivada do crescimento da planta em extensão
e espessura, se especializando na condução da seiva bruta. Essa resistência é dada graças ao
espessamento dos elementos de vaso pela deposição de celulose e lignina nas células
alongadas.

As primeiras pteridófitas e as mais antigas pertenceram ao grupo das Psiphytopsida, grupo


que se originou a 300 milhões de anos. Plantas de pequenas dimensões de caule bifurcado
delgado com pequenas escamas, com a presença de algas em alguns casos, sem folhas e
raízes verdadeiras com uma porção prostada e rizomatosa.

Outras pteridófitas de grande importâncias evolutiva foram as Lycopsida. Plantas de


pequenas dimensões que abrange obviamente os licopódios e selaginelas. As licopodófitas
tiveram seu período de radiação no Paleolítico com gêneros fósseis de grandes dimensões e
foi a forma de vegetação dominante especialmente no carbonífero com os licopódios
gigantes Lepipodendrone Sigillaria, plantas nas quais explicam o nome do período, pela
grande concentração de carbono proveniente do processo de fossilização desses organismos.

De acordo com Ihering (2000) ainda há a classe Psilotopsida , cuja simplicidade


morfológica se assemelha bastante com as psilofitopsida, podendo ter surgido a partir da
redução ou convergência com o grupo das Rhynias. Juntamente com os licopódios, os
equissetos também foram abundantes no Paleozóico chegando a vários metros de altura com
os gêneros Calamostachys, Camalimtes e Equisetum, assim foi igualmente como as
pteropsida.

Os primeiros grupos a apresentarem sementes foram as Pteridospermae que foram muito


freqüentes no Carbonífero eram semelhantes a samambaias gigantes, sendo que seu ginófito

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se desenvolvia dentro do esporângio formando um óvulo protegido por um tegumento que
possibilita a formação de semente.

Outro grupo também consiste na Progimnospermas que se reproduziam por esporos, mas
que apresentavam o desenvolvimento secundário em espessura e xilemático mais expressivo
encontrado nas gimnospermas.

Para Judd (2009) o ancestral das Gimnospermae ou Pinophyta e originou-se no Carbonífero


e/ou Devoniano por volta de 350 milhões de anos, e foram gradualmente ganhando um
xilema desenvolvido e grande arborescência, mudando a composição do solo conquistando
desde então tendo seu pico de radiação no Permiano. Análises filogenéticas dividem esses
organismos em duas linhagens.

A primeira Lycopophytina que inclui licopódios com semelhanças com algumas


gimnospermas, o segundo grupo Euphylophytina que abarca todas as outras plantas
vasculares. As gimnospermas são classificadas em 3 classes principais. As Cycadopsida,
representada por uma dezena de gêneros. Surgiram no Mesozóico, era das cicadáceas, foi o
primeiro grupo a ter sementes após as pteridospermas.

Outro grupo que se encaixa aqui é a Ginkgoales, grupo da Ginkgo biloba que constitui um
caso de evolução lenta e conservativa já que seus representantes fósseis. As Coníferas da
classe Pinopsida já estavam presentes no Carbonífero, e proliferam de forma gradual no
permiano, período considerado mais árido. E Gnetopsida grupo de poucos representantes
viventes na Namíbia e algusn no Brasil.

As angiospermas surgiram no Cretáceo a 130 milhões de anos e no espaço de alguns


milhões de anos alcançaram uma diversidade muito grande em todas altitudes e latitudes
alcançando até os insetos e fungos que apresentam uma diversidade enorme. Hoje
apresentam mais de 250 mil espécies. A presença de esporopolenina no pólen das
angiosperma explica porque os grãos se fossilizam com facilidade.

2. Novidades evolutivas dos grupos na filogenia vegetal no domínio eucariótico

Quando observarmos a nossa volta, logo perceberemos que a maioria das plantas que vemos
são as que produzem flores e frutos. A vantagem de número de espécies nesse grupo em
relação ao número das que pertencem a outros é imensa – 90% das plantas atuais. Essa

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discrepância não é por acaso, pois essas plantas são dotadas de grandes exclusividades
evolutivas vantajosas para a perpetuação e permanência de seus representantes no ambiente.
Para entendermos o grande sucesso das plantas em seus ambientes, precisamos fazer um
pequeno resgate evolutivo, desde algas até as plantas vasculares mais complexas.

Segundo Ihering (2000) a linhagem que originou as plantas terrestres evoluiu do ambiente
aquático. Algumas algas carófitas que habitavam águas rasas das margens de lagos estavam
sujeitas a períodos de secas. Nesse (e em ambientes similares), a seleção natural favorece os
indivíduos que são capazes de sobreviver nos períodos de escassez de água.

O zigoto dessas algas, na falta de água, é protegido da dessecação por uma camada de uma
substância chamada esporopolenina – mesma substância encontrada em grãos de pólen. O
acúmulo dessas características em pelo menos uma população ancestral de carófitas, tornou
seus descendentes aptos a viverem de forma permanente fora da água. De acordo com
Amaral e Silva (2001) essa grande novidade evolutiva permitiu a conquista do hábitat
terrestre, que oferecia inúmeras vantagens:

 O ar não oferece a mesma turbidez que a água;

 Não existia a competição por luz com o plâncton;

 O dióxido de carbono é mais abundante em terra do que na água, pois na água sua
solubilidade é restrita;

 O solo é mais rico em nutrientes;

 Naquele tempo haviam poucos herbívoros e patógenos.

O custo para alcançar esses novos recursos estavam longe de ser considerado baixo. Na
conquista do ambiente terrestre, alguns desafios importantes precisavam ser transpostos:

 A relativa escassez de água;

 A dessecação das plantas fora da água;

 Falta de uma estrutura resistente à gravidade.

A conquista do ambiente terrestre só seria possível se os talos emersos fossem


impermeabilizados. Tal condição foi alcançada através de uma camada de substâncias
lipídicas (ceras principalmente) na superfície das primeiras plantas terrestres. Mas a

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impermeabilização criava outro problema: as trocas gasosas ficaram restringidas. Essa
limitação só foi contornada pelo aparecimento dos estômatos – conjuntos celulares capazes
de controlar a abertura e fechamento de um poro, permitindo as trocas gasosas.

Segundo Judd (2009) as plantas puderam se diversificar enquanto suas adaptações foram
ocorrendo, possibilitando que prosperassem apesar de todos os desafios. A conquista da
terra pelos vegetais modificou profundamente aspectos geomorfológicos e geoquímicos do
nosso planeta, afetando também, a evolução de todos os outros grupos de seres vivos sobre
a Terra.

Apesar de o ancestral de todas as formas terrestres já ser uma alga verde pluricelular, a sua
estrutura corpórea seria um simples talo essencialmente indiferenciado. Em ambiente
aquático, o restante de seu corpo é uniforme na maioria dos grupos de algas, exceto pelas
suas estruturas de fixação no substrato e reprodução. A absorção de sais, a fotossíntese e
alguns outros processos fisiológicos são realizados em um mesmo tecido, e não apresentam
órgãos especializados. As algas não possuem organização acentuada, não desenvolvendo
raízes, caules ou folhas propriamente ditas.

Durante milhões de anos, os tecidos vegetais estiveram submersos na água, realizando todas
as suas trocas gasosas e de nutrientes por todas as partes do vegetal. Aquelas primeiras
espécies que foram capazes de dominar o ambiente terrestre não apresentavam raízes
verdadeiras ou folhas. Sem as raízes elas não poderiam absorver nutrientes do solo. Mas,
fósseis de aproximadamente 420 milhões de anos mostram uma adaptação que as teria
ajudado a resolver esse problema: formavam associações simbiônticas com alguns fungos.

Essas associações eram similares àquelas que conhecemos atualmente, chamadas de


micorrizas. Os fungos micorrízicos conseguem formar grandes redes de filamentos no solo,
aumentando a capacidade de absorção de nutrientes, quando comparados com o que a planta
conseguiria absorver sozinha. O fungo passa a transferir nutrientes para a planta simbionte e
este processo teria ajudado as plantas sem as raízes a colonizarem o ambiente terrestre.

O gênero fóssil Cooksonia, considerado a primeira planta terrestre, não ultrapassava 5 cm


de altura e, provavelmente, sobrevivia submerso em substrato enlameado. Ocasionalmente,
desenvolvia estruturas reprodutivas no ápice do talo. Muito possivelmente, as porções
subterrâneas tinham uma menor impermeabilização e absorviam água e sais minerais da

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lama, ao passo que as porções emersas possuíam maior impermeabilização e faziam a maior
parte da fotossíntese.

Deste ponto evolutivo, as plantas lidaram com o caráter ambíguo do novo ambiente em
relação aos recursos para a manutenção da vida vegetal. Luz e CO2 precisavam ser obtidos
diretamente do meio aéreo. Componentes minerais, bem como a água, são encontrados na
superfície da terra.

Dessa forma, os ramos que realizavam fotossíntese deveriam crescer em direção à luz
(fototropismo positivo e geotropismo negativo), e órgãos responsáveis pela absorção
precisariam crescer para baixo (geotropismo positivo e fototropismo negativo). Esses
aspectos foram fundamentais para a especialização apresentada pelas plantas terrestres,
permitindo uma ampla diversificação de estruturas. Esse ambiente ambíguo selecionou as
espécies de modo a torná-las compostas por dois compartimentos fisiológicos e padrões de
crescimento distintos. De um lado, um sistema aéreo que se eleva em direção à luz,
portando, ocasionalmente, estruturas de reprodução gâmica. De outro lado, um sistema
absortivo e fixador, que cresce de forma subterrânea.

Segundo Amaral e Silva (2001) para vencer a gravidade, os ramos aéreos precisaram
desenvolver tecidos de sustentação resistentes, permitindo o crescimento fototrópico
positivo e, quanto mais distantes do solo, melhor impermeabilizados deveriam ser e, os
subterrâneos deveriam crescer em busca de sais e água. Apesar da necessidade da
integração dos ramos, eles crescem em direções opostas numa relação de dependência
muito grande. Os ramos absortivos dependem dos produtos da fotossíntese nos aéreos,
enquanto as partes aéreas necessitam da água e dos sais absorvidos pelos ramos
subterrâneos. Daí surgiram os vasos condutores de seiva.

Entretanto, as primeiras plantas não apresentavam sistemas vasculares para o transporte de


seiva, assim como alguns exemplares atuais – as briófitas. O termo briófita é utilizado
informalmente para se referir a todas as plantas avasculares - hepáticas, antóceros e musgos.

As briófitas são plantas atuais que adquiriram várias adaptações durante o curso da
evolução, mas não analisaremos a fundo as espécies de transição. Mesmo assim,
provavelmente ainda trazem consigo, características das primeiras plantas terrestres. As
briófitas são plantas de tamanho bastante reduzido, face à ausência de tecido vascular, que
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tornaria possível o transporte de água e nutrientes por distâncias maiores. Por possuir uma
estrutura muito fina em seus órgãos, elas conseguem fazer a distribuição de materiais
mesmo na ausência de tecido especializado, o qual é feito célula a célula. Alguns musgos
como os Polytrichum, possuem tecidos de condução no caule e, por isso, são capazes de
crescer até 2 metros de altura.

Neste ponto, os principais problemas para a colonização da terra já haviam sido resolvidos e
as espécies de linhagens bem sucedidas competem por espaço nesse novo nicho ecológico.
Apenas em samambaias e outras plantas vasculares sem sementes podemos vê-las atingindo
alturas consideráveis. Nos primeiros 100 milhões de anos da evolução das plantas, a
vegetação predominante era assemelhada às briófitas. Mas, em paisagens atuais, o amplo
domínio é das plantas vasculares (Ihering, 2000).

Fósseis de ancestrais dos vegetais vasculares que vivem atualmente datam


aproximadamente 420 milhões de anos e, apesar de não ultrapassarem os 50 cm de altura,
sua ramificação permitiu a existência de corpos mais complexos os quais, por sua vez,
ampliava a competição por espaço e luz, na medida em que aumentavam em complexidade,
favorecendo as plantas vasculares.

Um dos maiores passos para a conquista definitiva do ambiente terrestre foi o


desenvolvimento de um tecido capaz de promover a sustentação e condução para as plantas
mais altas. Essas plantas ancestrais das já apresentavam algumas características presentes
hoje, mas ainda precisavam de outras adaptações, como vasos condutores mais eficientes e
raízes e folhas bem desenvolvidas. Precisamos relembrar neste momento, o conceito básico
de que as plantas vasculares apresentam dois tipos de condução: xilema e floema.

O xilema conduz a maior parte de sais minerais e água sendo um tecido altamente
lignificado e resistente. Já o floema, transporta pela planta açúcares, aminoácidos e outros
produtos orgânicos. Esses tecidos foram responsáveis pelas plantas crescerem em altura. Os
caules tornaram-se suficientemente fortes para sustentar as estruturas, além do já
mencionado fato de levarem água, sais minerais e nutrientes orgânicos para todo o corpo
vegetal além dos limites do solo. Esse crescimento em altura foi uma novidade evolutiva
muito grande e importante, ampliando o acesso à luz solar (necessária à fotossíntese) em
relação às plantas menores, sendo uma das maiores vantagem das plantas vasculares sobre
as avasculares.

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De acordo com Judd (2009) a competição entre as próprias plantas vasculares se
intensificou e a seleção natural favoreceu as formas de maior crescimento, possibilitando o
surgimento de formas cada vez mais arborescentes e que originariam as primeiras florestas
há cerca de 370 milhões de anos.

Já no lugar das estruturas absortivas conhecidas nas briófitas por rizóides, a maioria das
plantas vasculares desenvolveram raízes. Além de absorver água e nutrientes do solo, as
raízes servem para fixação das plantas vasculares. Ainda não se sabe se elas evoluíram de
forma única ou independente. Mas, por conta da semelhança entre tecidos das raízes das
plantas atuais com os de caules de vegetais vasculares primitivos preservados em fósseis,
acredita-se que as raízes talvez tenham evoluído a partir de porções subterrâneas do caule
das vasculares primitivas.

As folhas proporcionaram um aumento da área do corpo vegetal, ampliando a capacidade


fotossintética das plantas vasculares. Estruturas foliares chamadas de microfilos aparecem,
pela primeira vez, há cerca de 370 milhões de anos atrás. Já os macrofilos - folhas com
sistema vascular altamente ramificado, podem ter evoluído de ramificações do caule. Uma
ramificação cresce em comprimento, e as inferiores tornaram-se achatadas, desenvolvendo
uma rede de nervuras que fazia ligação entre elas. Todas as ramificações unidas formam
uma folha.

Quando as espécies com sementes se estabeleceram, conseguiram alterar drasticamente o


curso da evolução vegetal. A semente nada mais é do que o embrião protegido por um
envoltório e com uma grande quantidade de reserva energética. Quando estas estão prontas
para germinar, as são liberadas pelas plantas parentais por meio de agentes dispersores.
Fazendo uma analogia, a semente seria uma versão destacável do útero de uma mulher
grávida, pois é capaz de nutrir e proteger o embrião, além de poder ser levada para longe da
mãe. As sementes ajudaram esse grupo vegetal a dominar amplamente o ambiente terrestre,
compondo a maior parte da biodiversidade deste reino.

De acordo com Amaral e Silva (2001) as briófitas e pteridófitas dependem essencialmente


de água para a sua reprodução, já que o gameta masculino (anterozóide) precisa nadar até o
gameta feminino (oosfera) para fecundá-lo e a distância entre os gametas raramente excede
alguns poucos centímetros. Logo, na inexistência ou escassez desse elemento a dificuldade
de reprodução para esses grupos vegetais é eminente. Em plantas com semente, uma
estrutura foi capaz de contornar essa dificuldade de reprodução em condições de falta
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d’água: o pólen. Consiste em um gameta masculino envolvido por uma parede polínica. A
transferência do pólen até a parte de uma planta com sementes que contém óvulos é
denominada polinização. O gameta masculino na maioria das gimnospermas e em todas as
angiospermas não possui mobilidade, o que não é uma desvantagem, já que o gameta pode
ser transportado, como já dito, por vários agentes.

Após o gameta masculino fecundar a oosfera de uma planta feminina, o óvulo inteiro se
desenvolve em semente, agregando algumas, pois o embrião vem acompanhado de reserva
alimentar e embrulhado em um envoltório de proteção. Até o surgimento desta estrutura, o
único estágio de proteção do embrião era o esporo.

E mesmo apesar de os musgos e outras plantas sem sementes continuarem a ter sucesso
atualmente apenas com os esporos, as sementes representam a principal novidade evolutiva
que contribuiu para novos modos de vida para as plantas. Quando analisamos as vantagens
das sementes em relação aos esporos, além da já citada presença de reserva alimentar,
vemos que os esporos são geralmente unicelulares e as sementes apresentam uma camada
de tecido multicelular - a casca que fornece proteção extra para o embrião. Com todas essas
características, as sementes podem ficar adormecidas por vários dias, meses ou até anos
depois de separadas da planta mãe o que não ocorre com os esporos, que tem uma vida
muito mais curta.

As primeiras plantas a apresentarem sementes são ainda anteriores as gimnospermas, mas já


se extinguiram, assim como várias linhagens surgidas mais tarde. Seus fósseis datam de
aproximadamente 360 milhões de anos. Já os primeiros vestígios de angiospermas datam
305 milhões de anos. Essas plantas viveram junto das vasculares sem sementes, e sua
expansão provocou a extinção de uma boa parte destas, modificando drasticamente a flora e
a fauna da época.

Nesse período (a transição do Carbonífero para o Permiano), as condições climáticas eram


mais secas e isso favoreceu as gimnospermas e afetou a vida de animais terrestres também.
Os anfíbios diminuíram em diversidade e foram substituídos pelos répteis. Como as plantas
vasculares sem sementes dependem diretamente da água, estas sofreram uma grande
extinção. As gimnospermas dotadas das características essências para a vida em terra firme
– pólen e semente – conseguiram prosperar. Durante o Mesozóico, serviram de alimento
para os grandes dinossauros herbívoros. O final desta era é marcado pela extinção em massa
da maioria dos dinossauros e de muitos grupos de animais. Nos tempos atuais, as
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angiospermas são os vegetais com maior diversidade e mais amplamente distribuídas –
250.000 espécies (90% das espécies).

As flores das angiospermas são estruturas especializadas para reprodução sexual. Insetos e
outros animais transferem o pólen de uma flor para outra, tornando a polinização mais
direcionada do que a dependente do vento verificada nas angiospermas. As pétalas de uma
flor são vivamente coloridas, auxiliando na atração de polinizadores. Das flores,
desenvolve-se um fruto que consiste tipicamente um ovário maduro, embora possa incluir
outras partes florais. Os frutos protegem as sementes em dormência e auxiliam na sua
dispersão.

Em algumas angiospermas, os frutos funcionam como estruturas “voadoras” que auxiliam a


dispersão pelo vento. No caso do coco, são adaptados à dispersão pela água. Existem
angiospermas que produzem frutos comestíveis, com sabor adocicado e bastante coloridos,
anunciando sua maturação. Após ingerir o fruto, os animais fazem a digestão da parte
carnosa, mas a semente permanece intacta. Os animais podem depositar as sementes -
juntamente com uma quantidade boa de fertilizante natural - há muitos quilômetros do local
onde o fruto fora ingerido.

As angiospermas e suas características evolutivas vantajosas, surgiram há pelo menos 140


milhões de anos durante o Mesozóico superior. E no cretáceo médio (há 100 milhões de
anos), começaram a dominar vários ecossistemas terrestres. As paisagens foram
modificadas drasticamente quando as outras plantas perderam espaço para as
angiospermas.

A colonização da terra por animais também têm influenciado a evolução das plantas
terrestres e vice-versa. Os herbívoros podem reduzir o número de indivíduos de uma espécie
por comer suas folhas, raízes ou sementes. Mas se uma nova e eficiente defesa surgir contra
herbívoros, essas plantas podem ser favorecidas por seleção natural. Plantas, polinizadores e
outras interações mutuamente benéficas, podem ter efeitos similares. Essa relação, e até
mesmo com os agentes dispersores de sementes, contribuíram para o aumento e domínio
das plantas com flores no período Cretáceo e para a importância das angiospermas nas
comunidades ecológicas.

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3. Esboço de um cladograma dos grupos vegetais no dominio eucariótico

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Conclusão

A realização deste trabalho permitiu perceber que a identificação das plantas constitui-se em
um passo inicial para o seu arranjo em grupos. Em decorrência do arranjo coerente das
entidades taxonômicas, seguindo uma determinada sequência hierárquica, teremos outro
tipo de trabalho botânico: a criação de um Sistema de Classificação. Inicialmente, o
objetivo da Classificação era organizar as plantas em categorias – ou táxons.
Posteriormente, passou-se a respeitar as relações evolutivas, em uma organização mais
natural.

Assim, o significado da Sistemática Vegetal, ao longo do tempo, evoluiu de uma disciplina


restrita à arte de classificar as espécies, para uma disciplina extremamente vasta, cobrindo
praticamente todos os campos da Biologia Comparada. Hoje, não considera os seres vivos
como um mosaico de espécies justapostas, mas sim como uma rede filogenética tecida pela
evolução e, portanto, dotada de uma dimensão histórica. Essa visão é registrada através dos
sistemas filogenéticos de classificação, os quais agrupam as plantas utilizando critérios não
apenas morfológicos, mas também dados paleontológicos, anatômicos, bioquímicos e
citogenéticos.

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Referências Bibliográficas

Amaral, L. G. e Silva, F. A. (2001). Ecologia vegetal e Botânica. Florianópolis: Laboratório


de Ensino a Distância/UFSC.

Ihering, H. V. (2000). Biologia das Plantas. São Paulo, Secretaria da Agricultura, Indústria
e Commércio do Estado de São Paulo.

Judd, W. S. (2009). Plant Systematics. A phylogenetic approach. Sunderland,


Massachussets: Sinauer Associates, Inc.

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