Lenoir - Síntese

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Governo do Estado do Ceará Secretaria da Ciência Tecnologia e

Educação Superior Universidade Estadual do Ceará – UECE


Centro de Humanidades Centro de Estudos Sociais Aplicados
Programa de Pós-Graduação em Sociologia

Alunos: Isabela Rodé de Brito, Guilherme Ximenes Castelo Branco, Maria Gecilda Freire
Síntese: O Objeto Sociológico e Problema Social, por Remi Lenoir

O Objeto Sociológico e Problema Social

A sociologia surge, desde sua formação na revolução industrial, para atender a


demanda de compreender, resolver/solucionar os problemas sociais. Desde a anomia em
Durkheim, os sociólogos se debruçam sobre questões como pobreza, por exemplo.
A primeira dificuldade encontrada pelo sócio sociólogo advém das definições pré
estabelecidas, que cabe ao pesquisador retirar, nos termos durkheimianos, o véu que
separa as coisas e nós. Esse véu seriam as pré-noções, ou leituras de mundo que não
partem do cientifico, mas do senso comum ou outras coisas sensíveis. Mas Durkheim
considera que essas “pré-noções” são um ajustamento que faz com que a sociedade seja
coesa (ajustamento prático). Outro ponto a ser considerado a fomento desta, é o trabalho
social, o qual se constitui a partir das formas de soluções elencadas para este problema

1 A realidade pré-construída e construção do objeto sociológico.


O autor pontua que Herbert Blumer considera que as definições reducionistas
acerca dos “problemas sociais” não poderiam ser consideradas, tendo em vista que sempre
se trataria de algo mutável. Os problemas sociais variam de acordo com o tempo, local e
podem desaparecer. (Ex. Da pobreza nos EUA). Outro é a idade, que pode ser abordada
de diversas forma. É com o exemplo da Idade (e família) que o autor vai demonstrando a
construção do problema sociológico, se distanciando de uma análise reducionista.

1.1 – Uma categoria “natural”: a idade –


Ele começa desnaturalizando a idade. Ela serve como medidor do
desenvolvimento biológico, mas não é um dado universal (uma pessoa isolada não
saberia que idade tem), não tem corpo em si. Ela foi construída na França nos
registros paroquiais. A idade. É percebida de diferentes formas, a depender do
contexto que está sendo observado. É idade não numerológica (crianças, jovens,
adultos, idosos), numa situação de guerra, ou imigração, etc. Essa categoria existe
por conta dos critérios de classificação associadas às instituições que estabelecem
esses imites para a instituição operar dentro dos seus parâmetros. O autor pontua o
conflito entre as gerações e a sucessão de poder que existem entre elas, como se
houvesse uma inadequação para ocupação dos papéis. Também apresenta “O que
define que a pessoa se torna idosa?”, e discorre acerca do assunto sobre uma postura
analítica de que o avanço dessa idade se estabelece nas relações do sujeito e na sua
funcionalidade, tida como “produtividade”.
1.2 - Inconsciente semântico e objeto pré-construído: família - o que significar dizer
família? Uma pessoa de família. Formas de família. Algo familiar (bom). Nesse
momento do texto o autor faz uma espécie de genealogia da família. Explica a família
como um produto do trabalho social, variando na formação de cada família e a função
dos seus integrantes. Caracteriza a família como um grupo de representação social, a
partir dessas composições, nos fazendo refletir sobre a noção de “família” , não
excluindo a gênese desta.

2 - Fundamento social das categorias pré-construídas

Pontua sobre a sociologia da noção (sobre o objeto pesquisado) como o próprio


objeto de pesquisa, tendo em vista as variadas definições da sociedade a respeito deste
antes de não ser um problema social. Explana como uma genealogia das idades até chegar
a velhice e surgir uma seara que contribuem para as vivências dos agentes que fazem
parte dessa categoria.

“A PROBLEMÁTICA DA PESQUISA ENCONTRA-SE EM CONTINUIDADE DIRETA COM A PERCEPÇÃO SOCIAL


PREVIAMENTE CONSTITUÍDA A RESPEITO DO IMIGRANTE: AQUELE QUE PROVOCA O PROBLEMA E TAMBÉM
LEVANTA OS PROBLEMAS QUE TÊM QUE SER RESOLVIDOS POR UMA SOCIEDADE.”
ET AL A.SAYAD, 1986
A pesquisa se torna um continuum. Sempre haverá algo a ser analisado a partir do
surgimento dessa categoria e a percepção social acerca disso. O sociólogo se esbarra não
é tanto referente ao próprio objeto, mas aos agentes que determina a velhice, que ele
próprio faz parte. Então no primeiro momento, afim de superar esse obstáculo, o
sociólogo já faz seu primeiro estudo desse campo (o que os agentes dizem). (P.77)

2.1 transformações morfológicas e econômicas

Movimento social a partir do surgimento de um problema particular que envolve


um campo e, consequentemente se torna um problema social.
A velhice como problema social surgiu na classe operária na sociedade capitalista.
Quem vai pagar “bancar” o idoso? A velhice é associada a invalidez.

2.2 problema social e formas de solidariedade


O sociólogo, olhando mais profundamente o objeto pesquisado, percebe que não
se trata de um envelhecimento demográfico, mas se as novas gerações de operários iriam
assumir o papel das anteriores (ascensão social?). Houve também alteração na
hereditariedade das profissões graças aos concursos públicos e agências de emprego.
Contudo, “um problema social não é somente o resultado do mau fincionamento da
sociedade [...], mas pressupõe um verdadeiro “trabalho social” que compreende duas
etapas iniciais: o reconhecimento e a legitimação do “problema” (LENOIR, 1998, p. 26)
3 A Gênese Social de um Problema Social
No caso da velhice, pode ser investigar o fato que esse problema social não foi
levantado pelos próprios idosos (operários, classe), mas pelo setor político.

3.1 Pressão e expressão


O autor faz a análise de outros estudos, nesse se refere a um feito em 1955 a 1975
sobre a transformação do direito da família e do trabalho da mulher. Nesse caso a porta-
voz do problema social eram as mulheres que gozavam de privilégios, por conta da classe
social, profissão e status na sociedade. Entretanto ele faz um adento: e aquelas vozes que
não puderam ser ouvidas, o que queriam dizer?
No caso das pessoas idosas, Lenoir prossegue: elas são estigmatizadas, e optam
pelo silêncio para poderem continuar seu trabalho. Estão em situação de "incapazes de
ações coletivas” e obrigada a “submeterem-se”. (Utilização de outros sociólogos para
reafirmar e endossar a construção do objeto de pesquisa).
Lenir volta a desnaturalizar a concepção da velhice promovidas por aqueles
agentes que tem por interesse, por vezes, naturalizar o problema social.

3.2 força do discurso e forças sociais


O autor sugere uma análise de discurso: quem o faz, a “representatividade" do
porta-voz e de sua capacidade para formar opinião. Também busca slogans, papeis, e tudo
quanto for possível e estiver disponível para construção do objeto.

3.2 a consagração estatal e trabalho de legitimação.


O sociólogo deve buscar os espaços em que se elaboram ou discutem esse
problema social. Comissão, estatutos, etc. A evolução de um problema social à estatura
de discursão de lei, plebiscitos.

3.3 o especialista e o sociólogo


O sociólogo deve estar atento aos especialistas dos objetos pesquisados. Não apenas para
um mandato técnico, mas entres as escolhas de valores (LENOIR, 1998, p 37).

4 A Institucionalização
Não importa a complexidade do objeto e sim as condições sociais do seu estudo.
É necessário viabilidade para a produção da pesquisa. No caso da velhice as lutas
proporcionaram a burocratização da terceira idade, levando ao direito amplo da
aposentadoria.
As problemáticas dos diferentes discursos sobre a velhice refletem as etapas de
transformação da velhice em uma especialidade. Os diversos níveis de discurso: campo
médico, regimes de aposentadoria, a generalização dela, a intervenção do Cientista Social
“no campo dos agentes de gestão da velhice contribuiu para difundir uma nova
problemática da velhice, a da ‘inserção das pessoas idosas’; assim, o envelhecimento é
descrito como um processo de diminuição da vida social, uma ‘redução dos papéis
sociais’, que desemboca em ‘morte social’”. (LENOIR. 1998, pg, 41).

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