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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

Faculdade de Engenharia de Petróleo

Trabalho de Conclusão de Curso

COLUNA DE REVESTIMENTO EM POÇOS DE PETRÓLEO

Francisco Almeida Massiére

Pelotas, 2015

1
Francisco Almeida Massiére

COLUNA DE REVESTIMENTO EM POÇOS DE PETRÓLEO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Centro das Engenharias
da Universidade Federal de Pelotas,
como requisito à obtenção do título de
Bacharel em Engenharia de Petróleo.

Orientador: Prof. Dr. Leandro Fagundes


Coorientador: Prof. Dr. José Ricardo Pelaquim Mendes

Pelotas, 2015

2
Francisco Almeida Massiére

COLUNA DE REVESTIMENTO EM POÇOS DE PETRÓLEO

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado, como requisito, para obtenção de


grau de Bacharel em Engenharia de Petróleo, Centro das Engenharias,
Universidade Federal de Pelotas.

Data da Defesa: 20/01/2015

Banca examinadora:

Prof. Dr. Adelir José Strieder


Doutor em Geologia pela Universidade de Brasília, UNB, Brasil.

Prof. Romulo Henrique Batista de Farias


Graduado em Petróleo e Gás pela Universidade Estácio de Sá, UNESA, Brasil.

3
Dedico este trabalho aos meus pais e minhas
irmãs.

4
Agradecimentos

A minha mãe, que sempre me apoiou em todos os momentos,


principalmente nos mais difíceis, e não mediu esforços para que eu
concretizasse este trabalho.
Ao meu pai, pelo apoio e ajuda.
As minhas irmãs, pelo incentivo.
Aos meus tios, especialmente tio Dé e madrinha Ione, pelas sábias
palavras e conselhos.
Aos meus amigos e conhecidos, que sempre estiveram presente e me
apoiaram.
Aos professores que se esforçaram ao máximo para transmitir, da
melhor maneira, os seus conhecimentos.
Ao professor Dr. Leandro Fagundes, que foi o meu orientador do
Trabalho de Conclusão de Curso e coorientador do Estágio.
Ao professor Dr. José Ricardo Pelaquim Mendes, que foi o meu
coorientador do Trabalho de Conclusão de Curso e orientador do Estágio.
Aos meus colegas de sala, colegas de outros períodos e conhecidos de
outros cursos pelos estudos e festas.
E a Deus, por proporcionar que todas estas pessoas fizessem parte da
minha vida nesta etapa.
Obrigado.

5
“O êxito na vida não se mede pelo que você conquistou,
mas sim pelas dificuldades que superou no caminho”.
(Abraham Lincoln)

6
Resumo

MASSIERE, Francisco Almeida. Coluna de revestimento em poços de


petróleo. 2015. 65f. Trabalho de Conclusão de Curso em Engenharia de
Petróleo, do Centro das Engenharias da Universidade Federal de Pelotas,
Pelotas, 2015.

O assunto do trabalho foi o projeto de revestimento em poços de petróleo, o


qual aborda o dimensionamento, resistência, escoamento, falha, força, pressão
e efeito de carga que ocorre no tubo. O revestimento possui as funções de
prevenir o desmoronamento do poço, evitar a contaminação da água dos
lençóis freáticos, proteger as formações geológicas de fluidos e pressões não
compatíveis, sustentar os equipamentos de segurança de cabeça de poço e as
outras colunas de revestimento. O revestimento de um poço de petróleo é feito
por tubos de aço conectados. O aço utilizado na fabricação dos tubos é um
tarugo na forma de cilindro compacto. Neste ocorre um processo de
“moldagem” através do qual é transformado em tubos. As conexões são
realizadas por meio de luvas (conectores) e o número de tubos utilizados em
cada fase do revestimento é definido de acordo com o processo de perfuração.
As características das formações geológicas e do reservatório como, por
exemplo, a pressão interna e pressão externa, irão determinar quais serão as
especificações dos tubos a serem escolhidos para o revestimento. Os tubos de
revestimento devem possuir diâmetro externo, peso nominal, grau, espessura
de parede, diâmetro interno, pressão de colapso, força de tração, pressão
interna e luvas dimensionados corretamente para que não ocorra o
escoamento, falha e colapso do revestimento.

Palavras-chaves: aço; revestimento; formação geológica; especificações.

7
Abstract

MASSIERE, Francisco Almeida. Casing design of petroleum well. 2015. 65f.


Monography to obtain engineering degree, Federal University of Pelotas,
Pelotas, 2015.

The subject of this work was the casing design of petroleum well, which
addresses the size, strength, yield, fault, force, pressure, and loading effect that
occurs in the pipe. The casing has the functions to prevent the collapse of the
well, avoid contamination of drinking water from groundwater, protection of the
geological formations of fluids and pressure are not compatible and support the
safety equipment of wellhead and other columns of casing. The manufacture of
casing of petroleum well is made by steel tubes connected. The steel used in
the manufacture of tubes is a compact cylinder. This occurs a process of
molding through which is transformed into pipe. Connections are made through
threads (connectors) and the number of pipe used in each phase of the casing
is set according to the drilling process. Characteristics of the geological
formations and reservoir as, for example, the internal pressure and external
pressure, will determine what are the specification of the pipes chosen of
casing. Casing pipe should have outside diameter, nominal weight, grade, wall
thickness, inside diameter, collapse pressure, tension, internal pressure and
threads and coupling sized correctly for not occurs yield, failure and collapse of
casing.

Key Word: steel; casing; tube; geological formations; specification.

8
Lista de Figuras

Figura 2.0.0 – Processo de resistência elétrica.................................................19


Figura 2.0.1 – Processo soldagem por flash.....................................................19
Figura 2.1 – Programa de revestimento típico mostrando diferentes tamanhos
de revestimento e suas profundidades de ajuste..............................................23
Figura 2.2 – Esquema do revestimento de um poço de petróleo com 5 fases..25
Figura 2.3 – Poço vertical..................................................................................27
Figura 2.4 – Poço direcional..............................................................................28
Figura 2.5 – Poço horizontal .............................................................................28
Figura 3.1 – Falha por tração no material e falha por tração na junção ...........30
Figura 3.2 – Diagrama de corpo livre de tração e força provocada pelo peso do
tubo....................................................................................................................31
Figura 3.3 – Visão lateral e visão superior da pressão interna exercida na
parede interna do tubo.......................................................................................32
Figura 3.4 – Diagrama de corpo livre para pressão no revestimento................34
Figura 3.5 – Espessura nominal mínima aceitável da parede do tubo de
revestimento de poços.......................................................................................35
Figura 3.6 – Falha de colapso por pressão externa..........................................36
Figura 3.7 – Tensão na parede do tubo em duas dimensões...........................37
Figura 3.8 – Elipse da Plasticidade....................................................................44
Figura 3.9 – Elipse da plasticidade com = 60,000 . Ponto A refere-se à
igualdade positiva da Equação 3.12 e o ponto B refere-se à igualdade negativa
da Equação 3.12 para = 60,000 ..............................................................45
Figura 3.10 – Aumento da tensão provocada pela flexão do revestimento no
poço direcional...................................................................................................48
Figura 3.11 – Contato entre a parede do tubo e a parede do poço somente nos
conectores.........................................................................................................51
Figura 3.12 – Diagrama de força de cisalhamento e momento de flexão.........52

9
Lista de Tabelas

Tabela 2.1 – Graus de revestimento reconhecidos pela API.............................20


Tabela 2.2 – Especificações para os tubos do Brasil........................................22
Tabela 3.1 – Coeficientes empíricos usados para determinação da pressão de
colapso...............................................................................................................39
Tabela 3.2 – Série de /t para várias regiões de pressão de colapso quando a
tensão axial é zero.............................................................................................40
Tabela 3.3 – Valores comparativos entre as tensões normais..........................41

10
Lista de Equações

Equação 3.1 – Força exercida pela parede do tubo..........................................31


Equação 3.2 – Força de tração..........................................................................31
Equação 3.3 – Força .....................................................................................33
Equação 3.4 – Força .....................................................................................33
Equação 3.5 – Pressão interna..........................................................................34
Equação 3.6 – Tensão radial.............................................................................37
Equação 3.7 – Tensão tangencial.....................................................................37
Equação 3.8 – Colapso de resistência ao escoamento.....................................38
Equação 3.9 – Elipse da Plasticidade................................................................41
Equação 3.10 – Tensão radial...........................................................................42
Equação 3.11 – Tensão normal.........................................................................42
Equação 3.12 – Elipse da Plasticidade..............................................................42
Equação 3.13 – Tensão de escoamento efetiva................................................46
Equação 3.14 – Variação de comprimento do tubo...........................................47
Equação 3.15 – Variação de comprimento do tubo...........................................47
Equação 3.16 – Razão entre a variação do comprimento do tubo pelo
comprimento do tubo ........................................................................................47
Equação 3.17 – Aumento da tensão axial provocado pela flexão no lado
convexo do tubo.................................................................................................47
Equação 3.18 – Máximo aumento da tensão axial referente ao lado convexo do
tubo....................................................................................................................49
Equação 3.19 – Força axial equivalente............................................................49
Equação 3.20 – Área do aço.............................................................................50
Equação 3.21 – Força axial equivalente............................................................50
Equação 3.22 – Curvatura do tubo....................................................................52
Equação 3.23 – Momento de inércia da viga para tubos circulares..................53

11
Equação 3.24 – Momento de flexão para qualquer distância x menor que o
comprimento da junção......................................................................................53
Equação 3.25 – Momento de flexão..................................................................53
Equação 3.26 – Flexão pura..............................................................................54
Equação 3.27 – Momento de flexão..................................................................54
Equação 3.28 – Curvatura do tubo....................................................................54
Equação 3.29 – Solução da equação de momento...........................................54
Equação 3.30 – Constante K.............................................................................54
Equação 3.31 – Cisalhamento no ponto médio da junção................................55
Equação 3.32 – Inclinação do tubo....................................................................55
Equação 3.33 – Condição de contorno..............................................................55
Equação 3.34 – Flexão pura..............................................................................55
Equação 3.35 – Resolução do máximo aumento da tensão axial referente ao
lado convexo do tubo.........................................................................................56
Equação 3.36 – Aumento da tensão axial do tubo provocado pela flexão do
tubo, expresso pela força axial equivalente.......................................................56
Equação 3.37 – Resistência da junção..............................................................57
Equação 3.38 – Área da secção transversal da parede do tubo abaixo da última
luva/rosca...........................................................................................................57
Equação 3.39 – Resistência da junção..............................................................57
Equação 4.1 – Área da secção transversal.......................................................58
Equação 4.2 – Tensão axial sem flexão............................................................58
Equação 4.3 – Aumento da tensão axial provocado pela flexão no lado convexo
do tubo...............................................................................................................58
Equação 4.4 – Tensão total exercida no tubo...................................................59
Equação 4.5 – Momento de inércia...................................................................59
Equação 4.6 – Constante K...............................................................................59
Equação 4.7 – Tensão máxima após a derivação.............................................59
Equação 4.8 – Tensão axial máxima.................................................................59
Equação 4.9 – Resistência da junção................................................................60
Equação 4.10 – Área do aço sobre a última luva/rosca....................................60
Equação 4.11 – Resistência da junção..............................................................60

12
Lista de Símbolos

API Instituto de Petróleo Americano


área do aço
BAJA Base de jateamento
BCSG conexão total da rosca e acoplamento
CSG rosca e acoplamento com fios curtos
d diâmetro interno
diâmetro externo
E módulo de Young (Módulo de Elasticidade)
força axial equivalente
força de tração
força interna exercida na parede do tubo
força exercida na parede do tubo
ft pés
força de fricção (atrito) entre o revestimento e a parede do
poço
força exercida pela parede do poço
I momento de inércia da viga
in polegadas
INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial
LCSG rosca e acoplamento com fios longos
lbf libra-força
M momento de flexão
OCTG tubos de petróleo de boa qualidade
pressão interna
pressão de colapso

13
pressão externa
pressão interna
raio externo
raio interno
R raio de curvatura do tubo
r metade do diâmetro externo
t espessura da parede
XCSG grande quantidade de fios por comprimento de rosca
w peso do tubo
∆ variação de comprimento do tubo
∆ variação do ângulo do tubo
ângulo dogleg-severity
tensão radial
tensão tangencial
tensão vertical
∆ aumento da tensão axial provocado pela flexão no lado
convexo do tubo
!∆ "# $ máximo aumento da tensão axial referente ao lado convexo
do tubo
% &' tensão de escoamento mínimo
! % &' " tensão de escoamento efetiva

14
Sumário

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 16
1.1. MOTIVAÇÃO ............................................................................................................. 17
1.2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 17
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 18
2.1. FABRICAÇÃO DO TUBO DE REVESTIMENTO ................................................ 18
2.2. PADRONIZAÇÃO DO REVESTIMENTO ............................................................. 19
2.3. COLUNA DE REVESTIMENTO ............................................................................. 22
2.4. CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS DE POÇOS ........................................................ 26
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................................... 30
3.1 TRAÇÃO .................................................................................................................... 30
3.2 PRESSÃO INTERNA ............................................................................................... 32
3.3 PRESSÃO DE COLAPSO ...................................................................................... 36
3.4 EFEITO DAS CARGAS COMBINADAS ............................................................... 41
3.5 EFEITO DE FLEXÃO ............................................................................................... 46
4. APLICAÇÕES ................................................................................................................... 58
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 61
APÊNDICE A – EQUAÇÕES DE LAMÉ ............................................................................... 64
ANEXO A – ARQUIVO DE ENTRADA DO MATLAB ......................................................... 65

15
1. INTRODUÇÃO

A operação de revestimento do poço é uma das etapas mais importantes


da explotação do petróleo. Essa importância se deve ao fato da coluna de
revestimento ser a principal estrutura que deverá suportar as forças que são
exercidas pelas formações rochosas e pelos fluidos presentes neste ambiente.
Após a fase de perfuração pode ocorrer o fechamento do poço. Este fato
ocorre devido à, por exemplo, alterações nas pressões litostáticas que
desencadeiam modificações nas dinâmicas das rochas. Por diferença de
pressão a rocha e o fluido tendem a invadir o poço, pois a pressão no poço
torna-se menor quando comparada com a pressão a qual as rochas e os
fluidos estão submetidos (Honório, Marcelo Campos, acesso em 20 set. 2014).
O papel desempenhado pela coluna de revestimento é o de funcionar com uma
barreira mecânica para evitar que esses elementos invadam o poço.
A manufatura do tubo de revestimento inicia-se com um tubo cilíndrico de
aço compacto que é modificado após percorrer vários processos até obter a
forma e as especificações exigidas para cada caso de revestimento. As
especificações são resistência à tração, pressão interna, pressão de colapso,
efeito de cargas combinas e efeito de flexão.
A determinação de quais serão as especificações do aço do revestimento
torna-se mais complexa quando o revestimento do poço atravessa uma
camada de sal. Devido à plasticidade do sal, novos cálculos devem ser
realizados com o objetivo de determinar os valores das tensões que esta rocha
evaporítica exerce nas paredes do tubo que irá revestir o poço.
As tensões e trações exercidas na coluna de revestimento variam
também conforme o tipo de poço. Nos revestimentos de poços verticais e
horizontais são exercidas trações, pressões internas, pressões de colapsos e
efeito de cargas combinadas. No revestimento de poço direcional são
exercidas trações, pressões internas, pressões de colapsos, efeito de cargas
combinadas e efeito de flexão.
Após ocorrer o revestimento do poço, os equipamentos utilizados para
extração do petróleo, como por exemplo, a coluna de produção (tubing), terão
um suporte e um caminho seguro para percorrerem.

16
1.1. MOTIVAÇÃO

Apesar dos grandes avanços já alcançados, no que se refere à


explotação do petróleo, são necessários cada vez mais estudos e pesquisas
relacionadas a esta área e todas as outras que abrangem o sistema petrolífero
de produção. Quanto mais se aprofunda neste assunto, principalmente no que
se referem ao ambiente marinho, maiores são as descobertas realizadas e os
desafios a serem superados.
Tentar combinar um melhor aproveitamento dessa fonte de energia com
um ambiente seguro e que não impacte em demasia o meio ambiente é um dos
maiores desafios a ser enfrentado. Para isso, é necessário que todos os
processos de exploração e explotação sejam realizados da melhor maneira
possível e com o mínimo de erros.
A motivação deste trabalho esta baseada nesta visão e no intuito de
cooperar, por meios dos conhecimentos adquiridos, para que isso ocorra.

1.2. OBJETIVOS

O objetivo principal deste trabalho é estudar a coluna de revestimento dos


poços de petróleo, abordando a sua manufatura, composição, especificação,
esforços e deformações exercidas nos tubos.

17
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. FABRICAÇÃO DO TUBO DE REVESTIMENTO

Os três processos básicos usados para a fabricação dos tubos de


revestimento são: o processo contínuo, a soldagem de resistência elétrica e a
soldagem de flash elétrico (Tubulação Industrial e Estrutura Metálica, acesso
em 15 out. 2014).
No processo contínuo, não há soldas. O tubo é fabricado a partir de um
cilindro compacto de aço. A fabricação do revestimento inicia-se quando um
cilindro compacto de aço é introduzido em um forno da usina.
Após o aço atingir uma temperatura específica é retirado e transportado
para um setor de perfuração rotativa, onde um cilindro, de diâmetro menor,
perfura o cilindro compacto de aço, de modo que atravesse todo o seu
comprimento.
O tubo de aço, originado do cilindro compacto, que se formou
externamente ao cilindro que o perfurou, forma o tubo que possui diâmetro
interno, espessura e diâmetro externo. Este tubo é transportado por uma
esteira até chegar às roldanas. As roldanas tem o objetivo de polir as
superfícies e formar uma espessura de parede mais uniforme no tubo.
O tubo é então transportado para outro setor, onde ocorre o processo de
extrusão. Neste processo ocorre um “estiramento” do tubo, caracterizado por
uma diminuição do diâmetro interno, do diâmetro externo e da espessura da
parede.
No final deste processo, o tubo é transportado para outro setor, onde
ocorre o processo de aquecimento seguido de resfriamento (Têmpera, acesso
em 01 out. 2014). Este choque térmico tem como objetivo aumentar a dureza e
a resistência mecânica do aço.
Nos processos de soldagem elétrica, a chapa plana de aço é cortada,
dobrada (de modo a formar uma circunferência) e as duas extremidades são
soldadas sem a adição de metais estranhos, por exemplo, cromo e molibdênio
(Tubulação Industrial e Estrutura Metálica, acesso em 15 out. 2014). A
soldagem elétrica é realizada no processo de resistência elétrica e no processo

18
de soldagem de flash elétrico. Após os processos de soldagem elétrica, um
tubo cilíndrico é formado e o seu comprimento é definido de acordo com o
projeto de revestimento.
No processo de soldagem por resistência elétrica, a chapa em espiral é
soldada por um arco elétrico. O tubo ao sair da máquina é cortado com o
comprimento desejado. A figura 2.0.0 mostra como ocorre este processo.

Figura 2.0.0 – Processo de soldagem por resistência elétrica

No processo de soldagem por flash elétrico, processa-se uma folha,


cortando-a com as dimensões desejadas ao mesmo tempo em que forma todo
o comprimento de um tubo. A solda é realizada quando pressionam as duas
extremidades em conjunto e o flash é acionado. A figura 2.0.1 mostra como
ocorre este processo.

Figura 2.0.1 - Processo de soldagem por flash

2.2. PADRONIZAÇÃO DO REVESTIMENTO

Os tubos de revestimento são classificados de acordo com as suas


especificações. Estas são expressas na tabela Propriedades Mínimas de
Desempenho do Revestimento (BOURGOYNE et al., 1986) e denominadas de
diâmetro externo, peso nominal, grau do aço, espessura de parede, diâmetro
interno, pressão de colapso, força de tração, pressão interna e luvas.

19
Os tubos são de aço especial, o diâmetro varia entre 5 1*2” e 30”, possuem
1*
comprimento entre 9 a 12 metros e espessura de parede variando entre 4
”e
1”.
A quantidade de tubos utilizados no revestimento varia de acordo com o
comprimento final da coluna de revestimento a ser descida.
Os tubos são denominados de OCTG (Oil Country Tubular Goods), que
agrupam os revestimentos (casing) e os tubos (tubing). O casing é o
revestimento do poço petrolífero e o tubing é a coluna que injeta ou retira fluido
do poço.
Os graus dos tubos são nomeados com as letras H, J, K, C, L, N, P
seguida por dois ou três dígitos, que multiplicados por mil, expressam à
resistência de escoamento mínimo.
A Tabela 2.1 apresenta os valores dos graus determinados pela API.

Tabela 2.1 – Graus de revestimento reconhecidos pela API

Resistência ao Resistência
escoamento (psi) mínima a tração Alongamento
Grau API Mínimo Máximo (psi) Mínimo* (%)
H-40 40,000 80,000 60,000 29.5
J-55 55,000 80,000 75,000 24.0
K-55 55,000 80,000 95,000 19.5
C-75 75,000 90,000 95,000 19.5
L-80 80,000 95,000 95,000 19.5
N-80 80,000 110,000 100,000 18.5
C-90 90,000 105,000 100,000 18.5
C-95 95,000 110,000 105,000 18.0
P-110 110,000 140,000 125,000 15.0
* Teste com ensaio de área superior a 0.75 polegas ao quadrado

A tabela 2.1 mostra o grau API, a resistência mínima e máxima ao


escoamento, a resistência mínima a tração e o alongamento mínimo.
Os valores de resistência mínima de escoamento representam o limite no
qual o tubo mantém as suas características. Para valores acima da resistência
mínima ocorre o início do escoamento do tubo.
Os valores de resistência mínima a tração representam o limite para o
início do processo de ruptura. O valor, em porcentagem, do alongamento
mínimo representa o quanto o tubo pode ser alongado antes da ruptura.

20
Todos estes valores são referentes a amostras de teste com áreas
superiores a 0.75 polegadas ao quadrado.
A espessura da parede em qualquer ponto do tubo não deve ser menor
que 87.5% da espessura nominal (Instituto Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial – INMETRO). A perfeita fabricação do
tubo ocorre quando os raios externos e internos são concêntricos. Porém, na
indústria esta perfeição nem sempre é alcançada.
Para os tubos cujos raios não são concêntricos, é aceitável este limite de
diferença, que é de 12,5 % entre os centros dos raios externo e interno. O valor
de 87,5 % é utilizado na Equação de Barlow, como 0.875, para a realização
dos cálculos da pressão interna.
A conexão entre os tubos é realizada por meio das luvas. Estas são
classificadas em CSG e LCSG (luvas formadas por 8 fios por polegadas),
BCSG (luvas formadas por 5 fios por polegadas) e XCSG. A quantidade de fios
existente nas luvas classificadas como XCSG não foram especificadas nas
literaturas estudadas.
As luvas são utilizadas como conectores, devido a sua confiabilidade
comprovada, facilidade de produção e baixo custo. Quando ocorrem os
acoplamentos, são formados pequenos vazios na base e crista da rosca que
são preenchidos com graxa para evitar vazamento e redução de resistência.
O comprimento do tubo é chamado de Range e possui as denominações
1, 2 e 3. O Range 1 é denominado para tubos com comprimento entre 16-25
pés (4.9 – 7.6 metros), o Range 2 entre 25-34 pés (7.6 – 10.4 metros) e o
Range 3 para maiores que 34 pés (maior que 10.4 metros). No Brasil, usam-se
tubos com comprimento Range 3.
As especificações API para caracterizar um tubo segue a seguinte
sequência, com suas respectivas unidades ou simbologia: Diâmetro externo
(in), Peso nominal (lbf/ft), Grau do aço (letra-número), Tipo de rosca e Range.
A tabela 2.2 apresenta exemplos de especificações para os tubos
existentes no Brasil:

21
Tabela 2.2 – Especificações para os tubos do Brasil
diâmetro peso
externo nominal grau do tipo de comprimento do
(in) (lbf/ft) aço rosca tubo (Range)
7 23.00 N-80 BT R3
16 65.00 H-40 BT R3
20 94.00 K-55 BT R3

2.3. COLUNA DE REVESTIMENTO

As principais funções da coluna de revestimento são prevenir o


desmoronamento do poço, evitar a contaminação da água potável dos lençóis
freáticos, proteger as formações de fluidos e pressões não compatíveis e
sustentar os equipamentos de segurança de cabeça de poço e as outras
colunas de revestimento.
A coluna de revestimento é formada por tubos conectados. O número de
fases e o comprimento da coluna de revestimento são determinados em função
das pressões de poros da formação. Os tubos, durante a descida, são guiados
pela sapata.
A figura 2.1 é um exemplo de coluna de revestimento de poço de
petróleo.

22
Figura 2.1 – Programa de revestimento típico mostrando diferentes tamanhos de revestimento
e suas profundidades de ajuste. (a) poços cuja pressão é exercida pela água e (b) poços cuja
pressão é exercida pelas rochas.
Fonte: RAHMAN S. S. and CHILINGARIAN G. V.,1995,
V., adaptado.

A figura 2.1 (a) representa o revestimento de um poço cuja pressão no


revestimento é exercida pela água. A figura 2.1 (b) representa o revestimento
de um poço cuja pressão no revestimento é exercida pelas rochas. A figura (a)
possui 3 fases e a figura (b) possui 5 fases.
A coluna de revestimento é classificada quanto à sua finalidade como:
Tubo Condutor, Revestimento de Superfície, Revestimento Intermediário,
Revestimento
vestimento de Produção e Liners (Perfuração,
(Perfuração, acesso em 13 set. 2014).
2014
O Tubo Condutor possui a função
função de controlar a ação erosiva da lama
nas formações pouco consolidadas da superfície.

23
O Revestimento de Superfície tem a função de proteger os aquíferos
superficiais, propiciar a estabilização das formações pouco consolidadas e
servir de suporte para os equipamentos de segurança.
O Revestimento Intermediário (revestimento técnico ou revestimento de
proteção) possui a função de cobrir zonas de perda de circulação, folhelhos
desmoronáveis, zonas de sal ou portadoras de gás ou água.
O Revestimento de Produção funciona como receptor para a coluna
produtora: os tubings. O revestimento de produção permite a produção seletiva
quando houver mais de uma zona produtora no poço.
O Liner é uma seção de revestimentos que fica ancorada no interior do
poço, na última coluna de revestimentos. Não possuindo uma continuidade até
a superfície.
Os dois tipos de liners existente são os Liners de perfuração e os Liners
de produção. Liners de perfuração são descidos no poço para cobrir uma zona
de perda de circulação ou portadora de pressões anormais que
comprometeriam a segurança do poço caso permanecessem descobertas.
Liners de produção são utilizados no lugar de uma coluna de revestimento
de produção completa para cobrir uma zona produtora.
A cimentação é o processo no qual o cimento, produzido por compostos
específicos, é introduzido pelo tubo com o objeto de preencher e cimentar os
espaços anulares que compõe o projeto de revestimento dos poços.
Um exemplo da classificação da coluna de revestimento, quanto a sua
finalidade, com seus respectivos diâmetros é demonstrado na figura 2.2.
A figura 2.2 mostra o revestimento do poço composto por cinco fases com
as dimensões da broca utilizada e do revestimento.

24
Figura 2.2 – Esquema do revestimento de um poço de petróleo com 5 fases.
fas

O revestimento do poço é realizado por fases e cada fase é composta por


tubos que possuem o mesmo diâmetro externo. Os tubos de uma mesma fase
podem ter diâmetro interno e espessura da parede diferentes.
diferente
A descrição a seguir é referente a uma coluna de
de revestimento de poço
de petróleo composta por 5 fases. Os diâmetros citados referem-se
referem ao
diâmetro externo do revestimento.
A primeira fase, o inicio do revestimento
revestimento do poço, é realizada por uma
coluna de perfuração que utiliza uma broca de 36” e pela penetração
p do
revestimento condutor de 30”. Este primeiro processo é realizado por
jateamento, processo no qual uma BAJA (Base de Jateamento) é assentada no
solo marinho. Em perfuração
perfuraç onshore, o revestimento é cravado no solo (Base
de Jateamento,, acesso em 17 set. 2014).
A segunda fase,, que representa o revestimento de superfície, é realizada
por uma coluna de perfuração que utiliza uma broca de 26”. O revestimento
que irá compor esta fase possui diâmetro de 20”.
A terceira fase é o revestimento intermediário
intermediá e pode ser composto por
1*
dois intervalos. No primeiro, a perfuração é realizada com uma broca de 17 2

25
3*
e o revestimento possui 13 8 ”. No segundo, o poço é perfurado com uma
broca de 12 1*4 ” e o revestimento possui um diâmetro de 9 5*8 ”.
A última fase é o revestimento de produção, na qual é realizada uma
perfuração com broca de 8 1*2 ” e o revestimento é de 7”.
A quantidade de fases, as especificações do tubo utilizado e o peso da
lama são determinados de acordo com o tipo e a origem das pressões
exercidas.
Após a instalação da coluna de revestimento no poço, os equipamentos
para extração de óleo e gás serão descidos pela coluna. O diâmetro destes
equipamentos é denominado de Drift Diameter.
O Drift Diameter refere-se ao maior diâmetro que os equipamentos que
descem pela coluna de revestimento podem possuir.
Estes valores são calculados pela API (Instituto de Petróleo Americano).
Porém, estes cálculos também são realizados por alguns fabricantes e
possuem valores um pouco superiores os calculados pela API.

2.4. CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS DE POÇOS

Os poços de petróleo são classificados, quanto ao seu tipo, em poço


vertical, direcional e horizontal.
O poço vertical, na teoria, é um poço que possui uma trajetória vertical.
Na prática, não existe poço completamente vertical, porque as variações nas
características das formações, como por exemplo, dureza e inclinação,
promovem durante as perfurações um desvio do poço.
Esse desvio é normalmente aceito quando possui uma inclinação máxima
de 5˚ em relação a vertical. Quando o desvio assume valores maiores deve-se
implementar ações corretivas para reduzir a inclinação.
A figura 2.3 mostra um poço vertical atravessando um reservatório.

26
Figura 2.3 – Poço vertical

O poço direcional possui um afastamento da trajetória vertical e são


perfurados com o objetivo, principalmente, de desviar a trajetória do poço de
domos salinos e falhas. Seus principais elementos são o afastamento
horizontal, a profundidade vertical final, a inclinação do trecho reto inclinado e a
profundidade do ponto de desvio (kick-off point).
Os três tipos de poços direcionais são tipo I, tipo II e tipo III. O tipo I
possui o ângulo de inclinação em relação a vertical e o trecho inclinado é reto
até alcançar o reservatório. O tipo II possui o ângulo de inclinação em relação a
vertical, o trecho inclinado percorre um caminho de afastamento lateral e
depois volta a ficar vertical até alcançar o reservatório. O tipo III possui uma
inclinação em relação a vertical e o trecho inclinado possui uma inclinação até
alcançar o reservatório.
A figura 2.4 mostra um poço direcional atravessando um reservatório.

27
Figura 2.4 – Poço direcional

O poço horizontal é um tipo de poço direcional que tem o objetivo de


abranger uma maior área de drenagem do reservatório. Este poço possui um
trecho reto que percorre o reservatório.
A figura 2.5 mostra um poço horizontal atravessando uma região do
reservatório.

Figura 2.5 – Poço horizontal

28
Sobre as paredes da coluna de revestimento irão atuar forças e tensões
que, dependendo da intensidade, podem provocar o escoamento, a ruptura e o
colapso do tubo. Estas forças serão estudas atuando na parede do tubo
individualmente e simultaneamente. O processo em que as forças atuam
simultaneamente é denominado de Efeito de Cargas Combinadas.

29
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 TRAÇÃO

A força de tração é uma força exercida na direção perpendicular a área de


secção do tubo. Quando esta
e força possui um valor superior
superio ao da
especificação do aço,, inicia-se
inicia o escoamento do revestimento.
Caso a valor da força continue aumentando, o escoamento torna-se
torna mais
intenso e pode ocorrer a ruptura do tubo. A ruptura irá ocorrer num ponto de
fraqueza do revestimento, que pode ser um ponto do tubo ou na junção entre
eles.
Quando a tração é maior do que a tensão de resistência ao escoamento,
ocorre a ruptura que pode ser descrita resumidamente da seguinte maneira.
Primeiramente, ocorre o escoamento do tubo, situação em que há um
estiramento do material com diminuição da espessura da
d parede do tubo, e
depois a ruptura,, situação em
em que ocorre o rompimento completo do material.
material
Na figura 3.1 (a),, a força de tração exercida é superior à força de
resistência do revestimento do tubo. Dessa maneira, ocorreu uma falha por
tração no material do tubo. Na figura 3.1 (b),
(b) a força de tração exercida é
superior à força de resistência da junção entre os tubos. Dessa maneira,
ocorreu uma falha de tração na junção de conexão entre dois tubos.

Figura 3.1 – (a) falha por tração no material e (b) falha por tração na junção.
Fonte: BOURGOYNE
OURGOYNE et al., 1986, adaptado.
adaptado

30
A figura 3.2 mostra a força de tração e a força de resistência das paredes
do tubo. A força de resistência é devido ao peso molhado do tubo, cujo valor é
determinado pelo peso real subtraído do empuxo.
Estas forças possuem a mesma direção, mas sentidos contrários. A força
de tração ( ) possui direção vertical e sentido ascendente e a força das
paredes do tubo possui direção vertical e sentido descendente.

Figura 3.2 – Diagrama de corpo livre de tração e força provocada pelo peso do tubo.

A força exercida pela parede do tubo ( ) é calculada pela equação:

= % &' (3.1)

Onde:
% &' é a tensão de escoamento mínimo
é a área da secção transversal do aço

A força de tração ( ), que tende a romper o tubo, é calculada pela


equação:

/
= % &' ( − )
0
(3.2)

31
Onde:
% &' é a tensão de escoamento mínimo
é o diâmetro externo
d é o diâmetro interno

3.2 PRESSÃO INTERNA

A pressão interna, também denominada de pressão de Burst, é exercida


no interior do tubo de revestimento e ocorre devido ao fluído de perfuração.
Esta pressão é exercida do interior do tubo para o exterior do tubo e pode
provocar a expansão dele.
A força exercida no interior do tubo tem o seu valor intensificado pela
força provocada pelo fluído de perfuração. Após revestir uma fase do poço,
inicia-se a perfuração, com uma broca de menor diâmetro, para a fase
seguinte. O fluído de perfuração ao percorrer a região já revestida exerce uma
força no tubo que se soma as forças já exercidas no tubo.
A pressão interna é denominada de pressão de Burst (Figura 3.3), porém,
fisicamente, ela é uma das variáveis da Equação 3.3. Quando a força atua
na parede do tubo, esta exerce uma força no revestimento que é calculada
pela Equação 3.4. A força é denominada de força de resistência da parede
do tubo. As forças e estão representadas na figura 3.4 (b).
A figura 3.3 mostra as visões lateral e superior da pressão interna
exercida na parede interna do tubo.

Figura 3.3 – (a) visão lateral e (b) visão superior da pressão interna exercida na parede interna
do tubo.

32
A força é dada pela fórmula:

'
= (3.3)

Onde:
é a pressão de Burst
L é o comprimento do tubo
d é o diâmetro interno

A força é dada pela fórmula:

'3
= 2 (3.4)

Onde:
é a resistência do aço
t é a espessura específica da parede
L é o comprimento do tubo

A figura 3.4 mostra a força exercida na parede interna do tubo, as


componentes destas forças e os ângulos formados entre elas.

33
Figura 3.4 – Diagrama de corpo livre para pressão no revestimento. (a) pressão interna
exercida na parede do tubo e (b) forças exercidas na parede do tubo.
Fonte: BOURGOYNE et al., 1986, adaptado.

A Equação 3.5 (Equação de Barlow) é utilizada para o cálculo da pressão


interna. Nesta equação, tem-se o valor 0.875, que se refere à espessura
nominal mínima aceitável da parede do tubo.

A pressão de interna é dada pela fórmula:

6789:;
= 0.875
'<
(3.5)

Onde:
% &' é a tensão de escoamento mínimo
t é a espessura específica da parede
é o diâmetro externo

34
A figura 3.5 mostra que o tubo possui uma diferença de 12,5 % entre os
centros dos raios externo e interno e uma diferença de 87,5 % entre as
espessuras das paredes externa e interna. Esses valores de porcentagem
referem-se à excentricidade do tubo.

Figura 3.5 – Espessura nominal mínima aceitável da parede do tubo de revestimento de poço.

Na indústria, é difícil manter a excentricidade do tubo durante a sua


fabricação, por isso há essa margem de valor aceitável. Dessa maneira, os
tubos podem apresentar este limite de diferença na espessura da parede.
Por exemplo, um tubo que possui uma espessura da parede de 0,205
polegadas normalmente não terá este valor em toda a sua extensão, porém, a
espessura da parede do tubo, em qualquer ponto, não deve ser menor que
0,179375 polegadas (que se refere a 87,5% de 0,205 in). O valor da espessura
da parede está entre os intervalos de valores analisados durante os estudos.
Quando a pressão interna é maior do que a tensão de resistência ao
escoamento, ocorre o colapso do tubo. Primeiramente, ocorre o escoamento do
tubo, situação em que há um estiramento do material com diminuição da
espessura da parede do tubo, e depois o colapso, situação em que ocorre a
falha no tubo.

35
3.3 PRESSÃO DE COLAPSO

A pressão de colapso é exercida na parte externa do tubo de


revestimento, ocorre do exterior do tubo para o interior do tubo, pode provocar
um esmagamento do tubo fazendo com que ocorra a diminuição do seu volume
e é originada pelas forças que as rochas e os fluídos exercem no tubo.
A força exercida na parte externa do tubo tem o seu valor alterado de
acordo com a formação geológica que o tubo está revestindo.
Quando a formação rochosa revestida é uma rocha evaporítica, a pressão
de colapso tem a sua variação em conformidade com a força provocada pela
plasticidade do sal.
A pressão externa exercida na coluna de revestimento, quando possui um
valor maior do que a tensão de resistência ao escoamento, provoca um
estrangulamento no tubo (Figura 3.6).

Figura 3.6 – Falha de colapso por pressão externa.


Fonte: BOURGOYNE et al., 1986, adaptado.

A análise da influência da pressão interna e externa é utilizada para o


entendimento das equações que regem as características de pressão de
colapso.
A Figura 3.7 mostra o tubo em duas dimensões. Na parede interna do
tubo, é exercida uma pressão interna , cujo raio é . Na parede externa do

36
tudo, é exercida uma pressão externa , cujo raio é . Na espessura da
parede do tubo, são exercidos a tensão tangencial e a tensão radial , cujo
raio é r.

Figura 3.7 – Tensão na parede do tubo em duas dimensões.

A tensão radial é dada pela equação:

=8 8> ? @> A > BC=9 @> ( > A 8> )


= >( >A >) (3.6)
@ 8

Onde:
é pressão interna
é pressão externa
é raio externo
é raio interno

A tensão tangencial é dada pela equação:

=8 8> ? @> A > BC=9 @> ( > C 8> )


= >( >A >) (3.7)
@ 8

37
Onde:
é pressão interna
é pressão externa
é raio externo
é raio interno

A pressão de colapso é dada pela equação:

;<
A
= 2! % &' " D E
;< >
H (3.8)
F G
E

Onde:
! % &' " é a tensão de escoamento efetiva
é o diâmetro externo
t é a espessura da parede

A Equação 3.8 é denominada de colapso de resistência ao escoamento e


ocorre somente para valores de baixo /2.
Os valores de /t são determinados por meio de fórmulas que utilizam os
valores de coeficiente da Tabela 3.1.

38
Tabela 3.1 – Coeficientes empíricos usados para determinação da pressão de
colapso
Coeficientes empíricos
Grau F1 F2 F3 F4 F5
H-40 2.950 0.0465 745 2.063 0.0325
-50 2.976 0.0515 1,056 2.003 0.0347
J-K 55 & D 2.991 0.0541 1,206 1.989 0.0360
-60 3.005 0.0566 1,356 1.983 0.0373
-70 3.037 0.0617 1,656 1.984 0.0403
C-75 & E 3.054 0.0642 1,806 1.990 0.0418
L-80 & N-80 3.071 0.0667 1,955 1.998 0.0434
C-90 3.106 0.0718 2,254 2.017 0.0466
C-95 3.124 0.0743 2,404 2.029 0.0482
-100 3.143 0.0768 2,553 2.040 0.0499
P-105 3.162 0.0794 2,702 2.053 0.0515
P-110 3.181 0.0819 2,852 2.066 0.0532
-120 3.219 0.0870 3,151 2.092 0.0565
-125 3.239 0.0895 3,301 2.106 0.0582
-130 3.258 0.0920 3,451 2.119 0.0599
-135 3.278 0.0946 3,601 2.133 0.0615
-140 3.297 0.0971 3,751 2.146 0.0632
-150 3.336 0.1012 4,053 2.174 0.0666
-155 3.356 0.1047 4,204 2.188 0.0683
-160 3.375 0.1072 4,356 2.202 0.0700
-170 3.412 0.1123 4,660 2.231 0.0734
-180 3.449 0.1173 4,966 2.261 0.0769

A força axial é definida como uma força no eixo longitudinal do tubo. Pode
ser classificada em tração axial ou compressão axial. A tração axial ocorre
quando os extremos da barra são tracionados. A compressão axial ocorre
quando os extremos da barra são comprimidos (Força axial, acesso em 20 out.
2014).
Quando a tensão axial é igual à zero, as tensões exercidas no tubo são
as tensões radial e tangencial.
Quando o tubo é submetido a uma situação em que a atua somente a
pressão externa, e considera-se a tensão axial zero, é possível definir qual tipo
de colapso pode ocorre. O cálculo da pressão de colapso será realizado tendo
como base os valores de /t.
Dessa maneira, será possível determinar qual tipo de colapso (plástico,
de transição ou elástico) ocorreu na zona de fraqueza do tubo.

39
A Tabela 3.2 apresenta os valores correspondentes a cada tipo de
colapso.

Tabela 3.2 – Série de /t para várias regiões de pressão de colapso quando a


tensão axial é zero.
Resistência ao Colapso
escoamento Colapso de Colapso
Grau* por colapso Plástico Transição Elástico
H-40 <--------------> 16.40 <------->27.01 <--------> 42.64 <------->
-50 15.24 25.63 38.83
J-K 55 & D 14.81 25.01 37.21
-60 14.44 24.42 35.73
-70 13.85 23.38 33.17
C-75 & E 13.60 22.91 32.05
L-80 & N-80 13.38 22.47 31.02
C-90 13.01 21.69 29.18
C-95 12.85 21.33 28.36
-100 12.70 21.00 27.60
P-105 12.57 20.70 26.89
P-110 12.44 20.41 26.22
-120 12.21 19.88 25.01
-125 12.11 19.63 24.46
-130 12.02 19.40 23.94
-135 11.92 19.18 23.44
-140 11.84 18.97 22.98
-150 11.67 18.57 22.11
-155 11.59 18.37 21.70
-160 11.52 18.19 21.32
-170 11.37 17.82 20.60
-180 11.23 17.47 19.93
Graus indicados sem designação de letra não representam os graus API, mas são
considerados graus para fins de uso e informação

Ao comparar as pressões internas e externas é possível inferir que a


pressão interna é menor que a pressão externa. Dessa maneira, o efeito do
colapso será amenizado pelo fluído de perfuração, pois este exercer uma força
interna que age em sentido contrário a força externa.

40
3.4 EFEITO DAS CARGAS COMBINADAS

A resistência do material do tubo ao escoamento é determinada pelo


efeito simultâneo da tração, pressão interna e pressão externa.
As tensões das Equações 3.6 e 3.7 são utilizadas na equação da elipse
de plasticidade, representada pela Equação 3.9.

( − ) −( − )( − )+( − ) = % &' (3.9)

Onde:
é a tensão tangencial
é a tensão radial
é a tensão vertical
% &' é a tensão de escoamento

Por meio das Equações 3.10 e 3.11 (Equações de Lamé), representada


no Apêndice A, comprova-se que tensão normal exercida na parede interna do
tubo é maior que a tensão normal exercida na parede externa do tubo. A tabela
3.3 apresenta os valores comparativos entre as tensões normais atuantes na
parede interna do tubo e na parede externa do tubo. Os valores de pressão
interna e pressão externa estão entre os intervalos de valores analisados
durante os estudos.

Tabela 3.3 – Valores comparativos entre as tensões normais


r = raio pi = 10 pi = 60 pi = 10.000
d = diâmetro interno po = 50 po = 20 po = 16.684
D = diâmetro externo |σh| |σh| |σh|
pi = pressão interna r=d 416,61 346,61 77.945
po = pressão extena r=D 406,61 336,61 76.945
σh = tensão normal

Dessa maneira, a máxima tensão ocorre no interior da parede do tubo e o


colapso ocorre do interior do tubo para o exterior do tubo.

41
A tensão radial é dada pela equação:

?M NM@ B;> O>


K?=8 '> A=@ L > BA 8 R
=
>
PQ
(L > A'> )
(3.10)

Onde:
é a pressão interna
é a pressão externa
r pode ser considerado o raio interno ou raio externo
d é o diâmetro interno
D é o diâmetro externo

A tensão normal é dada pela equação:

?M NM@ B;> O>


K?=8 '> A=@ L > BC 8 R
=
>
PQ
S (L > A'> )
(3.11)

Onde:
é a pressão interna
é a pressão externa
r pode ser considerado o raio interno ou raio externo
d é o diâmetro interno
D é o diâmetro externo

Para o cálculo da tensão radial em um ponto, considera-se o = na


Equação 3.6. Após a substituição e o rearranjo dos termos obtêm-se a equação
da elipse da plasticidade

A elipse da plasticidade é dada pela equação:

U = ±W1 − 0 T6Y
6 C=8
T6 E
X 6 C=8 6 C=8
U + T6Y U (3.12)
789:; 789:; 789:;

42
Onde:
é a tensão tangencial
é a tensão vertical
é a pressão interna
% &' é a tensão de escoamento

Para um melhor entendimento do efeito da tensão tangencial, da tensão


vertical, da pressão interna e da tensão de escoamento, a Equação 3.12 foi
representada em um gráfico bi-dimensional como mostrado na Figura 3.8.

43
Figura 3.8 – Elipse da Plasticidade.
Fonte: BOURGOYNE et al., 1986.

A Figura 3.8 mostra que a tração axial e compressão axial exercem


efeitos contrários na pressão de colapso (pressão externa) e na pressão de
Burst (pressão interna).
A tração axial exerce um efeito negativo sobre os valores de pressão de
colapso e um efeito positivo sobre os valores de pressão de Burst. A
compressão axial exerce e um efeito positivo sobre os valores de pressão de
colapso um efeito negativo sobre os valores da pressão de Burst.

44
Ao determinar valores para a pressão interna, tensão de escoamento e
tensões tangencial e vertical é possível, utilizando um software interativo de
alto desempenho votado para o cálculo numérico, obter a elipse da plasticidade
para o tubo analisado.
Ao transcrever a Equação 3.12 no software Matlab é possível entender o
significado dos sinais positivos e negativos do início da equação, e determinar
quais serão os pontos da elipse correspondente às pressões em estudos.
Os sinais positivos e negativos são os pontos diametralmente oposto que
fazem parte da elipse da plasticidade.
A Figura 3.9 refere-se à elipse da plasticidade plotada no software Matlab
com valor da pressão interna de 60,000 psi. O valor de pressão interna está
entre os intervalos de valores de pressões internas analisados durante os
estudos. O arquivo de entrada para a construção da elipse está descrito no
Anexo A.

Figura 3.9 – Elipse da plasticidade com = 60,000 . Ponto A refere-se à igualdade positiva
da Equação 3.12 e o ponto B refere-se à igualdade negativa da Equação 3.12 para =
60,000 .

45
Para que as especificações do tubo estejam dentro da necessidade do
projeto, todos os valores de , , e % &' que forem utilizados na equação
3.12 devem resultar em pontos que irão pertencer à elipse.
Quando a pressão interna e a tensão axial são zero, utilizar-se a Tabela
3.2 para determinar o colapso. Porém, ela não pode ser utilizada quando há o
efeito de cargas combinadas, pois, neste efeito, as tensões axiais são
diferentes de zero.
Quando a pressão interna é igual a zero e a tensão vertical é diferente de
zero, utiliza-se a Equação 3.13 para determinar a tensão de escoamento
efetiva ? % &' B .

A tensão de escoamento efetiva é dada pela equação:

?6789:; B
= W1 − 0 T6
X 6Y 6Y
6789:;
9
U − T6 U (3.13)
789:; 789:;

Onde:
é a tensão vertical
% &' é a tensão de escoamento
? % &' B é a tensão de escoamento efetiva

A situação mais extrema do efeito das cargas combinadas ocorre quando


a pressão interna é igual à zero, pois, nessa situação, não haverão as forças
exercidas pelo fluido de perfuração.

3.5 EFEITO DE FLEXÃO

O efeito de flexão é uma característica que ocorre no revestimento do


poço direcional. É determinado pelo efeito da curvatura do poço e pelo ângulo
de desvio da vertical da tensão axial do revestimento e do acoplamento.
Para que ocorra o revestimento do poço direcional, é necessário realizar
uma curvatura no tubo de revestimento, de modo que este percorra o mesmo
caminho do poço.

46
Ao realizar a curvatura, a tração axial atuante no tubo sofre uma
variação de valor que é influenciado tanto pela forma adquirida pelo tubo
quanto pelo contato dele com a parede do poço.
Tendo como referência a curvatura do tubo, a tração axial atuante no
lado convexo pode sofrer um aumento, enquanto que, na secção relativamente
reta do tubo, com um ângulo de desvio da vertical significativo, a tensão axial
provocada pelo peso do tubo é reduzida.
Tendo como referência o contato do tubo com a parede do poço, a
tração axial pode ser significamente afetada pelo aumento do atrito entre o
revestimento e a parede do poço.
Este atrito é favorável para o movimento descendente e desfavorável
para o movimento ascendente do tubo e geralmente é compensado pela adição
de uma sobrecarga mínima aceitável para a tração axial livre de suspensão.
Na pratica dos projetos de revestimento de poços direcionais,
consideravam-se o efeito desfavorável da flexão do revestimento e
desconsideravam-se o efeito favorável do ângulo de desvio vertical
(BOURGOYNE et al., 1986).
A curvatura do poço direcional é geralmente expressa em termos da
variação do ângulo do eixo do poço por unidade de comprimento.
A variação deste ângulo, em graus, por 100 pés de comprimento do
poço é denominada de ângulo dogleg-severity ( ).
A relação entre o dogleg-severity e o aumento da tensão axial provocado
pela flexão no lado convexo do tubo, ∆ , é dada pelas equações:

∆ = (Z + )∆ − Z∆ (3.14)
'<
∆ = ∆ = ∆ (3.15)
∆\ '< ∆3 '< ^ /
∆[ = \
= \
= ( )
∙ __
∙ `_
(3.16)
X_$ _b /
∆ = a∆[ = 0__
∙ `_
∙ = 218 (3.17)

Onde:
∆ é a variação de comprimento do tubo
R é o raio de curvatura do tubo

47
r é a metade do diâmetro externo
é o diâmetro externo
∆ é a variação do ângulo do tubo
E é o módulo de Young (Módulo de Elasticidade)
é o ângulo dogleg-severity
∆ é o aumento da tensão axial provocado pela flexão no lado convexo
do tubo
é à força de fricção (atrito) entre o revestimento e a parede do poço
é a força exercida pela parede do poço.

Figura 3.10 – Aumento da tensão provocada pela flexão do revestimento no poço direcional.
Fonte: BOURGOYNE et al., 1986, adaptado.

48
A figura 3.10 mostra o contato uniforme entre a parede do tudo e a
parede do poço e as variáveis representam o ponto médio do diâmetro (r); o
ângulo de desvio da vertical da tensão axial do revestimento ( ); a variação do
ângulo do tubo (∆ ); o raio de curvatura do tubo (R); o comprimento do tubo (L)
e a sua variação (∆ ); o peso do tubo (w) e as suas componentes aplicada em
um ponto r; a força de fricção (atrito) entre a parede do tubo e a parede do
poço ( ) e a força exercida pela parede do poço ( ).
O aumento da tensão axial provocado pela flexão no lado convexo do
tubo é denominado de ∆ . O máximo aumento da tensão axial referente ao
lado convexo é dado pela equação:

(∆ )# $ = 218 (3.18)

Onde:
!∆ "# $ é o máximo aumento da tensão axial referente ao lado convexo
do tubo
é o ângulo dogleg-severity
é o diâmetro externo

A equação 3.18 representa a flexão pura, que pode ser considerada


quando o momento de flexão é constante ao longo do comprimento do tubo e
este assume a forma de um arco de círculo com raio de curvatura ( ).
É possível relacionar o aumento da tensão axial com a força axial
equivalente. O máximo aumento da tensão axial provocado pela flexão do tubo
pode ser expresso em termos de uma força axial equivalente ( ), cuja
equação é representada por:
= !∆ "# $ ∙ (3.19)

Onde:
é a força axial equivalente
!∆ "# $ é o máximo aumento da tensão axial referente ao lado convexo
do tubo
é área do aço

49
A área do aço pode ser expressa pela relação entre o peso do tubo
dividido pela densidade do aço, como demonstrado na equação:

= = =é ' c
=
' ' ' '
(3.20)
ç

Dessa maneira, ao substituir a equação 3.20 na equação 3.19 obtêm-se


a equação:

= 64 d (3.21)

Onde:
w representa o peso do tubo

O contato entre a parede do tubo e a parede do poço pode ocorrer de


duas maneiras. A primeira é quando este contado é realizado de forma
uniforme e a segunda maneira é quando o contato é realizado somente pelos
conectores do tubo.
A equação 3.21 é utilizada quando ocorre o contato uniforme entre a
parede do tubo e a parede do poço.
Esta uniformidade é determinada quando a dimensão da curvatura do
diâmetro externo dos conectores do revestimento é pequena, quando
comparado com as irregularidades do tubo.
Quando o contato do revestimento com a parede do poço ocorre
somente nos conectores o raio de curvatura do tubo ( ) não é constante,
conforme mostrado na figura 3.11.
O raio de curvatura, , que era o mesmo para o tubo e o poço no
contato uniforme, torna-se diferente quando ocorre o contato do poço somente
com os conectores do tubo.
Dessa maneira, o valor da tensão axial máxima pode ser superior ao
valor previsto pela equação 3.18, uma vez ocorre à variação do raio do tubo.
A figura 3.11 mostra as variáveis referentes ao tubo e ao poço.

50
Figura 3.11 – Contato entre a parede do tubo e a parede do poço somente nos conectores.
Fonte: BOURGOYNE et al., 1986, adaptado.

As variáveis referentes ao tubo são a força axial ( ); o momento de


flexão (e ); o ponto O, que representa o ponto médio entre as junções e está
localizado no ponto médio do diâmetro (r); a coordenada espacial x, que
representa a metade da distância vertical entre as junções (distância da junção
ao ponto O); a coordenada espacial y, que representa a distância horizontal
entre o ponto médio da junção e o ponto médio da distância entre as junções
(ponto O); à distância (f), que representa a distância horizontal entre a força de
flexão aplicada em um ponto do tubo e o ponto O e os acopladores de grande
diâmetro externo.
As variáveis referentes ao poço são o raio de curvatura ( ) e a força
aplicada sobre a junção ( g ), que pode ser considerada como a força lateral
exercida pela parede do poço no acoplamento ( ).

51
A figura 3.12 (a) e (b) possui como referência o coordenada j do
diâmetro do tubo.

Figura 3.12 – Diagrama (a) força de cisalhamento é máxima nas extremidades e nulo no centro
da junção; (b) momento de flexão é mínimo nas extremidades e máximo no centro da junção.

A análise da configuração do diagrama de cisalhamento e de momento,


representada na figura 3.12, para o contato entre parede do tubo e a parede do
poço quando realizado somente pelos conectores do tubo, demonstra que
próximo ao centro da junção o cisalhamento será nulo e o momento de flexão
será máximo e próximo às extremidades da junção o cisalhamento será
máximo e o momento de flexão mínimo (quando comparado com o momento
de flexão próximo ao centro da junção).

Tendo como referência as figuras 3.11 e 3.12, é possível utilizar a Teoria


Clássica de Deflexão de Vigas (Modelo de viga de Euler-Bernoulli) para
determinar a máxima tensão axial. De acordo com esta teoria, quando ocorre à
curvatura de uma viga tem-se a equação (BOURGOYNE et al., 1986):

'> % h
= ± ij
'$ >
(3.22)

Onde:
x e y são as coordenas espaciais definidas de acordo com a figura 3.11
M é o momento de flexão

52
E é o módulo de Young (Módulo da Elasticidade)
I é o momento de inércia da viga

o momento de inércia da viga para tubos circulares é determinada pela


equação:
( 0)
/
k= 0

l0
(3.23)

Onde:
é o diâmetro externo
d é o diâmetro interno

A equação de momento de flexão (M) para qualquer distância x menor


que o comprimento da junção é:

$>
e=e + m+ n− o − dnfpq (3.24)

Onde:
e é o momento de flexão no ponto O
é a força de tração axial
é a força lateral exercida pela parede do poço no acoplamento

Os dois últimos termos da equação 3.24 possuem valores muito


pequenos e, para efeito de simplificação, podem ser desconsiderados.
Dessa maneira, a tração axial é considerada constante em todo o tubo,
uma vez que o peso do conjunto de tubos não é considerado para efeito do
cálculo. Dessa maneira, tem-se a equação:

e=e + m+ n (3.25)

Considerando a existência de uma simetria entre a curvatura do tubo e


curvatura do poço é possível considerar que o raio de curvatura do tubo no
acoplamento é igual ao raio de curvatura do poço.

53
Dessa maneira, no acoplamento (x=0), o tubo está em flexão pura e
tem-se a relação:

hr (∆6Y )stu
= = ;
ij iF <G
(3.26)
r
>

Onde:
é o raio de curvatura do poço
e é o momento de flexão
E é o módulo de Young (Módulo de Elasticidade)
I é o momento de inércia da viga
(∆ )# $ é o máximo aumento da tensão axial
é o diâmetro externo

Substituindo a equação 3.26 na equação 3.25, tendo como referência o


e , tem-se a equação:
(∆6Y )stu
e= i'<
+ m+ n (3.27)

Substituindo a equação 3.27 na equação 3.22 tem-se a equação:

'> % v (∆6Y )stu vwru


− ijt m = +
'$ > i'< ij
(3.28)

A solução da equação 3.28 é

(∆6Y )stu
m = x> y z (cosh •n − 1" + xij
v
wr
!sinh •n − •n" (3.29)
i'<

Onde:
v
• = ‚ijt (3.30)

K representa uma constante

54
O contato do revestimento com a parede do poço pode ocorrer de forma
uniforme ou somente nos conectores. Quando não há o contato do tubo com a
parede do poço, situação em que ocorre contato somente nos conectores, pela
análise da simetria descrita acima, é possível inferir que o cisalhamento no
ponto médio da junção é zero, dessa maneira obtém-se a razão:

'ƒ %
F'$ ƒ G =0 (3.31)
$„\…/>

Pela análise, novamente, de simetria constata-se que o tubo de


revestimento é paralelo à parede do poço no ponto médio da junção.
Esta análise permite concluir que a forma de inclinação do tubo, definida
'%
por '$ , é igual à inclinação do poço no ponto analisado.

Dessa maneira, determina-se que o poço possui um raio de curvatura


e uma abscissa x que é determinada paralela ao poço no ponto x=0. Obtêm-se
assim:

'% \…
F G = ×
'$ $„\
(3.32)
…/> r

Onde:
x é a abscissa determinada paralela ao poço
‡ é o comprimento na coordenada j do diâmetro do tubo
é o raio de curvatura do poço

Aplicando a condição de contorno da equação 3.31 na equação 3.28


obtêm-se as equações:

vˆ (∆6Y )stu x\…


= 2‰oℎ F G
xij i'<
(3.33)

‹Œ…
(∆6Y )stu ST U
=
>
‹Œ…
i'<
(3.34)
r
>

55
Onde:
g é a força aplicada sobre a junção
K é uma constante

Após a resolução da tensão máxima, expressando o raio de curvatura


em função do ângulo dogleg-severity e convertendo as unidades de campo
comum, realiza-se a derivação e obtêm-se a equação:

(∆ )# = 218
lx\…
$ S?lx\… B
(3.35)

Onde a variável K é definida com a unidade e a variável ‡ é definida

com a unidade ft.


Quando o aumento da tensão axial provocado pela flexão do tubo é
expresso pela força axial equivalente, , obtêm-se a equação:

lx\…
= 64 d
S?lx\… B
(3.36)

A pode ser a força necessária para criar o mesmo nível de tensão


máxima em uma seção reta do tubo de revestimento.
Esta análise de efeito de flexão demonstra que a possibilidade de
ruptura ocorre quando o nível de tensão máxima excede o limite de
escoamento do aço.
Há uma abordagem alternativa que às vezes é usada para expressar a
resistência axial do material em função da tração e flexão combinadas.
Esta abordagem é normalmente utilizada para avaliar a resistência de
tração da junção de um de um acoplamento submetido à flexão.
O Instituto Americano de Petróleo (API) desenvolveu fórmulas para a
resistência da junção de rosca/luva redonda do revestimento submetido à
flexão.
Quando o valor da divisão entre a resistência à tração axial pela área da
secção transversal da parede do tubo abaixo da última rosca/luva é maior do

56
que o valor da resistência mínima ao escoamento, a resistência da junção é
dada pela equação:

0_.•^'<
= 0.95 ‡= Ž c& −K ‘.’ R “
?6•:E A6789:; B
(3.37)

Onde:

≥ % &'
‡=

e
= 0 •(
/
‡= − 0.1425" − ! − 22" – (3.38)

Onde:
é a resistência a tração axial
‡= é a área da secção transversal da parede do tubo abaixo da ultima
rosca/luva
c& é a tensão final
% &' é a tensão de escoamento
é o diâmetro externo
t é a espessura específica da parede do tubo

Quando o valor da divisão entre a resistência à tração axial pela área da


secção transversal da parede do tubo abaixo da última rosca/luva é menor do
que o valor da resistência mínima ao escoamento, a resistência da junção é
dada pela equação:

6•:E A6789:;
= 0.95 ‡= F + % &' − 218 G
_.l00
(3.39)

Onde:
é o ângulo dogleg-severity
Estas correlações empíricas foram desenvolvidas a partir de testes
experimentais realizados com revestimento 5.5-in, 17-lbf/ft, K-55 com
rosca/luva curta. (BOURGOYNE et al., 1986).

57
4. APLICAÇÕES

Para determinar a tensão axial máxima de uma junção de 36-ft, de


revestimento 7,625-in, 39-lbf/f, N-80, com acoplamento API de rosca/luva
longo, considerando que o revestimento é submetido a uma força de tração
axial ( ) de 400.000-lbf em um ponto do poço direcional cujo ângulo de dogleg
severity ( ) é de 4° /100 ft segue-se o seguinte raciocínio:
De acordo com a tabela de Propriedades Mínimas de Desempenho do
Revestimento (BOURGOYNE et al., 1986), têm-se os seguintes dados para as
especificações do revestimento em questão:
A) resistência nominal do material do tubo ao escoamento = 895.000 lbf
B) resistência nominal da junção = 798.000 lbf
C) diâmetro interno = 6,625 in

Calcula-se:

• Para o contato uniforme entre o tubo e a parede do poço:

A área da secção transversal do material do tubo:

/
!7,625 − 6,625 " = 11,192 o
0
(4.1)

A tensão axial sem flexão:

0__.__
= 35.740
, ˜
(4.2)

O aumento da tensão axial provocado pela flexão no lado convexo do


tubo, de acordo com a equação 3.18:

!∆ "# $ = 218!4,0"!7,625" = 6.649 (4.3)

58
Dessa maneira, a tensão total exercida no tubo será:

35.740 psi + 6.649 psi = 42.389 psi (4.4)

• Para o contato entre o tubo e a parede do poço ocorrendo somente


na junção:

O momento de inércia, de acordo com a equação 3.23:

(7,6250 − 6,6250 " = 71,37 o0


/
k=
l0
(4.5)

A constante K, de acordo com a equação 3.30:

0__.___
• = ‚X_! _b "!™ ,X™"
= 0,01367 oA (4.6)

A tensão máxima após a derivação, de acordo com a equação 3.35:

l.l0˜!l"!_,_ Xl™"!Xl"
!∆ "# $ = = 19.732
S•!l"!_,_ Xl™"!Xl"–
(4.7)

Dessa maneira, a tensão axial máxima será:

35.740 psi + 19.732 psi = 55.472 psi (4.8)

Após estes cálculos conclui-se, para esta situação, que os valores dos
contatos entre o tubo e a parede do poço que ocorrem de maneira uniforme e
somente nas junções são menores do que 80.000 psi, que é o valor de
resistência ao escoamento mínimo do tubo (tabela 2.1).

• Para a resistência da junção com um ângulo dogleg severity para


4° /100 ft:

59
A resistência mínima à tração para o revestimento N-80 é 100.000 psi
(tabela 2.1).
A resistência da junção, de acordo com a equação 3.37:

vrQ •
= 0,95 ›100.000 − y!
0_,•!0"!™,l •"
š…M __.___A`_.___"‘.’
z œ = 94.991 (4.9)

Sendo:

> 80.000
‡=

não é necessário utilizar a equação 3.39.

A área do aço sobre a última luva/rosca, de acordo com a equação 3.38:

/
‡= = •!7,625 − 0,1425" − 6,625 – = 9,501 o
0
(4.10)

Dessa maneira, a resistência da junção é:

= !9,501"!94.991" = 902.500 žŸ (4.11)

Como o valor de resistência da junção calculada é superior ao valor da


resistência da junção determinada pela tabela, Propriedades Mínimas de
Desempenho do Revestimento (BOURGOYNE et al., 1986), que é de 798.000,
pode-se inferir que o valor nominal de resistência à junção da tabela é baseado
na resistência da junção ao ser tracionada.
Dessa maneira, para está situação analisada, pode-se considerar que a
resistência da junção é controlada pela força mínima de tração.

60
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A coluna de revestimento de poços de petróleo desempenha o papel de


barreira mecânica evitando a invasão de rochas e fluidos no poço.
A manufatura do tubo de revestimento do poço é um processo complexo,
porque envolve um cilindro de aço compacto que é submetido a vários
processos até se transformar em um tubo vazado com especificações, como
por exemplo, espessura da parede, que atendam a um projeto de explotação
de petróleo.
As especificações do aço devem ser definidas com o objetivo de evitar
que as forças de tração e tensões provoquem o escoamento e
consequentemente a falha do aço.
As forças que são exercidas no tubo atuam no sentido de estirar, expandir
e comprimir o tubo. Elas variam de acordo com as camadas geológicas as
quais os revestimentos estão atravessando.
As forças de tração, que provocam o estiramento do tubo, podem agir
combinadas com as forças que provocam a expansão ou esmagamento do
tubo.
Esta ação conjunta de forças faz com que ocorram os efeitos de
combinação de cargas que podem provocar o colapso da coluna de
revestimento do projeto.
Estes efeitos variam de acordo com a camada que o revestimento está
atravessando e de acordo com o formato e direção do poço.
Em poços direcionais, o formato do poço é curvilíneo e ele pode assumir
várias direções.
Na mudança de direção do poço, os efeitos de flexão que ocorrem no
lado convexo do tubo e na forma de contato do tubo com a parede do poço
provocam uma variação das tensões exercidas nas juntas e no comprimento do
tubo.
Para que o projeto de revestimento de poço de petróleo seja eficiente, são
necessários conhecimentos detalhados das áreas e realização de cálculos de
forças para cada formação geológica que será revestida.

61
REFERÊNCIAS

Base de Jateamento. Disponível em:


<http://www.iesa.com.br/site/noticias/entrega_bajas.htm>. Acesso em: 17 set.
2014.
BÔAS, A. C. C. V. et al. “Comportamento mecânico e de corrosão do aço
X70 sob carregamento cíclico simulando o bobinamento dos tubos".
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
Horizonte – MG, Brasil, abril 2012.
BOURGOYNE, A. T. El. Applied Drilling Engineering, vol. 2, p. 300-350,
1986.
Força axial. Disponível em:
<http://www.engenhariacivil.com/dicionario/forca-axial>. Acesso em: 20 out.
2014.
GRAVINA, C. C. et al. Simulação Numérica do Comportamento Mecânico
do Sal em Poços de Petróleo. Dissertação (Mestrado) — Universidade
Estadual de Campinas, Campinas - SP, Brasil, out. 1997.
HARMAN, Thomas L. Advanced Engineering Mathematics with MATLAB
Second edition, 2000.
Honório, Marcelo Campos. Qualidade dos dados transmitidos a
perfuração de poços de petróleo. Disponível em:
<http://saturno.unifei.edu.br/bim/0032070.pdf>. Acesso em: 20 set. 2014.
IADC. (2000). Drilling Manual Technical Toolboxes, Inc ebook version
(v.11).
Instituto Americano de Petróleo. Disponível em: <http://www.api.org>.
Acesso em: 20 dez. 2014.
Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial –
INMETRO. Disponível em:
<http://www.inmetro.gov.br/rtac/pdf/RTAC000883.pdf>. Acesso em: 21 out.
2014.
Oil Country Tubular Goods (OCTG). Disponível em:
<http://www.imoa.info/molybdenum-uses/molybdenum-grade-alloy-steels-
irons/oil-country-tubular-goods.php>. Acesso em: 10 set. 2014.

62
Perfuração. Disponível em:
<http://www.tecnicodepetroleo.ufpr.br/apostilas/engenheiro_do_petroleo/perfura
coes.pdf>. Acesso em: 13 set. 2014.
RAHMAN S. S. and CHILINGARIAN G. V. Casing Design, Theory and
Practice ELSEVIER 1995. 372P.
Têmpera e revestimento. Disponível em:
<http://www.ghinduction.com/process/tempera-e-revenimento/?lang=pt-br>.
Acesso em: 01 out. 2014.
THOMAS, JOSÉ EDUARDO. Fundamentos de Engenharia de Petróleo
Segunda edição 2004.
Tubulação Industrial e Estrutura Metálica. Disponível em:
<http://www.abraman.org.br/arquivos/51/51.pdf>. Acesso em: 15 out. 2014.

63
APÊNDICE A – EQUAÇÕES DE LAMÉ

Quando um tubo de revestimento de poço é exposto à pressão interna e


pressão externa, a tensão radial e a tensão normal S no tubo são dadas
pelas equações A.1 e A.2.

A tensão radial é dada pela equação:

?M NM@ B;> O>


K?=8 '> A=@ L > BA 8 R
=
>
PQ
(L > A'> )
(A.1)

Onde:
é a pressão interna
é a pressão externa
' L
r é a coordenada radial F G ≤ ≤F G

d é o diâmetro interno, d = D – 2t
D é o diâmetro externo

t é a espessura específica da parede do tubo

A tensão normal é dada pela equação:

?M NM@ B;> O>


K?=8 '> A=@ L > BC 8 R
=
>
PQ
S (L > A'> )
(A.2)

Onde:
é a pressão interna
é a pressão externa
' L
r é a coordenada radial F G ≤ ≤F G

d é o diâmetro interno, d = D – 2t
D é o diâmetro externo

t é a espessura específica da parede do tubo

64
ANEXO A – ARQUIVO DE ENTRADA DO MATLAB

Arquivo de entrada do Matlab para a construção da elipse representada


na Figura 3.9.

% a = pressão interna
% b = tensão de escoamento
% x = tensão tangencial
% y = tensão axial
clear all
clf
clc
a=[0:0.1:10000];
%para ro=0.2 e ri=0.05
tz=10000;
ty=80000;
b=[0:100000];
x=[0:100000];
y=[0:100000];
%((x+a)/b)=sqrt(1-3/4*((y+a)/b).^2)+1/2*((y+a)/b);
%A=((x+a)/b);
pi=60000;
B=[-1.175:0.01:1.175];
A=-(1-(3/4).*(B.^2)).^(1/2)+1/2.*B;
C=(1-(3/4).*(B.^2)).^(1/2)+1/2.*B;
plot(B,A)
hold on
plot(B,C)
hold on
B=(tz+pi)./ty;
A=-(1-(3/4).*(B.^2)).^(1/2)+1/2.*B;
C=(1-(3/4).*(B.^2)).^(1/2)+1/2.*B;
plot(B,A,'o')
hold on
plot(B,C,'o')
%A=[-120:10:120];
%B=[-120:10:120];

65

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