Estudo Da Efetividade Do Programa de Alimentação Do Trabalhador (Pat) em Termos de Fornecimento de Nutrientes - Uma Revisão de Literatura
Estudo Da Efetividade Do Programa de Alimentação Do Trabalhador (Pat) em Termos de Fornecimento de Nutrientes - Uma Revisão de Literatura
Estudo Da Efetividade Do Programa de Alimentação Do Trabalhador (Pat) em Termos de Fornecimento de Nutrientes - Uma Revisão de Literatura
FLAVIA MELO
(Nutricionista, Mestre em Ciências da Saúde; Docente do curso
de Bacharelado em Nutrição da Pontifícia Universidade Católica de
Goiás; Goiânia, Goiás, Brasil)
ABSTRACT:
The intake of nutrients from a balanced diet is essential for maintaining a good quality
of life. In recent decades, the diet of Brazilians has been characterized by an increase
in the consumption of industrialized foods, which favor the emergence of Chronic
Noncommunicable Diseases and the increase in overweight and obesity. The Worker's
Food Program (PAT) encourages companies to improve employees' nutritional
conditions, giving them greater resistance to these diseases. The objective of this
research was to investigate the effectiveness of the PAT. Twelve scientific articles
participated in this review, which analyzed 16 companies and 310 menus in total. No
company was completely compliant with the PAT recommendations. With the results
obtained in the present work, it was identified that the food offered to the employees is
not in full agreement and appropriate with the guidelines of the Program.
1 INTRODUÇÃO
A ingestão de nutrientes advindos por meio de uma alimentação balanceada
é essencial para a manutenção de uma boa qualidade de vida. Essa alimentação deve
ser planejada de acordo com as condições financeiras do público-alvo e a
disponibilidade de alimentos da região no qual está inserido.
Nas últimas décadas a população vem adquirindo novos hábitos alimentares,
devido às transformações socioeconômicas. A alimentação dos brasileiros está sendo
caracterizada por um aumento do consumo de alimentos industrializados, com altos
teores de açúcares e gorduras que favorecem o surgimento de Doenças Crônicas não
Transmissíveis (DCNT), e o aumento de sobrepeso e obesidade, em contraposição
ao consumo de alimentos de origem in natura, que sempre compuseram a base da
alimentação da população, aumentando cada dia mais a necessidade de uma
educação alimentar (SALVETTI; POSSA, 2017; PRATES; SILVA, 2013).
Em um trabalho publicado pela Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para
Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL), foram analisadas 27 cidades do
Brasil, onde foram avaliados indivíduos adultos de ambos os sexos. A frequência de
excesso de peso foi maior entre os homens, sendo um total de 55,7% e entre as
mulheres um total 53,9%. Já a frequência de obesidade em adultos foi de 19,8%,
sendo dessa vez maior entre as mulheres 20,7% do que entre os homens 18,7%
(BRASIL, 2019).
A prevalência de algumas DCNT foi avaliada pelo VITIGEL no ano de 2018,
entre elas a hipertensão arterial, onde se observou uma frequência de diagnóstico
médico da doença (24,3%), sendo maior entre mulheres (26,4%) do que em homens
(21,7%). Em ambos os sexos, a frequência de diagnóstico aumentou com o avanço
da idade, e foi particularmente elevada entre os indivíduos com menor nível de
escolaridade. O colesterol elevado, também foi avaliado, e a frequência do diagnóstico
médico prévio foi de 7,6%, sem diferença entre os sexos. Em ambos os sexos, o
diagnóstico da doença se tornou mais comum com o avanço da idade (BRASIL, 2019).
O Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) é um plano instituído pela
Lei nº 6.321/1976 que incentiva as empresas a fornecerem valores destinados à
alimentação dos trabalhadores, com a vantagem de dedução de até 4% em
seu imposto de renda, onde seu principal objetivo é melhorar efetivamente as
condições nutricionais do empregado e a sua capacidade física, motivando-o,
conferindo a ele maior resistência à fadiga e às doenças e diminuindo os acidentes de
trabalho. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) no mês de novembro
de 2019 o PAT beneficiou 21.386.307 de trabalhadores, sendo destes 18.306.779
trabalhadores que recebem até 5 salários-mínimos, dentro de 266.169 empresas
beneficiárias (DUARTE et al., 2015).
Em 2006, foi publicada a Portaria n° 66, de 25 de agosto de 2006, que alterou
os parâmetros nutricionais do PAT. Segundo essa portaria, a alimentação do
trabalhador deverá ser calculada com base nos valores diários de referência para
macro e micronutrientes: Valor Energético Total (VET) de 2000 kcal, Carboidratos
entre 55 e 75%, Proteínas de 10 a 15%, Gorduras totais entre 15 e 30%, Gordura
Saturada <10%, Fibras Alimentares >25g e Sódio ≤2400 mg/dia. As refeições
principais como almoço, jantar e ceia devem conter de 600 a 800kcal (30 - 40% do
VET), podendo haver um acréscimo de 20% (400 kcal) em relação ao VET de 2000
kcal. As menores refeições como desjejum e lanche, devem conter de 300 a 400kcal
(15 - 20% do VET), admitindo-se um acréscimo de 20% (400 kcal) em relação ao VET
de 2000 kcal. O Percentual proteico-calórico (NdPCal) das refeições deve ser de no
mínimo 6% e no máximo 10% (BRASIL, 2006).
Ainda segundo a Portaria n° 66, as refeições principais e menores deverão
conter no almoço/jantar/ceia ou desjejum/lanche, 60% de carboidratos, 15% de
proteínas, 25% de gorduras totais e <10% de gorduras saturadas. Já para os valores
de fibras alimentares, entre 4 e 5 gramas no desjejum/lanche e de 7 a 10 gramas para
o almoço/jantar/ceia. A recomendação de Sódio fica entre 360 e 480 no
desjejum/lanche e de 720 a 960 no almoço/jantar/ceia (BRASIL, 2006).
Uma alimentação equilibrada é fundamental para o bom desempenho do
trabalhador. Sem isso ele dificilmente conseguirá passar as oito horas diárias de
trabalho. Uma má alimentação pode causar refúgio em tabagismo e cafeína,
resultando também em estresse, além de doenças relacionadas à alimentação como
obesidade, diabetes, hipertensão e colesterol alterado. Funcionários com problemas
de excesso de peso, podem ter como consequência o surgimento de outras doenças
relacionadas à alimentação, como a diabetes Mellitus tipo II, ter a saúde debilitada,
acarretando a perda de rendimento de trabalho (PATROCINIO, 2017; PRATA;
MARQUES, 2017).
Apesar do avanço dos estudos no entendimento da adesão do PAT na
melhora da alimentação e saúde do trabalhador, muitas refeições oferecidas pelas
empresas não estão adequadas. Visto isso será investigado neste trabalho a
efetividade do programa de alimentação do trabalhador em termos de fornecimento
de nutrientes.
2 METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão integrativa de literatura utilizando artigos científicos
sobre a eficiência nutricional e social do Programa de Alimentação do Trabalhador
junto a saúde de seus beneficiários.
2.3 Busca
Foram utilizados os indexadores a partir dos Descritores em Ciências da Saúde
(DeCS): “alimentação coletiva”, “Programas e Políticas de Nutrição e Alimentação” e
“Serviços de Saúde do Trabalhador”. E do Medical Subject Heading Terms (MeSH):
“Collective Feeding”, “Nutrition Programs and Policies” e “Occupational Health
Services”. Os filtros aplicados nas bases de dados para a busca foram o período de
publicação dos artigos de até no máximo 10 anos e o país de origem apenas Brasil.
3 RESULTADOS
Participaram desta revisão, 12 artigos científicos, a quantidade de cardápios
estudados e número de empresas levadas em consideração, foram pontos
importantes para a escolha dos artigos, para realizar a comparação com as
orientações do PAT. O artigo de Pinto et al. (2016), avaliou duas empresas no total, o
de Pereira et al. (2014), avaliou quatro empresas. Já os estudos de Batista et al. (2015),
Duarte et al. (2015), Oro e Hautrive (2015), Rocha et al. (2014), Lanci e Matsumoto,
(2013), Carneiro, Moura e Souza (2013), Salvetti e Possa (2017), Carlesso, Balestrin
e Xavier (2018), Padilha et al. (2021) e Cunha e Sampaio (2014), avaliaram somente
uma empresa cada.
Em relação ao cardápio, foram avaliadas as refeições do almoço das empresas, os
artigos de Duarte et al. (2015), Pereira et al. (2014) e Lanci e Matsumoto (2013),
analisaram três cardápios por empresa referentes a três dias, o artigo de Pinto et al.
(2016), analisou cinco cardápios por empresa, sendo cinco dias, o artigo Carneiro,
Moura e Souza (2013) avaliou seis cardápios de uma empresa referente a seis
almoços, os artigos Rocha et al. (2014) e Padilha et al. (2021), avaliaram sete dias de
cardápios de uma empresa cada, o artigo Oro e Hautrive (2015) avaliou dez dias de
cardápios de uma única empresa. E os artigos Batista et al. (2015), Carlesso, Balestrin
e Xavier (2018), Salvetti e Possa (2017) e Cunha e Sampaio (2014) avaliaram
respectivamente vinte, vinte e cinco, setenta e um e cento e cinquenta dias de
cardápios de uma empresa cada. A avaliação das recomendações do PAT nos 310
cardápios está localizada na tabela 01, apresentada abaixo. Os estudos de Pinto et
al. (2016) e Pereira et al. (2014), avaliaram duas e quatro empresas respectivamente,
nestes, as informações estão de acordo com a média total entre as empresas, nos
demais foi avaliado uma empresa cada. O valor calórico total e macronutrientes foram
citados em todos os resultados dos artigos. Os valores de NdPcal% foram citados em
quase todos os estudos, exceto nos artigos de Pereira et al. (2014), Lanci e Matsumoto
(2013), Salvetti e Possa (2017) e Carlesso, Balestrin e Xavier (2018). Os valores de
sódio estavam presentes em todos os estudos, exceto no de Lanci e Matsumoto
(2013), e os valores de fibras alimentares não constavam nos artigos de Pinto et al.
(2016), Lanci e Matsumoto (2013) e Carneiro, Moura e Souza (2013).
Tabela 01 - Valor de VCT, macronutrientes, NdPCal%, Sódio e Fibras dos estudos avaliados
e comparação com o recomendado pelo PAT
PEREIRA, J.P.; BELLO, P.D; LOCATELLI, N.T.; PINTO, A.M.S; BANDONI, D.H.
Qualidade das refeições oferecidas por empresas cadastradas pelo Programa
de Alimentação do Trabalhador na cidade de Santos-SP. O Mundo da Saúde
2014; 38 (3): 325-333. Disponível em: (PDF) Qualidade das refeições oferecidas por
empresas cadastradas pelo Programa de Alimentação do Trabalhador na cidade de
Santos-SP (researchgate.net)
ROCHA, M.P.; MATIAS, A.C.G.; SPINELLI, M.G.N.; ABREU, E.S. Adequação dos
cardápios de uma unidade de alimentação em relação ao Programa de
Alimentação do Trabalhador. Revista Univap 2014; 20 (35). Disponível em:
https://doi.org/10.18066/revunivap.v20i35.211