AV1 - 202 - Segunda Etapa
AV1 - 202 - Segunda Etapa
AV1 - 202 - Segunda Etapa
Zygmunt Bauman (1925-2017), sociólogo autor de debates teóricos sobre a pós-modernidade ou, como ele denomina, a
modernidade líquida, faz uma análise crítica ao que ele chamou de “amizade Facebook”, própria desses tempos de redes sociais-
virtuais e das novas tecnologias de comunicação e informação. Em entrevista concedida ao projeto Fronteiras do Pensamento no ano
de 2011, que é parte da programação do Café Filosófico CPFL – tal entrevista de Bauman é facilmente encontrada no site de
compartilhamentos de vídeos Youtube –, este sociólogo conta que um “viciado em Facebook” se gabou que tinha feito em um dia,
apenas, 500 novas amizades, nesta referida rede social-virtual. Bauman retrucou, no entanto, dizendo que ele, na época com 86 anos,
não tinha conseguido ter tantos amigos durante toda a sua vida. Porém, Bauman afirma que, provavelmente, os significados de
“amigo” que ele e o referido “viciado em Facebook” possuem não são os mesmos, mas são, na verdade, bem diferentes. (3.0)
Sobre os significados dessa “amizade Facebook” e da concepção de “amigo” que Bauman aponta ser diferente, é correto dizer que
a) a diferença entre o tipo de “amizade Facebook” do tipo de “amizade” a que Bauman se referiu reside no fato de que, na primeira, é
mais difícil se desfazer dos amigos.
b) as “amizades” feitas por meio do Facebook ou do Instagram não partem da concepção de
comunidade ou de laços humanos, mas da ideia de redes de contato.
c) as amizades podem ser facilmente feitas nas redes virtuais-sociais, mas, diferente de outras, têm a possibilidade de ser duradouras
e sinceras.
d) amizades feitas pela convivência e confiança são próprias desses tempos da modernidade
líquida, onde tudo é liquefeito rapidamente.
e) nas redes sociais as amizades são duradoras e autênticas, já que a globalização permite o laço social.
2. A antiga condição de emprego construía, por assim dizer, a vida humana, que podia ser planejada. Tanto os trabalhadores como
os donos de fábrica sabiam muito bem que iriam se encontrar novamente amanhã, no ano seguinte, pois os dois lados dependiam um
do outro. E porque todos sabiam disso podiam brigar uns com os outros, mas no final tendiam a concordar com um modus vivendi.
Bem, nada disso existe hoje.A maioria das pessoas não pode planejar seu futuro muito tempo adiante.
No trecho da entrevista, o sociólogo Zygmunt Bauman analisa as modificações no mundo do trabalho e suas repercussões no que se
refere à (3.0)
a) conflituosidade das classes sociais.
b) fragilidade da representação sindical.
c) padronização dos métodos produtivos.
d) instabilidade das relações contemporâneas.
e) consolidação do processo de estratificação.
___________________________________________________________________________________________________
Página |2
O princípio é: na periferia, uma construção em anel; no centro, uma torre; esta possui grandes janelas que se abrem para a parte
interior do anel. A construção periférica é dividida em celas, cada uma ocupando toda a largura da construção. Estas celas têm duas
janelas: uma abrindo-se para o interior, correspondendo às janelas da torre; outra, dando para o exterior, permite que a luz atravesse
a cela de um lado a outro. Basta então colocar um vigia na torre central e em cada cela trancafiar um louco, um doente, um
condenado, um operário ou um estudante. Devido ao efeito de contraluz, pode-se perceber da torre, recortando-se na luminosidade,
as pequenas silhuetas prisioneiras nas celas da periferia. Em suma, inverte-se o princípio da masmorra; a luz e o olhar de um vigia
captam melhor que o escuro que, no fundo, protegia. […]
As mudanças econômicas do século XVIII tornaram necessário fazer circular os efeitos do poder por canais cada vez mais sutis,
chegando até os próprios indivíduos, seus corpos, seus gestos, cada um de seus desempenhos cotidianos. Que o poder, mesmo tendo
uma multiplicidade de homens a gerir, seja tão eficaz quanto se ele se exercesse sobre um só. […] Bentham […] coloca o problema da
visibilidade, mas pensando em uma visibilidade organizada inteiramente em torno de um olhar dominador e vigilante. Ele faz
funcionar o projeto de uma visibilidade universal, que agiria em proveito de um poder rigoroso e meticuloso.
4. Seu turno de trabalho acabou, você já está em casa e é hora do jantar da família. Mas, em vez de relaxar, você começa a pensar na
possibilidade de ter recebido alguma mensagem importante no e-mail profissional ou no grupo de WhatsApp da empresa.
Imediatamente, você fica distante. Momentos depois, com alguns toques na tela do celular, você está de volta ao ambiente de
trabalho. O jantar e a família ficaram em segundo plano.
A simples vontade de checar mensagens de trabalho pós-expediente prejudica sua saúde – e a de sua família.
Disponível em: www.bbc.com. Acesso em: 4 dez. 2018.
O texto indica práticas nas relações cotidianas do trabalho que causam para o indivíduo a (3.0)
a) proteção da vida privada.
b) ampliação de atividades extras.
c) elevação de etapas burocráticas.
d) diversificação do lazer recreativo.
e) desobrigação de afazeres domésticos.
5. O filósofo francês, Michel Foucault, ao iniciar os estudos sobre arquitetura hospitalar na segunda metade do século XVIII,
percebeu que grande parte dos projetos arquitetônicos tinham como característica uma centralização do olhar voltada para
indivíduos, corpos e coisas. Segundo Foucault, os modelos arquitetônicos seguiam os princípios formulados por Jeremy Bentham em
___________________________________________________________________________________________________
Nome: Turma: Página |3
sua obra “O Panopticon”, publicada no final do século XVIII. Foucault encontrou o mesmo princípio do panopticon na arquitetura das
escolas, nos hospitais e, sobretudo, nos grandes projetos prisionais do início do século XIX. Em 1975, ele retoma o tema em sua obra
“Vigiar e Punir”, quando se refere ao tema da tecnologia de poder e o da vigilância no sistema prisional.
6. Texto 1
A ideia do panóptico coloca no centro alguém, um olho, um olhar, um princípio de vigilância que poderá de certo modo fazer sua
soberania agir sobre todos os indivíduos [situados] no interior dessa máquina de poder. Nessa medida, podemos dizer que o
panóptico é o mais antigo sonho do mais antigo soberano: que nenhum dos meus súditos escape e que nenhum dos gestos de
nenhum dos meus súditos me seja desconhecido.
Texto 2
Em 2013 as revelações de Edward Snowden, ex-funcionário da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos, deixaram a noção
de transparência democrática sob suspeita. Snowden revelou que a inteligência estadunidense realizava vigilância em massa de seus
aliados e adversários políticos. A espionagem ocorreu logrando acesso legal ou forçado aos servidores de boa parte das maiores
empresas de internet.
(Davi Lago. “O panóptico digital: por que devemos suspeitar da palavra ‘transparência’?”. https://estadodaarte.estadao.com.br,
29.08.2019. Adaptado.)
7. Eis como ainda no início do século XVII se descrevia a figura ideal do soldado. O soldado é antes de tudo alguém que se reconhece
de longe; que leva os sinais naturais de seu vigor e coragem, as marcas também de seu orgulho: seu corpo é o brasão de sua força e
de sua valentia. [...] Na segunda metade do século XVIII, o soldado tornou-se algo que se fabrica; de uma massa informe, de um corpo
inapto, fez-se a máquina de que se precisa; corrigiram-se aos poucos as posturas; lentamente uma coação calculada percorre cada
parte do corpo, se assenhoreia dele, dobra o conjunto, torna-o perpetuamente disponível e se prolonga, em silêncio, no automatismo
dos hábitos.
(FOUCAULT, Michel. Os corpos dóceis. In: FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 162.)
Levando em conta essa passagem e a obra em que está inserida, é correto afirmar que, para Michel Foucault, instituições como
escolas, quartéis, hospitais e prisões são exemplos de espaços em que, a partir do século XVIII, os indivíduos: (3.0)
a) são educados de modo a se tornarem autônomos.
b) aprendem a conviver uns com os outros.
c) encontram as condições de segurança e bem-estar.
d) se tornam mais vigorosos e valentes.
e) se fazem objeto do poder disciplinar.
___________________________________________________________________________________________________
Página |4
8. Penso que não há um sujeito soberano, fundador, uma forma universal de sujeito que poderíamos encontrar em todos os lugares.
Penso, pelo contrário, que o sujeito se constitui através das práticas de sujeição ou, de maneira mais autônoma, através de práticas
de liberação, de liberdade, como na Antiguidade – a partir, obviamente, de um certo número de regras, de estilos, que podemos
encontrar no meio cultural.
FOUCAULT, M. Ditos e escritos V: ética, sexualidade, política. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004.
9. Observe a seguinte notícia: “O total de pessoas encarceradas no Brasil chegou a 726.712 em junho de 2016. Em dezembro de
2014, era de 622.202. Houve um crescimento de mais de 104 mil pessoas. Cerca de 40% são presos provisórios, ou seja, ainda não
possuem condenação judicial. Mais da metade dessa população é de jovens de 18 a 29 anos e 64% são negros. [...] Os crimes
relacionados ao tráfico de drogas são os que mais levam as pessoas às prisões, com 28% da população carcerária total. Somados,
roubos e furtos chegam a 37%. [...] Quanto à escolaridade, 75% da população prisional brasileira não chegaram ao Ensino Médio.
Menos de 1% dos presos tem graduação”.
As informações apresentadas na notícia acima podem ser pensadas filosoficamente tomando-se por base (3.0)
10. O momento histórico das disciplinas é o momento em que nasce uma arte do corpo humano, que visa não unicamente o
aumento das suas habilidades, nem tampouco aprofundar sua sujeição, mas a formação de uma relação que no mesmo mecanismo o
torna tanto mais obediente quanto é mais útil, e inversamente. Forma-se então uma política das coerções, que são um trabalho sobre
o corpo, uma manipulação calculada de seus elementos, de seus gestos, de seus comportamentos.
FOUCAULT, M. Vigiar e punir: história da violência nas prisões. Petrópolis: Vozes, 1987.
___________________________________________________________________________________________________