EPIDEMIOLOGIA

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Índice

Resumo............................................................................................................................................2

Introdução........................................................................................................................................2

Estudos de Coorte............................................................................................................................3

O esquema do delineamento dos estudos de coorte.....................................................................3

Tipos de estudos de coorte.......................................................................................................4

Vantagens dos estudos de coorte..............................................................................................5

Desvantagens dos estudos de coorte........................................................................................5

Estudos de Casos e Controlos..........................................................................................................5

Esquema do delineamento de estudos de casos e controlos.........................................................6

Vantagens dos estudos de casos e controlos................................................................................7

Desvantagens dos estudos de casos e controlos...........................................................................7

Iniciativa STROBE..........................................................................................................................7

Conclusão........................................................................................................................................8

Referencias Bibliográficas...............................................................................................................8
Resumo
Os estudos observacionais ou analíticos demonstram ser uma boa alternativa na impossibilidade
de execução de estudos experimentais. Os estudos de coorte e de casos e controlos são dois tipos
de estudos observacionais que avaliam a associação entre a exposição e os resultados.

Nos estudos de coorte é avaliada a influência de uma exposição no desenvolvimento da


doença/resultado, parte-se da causa para identificar a consequência. Nos estudos de casos e
controlos mede-se retrospectivamente a exposição, o efeito já é conhecido e procura-se
identificar a causa. As listas de verificação STROBE são um bom instrumento para a melhoria da
descrição deste tipo de estudos.

Introdução

O objectivo primário da investigação epidemiológica é provar qual a causa de determinado


efeito. Os estudos experimentais são a forma mais directa e menos enviesada de o fazer, têm
maior robustez. No entanto, existem situações em que a experimentação não pode ser feita, nesse
caso os estudos observacionais são uma boa alternativa para se obterem estimativas do efeito do
tratamento. Estudos observacionais bem desenhados demonstraram fornecer resultados similares
aos ensaios clínicos controlados aleatorizados. Tanto os estudos experimentais como os
observacionais são estudos analíticos, o seu objectivo é identificar e avaliar as causas ou factores
de risco de doenças ou eventos relacionados à saúde. As características que distinguem os
estudos experimentais dos observacionais são que nos primeiros existe uma intervenção do
investigador enquanto nos segundos o investigador não intervém, apenas mede, observa e avalia
a força da relação entre a exposição e a variável.

Existem quatro tipos de estudos observacionais: estudos de coorte, estudos de casos e controlos,
estudos transversais, seccionais ou de prevalência, e estudos ecológicos.

Os estudos de coorte e de casos e controlos são vantajosos pois medem a ocorrência da doença
(variável) e a sua associação com a exposição numa dimensão temporal, que pode ser
prospectiva ou retrospectiva. Ambos têm as suas vantagens e desvantagens mas são os estudos
de coorte que têm o maior nível de evidência, maior capacidade para demonstrar uma relação de
causa-efeito, embora em comparação com os estudos de casos e controlos sejam menos
realizados.

Os estudos transversais medem a exposição e a variável num ponto do tempo. Os estudos


ecológicos são úteis para gerar hipóteses e a unidade de análise são grupos de pessoas.

Neste trabalho, aborda-se com mais detalhe os estudos analíticos de coorte e de casos e controlos
e esperamos trazer informações suficientes em torno do assunto em destaque.

Estudos de Coorte

O termo coorte deriva da palavra latina cohors, que significava um conjunto de soldados
provenientes das mesmas regiões. Em epidemiologia, coorte significa um grupo de indivíduos
com características definidas que são seguidos para determinar várias consequências.

Os estudos de coorte são um dos principais tipos de estudos epidemiológicos, contribuem para a
determinação da etiologia de uma doença, para a avaliação de medidas terapêuticas e para o
estudo da história natural da doença.

Nestes estudos são identificados subconjuntos de uma população que são seguidos ao longo do
tempo, pesquisando diferenças nos resultados entre eles. Normalmente estes estudos comparam a
população exposta a uma variável com a população não exposta mas também podem comparar
uma exposição com outra.

O esquema do delineamento dos estudos de coorte.


Este tipo de estudo observacional é o que tem mais semelhanças com os estudos experimentais,
pois um grupo de indivíduos sujeito a uma exposição é seguido ao longo do tempo de modo a
identificar novos casos de doença.

Tipos de estudos de coorte


Os estudos de coorte podem ser prospectivos ou retrospectivos.

 Nos prospectivos a exposição à variável é avaliada no início do estudo e o investigador


segue a população ao longo do tempo até ao desenvolvimento do resultado. O estudo é
realizado em simultâneo com os eventos em estudo.
 Os estudos de coorte retrospectivos são realizados após a ocorrência do estudo e dos
resultados, recriando os eventos passados através de registos médicos, questionários ou
entrevistas. O investigador inicia o estudo depois do seguimento da população estar
concluído e retrospectivamente é composta uma coorte e as exposições são avaliadas.

Normalmente o desenho prospectivo tem maior evidência científica e é mais completo do que o
retrospectivo, pois tem a vantagem de ser desenhado para a recolha de dados específicos da
exposição enquanto no retrospectivo o investigador tem um controlo limitado sobre a recolha de
dados.

Na constituição das coortes deve haver homogeneidade nas características dos seus constituintes
e a população deve ser representativa. Para a selecção dos indivíduos temos de ter vários factores
em conta: qual o tipo de exposição em estudo, a frequência de exposição na população, qual a
aceitação dos indivíduos e a probabilidade de continuarem no estudo.

A população seleccionada, expostos e não expostos, deve estar livre de doença e ser igualmente
susceptível ao seu desenvolvimento. Ambos devem ser acompanhados durante o estudo e a
informação disponível deve ser equivalente para os dois grupos.

Algumas das aplicações mais relevantes dos estudos de coorte são: pesquisa de causas raras,
teste de múltiplos efeitos de causa, mensurações da relação temporal e medida directa da
incidência.

Vantagens dos estudos de coorte


Algumas das vantagens dos estudos de coorte são: permitem estudar múltiplos resultados
relacionados com apenas uma exposição, não têm o problema da selecção de um grupo controlo
sem a doença como nos estudos de casos e controlos, permitem estudar relações causa-efeito
quando não é possível realizar um ensaio clinico, são úteis para a vigilância dos fármacos pós-
comercialização, permitem estudar exposições raras e grandes populações.

Desvantagens dos estudos de coorte


As desvantagens dos estudos de coorte são não haver o controlo da variável de exposição como
acontece nos estudos experimentais, a necessidade de uma amostra muito grande, o longo tempo
de seguimento que pode levar a perda de participantes, o custo elevado e o facto de haver
modificação ao longo do tempo dos métodos de diagnóstico.

Estudos de Casos e Controlos

O conceito dos estudos de casos e controlos baseia-se na prática diária dos médicos, a anamnese
feita a um paciente tem o objectivo de revelar características ou factores que o predisponham à
doença. A prática de questionar o doente sobre os comportamentos e as condições anteriores à
doença remonta ao século 4 a.C., estando relatado nos textos de Hipócrates. O desenho do estudo
de casos e controlos foi pela primeira vez reconhecido em 1926 no estudo de Janet Lane-
Claypon’s sobre o cancro da mama.

Os estudos de casos e controlos baseiam-se em indivíduos já com o resultado/doença (casos), nos


quais se procurará identificar a exposição ou não a um ou mais factores de risco. Os resultados
de interesse podem ser o diagnóstico de uma doença, se o indivíduo foi submetido a um tipo
específico de cirurgia, entre outros. Quando o resultado é identificado e os indivíduos
classificados como casos, os controlos são seleccionados, destes fazem parte os sujeitos
exactamente comparáveis aos casos mas sem o resultado.

Os casos são comparados com os controlos olhando para as diferenças nas exposições a um
determinado factor de risco no passado1,8. Retrospectivamente o investigador procura uma
causa/exposição para o resultado ocorrido, partindo do efeito para identificar a causa2,5. O início
e a duração da exposição deve ser determinada tanto para os casos como para os controlos.

Esquema do delineamento de estudos de casos e controlos:


A informação sobre a exposição a um factor de risco no passado pode ser obtida através de
registos médicos, inquéritos ou entrevistas. A recolha da informação deve ser cuidada pois
podem ocorrer viés de informação, nomeadamente durante a entrevista aos diferentes grupos
caso o colector dos dados conheça a classificação do participante (caso ou controlo), pode
inadvertidamente redireccionar as questões de maneira diferente entre os dois grupos. Outro
factor que pode influenciar a validade destes estudos são os viés de memória, que são os erros
que resultam da capacidade para relembrar eventos ou experiências passadas1, os participantes
podem não se lembrar com exactidão do grau de exposição no passado.

Neste tipo de estudo a selecção dos casos e dos controlos é muito importante, os casos
seleccionados devem representar todos os casos na população alvo e cumprir os critérios de
inclusão e de exclusão estabelecidos pelo investigador. A selecção adequada dos controlos é uma
tarefa desafiante uma vez que os controlos devem ser, em tudo, equiparados aos casos, excepto
na presença do resultado/doença. Para a selecção tanto dos casos como dos controlos não deve
haver qualquer relação com a exposição. Esta deve ser feita correctamente de modo a evitar viés
de selecção, ou seja, os erros sistemáticos aquando da selecção dos participantes para cada um
dos grupos do estudo.

Para a avaliação de resultados raros existe um número limitado de casos para escolha, e por isso
neste cenário podem ser recrutados vários controlos para cada caso e assim possibilitar o
fornecimento de mais informação pelo estudo, tendo maior poder estatístico devido ao aumento
do tamanho da amostra.

Os estudos de casos e controlos têm como principais aplicações a pesquisa de causas para
doenças raras, o estudo de múltiplas causas para uma única doença, a pesquisa de resultados com
períodos prolongados de latência, permitem calcular a prevalência de exposição e perceber até
que ponto o resultado está associado à exposição, mas não permitem calcular medidas de risco
como a incidência.

Vantagens dos estudos de casos e controlos


As vantagens dos estudos de casos e controlos são:

 Baixo custo e rapidez;


 Podem examinar múltiplas exposições/factores de risco;
 Adequados para o estudo de doenças com período de indução longo.

Desvantagens dos estudos de casos e controlos


As desvantagens são:

 A dificuldade em determinar a natureza e intensidade das exposições;


 A susceptibilidade a viés de informação;
 Selecção e memória, dificuldade em seleccionar o grupo controlo e a dificuldade no
controlo de variáveis externas diferentes da variável em estudo.

Iniciativa STROBE
A descrição e apresentação dos resultados das pesquisas deve ocorrer de forma transparente,
clara e coerente para não comprometer a credibilidade do estudo e facilitar a avaliação crítica dos
seus resultados, no entanto, e com o crescimento exponencial do número de artigos científicos
publicados, muitos estudos epidemiológicos não apresentam informações essenciais descritas de
forma clara e adequada.

Para responder a este problema vários grupos de investigadores desenvolveram listas de


verificação com o objectivo de melhorar a qualidade da apresentação dos resultados de diversos
desenhos de estudo.
“Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology” ou STROBE é uma
iniciativa desenvolvida por um grupo de investigadores cujo primeiro encontro foi em 2004 em
Bristol – Reino Unido. O objectivo deste grupo foi estabelecer recomendações para melhorar a
qualidade da descrição de estudos observacionais, criando listas de verificação ou “guidelines”.

A lista de verificação STROBE diz respeito às informações que deveriam estar presentes no
título, resumo, introdução, metodologia, resultados e discussão dos artigos científicos que
descrevem os estudos observacionais, havendo alguns itens específicos de acordo com o desenho
do estudo. Os leitores do estudo devem saber o que foi planeado e o que não foi, o que foi feito,
o que foi encontrado e o que os resultados significam.

A iniciativa STROBE oferece um modelo que deverá ser seguido pelos autores de estudos
observacionais contribuindo para um relato mais adequado com maior clareza de modo a facilitar
a sua leitura crítica.

Conclusão
Os estudos experimentais são aqueles que melhor provam a relação causa-efeito e que têm o
maior nível de evidência científica, mas apesar de tudo isso os estudos observacionais ou
Analíticos também têm o seu nível de destaque e são os estudos de eleição em diversas situações.

Dentro dos estudos observacionais encontramos dois tipos de desenho, os estudos de coorte e os
estudos de casos e controlos, descritos com maior detalhe nesta monografia. Entre estes não
podemos eleger o melhor, uma vez que embora o estudo de coorte tenha uma maior evidência
científica, ambos têm as suas vantagens e aplicações. Por isso para saber qual o desenho de
estudo mais apropriado para uma situação temos de ter em conta os aspectos práticos e a
viabilidade de cada um. E independentemente do desenho do estudo, deve ter-se sempre em
atenção o planeamento do estudo, a selecção da população, as variáveis que queremos medir e a
análise dos dados do estudo.

Para a apresentação correta dos resultados dos estudos devem ser seguidas as orientações
STROBE conferindo-lhes maior credibilidade.

Referencias Bibliográficas
(1) FRONTEIRA, Inês; Estudos Observacionais na Era da Medicina Baseada na Evidência:
Breve Revisão Sobre a Sua Relevância, Taxonomia e Desenhos; Ata Médica Portuguesa; 26
(Mar-Abril 2013); 161-170.

(2) Apontamentos das aulas de Farmacoepidemiologia, Ano Letivo 2013/2014, Docente


Responsável: Professor Doutor Francisco Batel Marques.

(3) GROOTENDORST, Diana C.; et al; Observational Studies Are Complementary to


Randomized Controlled Trials; Nephron Clin Pract; 114 (2010); 173-177.

(4) SONG, J.W.; CHUNG, K.C – Observational studies: Cohort and Case-Control Studies; Plast
Reconstr Surg; 126 (Dez 2010); 2234-2242.

(5) BONITA, R.; BEAGLEHOLE R.; KJELLSTRÖM T.; [tradução e revisão científica Juraci A.
Cesar]; Epidemiologia Básica; 2ª Edição; São Paulo: Santos, 2010. ISBN 978-85-7288-839-4.

(6) CARDOSO, Salvador M.; Importância dos Estudos Epidemiológicos; Rev Port Cardiol; 23
(2004); 769-787.

(7) FERNANDES, Susana M.; CARNEIRO, António V.; Tipos de Estudos Clínicos. II. Estudos
de Coorte; Rev Port Cardiol; 24 (2005); 1151- 1158.

(8) STROM, Brian L.; KIMMEL, Stephen E.; Textbook of Pharmacoepidemiology; 4thEdition;
England : John Wiley & Sons; 2006.

(9) EUSER, Anne M.; et al; Cohort Studies: Prospective versus Retrospective; Nephron Clin
Pract; 113 (2009); 214-217.

(10) STRALEN, Karlijn J. van; et al; Case-Control Studies – An Efficient Observational Study
Design; Nephron Clin Pract; 114 (2010); c1-c4.

(11) CARNEIRO, António Vaz; Tipos de Estudos Clínicos. I. Estudos de Caso-Controlo; Rev
Port Cardiol; 24 (2005); 1017- 1023.

(12) MALTA, Monica; et al; Iniciativa STROBE: subsídios para a comunicação de estudos
observacionais; Rev Saúde Pública; 44 (2010); 559-65.
(13) Objectivos e usos da “STROBE Statement” disponível na internet: http://www.strobe-
statement.org/index.php?id=strobe-aims - consultado em maio de 2024.

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