EPIDEMIOLOGIA
EPIDEMIOLOGIA
EPIDEMIOLOGIA
Resumo............................................................................................................................................2
Introdução........................................................................................................................................2
Estudos de Coorte............................................................................................................................3
Iniciativa STROBE..........................................................................................................................7
Conclusão........................................................................................................................................8
Referencias Bibliográficas...............................................................................................................8
Resumo
Os estudos observacionais ou analíticos demonstram ser uma boa alternativa na impossibilidade
de execução de estudos experimentais. Os estudos de coorte e de casos e controlos são dois tipos
de estudos observacionais que avaliam a associação entre a exposição e os resultados.
Introdução
Existem quatro tipos de estudos observacionais: estudos de coorte, estudos de casos e controlos,
estudos transversais, seccionais ou de prevalência, e estudos ecológicos.
Os estudos de coorte e de casos e controlos são vantajosos pois medem a ocorrência da doença
(variável) e a sua associação com a exposição numa dimensão temporal, que pode ser
prospectiva ou retrospectiva. Ambos têm as suas vantagens e desvantagens mas são os estudos
de coorte que têm o maior nível de evidência, maior capacidade para demonstrar uma relação de
causa-efeito, embora em comparação com os estudos de casos e controlos sejam menos
realizados.
Neste trabalho, aborda-se com mais detalhe os estudos analíticos de coorte e de casos e controlos
e esperamos trazer informações suficientes em torno do assunto em destaque.
Estudos de Coorte
O termo coorte deriva da palavra latina cohors, que significava um conjunto de soldados
provenientes das mesmas regiões. Em epidemiologia, coorte significa um grupo de indivíduos
com características definidas que são seguidos para determinar várias consequências.
Os estudos de coorte são um dos principais tipos de estudos epidemiológicos, contribuem para a
determinação da etiologia de uma doença, para a avaliação de medidas terapêuticas e para o
estudo da história natural da doença.
Nestes estudos são identificados subconjuntos de uma população que são seguidos ao longo do
tempo, pesquisando diferenças nos resultados entre eles. Normalmente estes estudos comparam a
população exposta a uma variável com a população não exposta mas também podem comparar
uma exposição com outra.
Normalmente o desenho prospectivo tem maior evidência científica e é mais completo do que o
retrospectivo, pois tem a vantagem de ser desenhado para a recolha de dados específicos da
exposição enquanto no retrospectivo o investigador tem um controlo limitado sobre a recolha de
dados.
Na constituição das coortes deve haver homogeneidade nas características dos seus constituintes
e a população deve ser representativa. Para a selecção dos indivíduos temos de ter vários factores
em conta: qual o tipo de exposição em estudo, a frequência de exposição na população, qual a
aceitação dos indivíduos e a probabilidade de continuarem no estudo.
A população seleccionada, expostos e não expostos, deve estar livre de doença e ser igualmente
susceptível ao seu desenvolvimento. Ambos devem ser acompanhados durante o estudo e a
informação disponível deve ser equivalente para os dois grupos.
Algumas das aplicações mais relevantes dos estudos de coorte são: pesquisa de causas raras,
teste de múltiplos efeitos de causa, mensurações da relação temporal e medida directa da
incidência.
O conceito dos estudos de casos e controlos baseia-se na prática diária dos médicos, a anamnese
feita a um paciente tem o objectivo de revelar características ou factores que o predisponham à
doença. A prática de questionar o doente sobre os comportamentos e as condições anteriores à
doença remonta ao século 4 a.C., estando relatado nos textos de Hipócrates. O desenho do estudo
de casos e controlos foi pela primeira vez reconhecido em 1926 no estudo de Janet Lane-
Claypon’s sobre o cancro da mama.
Os casos são comparados com os controlos olhando para as diferenças nas exposições a um
determinado factor de risco no passado1,8. Retrospectivamente o investigador procura uma
causa/exposição para o resultado ocorrido, partindo do efeito para identificar a causa2,5. O início
e a duração da exposição deve ser determinada tanto para os casos como para os controlos.
Neste tipo de estudo a selecção dos casos e dos controlos é muito importante, os casos
seleccionados devem representar todos os casos na população alvo e cumprir os critérios de
inclusão e de exclusão estabelecidos pelo investigador. A selecção adequada dos controlos é uma
tarefa desafiante uma vez que os controlos devem ser, em tudo, equiparados aos casos, excepto
na presença do resultado/doença. Para a selecção tanto dos casos como dos controlos não deve
haver qualquer relação com a exposição. Esta deve ser feita correctamente de modo a evitar viés
de selecção, ou seja, os erros sistemáticos aquando da selecção dos participantes para cada um
dos grupos do estudo.
Para a avaliação de resultados raros existe um número limitado de casos para escolha, e por isso
neste cenário podem ser recrutados vários controlos para cada caso e assim possibilitar o
fornecimento de mais informação pelo estudo, tendo maior poder estatístico devido ao aumento
do tamanho da amostra.
Os estudos de casos e controlos têm como principais aplicações a pesquisa de causas para
doenças raras, o estudo de múltiplas causas para uma única doença, a pesquisa de resultados com
períodos prolongados de latência, permitem calcular a prevalência de exposição e perceber até
que ponto o resultado está associado à exposição, mas não permitem calcular medidas de risco
como a incidência.
Iniciativa STROBE
A descrição e apresentação dos resultados das pesquisas deve ocorrer de forma transparente,
clara e coerente para não comprometer a credibilidade do estudo e facilitar a avaliação crítica dos
seus resultados, no entanto, e com o crescimento exponencial do número de artigos científicos
publicados, muitos estudos epidemiológicos não apresentam informações essenciais descritas de
forma clara e adequada.
A lista de verificação STROBE diz respeito às informações que deveriam estar presentes no
título, resumo, introdução, metodologia, resultados e discussão dos artigos científicos que
descrevem os estudos observacionais, havendo alguns itens específicos de acordo com o desenho
do estudo. Os leitores do estudo devem saber o que foi planeado e o que não foi, o que foi feito,
o que foi encontrado e o que os resultados significam.
A iniciativa STROBE oferece um modelo que deverá ser seguido pelos autores de estudos
observacionais contribuindo para um relato mais adequado com maior clareza de modo a facilitar
a sua leitura crítica.
Conclusão
Os estudos experimentais são aqueles que melhor provam a relação causa-efeito e que têm o
maior nível de evidência científica, mas apesar de tudo isso os estudos observacionais ou
Analíticos também têm o seu nível de destaque e são os estudos de eleição em diversas situações.
Dentro dos estudos observacionais encontramos dois tipos de desenho, os estudos de coorte e os
estudos de casos e controlos, descritos com maior detalhe nesta monografia. Entre estes não
podemos eleger o melhor, uma vez que embora o estudo de coorte tenha uma maior evidência
científica, ambos têm as suas vantagens e aplicações. Por isso para saber qual o desenho de
estudo mais apropriado para uma situação temos de ter em conta os aspectos práticos e a
viabilidade de cada um. E independentemente do desenho do estudo, deve ter-se sempre em
atenção o planeamento do estudo, a selecção da população, as variáveis que queremos medir e a
análise dos dados do estudo.
Para a apresentação correta dos resultados dos estudos devem ser seguidas as orientações
STROBE conferindo-lhes maior credibilidade.
Referencias Bibliográficas
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(11) CARNEIRO, António Vaz; Tipos de Estudos Clínicos. I. Estudos de Caso-Controlo; Rev
Port Cardiol; 24 (2005); 1017- 1023.
(12) MALTA, Monica; et al; Iniciativa STROBE: subsídios para a comunicação de estudos
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(13) Objectivos e usos da “STROBE Statement” disponível na internet: http://www.strobe-
statement.org/index.php?id=strobe-aims - consultado em maio de 2024.