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Dicas para Exame VD

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Alguns dados sobre o Exame Nacional de Português1

 Número total de provas de Português realizadas – 41 137

1.ª fase – 34 319 – média de 12,1

2.ª fase – 6 818 – média de 11,2 (peso de 19,9 % relativamente à 1.ª fase)

 Utilização do período de tolerância (a prova tem a duração de 120 minutos e a


tolerância de 30 minutos)

1.ª fase – 15 233 (44,4 %) – média de 12,6 (+ 0,5)

2.ª fase – 2 057 (30,2 %) – média de 12,0 (+ 0,8)

 Distribuição por sexo (1.ª fase)

Sexo feminino – 21 912 provas, média de 12,5

Sexo masculino – 12 407 provas, média de 11,3

 Total de provas (todas as fases, todos os códigos de exame)

Cursos Científico-Humanísticos – 218 345 (86,7 %) – média de 11,5

Cursos Profissionais – 19 796 (7,9 %) – média de 8,8

 Conteúdos da Educação Literária: até 2013 – apenas conteúdos do 12.º ano

A partir de 2014 – 11.º ano

A partir de 2015 – 10.º, 11.º e 12.º anos

Atualmente: No domínio da Educação Literária, “suportes textuais diferentes dos indicados nos
documentos de referência para trabalho em sala de aula (outros textos do mesmo autor,
outros excertos da mesma obra ou textos de outros autores, mas pertencentes ao mesmo
género textual), privilegiando-se, nestes casos, a interpretação do texto apresentado na prova.”
(Ministério da Educação, Informação-prova de Português, 2023)

Dados relativos à 1.ª fase (2010-2016 – Relatório IAVE, complementado com dados dos
autores – 2017-2022 – enfoque na Educação Literária)

Educação Literária (Texto literário, Grupo I)

1
Dados extraídos do mais recente Relatório do Júri Nacional de Exames (JNE e Direção-geral da Educação), 2021 e
do Relatório Nacional 2010-2016 – Exames Finais Nacionais – Ensino Secundário, do Instituto de Avaliação Educativa,
I. P. (IAVE).
 Dificuldade associada aos aspetos de conteúdo, correlacionada com autores, modos
literários e complexidade dos processos cognitivos mobilizados.

 Resultados menos satisfatórios:

Os Lusíadas

Outras obras poéticas

Tabela 1 – Excertos d’Os Lusíadas e de outras obras poéticas no Grupo I (2010-2022 – 1.ª fase)

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Luís de Álvaro de Luís de Ricardo Reis, ----- Sophia de Mello Luís de


Camões, Os Campos, “Na Camões, Os “Cada coisa Breyner Camões,
Lusíadas casa defronte Lusíadas a seu tempo (texto Andresen, Rimas (“Oh!
(Canto X, de mim e dos (Canto VI, tem seu narrativo) “BACH SEGÓVIA como se me
144- 148) meus 95- 99) tempo.” GUITARRA” alonga, de
sonhos,” ano em ano,”)

Tabela 1 (continuação) – Excertos d’Os Lusíadas e de outras obras poéticas no Grupo I (2010-
2022 – 1.ª fase)

2017 2018 2019 2020 2021 2022

Alberto Fernando Pessoa, Fernando Pessoa, Ricardo Reis, Alberto Fernando


Caeiro, Mensagem “Bem sei que há “Sofro, Lídia, Caeiro, “O Pessoa,
poema XXXVI (“’Screvo meu livro ilhas lá ao sul de do medo do meu olhar Mensagem, (“D.
à beira-mágoa”) tudo” destino.” azul como o Sebastião”)
céu”
 Itens com piores resultados

realização de inferências

explicitação de valores expressivos e simbólicos

relações entre diferentes elementos textuais

explicitação de juízos críticos

 Exemplos

o “Justifique a interpelação ao Rei, relacionando-a com o sentido das


estâncias 145 a 148.”, Parte A — item 2. da Prova Escrita de
Português, código 639 (GAVE, 2010) – Classificação média em relação
à cotação: 37 %

o “As sensações do sujeito poético são determinantes para a construção


de uma certa ideia de quotidiano feliz.

Identifique duas sensações representadas nas quatro primeiras


estrofes, citando elementos do texto para fundamentar a sua resposta.”,
Parte A — item 1. da Prova Escrita de Português, código 639 (GAVE,
2011) Classificação média em relação à cotação: 34 %

o “Explicite os valores simbólicos do espaço e do tempo em que ocorrem


as recordações do passado.”, Parte A — item 3. da Prova Escrita de
Português, código 639 (GAVE, 2013) Classificação média em relação à
cotação: 28 %
Dicas | Exame Nacional | Soluções
Fernando Pessoa, poesia do ortónimo

GRUPO I – PARTES A e B

1 - Ler os textos com muita atenção. Ler as questões, sublinhando os verbos


introdutores dos itens e o objetivo de cada um.
2 - Ter em atenção os verbos e verificar se em cada questão há mais do que um verbo,
o que significa que terá de haver mais do que um tópico de resposta.
3 - Anotar, sob a forma de tópicos, ao lado da pergunta, os aspetos essenciais a
referir na resposta.

Prova 639 | 1.ª Fase | 2019

GRUPO I
Educação Literária

PARTE A

Lê o poema.

Bem sei que há ilhas lá ao sul de tudo


Onde há paisagens que não pode haver.
Tão belas que são como que o veludo
Do tecido que o mundo pode ser.

5 Bem sei. Vegetações olhando o mar,


Coral, encostas, tudo o que é a vida
Tornado amor e luz, o que o sonhar
Dá à imaginação anoitecida.

Bem sei. Vejo isso tudo. O mesmo vento


10 Que ali agita os ramos em torpor
Passa de leve por meu pensamento
E o pensamento julga que é amor.
Sei, sim, é belo, é longe, é impossível,
Existe, dorme, tem a cor e o fim,

15 E, ainda que não haja, é tão visível


Que é uma parte natural de mim.

Sei tudo, sei, sei tudo. E sei também


Que não é lá que há isso que lá está.
Sei qual é a luz que essa paisagem tem
20 E qual a rota que nos leva lá.

Fernando Pessoa, Poesia do Eu, edição de Richard Zenith, 2.ª ed.,


Lisboa, Assírio & Alvim, 2008, pp. 314-315.

1. Nas três primeiras estrofes, o sujeito poético descreve um lugar idealizado.


Apresenta duas características desse espaço e exemplifica cada uma delas com uma
transcrição pertinente.
10

Sugestão de resposta
O sujeito poético descreve um espaço de sonho/espaço da imaginação – “Onde há
paisagens que não pode haver” (v. 2) / “Sei, sim, é belo, é longe, é impossível” (v. 13) /
“E, ainda que não haja” (v. 15). Além disso, este é um local belo, suave e acolhedor –
“Tão belas que são como que o veludo” (v. 3), que é perspetivado como promessa de
felicidade – “tudo o que é a vida / Tornado amor e luz” (vv. 6-7). Por fim, é, igualmente,
um espaço propiciador da ilusão do amor – “Passa de leve por meu pensamento / E o
pensamento julga que é amor” (vv. 11-12).

Dicas:
Neste item, deves adotar a seguinte estratégia:
1.º centrar a atenção apenas nas três estrofes iniciais;
2.º sublinhar no enunciado as características do espaço;
3.º associar as características do espaço a uma citação textual.

2. Explica o conteúdo dos versos 3 e 4 e relaciona-o com a temática pessoana em


evidência no poema.

Sugestão de resposta
Nos versos 3 e 4, o “eu” estabelece uma comparação entre a beleza das ilhas e o
“veludo”, para sugerir a suavidade e a felicidade que o mundo pode proporcionar, se
existir harmonia e se a tessitura dos seus elementos for harmoniosa. Assim, estes
versos enquadram-se na temática do sonho e da realidade, na medida em que as ilhas
imaginadas permitem ao sujeito poético vislumbrar um mundo de plenitude a que, no
entanto, só pode aceder através do sonho.

Dicas:
Neste item é importante recordar o significado do verbo “explicitar” – expor uma
ideia de forma clara.

De seguida, não te esqueças de:


1.º centrar a atenção apenas nos versos 3 e 4;
2.º esclarecer o sentido dos versos 3 e 4;
3.º relacionar – estabelecer uma analogia, confrontar – os versos com a temática
pessoana sonho e realidade.

3. Explicita dois sentidos das anáforas e das suas variantes (versos 1, 5, 9, 13, 17 e 19),
tendo em conta o desenvolvimento temático do poema.

Sugestão de resposta
As anáforas, ao longo do poema, reforçam a ideia de que o espaço descrito existe
apenas no sonho, o qual é inerente à essência do sujeito poético. Além disso,
demonstram que este é um local de felicidade, mas também de que, sendo fruto do
sonho, é inacessível.

Dicas:
Neste item, é essencial:
1.º relembrar a definição de anáfora;
2.º centrar a atenção nos versos 1, 5, 9, 13, 17 e 19;
3.º explicar, de forma clara, duas ideias transmitidas pelas anáforas.

(Exame Nacional de Português, 12.º ano, 2019, 1.ª fase, IAVE)


Prova 639 | Época Especial | 2017

GRUPO I
Educação Literária

PARTE A
Lê o poema.
Ah, que maçada o piano
Eternamente a tocar
Lá em cima, no outro andar!

Ah, que tristeza o cessar!


5 Sempre era gente a tocar!
Sempre tinha companhia
Nessa constante arrelia.

Vizinha, se não morreu,


Que aquele piano seu
10 Volte de novo a maçar!
Sem ele penso e sou eu,
Com ele esqueço a sonhar...

Má música? Sim, mas há


Até na música má
15 Um sentimento de alguém.
Não sei quem o sente ou dá,
Não sei quem o dá ou tem.

Não deixe de me maçar


Com o contínuo tocar
20 Do seu piano frequente.
Ah, torne-me a arreliar
E mace-me eternamente!

A quem é só, tudo é mais


Que o que está naquilo que é.
25 Notas falsas, desiguais —
Não se importe: a minha fé,
Meu sonho, vão a reboque
Do que toca mal e até
Do piano, do não sei quê...
30 Toque mal; mas toque, toque!

Fernando Pessoa, Poesia do Eu, edição de Richard Zenith,


2.a ed., Lisboa, Assírio & Alvim, 2008, pp. 313-314
1. Explica o modo como o sujeito poético perceciona o som do piano, de acordo com o
conteúdo das duas primeiras estrofes.

Sugestão de resposta:
Nas duas primeiras estrofes, o sujeito poético perceciona o som do piano de duas
formas completamente distintas e, aparentemente, contraditórias. Na primeira estrofe,
o “eu” manifesta desagrado e incómodo pelo contínuo som do piano que se revela uma
“maçada” (v. 1). Por sua vez, na segunda estrofe, o “eu” lamenta-se por ter deixado de
ouvir o som do piano (“Ah, que tristeza o cessar!”, v. 4). Assim, a música, ainda que
incómoda, era sinal de que o “eu” não estava sozinho, pois “sempre tinha companhia”,
v.6.

Dicas:
Neste item, é importante recordar o significado do verbo “explicar” – expor com
clareza. De seguida, deves adotar a seguinte estratégia:
1.º centrar a atenção apenas nas duas primeiras estrofes;
2.º localizar os vocábulos que remetem para os efeitos do som do piano no sujeito
poético.

2. Explicita o sentido dos versos “Sem ele penso e sou eu, / Com ele esqueço a
sonhar...” (vv. 11-12).

Sugestão de resposta:
Com o verso “Sem ele penso e sou eu” (v. 11), o sujeito poético revela a dolorosa
tomada de consciência de si mesmo, acentuada pela ausência do som do piano, o que
agudiza o seu sofrimento e a sua solidão.
Por seu lado, o verso “Com ele esqueço a sonhar” (v. 12) traduz o desejo de o sujeito
poético ouvir o som do piano, que o conduz ao devaneio, ao “esquecimento de si” e, por
conseguinte, ao apaziguamento da dor.
Deste modo, os versos 11 e 12 evidenciam a oposição pensar/sentir (ou a oposição
pensar/sonhar), característica temática da poesia de Pessoa ortónimo.

Dicas
Neste item é importante recordar o significado do verbo “explicitar” – extrair uma
ideia e expô-la de forma clara. De seguida, deves adotar a seguinte estratégia:
1.º centrar a atenção apenas nos versos 11 e 12;
2.º relembrar a dicotomia sentir/pensar;
3.º associar a ausência e presença do som do piano ao pensamento e
sentimento/sonho.
Refere três das marcas linguísticas que, a partir da terceira estrofe, sugerem a
existência de um diálogo e transcreve um exemplo de cada uma dessas marcas.

Tópicos de resposta:
Na resposta, devem ser abordadas três das marcas linguísticas seguintes, ou outras
igualmente relevantes, cada uma delas devidamente fundamentada com uma
transcrição pertinente:
 o vocativo (usado para interpelar a interlocutora) – “Vizinha” (v. 8);
 os determinantes e pronomes pessoais (em expressões que remetem para uma
relação “eu - você̂ ”) – por exemplo, “aquele piano seu” (v. 9); “Não deixe de me
maçar” (v. 18);
 o presente do conjuntivo com valor de imperativo (nos pedidos dirigidos à
interlocutora) – por exemplo, “Volte de novo a maçar!” (v. 10);
 a interrogação (que configura uma réplica a uma fala que se subentende) – “Má
música?” (v. 13);
 o advérbio de afirmação (como resposta à interrogação) – “Sim” (v. 13).

Dicas
Neste item, é essencial:
1.º relembrar exemplos de marcas linguísticas;
2.º centrar a atenção a partir da 3.ª estrofe;
3.º recordar as marcas do diálogo;
4.º não esquecer de exemplificar com uma transcrição as marcas identificadas.
Exame Nacional de Português, 12.º ano, 2017, EE, IAVE)

Prova 639 | Época Especial | 2015

Grupo I
Educação Literária

PARTE A
Lê o poema.
Às vezes, em sonho triste,
Nos meus desejos existe
Longinquamente um país
Onde ser feliz consiste
5 Apenas em ser feliz.

Vive-se como se nasce


Sem o querer nem saber.
Nessa ilusão de viver
O tempo morre e renasce
10 Sem que o sintamos correr.

O sentir e o desejar
São banidos dessa terra.
O amor não é amor
Nesse país por onde erra
15 Meu longínquo divagar.

Nem se sonha nem se vive:


É uma infância sem fim.
Parece que se revive
Tão suave é viver assim
20 Nesse impossível jardim.

Fernando Pessoa, Novas Poesias Inéditas, 6.ed.,


Lisboa, Editorial Nova Ática, 2006, pp. 15-16

1. No poema, o sujeito poético faz referência a um lugar imaginado.


Fundamenta esta afirmação, ilustrando a resposta com elementos textuais
pertinentes.

Sugestão de resposta:
O sujeito poético descreve um lugar imaginado, ou seja, irreal. Esse lugar é, na
realidade, um “país” (v.1) imaginado, “em sonho triste” (v.1), sendo vago e impreciso,
uma vez que só existe em sonhos (“Nesse país por onde erra / Meu longínquo divagar.”
(vv. 14-15). De facto, a imagem final que o sujeito poético transmite sobre esse país,
“um impossível jardim”, v. 20, reforça ainda mais o seu carácter irreal.

Dicas
Neste item, é essencial:
1.º centrar a atenção no poema todo;
2.º procurar vocábulos que remetem para um lugar imaginado, ou seja, irreal;
3.º clarificar o sentido dos vocábulos;
4.º não esquecer de transcrever os vocábulos identificados.
1. Explicita o modo como é vivida a passagem do tempo, tendo em conta a segunda
estrofe do poema.

Sugestão de resposta:
De acordo com a segunda estrofe, a experiência da passagem do tempo é marcada
pela espontaneidade ou inconsciência (“Vive-se como se nasce / Sem o querer nem
saber”, vv. 6-7) e pela renovação cíclica da vida (“O tempo morre e renasce / Sem que
o sintamos correr.”, vv. 9-10).
Deste modo, tratando-se de um tempo circular, não-linear, não há́ consciência da sua
passagem.

Dicas
Neste item é importante recordar o significado do verbo “explicitar” – expor uma
ideia de forma clara. De seguida, deves adotar a seguinte estratégia:
1.º centrar a atenção na segunda estrofe do poema.
2.º procurar os versos que caracterizam a passagem do tempo;
3.º esclarecer o sentido desses versos.

2. Relaciona o verso “É uma infância sem fim.” (v. 17) com o sentido global do poema.

Sugestão de resposta:
O verso “É uma infância sem fim.” (v. 17) representa para o sujeito poético, a
possibilidade de “ser feliz” (v. 5) no sonho, através da anulação do “sentir” (v. 11), do
“desejar” (v. 11) e do “amor” (v. 13). Assim, o “eu” mostra que é possível, através do
sonho, evitar o sofrimento, uma vez que não se tem consciência da passagem do tempo.
No entanto, também constata a impossibilidade dessa felicidade, pois é onírica.

Dicas:
Neste item é importante recordar o significado do verbo “relacionar” – estabelecer
uma ligação. De seguida, deves adotar a seguinte estratégia:
1.º centrar a atenção na globalidade do poema.
2.º esclarecer o sentido do verso 17, relembrando a temática da nostalgia da
infância na poesia do ortónimo;
3.º apresentar a relação entre o verso 17 e o sentido do poema.

Exame Nacional de Português, 12.º ano, 2015, EE, IAVE)


Exercício-Tipo
Grupo I

Educação Literária
PARTE B
Lê o poema.

A febre do que me suponho


Tolda-me a fronte de o pensar.
Mas, se penso, somente, sonho,
Porque a febre me faz sonhar.

5 Num intervalo de mim mesmo


Durmo desperto sem razão,
E sou um encontrar-me a esmo
Entre silêncios em desvão.

Delírio de quem não o tem,


10 Sonho que não me faz dormir –
Isto não é nem mal nem bem,
Não é pensar nem é sentir.

Fernando Pessoa, in Poesia 1931-1935 e não


datada, Assírio & Alvim, ed. Manuela Parreira
da Silva, Ana Maria Freitas, Madalena Dine,
2006

1. Relê a primeira quadra.


Caracteriza o estado de espírito do sujeito poético, tendo em conta a conjunção “Mas”
(v. 3).

Sugestão de resposta:
Na primeira quadra, o sujeito poético encontra-se tanto num estado febril, a sonhar,
como pensativo, o que lhe causa perturbação, inquietação e delírio. Neste sentido, o
“eu” procura, através do sonho, anular o pensamento, uma vez que a “febre” (v. 1) faz
sonhar, como evidencia a conjunção coordenativa adversativa “Mas” (v. 3).

Dicas
Neste item é importante recordar o significado do verbo “caracterizar” – identificar
as características ou traços. De seguida, deves adotar a seguinte estratégia:
1.º centrar a atenção na primeira quadra;
2.º descrever o estado de espírito do “eu”;
3.º localizar a conjunção “Mas” e esclarece o seu sentido.
Interpreta o sentido do verso “Durmo desperto sem razão,” (v. 6), atendendo às
especificidades da poesia do ortónimo.

Sugestão de resposta:
O sujeito poético assume dormir desperto, ou seja, acordado, o que constitui uma
contradição que realça a divisão entre a consciência e a inconsciência. Neste sentido,
através deste verso, constata-se a presença da dicotomia pensar/sentir, sendo que o
pensamento, a consciência é a causa da angústia na poesia do ortónimo – dor de pensar
– e o sonho a tentativa de evasão do pensamento.

Dicas:
Neste item é importante recordar o significado do verbo “interpretar” – esclarecer a
causa. De seguida, deves adotar a seguinte estratégia:
1.º esclarecer o sentido do verso 6;
2.º relembrar a temática da dor de pensar e a tensão pensar/sentir,
consciência/inconsciência, na poesia do ortónimo.

3. Seleciona a opção de resposta adequada para completar a afirmação.

A repetição dos vocábulos “não” e “nem”, na última quadra, acentuam

(A) a impossibilidade de o “eu” conciliar o pensar e o sentir.


(B) a apatia e a indiferença do “eu” face à consciência e ao pensar.
(C) o esforço do “eu” em viver inconscientemente através do sonho.
(D) o sacrifício feito pelo “eu” em não dormir para não sonhar.

Resposta: (A)

Dicas
Neste item de seleção é essencial:
1.º identificar o sentido que os vocábulos de cariz negativo adquirem;
2.º relembrar a temática da dor de pensar em ortónimo e a tensão pensar/sentir.
3.º anular as opções que contêm imprecisões face ao sentido da última quadra.
GRUPO I – PARTE C

1 - Cumprir a instrução que se encontra, essencialmente, no desenvolvimento.


2 - Fazer um esquema sobre as informações a incluir no texto, antes de o redigirem.
3 - Usar a estrutura tripartida para organizar esta resposta: o desenvolvimento e a
conclusão devem ser iniciados por conectores.

Prova 639 | 1.ª Fase | 2009 (adaptação de Parte B para Parte C)

Parte C

1. “É na poesia ortónima que o Pessoa ‘restante’, o que não cabe nos heterónimos
laboriosamente inventados, se afirma e ‘normaliza’: é então que ele ‘faz’ de si e
os seus poemas são ‘chaves’ para compreender o seu extraordinário universo
literário.”

António Mega Ferreira, Visão do Século – As Grandes Figuras do Mundo nos Últimos Cem Anos,
Linda-a-Velha, Visão, 1999

Baseando-te na tua experiência de leitura de Fernando Pessoa, poesia do ortónimo,


escreve uma breve exposição sobre a teoria do fingimento poético.

A tua exposição deve incluir:


 uma introdução ao tema;
 um desenvolvimento no qual comentes a opinião, acima transcrita, sobre a teoria do
fingimento poético em Pessoa, ortónimo, referindo poemas relevantes para o tema
em análise.
 uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

Tópicos de resposta:
 teoria que apresenta o poeta como um fingidor, simulador da realidade –
“Autopsicografia”;
 privilégio dado à razão no processo da criação poética – “Autopsicografia” ou “Isto”;
 intelectualização / materialização do sentir – “Autopsicografia”;
 poema: construção de sentido e de linguagem – “Autopsicografia” ou “Isto”;
 distanciação do sentir no processo criativo – “Autopsicografia” ou “Isto”;
 coração (sentir): entretenimento da razão (pensar) – “Autopsicografia”;
 …
Dicas
Neste item, é essencial:
1.º responder aos verbos de comando do desenvolvimento;
2.º apresentar nomes de, pelo menos, dois poemas e explicar de que forma se
associam à temática sobre o fingimento poético: atenção – nestes itens há
penalização na cotação, se não houver uma associação entre o título do poema e a
temática em análise;
3.º respeitar a estrutura tripartida: a introdução e a conclusão devem ser parágrafos
mais pequenos, ao contrário do desenvolvimento que incluirá os tópicos essenciais
para que a resposta esteja completa.

(Exame Nacional de Português, 12.º ano, 2009, 1.ª fase, IAVE)

Exercício-Tipo

1. Escreve uma breve exposição sobre a presença da oposição entre sonho e realidade,
na poesia de Fernando Pessoa, ortónimo.

A tua exposição deve incluir:


• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual explicites o modo como esta temática surge na obra de
Fernando Pessoa, ortónimo, fundamentando a tua resposta com uma referência
pertinente a um dos poemas estudados;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

Tópicos de resposta:
 o sonho é apresentado como algo idealizado em que o poeta pode atingir a plenitude
e afastar-se da realidade, isto é, da dor de pensar:
 o poeta evade-se, frequentemente, para o domínio onírico. Contudo, encontra-se
num estado de permanente alheamento, dividindo-se entre a realidade e o que
desejava ser, estando associado a dois mundos: o real e o sonho, como se verifica
no poema “Não sei se é sonho, se realidade”.
Dicas
Neste item, é essencial:
1.º responder aos verbos de comando do desenvolvimento;
2.º apresentar a referência a um poema e explicar de que forma se associa à
temática sobre a oposição sonho versus realidade: atenção – nestes itens há
penalização na cotação, se não houver uma associação entre o título do poema e a
temática em análise;
3.º respeitar a estrutura tripartida: a introdução e a conclusão devem ser parágrafos
mais pequenos, ao contrário do desenvolvimento que incluirá os tópicos essenciais
para que a resposta esteja completa.
Mensagem
GRUPO I – PARTES A e B

1 - Ler os textos com muita atenção. Ler as questões, sublinhando os verbos


introdutores dos itens e o objetivo de cada um.
2 - Ter em atenção os verbos e verificar se em cada questão há mais do que um verbo,
o que significa que terá de haver mais do que 1 tópico de resposta.
3 - Anotar, sob a forma de tópicos, ao lado da pergunta, os aspetos essenciais a
referir na resposta.

Prova 639 | 1.ª fase | 2022

GRUPO I
Educação Literária
PARTE A
Lê o poema.

D. Sebastião

‘Sperai! Caí no areal e na hora adversa


Que Deus concede aos seus
Para o intervalo em que esteja a alma imersa
Em sonhos que são Deus.

5 Que importa o areal e a morte e a desventura


Se com Deus me guardei?
É O que eu me sonhei que eterno dura,
É Esse que regressarei.

Fernando Pessoa, Mensagem e Outros Poemas sobre Portugal, edição de Fernando


Cabral Martins e Richard Zenith, Lisboa, Assírio & Alvim, 2014, p. 102.
No poema, está presente um “eu”, D. Sebastião, que se dirige a um “vós”, os
Portugueses.
Explicita o apelo feito na primeira estrofe e, com base nesse apelo, infere os sentimentos
desse “eu” e desse “vós”.

Sugestão de resposta
D. Sebastião dirige-se aos portugueses, incitando-os a aguardar pelo seu regresso
messiânico, acreditando que a morte física é um momento transitório em que os sonhos
“são Deus” – v. 4. Assim, D. Sebastião revela confiança na concretização dos seus
sonhos (apesar da sua morte) e, ao mesmo tempo, o seu apelo aos portugueses
demonstra que estes manifestam desânimo e descrença, o que leva o rei a incutir-lhes
um sentimento de esperança no seu regresso simbólico.

Dicas:
Neste item é importante recordar o significado dos verbos “explicitar” – extrair uma
ideia e expô-la de forma clara e inferir - concluir. De seguida, deves adotar a seguinte
estratégia:
1.º centrar a atenção na primeira estrofe;
2.º explicitar o apelo do “eu”;
3.º inferir os sentimentos do “eu” e do “vós”.

2. Evidencia a presença do herói histórico e a presença do herói mítico na segunda


estrofe do poema, fundamentando a resposta com a referência a um elemento textual
para cada um dos tipos de herói.

Sugestão de resposta
Na segunda estrofe do poema há a referência ao herói histórico, através da alusão ao
“areal” (v. 5) para identificar o local da batalha em Alcácer Quibir, no Norte de África.
Além disso, menciona-se a “morte” (v. 5) física de D. Sebastião no decurso da batalha,
a qual conduziu à “desventura” (v. 5) e, por consequência à morte do rei (e à desgraça
do país). Por outro lado, há a referência ao herói mítico através da alusão ao carácter
transcendente de D. Sebastião, enquanto figura guardada por Deus, a qual é
identificada pelo uso de maiúsculas em “O” (v. 7) e “Esse” (v. 8) e, ainda, pela
permanência do sonho do rei, que é aquilo que é “eterno” (v. 7).
‘Screvo meu livro à beira-mágoa.
Meu coração não tem que ter.
Tenho meus olhos quentes de água.
Só tu, Senhor, me dás viver.

Só te sentir e te pensar


Meus dias vácuos enche e doura.
Mas quando quererás voltar?
Quando é o Rei? Quando é a Hora?

Quando virás a ser o Cristo


De a quem morreu o falso Deus,
E a despertar do mal que existo
A Nova Terra e os Novos Céus?

Quando virás, ó Encoberto,


Sonho das eras português,
Tornar-me mais que o sopro incerto
De um grande anseio que Deus fez?

Ah, quando quererás, voltando,


Fazer minha esperança amor?
Da névoa e da saudade quando?
Quando, meu Sonho e meu Senhor?

Fernando Pessoa, Mensagem, edição de Fernando Cabral


Martins, Lisboa, Assírio & Alvim, 1997, pp. 81-82.
Dicas:
Neste item, é importante:
1.º centrar a atenção na segunda estrofe;
2.º sublinhar as referências ao herói histórico e mítico;
3.º apresentar, separadamente, as alusões a cada tipo de herói;
4.º transcrever um elemento textual para cada tipo de herói.

3. Seleciona a opção de resposta adequada para completar a afirmação.


Na primeira estrofe, o uso do vocábulo “intervalo” remete para um antes e um depois,
correspondendo a um tempo
(A) de desistência durante o qual a essência do sujeito poético perdura.
(B) de transição durante o qual a essência do sujeito poético esmorece.
(C) de desistência durante o qual a essência do sujeito poético esmorece.
(D) de transição durante o qual a essência do sujeito poético perdura.

Resposta: (D)

Dicas
Neste item de seleção é essencial:
1.º centrar a atenção na primeira estrofe;
2.º compreender o uso do vocábulo “intervalo”, no contexto em que se insere;
3.º anular as opções que contêm imprecisões face ao sentido da primeira estrofe e
do vocábulo “intervalo”.
(Exame Nacional de Português, 12.º ano, 2022, 1.ª fase, IAVE)

Prova 639 | 1.ª Fase | 2018

Grupo I
Educação Literária

PARTE A
Lê o poema.

‘Screvo meu livro à beira-mágoa.


Meu coração não tem que ter.
Tenho meus olhos quentes de água.
Só tu, Senhor, me dás viver.
‘Screvo meu livro à beira-mágoa.
Meu coração não tem que ter.
Tenho meus olhos quentes de água.
Só tu, Senhor, me dás viver.

Só te sentir e te pensar


Meus dias vácuos enche e doura.
Mas quando quererás voltar?
Quando é o Rei? Quando é a Hora?

Quando virás a ser o Cristo


De a quem morreu o falso Deus,
E a despertar do mal que existo
A Nova Terra e os Novos Céus?

Quando virás, ó Encoberto,


Sonho das eras português,
Tornar-me mais que o sopro incerto
De um grande anseio que Deus fez?

Ah, quando quererás, voltando,


Fazer minha esperança amor?
Da névoa e da saudade quando?
Quando, meu Sonho e meu Senhor?

Fernando Pessoa, Mensagem, edição de Fernando Cabral


Martins, Lisboa, Assírio & Alvim, 1997, pp. 81-82.
. Caracteriza o estado de alma do sujeito poético, expresso nos seis primeiros versos.

Sugestão de resposta:
Nos seis primeiros versos, o sujeito poético revela disforia relativamente ao presente e
expectativa face ao futuro. De facto, o “eu” manifesta dor, amargura, mágoa e tristeza,
bem como desilusão e frustração pela decadência da pátria do presente. No entanto,
também sente esperança na vinda do “Senhor” (v. 4), o que preenche o seu vazio
interior.

Dicas:
Neste item é importante recordar o significado do verbo “caracterizar” – identificar
as características ou traços. De seguida, deves adotar a seguinte estratégia:
1.º centrar a atenção nos seis primeiros versos;
2.º descrever o estado de espírito do “eu”;
3.º localizar a conjunção “Mas” e esclarece o seu sentido.
. Justifica o recurso simultâneo à anáfora e à frase interrogativa a partir do sétimo verso
do poema.

Sugestão de resposta:
O recurso à anáfora e à frase interrogativa, a partir do sétimo verso do poema, realçam
a ansiedade do “eu” poético em saber quando virá o “Senhor”. Efetivamente, o “eu”
expressa a certeza da vinda do “Senhor”, porém, incerteza quanto ao momento desse
regresso. Assim, através destes recursos, o sujeito lírico sublinha insistentemente o
apelo para que o “Encoberto” volte para pôr fim ao “mal” e criar “A Nova Terra e os
Novos Céus”, vv. 11 e 12.

Dicas:
Neste item, deves adotar a seguinte estratégia:
1.º centrar a atenção a partir do sétimo verso do poema;
2.º localizar a anáfora e a frase interrogativa;
3.º referir a expressividade destes recursos no contexto em que ocorrem.

3. Explica, com base nas duas últimas estrofes, por que razão o sujeito poético pode
ser considerado um profeta.

Sugestão de resposta:
As duas últimas estrofes mostram que o sujeito poético pode ser considerado um
profeta. De facto, o “eu”, ao desejar a realização do “Sonho das eras português” (v. 14),
anuncia a vinda do “Encoberto” (D. Sebastião). Neste sentido, assume-se porta-voz de
um desejo e de um sonho coletivo, o “grande anseio que Deus fez” (v. 16), ou seja, a
construção do Quinto Império.

Dicas:
Neste item, é importante recordar o significado do verbo “explicar” – expor com
clareza. De seguida, deves adotar a seguinte estratégia:
1.º centrar a atenção apenas nas duas últimas estrofes;
2.º refletir sobre o significado do vocábulo “profeta”;
3.º identificar no poema os motivos por que o “eu” pode ser considerado um
profeta.

4. Identifica duas características do discurso lírico de Mensagem presentes no poema e


transcreve um exemplo significativo para cada uma delas.
Tópicos de resposta:

‒ recurso à primeira pessoa do singular: em formas verbais, como “Screvo” (v. 1) ou “Tenho” (v.
3); em determinantes possessivos, como “meu” (vv. 1 e 2); em pronomes pessoais, como “me”
(v. 4);

‒ expressão da subjetividade/do mundo interior/dos sentimentos do sujeito poético, patente,


por exemplo, no verso “Meu coração não tem que ter.” (v. 2);

‒ visão subjetiva do destino nacional, evidenciada, por exemplo, nos versos “Quando virás, ó
Encoberto, / Sonho das eras português, / Tornar-me mais que o sopro incerto / De um grande
anseio que Deus fez?” (vv. 13-16);

‒ recurso à interjeição para expressar ansiedade ou desejo em “Ah, quando quererás, voltando,
/ Fazer minha esperança amor?” (vv. 17-18).

Dicas:

Neste item, deves adotar a seguinte estratégia:

1.º recordar as características do discurso lírico de Mensagem;

2.º localizar no poema marcas do discurso lírico;

3.º não esquecer de copiar as marcas identificadas no poema.

Exercício-Tipo

Grupo I

Educação Literária

PARTE A

Lê o poema.

O Mostrengo

O mostrengo que está no fim do mar

Na noite de breu ergueu-se a voar;

À roda da nau voou três vezes,

Voou três vezes a chiar,

E disse, “Quem é que ousou entrar

Nas minhas cavernas que não desvendo,


Meus tetos negros do fim do mundo?”

E o homem do leme disse, tremendo:


“El-Rei D. João Segundo!”

10 “De quem são as velas onde me roço?


De quem as quilhas que vejo e ouço?”
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso,
“Quem vem poder o que só eu posso,
15 Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?”
E o homem do leme tremeu, e disse:
“El-Rei D. João Segundo!”

Três vezes do leme as mãos ergueu,


20 Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes,
“Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um Povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
25 E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!”

Fernando Pessoa, Mensagem, Porto,


Porto Editora, 2020, p. 53

1. Apresenta dois traços caracterizadores para cada uma das figuras: o “mostrengo” e
o “homem do leme”.

Sugestão de resposta:
Inicialmente, o monstro voa e chia em torno da nau, numa atitude intimidatória, tentando
defender os seus domínios, através de um discurso ameaçador (“Quem é que ousou” -
v. 5). Perante esta situação, o homem do leme mostra-se amedrontado, limitando-se a
tremer e a enunciar uma resposta breve (“El-Rei D. João Segundo!” - v. 9). Contudo, o
medo é substituído pela coragem e pelo sentido de missão, visíveis na resposta mais
longa e confiante dada ao monstro, que acaba, deste modo, por ser vencido.
Dicas:
Neste item, deves adotar a seguinte estratégia:
1.º colocar por tópicos as características do “mostrengo” e do “homem do leme”;
2.º identificar dois traços caracterizadores para cada uma das figuras.

2. Indica o recurso expressivo presente no verso “Manda a vontade, que me ata ao


leme” (v. 26) explicando o seu efeito de sentido.

Sugestão de resposta:
No verso transcrito, podemos encontrar uma metáfora, através da vontade que leva o
homem do leme a ser capaz de enfrentar o mostrengo e o medo do desconhecido que
ele representa. Assim, a expressão demonstra os valores morais do povo português,
como a determinação do homem do leme, que o definem como agente de uma vontade
superior - “El - Rei D. João Segundo!” - v. 9.

Dicas:
Neste item, deves adotar a seguinte estratégia:
1.º - centrar a atenção no verso vinte e seis do poema;
2.º - identificar a metáfora no verso em análise;
3.º - referir a expressividade deste recurso no contexto em que ocorre.

3. Completa as afirmações abaixo apresentadas, selecionando a opção adequada a


cada espaço.
O carácter _____a)______ está presente neste poema, através da exaltação da
grandiosidade do povo português e do modo como o homem do leme ultrapassa a sua
dimensão ______b)______ e se assume como símbolo de um _____c)______.

a) b) c)
1. narrativo 1. mítica 1. povo
2. lírico 2. coletiva 2. deus
3. épico 3. individual 3. rei

Resposta:
a) - 3; b) - 3; c) - 1

Dicas
Neste item de seleção é essencial:
1.º recordar as características do discurso lírico e épico de Mensagem;
2.º compreender a atuação do homem do leme.
Exercício-Tipo

PARTE B
Lê o poema.
Ocidente
Com duas mãos – o Ato e o Destino –
Desvendámos. No mesmo gesto, ao céu
Uma ergue o facho trémulo e divino
E a outra afasta o véu.

5 Fosse a hora que haver ou a que havia


A mão que ao Ocidente o véu rasgou,
Foi alma a Ciência e corpo a Ousadia
Da mão que desvendou.

Fosse acaso, ou Vontade, ou Temporal


10 A mão que ergueu o facho que luziu,
Foi Deus a alma e o corpo Portugal
Da mão que o conduziu.

Fernando Pessoa, Mensagem, Porto,


Porto Editora, 2020, p. 58

1. Explicita o sentido dos versos “Com duas mãos – o Ato e o Destino – / Desvendámos.”
(vv. 1-2), tendo em conta a dimensão simbólica do herói.

Sugestão de resposta:
Os versos 1 e 2 remetem para a conquista da descoberta dos mares. Assim, “Ato”
simboliza a ação do homem, a coragem e a ousadia necessárias para desvendar o
desconhecido, enquanto o “Destino” representa a mão divina, a intervenção de Deus na
ação do homem. Neste sentido, o herói age, assumindo uma dimensão mítica, um
exemplo no domínio espiritual ao ser inspirado por uma vontade divina para concretizar
uma missão transcendente.

Dicas
Neste item é importante recordar o significado do verbo “explicitar” – expor uma
ideia de forma clara. De seguida, deves adotar a seguinte estratégia:
1.º centrar a atenção nos versos 1 e 2.
2.º esclarecer o sentido dos versos, refletindo sobre os vocábulos “Ato” e “Destino”;
3.º recordar a dimensão simbólica do herói em Mensagem.
Explica duas das atitudes do sujeito poético presentes no poema.

Tópicos de resposta:
– orgulho e admiração pela ação realizada, no passado, só́ possível pela conjugação
entre o homem e Deus;
– evocação do passado de glória e dos heróis que se destacaram na realização de
grandes feitos, ou seja, da matéria épica do passado, que permanece na memória como
inspiração;
– incentivo à mudança de atitude, no presente, que conduzirá à construção do Quinto
Império, de carácter espiritual.

Dicas:
Neste item, é importante recordar o significado do verbo “explicar” – expor com
clareza. De seguida, deves adotar a seguinte estratégia:
1.º refletir sobre o significado do vocábulo “atitudes”;
2.º localizar e no poema as atitudes do sujeito poético.
3.º clarificá-las.

3. Seleciona a opção de resposta adequada para completar a afirmação abaixo


apresentada.
O carácter ______________ está presente no poema, através da exaltação da
grandiosidade do povo português, no passado, como se verifica no segmento “A mão
que ao Ocidente o véu rasgou”, v. 6, com o uso da ___________.

(A) épico ... metonímia


(B) lírico ... metáfora
(C) épico ... metáfora
(D) lírico ... metonímia

Resposta: (C)
Dicas:
Neste item de seleção, é essencial:
1.º recordar as características do discurso épico-lírico de Mensagem;
2.º relembrar a definição de metáfora e metonímia;
3.º centrar a atenção no verso 10.
GRUPO I – PARTE C

1 - Cumprir a instrução que se encontra, essencialmente, no desenvolvimento.


2 - Fazer um esquema sobre as informações a incluir no texto, antes de o redigirem.
3 - Usar a estrutura tripartida para organizar esta resposta: o desenvolvimento e a
conclusão devem ser iniciados por conectores.

Prova 639 | 1.ª Fase | 2022

PARTE C

1. Baseando-te na tua experiência de leitura de Mensagem, de Fernando Pessoa, e de


Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, escreve uma breve exposição sobre o modo
como o sebastianismo emerge em cada uma das obras.

A tua exposição deve incluir:


• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual compares as duas obras, referindo uma manifestação
significativa do sebastianismo em cada uma delas;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

Tópicos de resposta:
Relativamente a cada obra, deve ser abordado um dos tópicos seguintes, ou outro
igualmente relevante.

Mensagem
 Séculos após a Batalha de Alcácer Quibir, não é mais a crença no regresso do rei
vivo que está em causa, mas o que ele representa – o mito, fecundador da
realidade/o Desejado, que surge como o Salvador.
 D. Sebastião surge na obra como o mito que exprime o drama nacional de um país
decadente que precisa de acreditar nas suas capacidades para superar o presente
de “nevoeiro” (recusa do presente e crença no futuro).
 O sebastianismo evidencia-se na crença no regresso messiânico do Salvador que
conduzirá Portugal a nova conquista – o império espiritual e civilizacional (“Senhor,
falta cumprir-se Portugal!”).
 D. Sebastião é o símbolo da loucura positiva, da sede de infinito que caracteriza o
ser humano que pretende ultrapassar a sua própria natureza (“Louco, sim, louco,
porque quis grandeza”).

Frei Luís de Sousa


 Num contexto em que Portugal está sob o domínio filipino, o sebastianismo
evidencia-se na crença nacional de que D. Sebastião não morreu na batalha de
Alcácer Quibir.
 O sebastianismo evidencia-se na convicção de que o regresso de D. Sebastião
devolverá a Portugal a independência e a liberdade perdidas.
 Existem na obra personagens fortemente sebastianistas: Telmo, vinte e um anos
passados sobre a fatídica batalha, mantém a esperança de que o seu antigo amo
esteja vivo e regresse, o que significaria que D. Sebastião poderia também regressar
/ Maria, porta-voz da ilusão popular de que D. Sebastião está vivo, acredita que o
rei regressará a qualquer momento para salvar o seu povo do jugo castelhano.
 A mensagem sebastianista não é absolutamente linear: se com a chegada do
Romeiro, ou seja, de D. João, se verifica a destruição de quem ele ama (o seu
regresso, em vez de ser uma graça, é uma desgraça), o hipotético regresso de D.
Sebastião também poderia não ser a melhor solução para Portugal.

Dicas:
Neste item, é essencial:
1.º recordar as características do sebastianismo em Mensagem e em Frei Luís de
Sousa;
2.º relembrar exemplos de ambas as obras que provem a presença do
sebastianismo;
3.º respeitar a estrutura tripartida: a introdução e a conclusão devem ser parágrafos
mais pequenos, ao contrário do desenvolvimento que incluirá os tópicos essenciais
para que a resposta esteja completa.
Prova 639 | 1.ª Fase | 2018

PARTE C

A figura do herói está presente em muitas obras estudadas ao longo do ensino


secundário, embora a sua construção possa depender de diversos fatores.

Escreve uma breve exposição na qual distingas o herói em Os Lusíadas, de Luís Vaz
de Camões, do herói em Mensagem, de Fernando Pessoa.

A tua exposição deve incluir:

• uma introdução ao tema;


• um desenvolvimento no qual explicites, para cada uma das obras, uma característica
que permita distinguir o herói em Os Lusíadas do herói em Mensagem, fundamentando
as características apresentadas em, pelo menos, um exemplo significativo de cada uma
das obras;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

Tópicos de resposta:
Em Os Lusíadas:
‒ os heróis são apresentados na sua dimensão humana e histórica, o que é patente, por
exemplo, nos protagonistas da viagem marítima até à Índia, nomeadamente Vasco da
Gama e os marinheiros, cujos feitos permitiram o desvendamento dos mares
desconhecidos;
‒ os heróis são os portugueses que, vencendo os seus medos e todos os perigos, foram
capazes de superar a própria condição humana e de ascender ao plano dos deuses,
como se comprova, por exemplo, quando são recompensados na Ilha dos Amores.
Em Mensagem:
‒ os heróis não se inscrevem num tempo nem num espaço determinados, assumindo
uma dimensão mítica/simbólica. É o caso de D. Sebastião, enquanto símbolo da
ambição que poderá́ fazer renascer a glória da pátria;
‒ os heróis situam-se na esfera da espiritualidade, como é o caso de D. Fernando, que
age como instrumento da vontade divina/de uma vontade superior.
Os Lusíadas
GRUPO I – PARTES A e B

1 - Ler os textos com muita atenção. Ler as questões, sublinhando os verbos


introdutores dos itens e o objetivo de cada um.
2 - Ter em atenção os verbos e verificar se em cada questão há mais do que um verbo,
o que significa que terá de haver mais do que 1 tópico de resposta.
3 - Anotar, sob a forma de tópicos, ao lado da pergunta, os aspetos essenciais a
referir na resposta.

Prova 639 | 2.ª Fase | 2017

Grupo I
Educação Literária

PARTE A

Lê o texto seguinte, constituído pelas estâncias 96 a 99 do Canto VIII de Os Lusíadas,


bem como a contextualização apresentada. Se necessário, consulta as notas.

Contextualização
Após a chegada a Calecute, os portugueses são recebidos pelo Catual; entretanto, Baco
aparece em sonhos a um sacerdote, convencendo-o de que o objetivo dos portugueses
era subjugar os indianos. O Catual prende Vasco da Gama e só o liberta a troco de
mercadorias trazidas das naus. Finalmente, Vasco da Gama regressa a bordo, onde
“estar se deixa, vagaroso”.

VIII, 96
Nas naus estar se deixa, vagaroso,
Até ver o que o tempo lhe descobre;
Que não se fia já do cobiçoso
Regedor, corrompido e pouco nobre.
5 Veja agora o juízo curioso
Quanto no rico, assi como no pobre,
Pode o vil interesse e sede imiga
Do dinheiro, que a tudo nos obriga.
NOTAS
• Acriso (verso 12) – Rei de Argos que, para impedir o cumprimento da profecia de que seria morto por um
neto, prendeu a filha numa torre. Júpiter, porém, sob a forma de chuva de ouro, introduziu-se na torre e
tornou-a mãe de Perseu, que veio a assassinar Acriso.
• “A Polidoro mata o Rei Treício” (verso 9) – Quando a cidade de Troia estava prestes a cair em poder dos
Gregos, o soberano mandou o filho, Polidoro, com uma considerável riqueza em ouro, ao “Rei Treício”, para
que o protegesse; todavia, este apoderou-se do metal e matou o jovem.
• cor (verso 32) – aparência exterior.
• munidas (verso 17) – bem fortificadas.
• perjúrios (verso 27) – mentiras; juramentos falsos.
• Regedor (verso 4) – Catual.
• Tarpeia (verso 13) – jovem romana que, na esperança de obter anéis de ouro
dos Sabinos, que sitiavam Roma, lhes abriu as portas da cidade. Os inimigos, porém, não a pouparam.
• trédoros (verso 18) – traidores.
. Relaciona o conteúdo da estância 97 com a opinião formulada na estância anterior.

Sugestão de resposta:
Na estância 97, o Poeta refere três situações protagonizadas por figuras da Antiguidade
que comprovam a tese por si defendida na estância anterior, na medida em que
evidenciam o modo como a avidez de dinheiro e de ouro pode levar o ser humano – rico
ou pobre – a adotar atitudes condenáveis, como a traição ou a deslealdade.

Dicas:
Neste item é importante recordar o significado do verbo “relacionar” – estabelecer
uma ligação. De seguida, deves adotar a seguinte estratégia:
1.º centrar a atenção nas estâncias 96 e 97;
2.º identificar a opinião formulada na estância 96;
3.º estabelecer uma ligação com o conteúdo da estância 97.

2. Relê os versos 17 a 28.


Explicita três dos valores postos em causa pelo poder do “metal luzente e louro” (verso
14). Apresenta, para cada um desses valores, uma transcrição pertinente.

Sugestão de resposta:
Entre os versos 17 e 28, o Poeta mostra que o “metal luzente e louro” (v. 14) exerce tal
poder sobre o ser humano (“Quanto no rico, assi como no pobre” – v. 6) que o leva a
agir de forma indigna e em desconformidade com os princípios que, à partida,
defenderia.
Por um lado, podemos apontar a fidelidade à pátria como um dos valores não
respeitados, na medida em que são traídos os interesses superiores da nação, o que
se constata no verso “E entrega Capitães aos inimigos” (v. 20).
Por outro lado, também a dignidade do ser humano é corrompida, pois a ganância tem
a capacidade de transformar pessoas nobres de carácter em pessoas vis, como
comprova o verso “Este a mais nobres faz fazer vilezas” (v. 19).
Finalmente, observa-se que a mesma ganância promove a tirania, pondo em causa a
justiça social, o que é evidenciado em “E mil vezes tiranos torna os Reis” (v. 28).

Dicas:
Neste item é importante recordar o significado do verbo “explicitar” – expor uma
ideia de forma clara. De seguida, deves adotar a seguinte estratégia:
1.º centrar a atenção nos versos 17 a 28;
2.º identificar e clarifica três dos valores postos em causa pelo poder do “metal
luzente e louro”;
3.º apresentar uma citação textual para cada um dos valores postos em causa.
. Interpreta o sentido dos versos 29 a 32, enquanto crítica dirigida ao clero.

Sugestão de resposta:
Nos versos referidos, o poeta estende a sua crítica ao clero, classe social que, em
princípio, estaria imune ao poder de sedução do dinheiro – “este encantador” (v. 31);
todavia, o que se verifica é que, frequentemente – “mil vezes ouvireis” (v. 30) –, o “metal
luzente e louro” (v. 14) não só corrompe o clero como o leva a agir com hipocrisia,
escondendo a ganância sob uma aparência de virtude (v. 32).

Dicas:
Neste item é importante adotar a seguinte estratégia:
1.º centrar a atenção nos versos 29 a 32;
2.º identificar e clarifica a crítica dirigida aos membros do clero.

Exame Nacional de Português, 12.º ano, 2017, 2.ª fase, IAVE)


VII, 84
Nem creiais, Ninfas, não, que fama desse
A quem ao bem comum e do seu Rei
Antepuser seu próprio interesse,
Immigo da divina e humana Lei.
Nenhum ambicioso, que quisesse
Subir a grandes cargos, cantarei,
Só por poder com torpes exercício
Usar mais largamente de seus vícios;

VII, 85
Nenhum que use de seu poder bastante
Pera servir a seu desejo feio,
E que, por comprazer ao vulgo errante,
Se muda em mais figuras que Proteio.
Nem, Camenas, também cuideis que cante
Quem, com hábito honesto e grave, veio,
Por contentar o Rei, no ofício novo,
A despir e roubar o pobre povo!

VII, 86
Nem quem acha que é justo e que é dereito
Guardá-se a lei do Rei severamente,
E não acha que é justo e bom respeito
Que se pague o suor da servil gente;
Nem quem sempre, com pouco experto peito,
Razões aprende, e cuida que é prudente,
Pera taxar, com mão rapace e escassa,
Os trabalhos alheios que não passa.

VII, 87
Aqueles sós direi que aventuraram
Por seu Deus, por seu Rei, a amada vida,
Onde, perdendo-a, em fama a dilataram,
Tão bem de suas obras merecida.
Apolo e as Musas, que me acompanharam,
Me dobrarão a fúria concedida,
Enquanto eu tomo alento, descansado,
Por tornar ao trabalho, mais folgado.
GLOSSÁRIO
Camenas (verso 13) – musas.
errante (verso 11) – inconstante.
experto (verso 21) – experiente.
fúria (verso 30) – inspiração.
hábito (verso 14) – aspeto, aparência.
Proteio (verso 12) – Proteu, deus que tinha a capacidade de se metamorfosear.
rapace (verso 23) – ávida de lucro.
taxar (verso 23) – cobrar taxa ou imposto.
torpes (verso 7) – interesseiros, sórdidos.
vulgo (verso 11) – povo.
Caracteriza, de acordo com as três primeiras estâncias transcritas, aqueles que o poeta
recusa cantar.

Sugestão de resposta:
O poeta, através do seu canto, irá perpetuar todos aqueles que são merecedores de
reconhecimento e glória. Deste modo, recusa imortalizar os interesseiros e ambiciosos
que colocam os interesses pessoais acima do bem comum, desrespeitando a lei de
Deus e a lei dos homens (vv. 2-4), e que ascendem ao poder para satisfazerem os seus
vícios (vv. 5-8). O poeta refere também que não irá perpetuar no seu canto os falsos ou
dissimulados que abusam do poder para servirem os seus desejos (vv. 9-12), bem como
os que oprimem e exploram o povo, roubando os mais pobres (vv. 14-16), pagando
salários injustos (vv. 17-20) e aplicando impostos excessivos (vv. 21-24).

Dicas:
Neste item é importante recordar o significado do verbo “caracterizar” – identificar
as características ou traços. De seguida, deves adotar a seguinte estratégia:
1.º centrar a atenção nas três primeiras estâncias;
2.º identificar as ações negativas feitas por aqueles que o poeta recusa cantar.

2. Explicita os direitos reconhecidos ao povo, tendo em conta as estâncias 85 e 86.

Sugestão de resposta:
De acordo com o conteúdo das estâncias 85 e 86, é reconhecido ao povo o direito a não
ser ludibriado ou enganado (vv. 9-12), a não ser explorado ou roubado (vv. 13-16).
Assim, este é merecedor de ver o seu trabalho devidamente remunerado (vv. 17-20) e
de ser tributado sem excessos (vv. 21-24).

Dicas:
Neste item é importante recordar o significado do verbo “explicitar” – expor uma
ideia de forma clara. De seguida, deves adotar a seguinte estratégia:
1.º centrar a atenção nas estâncias 85 e 86;
2.º identificar e clarifica os direitos reconhecidos ao povo.

3. Interpreta o sentido dos versos 25 a 28.

Sugestão de resposta:
O poeta elege aqueles que morreram ao serviço de Deus e do rei como os únicos
homens que merecem ser cantados. Assim, devido ao sacrifício e provações
enfrentadas, estes são os heróis merecedores de reconhecimento e glória.
Dicas:
Neste item é importante recordar o significado do verbo “interpretar” – esclarecer o
a causa. De seguida, deves adotar a seguinte estratégia:
1.º centrar a atenção nos versos 25 a 28;
2.º localizar os vocábulos com conotação positiva;
3.º relembrar as características do herói n’ Os Lusíadas.

4. Relaciona o estado de espírito do poeta com a referência que faz a Apolo e às Musas
(versos 29 a 32).

Sugestão de resposta:
O cansaço do poeta leva-o a contar com o apoio de Apolo e das Musas, que sempre o
têm acompanhado, para que a sua inspiração seja reforçada e para que possa, com
nova energia, voltar ao seu trabalho (o engrandecimento dos que têm generosidade e
valor).
Dicas:
Neste item é importante recordar o significado do verbo “relacionar” – estabelecer
uma ligação. De seguida, deves adotar a seguinte estratégia:
1.º centrar a atenção nos versos 29 a 32.
2.º identificar os vocábulos que mostram o estado de espírito do poeta;
3.º refletir sobre o papel de Apolo e das Musas na epopeia;
4.º apresentar a relação entre o estado de espírito do poeta e a referência a Apolo
e às Musas.

Exame Nacional de Português, 12.º ano, 2013, 2.ª fase, IAVE)


Prova 639 | 1.ª Fase | 2022

Grupo I
Educação Literária

PARTE B
Lê o texto seguinte, constituído pelas estâncias 15 a 18 do Canto I de Os Lusíadas, e
as notas.
I, 15
E, enquanto eu estes canto – e a vós não posso,
Sublime Rei, que não me atrevo a tanto –,
Tomai as rédeas vós do Reino vosso:
Dareis matéria a nunca ouvido canto.
5 Comecem a sentir o peso grosso
(Que polo mundo todo faça espanto)
De exércitos e feitos singulares,
De África as terras e do Oriente os mares.

I, 16
Em vós os olhos tem o Mouro frio,
10 Em quem vê seu exício1 afigurado;
Só com vos ver, o bárbaro Gentio
Mostra o pescoço ao jugo2 já inclinado;
Tétis todo o cerúleo senhorio3
Tem pera vós por dote aparelhado4,
15 Que, afeiçoada ao gesto5 belo e tenro,
Deseja de comprar-vos pera genro.

I, 17
Em vós se vêm6, da Olímpica morada,
Dos dous avós7 as almas cá famosas;
Ũa, na paz angélica dourada,
20 Outra, pelas batalhas sanguinosas.
Em vós esperam ver-se renovada
Sua memória e obras valerosas;
E lá vos têm lugar, no fim da idade,
No templo da suprema Eternidade.

I, 18
25 Mas, enquanto este tempo passa lento
De regerdes os povos, que o desejam,
Dai vós favor ao novo atrevimento,
Pera que estes meus versos vossos sejam,
E vereis ir cortando o salso argento8
30 Os vossos Argonautas9, por que vejam
Luís de Camões, Os Lusíadas, edição de A. J. da Costa Pimpão, 5.ª ed.,
Lisboa, MNE/IC, 2003, pp. 4-5.

Notas
1 exício – destruição; ruína; mortandade.
2 jugo – peça de madeira que une os bois de uma junta; domínio; força repressiva; sujeição.
3 cerúleo senhorio – domínio do mar de cor azul-celeste.
4 aparelhado – preparado.
5 gesto – aspeto; aparência; rosto.
6 vêm – veem.
7 dous avós – D. João III, pai do príncipe D. João, e Carlos V, pai da princesa D. Joana.
8 salso argento – mar da cor da prata.
9 Os vossos Argonautas – referência aos navegadores portugueses.
. Relê a estância 15.
Explicita o modo como se desenvolve a estratégia argumentativa usada pelo poeta
nessa estância para incitar o rei D. Sebastião à ação gloriosa.

Sugestão de resposta:
Primeiramente, o poeta tece o elogio do rei – “Sublime Rei” –, dando a entender que ele
está predestinado a cometer tão grandes feitos que o poeta afirma não ousar cantá-los.
Seguidamente, o poeta aconselha o rei D. Sebastião a assumir o controlo e a
responsabilidade da governação e a dominar as terras de África e os mares do Oriente
(vitórias que serão exaltadas e admiradas por todos).

Dicas:
Neste item é importante recordar o significado do verbo “explicitar” – expor uma
ideia de forma clara. De seguida, deves adotar a seguinte estratégia:
1.º centrar a atenção na estância 15;
2.º identificar a estratégia argumentativa do poeta;
3.º demonstrar de forma clara o incitamento do poeta para que o rei desenvolva uma
ação gloriosa.

2. Nas estâncias 16 e 17, o poeta confere ao rei D. Sebastião uma dimensão excecional.
Comprova esta afirmação, recorrendo a dois exemplos pertinentes mencionados nessas
estâncias.

Sugestão de resposta:
D. Sebastião assusta de tal modo os Mouros e os Gentios que os primeiros o veem
como a causa da sua ruína futura e os segundos se mostram já predispostos a
submeter-se-lhe. Assim, a própria Tétis deseja oferecer a filha em casamento a D.
Sebastião e, como dote, o controlo dos mares. Além disso, os feitos de D. Sebastião
serão motivo de orgulho para os seus antepassados, que esperam dele a realização de
feitos tão grandiosos como os do passado que mereçam ser para sempre recordados.

Dicas:
Neste item é deves adotar a seguinte estratégia:
1.º centrar a atenção nas estâncias 16 e 17;
2.º identificar a dimensão excecional do rei D. Sebastião;
3.º apresentar dois exemplos que demonstrem a excecionalidade do rei D. Sebastião.
Seleciona a opção de resposta adequada para completar a afirmação.
A par do louvor aos feitos dos navegadores cantados n’Os Lusíadas, na estância 18,
está subjacente
(A) a crítica à ambição desmesurada que o rei manifesta.
(B) a alusão à demora na ação heroica que se espera do rei.
(C) o reconhecimento pelo rei da força guerreira dos povos que há de dominar.
(D) o elogio que o rei tece ao valor artístico dos versos escritos pelo poeta.

Resposta: (B)
Dicas:
Neste item de seleção, é essencial:
1.º centrar a atenção na estância 18;
2.º analisar as críticas efetuadas pelo poeta ao rei D. Sebastião.

Exame Nacional de Português, 12.º ano, 2022, 1.ª fase, IAVE)

Exercício-Tipo

Grupo I
Educação Literária

PARTE B
Lê o texto seguinte, constituído pelas estâncias 95, 97 e 98 do Canto V de Os Lusíadas,
e as notas.
V, 95
Dá a terra lusitana Cipiões,
Césares, Alexandros, e dá Augustos;
Mas não lhe dá contudo aqueles dois
Cuja falta os faz duros e robustos.
5 Octávio, entre as maiores opressões,
Compunha versos doutos1 e venustos2.
Não dirá Fúlvia certo que é mentira,
Quando a deixava António por Glafira3,

V, 97
Enfim, não houve forte capitão,
10 Que não fosse também douto e ciente,
Da Lácia4, Grega, ou Bárbara nação,
Senão da Portuguesa tão somente.
Sem vergonha o não digo, que a razão
V, 95
Dá a terra lusitana Cipiões,
Césares, Alexandros, e dá Augustos;
Mas não lhe dá contudo aqueles dois
Cuja falta os faz duros e robustos.
5 Octávio, entre as maiores opressões,
Compunha versos doutos1 e venustos2.
Não dirá Fúlvia certo que é mentira,
Quando a deixava António por Glafira3,

V, 97
Enfim, não houve forte capitão,
10 Que não fosse também douto e ciente,
Da Lácia4, Grega, ou Bárbara nação,
Senão da Portuguesa tão somente.
Sem vergonha o não digo, que a razão
De algum não ser por versos excelente,
15 É não se ver prezado o verso e rima,
Porque, quem não sabe arte, não na estima.

V, 98
Por isso, e não por falta de natura,
Não há também Virgílios nem Homeros;
Nem haverá, se este costume dura,
20 Pios Eneias, nem Aquiles feros5.
Mas o pior de tudo é que a ventura
Tão ásperos os fez, e tão austeros,
Tão rudos, e de engenho tão remisso,
Que a muitos lhe dá pouco, ou nada disso.

Luís de Camões, Os Lusíadas, edição de Emanuel Paulo Ramos,


Porto, Porto Editora, 2014, pp. 210-212
NOTAS
1 doutos – eruditos;
2 venustos – belos;
3 Glafira – António abandonou Fúlvia, trocando-a por Glafira, tendo Octávio narrado esta história em verso;
4 Lácia – Romana;

5 feros – ferozes.

1. Explica a referência a “Octávio” (v.5) na estância 95.

Sugestão de resposta:
A referência a “Octávio” é uma forma de o poeta mostrar que os heróis antigos
conciliavam as armas com as letras, pois o imperador referido, entre as guerras,
escrevia versos eruditos e belos.
Contudo, Camões lamenta-se de em Portugal haver falta o apreço pelas letras.

Dicas:
Neste item é importante recordar o significado dos verbos “explicitar” – extrair uma
ideia e expô-la de forma clara. De seguida, deves adotar a seguinte estratégia:
1.º centrar a atenção na estância 95;
2.º explicar a referência a Octávio;
3.º demonstrar o contraste com o povo português.
. Identifica a crítica presente nos versos 13 a 16, relacionando-a com o conteúdo da
estância 98.

Sugestão de resposta:
Na estância 97, o poeta destaca que não houve uma nação em que os heróis não
fossem cultos, excetuando os portugueses, pois estes não apreciam as letras.
Deste modo, na estância 98, Camões alerta para as consequências da desvalorização
das letras, que passarão por, no futuro, não haver escritores que imortalizem os heróis
e não haverá registo dos seus feitos.

Dicas:
Neste item é importante recordar o significado do verbo “relacionar” – estabelecer
uma ligação. De seguida, deves adotar a seguinte estratégia:
1.º centrar a atenção nos versos 13 a 16.
2.º identificar a crítica feita aos portugueses;
3.º estabelecer uma ligação com a estância 98 – consequências da desvalorização
das artes.

3. Transcreve uma anáfora da estância 98 e apresenta o seu efeito de sentido.

Sugestão de resposta:
A anáfora presente nos versos “Tão ásperos os fez, e tão austeros, / Tão rudos, e de
engenho tão remisso,” (vv. 22 e 23) reforça a rudeza dos guerreiros portugueses, que
não valorizam as artes.

Dicas:
Neste item de seleção, é essencial:
1.º recordar a anáfora enquanto recurso expressivo;
2.º explicar a intenção do poeta usar a anáfora no contexto em que se insere.
GRUPO I – PARTE C

1 - Cumprir a instrução que se encontra, essencialmente, no desenvolvimento.


2 - Fazer um esquema sobre as informações a incluir no texto, antes de o redigirem.
3 - Usar a estrutura tripartida para organizar esta resposta: o desenvolvimento e a
conclusão devem ser iniciados por conectores.

Exercício-Tipo

PARTE C

Baseando-te na tua experiência de leitura d’ Os Lusíadas, de Luís de Camões, escreve


uma breve exposição sobre o modo como a invocação às Tágides é reveladora da
fervorosa emoção patriótica do poeta.

A tua exposição deve incluir:


 uma introdução ao tema;
 um desenvolvimento no qual refiras um exemplo de invocação às Tágides
revelador da fervorosa emoção patriótica do poeta;
 uma conclusão adequada ao tema.
Tópicos de resposta:
A invocação do poeta às Tágides é reveladora da sua fervorosa emoção patriótica:
– invoca as Tágides, uma vez que tem consciência de que o objetivo a que se propõe –
cantar os feitos dos portugueses – exige um tom diferente, uma “fúria grande e
sonorosa”, bem como “um estilo grandíloquo”;
– compara-se aos poetas clássicos que também pedem inspiração às musas, revelando
que as águas do Tejo não ficam atrás em força inspiradora às de fontes antigas como
as de “Hipocrene”, realçando o seu patriotismo.

Dicas:
Neste item, é essencial:
1.º recordar a invocação do poeta às Tágides.
2.º relembrar os momentos que provam que esta invocação é reveladora do seu
fervor patriótico;
3.º - respeitar a estrutura tripartida: a introdução e a conclusão devem ser parágrafos
mais pequenos, ao contrário do desenvolvimento que incluirá os tópicos essenciais para
que a resposta esteja completa.
PARTE C

1. “Mas o texto é complexo e, por vezes até, contraditório. Em certos momentos


exibe uma face menos gloriosa; aquela em que emergem as críticas, as dúvidas,
o sentimento de crise.”
Maria Vitalina Leal de Matos, Tópicos para a Leitura de Os Lusíadas,
Lisboa, Editorial Verbo, 2004

Baseando-te na tua experiência de leitura d’Os Lusíadas, de Luís de Camões,


escreve uma breve exposição sobre a intenção crítica do Poeta nas suas
reflexões, na obra.

A tua exposição deve incluir:


 uma introdução ao tema;
 um desenvolvimento no qual refiras a perspetiva, acima transcrita, sobre Os
Lusíadas, de Luís de Camões, mencionando exemplos relevantes.
 uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

Tópicos de resposta:
Reflexões do Poeta: críticas aos portugueses
– Canto V: o desprezo das artes e das letras e a consequência da falta de incentivo a
novos heróis;
– Canto VII: a falta de reconhecimento do seu trabalho e mérito, aspeto inviabilizador
do incentivo a futuros escritores;
– Canto VII: o poder corruptor do ouro que tudo compra, levando a traições e
atrocidades cometidas pelo ser humano;
– Canto X: a decadência moral do país e a falta de reconhecimento pátrio.

Dicas:
Neste item, é essencial:
1.º recordar as reflexões do Poeta que apresentam críticas aos portugueses.
2.º relembrar os cantos que provam as críticas e lamentos do Poeta face aos seus
contemporâneos;
3.º - respeitar a estrutura tripartida: a introdução e a conclusão devem ser
parágrafos mais pequenos, ao contrário do desenvolvimento que incluirá os tópicos
essenciais para que a resposta esteja completa.

(Exame Nacional de Português, 12.º ano, 2008, 1.ª fase, IAVE)

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