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O Anticristo

O documento discute as diferentes visões sobre a identidade do Anticristo ao longo dos séculos. Muitos teólogos especulam que o Anticristo está vivo hoje, mas o autor argumenta que essas visões são infundadas e que os eventos profetizados podem ter ocorrido no passado.

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O Anticristo

O documento discute as diferentes visões sobre a identidade do Anticristo ao longo dos séculos. Muitos teólogos especulam que o Anticristo está vivo hoje, mas o autor argumenta que essas visões são infundadas e que os eventos profetizados podem ter ocorrido no passado.

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O Anticristo de João

Identificando o Anticristo

Gary Demar

Hal Lindsey escreveu em 1970 que ele cria que o anticristo estava vivo em
algum lugar no mundo. Ele repetiu essa crença em 1977, quando escreveu que
era sua “opinião” que “ele estava vivo em algum lugar agora. Mas ele não se
tornará essa figura terrível que chamamos de Anticristo até que Satanás o
possua, e não creio que isso ocorrerá até que haja essa ‘ferida mortal’ da qual
ele é 2 curado.” Em 1980 ele declarou novamente essa convicção escrevendo
que “este homem [anticristo] 3 está vivo hoje – vivo e esperando ser revelado.”

Embora Lindsey creia que o anticristo esteja vivo em algum lugar no mundo
hoje, e de fato tem estado aqui desde pelo menos 1970, ele declarou que “não
4 devemos ficar especulando se alguma das figuras mundiais de hoje é o
anticristo.” De qualquer forma, determinar a identidade do anticristo não
importa na verdade, visto que Lindsey e outros crêem “que os cristãos não
estarão por perto para ver a devastação trazida pelo ditador mais cruel de 5
todos os tempos.” Para não ser ultrapassado, Dave Hunt divulga uma opinião
similar: “Em algum lugar, nesse exato momento, no planeta Terra, o anticristo
está quase que certamente vivo – aguardando seu tempo, esperando seu sinal.
Sensacionalismo banal? Longe disso! Essa possibilidade é baseada numa
avaliação sóbria dos eventos atuais em relação à profecia bíblica. Já um
homem maduro, ele está provavelmente ativo na política, talvez até mesmo um
líder mundial admirado cujo nome está quase 6 diariamente nos lábios de todo
o mundo.”

Salem Kirban escreveu em 1977 que “aqueles de nós familiarizados com a


Escritura podem facilmente ver a escrita à mão na parede, à medida que o 7
caminho é preparado para o Anticristo vindouro”. Lindsey, Hunt, Kirban, e
muitos outros compartilham uma crença que é visivelmente similar àquela da
adivinha Jeane Dixon. Dixon afirma ter recebido uma visão divina em 5 de
fevereiro de 1962 sobre um governo mundial político-religioso; sua “profecia”
lembra a doutrina moderna do anticristo: “Uma criança, nascida em algum lugar
no Oriente Médio antes das 7 da manhã (EST) de 5 de fevereiro de 1962,
revolucionará o mundo. Antes do término do século, ele reunirá toda a
humanidade numa única e todo abrangente fé. Esse será o fundamento de um
novo Cristianismo, com toda seita e credo unidos por meio deste homem que
andará entre o povo para espalhar a sabedoria do Poder Todo-Poderoso.”

“A Sra. Dixon alega que a influência desse homem será sentida no começo do
anos 1980 e que por volta de 1999, a religião ecumênica terá sido alcançada.”
Por que deveríamos crer nos prognósticos proféticos dos dias atuais, quando já
nos ofereceram certezas da identidade do anticristo inúmeras vezes durante os
séculos?

São Martin de Tours, que morreu em 397 d.C., escreveu do anticristo vindouro
cujo reino significaria os últimos dias. Sua predição soa estranhamente familiar.
“Non est dubium, quin antichristus… Não há dúvida que o anticristo já nasceu.
Firmemente já estabelecido em seus primeiros anos, ele irá, após alcançar a
maturidade alcançar poder supremo.” Agora volte e leia novamente as citações
de Lindsey e Hunt. Os cristãos deveriam repudiar os escritos de alguém que
especula que o anticristo é uma figura contemporânea. Tal especulação é
biblicamente infundada, como se tornará evidente à medida que analisarmos
as passagens usadas para estabelecer a identificação.

Por que toda a confusão quanto a quem é o anticristo? A confusão se levanta


por duas concepções errôneas: (1) lidar com referências bíblicas divergentes
como se todas elas se referissem à mesma pessoa, criando assim uma figura
composta que não é encontrada na Escritura; (2) cometer um lapso quanto ao
período de tempo quando essas figuras divergentes apareceriam.

O Anticristo Composto dos Dias Atuais

Antes de começarmos a investigar essa confusão, estabeleçamos


primeiramente qual é geralmente o entendimento moderno sobre o anticristo. O
anticristo da teologia especulativa de hoje combina as características do
“príncipe que há de vir” de Daniel e outros personagens do livro de Daniel
(9:26; 7:7-8, 19-26; 8:23-25); elementos do “abominável da desolação” de
Mateus e Daniel (Mt. 24:15; Dn. 9:27); o “homem da iniqüidade” de Paulo (2Ts.
2:3); a linguagem de João sobre o “anticristo” (1 João 2:18, 22; 4:3; 2 João 7); e
a “besta” de João (Ap. 13:11-18).

Esse anticristo composto futurizado supostamente se fará conhecido após o


arrebatamento da igreja durante a tribulação de sete anos. É especulado que
ele surgirá da Europa, visto que ele surge do meio dos “dez chifres” da cabeça
da “quarta besta” (Dn 7:7-8; 19-26). Outros crêem que ele é judeu. Essa
“quarta besta” com seus “dez chifres” é dito ser um Império Romano revivido.
Essa é a mesma besta que emerge do mar de Apocalipse 13 (versículos 1-10).

Alguns crêem que a besta ou anticristo deve ser um judeu, visto que ela
“emerge da terra” ou nação (Ap. 13:11). Outros crêem que visto que ela
emerge do mar, uma designação das nações gentias, ela deve ser um gentil
(cf. Isaías 57:20). O anticristo moderno é retratado como uma figura política
carismática, o homem-mídia perfeito. Na década de 1969, John F. Kennedy
parecia satisfazer todos os critérios para um anticristo dos dias modernos, e
sua ferida mortal [Ap. 13:3] na cabeça assegurou isso para muitos cristãos
crédulos. O anticristo supostamente terá a eloqüência de um Winston Churchill
(Ap. 13:5) e a arrogância, duro semblante e discurso cativante de um Adolf
Hitler (Dn. 7:20; 8:23).

A conjectura que cerca essa figura continua com detalhe impressionante


baseado em evidência bíblica escassa. O anticristo chegará à proeminência
como parte de uma confederação de dez nações, se aproximando da área do
antigo Império Romano.

Inicialmente ele ganhará controle através da guerra subjugando três dos


poderes na confederação. Alguns especulam que a confederação de dez
nações começará com treze. Uma vez que ele assegure o poder, aspirará
avenidas de paz como Adolf Hitler (Dn. 8:25). Seu discurso de paz será atrativo
para um Cristianismo apóstata (1Ts. 5:3).

Como com Hitler, que fez paz com a “Santa Sé” de Roma, essas propostas de
paz funcionarão como sedativos sobre o povo.

Em seu discurso ao Reichstag, em 23 de março de 1933, quando o corpo


legislativo da Alemanha abandonou suas funções ao ditador, Hitler prestou
tributo às crenças cristãs como “elemento essenciais para salvaguardar a alma
do povo alemão”, prometeu respeitar seus direitos, declarou que a ambição do
seu governo era “um acordo pacífico entre Igreja e Estado” e adicionou – com
um olho nos votos do Partido Central Católico, que ele recebeu – que
“esperamos melhorar nossas relações amigáveis com a Santa Sé.”

Como um homem de paz, o anticristo fará uma aliança com os judeus


garantindo-lhes paz e segurança em sua própria nação. No meio do período da
aliança , ele quebrará a aliança e se voltará contra os judeus. Ele então fará
guerra contra os santos judeus e os sobrepujará (Ap. 13:17; Dn. 7:21). Sem
dúvida, durante esse período de tempo de três anos e meio, dois terços dos
judeus vivos na Palestina serão assassinados (Zc. 13:8-9). Visto que ele odeia
a Deus, o anticristo blasfemará contra Deus e o seu tabernáculo (Ap. 13:6).

Como um Cristo falsificado, o anticristo receberá grandes poderes pelo diabo


para tentar copiar a obra de Jesus. Ele até mesmo procurará imitar a
ressurreição; o anticristo parecerá ter sofrido uma ferida mortal na cabeça, mas
então será miraculosamente ressuscitado. Lindsey diz que ele “não crê que
essa será uma ressurreição real, mas será uma situação na qual essa pessoa
terá uma ferida mortal. Mas antes que perca de fato a vida será trazido de volta
desse estágio criticamente ferido. Isso é algo que causará tremendo espanto
em todo o mundo.” Isso é duplamente duvidoso. O mundo não ficaria
espantado. A grande maioria consideraria isso um truque. Eles já estão
acostumados com o mágico David Copperfield. O anticristo se tornará
imediatamente um objeto de adoração (Ap. 13:3-8) e se assentará como Deus
no templo de Jerusalém (2Ts. 2:4). O falso profeta erigirá uma imagem ou ídolo
ao anticristo. Ele então fará com que a estátua viva e fale (Ap. 13:14-15).

De acordo com esse cenário elaborado, o mundo estará vivendo sob um tirano
dirigido por Satanás através de sua besta, anticristo e o falso profeta. As
pessoas serão marcadas com o terrível 666! Essa receita de desastre levará
afinal ao Armagedon, onde todas as nações do mundo serão trazidas contra
Israel. Somente o retorno de Cristo salvará Israel e o mundo.

Quanto testada contra a interpretação bíblica sólida, tal teoria permanece de


pé? A questão do tempo invalida toda a teoria moderna do anticristo. É
possível que o que era profecia seja agora história? Poderia a besta do
Apocalipse 13 e o seu número 666 se referirem a uma figura histórica bem
conhecida, que desempenhou um papel proeminente durante o tempo no qual
o livro do Apocalipse foi escrito? Como veremos, a doutrina moderna do
anticristo é uma amalgamação de conceitos e eventos bíblicos que: ou não são
relacionados uns com os outros, ou tiveram seu cumprimento em eventos
passados. Esse é o porquê a confusão persiste. Os caçadores modernos de
anticristo estão procurando uma figura que não mais existe. Olhemos para a
evidência bíblica.

O Anticristo Bíblico

A primeira coisa que devemos fazer é analisar os textos de forma crítica..


A palavra “anticristo” aparece somente nas epístolas de João (1 João 2:18, 22;
4:3; 2 João 7). “O que é ensinado nessas passagens constitui toda a doutrina
do Novo Testamento sobre o Anticristo.”
Vamos analisá-las uma por uma..

18 Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo,


também agora muitos se têm feito anticristos, por onde conhecemos que
é já a última hora. 1 João 2:18

“22 Quem é o mentiroso, se não aquele que nega que Jesus é o Cristo?
Este é o anticristo, o que nega o Pai e o Filho.

23 Todo aquele que nega o Filho, esse não tem o Pai; aquele que
confessa o Filho tem igualmente o Pai.” 1 João 2.22-23

“3 e todo espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em Carne não é
de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de
vir, e eis que já agora está no mundo.”
1 João 4.3

“7 Porque já muitos enganadores entraram no mundo, os quais não


confessam que Jesus Cristo veio em carne. Este tal é o enganador e o
anticristo.” 2 João 1.7

Estabelecendo Fatos, o anticristo de João é:

1 Qualquer um “que nega que Jesus é o Cristo”


2 Qualquer um que “nega o Pai e o Filho”
3 “Todo espírito que não confessa a Jesus”
4 Aqueles que “não confessam Jesus Cristo vindo em carne; assim é o
enganador e o anticristo”
5 Já era a ultima hora, o anticristo não era algo para o futuro, era um problema
contemporâneo

O que o anticristo não é:

1 Não é a nenhuma das Bestas do apocalipse


2 Não é o Homem do pecado, o filho da perdição de 2 Ts 2.3,4
3 Não é o chifre pequeno de Daniel
4 Não é uma pessoa
5 Não é um líder religioso
6 Não é um líder político
7 Não vai aparecer nos últimos dias da igreja (Quando João escreveu ELE
estava nos últimos dias do Aion (Era, Estado-Judaico).

Nada do que João escreve se relaciona com a doutrina moderna do anticristo.


Para João todo aquele que negasse a doutrina da encarnação de Cristo, é
anticristo.
“Cristo” denotava para João a Natureza Divina do nosso Senhor, e era
sinônimo de o “Filho de Deus”. Portanto negar que Jesus era o Cristo e o
Messias era negar sua divindade e negar que ele era Filho de Deus.. Por
conseqüência estariam negando o Pai.. e chamando de mentiroso aquele que
testifica do Filho, o Espírito Santo..

Como percebemos a Igreja primitiva estavam rodeadas de falsos profetas,


heresias, apostasias, doutrinas de demônios.. Isso motivou os escritores
bíblicos a escreverem cartas e os evangelhos. Lc 1.1-4

A Bíblia foi escrita obviamente para que nós hoje pudéssemos crer. 1 Jo. 1.4
A escrita da Bíblia foi motivada e necessárias por causa das circunstâncias 1
Jo. 2.26
Foi escrita para que tenhamos vida eterna 1 Jo. 5.13
Os autores Bíblicos preferiam conversar face a face 2Jo. 1.12
Nos resta uma pergunta, que e quais circunstâncias levaram João e outros
autores Bíblicos a escreverem suas cartas??

A apostasia sobre a qual João escreve estava em vigor em seus dias. Paulo
teve que contra-atacar um “evangelho diferente” que era “contrário” ao que ele
tinha pregado (Gl. 1:6-9). Ele teve que lutar contra “falsos irmãos” (2:4, 11-21;
3:1-3; 5:1-12). Ele advertiu a liderança da igreja de Éfeso que “dentre vós
mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os
discípulos atrás deles” (Atos 20:28-30). A insurreição teológica veio de dentro
da comunidade cristã.

Muitas pessoas antes da destruição de Jerusalém em 70 d.C. questionavam e


disputavam sobre doutrinas cristãs básicas como a ressurreição (2Tm. 2:18);
alguns até mesmo alegavam que a ressurreição era uma impossibilidade (1Co.
15:12). Doutrinas estranhas eram ensinadas. Alguns “cristãos” proibiam o
casamento (1Tm. 4:1-3). Outros negavam a validade da boa criação de Deus
(Cl. 2:8, 18-23). Os apóstolos se achavam defendendo a fé contra vários falsos
mestres e “falsos apóstolos” (Rm. 16:17-18; 2Co. 11:3-4 12:15; Fp. 3:18-19;
1Tm. 1:3-7; 2Tm. 4:2-5). A apostasia cresceu de tal forma que Paulo teve que
escrever cartas para um jovem pastor que estava experimentando essas coisas
pela primeira vez (1Tm. 1:19-20; 6:20-21; 2Tm. 2:16-18; 3:1-9, 13; 4:10, 14-16).
Em adição, congregações inteiras caíram em apostasia:

Uma das últimas cartas do Novo Testamento, o livro de Hebreus, foi escrito a
uma comunidade cristã inteira que estava à beira de abandonar o Cristianismo.
A igreja cristã da primeira geração não foi somente caracterizada pela fé e
milagres; foi também caracterizada pelo aumento da ilegalidade, rebelião, e
heresia dentro da própria comunidade cristã – justamente como Jesus tinha
predito em Mateus 24.

O Anticristo
Dr. Kenneth L. Gentry, Jr.

Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto

Talvez mais que qualquer figura perversa na Escritura, o Anticristo é o mais


temido. Muitos dispensacionalistas estão convencidos que ele está vivo hoje.
Numa entrevista na revista Eternity em 1977, Hal Lindsey respondeu a uma
pergunta com respeito ao Anticristo: “Em minha opinião, ele está vivo em algum
lugar agora”. Um livro extremamente infeliz, de 1988, tem o seguinte título:
Gorbachev: Has the Real Antichrist Come? [Gorbachev: O Anticristo Real
Chegou?] Sem dúvida, durante várias gerações esse tipo de crença tem sido a
tendência entre os dispensacionalistas, os quais têm apontado inúmeros
possíveis candidatos a serem o Anticristo.

Um dispensacionalista campeão de vendas escreve que existe uma “forte


evidência que de fato o Anticristo poderia aparecer mui brevemente – o que,
por sua vez, significa que o arrebatamento pode ser iminente”. Ele está
convencido que “em algum lugar, nesse exato momento, sobre o planeta Terra,
o Anticristo está quase que certamente vivo”.

Ironicamente, os versículos menos úteis para desenvolver a visão


dispensacionalista, pré-milenista e amilenista do Anticristo são os únicos que
expressamente o mencionam! “Anticristo” aparece somente quatro vezes em
toda a Escritura: 1 João 2:18, 22; 4:3; e 2 João 7. (Walvoord em seu extenso
livro Prophecy Knowledge Handbook nem sequer menciona esses versículos
em seu tratamento da “Profecia em 1, 2, e João e a Epístola de Judas” – ou em
algum outro lugar em seu livro de 800 páginas).

Frequentemente outras figuras, tais como o Chifre Pequeno de Daniel, o


Homem do Pecado de Paulo, a Besta de João, são considerados como sendo
referências ao Anticristo: O “desenvolvimento orgânico do pecado finalmente
culmina no ‘homem do pecado’ (2 Tessalonicenses 2:3-12). Que é o reino do
Anticristo”. “Claramente, a idéia [em Ap. 13:18] é que o mundo... finalmente
apresentará o anticristo, que é aqui chamado de a besta”. Mas tal não parece
ser o caso. Nenhuma dessas figuras é chamada de “Anticristo” – nem mesmo a
Besta, que aparece nos escritos do apóstolo que emprega a palavra “anticristo”
em outro lugar, João.

A origem da doutrina do Anticristo no primeiro século é obscura. Não parece


que devemos pensar que o Anticristo seja um indivíduo particular: “Como
ouvistes que vem o anticristo” (1 João 2:18b). O ponto de João ao mencioná-lo,
contudo, é devido ao que os seus leitores estavam ouvindo – e ele começa
corrigindo as falsas visões que eram atuais sobre a noção. Isso é certamente
uma tarefa digna de ser feita em nossos tempos. Muitas coisas foram ouvidas
entre os cristãos primitivos, mas não foram apropriadamente entendidas. João
até mesmo corrige uma falsa noção com respeito a ele (João) estar vivo até o
retorno de Cristo (João 21:22-23). Paulo usa um falso ensino com respeito ao
batismo pelos mortos para explicar um ponto com respeito à ressurreição (1Co.
15:29). Paulo freqüentemente insta com seus seguidores para que o ouçam e
preservem aquelas coisas que ele ensina (Fp. 4:9; 1Ts. 2:13; 2Tm. 1:13; 2:2).

É terrivelmente importante observar que na correção que João faz da noção do


Anticristo, “ele faz três declarações com respeito ao Anticristo que parecem
atravessar suas implicações. Ele transpõe o Anticristo do futuro para o
presente. Ele o expande de um indivíduo para uma multidão. Ele o reduz de
uma pessoa para uma heresia”. Com essas três observações, uma grande e
principal parte da discussão moderna sobre o Anticristo é totalmente destruída.

O Tempo do Anticristo

Os leitores de João tinham ouvido que o Anticristo ainda não estava em cena,
mas sim que estava vindo.13 João informa-os que esse “anticristo”
“presentemente, já está no mundo” (1 João 4:3). Como Warfield observa, “esse
‘já’ pós-postulado carrega com ele uma grande força de afirmação”.14 “Este é o
espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que vem e,
presentemente, já está no mundo” (1 João 4:3b).

Aquilo que eles tinham “ouvido que vem” é expressamente o que “já está no
mundo”. Em adição, João observa: “E, como ouvistes que vem o anticristo,
também, agora, muitos anticristos têm surgido” (1 João 2:18). Por causa da
aparição desses Anticristos, eles deviam saber que “é já a última hora” (2:18,
RC). A aparição desses anticristos não era um anunciado de uma vinda futura
do Anticristo, pois a presença deles era o sinal que “a última hora” já tinha
“chegado” (gegonasin). O “também, agora”, enfatiza a presença do que eles
temiam (“como ouvistes”).

Uma objeção de um teólogo amilenista contra o pós-milenismo é a remoção do


anticristo pelo pós-milenismo não somente de nossa expectação futura, mas do
próprio centro do tempo! “Mais e mais esse reino das trevas se manifesta à
medida que o tempo avança. No próprio centro do tempo, portanto, está o
desenvolvimento do poder do mundo anticristão. De fato, o pós-milenismo não
deixa nenhum lugar para o Anticristo em seu pensamento... o Anticristo não
pode ser tomado seriamente”.

A Impessoalidade do Anticristo

Ao redirecionar o foco dos seus leitores da futuridade do Anticristo para sua


existência contemporânea, João aponta que o Anticristo é um movimento, e
não um indivíduo. Ao tratar com a idéia do “Anticristo”, João diz “também,
agora, muitos anticristos têm surgido” (1 João 2:18). De fato, o Anticristo é um
“espírito” (1 João 4:3) que penetra esses muitos “anticristos” (1 João 2:18), que
são representados como “muitos enganadores” (2 João 7). Visões como aquela
de Hoekema são sem dúvida equivocadas: “O Novo Testamento também nos
ensina a esperar um anticristo pessoal e final no futuro” (veja 2 Ts. 2:3-4)”.

A Tendência do Anticristo

Assim o Anticristo na realidade não é uma multidão de pessoas, mas sim o


“espírito” (1 João 4:3) entre elas que promove engano (2 João 7) com respeito
a Cristo. “Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo?
Este é o anticristo, o que nega o Pai e o Filho” (1 João 2:22). João aplica
claramente o conceito do Anticristo (ho antichristos) à tendência genérica de
promover mentiras sobre a identidade de Cristo. Ele repete esse ponto em sua
segunda carta. “Porque muitos enganadores têm saído pelo mundo fora, os
quais não confessam Jesus Cristo vindo em carne; assim é o enganador e o
anticristo [ho antichristos]” (2 João 1:7).

Sobre a base dessas quatro referências podemos aprender que o Anticristo


não é um governante individual e malevolente que se encontra em nosso
futuro. Antes, o Anticristo era uma tendência herética contemporânea com
respeito a pessoa de Cristo, que era sustentada por muitos nos dias de João.
Hoekema está equivocado quando escreve: “Mesmo assim, não seria correto
dizer que João não admite, em seu pensamento, um anticristo pessoal futuro,
uma vez que ele ainda aguarda um anticristo que deverá vir”.17 18 Como
veremos abaixo, a Besta do Apocalipse e o Homem da Iniqüidade também
eram realidades contemporâneas no primeiro século – embora distintas do
Anticristo.

Fonte: He shall have dominion: A Postmillennial Eschatology, Kenneth L.


Gentry, Jr., p. 370-374.

Quem é o Anticristo?
Hank Hanegraaff

Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto


Por séculos os cristãos têm especulado sobre a identidade do Anticristo.
Candidatos prováveis têm incluído príncipes e papas, bem como potências e
presidentes dos dias atuais. Ao invés de se unir ao jogo sensacionalista de
alfinete-a-cauda-sobre-o-Anticristo, os cristãos precisam ir apenas às
Escrituras para encontrar a resposta.

Primeiro, o apóstolo João expôs a identidade do Anticristo quando ele


escreveu: “Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo?
É o anticristo esse mesmo que nega o Pai e o Filho. Qualquer que nega o
Filho, também não tem o Pai; mas aquele que confessa o Filho, tem também o
Pai” (1 João 2:22-23). Em sua segunda epístola, João dá uma advertência
similar: “Porque já muitos enganadores entraram no mundo, os quais não
confessam que Jesus Cristo veio em carne. Este tal é o enganador e o
anticristo” (2 João 7).

Além do mais, João ensinou que todos os que negam a encarnação, o papel
messiânico e a divindade de Jesus são exemplos de anticristo. Como tal, o
termo anticristo não somente refere-se à apostasia de indivíduos, mas à
apostasia de instituições e ideologias também. Nesse sentido, instituições tais
como as seitas modernas e as religiões do mundo, além de ideologias como o
evolucionismo ateísta e o comunismo, podem ser corretamente consideradas
anticristos.

Finalmente, no livro de Apocalipse, João identifica tanto um indivíduo como


uma instituição que representam a personificação final do mal – o anticristo
arquétipo. Ele refere-se a esse anticristo arquétipo como uma besta que
“engana os que habitam na terra” (Apocalipse 13:14). Utilizando a descrição
apocalíptica de Daniel sobre os poderes mundiais do mal (Apocalipse 13; cf.
Daniel 7-8), João descreve um imperador, da sua época, que arrogantemente
coloca a si mesmo e ao seu império contra Deus (13:5-6), perseguindo
violentamente os santos (13:7), e violando de maneira grosseira os
mandamentos mediante várias e longas demonstrações repugnantes de
depravação, inclusive demandando ser adorado como Senhor e Deus (13:8,
15).

Para estudo adicional, veja Hank Hanegraaff, The Apocalypse Code (Nashville:
W Publishing Group, 2007).

1 JOÃO 2:18-19 “Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o


anticristo, também agora muitos se têm feito anticristos, por onde conhecemos
que é já a última hora. Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se
fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não
são todos de nós”.

Fonte: The Bible Answer Book – Volume 2, Hank Hanegraaff, Thomas Nelson
p. 225-7.
A Doutrina de João sobre o Anticristo

Arquivo Preterista

O tema "Anticristo" é ainda um tema muito debatido e discutido, durante toda


história da Igreja, pessoas tentam decifrar sua identidade, creio que o principal
erro consiste em tentar personificar aquilo que João não personificou. Como diz
o ditado: É procurar chifre em cabeça de cavalo.

Como disse Ken Gentry:

"Talvez mais que qualquer figura perversa na Escritura, o Anticristo é o mais


temido."

Hank Hanegraaff diz:

"Por séculos os cristãos têm especulado sobre a identidade do Anticristo.


Candidatos prováveis têm incluído príncipes e papas, bem como potências e
presidentes dos dias atuais. Ao invés de se unir ao jogo sensacionalista de
alfinete-a-cauda-sobre-o-Anticristo, os cristãos precisam ir apenas às
Escrituras para encontrar a resposta."

Vamos ver o que outras pessoas falaram sobre o Anticristo.

Patrística

Muitos Pais da Igreja trataram do Anticristo em suas obras. Seguem alguns:

São Policarpo (Epístola de Policarpo aos Filipenses) alertou aos filipenses que
todos os que pregassem uma falsa doutrina seria um anticristo.

Santo Ireneu especulou que seria “muito provável” que o anticristo poderia ser
chamado Lateinos, que é o equivalente em grego para "homem latino".

São João Crisóstomo alertou contra especulações e antigas histórias sobre o


Anticristo, dizendo: Não nos deixe saber sobre estas coisas. Ele pregou que,
conhecendo as descrições de Paulo do Anticristo em 2 Tessalonicenses, os
cristãos evitariam o engodo.

Santo Agostinho escreveu:É incerto em qual templo o Anticristo deve se


estabelecer, e ainda se será na ruína do templo que foi construída por
Salomão, ou na igreja.

A Reforma Protestante e Reforma Católica


Na Reforma Protestante, Martinho Lutero, João Calvino, Thomas Cranmer,
John Knox, Cotton Mather, e John Wesley, chamaram o Papa de Anticristo. Na
Reforma Católica, por sua vez, Martinho Lutero e outros reformadores foram
chamados de Anticristo por terem ocasionado a suposta perda da unidade
cristã, e "amputado e desmembrado o Corpo de Cristo". Atualmente, muitas
correntes cristãs retiraram estas afirmações para reatarem relações. Porém,
outras ainda as mantém em suas confissões de fé.

A Reforma, nos anos 1.500 mudou muitas coisas, mas sem querer, acabou
mudando as crenças sobre “fim dos tempos”.

Sobre isso J. Welton diz em seu livro "sem arrebatamento secreto":

"Descobri que, durante a história Cristã, a maioria dos professores da bíblia e


teólogos tinham uma visão semelhante sobre o “fim dos tempos”. Ainda que
nos últimos séculos a igreja ocidental tenha passado a ensinar muitas visões
diferentes. De forma simples, de 30 D.C. até os anos 1.500, a maioria das
Igrejas tinham uma visão otimista para o futuro – que o Reino de Deus estava
crescendo e que continuaria a ser assim até o retorno final de Cristo. A
fragmentação dos pontos de vista começou com a reforma dos anos 1.500.
Isso levou eventualmente à crença moderna da Igreja:

- Arrebatamento

- Um governador mundial único, o “anticristo”

- Uma tribulação global de 7 anos.

Antes de 1.500, nenhuma dessas três visões era entendida da forma como é
ensinada hoje. Percebi que o entendimento moderno é baseado mais em uma
tradição recente do que em uma visão ortodoxa e bíblica.

Então, onde começou a divergência?

No início dos anos 1.500, Martinho Lutero se levantou contra a Igreja


Católica Romana e com isso, a chamou de "Besta da Babilônia" e "A
Besta". Contra isso, em 1.585, um jesuíta de nome Francisco Ribera, publicou
um livro de 500 páginas que colocava as passagens de Daniel 9:24 a 27,
Mateus 24 e Apocalipse 4 a 19 em um futuro distante. Esse foi o primeiro
pensamento desse tipo e é o fundamento das visões modernas sobre o “fim
dos tempos”. O significado dessa nova interpretação é que, ao invés de ver
essas passagens como cumpridas, agora Ribera dizia que eles ainda seriam
no futuro.

Falando historicamente, a nova visão de Ribera não mudou muita coisa. Na


verdade, seu livro ficou perdido até 1.826, quando Samuel Maitland,
bibliotecário do Arcebispo de Cantebury redescobriu o manuscrito esquecido
de Ribera e o publicou só como curiosidade.

Quando o livro reapareceu, um pequeno grupo de ultraconservadores, liderado


por John Darby, começou a levar o livro de Ribera a sério e foram
influenciados por ele. John Darby e seu contemporâneo, Edward Irving,
começaram a falar dessa teologia do “fim dos tempos” e começaram a atrair
muitos seguidores. Seu mais importante seguidor foi C. I. Scofield, que mais
tarde publicou esses conceitos em sua famosa Bíblia de Referência
Scofield. A Bíblia Scofield, foi a mais popular do seu tempo, porque foi uma
das primeiras bíblias a ter um comentário completo. Rapidamente se tornou a
base para seminaristas da época. Isso continuou sem impedimentos até que
no movimento “última chuva” (Later Rain Movement em inglês), em 1.948, que
discordava das afirmações da Bíblia de Referência Scofield, de que os Dons
haviam cessado.

Os pentecostais retiraram esses pedaços do comentário, mas ainda assim


engoliram os ensinamentos de Ribera, sem perceber. Então, em 1961, Finis
Dake publicou a Biblia Anotada de Referência do Dake, que continua a
promover o mesmo Darbyismo que a bíblia Scofield e as Bíblia de Estudo
Ryrie e MacArthur continuaram essa tradição de Darbyismo. Então, vemos
que Lutero se levantou contra Igreja Católica Romana, fazendo com que um
sacerdote reagisse escrevendo uma nova doutrina. Isso começou a crença de
que certas profecias ainda não haviam sido cumpridas!"

Podemos nos perguntar os reformadores erraram ao dizer que o Papado era o


Anticristo, mas em uma conversa muito produtiva com o irmão Frank Brito,
alguns pontos foram esclarecidos.

A questão por mim levantada foi se os reformadores erraram ao chamar o


papado de anticristo simplesmente por um espírito "anticatólico".
Acertadamente Frank responde da seguinte maneira:

"Então, se os Reformadores erraram sobre o "Anticristo" de 1 João 2:18, não


foi por um mero "espírito anticatólico". Foi por confundir o CUMPRIMENTO
ESPECÍFICO com a ANALOGIA."

Falaremos sobre isso mais tarde.

Perfil do Anticristo

Antes de começarmos a investigar essa confusão, estabeleçamos


primeiramente qual é geralmente o entendimento moderno sobre o anticristo.

A concepção atual do anticristo é que ele será um Homem de uma habilidade e


capacidade incrível, o maior líder de toda terra.
Ele vencerá pela diplomacia, pacificamente, convencendo todos os líderes
mundiais, com sutileza, engenhosidade e sabedoria.

Ele Será um homem “complexo”, diferente de todos os demais, alguém que


abraçará, em seu caráter, as habilidades e poderes de Nabucodonosor,
Napoleão, Alexandre o Grande, e de César Augusto.

Possuirá o admirável dom de atrair as pessoas e a irresistível fascinação de


sua personalidade, suas versáteis conquistas, sua sabedoria sobre-humana,
sua grande habilidade administrativa e executiva, aliadas ao seu poder de
consumado lisonjeador, (...) brilhante diplomata, e soberbo estrategista, vão
torná-lo o homem mais notável e importante de todos os Tempos.

Terá uma personalidade gentil, Inofensiva, compassiva e se dedicará à Paz e


prosperidade do mundo. Esse líder estará pronto para solucionar grandes
problemas mundiais: Guerras, crises, Pobreza, desigualdades [...] 2
Tessalonicenses 2:7 diz: – Com efeito, o mistério da iniquidade já opera e
aguarda somente que seja afastado aquele que agora o detém; então, será, de
fato, revelado o iníquo....

O anticristo da teologia especulativa de hoje combina as características do


“príncipe que há de vir” de Daniel e outros personagens do livro de Daniel
(9:26; 7:7-8, 19-26; 8:23-25); elementos do “abominável da desolação” de
Mateus e Daniel (Mt. 24:15; Dn. 9:27); o “homem da iniqüidade” de Paulo (2Ts.
2:3); a linguagem de João sobre o “anticristo” (1 João 2:18, 22; 4:3; 2 João 7); e
a “besta” de João (Ap. 13:11-18).

Esse anticristo composto futurizado supostamente se fará conhecido após o


arrebatamento da igreja durante a tribulação de sete anos. É especulado que
ele surgirá da Europa, visto que ele surge do meio dos “dez chifres” da cabeça
da “quarta besta” (Dn 7:7-8; 19-26). Outros crêem que ele é judeu. Essa
“quarta besta” com seus “dez chifres” é dito ser um Império Romano revivido.
Essa é a mesma besta que emerge do mar de Apocalipse 13 (versículos 1-10).

Por que toda a confusão quanto a quem é o anticristo?

Gary Demar nos diz que: "A confusão se levanta por duas concepções
errôneas:

(1) lidar com referências bíblicas divergentes como se todas elas se referissem
à mesma pessoa, criando assim uma figura composta que não é encontrada na
Escritura;

(2) cometer um lapso quanto ao período de tempo quando essas figuras


divergentes apareceriam."

O Anticristo Bíblico
A primeira coisa que devemos fazer é analisar os textos de forma crítica. A
palavra “anticristo” aparece somente nas epístolas de João (1 João 2:18, 22;
4:3; 2 João 7).

“O que é ensinado nessas passagens constitui toda a doutrina do Novo


Testamento sobre o Anticristo.” Vamos analisá-las uma por uma:

1 João 2:18 "Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o


anticristo, também agora muitos se têm feito anticristos, por onde
conhecemos que é já a última hora."

1 João 2:22 "Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o
Cristo? É o anticristo esse mesmo que nega o Pai e o Filho."

1 João 4:3 "E todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em
carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já
ouvistes que há de vir, e eis que já agora está no mundo."

2 João 1:7 "Porque já muitos enganadores entraram no mundo, os quais


não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Este tal é o enganador e
o anticristo."

Estabelecendo Fatos, o anticristo de João é:

1 Qualquer um “que nega que Jesus é o Cristo”.

2 Qualquer um que “nega o Pai e o Filho”.


3 “Todo espírito que não confessa a Jesus”.
4 Aqueles que “não confessam Jesus Cristo vindo em carne; assim é o
enganador e o anticristo”.
5 "Já era a ultima hora", "do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já agora
está no mundo". o anticristo não era algo para o futuro, era um problema
contemporâneo.

Vamos fazer uma análise mais apurada dos textos:

"Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também


agora muitos se têm feito anticristos, por onde conhecemos que é já a última
hora. Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós,
ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de
nós." 1 João 2:18,19

O que vemos aqui é que esses enganadores saíram do meio deles, eram
contemporâneos, eles estavam conscientes que esses falsos mestres viriam e
marcariam o fim daquela "Era", pois Jesus já havia advertido no seu sermão
profético a vinda de falsos mestres. (Mt 24:11, 24). É por isso que João diz
"como ouvistes que vem o anticristo". João sabia que seus leitores já
conheciam que nos últimos dias apareceriam falsos mestres e falsos profetas.
(2 Tm 3) Eles estavam familiarizados que falsos ensinos viriam, e João em sua
carta os alerta que já era última hora pois os anticristos estavam se revelando.

"Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? É o


anticristo esse mesmo que nega o Pai e o Filho. Qualquer que nega o Filho,
também não tem o Pai; mas aquele que confessa o Filho, tem também o
Pai. Portanto, o que desde o princípio ouvistes permaneça em vós. Se em vós
permanecer o que desde o princípio ouvistes, também permanecereis no
Filho e no Pai." 1 João 2:22-24

Em contraste aos anticristos, aqueles que confessam o Filho e o Pai estavam


permanecendo nos ensinamentos que "desde o princípio" foram ensinados
pelos apóstolos, os anticristos negavam o Filho e por consequência negavam
também o Pai, eram falsos mestres.

"Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de


Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo. Nisto
conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus
Cristo veio em carne é de Deus; E todo o espírito que não confessa que
Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do
anticristo, do qual JÁ OUVISTES QUE HÁ DE VIR, e eis que JÁ AGORA está
no mundo." 1 João 4:1-3

"Espírito", aqui, é πνευμα pneuma, no dicionário strong temos:

1) terceira pessoa da trindade, o Santo Espírito, co-igual, coeterno com o Pai e


o Filho
2) o espírito, i.e., o princípio vital pelo qual o corpo é animado
3) um espírito, i.e., simples essência, destituída de tudo ou de pelo menos todo
elemento material, e possuído do poder de conhecimento, desejo, decisão e
ação
4) a disposição ou influência que preenche e governa a alma de alguém
4a) a fonte eficiente de todo poder, afeição, emoção, desejo, etc.
5) um movimento de ar (um sopro suave)

(O grifo é meu)

"Espírito", aqui, é uma pessoa de carne e osso, afeiçoada, desejosa.

1. A interpretação que este verso ensina que "se alguém evidenciar ter dentro
de si espíritos estranhos a ele, então devemos testar se tais espíritos são
espíritoS (plural) de Deus ou se são demônios", é completamente absurda e
contrária à Bíblia.

Não há absolutamente nada que indique que o contexto (tanto dos versos 1-3,
como 1-6, como todo 1João) tenha a menor sombra de possibilidade de se
referir a endemoninhados. Aqui, João escreve a respeito de falsos profetas,
não de demônios e de endemoninhados!
Note verso 1 "...já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo.". Todos
os espíritos referidos em v. 1-6 são homens em carne e osso! (Mesmo o verso
2 não se refere a Deus o Espírito Santo, mas ao espírito do profeta.).

Espírito aqui tem o sentido de pessoas de carne e osso que estavam


ensinando doutrinas, eram falsos mestres!

Esses falsos ensinos deveriam ser "testados/provados", aqueles que não


confessavam que Cristo veio em Carne não eram pessoas/doutrinas/espírito
que vinham de Deus.

"E agora, senhora, rogo-te, não como se escrevesse um novo mandamento,


mas aquele mesmo que desde o princípio tivemos: que nos amemos uns aos
outros. E o amor é este: que andemos segundo os seus mandamentos. Este é
o mandamento, como já desde o princípio ouvistes, que andeis nele. Porque
já muitos enganadores entraram no mundo, os quais não confessam que
Jesus Cristo veio em carne. Este tal é o enganador e o anticristo. Olhai por
vós mesmos, para que não percamos o que temos ganho, antes recebamos o
inteiro galardão. Todo aquele que prevarica, e não persevera na doutrina de
Cristo, não tem a Deus. Quem persevera na doutrina de Cristo, esse tem tanto
ao Pai como ao Filho. Se alguém vem ter convosco, e não traz esta doutrina,
não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis”. 2 João 1.5-10

Aqui nós aprendemos que o anticristo não é um indivíduo único. “Esse tal”,
que é “o anticristo”, são os “muitos enganadores” que “entraram no mundo, os
quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne”. Portanto, “o anticristo”
não pode ser entendido como um único indivíduo e sim como sendo os “muitos
enganadores”.

A que enganadores João se referiu? Ele escreveu que “os quais não
confessam que Jesus Cristo veio em carne“. Eram falsos mestres que
defendiam e propagavam determinados erros de Cristologia.

O anticristo que encontramos nas cartas de João eram os falsos mestres que
negavam isso. Eles “não confessam que Jesus Cristo veio em carne” porque
eles negavam que Cristo é “verdadeiramente homem, constando de alma
racional e de corpo… consubstancial a nós, segundo a humanidade; em tudo
semelhante a nós, excetuando o pecado”. Desde o primeiro século existiram
falsos mestres, seitas e movimentos heréticos que falsamente se diziam
cristãos, mas que eram inimigos declarados dos apóstolos e do verdadeiro
Cristianismo. Um destes movimentos heréticos foi o docetismo. Esta palavra
vem do grego dokeo e significa “parecer”. Os docetas defendiam que o corpo
de Jesus Cristo era uma ilusão, e que sua crucificação teria sido
apenas aparente.

Ele parecia homem, mas, na verdade, não era. Portanto, toda sua vida,
sofrimento e morte foi simplesmente em aparência, mas não em realidade. Ou
seja, eles não confessavam que “Jesus Cristo”, de fato, “veio em carne“. Eles
não confessavam que, de fato, “o Verbo se fez carne“. (João 1.14)

Quando João falou do anticristo, ele estava se referindo aos patriarcas do que
viria a ser conhecido como docetismo. Ele não estava falando de um líder
político mundial em um futuro distante. Ele estava falando de falsos mestres de
seu próprio tempo. Ele foi perfeitamente claro:

“Porque já muitos enganadores entraram no mundo, os quais não confessam


que Jesus Cristo veio em carne. Este tal é o enganador e o anticristo“. 2
João 1.7

Resumindo:

Então, nas cartas de João, ele não usa "anticristo" para se referir a um único
grupo de falsos mestres, mas para se referir a dois. "Anticristo" eram "falsos
mestres". Em 1 João 2:22, eram os falsos mestres do Judaísmo. Em 1 João 4:3
e 2 João 7 eram os docetistas.

Falando sobre o anticristo Gentry nos diz:

"Ao redirecionar o foco dos seus leitores da futuridade do Anticristo para sua
existência contemporânea, João aponta que o Anticristo é um movimento, e
não um indivíduo. Ao tratar com a idéia do “Anticristo”, João diz “também,
agora, muitos anticristos têm surgido” (1 João 2:18). De fato, o Anticristo é um
“espírito”* (1 João 4:3) que penetra esses muitos “anticristos” (1 João 2:18),
que são representados como “muitos enganadores” (2 João 7)."

*Espírito/doutrina

Podemos concluir que o anticristo não é:


1 Não é a nenhuma das Bestas do Apocalipse

2 Não é o Homem do pecado, o filho da perdição de 2 Ts 2.3,4

3 Não é o chifre pequeno de Daniel


4 Não é uma pessoa
5 Não é um líder religioso
6 Não é um líder político
7 Não vai aparecer nos últimos dias da igreja (Quando João escreveu ELE
estava nos últimos dias do Aion (Era, Estado-Judaico).

Nada do que João escreve se relaciona com a doutrina moderna do anticristo.


Para João todo aquele que negasse a doutrina da encarnação de Cristo, é
anticristo.

“Cristo” denotava para João a Natureza Divina do nosso Senhor, e era


sinônimo de o “Filho de Deus”. Portanto negar que Jesus era o Cristo e o
Messias era negar sua divindade e negar que ele era Filho de Deus.. Por
conseqüência estariam negando o Pai.. e chamando de mentiroso aquele que
testifica do Filho, o Espírito Santo..

Como percebemos a Igreja primitiva estavam rodeadas de falsos profetas,


heresias, apostasias, doutrinas de demônios.. Isso motivou os escritores
bíblicos a escreverem cartas e os evangelhos. Lc 1.1-4

A Bíblia foi escrita obviamente para que nós hoje pudéssemos crer. 1 Jo. 1.4

A escrita da Bíblia foi motivada e necessárias por causa das circunstâncias 1


Jo. 2.26
Foi escrita para que tenhamos vida eterna 1 Jo. 5.13
Os autores Bíblicos preferiam conversar face a face 2Jo. 1.12
Nos resta uma pergunta, que e quais circunstâncias levaram João e outros
autores Bíblicos a escreverem suas cartas??

A apostasia sobre a qual João escreve estava em vigor em seus dias. Paulo
teve que contra-atacar um “evangelho diferente” que era “contrário” ao que ele
tinha pregado (Gl. 1:6-9). Ele teve que lutar contra “falsos irmãos” (2:4, 11-21;
3:1-3; 5:1-12). Ele advertiu a liderança da igreja de Éfeso que “dentre vós
mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os
discípulos atrás deles” (Atos 20:28-30). A insurreição teológica veio de dentro
da comunidade cristã.

Muitas pessoas antes da destruição de Jerusalém em 70 d.C. questionavam e


disputavam sobre doutrinas cristãs básicas como a ressurreição (2Tm. 2:18);
alguns até mesmo alegavam que a ressurreição era uma impossibilidade (1Co.
15:12). Doutrinas estranhas eram ensinadas. Alguns “cristãos” proibiam o
casamento (1Tm. 4:1-3). Outros negavam a validade da boa criação de Deus
(Cl. 2:8, 18-23). Os apóstolos se achavam defendendo a fé contra vários falsos
mestres e “falsos apóstolos” (Rm. 16:17-18; 2Co. 11:3-4 12:15; Fp. 3:18-19;
1Tm. 1:3-7; 2Tm. 4:2-5). A apostasia cresceu de tal forma que Paulo teve que
escrever cartas para um jovem pastor que estava experimentando essas coisas
pela primeira vez (1Tm. 1:19-20; 6:20-21; 2Tm. 2:16-18; 3:1-9, 13; 4:10, 14-16).
Em adição, congregações inteiras caíram em apostasia:
Uma das últimas cartas do Novo Testamento, o livro de Hebreus, foi escrito a
uma comunidade cristã inteira que estava à beira de abandonar o Cristianismo.
A igreja cristã da primeira geração não foi somente caracterizada pela fé e
milagres; foi também caracterizada pelo aumento da ilegalidade, rebelião, e
heresia dentro da própria comunidade cristã – justamente como Jesus tinha
predito em Mateus 24.

E aquela questão dos reformadores e os Pais da Igreja, como entender o


porquê tanta confusão sobre a identidade do anticristo, a besta e o homem da
iniquidade?

Podemos entender da seguinte forma:

Na carta de Paulo aos Coríntios, ele diz para os coríntios (no capítulo 10) que
quando eles caiam na idolatria e prostituição do Império Romano, isso era
equivalente aos israelitas no deserto quando caíram na idolatria de Balaque e
Balaão. Por quê? Porque as coisas sobre as quais eles liam nas Escrituras
"estão escritas PARA AVISO NOSSO" (I Co 10:11). Em outras palavras, Paulo
nos ensina a usar eventos e acontecimentos passados, registrados na própria
Bíblia, como parâmetro para analisar os eventos e acontecimentos
contemporâneos.

É com base nisso, que Isaías diz que Israel de seu tempo era como Sodoma e
Gomorra (capítulo 1). E é com base nisso que o Apocalipse diz que Israel tinha
se tornado como o Egito e a Babilônia. E é com base nisso que nós também
somos capazes de identificar, por analogia, todos os pecados e heresia que
vieram depois da Bíblia. Então, da mesma forma que Sodoma e Gomorra
foram lugares históricos específicos, que foram destruídos em um momento
histórico específico, era possível chamar Israel de Sodoma e Gomorra porque
eles cometiam o mesmos pecados e também seriam julgados. De modo
parecido, ainda que a besta e a grande prostituta do Apocalipse tenham sido
existido como reinos e pessoas específicas, a história deles foi registrado para,
que analogia, fôssemos capazes de identificar outros inimigos que se
assemelham a eles.

Como disse Frank:

"Então, se os Reformadores erraram sobre o "Anticristo" de 1 João 2:18, não


foi por um mero "espírito anticatólico". Foi por confundir o CUMPRIMENTO
ESPECÍFICO com a ANALOGIA. Com base nas heresias neotestamentárias,
devemos, POR ANALOGIA, condenar o Romanismo, mostrando que eles são
culpados de fazer o mesmo, de perverter a Igreja Visível da mesma maneira
que os judeus e os docetistas fizeram. Os Reformadores estavam certos sobre
isso, mesmo que nessa condenação, eles, em determinados momentos
confundissem a referência direta com a analogia."

Então podemos concluir que erro dos Pais da Igreja e dos Reformadores foi por
confundir Cumprimento específico com Analogia, isso serve não só para o
tema do Anticristo, mas também para as Bestas do Apocalipse e qualquer outra
figura apocalíptica. O erro está em uma figura que faz parte de seu contexto
histórico como cumprimento específico dessas imagens, quando na verdade
não o são, porém podemos fazer analogia.

Por exemplo, como vimos o "anticristo" foram os ensinamentos dos falsos


mestres do tempo de João, mas hoje em dia por ANALOGIA, podemos
identificar outros anticristos. Entendemos que a Besta do qual João se refere
no apocalipse é Roma e seus imperadores, mas por ANALOGIA, podemos
identificar outras bestas, que são impérios anticristãos, não é errado fazer esse
tipo de abordagem, entendendo sua real aplicação, que é específica do 1°
século. O que dizer do homem da iniquidade? Bom, quantos homens da
iniquidade se levantam hoje? Vários! Mas são estes o cumprimento específico
ou são apenas "tipos" identificados por ANALOGIA?

O preterismo (a menos que seja o herético hiperpreterismo) permite as visões


idealistas e historicistas também.

Concordo que algumas profecias cumpridas têm uma aplicação além dos reis e
reinos específicos mencionados no apocalipse, ou sobre o anticristo e etc. Mas
onde eu discordo é que eu digo que alguns dos símbolos específicos foram
cumpridos somente por figuras históricas específicas.

Essa é a verdadeira natureza do preterismo. Não é dizer que não há outros


inimigos. Mas é que, identificando esses inimigos que existiam no tempo em
que a Bíblia estava sendo escrita, nós podemos identificar todos os outros, sem
exceção, por analogia.

O Que a Bíblia Diz? Quem é o Anticristo?


Guerras e rumores de guerras! Conflitos entre nações no Oriente Médio.
Ataques terroristas em Israel. As manchetes do dia sugerem, para muitas
pessoas, que estejamos na contagem regressiva aos eventos finais do plano
de Deus para este mundo. Qualquer dia, pensam alguns, deve aparecer o
terrível Anticristo.

Segundo a bem divulgada doutrina de premilenarismo, o Anticristo reunirá as


forças do mal para enfrentar o exército de Cristo numa batalha decisiva. Há
diversos aspectos dessa doutrina que contradizem os ensinamentos bíblicos,
mas neste artigo vamos considerar um ponto só: o Anticristo.

A palavra "anticristo" é bíblica, mas a doutrina citada acima não é. Ao invés de


inventar e espalhar teorias humanas sobre o Anticristo, devemos nos contentar
com a palavra de Deus. Vamos ler agora todas as passagens bíblicas que
usam a palavra "anticristo":

"Filhinhos, já é a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo,


também, agora muitos anticristos têm surgido; pelo que conhecemos que
é a última hora" (1 João 2:18).
"Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este
é o anticristo, o que nega o Pai e o Filho" (1 João 2:22).

"Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que


Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa a
Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo,
a respeito do qual tendes ouvido que vem e, presentemente, já está no
mundo" (1 João 4:2-3).

"Porque muitos enganadores têm saído pelo mundo fora, os quais não
confessam Jesus Cristo vindo em carne; assim é o enganador e o
anticristo" (2 João 7).

Nestes trechos - os únicos na Bíblia que usam a palavra "anticristo" - podemos


observar alguns fatos importantes:

1. A Bíblia não fala de uma só pessoa conhecida como o Anticristo, mas de


muitos anticristos.

2. A última hora, no contexto dos anticristos, não se refere ao fim do mundo,


porque João disse que a última hora já havia chegado no primeiro século.

3. Estes textos não falam de um Anticristo futuro, mas de muitos que já saíram
do meio dos cristãos do primeiro século.

4. Um anticristo é uma pessoa que nega Cristo, ou que nega que este veio na
carne.

O perigo das doutrinas humanas sobre o Anticristo é que desviam a atenção


dos fiéis das verdadeiras ameaças em forma de tentações e doutrinas contra
Cristo, porque as pessoas examinam os jornais procurando sinais da vinda de
uma figura terrível. Ao invés de esperar a vinda de um grande inimigo de algum
outro país, devemos nos defender contra os inimigos de Cristo que já estão no
mundo desde a época da Bíblia.

O Anticristo
Durante minha vida, assisti o crescimento meteórico dos cartões de crédito, celulares
e internet. Ouvi os pregadores e mais pregadores, escritores e construtores de abrigo
anti-bomba me dizerem que a tecnologia moderna estava sendo uma preparação para
que o anticristo dominasse o mundo com sua “marca da besta”, como nunca antes. De
chips com frequência de rádio implantados debaixo de pele a números de identificação
nacional, havia muita preocupação no ar.

Na verdade, ouvi essas coisas por muito, muito tempo. Por alguns anos antes de
2.000, ouvia a estação de rádio Calvary Chapel diariamente. Muitos pais de amigos
meus estocaram comida em seus porões e outros suprimentos em preparação aos
problemas que viriam. Sempre pensei que a melhor coisa a se estocar para um
apocalipse seria papel higiênico, mas ninguém levou minha teoria a sério. Agora, uma
década depois, os pais dos meus amigos ainda tem baldes de 220 litros de trigo,
estocados, que estão finalmente perdendo a validade.

A ideia de que a sociedade está caminhando em direção a completa corrupção e a um


líder mundial está por aí há muito tempo e muitos ditadores tentaram fazer disso uma
realidade. Mas isso pede a pergunta, o que a bíblia diz sobre o “anticristo”?

A ideia do anticristo, como é comumente ensinada, vem primariamente de uma


compilação de quatro passagens das Escrituras. Então, nesse capítulo, examinarei
essas quatro passagens e minha intenção é mostrar que não existe um futuro tirano
profetizado na bíblia.

Passagem 1: Primeira e Segunda João

Para começar, devemos perceber que o anticristo não aparece em lugar nenhum no
livro de Apocalipse. Uma simples pesquisa na Concordância Strong (Strong’s
Concordance) revelará que o termo anticristo é usado em apenas 4 passagens na
bíblia, três vezes em 1ª João e uma em 2ª João.

Para entender o termo anticristo, devemos primeiro entender o contexto das cartas de
João. Durante a época da Igreja primitiva, existia uma religião chamada Gnosticismo.
Eles ensinavam que o que era espiritual era bom e o que era físico/emocional era
ruim, portanto Jesus não poderia ter vindo à terra em um corpo físico. Eles ensinavam
que Jesus veio à terra como um ser etéreo, espiritual. Esse ensino é herético porque
nega a verdade de Jesus ter derramado seu sangue humano para a remissão dos
pecados. Os gnósticos conseguiram tantos seguidores na Igreja primitiva (por volta de
um terço dela) que João escreveu a primeira carta em resposta às suas heresias.

"O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que
temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida (Porque a vida foi
manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que
estava com o Pai, e nos foi manifestada); O que vimos e ouvimos, isso vos
anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é
com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo". 1ª João 1:1-3

João estava escrevendo para provar, como uma testemunha ocular, que Jesus não
era um fantasma, mas uma pessoa física. João foi o discípulo que descansou no peito
de Jesus, e sabia que Ele não era simplesmente um espírito. Ele ressaltou isso em
João 1:14: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a
glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”. A carta focava naqueles que
haviam caído no pensamento gnóstico. João continuou, em sua epístola, a dizer, que
aqueles que diziam que Jesus não tinha um corpo físico eram na verdade o anticristo.

"Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus,
porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo. Nisto conhecereis
o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne
é de Deus; E todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne
não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de
vir, e eis que já está no mundo". 1ª João 4:1-3

"Porque já muitos enganadores entraram no mundo, os quais não confessam


que Jesus Cristo veio em carne. Este tal é o enganador e o anticristo". 2ª João
1:7

Qualquer pessoa que nega que Jesus veio em carne, que é o que os gnósticos do
primeiro século estavam fazendo, está operando no espírito do anticristo. O anticristo
não é uma pessoa, é um sistema de crença, especificamente, gnosticismo.

João mais pra frente menciona o espírito do anticristo como algo de que os cristãos
primitivos já haviam ouvido falar: "Filhinhos, esta é a última hora; e, assim como vocês
ouviram que o anticristo está vindo..." . 1ª João 2:18

Primeiro, é importante notar que certas traduções da bíblia inseriram uma palavra que
não existe nos manuscritos gregos, que gerou muita confusão. Essas traduções
capitalizam (escrevem com a primeira letra maiúscula) a palavra anticristo nesse
verso. O motivo para a capitalização é porque os tradutores inseriram a palavra “o”
antes de “anticristo”, transformando a palavra anticristo em um nome próprio, que
requer a capitalização (é melhor perceber no inglês, no português é difícil ver o texto
sem esse “o”, mesmo que não se refira a uma pessoa).

A Igreja primitiva tinha ouvido que um anticristo (falsa doutrina) estava vindo, mas não
tinham ouvido que o Anticristo (um dominador mundial) estava vindo. A inserção do “o”
e a capitalização de Anticristo foram adicionadas 1.500 anos depois. Como notei no
capítulo 1, Martinho Lutero e os protestantes queriam poder apontar o dedo,
condenando a Igreja Católica e tornando anticristo um nome próprio, poderiam
facilmente fazer isso.

Com esse entendimento, podemos discernir a verdadeira mensagem da carta de João.


João disse que “assim como ouviram que um anticristo estava vindo...” a pergunta
importante é, quando os leitores de João ouviram essa mensagem de que um
anticristo estava vindo? Considerando que o termo anticristo se refere ao Gnosticismo
(falsos mestres), faz sentido que João estivesse fazendo referência ao aviso de Jesus
em Mateus 24 – a vinda de falsos mestres. O gnosticismo de que João fala em sua
primeira e segunda cartas, foi a falsa doutrina que Jesus predisse.

O verso continua: “…mesmo agora, muitos anticristos vieram…” (1ª João 2:18). Em
outras palavras, muitos falsos ensinos já tinham aparecido. Gnosticismo, Nicolaísmo e
a heresia dos judaizantes (veja apocalipse 2:6, 9 e 15 e 3:9). João acaba o verso com
“assim sabemos que é a última hora". Isso novamente mostra que João estava se
referindo à predição de Jesus em Mateus 24, que um sinal da destruição de Jerusalém
seriam os falsos mestres. Então, o surgimento da heresia do gnosticismo era um sinal
de que essa era a última hora antes da destruição de Jerusalém.

João continua:

"Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco;
mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós". 1ª João 2:19

O apóstolo João, escrevendo antes de 70 D.C., falou do fato de muitos terem deixado
a verdadeira Igreja e que isso era uma prova de que eles estavam nas últimas horas
antes de a profecia de Jesus em Mateus 24 se cumprir.

"E vós tendes a unção do Santo, e sabeis tudo. Não vos escrevi porque não
soubésseis a verdade, mas porque a sabeis, e porque nenhuma mentira vem da
verdade. Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? É o
anticristo esse mesmo que nega o Pai e o Filho. Qualquer que nega o Filho, também
não tem o Pai; mas aquele que confessa o Filho, tem também o Pai". 1ª João 2:20-23

João fala que aqueles que negam que Jesus é o Cristo são o anticristo, que é uma
definição muito mais ampla do que um indivíduo ser um futuro governador do mundo.
Claramente, podemos ver que João estava escrevendo sobre o Gnosticismo na Igreja
do primeiro século. Ele nunca fala de uma pessoa que será possuída pelo diabo e
dominará o mundo. Anticristo não se refere a um governador mundial, mas ao
Gnosticismo.

Daniel 9:24 a 27
Muitos professores do fim dos tempos usam Daniel 9 para colherem muito de sua
informação sobre governo mundial maligno de uma única pessoa, que pensam estar
em nosso futuro. Mas não há menção a figura do anticristo em Daniel 9.

Os comentários escritos antes dos anos 1.830 concordam que essa passagem é sobre
Jesus, não o anticristo. Como o famoso comentarista Mateus Henry diz sobre Daniel 9:
“temos aqui a resposta que foi enviada imediatamente em resposta a oração de
Daniel, e é uma memorável, já que contém a mais ilustre predição de Cristo e do
evangelho da graça, que existe no Velho Testamento”.

Mas, só para conjecturar, supondo que Daniel 9 se referisse a figura do anticristo


como uma pessoa dominada pelo diabo, vamos ver o que precisaria acontecer no
futuro, de acordo com Daniel 9. Os requisitos envolvidos para que esse sistema
funcione são:

- O Templo deve ser reconstruído exatamente no mesmo local onde hoje está o Domo
da Rocha, atualmente uma mesquita islâmica.

- Um sacerdócio funcional deve ser restabelecido.

- Sacrifícios animais devem ser restituídos nesse Templo reconstruído.

- As profecias sobre o “ungido” em Daniel 9 devem ser drasticamente modificadas


para se encaixarem no anticristo (ao invés do Cristo).

- O anticristo deve fazer uma aliança com o mundo inteiro por três anos e meio.

- O anticristo vai entrar no Templo e se sentar como Deus e acabar o sacrifício de


animais.

É claro com uma simples leitura de Daniel 9:24 a 27 e um pequeno entendimento da


história que essa passagem se completou com Cristo. Não há anticristo em Daniel 9.

2ª Tessalonicenses 2: a 8

"Irmãos, quanto à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e ao nosso reencontro


com ele, rogamos a vocês que não se deixem abalar nem alarmar tão facilmente,
quer por profecia, quer por palavra, quer por carta supostamente vinda de nós,
como se o dia do Senhor já tivesse chegado". 2ª Tessalonicenses 2:1-2

Em um capítulo anterior, vimos que a frase “a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”, se
refere à destruição de Jerusalém. Também, vimos que o reencontro mencionado é
uma referência aos cristãos fugirem da Judéia para as montanhas e serem juntos e
protegidos pelo Senhor durante a destruição de Jerusalém (a palavra para
“reencontro” e “ser junto” no inglês é a mesma: “gathering”). Desses pontos de início, a
seguir veremos que os de Tessalônica aparentemente pensavam que a vinda já havia
ocorrido.

O fato de os Tessalonicenses serem capazes de pensar isso prova que estavam


esperando um evento local em Jerusalém e não um apocalipse global. Essa carta aos
Tessalonissenses foi escrita em aproximadamente 50 D.C. e Tessalônica é a centenas
de metros de distância de Jerusalém. Podemos por essa carta que eles tinham a
impressão de que a vinda de Cristo já tinha acontecido, o que significa que eles
pensavam que Jerusalém já tinha sido destruída. Em resposta a isso, Paulo escreve o
seguinte:

"Não deixem que ninguém os engane de modo algum. Antes daquele dia virá a
apostasia e, então, será revelado o homem do pecado, o filho da perdição". 2ª
Tessalonicenses 2:3

O apóstolo disse aos Tessalonicenses que a destruição de Jerusalém não viria até
que a rebelião tivesse acontecido e o líder da rebelião, o “homem do pecado”, fosse
revelado. Ele então disse que tipos de coisas esse rebelde faria:

"Este se opõe e se exalta acima de tudo o que se chama Deus ou é objeto de


adoração, a ponto de se assentar no santuário de Deus, proclamando que ele
mesmo é Deus". 2ª Tessalonicenses 2:4

Essa é uma indicação clara do que poderia e não poderia ser um “homem do pecado”.
Por exemplo, teria que ser uma pessoa que fosse fisicamente capaz de se levantar no
Templo e se proclamar Deus. Isso necessitaria que fosse uma pessoa vivendo antes
do ano 70 d.C., quando o templo foi destruído, porque em nenhuma outra época
desde o ano 70 d.C. houve um Templo para que esse homem se levantasse. Além
disso, não existe nenhum verso no Novo Testamento, nem um, que prediz a
reconstrução do Templo
. Então o Templo teria que estar de pé para que esse homem se levantasse nele.

Quando lemos no capítulo 3 sobre a destruição de Jerusalém, ficamos conhecendo


algumas pessoas envolvidas na história. O principal rebelde que causou a destruição
foi João Levi de Gischala. Acredito que ele claramente se enquadra na descrição do
homem do pecado dessa passagem.

O historiador judeu Josefo escreveu sobre como João Levi era egoísta, inescrupuloso,
com poderes persuasivos que convenceram a muitos de que ele era enviado por Deus
para libertá-los. Além disso, João Levi tomou o Templo e se sentou nele como
Salvador (como Deus), roubou os vasos do Templo em busca de ouro e fez com que o
sacrifício diário acabasse.

Também saqueou o povo, até mesmo queimando seus armazéns de comida e causou
a grande fome que matou milhares de pessoas, e ele comprou ajuda dos idumeanos,
que mataram 8.500 judeus, incluindo os sacerdotes (2ª Tessalonissenses 2:9 fala de
sinais falsos, os principais sendo: que João Levi declarou ser Deus e que livraria o
povo dos romanos. Ele mandou que os armazéns fossem queimados pela fé que Deus
milagrosamente os livraria de seus inimigos. Ao invés disso, morreram de fome).

Mesmo o grande general romano Tito pediu que João Levi deixasse o Templo para
que ele não fosse destruído na batalha, João recusou. João Levi fez com que o
Templo fosse destruído; sem ele, o Templo poderia ter sido poupado, considerando
que ele foi uma das maravilhas do mundo antigo.

Paulo continua, falando mais sobre o homem do pecado:

"Não se lembram de que quando eu ainda estava com vocês costumava lhes
falar essas coisas? E agora vocês sabem o que o está detendo (ananus), para
que ele seja revelado no seu devido tempo. A verdade é que o mistério da
iniqüidade já está em ação, restando apenas que seja afastado aquele que agora
o detém". 2ª Tessalonicenses 2:5-7

João não era apenas um líder rebelde, mas um falso messias. Ele afirmou uma
divindade ao tomar o Templo, e o único que ficava em pé dessa forma é o sumo
sacerdote, Ananus. Ananus tinha tremendas habilidades diplomáticas e tinha
conseguido negociar tratados de paz com Roma muitas vezes. Ananus era
literalmente capaz de “segurar” a rebelião completa que João Levi estava querendo.
Esse é o motivo de Paulo falar que aquele que segurava devia ser retirado do
caminho.

Mesmo Josefo notou que quando Ananus (o que segurava) foi morto, a destruição de
Jerusalém começou:

"Eu não devo estar errado ao afirmar que a morte de Ananus foi o começo da
destruição da cidade, e que a partir desse dia deve ser datada a queda de seus muros
e a ruína de seus negócios".

Como Josefo relatou, isso ocorreu exatamente como Paulo tinha dito para os
Tessalonissenses:

"Então será revelado o perverso, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de
sua boca e destruirá pela manifestação de sua vinda". 2ª Tessalonicenses 2:8

Quando a “vinda do Senhor” ocorreu com a destruição de Jerusalém, finalmente


lidaram com João Levi. Ele foi a causa da rebelião, que levou ao ataque dos romanos,
que levou João a queimar todos os mantimentos e declarar que eles não precisariam
de comida porque ele era Deus e proveria comida para eles! Então ele alocou milícias
no Templo, matou os sacerdotes e não apenas fez com que Jerusalém fosse
destruída, mas mesmo o templo, que os romanos não queriam, destruir. João Levi era
tão mal que nos surpreende!

Um Pensamento Final

Quando pensamos sobre essa passagem da perspectiva de seus leitores, não faz
nenhum sentido Paulo ter escrito uma passagem misteriosa que não seria de nenhum
valor para seus leitores e que não teria valor até 2.000 anos depois.

O “poder secreto da iniquidade” já estava em operação no primeiro século; isso


culminou no julgamento, no ano 70 d.C., dessa iniquidade (veja 2ª Tessalonicenses
2:7). O “poder secreto da iniquidade” não está em operação há 2.000 anos esperando
nosso futuro, Paulo estava claramente falando de uma pessoa maligna do primeiro
século e outra pessoa que estava segurando esse mal. João Levi e Ananus cumprem
essa passagem.

A Besta do Apocalipse 13 a 17
Apocalipse 13 fala da Besta, que durante a maior parte da história da Igreja foi
ensinada como sendo o Império Romano do primeiro século. Apocalipse 17
fala de outra besta, que também durante a maior parte da história da Igreja foi
tida como sendo o Imperador Nero. Concordo que essas são duas excelentes
explicações.

Apocalipse 17: 10 – O Imperador Nero

"E são também sete reis; cinco já caíram, e um existe; outro ainda não é
vindo; e, quando vier, convém que dure um pouco de tempo". Apocalipse
17:10

Esta passagem, que fala da sucessão dos Imperadores romanos, nos diz
exatamente quantos reis haviam surgido, qual ainda estava no poder e que o
próximo duraria por pouco tempo. Olhe como isso se encaixa perfeitamente
com Nero e o Império Romano do primeiro século. O reinado dos primeiros 7
Imperadores é o seguinte:

1. Julius Cesar (49 a 44 A.C.)

2. Augustus (27 A.C. a 14 D.C.)

3. Tiberius (14 a 37 D.C.)

4. Calígula (37 a 41 D.C.)

5. Claudius (41 a 54 D.C.) “ cinco caíram....”

6. Nero (54 a 68 D.C.) “outro ainda…”

Galba
Otho (Não receberam reinado)
Vitélius

7. Vespasiano (Dinastia Flaviana,Vespasiano, Tito e Domiciano são declarados


Césares)

8. Tito

Dos primeiros 7 reis do Império Romano, 5 tinham vindo (Julius Caesar,


Augustus, Tiberius, Gaius e Claudius), um estava reinando (Nero) e um não
tinha aparecido (Galba), mas duraria pouco tempo (6 meses). A grande maioria
durante a história da Igreja entendeu a besta em Apocalipse 17 como uma
referência a Nero.

Apocalipse 13: 1 a 4 – O Império Romano

sobre os seus chifres dez diademas, e sobre as suas cabeças um nome


de blasfêmia. E a besta que vi era semelhante ao leopardo, e os seus pés
como os de urso, e a sua boca como a de leão; e o dragão deu-lhe o seu
poder, e o seu trono, e grande poderio. E vi uma das suas cabeças como
ferida de morte, e a sua chaga mortal foi curada; e toda a terra se
maravilhou após a besta. E adoraram o dragão que deu à besta o seu
poder; e adoraram a besta, dizendo: Quem é semelhante à besta? Quem
poderá batalhar contra ela?" Apocalipse 13:1-4

Acabamos de ver de Apocalipse 17 que Nero se encaixa na linha do tempo


como o sexto das sete cabeças e que Galba é o que iria durar por pouco
tempo. Proponho que Roma estava metaforicamente ferida e cambaleando
como Império, por causa de Nero. Nero não era apenas um psicopata que
queimou 1/3 de Roma e colocou a culpa nos cristãos, perseguindo-os
brutalmente, mas também, quando Nero se matou (em 68 D.C.), o clima de
Roma mudou drasticamente. Uma das maiores mudanças é que Nero era
oficialmente o último da linha de Imperadores Julio-Claudio; então a linha
acabou e isso, simbolicamente, era como se a cabeça do Império houvesse
sido ferida mortalmente.

A morte repentina de Nero inaugurou um período conhecido como “ano dos


quatro Imperadores” (em inglês: “Year of the Four Emperors”). Por causa do
tumulto causado pelo seu suicídio, três breves Imperadores se seguiram a
Nero. Muitos pensaram que o Império Romano iria acabar.

Aqui está a lista de 69 D.C., o ano dos quatro Imperadores:

Nero (54 a 68 D.C.)

Galba (68 a 69 D.C.)

Otho (69 D.C.)

Vitellius (69 D.C.)

Vespasiano (69 a 80 D.C.)

Você pode imaginar os Estados Unidos tendo 4 presidentes no período de 1


ano? Esse foi um ano muito difícil para Roma, e muitos pensaram que a besta
do Império Romano estava morrendo. Na verdade, esse foi o tempo mais
tumultuado na história de Roma, desde a morte de Mark Antony em 30 a.C.,
quase 100 anos antes.
Mas, pelo que pareceu ser uma reviravolta miraculosa, o Império reviveu sob
Vespasiano e Tito. Quando eles subiram ao poder, estabeleceram a dinastia
Flaviana de Césares. Ao invés de a besta morrer, ressurgiu sob Vespasiano e
ele reinou por sólidos 10 anos.

Geralmente esse assunto da besta é conectado, na mente das pessoas à


infame “marca da besta”, encontrada em apocalipse 13:16 e 17. Essa “marca
da besta” causou muito medo, então, falarei dela aqui, mesmo que não esteja
focando no livro do apocalipse (para mais sobre Apocalipse, veja as leituras
recomendadas, no apêndice 1). Sobre a “marca da besta”, é importante notar
que nas culturas romanas antigas, o mercado público era a principal fonte de
trocas e compras. Para as pessoas entrarem no mercado público, tinham que
passar pelo portão principal. Era requerido de todos que entrassem por esse
portão, homenageassem o ídolo do Imperador. Uma vez que a homenagem
fosse feita, cinzas era passadas nas mãos ou na testa das pessoas e eles
podiam entrar pelo portão e comprar e vender coisas. Isso era ter a marca. Os
paralelos entre isso e a “marca da besta” são incríveis e isso também confirma
a realidade que a besta eram Nero e o Império Romano.

Muitas fontes antigas falam de Nero como a bestam como R. C. Sproul mostra
em seu livro, “Os últimos dias segundo Jesus” (esse livro tem esse título em
português, então não vou colocar o título em inglês).

“Kenneth Gentry dá uma sinopse da vida marcadamente violenta de Nero,


incluindo os assassinatos de seus próprios familiares, a castração de um
menino com que Nero “se casou” e o assassinato brutal de sua mulher grávida,
chutando-a até a morte. Comportamentos bizarros eram relatados pelo
historiador Suetônio, que escreveu que Nero chegou a “criar um tipo de jogo,
no qual coberto com a pele de algum animal morto, ele era solto de uma gaiola
e atacava as partes íntimas de homens e mulheres, que era amarrados a
postes”.

Nero começou seu reinado em 54 d.C. Sua perseguição da comunidade cristã


começou em 64 d.C., no mesmo ano que o famoso incêndio (que queimou um
terço de Roma), que muitos acham que foi iniciado pelo próprio Nero.
Geralmente, assume-se que a perseguição dos cristãos, quem Nero culpou
pelo incêndio, era uma tática para despistar e fazer com que a culpa por suas
ações recaíssem sobre outros. Nero se matou em 68 d.C., quando tinha 31
anos de idade.

Desde que o aparecimento da besta é uma das “coisas que devem acontecer
logo” (Apocalipse 1: 1), Nero é no mínimo um grande candidato para o papel.
Como é descrito por historiadores antigos, Nero era um homem singularmente
cruel e um homem de maldade incontida. Muitos escritores antigos citam a
personalidade bestial de Nero, e Gentry sumariza essas referências:

“Tácito… falou da “natureza cruel” de Nero, que “sentenciava a morte homens


inocentes”. O naturalista romano Plínio o Ancião (Pliny the Elder)... descreveu
Nero como um “destruidor da raça humana” e “o veneno do mundo”. O satirista
Juvenal... fala da “tirania cruel e sanguinária de Nero”.... Apolônio de Tyana...
especificamente menciona que Nero era chamado de “besta”: “em minhas
viagens, que foram para mais lugares que qualquer outro homem já foi, vi
muitas, muitas bestas selvagens da Arábia e Índia; mas essa besta, que é
comumente chamada de Tirano, não sei quantas cabeças tem, nem se tem
garras tortas e horríveis.... e você não pode falar que bestas selvagens comem
suas próprias mães, mas Nero se deliciou com essa dieta”. (Páginas 186 e
187, R.C. Sproul).

A besta não é um anticristo ou um homem do pecado. A besta foi Nero e o


Império Romano. É incrível quão perfeitamente as visões de João se encaixam
com o que aconteceu no passado!

Pontos importantes

O anticristo não é e nunca foi uma pessoa; é um sistema espiritual de falso


ensino, especialmente o Gnosticismo.

- Jesus é o perfeito cumprimento de Daniel 9, não há anticristo nessa


passagem.

- O homem do pecado foi um indivíduo do primeiro século; o que o segurava foi


outro

- especialmente João Levi e o Sumo Sacerdote Ananus.

- A besta do apocalipse é o império Romano, especialmente sob Nero.

- Não há nada na Bíblia que aponte para um futuro com um governo mundial,
como foi popularizado no último sécu

Não Haverá Nenhum... Anticristo!


Dennis Allan

Qual é o atual conceito de Anticristo? Segundo os pregadores modernos, o Anticristo


será o último e mais terrível perseguidor da igreja cristã cujo reino durará sete anos.
De acordo com essa teoria ele aparecerá no cenário mundial após o arrebatamento
SECRETO da igreja. Provavelmente será um líder europeu que fará um tratado de paz
com Israel reconstruindo o Templo judaico. Nos primeiros três anos e meio de seu
reinado, o mundo desfrutará de paz e prosperidade, mas depois ele se revelará ao
mundo como a Besta e implantará sua marca para controlar e marcar as pessoas.
Nesse tempo haverá uma terrível e grande tribulação da qual nunca houve na história
mundial.

Pois bem, temos aqui mais um conceito falso aparentemente baseado na Bíblia.
Sendo assim então, quem é o Anticriso segundo a Bíblia? A seguir veremos a
resposta no comentário de um expositor bíblico:

“Apalavra "anticristo" é bíblica, mas a doutrina citada [...] não é. Ao invés de inventar e
espalhar teorias humanas sobre o Anticristo, devemos nos contentar com a palavra de
Deus. Vamos ler agora todas as passagens bíblicas que usam a palavra "anticristo":

"Filhinhos, já é a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também, agora
muitos anticristos têm surgido; pelo que conhecemos que é a última hora" (1 João
2:18).

"Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este é o
anticristo, o que nega o Pai e o Filho" (1 João 2:22).

"Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Não
Haverá Nenhum... Anticristo! procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do
anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que vem e, presentemente, já está no
mundo" (1 João 4:2- 3).

"Porque muitos enganadores têm saído pelo mundo fora, os quais não confessam
Jesus Cristo vindo em carne; assim é o enganador e o anticristo" (2 João 7).

Nestes trechos - os únicos na Bíblia que usam a palavra "anticristo" - podemos


observar alguns fatos importantes:

• A Bíblia não fala de uma só pessoa conhecida como o Anticristo, mas de muitos
anticristos.

• A última hora, no contexto dos anticristos, não se refere ao fim do mundo, porque
João disse que a última hora já havia chegado no primeiro século.

• Estes textos não falam de um Anticristo futuro, mas de muitos que já saíram do meio
dos cristãos do primeiro século.

• Um anticristo é uma pessoa que nega Cristo, ou que nega que este veio na carne.

O perigo das doutrinas humanas sobre o Anticristo é que desviam a atenção dos fiéis
das verdadeiras ameaças em forma de tentações e doutrinas contra Cristo, porque as
pessoas examinam os jornais procurando sinais da vinda de uma figura terrível. Ao
invés de esperar a vinda de um grande inimigo de algum outro país, devemos nos
defender contra os inimigos de Cristo que já 1 estão no mundo desde a época da
Bíblia”.

2ª Tessalonicenses 2:1 a 8

"Irmãos, quanto à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e ao nosso reencontro


com ele, rogamos a vocês que não se deixem abalar nem alarmar tão facilmente,
quer por profecia, quer por palavra, quer por carta supostamente vinda de nós,
como se o dia do Senhor já tivesse chegado". 2ª Tessalonicenses 2:1-2

Em um capítulo anterior, vimos que a frase “a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”, se
refere à destruição de Jerusalém. Também, vimos que o reencontro mencionado é
uma referência aos cristãos fugirem da Judéia para as montanhas e serem juntos e
protegidos pelo Senhor durante a destruição de Jerusalém (a palavra para
“reencontro” e “ser junto” no inglês é a mesma: “gathering”). Desses pontos de início, a
seguir veremos que os de Tessalônica aparentemente pensavam que a vinda já havia
ocorrido.

O fato de os Tessalonicenses serem capazes de pensar isso prova que estavam


esperando um evento local em Jerusalém e não um apocalipse global. Essa carta aos
Tessalonissenses foi escrita em aproximadamente 50 D.C. e Tessalônica é a centenas
de metros de distância de Jerusalém. Podemos por essa carta que eles tinham a
impressão de que a vinda de Cristo já tinha acontecido, o que significa que eles
pensavam que Jerusalém já tinha sido destruída. Em resposta a isso, Paulo escreve o
seguinte:

"Não deixem que ninguém os engane de modo algum. Antes daquele dia virá a
apostasia e, então, será revelado o homem do pecado, o filho da perdição". 2ª
Tessalonicenses 2:3

O apóstolo disse aos Tessalonicenses que a destruição de Jerusalém não viria até
que a rebelião tivesse acontecido e o líder da rebelião, o “homem do pecado”, fosse
revelado. Ele então disse que tipos de coisas esse rebelde faria:

"Este se opõe e se exalta acima de tudo o que se chama Deus ou é objeto de


adoração, a ponto de se assentar no santuário de Deus, proclamando que ele
mesmo é Deus". 2ª Tessalonicenses 2:4

Essa é uma indicação clara do que poderia e não poderia ser um “homem do pecado”.
Por exemplo, teria que ser uma pessoa que fosse fisicamente capaz de se levantar no
Templo e se proclamar Deus. Isso necessitaria que fosse uma pessoa vivendo antes
do ano 70 d.C., quando o templo foi destruído, porque em nenhuma outra época
desde o ano 70 d.C. houve um Templo para que esse homem se levantasse. Além
disso, não existe nenhum verso no Novo Testamento, nem um, que prediz a
reconstrução do Templo. Então o Templo teria que estar de pé para que esse homem
se levantasse nele.

Quando lemos no capítulo 3 sobre a destruição de Jerusalém, ficamos conhecendo


algumas pessoas envolvidas na história. O principal rebelde que causou a destruição
foi João Levi de Gischala. Acredito que ele claramente se enquadra na descrição do
homem do pecado dessa passagem.

O historiador judeu Josefo escreveu sobre como João Levi era egoísta, inescrupuloso,
com poderes persuasivos que convenceram a muitos de que ele era enviado por Deus
para libertá-los. Além disso, João Levi tomou o Templo e se sentou nele como
Salvador (como Deus), roubou os vasos do Templo em busca de ouro e fez com que o
sacrifício diário acabasse.

Também saqueou o povo, até mesmo queimando seus armazéns de comida e causou
a grande fome que matou milhares de pessoas, e ele comprou ajuda dos idumeanos,
que mataram 8.500 judeus, incluindo os sacerdotes (2ª Tessalonissenses 2:9 fala de
sinais falsos, os principais sendo: que João Levi declarou ser Deus e que livraria o
povo dos romanos. Ele mandou que os armazéns fossem queimados pela fé que Deus
milagrosamente os livraria de seus inimigos. Ao invés disso, morreram de fome).

Mesmo o grande general romano Tito pediu que João Levi deixasse o Templo para
que ele não fosse destruído na batalha, João recusou. João Levi fez com que o
Templo fosse destruído; sem ele, o Templo poderia ter sido poupado, considerando
que ele foi uma das maravilhas do mundo antigo.

Paulo continua, falando mais sobre o homem do pecado:

"Não se lembram de que quando eu ainda estava com vocês costumava lhes
falar essas coisas? E agora vocês sabem o que o está detendo (ananus), para
que ele seja revelado no seu devido tempo. A verdade é que o mistério da
iniqüidade já está em ação, restando apenas que seja afastado aquele que agora
o detém". 2ª Tessalonicenses 2:5-7

João não era apenas um líder rebelde, mas um falso messias. Ele afirmou uma
divindade ao tomar o Templo, e o único que ficava em pé dessa forma é o sumo
sacerdote, Ananus. Ananus tinha tremendas habilidades diplomáticas e tinha
conseguido negociar tratados de paz com Roma muitas vezes. Ananus era
literalmente capaz de “segurar” a rebelião completa que João Levi estava querendo.
Esse é o motivo de Paulo falar que aquele que segurava devia ser retirado do
caminho.

Mesmo Josefo notou que quando Ananus (o que segurava) foi morto, a destruição de
Jerusalém começou:

"Eu não devo estar errado ao afirmar que a morte de Ananus foi o começo da
destruição da cidade, e que a partir desse dia deve ser datada a queda de seus muros
e a ruína de seus negócios".

Como Josefo relatou, isso ocorreu exatamente como Paulo tinha dito para os
Tessalonissenses:

"Então será revelado o perverso, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de
sua boca e destruirá pela manifestação de sua vinda". 2ª Tessalonicenses 2:8

Quando a “vinda do Senhor” ocorreu com a destruição de Jerusalém, finalmente


lidaram com João Levi. Ele foi a causa da rebelião, que levou ao ataque dos romanos,
que levou João a queimar todos os mantimentos e declarar que eles não precisariam
de comida porque ele era Deus e proveria comida para eles! Então ele alocou milícias
no Templo, matou os sacerdotes e não apenas fez com que Jerusalém fosse
destruída, mas mesmo o templo, que os romanos não queriam, destruir. João Levi era
tão mal que nos surpreende!

Um Pensamento Final

Quando pensamos sobre essa passagem da perspectiva de seus leitores, não faz
nenhum sentido Paulo ter escrito uma passagem misteriosa que não seria de nenhum
valor para seus leitores e que não teria valor até 2.000 anos depois.

O “poder secreto da iniquidade” já estava em operação no primeiro século; isso


culminou no julgamento, no ano 70 d.C., dessa iniquidade (veja 2ª Tessalonicenses
2:7). O “poder secreto da iniquidade” não está em operação há 2.000 anos esperando
nosso futuro, Paulo estava claramente falando de uma pessoa maligna do primeiro
século e outra pessoa que estava segurando esse mal. João Levi e Ananus cumprem
essa passagem.

O Homem da Iniqüidade
Keith A. Mathison

Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto

Interpretar 2 Tessalonicenses é uma das mais difíceis tarefas que qualquer


estudante da Escritura enfrenta. Comentaristas e teólogos discordam sobre o
significado de quase cada declaração no capítulo, e alguns nem mesmo tentam
interpretá-lo. Portanto, entramos numa análise dessa passagem com a devida
cautela e humildade. Contudo, não nos desesperamos, pois cremos que
podemos ao menos captar um entendimento básico dos pontos principais do
capítulo. Deus nos deu a Sua palavra escrita, não para nos confundir, mas para
se comunicar conosco. Cremos, portanto, que os pontos principais deste
capítulo podem ser entendidos mesmo se o debate sobre certos detalhes
existir.

Uma das principais causas para a confusão extraordinária ao redor da


interpretação deste capítulo é a suposição da maioria dos comentaristas que
Paulo está se referindo neste capítulo a eventos circunvizinhos à segunda
vinda do nosso Senhor. A suposição é geralmente feita por duas razões.
Primeiro, assume-se que 1 Tessalonicenses 4 e 5 estão falando sobre o
mesmo evento. E visto que 1 Tessalonicenses 4 refere-se à segunda vinda do
nosso Senhor, então o “dia do Senhor” tanto em 1 Tessalonicenses 5 como 2
Tessalonicenses 2 deve referir-se também à Sua segunda vinda. Segundo, por
causa de muitos paralelos evidentes entre 2 Tessalonicenses 2 e Mateus 24, e
porque é assumido que Mateus 24 é uma profecia da segunda vinda do nosso
Senhor, conclui-se [erroneamente] que 2 Tessalonicenses 2 é também uma
profecia de Sua segunda vinda.

Uma vez que um exegeta assume que 2 Tessalonicenses 2 está se referindo à


segunda vinda do nosso Senhor, as dificuldades de interpretação se tornam
insuperáveis. Existem inumeráveis dificuldades, mas mencionaremos apenas
três:

1. Como no caso de 1 Tessalonicenses 5, nenhum comentarista que aborde


esse texto [2Ts. 2] sob a suposição dele referir-se a eventos que rodeiam a
Segunda Vinda jamais foi capaz de oferecer uma explicação ao menos
remotamente plausível para a crença dos cristãos tessalonicenses que o dia
do Senhor já tinha chegado. Se aceitarmos as suposições desses
comentaristas, lembremos que Paulo já tinha dito a eles em sua primeira
epístola [1Ts. 4] que esse evento envolveria a ressurreição corpórea dos
mortos e o “arrebatamento” nos ares daqueles que ainda estivessem vivos,
para estar com o Senhor para sempre. A menos que alguém conclua que os
cristãos tessalonicenses eram profundamente alheios à realidade, não existe
nenhuma explicação para eles crerem que isso já tinha ocorrido.

2. Intérpretes futuristas também falham em oferecer uma explicação plausível


da argumentação de Paulo em 2 Tessalonicenses 2. Se a “vinda” de Cristo,
nossa “reunião” com Ele, e o dia do Senhor neste capítulo referem-se ao
Segundo Advento, o Arrebatamento e a ressurreição corporal dos mortos,
então é necessário explicar o método de Paulo provar que essas coisas não
tinham ocorrido ainda. Por que Paulo tentaria convencer um grupo de crentes
que o Arrebatamento e a ressurreição de todos os crentes não tinham ocorrido
ainda, argumentando que a apostasia e a revelação do homem da iniqüidade
deveria vir primeiro? Se o capítulo está se referindo ao Segundo Advento, o
Arrebatamento e a ressurreição corporal dos mortos, a prova que essas coisas
não tinham acontecido ainda teria sido bem mais simples e óbvia. O argumento
inteiro de 2 Tessalonicenses 2 poderia ter sido reduzido à simples pergunta:
“Vocês não estão aqui ainda?”.

3. A terceira maior dificuldade que os intérpretes futuristas de 2Ts. 2 enfrentam


são as inumeráveis referências dentro do próprio capítulo que indicam um
cumprimento no primeiro século. Seja quem for o homem da iniqüidade, Paulo
se refere a ele como sendo detido “agora” (2:6). Em outras palavras, o homem
da iniqüidade estava sendo detido no tempo quando Paulo escreveu esta carta.
Novamente, no versículo 7, Paulo diz aos seus leitores que “o mistério da
iniqüidade já opera”. Também no versículo 7, é “agora” que o homem da
iniqüidade está sendo detido. Finalmente, os vários paralelos entre este
capítulo e o sermão do Monte da Oliveira, que tem um cumprimento claramente
no primeiro século, indica um cumprimento desta profecia no primeiro século,
também. Alguns desses paralelos são:

a. uma vinda do nosso Senhor (2Ts. 2:1; cf. Mt. 24:27, 30).
b. uma reunião com Ele (2Ts. 2:1; cf. Mt. 24:31).
c. apostasia (2Ts. 2:3; cf. Mt. 24:5, 10-12).
d. o mistério da iniqüidade (2Ts. 2:7; Mt. 24:12)
e. sinais e maravilhas satânicas (2Ts. 2:9-10; cf. Mt. 24:24),
f. uma influência enganadora sobre os incrédulos (2Ts. 2:11; cf. Mt. 24:5, 24)
g. um rei poderoso que havia de vir para destruir o povo, o homem do pecado,
filho da perdição ou ainda o anticristo (e 2 Ts 2. 2 homem da iniquidade e mt
24.15 abominavel da desolação( antioco epitanes, um rei tirano e cruel)

A evidência que 2 Tessalonicenses 2 aponta para um cumprimento no primeiro


século é devastadora. Com isso em mente, resumiremos os pontos principais
do capítulo.

Em 2 Tessalonicenses 2:1-2, Paulo diz à igreja para não se perturbar com uma
mensagem, que eles tinham aparentemente recebido, de que o dia do Senhor
tinha chegado. Paulo une dois eventos com esse dia do Senhor, a saber, a
“vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” e “nossa reunião com Ele”. A “vinda” de
nosso Senhor Jesus, como temos visto, pode se referir a várias coisas (e.g.,
Sua ascensão, Sua vinda em julgamento no ano 70 d.C., ou Sua segunda
vinda na consumação de todas as coisas). O contexto da passagem deve ser
estudado para se determinar qual é o significado pretendido.

A palavra traduzida como “reunião” no versículo 1 é a palavra grega


episynagoge. No Novo Testamento, esse verbo é usado somente aqui e em
Hebreus 10:25. Mas o contexto em Hebreus não é escatológico e, portanto,
não nos ajuda a interpretar 2 Tessalonicenses. Há, contudo, duas indicações
que a “reunião” de 2Ts. 2 refere-se a algo que no mínimo começou no primeiro
século.

1. A palavra episynagoge (“reunião”) em 2Ts. 2:1 não é a mesma palavra ou


conceito usado em 1Ts. 4:17. Na Segunda Vinda, aqueles que estão vivos
serão “arrebatados”. Essa frase em 1Ts. 4 traduz o verbo grego harpazo, que
significa literalmente “súbita e veementemente apanhado ou agarrado”.
Portanto, não deveríamos assumir automaticamente que 1Ts. 4:17 e 2Ts. 2:1
estão falando da mesma coisa.

2. Embora episynagoge, como usada em 2Ts. 2:1, seja encontrada apenas


num único e não-escatológico texto (Hb. 10:25), o verbo cognato episynago
(que tem um significado próximo de episynagoge) é encontrado em textos que
lançam luz sobre o nosso entendimento. Ele é usado, por exemplo, em Mateus
24:31 e Marcos 13:27 em conexão com a vinda do Filho do Homem em
julgamento no ano 70 d.C.

Quando os indicadores de tempo dentro do próprio capítulo são levados em


conta, não parece haver nenhuma razão convincente para entender a “vinda” e
“reunião” de 2Ts. 2 como se referindo a algo diferente da mesma “vinda” e
“reunião” do primeiro século descrita em Mateus 24 (que não eram a vinda final
de Cristo e a ressurreição corporal dos crentes descritos em 1 Tessalonicenses
4).

Em 2Ts. 2:3, Paulo explica à igreja o porquê eles não deveriam ficar
perturbados. Ele lhes diz que o dia do Senhor não virá até que duas coisas
ocorram. Primeiro, a apostasia deve ocorrer. Segundo, o homem da iniqüidade
deve ser revelado. A palavra traduzida como “apostasia” significa simplesmente
“rebelião” e pode se referir a uma rebelião política ou religiosa. Kenneth Gentry
argumenta:

Um bom caso pode ser feito em suporte da visão que o termo fala da
apostasia/rebelião judaica contra Roma. Josefo sem dúvida fala da Guerra
Judaica como uma apostasia contra os Romanos (Josefo, Life 4).
Provavelmente Paulo une os dois conceitos de apostasia religiosa e política
aqui, embora enfatizando a erupção da Guerra Judaica, que era o resultado da
sua apostasia contra Deus. A ênfase deve ser sobre a revolta contra Roma que
era futura e datável, enquanto a revolta contra Deus era contínua e cumulativa.
Isso é necessário para dissipar o engano com o qual Paulo estava preocupado.

Como questão de fato histórico, os judeus “apostataram” contra Roma dentro


dos vinte anos da escrita da segunda epístola aos Tessalonicenses.
O segundo evento que deve ocorrer antes do dia do Senhor chegar é a
revelação do homem da iniqüidade. Contrário às especulações escatológicas
atuais, a única coisa que é certa sobre esse homem da iniqüidade é que ele
estava vivo quando Paulo escreveu esta carta. No versículo 6, Paulo diz que o
homem da iniqüidade está sendo detido “agora”. Existem várias pistas para a
identidade desse homem:

1. Ele é aquele que “se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou
se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo
parecer Deus” (2:4). Nos profetas do Antigo Testamento, linguagem quase
idêntica a essa é usada para condenar vários líderes políticos: (1) o rei da
Babilônia em Isaías 14:14-21 (esp. v. 13-14), (2) o rei de Tiro em Ezequiel 28:2-
19 (esp. v. 2), e (3) Antíoco Epifânio em Daniel 11:36. Assim, a linguagem de
2Ts. 2 aponta para um líder político poderoso e mau.

2. Ele está vivo, todavia detido no tempo quando Paulo escreveu esta carta, no
ano 51-52 d.C. (v. 6).

3. Os Tessalonicenses sabem quem é aquele que o detém (v. 6).

4. Durante seu reinado, haverá abundância de falsos sinais e maravilhas


satânicas (v. 9; cf. Mt. 24:24)

5. Ele é caracterizado por extraordinária impiedade e iniqüidade (v. 3-4, 9-10).

6. Ele é aniquilado por Deus em conexão com os eventos circunvizinhos à


vinda de Cristo para julgamento (v. 8). Esse tipo de linguagem é usado também
pelos profetas para descrever julgamentos sobre reis e reinados. Em Isaías
30:27-33, esse tipo de linguagem é usado para descrever o julgamento
iminente de Deus sobre a Assíria.

Há somente uma pessoa no primeiro século que satisfaz essas descrições, e


ela é Nero. No tempo quando Paulo escreveu 2 Tessalonicenses, Nero não era
imperador ainda. Seu padrasto, Claudius, estava assentado no trono. Contudo,
logo após a escrita da epístola de Paulo, Claudius foi “do meio… tirado” (v. 7,
ACF) – assassinado pela mãe de Nero, Agripina. O “mistério da iniqüidade”
pode, portanto, referir-se à contínua conspiração e maquinação de Agripina
para levar o seu filho ao trono. É também um caso de registro histórico que o
reinado de Nero foi caracterizado por iniqüidade, impiedade e crueldade, ao
ponto de causar repulsa mesmo aos romanos pagãos. Significantemente, ele
foi o primeiro imperador a perseguir os cristãos com crueldade. Finalmente, sua
morte ocorreu durante o meio do julgamento de Deus sobre Jerusalém. Ele
morreu em 68 d.C., no meio da Guerra Judaica. O ponto principal de 2
Tessalonicenses 2, então, seria que o dia do Senhor não chegaria até que a
rebelião judaica ocorresse e Nero subisse ao trono imperial. Os
tessalonicenses reconheceriam esses eventos após o fato, e saberiam que a
vinda de Cristo para julgamento estava muito próxima.
Fonte: Extraído e traduzido do excelente livro Postmillennialism: An
Eschatology of Hope, Keith A. Mathison, P&R, p. 228-33.
Poderá também gostar de:

O Homem da Iniqüidade
Uma Interpretação Preterista Pós-Milenista de
2 Tessalonicenses 2
Dr. Kenneth L. Gentry, Jr.

Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto

Introdução Nesse ensaio considerarei uma das passagens escatológicas mais


difíceis da Escritura: 2 Tessalonicenses 2. Essa famosa referência escatológica
contém a alusão de Paulo ao Homem da Iniqüidade (Texto da Nestlé), ou
Homem do Pecado (Texto Majoritário).

A passagem tem sido historicamente famosa por sua dificuldade excepcional.


O grande pai da Igreja Agostinho escreveu sobre certa porção da passagem:
“Confesso que sou inteiramente ignorante do que ele quis dizer”. Vincent,
erudito em grego do Novo Testamento, não apresenta nenhuma interpretação
da passagem em seu comentário léxico de quatro volumes: “Não tento
nenhuma interpretação dessa passagem como um todo, a qual não entendo”.
Roberton, o renomado lingüista do idioma grego, desespera-se diante da tarefa
de interpretar essa passagem porque ela está “numa forma tão vaga, que
dificilmente podemos clareá-la”. Morris recomenda “cuidado” ao lidarmos com
essa “passagem notoriamente difícil”. Bruce observa que “existem poucas
passagens no Novo Testamento que podem se vangloriar de ter uma variedade
tão grande de interpretações como essa”. Existem até mesmo alguns
dispensacionalistas que admitem que ela é uma “passagem extremamente
enigmática da Escritura, que tem sido um espinho na carne de muitos
expositores”.

Como com a ardentemente debatida passagem de Daniel 9:24-27, aqui


acontece o mesmo: uma profecia excessivamente difícil se torna um texto
chave para o dispensacionalismo. Observe os seguintes comentários de
teólogos dispensacionalistas: Constable observa que “essa seção do versículo
contém verdades não encontradas em nenhum outro lugar na Bíblia. Ela é a
chave para o entendimento de eventos futuros e é central para essa epístola”.
De acordo com Walvoord, o Homem da Iniqüidade revelado aqui é “a chave
para o programa inteiro do Dia do Senhor”. Sobre 2 Tessalonicenses 2, Chafer
observa: “apesar de ser encontrada apenas uma passagem ensinando a obra
refreadora do Espírito Santo, o escopo dos assuntos envolvidos é tal que
demanda extrema consideração”. Ryrie e Feinberg empregam 2
Tessalonicenses 2:4 como uma das poucas passagens usadas “para fechar o
argumento” para a reconstrução do Templo.

Por causa de suas enormes dificuldades, 2 Tessalonicenses 2 tem gerado um


debate vívido em estudos escatológicos. Nas escatologias mais pessimistas do
amilenismo, pré-milenismo e dispensacioanlismo, existe freqüente emprego
dessa passagem como evidência das condições do mundo piorarem até a
apostasia final. Quando apresentando objeções contra o otimismo do pós-
milenismo, Hoekema faz apenas uma referência superficial a essa passagem
em duas sentenças, confiante que ela oferece uma refutação amplamente
evidente do pós-milenismo. Embora uma passagem complicada requeira
cautela, contudo, creio que há informações suficientes nela para pelo menos
removê-la como uma objeção ao pós-milenismo.

O Cenário Histórico

As epístolas aos Tessalonicenses estão entre os primeiros escritos de Paulo,


competindo com Gálatas (dependendo do debate sobre Galácia do Norte/Sul6 )
e Tiago como as porções escritas mais antigas do Novo Testamento. As cartas
a Tessalônica foram escritas de Corinto por volta de 52 d.C., com uma
diferença de poucas semanas entre elas, e não muito após sua visita em
Tessalônica (1Ts. 2:17). De acordo com Atos 17 e 18, Paulo deixou
Tessalônica para ir para Beréia e Atenas em breves visitas, e então para
Corinto, onde escreveu as epístolas aos Tessalonicenses. O lugar e as
circunstâncias da escrita, que nos são revelados em Atos, são úteis para lançar
certa luz na passagem obscura e misteriosa diante de nós.

Durante a visita de Paulo a Tessalônica, ele pregou aos judeus que Jesus era o
Messias (Atos 17:1-3). Embora alguns judeus tenham crido, outros ficaram
irritados com a mensagem cristã (17:4-5). Eles até mesmo arrastaram “alguns
irmãos perante as autoridades, clamando: Estes que têm transtornado o mundo
chegaram também aqui, os quais Jasom hospedou. Todos estes procedem
contra os decretos de César, afirmando ser Jesus outro rei” (17:6-7). Após
receberem a fiança de Jason e dos outros, as autoridades os deixaram ir
(17:9). Isso permitiu que Paulo partisse a salvo para Beréia. Contudo, os
judeus não foram facilmente silenciados, pois “logo que os judeus de
Tessalônica souberam que a palavra de Deus era anunciada por
Paulo também em Beréia, foram lá excitar e perturbar o povo” (17:13). Isso
resultou no envio imediato de Paulo para Atenas (17:14-15).

Paulo permaneceu em Atenas apenas três ou quatro semanas, logo viajando


para Corinto (Atos 18:1), onde ficou por dezoito meses (18:11). Mas
novamente, uma séria antipatia judaica se levantou. Interessantemente, foi em
Corinto onde Paulo encontrou Áquila e Priscila, cristãos que tinham estado
entre os judeus banidos de Roma por Cláudio César (18:2). De acordo com
Suetônio: “[Cláudio] expulsou de Roma os judeus, sublevados constantemente
por incitamento de Cresto”. Essa referência a Cresto é indubitavelmente uma
variação latina para o nome “Cristo”.

Ao encontrar esses santos, que tinham sofrido com os tumultos dos judeus
contra os cristãos em Roma, Paulo começou a pregar aos judeus em Corinto,
como tinha feito em Tessalônica, que “Jesus é o Cristo” (18:5; cp. 17:3).
Novamente os judeus lhe resistiram violentamente, organizando resistência
contra ele e blasfemando de tal forma que Paulo determinou voltar-se dos
judeus para os gentios dali em diante (18:6). A situação piorou para ele devido
ao seu extraordinário sucesso com certo líder judeu proeminente, Crispo, “o
principal da sinagona” (18:8). Embora Paulo raramente batizasse, ele batizou
Crispo (1Co. 1:14-16; Atos 18:8). Devido à intensidade da oposição, o Senhor
entregou a Paulo uma promessa especial de segurança para que ele
permanecesse em Corinto (18:9-11).

Tudo isso explica a forte linguagem contra os judeus nas epístolas aos
Tessalonicenses, e ajuda a descobrir algumas das preocupações mais sutis ali,
também. Na primeira carta ele escreveu:
“Tanto é assim, irmãos, que vos tornastes imitadores das igrejas de Deus
existentes na Judéia em Cristo Jesus; porque também padecestes, da
parte dos vossos patrícios, as mesmas coisas que eles, por sua vez,
sofreram dos judeus, os quais não somente mataram o Senhor Jesus e os
profetas, como também nos perseguiram, e não agradam a Deus, e são
adversários de todos os homens, a ponto de nos impedirem de falar aos
gentios para que estes sejam salvos, a fim de irem enchendo sempre a
medida de seus pecados. A ira, porém, sobreveio contra eles,
definitivamente” (1Ts. 2:14-16).
Ele se queixou de um impedimento em seu ministério inspirado por Satanás, o
qual, de acordo com o contexto, provavelmente indica a oposição judaica (1Ts.
2:18, cp. 15-16). Ele provavelmente alude à oposição judaica em 2
Tessalonicenses 1:4ss., onde menciona a perseverança e aflições deles por
causa da fé (1:4ss.; cp. Atos 17:4-6). Isso pode ter motivado também seu
pedido para que os Tessalonicenses orassem por sua libertação de tais
“homens perversos e maus” (3:2; cf. Atos 17:4-6, 13; 18:6; 1Ts. 2:14-16).

Esse contexto judaico é importante para compreender a situação que Paulo


confronta. Além do mais, mostrarei na exposição a seguir que existem várias
alusões ao Sermão do Monte das Oliveiras, que fala da destruição do Templo e
o julgamento dos judeus por rejeitar Jesus como o Messias (cp. Mt. 23:35-24:2;
cp. Atos 17:3; 18:5).

Nossa Reunião

“Irmãos, no que diz respeito à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à


nossa reunião com ele, nós vos exortamos a que não vos demovais da
vossa mente, com facilidade, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer
por palavra, quer por epístola, como se procedesse de nós, supondo
tenha chegado o Dia do Senhor” (2Ts. 2:1-2).

A referência de Paulo a “no que diz respeito à vinda de nosso Senhor Jesus
Cristo e à nossa reunião com ele” (2Ts. 2:1) é o crux interpretum dessa
passagem. Paulo está aqui falando do julgamento de 70 d.C. sobre os judeus –
o mesmo julgamento que recebe ênfase na primeira porção do Sermão do
Oliveira, no Livro do Apocalipse em várias outras passagens da Escritura.

Embora ele fale do Segundo Advento uns poucos versículos antes (1:10),
Paulo não está tratando com esse assunto aqui. Sem dúvida, existem
similaridades entre o Dia do Senhor sobre Jerusalém em 70 d.C. e o Dia
universal do Senhor associado com o Segundo Advento. O primeiro é uma
predição temporal do outro, sendo um arquétipo distante dele. Estudiosos
ortodoxos de cada uma das escolas milenaristas concordam que esses dois
eventos são trazidos em conexão íntima no Sermão do Monte das Oliveiras. De
fato, é quase certo que seus discípulos confundiram os dois (Mt. 24:3). As duas
vindas são reunidas aqui também, em 2 Tessalonicenses.

Em 2 Tessalonicenses 1:10 Paulo até mesmo emprega uma palavra diferente


para a vinda (elthe) de Cristo daquela que ele usa em 2:1 (parousia). Ali o
julgamento do Segundo Advento traz “eterna destruição, banidos da face do
Senhor e da glória do seu poder” (1:9); aqui, uma “destruição” temporal (2:8).
Ali, o Segundo Advento inclui “anjos do seu poder” (1:7); aqui, o julgamento
temporal não faz nenhuma menção desses anjos poderosos (2:1-12). Assim, o
Segundo Advento fornece uma decisão eterna para o sofrimento deles; o Dia
do Senhor de 70 d.C. proporciona decisão temporal (cp. Ap. 6:10).

Em adição, a “nossa reunião com ele” mencionada por Paulo em 2


Tessalonicenses 2:1 faz uso da referência do nosso Senhor em Mateus 24:31.
A palavra traduzida como “reunião” aqui é episunagoge, que não é encontrada
em nenhum outro lugar exceto Hebreus 10:25, onde, significantemente, fala de
uma assembléia de adoração. Mas sua forma verbal cognata é encontrada em
Mateus 24:31, onde a reunião está ligada a “esta geração” (Mt. 24:34) e
significa o chamado dos eleitos para o corpo de Cristo com o trombetear do
Grande Jubileu arquétipo (cf. 2Ts. 1:11; 2:14). Aqui ela funciona da mesma
forma. Com a destruição vindoura de Jerusalém e o Templo, os cristãos seriam
a partir de então “reunidos” numa “assembléia” (episunagoge; a Igreja é
chamada de uma sinagoga em Tiago 2:2) separada e distinta. Após a
destruição do Templo, Deus não mais toleraria subir ao Templo para adorar
(seria impossível!), como os cristãos frequentemente faziam antes de 70 d.C.

O Dia de Cristo/Senhor aqui mencionado está em cumprimento de Joel 2:31-


32, que é citado para explicar o que aconteceu em Jerusalém em Atos 2:16ss.
Ali Pedro identifica as línguas como um sinal de maldição pactual com respeito
à destruição vindoura com sangue, fogo e fumaça (Atos 2:19-21, 40). Isso
explica o porquê era em Jerusalém (e em nenhum outro lugar) que os cristãos
vendiam suas propriedades e compartilhavam os rendimentos (Atos 2:44-45):
ela em breve seria destruída (Mt. 24:2-34; Lucas 23:28-30).

Paulo os consola negando a falsa notícia que o “dia do Senhor já tivesse


chegado” (2Ts. 2:2, NVI). Aparentemente, a própria razão para essa epístola
logo após sua primeira, é que alguns enganadores escrupulosos forjaram
cartas de Paulo e alegaram falsamente discernimentos carismáticos relevantes
sobre questões escatológicas. Em sua primeira carta, ele teve que corrigir a
tristeza deles com respeito aos irmãos que tinham morrido no Senhor, como se
isso impedisse a participação deles na ressurreição (1Ts. 4:13-17). Agora,
novos enganos escatológicos estavam perturbando a jovem igreja (2 Ts. 2:1-
3a): Alguns pensavam que o Dia do Senhor já tinha chegado e,
consequentemente, deixaram de trabalhar (2Ts. 3:6-12). Devido à desordem
catastrófica associada com o julgamento divino prestes a cair sobre Israel,
Paulo sugere aos coríntios que esquecessem de casar por um tempo
(1Co.7:26-29). Mas aqui, os tessalonicenses estavam sendo tentados a cessar
todo trabalho necessário, pensando que o tempo tinha chegado.

A palavra “perturbeis” (grego: throeo; 2:2) está na forma presente do infinitivo,


que significa um estado contínuo de agitação. E a mesma é usada em outro
lugar somente no Sermão do Monte das Oliveiras (Marcos 13:7; Mateus 24:6).
Ali, ela se encontra no mesmo tipo de contexto teológico: uma advertência de
engano e inquietação com respeito a vinda do Dia de Cristo. “Então, Jesus
passou a dizer-lhes: Vede que ninguém vos engane. Muitos virão em meu
nome, dizendo: Sou eu; e enganarão a muitos. Quando, porém, ouvirdes falar
de guerras e rumores de guerras, não vos assusteis; é necessário assim
acontecer, mas ainda não é o fim” (Marcos 13:5- 7).

O Homem da Iniqüidade

“Ninguém, de nenhum modo, vos engane, porque isto não acontecerá


sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da
iniqüidade, o filho da perdição, o qual se opõe e se levanta contra tudo
que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no
santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus. Não vos
recordais de que, ainda convosco, eu costumava dizer-vos estas coisas?
E, agora, sabeis o que o detém, para que ele seja revelado somente em
ocasião própria. Com efeito, o mistério da iniqüidade já opera e aguarda
somente que seja afastado aquele que agora o detém” (2Ts. 2:3-7).

Paulo está muito preocupado com o engano que estava sendo promovido:
“ninguém, de nenhum modo, vos engane” (v. 3a). Ele usa a forma reforçada
para engano (exapatese) com uma dupla proibição negativa. Para evitar o
engano e esclarecer o verdadeiro início do Dia do Senhor sobre Jerusalém,
Paulo lhes informa que aquele dia “não acontecerá sem que primeiro venha a
apostasia e seja revelado o homem da iniqüidade, o filho da perdição” (2Ts.
2:3). Antes que eles pudessem dizer que o Dia do Senhor “é chegado”, então,
deveria haver primeiro o abandono (ver Revised Standard Version) e a
revelação do homem da iniqüidade, que é também chamado de “o filho da
perdição”. Esses eventos não precisariam ocorrer na ordem cronológica
apresentada, como até mesmos os dispensacionalistas admitem. O versículo
nove está claramente fora de ordem e deveria ocorrer no meio do versículo
oito, se a cronologia exata fosse importante.

O Abandono

A palavra “abandono” é a tradução do grego apostasia, que ocorre somente


aqui e em Atos 21:21 no Novo Testamento. Historicamente, a palavra pode se
aplicar a uma revolta política ou religiosa.
Mas a que ela se refere aqui? Refere-se a uma apostasia mundial da fé cristã,
conforme as escatologias pessimistas? O amilenista William Hendriksen ensina
que isso ensina que “de uma maneira geral, a Igreja visível abandonará a fé
genuína”. O dispensacionalista Constable comenta: “Essa rebelião, que
acontecerá dentro da igreja professante, será um afastamento da verdade que
Deus revelou em sua Palavra”. Ou a apostasia refere-se a uma rebelião política
de algum tipo?

Um bom caso pode ser feito em suporte da visão que o termo fala da
apostasia/rebelião judaica contra Roma. Josefo sem dúvida fala da Guerra
Judaica como uma apostasia contra os Romanos (Josefo, Life 4).
Provavelmente Paulo une os dois conceitos de apostasia religiosa e política
aqui, embora enfatizando a erupção da Guerra Judaica, que era o resultado da
sua apostasia contra Deus.

Isso pode ser inferido de 1 Tessalonicenses 2:16, onde Paulo declara sobre os
judeus que eles estavam “enchendo sempre a medida de seus pecados [isto é,
apostasia religiosa contra Deus]. A ira, porém, sobreveio contra eles,
definitivamente [isto é, o resultado da apostasia política contra Roma].” A
apostasia (revolta) que Paulo menciona levaria à devastação militar de Israel
(Lucas 21:21-22; 23:28-31; Atos 2:16-20). O encher a medida dos pecados dos
pais (Mt. 23:32) leva ao julgamento de Israel, vindicando assim os justos
assassinados em Israel (Mt. 23:35; cf. Mt. 24:2-34). A apostasia dos judeus
contra Deus por rejeitar seu Messias (Mt. 21:37-39; 22:2-6), levou à mudança
providencial de Deus do julgamento via a apostasia deles contra Roma (Mt.
21:40-42; 22:7). A ênfase deve ser sobre a revolta contra Roma que era futura
e datável, enquanto a revolta contra Deus era contínua e cumulativa. Isso é
necessário para dissipar o engano com o qual Paulo estava preocupado. Em
conjunção com essa apostasia final e a destruição conseqüente de Jerusalém,
o Cristianismo e o Judaísmo foram separados para sempre e ambos expostos
à ira de Roma.

Identificando o Homem da Iniqüidade

O Homem da Iniqüidade é Nero César, que também é a Besta do Apocalipse,


como vários Pais da Igreja Primitiva criam.28 A dificuldade dessa passagem
reside no fato que Paulo “descreve o Homem do Pecado com certa reserva”
(Orígenes, Celsus 6:45) por temor de incorrer em “acusação de calúnia por ter
falado mal do imperador Romano” (Agostinho, Cidade de Deus 20:19). Assim,
Paulo se torna bem obscuro, aparentemente ocultando sua profecia com
respeito ao mal vindouro do imperador Romano, bem como o julgamento do
mesmo. Josefo fez o mesmo quando falando do quarto reino de Daniel, que se
aplicava a Roma (Josefo, Ant. 10:10:4). Paulo e seus companheiros já tinham
sofrido nas mãos dos judeus tessalonicenses por “procederem contra os
decretos de César, afirmando ser Jesus outro rei” (Atos 17:7). A sabedoria
demandava discrição em sua referência à autoridade imperial; seu recente
(1Ts. 2:17) ministério pessoal entre eles permitiu isso: eles deveriam “recordar”
que enquanto estava com eles, ele “costumava dizer estas coisas” (2Ts. 2:5).
Sua instrução pessoal permitiria que eles soubessem muito mais que nós
podemos a partir das suas alusões discretas em suas cartas.

É pelo claro a partir de Paulo que algo está presentemente (cerca de 52 d.C.)
“detendo” o Homem da Iniqüidade: “e agora vocês sabem o que o está detendo
[particípio presente no grego], para que ele seja revelado no seu devido tempo”
(2:6, NVI). Isso sugere fortemente o entendimento preterista da passagem
toda: os próprios tessalonicenses sabiam o que estava presentemente
restringindo o Homem da Iniqüidade; de fato, o Homem da Iniqüidade já estava
vivo e esperando ser “revelado”. Isso implica que por enquanto os cristãos
poderiam esperar certa proteção do governo Romano. As leis romanas com
respeito ao religio licita estavam naquele tempo a favor do Cristianismo,
enquanto considerado uma seita do Judaísmo e antes do malévolo Nero subir
ao trono. Paulo sem dúvida estava protegido pelo aparato judicial Romano
(Atos 18:12ss.) e fez importante uso dessas leis em 59 d.C. (Atos 25:11-12;
28:19) como proteção da malignidade dos judeus. E ele não expressou
nenhum ressentimento contra Roma, quando escrevendo Romanos 13 em 57-
59 d.C. – mesmo durante a primeira fase do reinado de Nero, o famoso
Quinquennium Neronis.

Quando Paulo escreveu 2 Tessalonicenses 2, ele estava sob o reinado de


Cláudio César, que tinha acabado de banir os judeus por perseguirem os
cristãos (Seutônio, Claudius 24:5; cp. Atos 18:2). Pode ser que ele tenha
empregado um jogo de palavras para o nome de Cláudio. A palavra latina para
“deter” é claudere, que é similar a “Claudius”. É interessante que Paulo faça um
uso alternado do termo “detém” (2Ts. 2:6,7) na forma masculina e neutra (2Ts.
2:6,7). Isso pode indicar que ele inclui tanto a lei imperial como o imperador
atual em sua designação do “aquele que detém”. Enquanto Cláudio viveu,
Nero, o Homem da Iniqüidade, não tinha poder para cometer iniqüidades
públicas. O Cristianismo estava livre da espada imperial até que a perseguição
nerônica começou em Novembro de 64 d.C.

Mesmo no início do reinado de Nero, sua maldade estava oculta dos olhos
públicos por causa de tutores cuidadosos – até que ele se livrou da influência
deles e foi publicamente “revelado” quem ele era. Os historiadores romanos
escrevem de Nero: “A petulância, a libertinagem, o luxo, a avareza, e a
crueldade foram vícios a que se entregou a princípio, gradualmente, às ocultas,
como desvios da juventude. Mesmo então ninguém mais duvidava de que
esses vícios não eram fruto da idade, mas da natureza” (Suetônio, Nero 26).
“Pouco a pouco, porém, com o crescer dos vícios, abandonou as brincadeiras e
os mistérios e, sem a preocupação de dissimular, deu livre curso aos mais
incríveis excessos” (Nero, cp. 6). “Daí em diante, matou sem escolha nem
medida, sob qualquer pretexto, quantos quisesse” (Nero). “Outros assassinatos
aconteceriam. Mas os tutores do imperador, Sexto Afrânio Burrus e Lúcio
Anneu Sêneca, o impediram... Eles colaboraram em controlar a adolescência
perigosa do imperador; a política deles era dirigir seus desvios de virtudes em
canais licenciados de indulgência” (Tácito, Anais 13).

O Mistério da Iniqüidade

De forma interessante, os judeus estavam tão restringidos pela lei imperial que
não mataram Tiago o Justo em Jerusalém, até por volta de 62 d.C., após a
morte do procurador Romano Festo e antes da chegada da Albinus (Josefo ,
Ant. 20:9:1). Com esses eventos, o “mistério da iniqüidade” estava sendo
desvelado à medida que a “revelação do Homem da Iniqüidade” (a
transformação da linha imperial Romana num poder perseguidor na pessoa de
Nero) estava ocorrendo.

O perverso “mistério da iniqüidade” já “estava operando”, embora restrito nos


dias de Cláudio (2Ts. 2:7). Isso talvez seja uma referência à cumplicidade e
conspiração maligna da mãe de Nero, Agripina, que envenenou Cláudio para
que Nero pudesse subir ao trono (Tácito, Anais 12:62s; Suetônio, Cláudio).
Essa é outra indicação para uma abordagem preterista. A natureza verdadeira
da iniqüidade já estava agindo no culto imperial e seu desejo de adoração,
embora não tivesse ainda invejosamente irrompido sobre a comunidade cristã.
Em adição, as maquinações perspicazes para assegurar a autoridade imperial
para Nero estavam em ação.

Querendo parecer Deus

O imperador Romano, de acordo com Paulo, “se exalta acima de tudo o que se
chama Deus ou é objeto de adoração” (2Ts. 2:4a). Uma advertência da
maldade potencial da adoração imperial tinha sido exibida publicamente uns
poucos anos antes, quando o imperador Calígula (Gaio) tentou colocar sua
imagem no Templo em Jerusalém (Josefo, Ant. 18:8:2-3).

A frase “de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo
parecer Deus” (RC) é interessante. Quando hoste (“de sorte que”) é seguido
por um infinitivo (kathisai, “assentar”), ele indica um propósito tencionado, não
necessariamente um propósito consumado. Era a intenção de Calígula
assentar-se no “templo de Deus” em Jerusalém; era o desejo do imperador
“mostrar que ele é Deus”. De fato, Filo nos diz que “tão grande era o capricho
de Gaio [Calígula] em sua conduta para com todos, e especialmente para com
a nação dos judeus. Esses ele odiava tão amargamente que se apropriou dos
seus lugares de adoração em outras cidades, e começando com Alexandria,
encheu-as com imagens e estátuas de si mesmo”.

Isso foi por todos os intentos e propósitos realizado pelo futuro imperador Tito,
que concluiu a devastação de Jerusalém iniciada por Nero. Tito invadiu de fato
o Templo em 70 d.C.: “E agora os Romanos... trouxeram os seus símbolos
para o templo, e colocaram-nos em frente ao seu portão ao oriente; e ali
ofereceram sacrifícios a eles, e ali fizeram de Tito imperador, com grandes
aclamações de alegria” (Josefo, Guerras 6:6:1). Por volta de setembro de 70
d.C., o próprio Templo do qual Paulo falou em 2 Tessalonicenses 2:4 foi
destruído para sempre. Esse fato também apóia o entendimento preterista da
passagem. De fato, ele faz paralelo a Mateus 24:15 e funciona como a
abominação da desolação de Paulo, que deveria ocorrer a “esta geração” (Mt.
24:34).

Não somente isso, mas em Nero a linha imperial finalmente “se opõe” (2Ts.
2:4) abertamente a Cristo ao perseguir seus seguidores. Nero iniciou a
perseguição de cristãos quando apresentou se numa carruagem como o deus
sol Apolo, enquanto cristãos em chamas iluminavam a sua festa para a sua
auto-glorificação.

O Senhor Consumirá

“Então, será, de fato, revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o
sopro de sua boca e o destruirá pela manifestação de sua vinda. Ora, o
aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e
sinais, e prodígios da mentira” (2Ts. 2:8-9).

Como indicado, o iníquo foi finalmente revelado abertamente. A forma


misteriosa de seu caráter abriu caminho para uma revelação da sua iniqüidade
nos atos perversos de Nero. Isso ocorreu após aquele que detinha [Cláudio,
que manteve o religio licita] foi “tirado” (2Ts. 2:7, RC), permitindo a Nero o
cenário público sobre o qual poderia exprimir sua horrenda iniqüidade.

De acordo com Hendriksen, o versículo oito destrói qualquer interpretação


preterista identificando o Homem da Iniqüidade com o imperador Romano, pois
o versículo vincula os eventos à era do Segundo Advento. Contudo, as fortes
indicações preteristas na passagem demandam um entendimento diferente da
vinda destrutiva de Cristo aqui mencionada. Como já mostramos na discussão
do versículo 1, Mateus 24:30 é mais relevante aqui: “Então, aparecerá no céu o
sinal do Filho do Homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o
Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória”. E
esse versículo é especificamente aplicado ao primeiro século (Mt. 24:34), como
é Apocalipse 1:7 (cp. Ap. 1:1, 3); Mateus 26:63-65; e Marcos 9:1. Cristo vem
em julgamento sobre Jerusalém nos eventos de 67-70 d.C.

Nesse julgamento vindouro contra Jerusalém está também o julgamento para o


Homem da Iniqüidade: Nero. Existe esperança e conforto no socorro prometido
à oposição dos judeus e Nero (2Ts. 2:15-17). Não somente Jerusalém foi
destruída dentro de vinte anos, mas o próprio Nero sofreu uma morte violenta
no meio da Guerra Judaica (8 de junho de 68 d.C.). Sua morte, então, ocorreria
no Dia do Senhor em conjunção com o julgamento vindouro de Cristo. Ele seria
destruído pelo sopro de Cristo, assim como a Assíria foi destruída com a vinda
e o sopro do SENHOR no Antigo Testamento (Is. 30:27-31) e como Israel foi
esmagado pela Babilônia (Mq. 1:3-5). De fato, pela providência de Deus, a
morte de Nero interrompeu a Guerra Judaica brevemente, para que os cristãos
aprisionados em Jerusalém pudessem escapar (cp.1Ts. 1:10). O Homem da
Iniqüidade/Besta, Nero César, morreu no Dia do Senhor com a Grande
Prostituta, Jerusalém (Ap. 19:17-21; cf. Ap. 22:6, 10, 12).

Conclusão

A passagem do Homem da Iniqüidade deve ser entendida preteristicamente


por várias razões:

(1) Os paralelos óbvios com Mateus 24 e Apocalipse 13 colocam-na numa era


de cumprimento: final da década de 60 d.C. até 70 d.C. (Mt. 24:34; Ap. 1:1, 3;
22:6, 10).
(2) A referência ao Templo como ainda existente (2:4).
(3) A restrição presente do Homem da Iniqüidade (2:6).
(4) O conhecimento dos tessalonicenses com respeito àquele que restringe,
detém (2:6).
(5) A atuação contemporânea do Homem da Iniqüidade na forma de mistério
durante os dias de Paulo (2:7).
(6) A abrangente correspondência relevante das características com a situação
contemporânea na qual os tessalonicenses se encontravam. O cumprimento
dessa profecia terrível da Escritura não assombra o nosso futuro. Sua
consumação está em nosso passado distante. Essa profecia era uma
advertência relevante de eventos que se aproximavam no primeiro século.

Sobre o autor: Kenneth L. Gentry, Jr. é nativo de Chattanooga, Tennessee, e


graduado no Tennessee Temple College (B.A.), Reformed Theological
Seminary (M.Div.), e Whitefield Theological Seminary (Th.M; Th.D.). Ele é o
pastor da Igreja Presbiteriana Reedy River, perto de Greenville, Carolina do
Sul, e é Professor de Bíblia no Christ College. Em adição aos seus livros e
panfletos, escreveu uma grande porção de artigos sobre vários assuntos,
publicados em: Christianity Today, Banner of Truth, The Freeman, The Journal
of Christian Reconstruction, The Presbyterian Journal, Contra Mundum,
Calvinism Today, The Counsel of Chalcedon, e Christianity and Society.
Homem do Pecado
David S. Clark

Quem é ou o que é o homem do pecado, a que se faz referência em 2Ts. 2:3?

1. Em Daniel 11:21-45, temos a descrição de um rei chamado “um homem vil”,


que havia de profanar o santuário e faria cessar o contínuo sacrifício, e
levantaria a abominação da desolação. Este rei vil seria muito poderoso, faria
guerra e venceria e mostraria seu despeito e ódio peculiares para com a Terra
Santa e o Santo Concerto.

O personagem que se adapta a esta descrição é Antíoco Epifanes, o monstro


da dinastia Selêucida da Síria, que reinou de 175-164 a.C. Que esta
identificação é correta se pode ver nas alusões históricas de todo o capítulo 11.
O rei do norte e o rei do sul são as figuras da cena. Isto se refere à Síria e ao
Egito.

A terra de Israel se achava entre os dois, às vezes dominada pelos Ptolomeus,


outras vezes pelos Selêucidas, e afinal completamente assolada por Antíoco. A
referência à abominação que faz desolação é, portanto, historicamente
aplicada a Antíoco Epifanes.

2. Mas em Daniel 9:26-27, a referência é a uma “abominação” ligada com a


retirada do “Messias” e com “o Príncipe que virá” e “destruirá a cidade e o
santuário”. Isto se adapta a um evento histórico diferente. Em Mateus 24:15,
Cristo aplica esta profecia aos tempos da destruição de Jerusalém:

“Quando, pois, virdes que a abominação da desolação de que falou o


profeta Daniel está no lugar santo”. O lugar santo era um apartamento no
templo, e estas palavras de Cristo não somente pareciam ligar esta
abominação com o cerco de Jerusalém, mas colocar o causador dela
entre os que fariam o cerco.

Esta “abominação” é evidentemente Tito à frente dos exércitos romanos. E isto


se torna evidente diante da passagem paralela em Lucas 21:20:

“Porém, quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabei então que


já é chegada a sua assolação”. Lucas explica Mateus, e não há dúvida
alguma quanto à referência histórica em relação à “abominação”. É óbvio
que Daniel se refere, em um lugar a Antíoco, e, em outro, ao poder
romano.
3. Em 2Ts. 2:1-12, temos a referência de Paulo ao Homem do Pecado. São
vários os fatos mencionados: o Homem do Pecado, a Apostasia, aquele que o
detém, o Dia do Senhor e Sua Vinda.

“O Homem do Pecado” - que é ele? Assim como Cristo se referiu a ele como
estando num lugar santo, assim também diz Paulo:

“Assim ele se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer


Deus”. Isto considera o templo como ainda de pé e, portanto, como anterior à
sua queda. Tanto Cristo como Paulo ligam o Homem do Pecado com o templo
em Jerusalém e o localizam, portanto, perto do tempo da queda de Jerusalém.

A melhor opinião o identifica com o Imperador Romano ou a linha de


imperadores daquele tempo, e a descrição se apropria ao caso. Calígula, com
sua paixão pela deificação; Nero, o perseguidor; Vespasiano, operador de
Milagres; Tito, invadindo o Santo dos Santos com suas pretensões teocráticas
e insígnia idolátrica; e toda aquela série de monstros perseguidores se adapta
ao esboço como Paulo o traçou aos tessalonicenses.

Os outros fatos da passagem completam o quadro. “A Apostasia” era a


apostasia judaica. Os judeus tinham rejeitado o Messias prometido,
crucificaram o Senhor da Glória e perseguiram até a morte os seus seguidores.
Esta interpretação é confirmada por Paulo na primeira epístola, cap. 2:15, 16,
onde ele descreve o tratamento que os judeus deram a Cristo, aos cristãos e
ao cristianismo e termina dizendo que “a ira de Deus caiu sobre eles até ao
fim”.

“Um que agora resiste até que do meio seja tirado”, era evidentemente alguma
coisa que existia quando Paulo escreveu. Estava, então, impedindo a completa
manifestação do Homem do Pecado; mas quando removido, toda a
malignidade daquele poder do mal desceria sobre a cabeça da igreja nascente.

Como isto corresponde também ao Estado Judaico, ele havia logo de ser
removido. A princípio, o Cristianismo era confundido com o Judaísmo e assim
tolerado pelo Poder Romano, mas quando Jerusalém caiu e o Cristianismo se
tornou conhecido como uma nova religião, a peçonha do Homem do Pecado
caiu sobre a Igreja Cristã.

“O dia de Cristo” ou do Senhor, “o esplendor de sua vinda”, havia de destruir o


Homem do Pecado. Observe-se que Paulo não diz que todos estes
acontecimentos seriam imediatamente consecutivos, nem que o Homem do
Pecado estará reinando e dominando, ao tempo da vinda de Cristo, mas
somente que ele, com todos os outros perversos perseguidores, receberão seu
castigo às mãos de Cristo na sua vinda. Houve, entretanto, um “Dia do Senhor”
que fez desaparecer da terra aquele ímpio perseguidor

Quem é “Aquele” que Detém o Homem do


Pecado?
César Francisco Raymundo

“E, AGORA, SABEIS o que o detém, para que ele seja revelado somente em ocasião
própria. Com efeito, o mistério da iniqüidade já opera e aguarda somente que SEJA
AFASTADO AQUELE QUE AGORA O DETÉM” (2a Tessalonicenses 2.6, 7 - o grifo é
meu).

Preste muita atenção nas palavras grifadas. É muito interessante, que os cristãos de
hoje, fiquem discutindo a respeito da identidade de quem é “AQUELE” que detém o
anticristo.

Uns dizem que é o Espírito Santo, outros dizem que é a igreja e ainda outros dizem
que é Deus quem detém o aparecimento do anticristo. O fato é, que enquanto os
cristãos se debatem tanto em tentar decifrar a identidade de quem detém o anticristo,
os Tessalonicenses a quem Paula dirigiu a carta, sabiam muito bem sobre o assunto.
Tanto é verdade que Paulo diz: “E, AGORA, SABEIS o que o detém...”.

E mais interessante ainda é o fato de que a palavra “AGORA” aparece duas vezes,
indicando assim que o homem do pecado estava muito vivo naquela época mesmo.
Enquanto jogarmos essas profecias para um cumprimento num futuro distante dois mil
anos depois, nunca conseguiremos entender o que os apóstolos ensinaram. É por isto,
que o assunto escatologia se torna tão difícil e complexo.

Existem outras passagens nos evangelhos e nas cartas apostólicas que claramente
indicam que às profecias sobre o fim eram para aquela época mesmo, no primeiro
século.
Mas, repito, enquanto alguns Hoje continuarem a jogar essas profecias para um futuro
distante, nunca conseguirão entender o assunto escatologia. E pior, em outras
passagens, com raras exceções, os cristãos da época de Jesus e dos apóstolos
entenderam muito bem sobre a escatologia. Precisamos ser mais ensináveis para que
possamos largar de vez os ensinamentos falsos

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