Artigo Inspeção de Recebimento
Artigo Inspeção de Recebimento
Artigo Inspeção de Recebimento
SPOLM 2007
Resumo: Este trabalho destaca a importância da qualificação dos fornecedores para uma empresa, ao mesmo
tempo em que apresenta exemplos de relacionamento entre a indústria aeronáutica brasileira e seus fornecedores
de peças, componentes e conjuntos relacionados ao interior de suas aeronaves. Neste artigo, os autores propõem
um método de qualificação para seus fornecedores, baseado em gerenciamento por processos e numa escolha
adequada das ferramentas da Qualidade, tais como TQC (Total Quality Control), sistema JIT, e diagrama causa-
efeito (Ishikawa), reengenharia de processos entre outros. O objetivo da proposta é otimizar processos na área de
recebimento de materiais, que equipam o interior de aeronaves comerciais.
1. Introdução
2. Descrição do problema
-1-
podem ser utilizados, por não estarem totalmente em conformidade com o especificado,
devido a fatores como qualidade inadequada do fabricante, falha na inspeção final ou danos
sofridos no processo de transporte do material e na manipulação interna de transporte, dentro
da montadora.
3. Objetivo do trabalho
4. Proposta do trabalho
Através deste trabalho, propõe-se apresentar um modelo de atuação que melhore a qualidade e
o desempenho de operações do fornecedor, permitindo assim eliminar a inspeção de
recebimento. Pretende-se, também, sugerir uma metodologia para a empresa aeronáutica que
permita simplificar a inspeção de recebimento, sem causar impactos nas demais etapas do
processo produtivo.
O fornecedor será responsável por garantir o provimento de um material que atenda aos
parâmetros de qualidade pré-determinados em normas e contratos. O plano de produção do
fornecedor passa a ser integrado ao da empresa, caso em que, o material será fornecido
diretamente para a linha de montagem.
Feigenbaum propôs em 1951, na sua obra ‘Total Quality Control’, uma abordagem para
melhoria da qualidade, por ele denominada Controle Total da Qualidade. Em Feigenbaum
(1987) o Controle Total da Qualidade é definido como (...) “um sistema efetivo para integrar
os esforços de vários grupos dentro de uma organização, no desenvolvimento da qualidade, na
manutenção da qualidade, de maneira que habilite marketing, engenharia, produção e serviço
com os melhores níveis econômicos que permitam a completa satisfação do cliente”.
-2-
Para Feigenbaum, a atividade de controle de qualidade tem 4 passos: (i) estabelecimento de
padrões, (ii) avaliação da conformidade, (iii) ação quando necessária, para corregir problemas
e eliminar suas causas, e (iv) planejamento para seu melhoramento. Considera ainda como
princípio da Qualidade Total, o fato de que o controle de qualidade deve ser iniciado com a
plena ‘identificação dos requisitos de qualidade do cliente’, e finalizar apenas quando o
produto estiver colocado na sua mão estando este, totalmente satisfeito com seus atributos e
funcionalidades.
Feigenbaum denominou de ‘ciclo industrial’ este ciclo que começa e termina no cliente. O
TQC delega às áreas de produção, autoridade e responsabilidade pela qualidade do produto,
liberando a Área de Qualidade dos detalhes não necessários.
A Fig.2 ilustra a análise causa-efeito do item 1, o mais crítico item de revestimento interno das
aeronaves Embraer, em termos de incidência de erros e valores financeiros envolvidos. O
objetivo destes diagramas é apoiar o processo de identificação das possíveis causas-raízes de
um problema, sendo normalmente utilizadas após uma análise de Pareto.
Os diagramas de correlação são utilizados para explorar possíveis relações de problemas com
o tempo (correlação temporal) ou entre problemas e causas potenciais (correlação causal).
Com o uso destes diagramas objetiva-se usar, racionalmente, dados muitas vezes existentes,
transformando-os em informações de utilidade para o direcionamento das análises de
problemas pelo pessoal da linha de frente da produção.
Correa (2006) relata que os diagramas de correlação temporal podem indicar que determinado
efeito tem correlação com o tempo, como por exemplo, mudanças de turno de trabalho, início
ou fim de cada mês, início ou fim de cada semana (...) estes gráficos podem não conter
elementos estatísticos sofisticados, mas fornecem, de forma rápida e simples, algumas
informações preliminares ao analista.
E, quanto ao ‘benchmarking’ funcional Correa (2006) narra que este “baseia-se no principio
de que, se a empresa pretende superar mais que igualar o desempenho da concorrência, o
melhor dentro do setor da economia, a fonte de informações para aprendizado não pode ser
exclusivamente a concorrência, mas alguém fora do setor, e portanto, um não concorrente”.
6. Método de análise
-3-
Foram utilizadas as ferramentas tradicionais de qualidade como: análise de dispersão, e
diagrama de causa e efeito para a simplificação do processo de recebimento e inspeção de
materiais e componentes de fornecedores externos. A resolução do problema foi
operacionalizada em 3 etapas, como segue:
1ª. Etapa: Identificação dos materiais de maior valor monetário com altas taxas de rejeição,
no recebimento. Através da análise de quadrantes, o diagrama de dispersão na Fig. 1, indica
quais são os itens mais críticos para a Embraer. Os itens mais críticos se encontram no
primeiro quadrante, isto é, no quandrante onde estão os itens com os maiores custos de
material e de maior incidência. No segundo quadrante aparecem os itens de criticidade 2 e
assim por diante.
20,00%
4º quadrante 1º quadrante
15,00%
(%)
10,00%
2
3º quadrante 3 4
5,00%
7 2º quadrante
16
0,00%
0,00% 2,00% 4,00% 6,00% 8,00% 10,00% 12,00% 14,00% 16,00% 18,00% 20,00%
Dada a restrição do texto para o presente trabalho, foi discutido apenas o item 1, por sua
importância e relevância.
2ª. Etapa: Identificação das causas-raízes da rejeição do material listado como item 1,
através do uso do diagrama de Ishikawa, como mostrado na Fig.2.
-4-
MÁQUINA MÃO DE OBRA MEIO AMBIENTE
ITEM 1
DANIFICADO
Embalagem
inadequada
Método inadequado
de fabricação das Matéria prima
mesas. inadequada
7. Resultados da análise
Com base nos resultados analisados é feita a seguinte proposta para o fornecedor:
ii) realizar intervenção Embraer na inspeção do item 1 nos primeiros três meses de
implantação da proposta.
A inspeção final redundante no processo produtivo normal, nas instalações do fornecedor,
deverá ser executada por um ou mais empregados da EMBRAER e o produto somente
será aceito pela Embraer no recebimento, se houver evidência desta inspeção final ter sido
executada por este empregado, aprovando o produto.
-5-
iv) Auditar, anualmente, processo específicos.
O time Embraer de auditoria deve auditar, anualmente, o processo produtivo do
fornecedor. Análises de riscos devem ser feitas com o objetivo de assegurar a capacidade
dos fornecedores em atender aos requisitos de Garantia da Qualidade especificados no
ENS-001890 (Avaliação de fornecedores), MPH 300 – Certificação de Produção e
Vigilância, DSGQ - 031 (Requisitos de garantia da qualidade para subcontratados
nacionais peça avião e ferramental) e DSGQ-036 - (Requisitos de garantia da qualidade
para fornecedores).
ii) Treinar, qualificar e delegar aos conferentes a emissão de notas F2. (problemas de
documentação). Delegar ao Departamento de logística (inspeção) a responsabilidade do
treinamento.
iv) Realizar reciclagem da equipe da linha de produção quanto aos critérios CDQ. Os
operadores responsáveis pela inspeção do material devem estar alinhados com os critérios
de inspeção CDQ. Os critérios de inspeção da linha de produção devem estar alinhados
com os do recebimento. A engenharia da qualidade deverá executar um treinamento com
os operadores de acordo com a norma de inspeção de interiores.
Caso seja detectada alguma não conformidade na linha de montagem antes da instalação
do material, o seguinte procedimento é proposto:
-6-
b) A reinspeção de estoque deverá ser acionada pela qualidade do fornecedor e o
retrabalho será por ele executado, uma vez que não vão mais existir inspetores no
recebimento da empresa-cliente;
c) O fornecedor deverá ser acionado e terá que prover um plano de ação de contenção em
um determinado tempo, baseado no impacto do problema;
d) O fornecedor deverá arcar com os custos e assumir a responsabilidade, se o problema
detectado for devido a processo produtivo, de embalagem ou de manuseio inadequado.
Conferente delegado
recebe o material
Existe problema de
documentação?
-7-
Conferente delegado
recebe o material
Existe problema de
documentação? Conferente emite nota
S F2
Aprova o material
Material vai para quarentena
aguardar encerramento da
nora F2 para então ser
aprovado
Conferir 96 h 48 h
Inspecionar 240 h 0h
336 h 48 h
Considerando interpolação linear, simplificada, para 10 dias, o custo de capital será de,
aproximadamente, 0,5% por kit.
-8-
É importante salientar que os valores adotados neste trabalho são fictícios, prestando-se
apenas para uma demonstração do potencial de economia com a implementação desta
proposta.
Atualmente, são previstas penalidades financeiras, por parte da montadora para o fornedor,
caso seja detectada alguma não conformidade na linha de montagem antes da instalação do
material, sendo de responsabilidade do fornecedor arcar com os custos dela decorrente. O
retrabalho será executado pela fornecedora, cuja planta está situada na California, através do
mesmo processo hoje utilizado quando detecta-se uma não conformidade de fornecimento na
linha de montagem.
Conclusão
Demonstra-se com este trabalho ser viável, com o uso de ferramentas de qualidade uma
simplificação do processo de recebimento e inspeção de materiais na indústria aeronáutica
brasileira, auferindo substancial economia anual. Além do item 1, situado no quadrante crítico
(v. Fig. 1), a sistemática proposta pode ser aplicada para qualquer outro item, que hoje
apresenta problema de não conformidade, e que possua, concomitantemente, custo elevado, e
alta incidência.
Referências
[2] Campos, V.F. et al. Controle da Qualidade Total, 7ª ed. Belo Horizonte: Ed. Sografe,
2004.
[4] Isnard, M. Jr. Gestão da Qualidade. 4º ed. São Paulo: FGV, 2003
[6] Slack, N. et al. Administração da Produção. Edição compacta. 2ª. ed. São Paulo:Editora
-9-
Atlas, 1996.
- 10