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PROPOSTA DE DRENAGEM URBANA DE BAIXO IMPACTO (LID) PARA O

CONTROLE DE CAPTAÇÃO DO ESCOAMENTO SUPERFICIAL EM UMA ÁREA


ESCOLHIDA NO BAIRRO PONTA DO FAROL EM SÃO LUIS – MA.

PROPOSTA DE DRENAGEM URBANA DE BAIXO IMPACTO (LID) PARA O


CONTROLE DE CAPTAÇÃO DO ESCOAMENTO SUPERFICIAL EM UMA ÁREA
ESCOLHIDA NO BAIRRO PONTA DO FAROL EM SÃO LUIS – MA.

Nome do Aluno (Fonte 12, normal, alinhado à direita, espaçamento simples)1


Titulação. Nome do Orientador(Fonte 12, normal, alinhado à direita, espaçamento simples)2
Titulação. Nome do Coorientador (Fonte 12, normal, alinhado à direita, espaçamento
simples)3

Resumo

Este artigo propõe um plano de drenagem urbana de baixo impacto (LID – Low Impact
Developmet)) para controlar a captação do escoamento superficial no bairro Ponta do Farol, em
São Luís – MA. A pesquisa investiga a viabilidade e eficácia de diversas práticas de LID, como
jardins de chuva, pavimento permeável, canteiros pluviais, ruas verdes entre outros, na redução
do escoamento superficial e melhoria da qualidade da água. A metodologia inclui a análise das
características hidrológicas e topográficas da área, a identificação dos principais problemas de
drenagem e a modelagem de diferentes cenários de implementação de LID. Os resultados
indicam que as práticas de LID podem reduzir significativamente o volume de escoamento,
mitigar enchentes e filtrar poluentes, contribuindo para a gestão hídrica mais sustentável. Além
disso, a implementação dessas soluções oferece benefícios estéticos e funcionais para o bairro,
promovendo a biodiversidade e criando espações verdes para uso comunitário. A pesquisa
conclui que a adoção de pratica de LID é uma estratégia viável e eficaz para o controle do
escoamento superficial em Ponta do Farol, recomendando a sua integração nas políticas de
planejamento urbano da região.
Palavras-chave: Ponta do Farol. LID. Drenagem Urbana. Escoamento Superficial.
Hidrológicas.

Abstract

This paper proposes a Low Impact Development (LID) urban drainage plan to control
surface runoff in the Ponta do Farol neighborhood in São Luís, MA. The study investigates
the feasibility and effectiveness of various LID practices, such as rain gardens, permeable
pavements, bioswales, and green streets, in reducing surface runoff and improving water
quality. The methodology includes an analysis of the area's hydrological and topographical
characteristics, identification of major drainage issues, and modeling of different LID
implementation scenarios. Results indicate that LID practices can significantly reduce
runoff volume, mitigate flooding, and filter pollutants, contributing to more sustainable
water management. Additionally, implementing these solutions offers aesthetic and
functional benefits to the neighborhood, promoting biodiversity and creating green spaces
for community use. The study concludes that adopting LID practices is a viable and
1
Aluno Concludente do Curso de ... – Email (Fonte 10, espaçamento simples)
2
Orientador – Escrever aqui a Titulação mais relevante do orientador – Email (Fonte 10, espaçamento simples)
3
Coorientador – Escrever aqui a Titulação mais relevante do coorientador, caso haja um – Email (Fonte 10,
espaçamento simples)
effective strategy for controlling surface runoff in Ponta do Farol, recommending their
integration into the region's urban planning policies.
KeyWords: Ponta do Farol. LID. Urban Drainage. Surface Runoff. Hydrological. Sustainable
Management
Submissão:
Dia mês. Ano

1 INTRODUÇÃO

A urbanização acelerada tem gerado inúmeros desafios para a gestão das águas pluviais,
especialmente em áreas densamente povoadas. Este desequilíbrio se dá por meio de diversos
fatores, tais como a impermeabilização do solo, a poluição do ar, o uso intenso de materiais
condutores de energia térmica no meio urbano, o aumento das edificações e redução das
superfícies vegetadas (TUCCI, 2007; MOTA, 2008). Em muitas cidades, o aumento de
superfícies impermeáveis, como ruas, calçadas e edificações, leva a um aumento significativo
do escoamento superficial, resultando em frequentes inundações, erosão do solo e poluição
hídrica. A cidade de São Luís, no estado do Maranhão, não é exceção a essa problemática,
enfrentando graves problemas de drenagem urbana, particularmente no bairro Ponta do Farol.

Para enfrentar esses desafios, a adoção de práticas de Desenvolvimento de Baixo


Impacto (LID – Low Impact Development) tem se mostrado uma abordagem promissora. As
práticas de LID buscam imitar os processos naturais de infiltração e evapotranspiração da água,
promovendo uma gestão mais sustentável e eficiente das águas pluviais. Entre as técnicas mais
comuns estão os jardins de chuva, pavimentos permeáveis, canteiros pluviais e ruas verdes, que
juntos formam uma rede de infraestrutura verde capaz de mitigar os impactos negativos do
escoamento superficial. Dada a importância dessas áreas para o regime hídrico, tem-se que a
urbanização, dada sua característica, provoca alteração em diversas fases dos ciclos naturais e
especificamente do ciclo hidrológico, alterando diretamente a dinâmica natural dos corpos
d’água e das superfícies das bacias hidrográficas (TUCCI, 2007; MOTA,2008).

Este estudo tem como objetivo propor um plano de drenagem urbana baseado em
práticas de LID para o bairro Ponta do Farol, em São Luís – MA. A pesquisa avalia a viabilidade
e eficácia dessas práticas na redução do volume de escoamento superficial e na melhoria da
qualidade da água, além de considerar os benefícios estéticos e funcionais para a comunidade
local. A incorporação das tipologias de infraestrutura verde à escala local tem por objetivo
principalmente manter ou recuperar, mesmo que parcialmente, a funcionalidade da paisagem,
através da mitigação das interferências antrópicas e da promoção e manutenção dos fluxos
bióticos e abióticos, além de trazerem benefícios específicos para as pessoas como: melhorar a
mobilidade alternativa de baixo impacto (pedestres e ciclistas), diminuir e prevenir enchentes e
inundações, melhorar o microclima, melhorar a qualidade do ar, entre outros. (HERZOG,
2009). A metodologia adotada inclui uma análise detalhada das características hidrológicas e
topográficas da área, a identificação dos principais problemas de drenagem e a modelagem de
diferentes cenários de implementação de LID.

No entanto, uma abordagem mais atual, a chamada Drenagem Urbana Sustentável,


busca soluções que proporcionam a retenção artificial das águas pluviais, a fim de compensar
as perdas na retenção natural. As principais funções exercidas pelas tipologias de infraestrutura
verde voltadas para o manejo das águas pluviais são: purificação (sedimentação, filtração e
absorção biológica), detenção, retenção, condução e infiltração: (CINGAPURA, 2011).
A figura abaixo mostra a evolução da gestão da drenagem urbana ao longo dos anos,
que no princípio tinha como objetivo apenas mitigar a ocorrência de cheias e que hoje objetiva
também a melhoria da qualidade das águas drenadas, a restauração do regime de vazões, o
aproveitamento das águas da chuva, entre outros.

Fonte: 1729 Mini-Blogs for EPASSWMM5 2015

A drenagem sustentável tem como focos principais:

- Respeitar o funcionamento natural da bacia hidrográfica;


- Minimizar os impactos da urbanização;
- Melhor controle sobre os riscos de inundações;
-Menor custo com readequações do sistema de drenagem (custos com
“reinvestimentos”).
Os projetos de sistemas de drenagem sustentável buscam soluções para a drenagem
evitando que os problemas sejam transferidos para áreas vizinhas, bem como a diminuição do
impacto do empreendimento no sistema hídrico e garantia de sua sustentabilidade.

Os resultados esperados deste estudo são a demonstração da capacidade das práticas de


LID em promover uma gestão hídrica mais sustentável e a recomendação de políticas públicas
que integrem essas soluções no planejamento urbano de São Luís. Espera-se que este trabalho
contribua para a conscientização sobre a importância de estratégias de desenvolvimento urbano
sustentável e inspire outras regiões a adotarem práticas semelhantes.

2 – DESENVOLVIMENTO

2.1 - Crescimento Urbano

O crescimento urbano sempre esteve associado à proximidade com recursos hídricos


para facilitar o abastecimento de água. No entanto, a urbanização, especialmente com a
industrialização, trouxe diversos problemas ambientais como alta concentração populacional,
excesso de resíduos, consumo excessivo de recursos naturais, contaminação do ar, solo e água,
e desflorestamento, resultando em problemas de saúde pública (DIAS, 2011).
A falta de planejamento urbano e o adensamento populacional contribuíram para
inundações e enchentes nas áreas urbanas, exacerbadas pela impermeabilização do solo e
ocupação irregular de áreas ambientalmente protegidas.

2.2 - Drenagem Urbana

O transporte rápido de águas pluviais por condutores enterrados contribui para


problemas ambientais ao despejar grandes volumes de água em corpos receptores
despreparados, sem conscientizar a população sobre o impacto. A hidrologia urbana é essencial
para projetos de drenagem, ajudando a entender e controlar os efeitos da urbanização no ciclo
hidrológico. Este ciclo inclui precipitações, escoamentos subterrâneos e superficiais, e
evaporação/transpiração. A poluição pluvial, originada de lixo orgânico, resíduos de construção
e outros, contém sedimentos e patógenos, afetando a qualidade da água, que depende da limpeza
urbana, intensidade da precipitação e uso do solo. Não há soluções únicas para esses problemas,
mas estratégias como educação ambiental, conscientização populacional e o desenvolvimento
urbano de baixo impacto (LID) são promissoras.

2.3 - Gestão de Drenagem Urbana

A gestão da drenagem urbana envolve dois aspectos: impactos externos, controlados


pelo estado ou Federação, e efeitos internos, que são responsabilidade do município. No Brasil,
não há uma política federal abrangente para drenagem urbana, apenas ações regionais isoladas.
Nas cidades, o Plano Diretor de Drenagem Urbana é o instrumento legal de gestão das águas
pluviais, alinhado com outros planos municipais. Segundo Tucci (2012), sua estrutura inclui: a
política de águas pluviais (objetivos e estratégias); medidas estruturais e não estruturais;
produtos (legislação, planos de bacia, manuais); programas de longo prazo; e informações
essenciais (dados hidrológicos e físicos).
Segundo Tucci e Genz (1995, apud AGRA, 2001), o controle das enchentes é uma ação
permanente e que cabe à sociedade como um todo. Além disso, os autores apontam a
importância de não se pensar em uma solução pontual, mas sim de forma contínua e com a
participação da população.
Nesse contexto, Agra (2001) destaca alguns dos princípios de controle para uma
drenagem urbana consistente, sendo eles:
● Bacia vista como um sistema, onde se deve pensar nos impactos referentes à toda ela,
e não somente num ponto crítico isolado;
● Avaliação dos cenários futuros;
● Plano Diretor de Drenagem Urbana;
● Não ampliação da cheia natural;
● Controle permanente;
● Educação ambiental.
De acordo com Tucci (2012), no Brasil não é implantada a ideia de um programa
sistemático de controle das inundações, sendo observadas apenas ações isoladas por parte de
alguns municípios. O autor ainda aponta que a atenção é voltada às enchentes somente após as
suas ocorrências. Tal fato ocorre justamente pela ausência de alguns dos princípios citados por
Agra (2001).

2.4. – Sistemas sustentáveis de drenagem urbana (SUDS)

Os sistemas sustentáveis de drenagem urbana (SUDS - Sustainable Urban Drainage


Systems) surgiram como alternativa à drenagem urbana convencional. O conjunto de técnicas
sustentáveis de controle e gestão das águas pluviais vem como possibilidade de aumento da
taxa de infiltração das águas de chuva no solo e consequente minimização dos impactos
negativos gerados pelo escoamento superficial. Dessa forma, a utilização de tais mecanismos
opera diretamente no gerenciamento de riscos de alagamentos nos locais implantados e na
preservação da bacia hidrográfica.
De encontro ao sistema convencional, no qual a drenagem das águas pluviais ocorre
através de coletores enterrados, os SUDS têm como característica o controle do escoamento
superficial na fonte, isto é, o mais próximo possível do local atingido pela precipitação. Assim,
reduz-se o escoamento através de tecnologias que auxiliam na evaporação e evapotranspiração,
na infiltração no solo e no armazenamento temporário das águas (NETO, 2019).
Segundo Rezende (2010), os projetos de drenagem sustentável fazem uso de estruturas
de controle das águas pluviais em pequenas unidades, reduzindo a necessidade de grandes
dispositivos de manejo na calha dos rios. Além disso, o conceito de sustentabilidade é aplicado,
também, no que diz respeito a melhoria do ambiente construído e da qualidade de vida urbana.
Os objetivos dos SUDS baseiam-se no princípio de que o gerenciamento do fluxo das
águas deve ser realizado a fim de se ter o máximo benefício. Nesse sentido, busca-se reduzir os
impactos negativos da urbanização em termos de qualidade e quantidade de escoamento
superficial e, simultaneamente, contribuir na oferta de amenidade e biodiversidade ao ambiente
(GONÇALVES; NUCCI, 2017). Tais parâmetros apresentam mesma importância entre si e a
solução ideal visa englobar todos eles. Destaca-se, entretanto, que as vantagens a respeito de
cada categoria dependem principalmente do espaço no qual ocorre a implantação.

Figura 2 – Objetivo das SUBS

Fonte: Neto 2019

Contudo, é importante destacar que a instalação de tais dispositivos pode gerar


dificuldades. Agostinho e Poleto (2012) apontam como principais desvantagens dos sistemas
sustentáveis de drenagem urbana:
- Necessidade de manutenção frequente, uma vez que, integrados às áreas urbanas,
tornam-se susceptíveis ao aporte de resíduos sólidos e de sedimentos provenientes da
construção civil;
- Alto custo de implantação em determinados casos;
- Em sua maioria, não são resistentes à altas cargas de sedimento, tornando-se
prejudicial ao sistema devido a possibilidade de colmatação.
Nesses casos, faz-se necessária a introdução de dispositivos capazes de contribuir para
a retenção de sólidos.
De acordo com Gonçalves e Nucci (2017), a execução de SUDS pode se dar em
diferentes níveis de tamanho e complexidade. Assim, a aplicação de um sistema de drenagem
sustentável pode ocorrer desde um único estabelecimento, tal como um estacionamento, indo
até mesmo em uma escala municipal, com a criação de uma rede urbana de infraestrutura verde.

2.5. - Desenvolvimento de Baixo Impacto – LID (Low Impact Development)

Considera o problema de forma integrada, tentando resgatar as características naturais


do ciclo hidrológico, enquanto agrega valor à própria cidade. Projetos com uso de LIDs são
elaborados de forma a se criar uma “paisagem multifuncional” capaz de incorporar
características de projeto que buscam simular as funções de infiltração e armazenamento da
bacia pré-urbanizada. Essa técnica foi bem explicada no post CRIANDO CIDADES
SUSTENTÁVEIS. Abaixo são apresentadas as principais diferenças entre as práticas LID e as
práticas convencionais.

Fonte: Maryland, Washington DC e Florida. Fletcher et al. (2014)

Tendo em vista que este estudo objetiva identificar e propor soluções para áreas com gargalos
no quesito drenagem, que apresentam problemas recorrentes de alagamento. Após a escolha
do local de alagamento, foi feita a divisão da área total em quatro subáreas para facilitar a
análise e a implementação de medidas corretivas, assim, classificando os tipos de terrenos e
fazendo correlações as suas respectivas soluções de infraestrutura verde.
A drenagem urbana inadequada é um problema recorrente em muitas cidades, resultando em
alagamentos frequentes que comprometem a infraestrutura e a qualidade de vida dos
habitantes. A análise de áreas específicas com problemas de drenagem permite a identificação
de soluções direcionadas e eficazes. De acordo com Barbosa e Fernandes (2018), as
infraestruturas verdes são uma alternativa promissora para mitigar os efeitos negativos das
chuvas intensas em áreas urbanas.
Inicialmente, foi identificada uma área problemática, que foi subdividida em quatro subáreas
para uma análise detalhada.

A Área 1 mostrou-se com o maior índice de alagamento, atribuível à sua topografia inclinada.
Conforme apontado por Costa et al. (2019), regiões com desníveis acentuados apresentam
desafios maiores em termos de escoamento superficial, agravando os problemas de
alagamento.
Caracterizada por uma maior inclinação demostrou ter o maior índice de alagamento, porém
não afeta diretamente a região do problema proposto na área 3.

Figura nº : Divisão da área escolhida. Fonte: Google Earth

Imagem 2: área 1 em 3D

Fonte: Google earth


A Área 2, composta principalmente por zonas residenciais e edifícios, apresenta problemas
semelhantes de acúmulo excessivo de água. A infraestrutura atual é insuficiente para
gerenciar o volume de água, resultando em alagamentos significativos. Estudos de Souza e
Almeida (2021) mostram que soluções baseadas em infraestruturas verdes, como jardins de
chuva e telhados verdes, podem reduzir significativamente o runoff em áreas residenciais.
Imagem 3: Área 2 em 3D

Fonte: Google earth


A Área 3, onde está localizada uma avenida principal, sofre com o acúmulo de água devido
aos escoamentos provenientes das Áreas 1 e 2. A topografia desta área faz com que ela receba
grande parte do escoamento superficial das áreas adjacentes, aumentando os índices de
alagamento na via. Mendes et al. (2017) sugerem que a implementação de pavimentos
permeáveis em avenidas pode ajudar a reduzir os alagamentos e melhorar a infiltração da
água no solo.
Imagem 4: Área 3 e 4 demostradas em 3D com destaque para o ponto crítico de alagamento.

Fonte: Google earth


A Área 4 em questão apresenta uma topografia favorável ao escoamento natural da água

da chuva, evitando, assim, a ocorrência de alagamentos. No entanto, a implementação de um


sistema de drenagem verde ainda se mostra fundamental para a sustentabilidade ambiental e a
qualidade de vida dos moradores. A drenagem verde, que inclui técnicas como jardins de
chuva, pavimentos permeáveis e telhados verdes, tem o objetivo de aumentar a infiltração de
água no solo, reduzindo o volume de escoamento superficial e promovendo a recarga dos
aquíferos.
Além disso, essas soluções ecológicas ajudam a filtrar poluentes, melhorando a qualidade da
água que retorna ao meio ambiente. Elas também contribuem para a redução das ilhas de calor
urbanas, proporcionando um clima mais ameno e agradável na região. Ressaltamos que com a
drenagem verde, há uma valorização estética do espaço urbano, integrando natureza e
infraestrutura de forma harmoniosa. Assim pode-se inferir que nos locais com vegetação há
uma melhoria microclimática e diminuição da poluição concordando com Cavalcanti et al.
(2003) e Andreatta (2011).
Mesmo em áreas sem histórico de alagamentos, a adoção de práticas de drenagem sustentável
é essencial para garantir um futuro resiliente e ecologicamente equilibrado.

As análises das subáreas revelaram a necessidade urgente de soluções específicas para cada
tipo de ocupação e características topográficas. As infraestruturas verdes surgem como uma
alternativa viável e eficaz para mitigar os problemas de drenagem urbana. Recomenda-se a
realização de estudos adicionais para avaliar a implementação dessas soluções e monitorar
seus impactos a longo prazo. Pensando nisso, ampliamos as áreas de pesquisa e
conhecimentos para idealizarmos os métodos para padronização e aplicação adequada do
desafio proposto, portanto, verificamos algumas Normas que possuem correlações com a tema
proposto.

Quadro 1 – Normas Acadêmicas da ABNT


Norma Título da Norma Ano Situação Fonte:
NBR 10844 Instalações prediais de águas pluviais 1989 Em vigor
NBR 12213 Projeto de capitação de água de superfície para 2018 Em vigor
abastecimento público
NBR 12208 Projeto de estação de bombeamento ou de estação 2012 Em vigor
elevatória de esgoto
NBR 15575 Desempenho de edificações habitacionais 2024 Em vigor
NBR 9050 Acessibilidade a Edificações, Mobiliário, Espaços e 2021 Em vigor
Equipamentos Urbanos
Adaptado da ABNT

Em nossa pesquisa, destacamos a necessidade de padronização na aplicação de técnicas de


infraestrutura verde e drenagem de baixo impacto (LID) por meio do órgão regulamentador
(ABNT). A importância e relevância da implementação do LID já são reconhecidas, contudo,
a ausência de normatizações específicas dificulta a aplicação uniforme dessas técnicas.
Destacamos normas que correlacionem com o tema proposto como de exemplo;

1. NBR 15575 - Edificações Habitacionais – Desempenho


- Estabelece requisitos para o desempenho de edificações habitacionais, incluindo aspectos
de sustentabilidade e eficiência no uso da água.

2. NBR 9050 - Acessibilidade a Edificações, Mobiliário, Espaços e Equipamentos Urbanos


- Embora foque em acessibilidade, essa norma pode influenciar projetos que integrem
infraestrutura verde ao planejar áreas urbanas inclusivas.

Além disso há normais Federais, diretrizes e regulamentações municipais que trabalham em


certas localidades a implementação da infraestrutura verde e drenagem de baixo impacto
(LID).

Normas Federais

1. Constituição Federal de 1988


- A Constituição Federal de 1988 aborda a proteção ao meio ambiente e a utilização racional
dos recursos naturais em vários artigos, incluindo o Art. 225, que estabelece a obrigação do
poder público e da coletividade de defender e preservar o meio ambiente para as gerações
presentes e futuras.
2. Lei nº 6.938/1981
- Institui a Política Nacional do Meio Ambiente, definindo princípios, objetivos e
instrumentos, dentre eles o uso racional dos recursos naturais.

3. Lei nº 9.433/1997
- Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, promovendo a gestão integrada e
sustentável dos recursos hídricos e incentivando técnicas de infraestrutura verde e drenagem
sustentável.

Diretrizes de Infraestrutura Verde e Drenagem de Baixo Impacto

1. Manual de Drenagem Urbana Sustentável (MDUS)


- Desenvolvido pelo Ministério do Desenvolvimento Regional, este manual fornece
diretrizes e práticas recomendadas para a implementação de infraestrutura verde e técnicas de
drenagem sustentável.

2. Diretrizes para o Desenvolvimento Urbano Sustentável (Portaria n.º 114/2021 do


Ministério do Desenvolvimento Regional)
- Define princípios e critérios para o desenvolvimento urbano sustentável, incentivando o
uso de técnicas de infraestrutura verde e LID.

Regulamentações Municipais

1. Código de Obras e Edificações


- Diversos municípios possuem seus próprios códigos de obras, que podem incluir diretrizes
específicas para infraestrutura verde e práticas de drenagem sustentável.

2. Planos Diretores Municipais


- Instrumentos de planejamento urbano que estabelecem diretrizes para o uso e ocupação do
solo, frequentemente incluindo princípios de sustentabilidade e técnicas de drenagem de baixo
impacto.

Exemplos de Aplicação

1. São Paulo - Decreto nº 57.649/2017


- Regulamenta a Política Municipal de Mudança do Clima, incentivando o uso de
infraestrutura verde e técnicas de drenagem sustentável.

2. Rio de Janeiro - Lei Complementar nº 157/2015


- Institui o Código Ambiental Municipal, promovendo práticas sustentáveis, incluindo a
utilização de infraestrutura verde.

Para um entendimento completo e detalhado sobre as normas e regulamentações específicas, é


aconselhável consultar os documentos mencionados e verificar as diretrizes regionais e locais.
Isso pode oferecer orientações mais específicas e atualizadas, promovendo uma ideia da
aplicação uniforme e eficiente das técnicas de infraestrutura verde e drenagem de baixo
impacto.
2.5 - Infraestrutura Verde

A Infraestrutura Verde, no planejamento ambiental, consiste em uma rede de áreas


verdes naturais e espaços abertos que conservam valores e funções ecológicas, mantêm a
qualidade do ar e da água, e proporcionam benefícios para a vida selvagem e as pessoas.
Dispositivos de infraestrutura verde mimetizam as funções ecológicas e hidrológicas dos
ambientes naturais. Este trabalho propõe uma infraestrutura verde baseada na
compartimentação ambiental da paisagem e no zoneamento ambiental, que considera os
processos naturais para garantir a estabilidade da base biofísica da sociedade. A proposta inclui
alternativas para drenagem urbana e outros serviços sistêmicos na paisagem urbana, utilizando
infraestrutura verde multifuncional. O engajamento da população é fundamental para a
melhoria e implementação dessas propostas, por meio de discussão e envolvimento ativo na
aplicação dos dispositivos.

2.5.1 - Infraestrutura Verde – Dispositivos

2.5.2 - Jardim de Chuva

Os jardins de chuva, também conhecidos por biorretenção, são uma técnica que usa as
características do paisagismo para promover a retenção e/ou tratamento da água pluvial. São
formados por uma área com depressão constituída de material poroso, sob uma superfície
vegetada. Essas áreas têm frequentemente um poço de infiltração subterrâneo para favorecer a
infiltração, principalmente em solos argilosos e também drenos para permitir o escoamento do
excesso de água. Os jardins de chuva propiciam
a recarga de águas subterrâneas, a remoção de poluentes e a detenção de escoamento. É
uma solução eficaz em estacionamentos ou áreas urbanas, onde o espaço verde é limitado EPA
(2013).
O solo tratado previamente com composto e demais insumos que aumentam a sua
porosidade, atua como uma esponja sugando a água, ao mesmo tempo que microrganismos e
bactérias no solo removem os poluentes oriundos do escoamento superficial. A vegetação, que
faz parte da cobertura, é responsável pelo aumento da evapotranspiração e remoção de
poluentes (MOURA, 2014). Já o fato da água ser totalmente infiltrada ou vertida está
relacionado às condições geotécnicas do solo, devendo ainda ser dimensionados extravasores
para os altos picos de escoamento superficial.

Fonte: (NRCS, 2013; UCONN, 2018)


2.5.3 - Canteiros Pluviais

São jardins de chuva de pequenas dimensões em cotas mais baixas, que podem ser
projetados nas ruas ou em edifícios, para receber as águas do escoamento superficial de áreas
impermeáveis. Benefícios: detenção e filtragem preliminar de água, infiltração, diminuição do
escoamento superficial (runoff), promoção da biodiversidade, moderação da ilha de calor,
evapo-transpiração, captura de carbono, entre outros (HERZOG, 2009; MARTIN, 2011;
CINGAPURA, 2011)
Funções hídricas: purificação (sedimentação, filtração e absorção biológica),
detenção e infiltração.

Figura: Exemplos de canteiros pluviais Fonte: MARTIN, 2011.

2.5.4 – Pavimentos Porosos

Os pavimentos porosos ou drenantes são uma solução para reduzir a


impermeabilidade das superfícies urbanas, uma vez que permitem a infiltração das
águas pluviais. Seu principal benefício é a redução do escoamento superficial (runoff) e
consequentemente das inundações. Podem ser usados em calçadas, vias, estacionamentos,
pátios, quintais residenciais, parques e praças. Dentre as opções de materiais pode-se citar:
asfalto poroso, concreto permeável, blocos intertravados, brita e pedriscos. (HERZOG, 2009).
Funções hídricas: purificação (sedimentação, filtração e absorção biológica), detenção
e infiltração.
Figura : Estacionamento e pavimentos porosos. Fonte: HERZOG,2009; HERZOG,2011

2.5.5 – Ruas Verdes

São ruas cuja principal característica é a arborização intensa. Em geral a


circulação viária é mais restrita, com preferência para pedestres e ciclistas, não havendo
trânsito de veículos pesados. A arborização deve dar preferência à vegetação nativa, que
promova biodiversidade urbana, e com indicação adequada a cada caso. Além da intensa
arborização, as ruas verdes devem ser compostas por: canteiros de chuva, pavimentos porosos,
biovaletas, traffic-calming, acessibilidade universal, travessias preferenciais para pedestres de
forma segura e bem demarcadas, entre outros. (HERZOG, 2009)
A maioria dos benefícios é decorrente dos serviços ecossistêmicos prestados pelas
árvores, como: melhora da qualidade do ar, captura de carbono, sombreamento, aumento da
umidade do ar através da evapotranspiração, aumento da capacidade de infiltração das águas,
diminuição do escoamento superficial, redução das ilhas de calor, redução dos níveis de ruídos,
entre outros. Além disso, as ruas verdes prestam outros benefícios, como: conexão para avi-
fauna e micro-fauna entre fragmentos de vegetação, parques e praças; amenização do clima;
estímulo à circulação de baixo impacto; valorização da área e educação ambiental. (HERZOG,
2009)
Funções hídricas: purificação (sedimentação, filtração, absorção biológica), detenção,
condução e infiltração.

Figura : Ruas Verdes. Fonte: HERZOG, 2009; http://hpigreen.com/tag/bureau-ofenvironmental-services


2.5.6 - Parques Lineares

Os parques lineares são áreas destinadas à conservação e a preservação dos recursos naturais,
tem como principal característica a capacidade de interligar fragmentos florestais e outros
elementos encontrados em uma paisagem, assim como os corredores ecológicos. Neste tipo de
parque têm-se a agregação de funções de uso humano, expressas principalmente por atividades
de lazer e como rotas de locomoção humana não motorizada, compondo desta forma princípios
de desenvolvimento sustentável (GIORDANO, 2004 apud FRIEDRICH, 2007).

Os parques lineares atendem interesses diversos:

• Manejo das águas pluviais com a manutenção da área de várzea maior dos rios e córregos,
pois serve de espaço de inundação durante os períodos de chuvas intensas;
• Parte de projeto de recuperação ambiental ao longo de rios e lagos;
• Espaços de recreação e revitalização ao longo de trilhas abandonadas;
• Como corredores naturais, ao longo de rios possibilitando o deslocamento de espécies;
• Rotas cênicas ou históricas, ao longo de estradas, rodovias, rios e lagos;

Bonzi (2015) afirma que córregos desenterrados acompanhados da criação de parque linear
reabilitam alguns processos naturais e funções ecossistêmicas de sua várzea natural de
inundação. A Figura (número da figura) apresenta o parque linear Caulim, em Parelheiros, São
Paulo. Uma abordagem mais ampla do parque linear como elemento de requalificação
ambiental urbana é o conceito da trama verde-azul, na qual os corpos hídricos e os parques
adjacentes se interligam permitindo, além das vantagens já citadas, a recuperação de um maior
número de elos da cadeia ecossistêmica Falkenmark et al. (2006) e Bergé et al. (2016).

Figura nº Parque linear Caulim, em Parelheiros. Fonte: PMSP, 2011

Silva (2015) discute os diferentes graus de intervenção em corpos d'água, definindo-os como:

- Renaturalização: Restabelecimento das relações entre o corpo d'água e a paisagem,


retornando-o à sua condição natural ou o mais próximo possível.
- Revitalização: Restabelecimento funcional das relações entre o corpo d'água e a paisagem,
reintroduzindo o canal sem privar outros usos.

- Recuperação: Restabelecimento das condições físicas, químicas e biológicas mínimas para


garantir a despoluição e condições sanitárias satisfatórias.

Pinkham (1999) destaca o conceito de "daylighting" como uma expressão radical da


infraestrutura verde, que envolve a recuperação de córregos enterrados em galerias
subterrâneas.

2.5.7 – Sistema de Contenções Vegetadas

As movimentações de terra devem ser evitadas para diminuir o impacto ambiental, no entanto,
muitas vezes se fazem necessárias para a implantação da infraestrutura urbanística. Se as
escavações resultam em taludes com declividade muito acentuada, devem ser previstos muros
de contenção para evitar a erosão do solo.
O uso da cobertura vegetal é uma solução interessante para evitar a ação da erosão do solo,
tanto em taludes quanto em muros de contenção. A implantação da vegetação em taludes
contribui com a estrutura do solo, pois aumenta a retenção e a infiltração da água, diminui a
velocidade do escoamento das águas pluviais e protege contra o impacto direto das gotas de
chuva (BERTONI; NETO, 1990). As contenções vegetadas podem ser estruturadas através de
gabiões vegetados, que consistem em uma armação preenchida com pedras em forma de cubo,
flexíveis e drenantes combinadas com vegetação, ou estacas vivas que são muros de pedra
vegetados, sustentados por fincas de madeira (Vasconcellos, 2015).
Mascaró (2010) afirma que a vegetação contribui com a estabilidade das encostas, visto que a
inclinação da vegetação informa sobre a estabilidade do terreno e fornece meios para se obter
a estabilização das encostas.

Figura número tal: Proteção de encostas por meio de terraços sucessivos. Fonte: Adaptado pelos autores de
Mascaró e Mascaró (2010).
Figura nº tal: Proteção de encostas por faixas alternadas de estacas, grama e arbustos. Fonte: Adaptado pelos
autores de Mascaró e Mascaró (2010).

2.5.8 – Sistemas Agroflorestais (SAF’S)

Os SAFs são sistemas agroflorestais biodiversos e possuem alta capacidade para


melhorar o meio ambiente. São formados por plantios de diversas/diferentes espécies vegetais
na mesma área e, ao mesmo tempo (consórcios).

Contudo já tenho em mente a implementação do mesmo e as espécies que podemos usar,


isso ajudaria tanto no processo de drenagem como melhoria de qualidade de vida para a região
e adjacências.

Figura nº : Sistema Agroflorestal. Fonte: National Geographic

2.5.9 – Faixa Gramada


Áreas lineares recobertas com grama ou vegetação similar, destinadas a receber o
escoamento superficial das áreas impermeabilizadas. Como exemplo: a implantação de faixa
gramada no logradouro público, especificamente na calçada (o ideal é ter uma cota mais baixa
que o calçamento, para aumentar a capacidade de retenção), próximo ao meio-fio das vias
públicas, amortizando o escoamento direto das áreas construídas para o sistema público de
drenagem.

Finalidade - aumentar a perspectiva de infiltração e recarga dos aquíferos e promover a


diminuição do volume de água no sistema de drenagem urbana. Empregadas comumente como
pré-tratamento de outras BMP, proporcionando a redução da velocidade de deflúvio, além de
trazer benefícios estéticos e paisagísticos, agregando áreas verdes aos espaços urbanos
(TOMAZ,2005).

Legislação - o Decreto N. 11.090/2010 regulamenta o Art. 19, do capitulo III, da Lei N.


2.909/1992, estabelecendo especificações para as calçadas no município de Campo Grande -
MS.

O Art. 1° do Decreto N. 11.090/2010 recomenda a execução de faixa


gramada/permeável nas calçadas de

Art. 1º - As calçadas serão constituídas por 1 (uma) faixa pavimentada, livre e


desimpedida de obstáculos, para o trânsito de pedestres, e 1 (uma) faixa de serviço, junto ao
meio-fio, destinada à implantação de mobiliário urbano (sinalização vertical, postes, lixeiras,
árvores, orelhões, pontos de ônibus e táxi, entre outros), a qual deverá ser PERMEAVEL E
GRAMADA, onde não houver mobiliário urbano ou acessos.

Figura nº: Área gramada. Fonte: https://pxhere.com/pt/photo/239802#google_vignette


2.6 Biovaletas

As biovaletas (bioswales ou valas de infiltração) são estruturas paisagísticas integradas às


técnicas de Desenvolvimento de Impacto Baixo (LID), projetadas para desacelerar, limpar e
infiltrar águas pluviais no subsolo. Seus principais objetivos são minimizar e retardar o
escoamento de águas pluviais, além de melhorar a qualidade da água (BEDAN E CLAUSEN,
2009). A configuração dos projetos de biovaletas pode variar significativamente, podendo
incluir ou não barragens de retenção e mídia de armazenamento subterrânea. Atualmente,
diversos tipos de sistemas de biovaletas estão sendo utilizados, como valas de grama, filtros
biológicos e tiras de filtro (SHAFIQUE E KIM, 2017). Elas também podem ser instaladas em
áreas relativamente pequenas, substituindo meios-fios e sarjetas (FREEBORN; SAMPLE;
FOX, 2012). Essas estruturas possuem custos relativamente baixos de construção e
manutenção, podendo ser adaptados de acordo com os requisitos e condições locais
(SHAFIQUE; KIM, 2017).

Outra vantagem diz respeito à redução considerável da velocidade do escoamento


da água que é efetivada pela rugosidade da vegetação associada à sinuosidade e
escalonamento do projeto (BONZI, 2015). Conforme Vaconcellos (2015), as funções
hídricas são: detenção, purificação por sedimentação, filtração e absorção biológica
e condução.

Segundo Dias et al (2002), várias espécies de plantas podem crescer em zonas úmi-
das, no entanto é importante observar os seguintes aspectos:
- Crescimento rápido sob diversas condições;
- Elevada capacidade de transpiração;
- Tolerância a diferentes níveis de água e também de secura;
- Resistência a valores de pH baixos e elevados;
- Crescimento profundo de raízes e rizomas, que contribui quer para o transporte de
oxigênio;
- Construção de novas raízes nos nós quando estes ficam envolvidos por novo
material colonizável e;
- Plantação fácil.

As biovaletas também contribuem com a umidificação do ar através da


evapotranspiração ocasionada pelas plantas. Conforme afirmam Pott e Pott (2002),
todas as espécies aquáticas podem ser consideradas como despoluidoras, a
vegetação selecionada possui características similares as apresentadas nos
canteiros pluviais, além dos aspectos já mencionados, a vegetação deve favorecer a
purificação das águas e possuir sua tipologia foliar que favoreça a diminuição da
aceleração do escoamento superficial das chuvas.
Figura nº : Esquema de uma biovaleta. Fonte: Adaptado pelos autores de Bonzi (2015)

3 METODOLOGIA

A pesquisa foi conduzida em duas etapas:

1 – Caracterização da área de estudo e delimitação da bacia hidrográfica;

2 – Propostas de desenvolvimento urbano de baixo impacto, utilizando técnicas de


infraestruturas verdes.

A escolha da área para o presente estudo foi em uma região nobre da grande ilha, mais
precisamente localizada no bairro Ponta do Farol. A área é ocupada por residências de alto
padrão, que embora sejam de alto padrão apresentam problemas mais típicos de área urbana
como inundações (alagamentos), prédios comerciais e áreas de loteamentos vazios e
pavimentação de vias urbanas trafegáveis.

3.1 Delimitação da Área

- Localização: Avenida dos Holandeses está no bairro Ponta do Farol, município de São
Luís, estado do Maranhão, região Nordeste do Brasil. As coordenadas geográficas de Avenida
dos Holandeses são latitude -2.4909809 e longitude -44.2962118. A área de estudo esta
localizada em São Luís – MA no bairro Ponta do Farol, especificadamente na avenida que corta
essa região chamada de Avenida dos Holandeses.

- Características Geográficas: O relevo é ondulado com altitude média de 25 metros, o


clima é tropical semi-úmido sendo fortemente influenciado pelo mar e pela Zona de
Convergência Intertropical. Além da vegetação litorânea, composta de manguezais, há
pequenas áreas de Floresta Amazônica que resistiram ao processo de urbanização. As bacias
hidrografias da grande ilha são divididas na bacia hidrográfica do rio anil e bacia hidrográfica
do rio Bacanga, sendo nossa região banhada mais pela bacia do rio Anil. Tipo de solo que
predomina na região é caracterizado por Podzolico Vermelho Amarelo Concrecionário.
A topografia da região apresenta altimetria, elevações e também apresenta uma
topografia geralmente plana levemente ondulada em algumas áreas, considerando a
proximidade com o nível do mar, apresenta também alguns declives suaves que influenciam o
padrão de escoamento superficial. Podendo também encontrar na topografia áreas com
proximidades ao mar, isso significa uma influência maior das marés, ou pode afetar a drenagem
e a infiltração, especificadamente em áreas mais baixas, algumas áreas com baixas altitudes
como as planícies costeiras, onde algumas partes do bairro podem ser classificados como
planícies costeiras, que são susceptíveis a inundações e têm capacidade de drenagem natural
limitada e ainda na mesma região encontram-se algumas áreas alagadas, que são as regiões mais
baixas e podem ser propensas a alagamentos temporários durante eventos de chuva intensa ou
marés altas, incluindo especificadamente a região escolhida.

3.2 – Coleta de Dados

- Mapeamento: Utilização de ferramentas GIS ( Sistema de Informação Geográficas )


para mapear a área.
- Dados de Infraestruturas: Levantamento da infraestrutura existente, como sistemas de
drenagem atuais, ruas, áreas pavimentadas e espaços verdes.

3.3 – Modelagem e Simulação

- Software utilizado: Contour Map Creator, Google Earth.

Diante de dados coletados pelas plataformas de software analisamos a área delimitada


e escolhida para o artigo em um total de 310.400,63m² com um perímetro de 2.282,43m (figura
número). Contudo já exposto e área escolhida aplicamos o Contour Map Creator para
visualização da área via satélite e demarcação da mesma ou seja a delimitação exata da área,
nele plotamos as curvas de níveis em um determinado intervalo (5) e em um número escolhido
(22), para melhor visualização de altura da área e do ponto de alagamento. O presente software
gera um arquivo KML (<kml xmlns="http://www.opengis.net/kml/2.2"
xmlns:gx="http://www.google.com/kml/ext/2.2”) onde aproveitamos o mesmo e plotamos no
Google Earth assim gerando a visualização das curvas de nível em um mapa 2D via satélite.
Captando todas as imagens da área, curvas de níveis delimitamos a separação da mesma em 4
áreas como mostra na figura abaixo, essas áreas serviram para o calculo da vazão inicial (Q),
sendo elas essências para encontrar a intensidade (I) e o coeficiente de escoamento superficial
(Cm), já tendo a área limitada e empregamos o método racional para o cálculo da vazão (Q).
Ao dimensionar um sistema de drenagem, é necessária uma vazão de projeto para obter
resultados importantes para refinar o projeto geral. Este é um parâmetro importante no
dimensionamento de estruturas hidráulicas, estruturas de engenharia e na faixa de índices de
alerta de enchentes (STEFFEN; RONDON, 2000).
De acordo com Gribben (2014), o método racional é uma fórmula para calcular a vazão máxima
para pequenas áreas de captação. De acordo com Tucci et al. (1995), este método racional é
frequentemente usado para determinar a vazão máxima em áreas de captação de até 2 km².
A fórmula para o cálculo da vazão de escoamento superficial utilizando o método racional é
dado na equação:
Q=IxCxA
Onde:
Q é a vazão da área de contribuição dada em m³/s;
C é o coeficiente de escoamento superficial (adimensional); I é a intensidade média da
precipitação dado em m/s;
A é a área de contribuição da bacia de contribuição dada em m².

Para o coeficiente de escoamento utilizamos os tipos de áreas e ocupações da mesma para


identificar o valor dado na tabela do roteiro desse artigo interdisciplinar I. Para a área escolhida
tivemos escoamento (Cm) relacionados a áreas como prédios com apartamentos, telhados, lotes
vazios, áreas com pavimentações e área residencial com moradias separadas em um total de
Cm = 0,56.
Ai/A Coeficiente
A1 0,27 0,53
A2 0,26 0,57
A3 0,13 0,65
A4 0,34 0,56
∑ = 0,54

Calculando o coeficiente de escoamento médio da área total partimos para o encontro do Tc


(tempo de concentração), usando para a equação um tempo de retorno de 25 anos no geral e
uma equação de intensidade da chuva para São Luís já encontrada na bibliografia.

A precipitação é entendida em hidrologia como toda a água do ambiente atmosférico que atinge
a superfície da terra. Nevoeiro, chuva, granizo, granizo, orvalho, geada e neve são as diferentes
formas de precipitação. A diferença entre essas precipitações é o estado em que a água se
encontra (BERTONI; TUCCI, 1993).
Segundo Botelho (2011), a precipitação pode ser determinada por meio da equação de
precipitação para cidades com regimes hidrológicos conhecidos. A equação da precipitação é
chamada de equação IDF (Intensidade-Duração-Frequência), ou seja, leva em consideração a
intensidade da chuva em determinado local, a duração dessa chuva e a frequência de ocorrência.
A equação das chuvas intensas é essencial no projeto de sistemas de drenagem urbana, pois os
sistemas de drenagem urbana devem suportar vazões máximas associadas à precipitação
máxima para o determinado período de retorno considerado (COLOMBELLI; MENDES,
2013).
Para o cálculo da intensidade de precipitação, é dada a equação:

Em que:
K, a, b e c = constantes fornecidas pelos parâmetros IDF;
Tc – tempo de concentração em minutos;
Tr – tempo de retorno em anos.

Figura número : Equação de intensidade de chuva. Fonte: Adaptado de Campos et al (2015)

Segundo Tucci (1995), o tempo de concentração (Tc) é o tempo que toda a bacia do canal leva
para contribuir com o escoamento superficial no ponto em estudo, e é dado pela fórmula de
Kirlpich, que leva em consideração o comprimento do principal curso e a diferença das cotas
das bacias de contribuição expressa equação:

Onde:
Tc – tempo de concentração em minutos; L – comprimento do curso principal da bacia em km;
Δh – é a diferença das cotas da bacia em metros.

Os dados já coletados fixamos o cálculo do tempo de concentração e em seguida da intensidade


para São Luís e obtivemos Tc = 7,73mm, i = 4,34 x 10^-5 mm/s, agora podemos calcular a
vazão (Q) que dará Q = 7,27m³, referente a vazão inicia da área antes da aplicação de algumas
estruturas verdes. Vazão essa razoável ao contexto de algumas biografias citadas.

- seria bom expressar aqui o cálculo


ÁREA 1 83.795,36m²
ÁREA 2 79.843,29m²

ÁREA 3 38.893,5m²
ÁREA 4 106.393,68m²

O presente estudo tem como objetivo implementar técnicas de infraestrutura verde e


drenagem de baixo impacto (LID), para o controle de captação do escoamento superficial na
região da Ponta do Farol em são Luís – MA. No processo de planejamento e gestão urbana, há
uma dificuldade em desconstruir sistemas de drenagem obsoletos e ineficientes. Portanto, é
importante desenvolver estudos e alternativas que permitam a integração de estratégias
inovadoras para a adequação dos sistemas de drenagem.
O planejamento urbano e o desenho ambiental podem combinar conceitos e técnicas que
respondam de forma eficaz às consequências das deficiências nos sistemas de drenagem, que
têm causado inundações em várias cidades do país. A drenagem urbana é fundamental para o
planejamento urbano.

4 – RESULTADOS E DISCURSÕES

No planejamento e desenho ambiental, a Infraestrutura verde pode ser compreendida


como uma rede de áreas verdes naturais e outros espaços abertos que conservam valores e
funções ecológicas, sustentam o ar e água limpos e fornecem ampla variedade de benefícios
para as pessoas e vida selvagem que deverão nortear as ações de planejamento e
desenvolvimento territoriais de forma a garantir a existência de processos vivos (FRANCO,
2010).
Dispositivos como infraestrutura verde inseridas no contexto urbano “mimetizam
funções ecológicas e hidrológicas dos ambientes naturais” (CORMIER; PELLEGRINO, 2008).
Este trabalho será desenvolvido a partir de várias infraestruturas verdes baseada na
compartimentação ambiental da paisagem e o zoneamento ambiental com base nos processos
naturais que fornecem subsídios para que a sociedade mantenha certa estabilidade de sua base
biofísica. Assim, optar-se-á por propor alternativas que contemplem questões ligadas a
drenagem urbana, premissa oriunda da engenharia, bem como a prestação de outros serviços
sistêmicos que possam ser ofertados a paisagem urbana, trabalhando dessa forma com
infraestrutura verde multifuncional, como deve ser. A proposta aqui apresentada faz parte
de um trabalho que está sendo desenvolvido com o engajamento da população da região
estudada, que vem atuando com ações de cunho eco social na busca da sustentabilidade.
Essa participação maciça e ativa da população é fundamental e vai propiciar a melhoria da
escolha dos dispositivos aqui apresentados por meio de discussão e envolvimento ativo na
aplicação deles.
Com a divisão das áreas da região total delimitou-se que para a área 1 fosse necessário
a implementação de infraestruturas como sistemas agroflorestais (SAFS), otimizam o uso da
terra, conciliando a preservação ambiental com a produção de alimentos, conservando o solo e
diminuindo a pressão pelo uso da terra para a produção agrícola. Podem ser utilizados para
restaurar florestas e recuperar áreas degradadas como área de reflorestamento a fim de conter
também essa água que vem desde o pico mais alto do mapa, que é realmente a região 1, com
presenças de lotes e terrenos vazios e com estruturas geográficas em declive e acentuadas. Os
SAFS ajudam na melhoria do solo, na captação e infiltração de água do mesmo pelas espécies
de plantas utilizadas que podem ser leguminosas de porte médio, frutíferas, arbustos fazendo
um consorcio com as mesmas para melhoria do solo ali implantado.
Ainda na mesma área 1 podemos também implementar a infraestrutura verde do tipo
parque lineares por ter uma extensa área sem uso, a mesma pode ser reaproveitada para uso da
comunidade e assim ajudando na diminuição do escoamento de água oriundo dessa região além
de melhorar a aparência visual da região. A implantação dos parques lineares traz inúmeros
benefícios para várias comunidades, atraindo pessoas de diversas faixas etárias e sociais, que
buscam lazer, esporte e recreação, resultando na melhoria da qualidade de vida dos usuários da
qualidade ambiental e urbana da região, além de promover valorização imobiliária. Neste
trabalho busca-se discutir a compatibilidade de aspectos relativos à conservação dos recursos
naturais e do uso público das mesmas, para o lazer, cultura, educação e circulação não-
motorizada.
Mora (2013), salienta algumas características socioambientais específicas das áreas em
que serão implantados, destacando alguns de seus elementos, como:

• Rede de drenagem;
• Reservatório de controle de cheias;
• Canaletas para drenagem das águas pluviais;
• Dissipadores de energia para altas declividades;
• Canalização;
• Conservação da biodiversidade e dos recursos naturais;
• Formação de corredores ecológicos;
• Aumento das áreas verdes;
• Melhoria do microclima urbano e da captura de poeiras e gases;
• Promoção de sensibilização ambiental;
• Incentivo as práticas esportivas ao ar livre e ao transporte sustentável;
• Prevenção da ocupação ilegal;
• Redução significativa das atividades potencialmente poluidoras nestas áreas;
• Integração e harmonização do ambiente natural com urbano;
• Valorização imobiliária da região dos investimentos.

Os parques lineares e as áreas verdes valorizam as cidades, absorvem a poluição,


proporcionando aos frequentadores saúde física e mental, espaços apropriados a prática de
atividades físicas, rentabilidade e disposição, no âmbito social, o estimulo ao uso da bicicleta,
com uma distribuição mais harmoniosa dos vários usos da cidade e a diminuição da necessidade
de deslocamentos de maior distância. Valorização de maneira sustentável (MOURA 2003).
A legislação brasileira ambiental nos apresenta inúmeras leis, incentivo à preservação e
recuperação natural do meio ambiente. Leis decorrentes de várias décadas que ainda sofrem
alterações. O Código Florestal Brasileiro editado, em 1934 (Decreto 23.793, de 23 de janeiro
de 1934) já se destacavam conceitos a preservação. Em 1965, a Lei Federal 4.771/65, destacou-
se o “Código Florestal”, que delimitou a largura das faixas às margens dos córregos e rios a
serem preservadas, porém a questão urbana não entrou em discussão naquele período.
Figura número: Vantagens e Desvantagens. Fonte: BENNETT (2003) e KREBS (1994).

Com base ainda na mesma área notamos que cabe o uso também da infraestrutura verde de
sistema de contenção vegetadas que é uma técnica de engenharia ambiental que utiliza a
vegetação para estabilizar solos, controlar a erosão e melhorar a qualidade da água. Esses
sistemas combinam a estrutura física das plantas com técnicas de construção para criar barreiras
naturais e eficazes em áreas sujeitas a erosão e escoamento superficial. Abaixo estão os
componentes principais e os benefícios desses sistemas.

Componentes Principais:

- Vegetação Adequada: Uso de gramíneas, arbustos e árvores com raízes profundas.

- Solo Preparado: Solos ricos em matéria orgânica e bem condicionados.

- Estruturas de Suporte: Utilização de geotêxtis e materiais naturais para reforçar o solo.

Benefícios:

- Controle da Erosão: As raízes das plantas estabilizam o solo e a cobertura vegetal protege
contra o impacto da chuva.
- Melhoria da Qualidade da Água: Filtragem de poluentes e redução do escoamento superficial.

- Benefícios Ecológicos: Provisão de habitat para a fauna e aumento da biodiversidade.

- Estética e Recreação: Melhoria da paisagem e criação de espaços recreativos.

Considerações para a Implementação:

- Seleção de Plantas: Escolha de plantas nativas e bem adaptadas.

- Manutenção: Irrigação inicial e controle de pragas.

- Integração: Combinação com infraestruturas tradicionais de drenagem e planejamento urbano.

Os sistemas de contenção vegetada são uma solução sustentável para a gestão de águas pluviais
e a proteção do solo, oferecendo benefícios ambientais e sociais significativos.
Magalhães (2005), afirma que as espécies selecionadas para esse tipo de ambiente devem
aceitar grandes declividades, exigir uma baixa demanda de insumos no substrato e devem ser
capazes de criar condições favoráveis para a regeneração natural da área. As famílias botânicas
indicadas atendem os seguintes aspectos: resistência à seca; fácil desenvolvimento; eficácia na
cobertura do solo e; crescimento radicular rápido e profundo. Assim, plantas rasteiras e de
grande área foliar são mais efetivas na proteção do solo que plantas eretas e de folhas estreitas
(MAGALHÃES, 2005). Nas encostas, quando não existirem patamares, árvores de grande porte
devem ser evitadas e podem ser substituídas por arbustos ou outras espécies arbóreas de
pequeno porte. Os patamares também ajudam a reduzir a velocidade das águas pluviais,
diminuindo o perigo de erosão. Assim, as espécies informadas abaixo consistem em gramíneas,
leguminosas, trepadeiras e espécies vegetais de porte arbóreo e arbustivo, nativas, que
contribuem com o fator de segurança das encostas.

Em seguida e analise para a área seguinte que corresponde a área 2, vimos a implementação das
seguintes infraestruturas verdes como jardins de chuva que funcionam como rasas depressões
de terra, que recebem água do escoamento superficial. Os fluxos de água se acumulam nas
depressões formando pequenas poças e gradualmente a água e infiltrada no solo.

Finalidade - remover os poluentes das águas pluviais através da atividade biológica de plantas
e microrganismos, e contribuir com infiltração e retenção. A água pluvial pode infiltrar no
terreno para recarga de aquífero ou direcionar ao sistema de microdrenagem. No caso de
eventos de chuva que extrapolam a capacidade para a qual a estrutura foi projetada, o fluxo
excedente é desviado da área e encaminhado ao sistema de drenagem.

Cálculo do Dispositivo - em relação à área devem ser determinadas as dimensões planas do


jardim; já na estrutura, o dimensionamento das camadas internas do jardim de chuva. Para o
dimensionamento da estrutura do jardim, um dos pontos mais importantes é a camada de
armazenamento, representada pela altura de brita adotada.
Figura nº : Planta da implementação dos jardins de chuva. Fonte: UFMS- Pós Graduação em gestão de drenagem
urbana.

Figura nº : Etapas da implementação. Fonte: UFMS- Pós Graduação em gestão de drenagem urbana.

Como a área 2 é demarcada por uma região com prédios e condomínios residenciais e algumas
vias de pavimentação visou a implementação também de canteiros pluviais, pavimento poroso
e ruas verdes logo como é uma área de muitos prédios residências existem inúmeras calçadas e
intersecções para a construção dos mesmos.
Os canteiros pluviais podem usados em espaços distintos assumindo tamanhos e formas
variáveis. A utilização desse mecanismo contribui de diversas formas com o ambiente urbano
como: diminuição da contaminação das águas subterrâneas, permite a maior permeabilidade
das águas pluviais, contribui na ambiência do espaço através da inserção da vegetação na
paisagem, reduz o risco de inundações, melhora a qualidade da água e diminui o custo da
infraestrutura de drenagem.

Figura nº : Esquema de um canteiro pluvial. Fonte: Adaptado pelos autores de Cormier e Pelle-grino (2008).

As plantas selecionadas devem resistir a inundações temporárias e contribuir com a


filtração da água, visto que as espécies vegetais não estarão submersas na água em todas as
estações do ano, indica-se a utilização de macrófitas aquáticas anfíbias, também chamadas de
semiaquáticas, que possuem suas raízes fixas no substrato e podem viver tanto em área
alagada, como fora da água (ALMEIDA, 2012). Suas características biológicas permitem
a absorção de grandes quantidades de poluentes e sua estrutura radicular forma uma espécie de
grelha que possibilita a detenção de partículas finas. Além disso, promove a oxigenação do solo
garantindo a porosidade necessária para a aeração das plantas, contribuindo, também, com a
drenagem do ambiente (THOMAZ e BINI, 1998). Esse biotipo de planta é utilizado em
tratamento de efluentes e atua como um indicador biológico da qualidade da água (ESTEVES
e CA-MARGO, 1986). Terras muito úmidas apresentam baixa disponibilidade de oxigênio,
ocasionando o apodrecimento das raízes em espécies não adaptadas a esse tipo de ecossistema,
porém, esses ambientes possuem uma extensa diversidade espécies vegetais, não só
funcionando como conexão entre os sistemas terrestres e aquáticos, como também comportando
uma importante biodiversidade para o ambiente. Além disso, os ecossistemas presentes nas
áreas úmidas podem conter e filtrar grandes volumes de água, regulando os fluxos hídricos nos
espaços nos quais estão presentes. Foram selecionadas algumas árvores e herbáceas que se
caracterizam pela resistência adequada para suportar condições prolongadas do substrato
alagado.

Já os pavimentos porosos que é uma cobertura de solo artificial com intuito de se aproximar da
capacidade natural de infiltração, mas possibilitando outros usos.

Pontos positivos:

-Redução do deflúvio superficial direto (infiltração); v Recarga do lençol freático;

- Pavimento de cascalho pode ser mais barato que concreto.

Pontos negativos:

- Entupimento dos furos ou poros;


- Compactação da terra abaixo do pavimento ou redução da permeabilidade do solo devido ao
cascalho;
- Dificuldade de manutenção;
Não deve ser usado em vias com tráfego intenso e/ou de carga pesada, pois a sua eficiência
pode diminuir.

Finalidade

Contribuir para o aumento da permeabilidade de grandes áreas, e permitindo outros usos como:
estacionamentos, faixa de rolamento, calçadas, etc.

Legislação: para estimular a utilização de dispositivos de retenção na fonte, o Plano Diretor de


Drenagem (Decreto N. 12.680, de 9 de julho de 2015) do município de Campo Grande,
estabelece alguns critérios que estimula o uso dos pavimentos permeáveis, conforme transcrito
a seguir.
Art. 3° - A manutenção das condições de pré-ocupação no lote ou no parcelamento do solo
devem ser apresentados a Prefeitura Municipal de Campo Grande através de estudo hidrológico
específico.
§ 3° - Poderá ser reduzida a quantidade de área a ser computada no cálculo referido no §1° se
for (em) aplicada (s) a (s) seguinte (s) ação (ões).

Aplicação de pavimentos permeáveis (blocos vazados com preenchimento de areia ou grama,


asfalto poroso, concreto poroso) - reduzir em 60% a área que utiliza estes pavimentos;

- Tipos de pavimentos permeáveis - conforme Urbonas e Stahre (1993) os pavimentos


permeáveis classificam-se basicamente em três tipos:

• Pavimento de asfalto poroso;


• Pavimento de concreto poroso;
• Pavimento de blocos de concreto vazado preenchido com material granular, como areia
ou vegetação rasteira.
Figura nº : Exemplo de pavimento poroso. Fonte: UFMS- Pós Graduação em gestão de drenagem urbana.

Pavimentos permeáveis são dispositivos hidráulicos que permitem a redução do escoamento


em passeios, estacionamentos, quadras de esporte e ruas de pouco tráfego (MARQUES, 2006).
Isso se dá em diferentes níveis:

• Pavimentos dotados de revestimentos superficiais permeáveis, possibilitando a redução da


velocidade do escoamento superficial, a retenção temporária de pequenos volumes na própria
superfície do pavimento e a infiltração de parte das águas pluviais;

• Pavimentos dotados de estrutura porosa, onde é efetuada a detenção temporária das águas
pluviais, provocando o amortecimento de vazões e a alteração no desenvolvimento temporal
dos hidrogramas;

• Pavimentos dotados de estrutura porosa e de dispositivos de facilitação da infiltração, onde


ocorre tanto a detenção temporária das águas pluviais quanto a infiltração de parte delas.
Obtém-se assim o amortecimento de vazões, a alteração temporal dos hidrogramas e a redução
dos volumes escoados.

Ainda na área 2 por fim, analisamos a implementação de ruas verdes que são característica de
arborização intensa. As ruas verdes de águas pluviais, como o Rain Gardens, são áreas plantadas
projetadas para coletar e gerenciar águas pluviais que saem das ruas e calçadas. No entanto, as
ruas verdes de tempestade são tipicamente construídas na estrada, são geralmente maiores do
que jardins de chuva, e têm comprimentos variados, larguras e profundidades do solo com base
nas características da estrada existente.
Em geral a circulação viária é mais restrita, com preferência para pedestres e ciclistas, não
havendo trânsito de veículos pesados. A maioria dos benefícios é decorrente dos serviços
ecossistêmicos prestados pelas árvores, como: melhora da qualidade do ar, captura de carbono,
sombreamento, aumento da umidade do ar através da evapotranspiração, aumento da
capacidade de infiltração das águas, diminuição do escoamento superficial, redução das ilhas
de calor, redução dos níveis de ruídos, entre outros.
Essas ruas verdes são essenciais nas áreas dos condomínios residenciais justos esses trazendo
qualidade de vida e sustentabilidade para a região. No mesmo local existe um Edifício com o
nome de Monte Funji onde o mesmo já aplica ideias de sustentabilidade para os seus
residentes como horta suspensa em uma área de cobertura, entre outros.
Figura nº : Rua verde exemplo. Fonte: Google imagens

Regiões baixas e planas, região sedimentar e receptora de água dos demais compartimentos. É
uma área de predominância da infiltração, com armazenamento de água temporária ou
constante, o nível do lençol freático se situa entre um e três metros abaixo da superfície.
Schutzer (2012) enfatiza que o manejo dessa região é depedente das condições de
permeabilidade do solo e do escoamento superficial das áreas mais elevadas. A Tabela
apresenta um resumo das áreas do zoneamento ambiental, como já definido (SCHUTZER,
2012; BONZI,2015) onde é mais favorável a aplicação de determinada infraestrutura verde de
acordo com os dispositivos apresentados.

Tabela: Síntese para a aplicação dos dispositivos de infraestrutura verde de acordo com o zoneamento ambiental.
Fonte: Bonzi, 2015
Ainda na divisão das áreas nos deparamos com a implementação da infraestrutura verde na
área 3, a are aonde acontece o alagamento. Nessa área que existe muita pavimentação ativa
vimos a necessidade da implementação da infraestrutura verde jardim de chuva / biorretenção
que são soluções compensatórias para o manejo de águas pluviais em áreas urbanas,
integrando-se aos sistemas de micro e macrodrenagem. Eles permitem o retorno da água ao
ciclo hidrológico e utilizam a atividade biológica de plantas e micro-organismos para remover
poluentes da água pluvial, promovendo sua infiltração e retenção nos níveis freáticos das
cidades.

Essas áreas permeáveis são projetadas para reduzir o volume e a velocidade da água que flui
para as redes de drenagem e rios, prevenindo a poluição da água e minimizando o impacto das
enchentes. Além de serem uma alternativa mais sustentável e econômica em relação aos
sistemas convencionais de drenagem urbana, os jardins de chuva tornam as cidades mais
resilientes e sustentáveis, diminuindo os investimentos e custos de manutenção e beneficiando
tanto o meio ambiente quanto a qualidade de vida das pessoas. (PROJETOS, M. Jardins de
Chuva: Cidades mais sustentáveis; 2023)

Figura nº : Diagrama conceitual de um jardim de chuva


Fonte: http://blog.dawngriffin.com
Os jardins de chuva foram escolhidos para esta área 3 devido às suas características climáticas
e geográficas, como alta pluviosidade, áreas inclinadas e solos favoráveis à infiltração de
água. A região enfrenta frequentes inundações causadas pela urbanização intensa e sistemas
de drenagem inadequados, além de problemas de poluição da água, com escoamento
superficial carregando poluentes que degradam a qualidade dos corpos hídricos.

Figura n– Primeira parte da área 3


Fonte: Autores

Do ponto de vista econômico, eles reduzem os custos de infraestrutura e manutenção, sendo


uma alternativa mais econômica aos sistemas convencionais de drenagem. Eles também
podem valorizar imóveis na região. A implementação bem-sucedida envolve a escolha
adequada das espécies vegetais e a localização estratégica dos jardins, além de um plano de
manutenção regular e monitoramento contínuo de desempenho.
Figura nº: Encontro entre vias
Fonte: Autores

Sabendo da extensão da via e do problema em questão do alagamento no local,


precisamos intervir com mais uma infraestrutura verde que são as biovaletas ,semelhantes aos
jardins de chuva, mas geralmente são depressões lineares constituídas de vegetação, solo e
elementos que filtram a água, limpando-a e aumentando seu tempo de escoamento, dirigindo
este para aos jardins de chuva (MOURA, 2014).

A decisão de biovaletas entre as duas vias da avenida é uma escolha estratégica que promove
a gestão eficiente das águas pluviais, desacelerando e filtrando a água da chuva. Isso reduz o
escoamento superficial e a pressão sobre o sistema de drenagem urbano, prevenindo
inundações. As biovaletas também melhoram a qualidade da água ao remover poluentes e
decompor contaminantes através da atividade biológica.

Imagem nº :Diagrama conceitual de uma biovaleta.


Fonte: Adaptado de Dinic-Brankovic et al. (2019).

E o aproveitamento do espaço estreito entre as vias é eficiente, pois utiliza áreas que poderiam
ser subutilizadas, além de permitir flexibilidade no design das biovaletas para se adaptarem a
espaços confinados. Ambientalmente, elas aumentam a biodiversidade urbana, criando
habitats para plantas e animais, e melhoram o microclima local. Esteticamente, elas
embelezam o espaço urbano e promovem a conscientização pública sobre práticas
sustentáveis.
Economicamente, reduzem custos de manutenção em comparação com sistemas de drenagem
tradicionais e diminuem a necessidade de futuras infraestruturas. Além disso, elas promovem
a recarga de aquíferos e mitigam impactos ambientais associados ao escoamento de águas
pluviais contaminadas. Em resumo, a instalação de biovaletas traz múltiplos benefícios
funcionais, ambientais, estéticos e econômicos, integrando práticas sustentáveis no ambiente
urbano e contribuindo para a resiliência e a sustentabilidade das cidades.

Figura nº : Parte estreita entre as vias


Fonte: Autores

Completando essa parte de implementação das infraestruturas verdes podemos ainda melhorar
essa área 3 com a colocação de uma área gramada, uma infraestrutura que são projetadas para
receber o escoamento superficial de áreas impermeáveis, as faixas gramadas aumentam a
oportunidade de infiltração antes que o escoamento atinja a rede de drenagem. Sua utilização
depende da topografia local e das condições de infiltração.

Escolhemos utilizar faixas gramadas nas calçadas desta área específica por várias razões.
Primeiramente, essas faixas ajudam a gerenciar o escoamento superficial da água, que é
particularmente importante em áreas urbanas onde a impermeabilização do solo é alta. Ao
instalar faixas gramadas, conseguimos aumentar a capacidade de infiltração de água,
promovendo a recarga dos aquíferos e reduzindo a pressão sobre o sistema de drenagem
urbana.

FOTO ATUAL DA AREA COM GRAMA QUE BRAIDE TA COLOCANDO LA

Com todas essas implementações de áreas novas de drenagem verde observamos uma maior
absorção do escoamento de água, no qual calculamos a porcentagem do mesmo e a diminuição
da vazão (Q) na área. Isso nos permite ter certeza da importância dessas estruturas para melhoria
do problema de inundação dessa área que analisamos.

Segue tabela com novos coeficientes de escoamentos que é determinado pelos tipos de
drenagem que escolhemos para cada área:

A C antes C com drenagem ∑


A1 0,53 0,65
A2 0,57 0,52
A3 0,65 0,63
A4 0,56 N/T
0,4

Diante da tabela e dos dados o calculo da nova vazão fica:

Q = I x C(drenagem) x A
Q = 5,21m³/s

Seguindo as literaturas já estudadas e os resultados que tivemos que obter para ao


problema exposto teve-se a necessidade de calcular a porcentagem de absorção que é dada por:

% = Q(drenagem) / Q(atual) x 100

Obtivemos um valor referente a 73,45% de absorção, isso implica dizer que literalmente
o plano de drenagem foi positivo para a região, podendo conter o escoamento artificial nessa
porcentagem.
Esta metodologia detalhada permite uma abordagem sistemática e científica para
desenvolver uma proposta de drenagem urbana de baixo impacto, garantindo que os resultados
sejam robustos e aplicáveis para o controle de escoamento superficial na área escolhida.

5 – CONCLUSÃO

Ao longo desta pesquisa foi possível verificar algumas técnicas de infraestrutura verde
que estimulam a relação entre o homem e a natureza contribuindo com a qualidade ambiental
da paisagem. A inclusão da vegetação, como mecanismo colaborador com as demandas
urbanas, vai além das contribuições estéticas, incentivando diversos processos naturais que
diminuem o impacto causado pela ocupação cinza, tais como: infiltração, filtragem,
armazenamento das águas pluviais, aumento da umidade, qualidade e temperatura do ar, criação
de habitats, conservação da flora local e diminuição da erosão causada pela movimentação de
terra. Visto isso, entende-se que a infraestrutura ecológica contribui de forma significativa com
a sustentabilidade das cidades. A aplicação de espécies nativas é relevante pois existem diversos
fatores favoráveis em relação às exóticas, como: adequação aos aspectos climáticos e de relevo;
promove o desenvolvimento do crescimento saudável da planta, propicia a preservação da fauna
nativa, aumenta a propagação da espécie (dificultando sua extinção); diminui a proliferação de
espécies invasoras exóticas e das doenças e pragas causadas pelas mesmas; além de agregar
características próprias dos espaços, estimulando o turismo, gerando renda e ampliando o
desenvolvimento econômico, cultural e social das cidades.
No entanto esse artigo trouxe inúmeros resultados e o mais fundamental é que o uso da
LID diminui a vazão da área estudada, por conta dos coeficientes de escoamentos implantados
coma as infraestruturas verdes sendo assim conclui-se que é de extrema relevância o uso dessas
técnicas para a região estudada.
6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
7 AGRADECIMENTOS

Gostaríamos de expressar nossa sincera gratidão a todos que contribuíram para a realização
deste estudo e para o desenvolvimento da proposta de drenagem urbana de baixo impacto (LID)
na área de Ponta do Farol em São Luís - MA.

Primeiramente, agradecemos a Universidade Ceuma pela oportunidade e suporte acadêmico


fornecido durante todo o processo de pesquisa. Agradecemos especialmente ao Prof. Felipe
Ferreira, cuja orientação, conhecimento e incentivo foram essenciais para a conclusão deste
trabalho.

Agradecemos também às autoridades locais e ao Núcleo GeoAmbiental da Universidade


Estadual do Maranhão – NUGEO de São Luís por fornecerem acesso aos dados topográficos,
meteorológicos e de infraestrutura necessários para a nossa análise.

Expressamos nossa gratidão aos colegas de pesquisa Jessyka Alves, Niculas Licá, Talhes Filho,
Carol, Paulo, Wellingthon e Thiago que contribuíram com suas habilidades e conhecimentos
especializados, enriquecendo a qualidade deste estudo.

Finalmente, agradecemos às nossas famílias e amigos pelo constante apoio, paciência e


encorajamento durante todo o período de desenvolvimento deste trabalho. A todos que, direta
ou indiretamente, contribuíram para a realização deste projeto, nossos sinceros agradecimentos.

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