Relatório de Estágio - 2º Semestre
Relatório de Estágio - 2º Semestre
Relatório de Estágio - 2º Semestre
2º Ano – 2º Semestre
2ºAno - 2º Semestre
Relatório de Estágio
II
LISTA DE SIGLAS E ACRÓNIMOS
BO – Bloco Operatório
HS – Hospital de Santarém
SU – Serviço de Urgência
III
RESUMO
This report highlights the main contributions of the stage, within the course of the
Master of Nursing Person in the Situation Critica, held in ER in an Intensive Care Unit
and Operating Room, to develop specialized skills in clinical care person in critical
condition to experience the health / disease.
Aims to document the learning done during the stages through synthesis and critical and
reflective analysis.
Describes the process of teaching / learning as a strategy, not only to develop skills but
also as a means for sharing information from professional experience. Report on
activities aimed at adult, elderly person and family, according to professional ethics.
Highlights the difficulties encountered as moments of learning and reflection, within the
strategies of communication with family, and the use of nursing information systems.
Exposes the importance of evidence-based practice, by performing a systematic review
of the literature, according to the analysis of protocols, standards and procedures in
order to verify its scientific validation, promoting health care quality and safety
practices.
Concludes that the internship provided the acquisition / development of knowledge and
skills for decision making in the provision of comprehensive and humanized the patient
/ family care in the context of the area of specialization, personal enhancement and
professional, to improve the quality of care provided.
V
ÍNDICE
INTRODUÇÃO 8
PARTE I – PRÁTICA ESPECIALIZADA EM ENFERMAGEM Á PESSOA EM
SITUAÇÃO CRITICA 11
1. AS COMPETÊNCIAS DO ENFERMEIRO ESPECIALISTA 11
2.CARATERIZAÇÃO DOS CONTEXTOS DA PRÁTICA CLÍNICA
ESPECIALIZADA 15
3.DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS: ANÁLISE CRÍTICA
POR DOMINIO DAS COMPETÊNCIAS 25
3.1.DOMINIO DA RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL, ÉTICA E
LEGAL 27
3.1.1. Atividades Desenvolvidas 28
3.2. DOMINIO DA MELHORIA DA QUALIDADE 35
3.2.1. Atividades Desenvolvidas 36
3.3. DOMINIO DA GESTÃO DOS CUIDADOS 45
3.3.1. Atividades Desenvolvidas 45
3.4.DOMINIO DO DESENVOLVIMENTO DAS APRENDIZAGENS
PROFISSIONAIS 51
3.4.1. Atividades Desenvolvidas 52
3.5. DOMINIO DA PRESTAÇÃO DE CUIDADOS Á PESSOA EM
SITUAÇÃO CRÍTICA 56
3.5.1. Atividades Desenvolvidas 56
VI
1.4. QUALIDADE METODOLÓGICA DOS ESTUDOS / NIVÉIS DE
EVIDÊNCIA 100
1.5. RESULTADOS DOS ESTUDOS 104
1.6. DISCUSSÃO 107
1.7. CONCLUSÃO 109
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANEXOS
ANEXO I - Boas Praticas na Abordagem ao Doente com VMNI
ANEXO II - Comunicação do Doente Cirúrgico do Serviço de Urgência
Geral ao Bloco Operatório
ANEXO III – Quadro resumo dos artigos selecionados
ANEXO IV – Tipos e níveis de evidências
ANEXO V - Critérios de Avaliação da Qualidade Metodológica dos
estudos - JBI
VII
INTRODUÇÃO
Os novos desafios que são colocados aos profissionais de saúde surgem através das
alterações e mudanças sociais, científicas e tecnológicas que se têm vindo a verificar na
sociedade em geral e, em particular, na área da saúde. Estes desafios incentivam a
reflexão e a busca de novos saberes e conduzem os profissionais, em particular os
enfermeiros, para a busca de formação contínua e académica especializada de forma a
proporcionar um crescimento profissional e pessoal, onde cada vez mais se exigem
conhecimentos de elevado nível quer práticos quer teóricos.
8
excelência no cuidar à pessoa de médio/alto risco e família. Pretendi nestes ensinos
clínicos, intervir tendo presente os seguintes domínios de competências na atuação do
enfermeiro especialista: Desenvolvimento Profissional da Ordem dos Enfermeiros, no
âmbito da responsabilidade profissional, ética e legal; ao nível da melhoria contínua da
qualidade; da gestão de cuidados; desenvolvimento das aprendizagens profissionais e na
prestação de cuidados especializados ao doente em estado crítico (Ordem dos
enfermeiros, 2010 e Decreto-lei nº.124/2011).
9
problemática da avaliação da dor em doentes ventilados, pois considero que a avaliação
da dor é muitas vezes subestimada. Considero importante e urgente desenvolver uma
prática baseada na evidência, como forma de integrar os conhecimentos, os valores, as
preferências dos doentes e as características dos enfermeiros peritos, com vista a prestar
cuidados de maior qualidade.
Citando Pereira et al. (2012, p.56), a prática baseada na evidência é definida como um
“processo através do qual as enfermeiras tomam decisões clínicas usando a melhor
evidência científica, a sua experiência clínica e as preferências do paciente, no contexto
dos recursos disponíveis.” Os mesmos autores, citando Pearson et al. (2010), também
afirmam que “os cuidados de saúde baseados na evidência resultam de um processo
contínuo que suscita interrogações, preocupações ou interesses a partir da identificação
das necessidades globais de cuidados de saúde quer por técnicos, quer por clientes”.
Este relatório está estruturado em três partes. A primeira parte vai ser dividida em 3
capítulos: o primeiro capítulo vai apresentar as competências do enfermeiro especialista,
o segundo capítulo consistirá na caraterização dos contextos clínicos onde foi realizada
a prática clinica especializada e no terceiro capítulo irei expor as minhas reflexões
acerca das competências adquiridas/desenvolvidas e como as vivenciei, nos domínios
das competências específicas da área de Especialidade do Modelo de Desenvolvimento
Profissional da Ordem dos Enfermeiros. A segunda parte do relatório apresenta a RSL
efetuada, e por fim, na terceira parte apresentarei as considerações finais.
10
PARTE I – PRÁTICA ESPECIALIZADA EM ENFERMAGEM Á PESSOA EM
SITUAÇÃO CRITICA
11
“Na acção de cuidar, o desenvolvimento de competências caracteriza-se por um
cuidado centrado na singularidade e na individualização do acto de cuidar. O
habitus integrado em cada enfermeiro permite inovar na singularidade de cada
acção, flexibilizar em situações idênticas e, em situações novas, efectuar
adaptações a novos esquemas” (Serrano et al., 2011, p. 22).
12
A Ordem dos Enfermeiros (2009, p.9) acrescenta ainda que o Enfermeiro Especialista é
13
A prestação de cuidados de enfermagem envolve uma contínua e constante tomada de
decisão, o que obriga o profissional ao recurso contínuo do Saber (conhecimento),
Saber-fazer (capacidades), Saber-ser (atitudes e comportamentos), Saber-estar, Saber
Aprender (reflexão e evolução) e Saber-transformar, de modo a proporcionar ao outro a
satisfação das suas necessidades de forma integral e holística, com a qualidade desejada
e esperada por todos.
Rosa et al. (2010), referem que existe uma necessidade de aprofundar e desenvolver
uma base teórica própria, baseada no movimento crescente da procura de novos
conhecimentos. Para a concretização desses conhecimentos, são fundamentais alguns
conceitos, modelos e teorias específicas de enfermagem. É a partir daqui, que a
enfermagem dedica tempo e esforços para o desenvolvimento das suas teorias, as quais
servem de referencial para a prática profissional, direcionada para o cuidado.
“as teorias de enfermagem são construções, desde uma prática idealizada, com a
finalidade de guiar as ações de enfermagem … foram concebidas com o intuito
de organizar e sistematizar as questões que permeiam as atividades profissionais,
gerando conhecimentos que as apoiem e subsidiem a própria prática. (Rosa et
al., 2010, p. 121).
14
2.CARATERIZAÇÃO DOS CONTEXTOS DA PRÁTICA CLÍNICA
ESPECIALIZADA
Neste capítulo irei efetuar uma breve contextualização dos locais de ação onde foram
desenvolvidos os vários ensinos clinico, nomeadamente: Serviço de Urgência (SU) do
Hospital de Santarém (HS), Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) do HS e no Serviço
do Bloco Operatório (BO) do Centro Hospitalar Leiria (CHL).
15
Do ponto de vista de Jorge (2011), os serviços de urgência são caracterizados pela
prestação de cuidados de saúde de elevada qualidade e em tempo útil, conforme o tipo e
a gravidade das patologias, por todo um espectro de doenças e de projetos de saúde que
cada pessoa vive. O mesmo autor citando Sheehy (2001), acrescenta ainda que a
enfermagem de urgência é pluridimensional, ou seja, é caracterizada pela prestação de
cuidados a uma grande diversidade de indivíduos com alterações da saúde física ou
psíquica, percecionadas ou reais, não diagnosticadas ou que necessitem de outras
intervenções.
O SU estava organizado essencialmente em seis áreas: área médica, área cirúrgica, sala
de verdes e azuis, Sala de Emergência e Unidade Médico Cirúrgica (UMC). Também
dava apoio aos Hospitais do Médio Tejo (Hospital de Abrantes, Torres Novas e Tomar)
nas especialidades que estes não possuem. O seu hospital de referência é o Hospital de
Santa Maria como Urgência Polivalente.
16
minutos, cento e vinte minutos, duzentos e quarenta minutos), até o início da
observação médica inicial.
Ao nível dos recursos humanos, o serviço era composto por uma equipa de
administrativos, equipa de assistentes operacionais, equipa médica e equipa de
enfermagem. O SU disponha também de um técnico de cardiopneumologia em
permanência até às 20h. Relativamente à equipa de enfermagem, esta era composta por
60 Enfermeiros e a Enfermeira Chefe. A coordenação e gestão do serviço eram funções
da enfermeira chefe, auxiliada por duas enfermeiras especialistas coordenadoras do
Serviço. A distribuição por turnos era de acordo com o método individual por áreas de
distribuição/ postos de trabalho, habitualmente 12 enfermeiros no turno da manhã e
tarde e 8/9 no turno da noite. Existiam seis equipas distintas, em que cada uma delas
tinha um chefe de equipa e um 2º elemento que assumia as funções de chefe na ausência
dela. A distribuição da equipa de enfermagem pelos vários sectores da Urgência era
realizada pelo Enfermeiro coordenador que estava distribuído para o turno. A disposição
dos enfermeiros tinha em consideração o equilíbrio da equipa nas várias áreas de
atuação. Considero que esta metodologia tinha a vantagem de ser o coordenador a
distribuir, bom conhecedor do desempenho de cada elemento nos vários sectores, no
entanto, penso ser desvantajoso por muitas vezes se tentar aceder às preferências de
cada profissional nas suas áreas de eleição.
Todos estes aspetos contribuíram para uma maior vigilância dos doentes e minoração
dos tempos de espera, agiliza os processos e diminui burocracia. O sistema permitia
ainda gerar dados estatísticos diversos, relativos a aspetos clínicos e de gestão.
Considero a utilização do sistema ALERT bastante intuitiva, no entanto exige uma
curva de aprendizagem que requer prática. Surgiram algumas dificuldades na sua
utilização que foram gradualmente ultrapassadas. Esta aplicação é exclusiva do serviço
e implica autenticação individual. Permite ainda o interface com a Triagem de
Manchester.
18
diariamente para o SU. Na UMC, o método utilizado era o do enfermeiro responsável,
que prestava cuidados de enfermagem totais aos doentes atribuídos no turno,
promovendo a melhoria e personalização dos cuidados prestados. Considerando a
estrutura orgânico – funcional do SU, penso serem adequados e benéficos os métodos
utilizados nas várias áreas do Serviço.
O ensino clínico II, decorreu na UCI do HS. As Unidades de Cuidados Intensivos “são
locais qualificados para assumir a responsabilidade integral pelos doentes com
disfunções de órgãos, suportando, prevenindo e revertendo falências com implicações
vitais” (DGS, 2003, p 6).
Uma UCI, é deste modo um local com concentração de doentes de elevado grau de
complexidade, com falência multiorgânica, que se encontram sujeitos a mudanças
súbitas no seu estado geral, que predispõem ao consequente aumento de ocorrência de
situações de emergência, aliada à existência de elevada complexidade tecnológica, num
ambiente fechado, acompanhado do ruído inerente aos equipamentos, exigência física,
mental e contacto regular com a iminência da morte, deparando-se os profissionais com
situações frequentes de stress e complexidade de situações (Leite e Vila, 2005).
19
A abertura da UCI do HS aconteceu em 1996, inicialmente com quatro camas,
atualmente comporta seis camas. Tal como no SU, os doentes admitidos na UCI podiam
ser provenientes de qualquer ponto do país, como já foi referido anteriormente. A UCI
recebia essencialmente doentes provenientes do Serviço de Urgência, seguido do Bloco
Operatório e posteriormente das Enfermarias (UCI, 2012). A admissão de doentes na
unidade era da responsabilidade do corpo clínico da mesma, sendo admitidos na UCI
doentes portadores de falência respiratória com necessidades de suporte ventilatório,
com ou em risco de falência hemodinâmica. Os problemas mais frequentes eram:
complicações cirúrgicas, sepsis, choque cardiogénico, politraumatismos por acidente,
entre outros.
Quanto à sua estrutura física, as suas dimensões eram reduzidas, principalmente nas
áreas de apoio, um dos entraves à certificação de qualidade desta unidade, sendo no
entanto bastante acolhedora.
20
referência em relação à qualidade dos cuidados de enfermagem prestados e penso que
foi um campo de estágio de crucial importância para o processo de aprendizagem como
futura enfermeira especialista em enfermagem à pessoa em situação critica.
O BO do CHL situa-se no piso 01, tinha uma direção e gestão funcional própria, que
compete á Enfermeira chefe e à Diretora de serviço (Anestesiologista). Este serviço
interrelacionava-se com o restante hospital.
O BO possui dez salas operatórias, estando apenas a funcionar oito salas, três salas de
um lado e cinco salas do outro lado, encontrando-se separadas por um corredor central
de passagem de material limpo. O BO também possui duas unidades de Cuidados Pós-
Anestésicos (UCPA).
O bloco operatório era constituído por duas UCPA, onde ambas possuíam cinco
unidades de cuidados. Em cada uma delas existiam materiais de elevada qualidade
capazes de dar resposta a situações de urgência / emergência que comprometam a vida
do doente, destacando a existência de ventiladores.
Segundo Lages et al. (2006), a UCPA, é um espaço que recebe os doentes que vêm
transferidos do BO. É um local onde estão disponíveis meios técnicos necessários para
21
providenciar uma monitorização standard, uma correta analgesia, um controlo das
náuseas e vómitos e uma vigilância de complicações pós-operatórias.
Os doentes admitidos nesta unidade, eram todos aqueles que eram submetidos a
anestesia geral, loco-regional ou sedação, sendo este período designado de período de
recobro pós-anestésico, que segundo a AESOP (2006, p.155), este consiste no “(…)
intervalo de tempo que se segue imediatamente a um acto terapêutico e/ou diagnóstico
efectuado sob anestesia geral, loco-regional ou sedação”.
A UCPA estava localizada dentro do BO, em frente às salas operatórias. Deste modo o
transporte era efetuado de forma rápida e segura. Considero esta localização totalmente
adequada, e este facto corrobora com Morgan et al. (2006) que referem que a UCPA
deve estar localizada dentro ou muito próximo do BO, de modo a permitir que o doente
seja transportado rapidamente para a sala operatória caso seja necessário, ou, que os
elementos da equipa multidisciplinar do BO se desloquem junto do doente em tempo
útil.
22
Saliento ainda que, a disposição das camas permitiu que de todos os ângulos da sala
fosse possível visualizar a totalidade dos doentes, existia espaço suficiente entre cada
cama, e a entrada e saída das camas realizou-se sem obstáculos. A localização da área
de enfermagem era equidistante relativamente a todas as camas, permitia visualizar
todos os doentes e assegurar o acesso rápido e fácil a cada cama. As portas eram largas
de modo a facilitar a passagem de camas, macas e equipamentos. Entre as camas
existiam cortinas que ajudam a promover a privacidade e evitar a contaminação cruzada
mas que não afetavam a visualização dos doentes nem a circulação.
Outro espaço a referir no BO era a existência de uma sala de espera, sendo esta exterior
ao BO, e era utilizada para o esclarecimento de dúvidas às famílias, diminuindo assim
os medos, a ansiedade e os receios da família. Esta sala também era utilizada para a
comunicação de situações imprevisíveis, comunicação de más notícias, deslocando-se a
esta o enfermeiro, o anestesista e o cirurgião que ficava responsável pelo doente. A
mesma garantia o estabelecimento de uma relação empática entre o
enfermeiro/doente/família, ou seja, o enfermeiro perioperatório tem que ser o elo entre o
exterior e o interior do BO, e é essencialmente através da escuta ativa que ficamos a
saber as expectativas, necessidades, limitações e dúvidas do doente/família.
O regime de trabalho era de 40 horas semanais, podendo ser um horário fixo de segunda
a sexta-feira ou horário tipo roulement, sendo os turnos praticados Manhã, Tarde e
Noite. O método de trabalho era em equipa, por posto de trabalho e a distribuição era
23
feita semanalmente pela Enfermeira chefe, tendo em conta o horário e o nível de
integração. No entanto, saliento o espírito de equipa que existe entre os elementos na
inter-ajuda nos sectores que se encontram mais complicados ou quando a gravidade da
situação exige.
24
3. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS: ANÁLISE CRITICA
POR DOMINIO DAS COMPETÊNCIAS
O SU, a UCI e o BO pelas características que lhes são próprias tornam-se locais de
eleição no cuidar do doente em situação crítica. Durante o decurso dos vários ensinos
clínicos, foi meu propósito prestar cuidados à pessoa/família a vivenciar processos
complexos de doença em situação crítica, tendo em conta o que emana a Ordem dos
Enfermeiros.
Neste contexto iniciei os meus estágios, com alguma insegurança, o medo de falhar
invadiu os meus pensamentos nos primeiros turnos em cada serviço, por outro lado a
expectativa de vivenciar e partilhar novas experiências, novas formas de trabalho deu-
me força para ultrapassar estes momentos menos bons e iniciar um percurso de
aprendizagem reflexiva.
25
A expectativa de estar em contacto com outras realidades, vivenciar e partilhar
experiências novas, com a possibilidade de enriquecer as instituições com a troca de
saberes, do que melhor se faz em cada uma delas, era um desafio. Estas adversidades
foram ultrapassadas, com o meu empenho e motivação, e iniciei esta caminhada
reflexiva, nunca esquecendo que os aspetos menos positivos, são momentos de
aprendizagem e de crescimento pessoal e profissional.
26
3.1. DOMINIO DA RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL, ÉTICA E LEGAL
Assim, a ética está voltada para a consciência do profissional, com vista a obter uma
assistência de qualidade, e não apenas uma visão normativa (Sobrinho e Carvalho,
2004).
Do ponto de vista de Pereira (2002) citado por Sobrinho e Carvalho (2004), estes
afirmam que a assistência de enfermagem deve ser dirigida não só para o individuo mas
também para a sua família, tendo em conta o respeito pelos direitos humanos e deve
procurar a promoção da saúde, aliviar ansiedades e o sofrimento.
28
ensinos clínicos não ter vivenciado nenhum dilema ético, penso que os mesmos são
importantes.
29
ou são mesmo confrontadas com a morte, o que os leva a vivenciar momentos de
elevada ansiedade, medo, stress, encontrando-se numa situação de grande fragilidade e
revolta. Deste modo, esta temática tem toda a pertinência, sendo uma oportunidade para
o desenvolvimento de competências relacionais e éticas. A comunicação está inerente a
qualquer processo relacional, visto que este é uma obrigação de todo o ser humano, é
um ato de reciprocidade.
Ao longo dos ensinos clínicos, a comunicação com o doente e família foi uma
prioridade e em contexto de urgência esta torna-se mais difícil, devido a uma grande
complexidade de situações desencadeadoras de stress aliadas à urgência dos
procedimentos, focando-me muitas vezes em procedimentos mais técnicos.
Nesse sentido, fui-me apercebendo o quanto a comunicação com o doente, que chega a
um meio completamente desconhecido, é importante, para obter a colaboração do
doente, a calma e a serenidade do mesmo. Essa comunicação deve ser assertiva,
humanizada, calorosa e adequada a cada doente/familiar. Assim, durante a prestação de
cuidados, procurei acolher o doente e família/pessoas significativas de forma
personalizada; estabelecer uma comunicação terapêutica; promover estratégias para
diminuição da ansiedade, esclarecer e preparar psicologicamente o doente para a
realização de procedimentos invasivos e prestar apoio emocional. Escutei ativamente a
pessoa vivenciando os processos de doença com que são confrontados. Procurei
identificar os problemas e/ou necessidades dos familiares/pessoas significativas e
realizei ensinos oportunos.
30
enfermeiro perceber as reações emocionais e ter uma atitude pedagógica no sentido de
incentivar a interação familiar-doente.
Com o desenrolar do ensino clinico, constatei que o doente não tinha capacidades para
comunicar verbalmente, pelo fato de estar sedado ou sem condições mentais
(inconsciente/coma) para questionar ou receber informação sobre o seu estado clínico, o
que me levou a estabelecer uma relação terapêutica empática e utilizar outras formas de
comunicação (não verbal), incluindo a comunicação com a família.
“A família atua como unidade de saúde para seus membros, ou seja, ela tem um
referencial para compreender e atuar nas diferentes situações de saúde e doença
… o familiar não pode ser visto apenas como aquele que deve cumprir as
determinações dos profissionais de saúde … deve assumir a responsabilidade
pela saúde do seu familiar doente e, para isso, precisa ser ouvido em suas
necessidades, devendo ser igualmente cuidado (Martins et al., 2008, p. 1091)”.
31
teria eficazmente consentido, se reunisse condições para conhecer as circunstâncias em
que este é praticado, como previsto no Decreto-Lei n.º 48/95 de 15 de Março de 1995.
Aquando de uma situação mais favorável promovi o seu papel ativo através da
mobilização das suas capacidades na recuperação e reabilitação precoces. O facto de
respeitar a confidencialidade das informações e a sua privacidade tanto a nível físico
como moral, pela utilização das cortinas, em conjunto com os aspetos anteriormente
focados, promovi uma maior segurança ao doente aumentando a sua autonomia no
processo de tratamento e a confiança nos cuidados prestados.
32
família encontra-se no auge das suas preocupações e ansiedades, que incidem sobre a
situação clínica do doente. Neste contexto, considero que é muito importante existir
passagem de informação eficaz para manter a família/pessoa significativa informada da
situação clínica.
Oriá et al. (2004) acrescentam ainda que a comunicação é um dos mais importantes
aspetos do cuidado de enfermagem que consiste numa melhor assistência ao doente e à
sua família que vivenciam ansiedade e stress decorrentes do processo de hospitalização.
Assim, a comunicação é essencial para estabelecer uma relação de ajuda entre o
enfermeiro, doente e família. Neste sentido é imprescindível que o processo de
comunicação seja eficiente para viabilizar uma assistência humanística e personalizada
de acordo com suas necessidades. Deste modo, o processo de interação com o doente
caracteriza-se não só por uma relação de poder em que este é submetido aos cuidados
do enfermeiro, mas também por atitudes de sensibilidade, aceitação e empatia entre
ambos.
Durante a admissão do doente no BO, constatei que a pessoa fica numa situação
desvantajosa em relação a questões éticas e relacionais, nomeadamente: a separação do
seu ambiente habitual; retidos numa cama, despidos e privados do uso dos seus objetos
pessoais; rodeados de equipamento estranho e de pessoas que utilizam técnicas e
linguagem desconhecidas; situações de stress muitas vezes relacionadas com situações
33
de emergência com o próprio ou com os outros doentes ali internados. Assim, é
importante que o enfermeiro avalie e identifique as carências físicas, psicológicas e
sociais do doente e família, procurando contribuir para o respeito pela ética e código
deontológico da profissão de Enfermagem.
Ao refletir, posso afirmar que minha postura durante este percurso teve sempre por base
estes princípios, respeitando as relações privilegiadas do doente com a família, amigos
ou pessoas significativas, criando um ambiente tranquilizador, onde valores como o
respeito, privacidade, autonomia e dignidade tiveram sempre presentes. Considero que
todos os momentos contribuíram positivamente para o meu desempenho pessoal e
profissional e serviram para refletir de forma construtiva acerca de cada um deles.
Em síntese, no decorrer dos vários ensinos clínicos procurei, na minha atuação, respeitar
os princípios éticos e deontológicos da profissão, procurando promover relações
privilegiadas do doente com a família, amigos ou pessoas significativas, facilitando a
sua presença sempre que possível. Tal como refere Fontes e Ferreira (2009, p.34) “a
voz, o tato, a carícia de um familiar é diferente de um profissional, exatamente porque é
profissional e o paciente reage de maneira diferente”. Foi visível o envolvimento da
família ao máximo nos cuidados e nas decisões clínicas, que segundo Martins (2009) e
Pias (2008), reduz os medos, a ansiedade e mantém a família coesa até à alta. Assim, o
desenvolvimento de uma atitude assertiva, humanizada, estabelecendo uma
comunicação terapêutica e promovendo estratégias para a diminuição da ansiedade,
constitui uma competência essencial no domínio da formação especializada em
enfermagem ao doente crítico. Durante a minha atuação, procurei incentivar este
contacto precoce entre o doente crítico e a família, de forma a contribuir para a
humanização dos cuidados e minimizar a angústia de ambos.
34
O enfermeiro tem o dever de assistir a família/cuidadores no processo de luto através da
promoção de privacidade, silêncio e respeito na despedida ao doente que morreu.
Permitir que estes se despeçam condignamente, consciencializando-se da realidade, de
modo que não permaneça a angústia de não se terem despedido ou de não acreditarem
que está morto. Deve-se permitir que estes expressem os seus sentimentos, que se
despeçam sem fazer juízos de valor a crenças e religiões que lhe são desconhecidas.
Relativamente à transmissão de más notícias esta foi realizada, uma vez que tive
oportunidade de observar e verificar, em contexto de sala de emergência, que a
transmissão de más noticia por norma é efetuada pelo médico com a presença física de
familiares e só na UCI esta era efetuada pelo telefone. A nível do SU a metodologia da
transmissão de más noticias pelo médico com a presença da família pareceu-me muito
apropriada pois muitas vezes são situações de imprevisibilidade e causadoras de muita
angústia e sofrimento para a família e para quem faz a comunicação. No caso da UCI,
considero que a metodologia da transmissão de más noticias pelo telefone não é a mais
apropriada, uma vez que a comunicação de um óbito por telefone impede o profissional
de saber em que condições físicas e psicológicas o recetor recebe a noticia, contudo,
observa-se que na generalidade, a família que mantém contacto diário com a unidade e
da qual constam os contactos, também prevê estes acontecimentos embora não os queira
esperar como desfecho da situação.
35
A qualidade e melhoria contínua na organização incidem na busca incessante das
melhores práticas e o envolvimento de todos os profissionais da organização, através da
racionalização, eficácia e eficiência do serviço prestado (Oliveira, 1998).
Ao desenvolver competências a nível do SU, UCI e no BO, pude refletir que ambos se
destinam à assistência multidisciplinar e à prestação de cuidados à pessoa em situação
critica, nomeadamente doentes de alto risco. A missão dos mesmos consistiu em prestar
cuidados de saúde de qualidade, acessíveis em tempo oportuno, e se possível, num
quadro de desenvolvimento económico e financeiro sustentável. Relativamente aos seus
valores, verifiquei que em ambos os serviços, a prestação de cuidados era dirigida ao
doente e sua família, no sentido de satisfazer as suas necessidades através da utilização
das melhores práticas, pelo recurso ao elevado nível de qualidade, visando a prestação
de cuidados individualizados, personalizados, efetuando um adequado e pertinente
acompanhamento da atualização tecnológica e científica no sentido da melhoria
contínua da qualidade, promover a satisfação, promover a racionalização dos recursos e
36
dos custos e promover e proporcionar o desenvolvimento científico dos elementos da
equipa.
Nesta perspetiva, considero que uma área muito importante em que o enfermeiro
especialista pode e deve intervir é na formação em serviço. Esta deve ter como objetivo
a satisfação das necessidades sentidas pelos enfermeiros, inseridos num serviço,
considerando as expectativas individuais e de grupo, com vista à obtenção da excelência
e a qualidade dos cuidados prestados. Assim, a formação é hoje em dia, um dos grandes
desafios exigidos aos enfermeiros, devido às sucessivas mudanças, que conduzem a
uma desatualização constante dos conhecimentos técnico científico. Sobre os
enfermeiros recai assim, a responsabilidade e a preocupação de se atualizarem,
necessitando de repensar o seu processo de trabalho, bem como as competências
essenciais ao desempenho da profissão, num mundo em permanente mudança.
37
para que seja garantida essa qualidade, condição indispensável para uma prática
autónoma e responsável.
No SU tal como na UCI e no BO, pude verificar que toda a equipa tinha consciência da
necessidade de um processo de formação contínua e especializada em Enfermagem.
Apesar de toda a conjuntura económica em que vivemos atualmente no nosso país, pude
verificar o interesse sobre o processo e datas de candidaturas relativamente a Mestrados
e Curso de Pós-Licenciatura de Especialização em Enfermagem Médico-Cirúrgica, o
que revela e demonstra uma preocupação e interesse dos profissionais de saúde na
aquisição de um nível formativo mais avançado, no sentido da garantia de uma melhoria
da qualidade dos cuidados de Enfermagem prestados. A formação em serviço era
realizada e tinha frequentemente curta duração.
Nos vários ensinos clínicos, SU, UCI e BO, pude constatar que existia uma
planificação/calendarização das atividades de formação para o ano corrente, com vista à
satisfação das necessidades formativas identificadas pela equipa. A identificação das
necessidades formativas acontece de maneira informal, por conversas ocasionais, e
ocasionalmente era discutida em reuniões de serviço. Neste âmbito existiam grupos de
trabalho já elaborados, após levantamento do diagnóstico das necessidades formativas
da equipa, existindo em cada grupo um elemento responsável pela formação mais
proactivo, dinamizador, de forma a envolver a equipa ativamente nos projetos do
serviço, o que iria permitir uma atuação da equipa de enfermagem fundamentada e
sistematizada, e contribuiria significativamente para a melhoria da qualidade dos
cuidados prestados, uma vez que, tal como refere Velez (2009) é fundamental a sua
motivação para o desenvolvimento de saberes e mudança de comportamentos.
Considero que os locais onde realizei os ensinos clínicos são locais de elevada exigência
tanto a nível físico como psicológico, com necessidade de organização acrescida que
tem em conta, sempre que possível, as necessidades e preferências das pessoas, de
forma a manter a motivação e um bom desempenho profissional. Daí a importância de
manter os serviços providos de recursos (humanos e materiais) suficientes para dar
resposta às situações, pois “gerir é essencialmente, fazer coisas através dos outros”
(Apolinário, 2010, p. 3).
38
No que diz respeito à elaboração dos registos de enfermagem, nos vários ensinos
clínicos tive a oportunidade de realizar registos a nível informático, através do programa
do ALERT a nível do SU, na UCI a utilização do programa SAPE (Sistema de Apoio à
Prática de Enfermagem) com aplicação de linguagem CIPE (Classificação Internacional
para a Prática de Enfermagem) e a nível do BO mais concretamente o registo da
verificação cirúrgica. A nível do BO também utilizei os registos em papel,
nomeadamente a folha de enfermagem na sala operatória, folha de registo da UCPA e
folha de registo da determinação do indicador da qualidade da anestesia na UCPA.
Setz e D’Innocenzo (2009), acrescentam ainda que os mesmos devem ser rigorosos,
completos e realizados corretamente. São um instrumento de educação e um documento
legal, já que são a comprovação escrita da prática de enfermagem e são um meio para
avaliar a assistência de enfermagem prestada ao paciente, bem como da qualidade das
anotações elaboradas pela equipe de enfermagem.
39
Considero que a comunicação contínua entre profissionais e entre profissionais/doente é
importante, uma vez que a transmissão de informação adequada, clara e precisa, quer
verbal, quer escrita, é uma forma de garantir a continuidade dos cuidados, bem como a
prevenção de eventos adversos, e consequentemente uma melhoria da qualidade dos
cuidados prestados. Por outro lado, a comunicação “(…) é um dos meios mais eficazes
para a mudança de atitudes, já que constitui a essência vital à condução dos Homens”
(Morais, 2002:25).
Um outro aspeto que saliento nos serviços por onde prestei cuidados, foi a existência de
normas/protocolos de procedimento relativas às várias intervenções autónomas e
interdependentes desenvolvidas e a preocupação constante por parte da equipa na sua
atualização. Penso que os mesmos são fundamentais e são uma ferramenta de extrema
importância, uma vez que nos dão segurança na prestação de cuidados, permitem uma
homogeneidade e uniformização dos procedimentos, são uma mais-valia e constituem
uma parte integrante dos programas de garantia da qualidade e uma forma de
desenvolver atividades interdependentes perante situações que exigem resposta imediata
e segura, contribuindo assim para a melhoria da qualidade dos cuidados prestados aos
doentes.
Sobre o olhar de Veiga e Henriques (2008, p.14), os protocolos são “(…) linhas
orientadoras para a prestação de cuidados de enfermagem e normalizar
procedimentos que garantam as boas práticas”.
40
A nível do SU pude aplicar o protocolo da Ventilação Mecânica não invasiva
(VMNI) e da Ventilação Mecânica Invasiva (VMI), em que neste ensino clinico, o
contacto e ampliação de competências inerentes aos cuidados de enfermagem ao doente
crítico sob VMNI) e VMI foram de primordial importância para o meu desempenho
profissional enquanto aluna do mestrado, como processo de aprendizagem numa área
que considero essencial e importante. Foi fundamental pois no meu dia-a-dia nem
sempre tenho a oportunidade de cuidar de doentes com VMI e o fato de ter tido algum
contato com estes doentes na UMC permitiu-me aperfeiçoar, adquirir e pôr em prática
todos os conhecimentos adquiridos nas aulas teóricas, que foram e serão fulcrais para o
desempenho da minha profissão. Ao contrário da VMI, a VMNI é uma prática que no
meu dia-a-dia já estou mais “familiarizada”, no entanto a prestação de cuidados a
doentes com VMNI na sala de emergência e na UMC também foi benéfica, pois
possibilitou-me aperfeiçoar e melhorar alguns cuidados de enfermagem, mais
concretamente em relação ao correto posicionamentos do doente e redução das fugas
após a colocação da máscara, levando a uma melhoria da qualidade dos cuidados e uma
melhoria significativa para o bem-estar do doente. Também me possibilitou o
manuseamento com o aparelho Respironics V60, utilizado na VMNI, verificando muito
bons resultados, compensando todo um quadro de descompensação dos doentes com
dificuldade respiratória.
Concordando com Veiga e Henriques (2008), pude comprovar uma vez mais na minha
prática que a existência e a implementação de normas ou protocolos na realização dos
vários procedimentos num serviço têm várias vantagens: facilitam a tomada de decisão,
minimizam a incerteza reduzindo a variabilidade de práticas, melhoram a qualidade dos
cuidados, controlam o uso inadequado de recursos, diminuem o risco e promovem a
prestação de cuidados com uniformidade, elevando a sua qualidade.
Ainda no âmbito da melhoria dos cuidados, apliquei a nível da UCI a avaliação do risco
de úlcera de pressão pela Escala de Braden, prática com a qual já estava familiarizada e
que me permitiu inferir acerca do grau de risco apresentado pelo doente, adaptando os
cuidados em caso de alteração do score. A este nível saliento a prática de cuidados no
sentido da prevenção (alternância de decúbitos, alimentação e hidratação adequadas a
cada situação, massagem e aplicação de creme hidratante). Outro aspeto a referir diz
respeito à prevenção da infeção cruzada durante a prestação de cuidados, onde a este
domínio foi importante reconhecer o meu papel como futura Enfermeira Especialista,
que além de prestar cuidados gerais ao doente está alerta para a melhoria a diversos
níveis, participando na implementação de projetos de âmbito organizacional, assim
como na posterior monitorização, nomeadamente alertar para a importância de haver
vários pontos estratégicos da lavagem e desinfeção das mãos.
Após conversas informais com as Enfermeiras orientadoras dos vários ensinos clínicos,
um dos aspetos que considerei como oportunidade a desenvolver de encontro à melhoria
e à necessidade das equipas de Enfermagem, para uma atuação segura e eficaz, foi a
realização e apresentação das seguintes formações: no SU, eu e os meus colegas de
estágio considerámos importante e pertinente a temática da VMNI, com o intuito de
realizarmos uma ação de formação sobre “Boas Práticas na Abordagem ao Doente com
VMNI” (Anexo I), que considero ter sido muito pertinente pela temática atual mas
também pela metodologia utilizada neste trabalho. Foi apresentada no dia 18 de Julho
de 2013 no HS. Outro aspeto que quero realçar foi a possibilidade que tive bem como os
meus colegas de estágio, de realizarmos o curso sobre “Manuseamento da Via Aérea”,
que nos foi proporcionado com grande esforço e dedicação pela Srª Enfermeira
especialista Isilda, que mais uma vez lhe agradeço pela oportunidade que nos
proporcionou e que foi bastante enriquecedora para o nosso ensino clínico bem como
para o nosso desempenho profissional.
Concordando com o pensamento de Gomes (2010, p.5 citando Leite, 2006), espera-se
que o Enfermeiro Especialista seja “um profissional reflexivo, e capaz de mobilizar todo
um manancial de conhecimentos, alicerçado nos saberes providos da experiência, para
que a sua intervenção seja holística, contextualizada e com elevado nível de qualidade”.
43
Como atualmente exerço funções no SU desse hospital, o objetivo geral dessa formação
consistiu não apenas adquirir competências acerca do doente cirúrgico, vindo do SU
para o BO, mas também no sentido de poder ser o elo de ligação, dinamizador e com
vista a sensibilizar os enfermeiros para a importância da transmissão de informação
precisa, clara e objetiva acerca do doente cirúrgico, aquando da sua chegada ao BO, no
sentido de haver uma mudança de atitudes e comportamentos dos profissionais face aos
cuidados prestados no serviço de urgência, contribuindo assim para uma melhoria da
qualidade dos cuidados prestados ao doente e uma melhoria da continuidade de
cuidados, sendo o principal beneficiário o doente.
Apesar de tudo, considero que todas as equipas onde desenvolvi competências, cada
uma delas com as suas características, são equipas dinâmicas e motivadas na construção
do seu processo formativo, procurando otimizar a sua prestação de cuidados e
competências, contribuindo para a prática com qualidade.
44
3.3. DOMINIO DA GESTÃO DOS CUIDADOS
As organizações são dotadas de meios que são variáveis de acordo com os objetivos e
fins a que se destinam, quer sob a forma de produtos quer da prestação de serviços no
ramo da saúde e em concreto na área da enfermagem, mais concretamente na prestação
de cuidados de enfermagem. Sem recursos, as organizações não possuem meios para
realizarem atividades de modo a alcançar os seus objetivos.
45
Desta forma, no SU, UCI e BO a polivalência de funções é fundamental para a
colaboração entre os pares da mesma equipa sendo a base da otimização dos cuidados,
com maior rentabilidade ao nível da gestão destes e dos recursos humanos.
46
deixa de ser mecânica, massificada e descontínua utilizando métodos de trabalho que
favorecem a individualização e a continuidade da assistência de enfermagem (…)”.
A nível da UCI, verifiquei que o planeamento dos recursos humanos era feito a partir de
várias formas: n.º de horas necessárias aos cuidados obtidos pelo programa TISS 28,
situação clinica dos doentes e sua necessidade de cuidados de enfermagem com base
nas diretivas dos Recursos Humanos e Ordem dos enfermeiros, Ministério da saúde,
dotações seguras e o cálculo de necessidades de enfermagem (rácio enfermeiro/doente
uma enfermeira dois doentes no mínimo). A avaliação TISS 28 na UCI era feita no
turno da noite e correspondia às últimas 24 horas de permanência na unidade e ainda
quando o doente tinha alta ou falecia, tive oportunidade de preencher esta ferramenta
uma vez, era prático e de fácil leitura. A gestão de recursos na UCI era diária, com a
elaboração dos planos diários de trabalho, distribuindo os elementos de acordo com o
tipo de doentes (utilizando como ajuda o programa TISS 28) e cuidados a prestar. No
entanto, a dinâmica e metodologia da prestação de cuidados era individual, durante o
turno da manhã nos 7 dias da semana ficam 4 enfermeiros, sendo um deles, o
enfermeiro de reforço, colaborando nos cuidados como elemento supra-numerário. Nos
turnos da tarde e noite, a equipa de enfermagem dispõe de três elementos por turno, o
responsável e coordenador de turno é o enfermeiro com mais experiência, saberes e
competências na equipa ao nível da prestação de cuidados em UCI.
Em cada serviço, pude constatar que os recursos materiais eram diversificados, cada um
com a sua especificidade, sendo uma mais-valia, para o bom funcionamento dos
serviços bem como para a qualidade dos cuidados prestados.
Nos serviços onde realizei a minha prática, a gestão dos stocks estava a cargo das
enfermeiras chefes. A reposição de material (consumíveis) e produtos farmacêuticos era
feita pelo método de reposição por níveis, o que na minha opinião permite uma melhor
gestão do material e liberta os Enfermeiros para a realização de outras funções. Esta
reposição era da responsabilidade do serviço de aprovisionamento, das Enfermeiros
chefes e da farmácia, por forma a manter os níveis previamente definidos pelos
serviços. Durante os estágios tive a oportunidade de acompanhar este processo por
forma a assegurar a manutenção do serviço, tendo em conta que os pedidos eram
efetuados consoante o stock disponível e previsão dos gastos.
Ao desenvolver a minha prática clinica nos diferentes serviços, foi possível constatar
que durante a prestação de cuidados globais, o Enfermeiro Especialista, mantinha o
diálogo com todos os Enfermeiro dando-lhe sempre que possível reforço positivo e
assessoria, tomava especial atenção à prestação de cuidados seguros e tenta maximizar a
garantia da qualidade, certificando-se de que o doente/família são alvo dos cuidados que
merecem.
48
Este foi o principal alvo da minha atenção ao longo destes estágios pois assenta na
prática direcionada para os cuidados especializados, para a qual adquiri anteriormente
conhecimentos teóricos tendo tido a oportunidade de experimentar, o que me enalteceu
bastante enquanto futura Enfermeira Especialista. Este tipo de atuação permitiu um
processo de melhoria contínua com satisfação dos profissionais e dos doentes cuidados
por estes, dando melhor visão da organização. Em colaboração com o Enfermeiro
Coordenador no papel de responsável pelo turno, pude identificar que este assumia uma
liderança e participativa, em que cada elemento prestava cuidados de forma livre e
responsável pelas suas decisões e ações, funcionando como condutor do grupo na
direção da prestação de cuidados seguros, de qualidade e de acordo com as prioridades,
tornando-se assessor a nível de conhecimentos e de mobilização de recursos, na
interligação e negociação com a restante equipa interdisciplinar e registo de ocorrências,
tendo em conta os objetivos de cada serviço. Assim, posso referir que a coordenação
dos serviços constituiu um desafio único e foi imprescindível para dar uma resposta
efetiva e com qualidade aos doentes que recorrem diariamente aos serviços por onde
prestei cuidados. A experiência no acompanhamento das enfermeiras orientadoras no
papel de coordenação foi de primordial importância para o cumprimento das atividades
a que me propus nesta área / objeto de aprendizagem, bem como para o meu
desenvolvimento profissional como futura Enfermeira Especialista em Enfermagem á
Pessoa em Situação Crítica.
Desta forma, posso referir que uma utilização e gestão adequadas dos recursos
humanos, com uma prestação de cuidados em sintonia com este tipo de atitude, é vital
no funcionamento e na dinâmica da equipa multidisciplinar, que impõe um grau de
satisfação elevado que se reflete nos cuidados de excelência que foram prestados ao
nível do SU, UCI e BO.
49
necessárias para o garantir. Logo, os cuidados prestados às pessoas requerem segurança
e inclui a informação sobre os riscos e a redução do risco (OE, 2006).
Citando Fragata (2009, p.75), a gestão do Risco é “um conjunto de medidas destinadas a
melhorar a segurança e, consequentemente a qualidade da prestação de cuidados de
saúde … das circunstâncias que colocam os doentes em risco e pela atuação destinada a
prever e a controlar esses mesmos riscos”.
Por outro lado, Grigoleto et al. (2011), acrescenta que a segurança do doente consiste na
redução e/ ou atenuação de atos considerados inseguros, ligados ao sistema de
assistência à saúde, bem como ao emprego das melhores práticas, no intuito de obter os
resultados esperados.
“Jean Watson diz que a enfermagem está voltada para os cuidados que derivam
da perspetiva humanista combinados com a base de conhecimentos científicos…
o profissional de enfermagem desenvolva filosofias humanistas, sistemas de
valores … adquira amplo conhecimento … desenvolver pensamento critico …
na promoção da saúde do que na cura da doença” (Oliveira et al., 2007, p. 132).
Neste processo foi importante perceber que o Enfermeiro Especialista tem um papel
primordial na deteção de situações adversas, procurando atualizar conhecimentos de
forma a conseguir analisar, planear, definir estratégias de resolução, por em prática,
50
motivar e avaliar junto da restante equipa. Reforço a importância da partilha das práticas
baseadas na experiência com ganhos efetivos por parte do doente.
No funcionamento das várias equipas por onde prestei cuidados, foram vitais e
essenciais a coesão e o espírito de equipa entre os vários elementos da equipa
multidisciplinar, numa atitude de respeito, consideração e apreço por cada um dos seus
elementos.
51
A Enfermagem é uma profissão centrada em interações, onde cada pessoa se torna única
e indivisível num momento único de cuidado. Com o avanço tecnológico ocorrem
mudanças importantes nos locais de trabalho, relacionados com a inovação tecnológica
e as alterações na organização do trabalho, onde fazem emergir novas lógicas
empresariais, em que se procura valorizar o ser humano nas organizações a par do
desenvolvimento tecnológico. Assim, o processo de cuidar, muitas vezes desligado da
pessoa, coloca o desafio no desenvolvimento de capacidades, conhecimentos e recursos,
isto é, no desenvolvimento de competências (Serrano et al., 2011).
Neste sentido, espera-se que o Enfermeiro Especialista seja “um profissional reflexivo,
e capaz de mobilizar todo um manancial de conhecimentos, alicerçado nos saberes
providos da experiência, para que a sua intervenção seja holística, contextualizada e
com elevado nível de qualidade” (Gomes, 2010, p.5 citando Leite, 2006).
Ao longo dos vários ensinos clínicos, pude comprovar que os enfermeiros do SU, UCI e
do BO tinham como finalidade, durante a prestação de cuidados, o desenvolvimento das
suas competências, com o objetivo de melhorar a qualidade dos cuidados que prestavam
aos doentes. Também os considero peritos no cuidar da pessoa em situação critica, pois
como refere Benner (2001, p.58), o enfermeiro perito é aquele que:
A este nível é importante não descurar o facto de, apesar do ambiente dos serviços por
onde prestei cuidados serem todos diferentes, cada um com as suas especificidades,
sendo uns mais “controlados” do que outros, adaptando-se os cuidados à complexidade
das situações, considero que a comunicação contínua entre profissionais e entre
profissionais/doente, assim como o trabalho em equipa multidisciplinar foram uma
constante na prevenção de eventos adversos e consequentemente melhoria da qualidade
dos cuidados prestados.
Sobre o olhar de Pontes et al. (2008, p. 313), a comunicação é “um instrumento básico
do cuidado em enfermagem. Ela está presente em todas as ações realizadas com o
53
paciente, seja para orientar, informar, apoiar, confortar ou atender suas necessidades
básicas”.
Neste sentido, durante a minha atuação em ensino clínico, procurei transmitir junto da
equipa multiprofissional, informação adequada, utilizando linguagem científica de
forma a garantir a continuidade dos cuidados.
Um dos aspetos que enalteço relativamente à prestação de cuidados nos serviços foi a
integração nas equipas multidisciplinares, sendo fundamental o respeito mútuo. Assim,
comecei por observar a dinâmica das equipas multidisciplinares mantendo sempre
atitudes e comportamentos assertivos, colaborando com as mesmas. Também procurei
adquirir e partilhar conhecimentos e opiniões com todas as equipas e mostrar
disponibilidade, interagindo com as mesmas.
54
O receio e a ansiedade sentidos inicialmente com a realização dos vários ensinos
clínicos, por se tratar de um experiencia nova, inovadora e pelo desconhecimento dos
serviços, mais concretamente em relação à UCI e BO, foram facilmente ultrapassados
pela disponibilidade por parte das equipas de enfermagem, médica e de AO, mas
também pelo empenho, motivação e ambição de contactar com novas realidades.
Procurei ainda que estes estágios fossem um momento de partilha de conhecimentos e
práticas com o objetivo de enriquecimento mútuo, sendo importante o facto de refletir
com as equipas acerca dos cuidados prestados.
55
Nos momentos de comunhão com os pares, constatei que vivenciamos os mesmos
problemas ao cuidar da pessoa em situação crítica e que não existem “poções mágicas”
para os resolver, quer estejamos num SU, UCI e BO de um hospital distrital ou Central.
Mas sem dúvida, que na nossa prática diária é essencial mudar a nossa habitual atitude
conformista que diz “é possível…mas é difícil”, num sentimento de esperança na
mudança que afirma “é difícil…mas é possível”.
No exercício da prática clínica, no SU, UCI e BO, os enfermeiros são confrontados com
situações complexas, por vezes imprevisíveis impondo-se um nível diferenciado de
resposta. Estes profissionais são elementos essenciais na abordagem aos doentes em
estado crítico, com falência orgânica, iminente ou estabelecida de uma ou mais funções
vitais, tendo como objetivo principal suportar e recuperar estas funções, de modo a criar
condições para tratar a doença, proporcionando uma vida com qualidade.
56
necessitando por vezes de tomar decisões rápidas, baseadas nesses conhecimentos, que
têm de ser aplicados em escassos minutos ou mesmo segundos.
Considero que os enfermeiros que trabalham num SU, UCI e BO têm que ter
conhecimentos sólidos e abrangentes sobre o cuidar do doente em estado crítico. Este
foi para mim um desafio, bem como uma oportunidade para cimentar e/ou adquirir
competências técnicas e cientificas ao longo dos vários ensinos clínicos.
57
A nível do SU, quero realçar a importância que o enfermeiro adquire neste contexto,
sendo o profissional de saúde que mais precocemente identifica qualquer alteração na
condição do doente, quer física, quer emocional, logo considero que ele é o elemento
fundamental numa equipa do SU. Na minha perspetiva, o enfermeiro deve trabalhar em
equipa, adquirir, desenvolver e aplicar competências cognitivas, técnicas, e relacionais,
no sentido de conferir uma nova e melhor visibilidade aos cuidados de enfermagem na
urgência, o que vai de encontro ao que refere Urden et al. (2008), quando afirma que o
enfermeiro tem que ser capaz de prestar cuidados de qualidade com maior competência,
usando todas as tecnologias apropriadas e incorporando as abordagens psicossociais e
holísticas, ao tempo e à situação do doente. Assim, o papel do enfermeiro consiste na
elevada capacidade de interpretar muitos sinais e sintomas de gravidade que os doentes
vão mostrando antecipadamente (estado geral, padrão respiratório, nível de consciência,
comunicação, subjetividade das queixas dolorosas), definindo prioridades de
intervenção.
Nesta linha de pensamento, concordo com Sheehy (2004, p.3), quando afirma que “ a
prática de enfermagem de urgência requer um conjunto ímpar de capacidades de
avaliação, intervenção de âmbito geral e especializadas”.
Do ponto de vista de Ferreira et al. (2008), a SE é uma zona vital do SU, já que obriga à
existência de equipas bem treinados na área da ressuscitação, assistência a
politraumatizados e diversas situações de urgência, que necessitam de uma resposta
pronta e eficaz para que as intervenções terapêuticas se transformem em vidas
recuperadas para a sociedade.
Neste sentido, considero que são as situações imprevisíveis que tão bem caracterizam os
SU. É a essa imprevisibilidade, que também, deveremos estar atentos, mais ainda como
Enf.ª Especialista, aos sinais de alerta prevendo e prevenindo situações de colapso e de
risco que possam comprometer a vida da pessoa.
Como refere Sheehy (2004), a sala de emergência possui características únicas, por ser
um lugar estruturado onde existe a possibilidade de praticar, desenvolver perícia e treino
59
face à pessoa em situação crítica, em que o enfermeiro experiente avalia e reconhece de
imediato estados em risco de vida e inicia as intervenções terapêuticas adequadas.
No meu ponto de vista, a manutenção da sala de emergência exige grande esforço por
parte do enfermeiro que aqui se encontra distribuído, pois este deve para além da
prestação de cuidados, manter a sala operacional. A sala de emergência era uma sala
ampla com capacidade para receber e cuidar de três doentes em estado crítico em
simultâneo, o que considero ser um bom princípio, tal como na perspetiva de Massada
(2002) que refere que numa sala de emergência tem de haver condições necessárias e
fundamentais para receber e cuidar de vários doentes em estado crítico em simultâneo.
A sala era constituída por três unidades devidamente individualizadas com todo o
material e equipamento necessários e disponíveis permanentemente (carro de
emergência, monitores, seringas infusoras, ventiladores, desfibrilhador, terapêutica de
emergência, consumíveis, rampas de oxigénio, de ar comprimido e vácuo, entre outros).
Face a isto, a eficácia da sala de emergência depende da correta manutenção e
operacionalidade da mesma. A manutenção da operacionalidade desta sala, para além da
sua reposição no início do turno era feita com o auxílio de uma check list, e passava
também pela reposição do carro de emergência após a sua utilização ou sempre que não
se encontre devidamente selado. Atividade esta que pude realizar e refletir acerca da
importância da mesma, pois a sua manutenção vai permitir e garantir uma atuação
rápida, eficaz e com qualidade de toda a equipa.
“(…) uma conquista a cada minuto; uma descoberta contínua alimentada pela
perspicácia que se tem e que se aprende; um ambiente que atordoa familiares e
doentes … no meio de tantos fios e cabos e tecnologia; um sentimento de vitória
quando ajudamos na recuperação, na orientação espaço-temporal de alguém que
acorda de um sono/pesadelo; um sentimento de derrota quando sentimos a
pessoa “fugir” de cada cuidado, de cada fármaco, de cada intervenção; ter muito
conhecimento e estar sempre atualizada para manter a excelência dos cuidados
que presta, no saber-ser/estar, saber-fazer e no saber-saber!”.
Por conseguinte, pude verificar que o trabalho na UCI era complexo e intenso, devendo
o enfermeiro estar preparado para a qualquer momento, prestar cuidados a doentes com
alterações hemodinâmicas importantes, às quais requerem conhecimento específico e
grande habilidade para tomar decisões e implementá-las em tempo útil. Desta forma,
considero que o sucesso da UCI depende em muito do papel do enfermeiro, onde este
monitoriza, identifica potenciais problemas e atua rapidamente na sua resolução, através
da observação atenta do estado do doente. Administra terapêuticas e intervém para
prevenir e/ou corrigir situações que podem ameaçar a vida. Neste sentido e sobre o
olhar de Gomes (1988) citado por Vargas e Braga (2006, s/p), estes afirmam que o
enfermeiro que atua nas unidades de cuidados intensivos necessita de ter “conhecimento
científico, prático e técnico, a fim de que possa tomar decisões rápidas e concretas, …
diminuindo os riscos que ameaçam a vida do paciente”.
Urden et al. (2008, p.6), acrescentam ainda que o Enfermeiro das UCI “tem de ser capaz
de prestar cuidados de alta qualidade com a maior competência, usando todas as
tecnologias apropriadas e incorporando também abordagens psicossociais e holísticas
… à situação do doente”. Neste sentido, a diversidade, periodicidade e complexidade de
métodos de avaliação de parâmetros num doente em UCI, assim como a dinâmica das
intervenções a desenvolver evocam energia, desafio e oportunidades de realização, no
sentido de permitir o desenvolvimento de competências adequadas a este tipo de
cuidados. O percurso do estágio foi gradual com a preocupação constante do que
representa ser Enfermeira Especialista no cuidar da pessoa/família em estado crítico.
62
No estágio tive oportunidade de cuidar de doentes críticos na sua globalidade, com
diferentes graus de gravidade e instabilidade, desde a preparação da unidade, receção do
doente, avaliação primária e secundária, monitorização e vigilância contínua de
parâmetros vitais, assim como a elaboração dos respetivos registos, detetando sinais de
instabilidade hemodinâmica a partir da monitorização invasiva, o que vai de encontro ao
que Monahan (2007) refere que a avaliação do doente com monitorização invasiva deve
ser rigorosa, organizada e individualizada, para que sejam evidentes pequenas alterações
ou desvios de dados. Prestei cuidados a doentes maioritariamente do foro respiratório,
renal, toxicológico e cirúrgico geral, assegurando uma vigilância contínua ao doente, até
mesmo durante o transporte intra hospitalar para a realização de exames
complementares de diagnóstico ou transferência para o bloco operatório.
63
que presentemente não a consegue efetuar, devido à sua doença grave (Marcelino,
2008).
Souza e Santana (2012, p.1) referem que “estudos têm demonstrado que a aspiração das
secreções subglóticas por lúmen dorsal de sucção acima do cuff do tubo orotraqueal
retarda e reduz a incidência de pneumonia associada à ventilação mecânica”.
Pude refletir que o fator humano do cuidado de enfermagem, é um dos aspetos mais
difíceis de ser implementado, uma vez que a rotina diária e complexa que envolve o
ambiente da UCI faz com que os membros da equipe de enfermagem, na maioria das
vezes, se esqueçam de tocar, conversar e ouvir o ser humano que está a sua frente. Pude
verificar que apesar do grande esforço que os enfermeiros possam estar a realizar no
sentido de humanizar o cuidado na UCI, esta é uma tarefa difícil, pois causa atitudes às
vezes individuais contra todo um sistema tecnológico dominante. A própria dinâmica de
uma UCI não possibilita momentos de reflexão para que os profissionais possam
orientar-se melhor, no entanto pude contatar que todos os profissionais na unidade
prestavam cuidados no sentido de viabilizarem a humanização em detrimento da visão
mecânica e biologicista que impera nos centros de alta tecnologia como no caso das
UCI.
64
Durante o estágio em BO, pude refletir de forma continua que o papel do Enfermeiro
perioperatório consiste num conjunto de atividades orientadas não só para a técnica,
mas também para as necessidades humanas centradas na relação de ajuda e no cuidar.
65
a prestar ao doente na UCPA. A UCPA consiste num local onde o doente submetido a
um procedimento anestésico-cirúrgico deve permanecer, sob observação e cuidados
constantes por parte da equipa de enfermagem, até atingir a recuperação da consciência,
estabilidade hemodinâmica e prevenção de complicações que possam resultar do
período pós-anestésico (Peniche e Leite, 2007).
De facto, pude verificar que a prioridade dos cuidados ao doente na UCPA centravam-
se na sua segurança, conforto e bem-estar do doente, garantindo a qualidade dos
cuidados prestados. Tal como refere Cristóforo e Carvalho (2009), o bem-estar do
doente deve constituir o principal objetivo dos profissionais que assistem o doente
cirúrgico, pois podem apresentar um alto nível de stress, bem como desenvolver
sentimentos que podem atuar negativamente em seu estado emocional. Esta afirmação
vai de encontro á teoria de Rogers que considera o doente de forma global, chamando-
lhe “homem unitário”. O mesmo afirma que o profissional de enfermagem interage com
o doente e ajuda a alcançar o máximo bem-estar. (Oliveira et al., 2007).
66
Ao longo do ensino clinico no bloco operatório, pude constatar que uma das prioridades
da atuação dos enfermeiros estava relacionada com a segurança do doente e cabe aos
enfermeiros, através dos seus conhecimentos e competências ajudar os doentes e a
manter a segurança dos mesmos. De referir que a segurança do doente na sala
operatória, foi sempre assegurada, através do correto posicionamento do doente na mesa
cirúrgica, com cintas de contenção, a fim de evitar as quedas e manter o correto
posicionamento; a utilização de almofadas de gel e de rodilhas para prevenção de
úlceras de pressão, como também uma vigilância continua ao doente através da
avaliação dos seus parâmetros vitais.
Citando Grigoleto et al. (2011, p. 348) a segurança do doente “tem como definição, a
redução e/ ou atenuação de atos considerados inseguros, atrelados ao sistema de
assistência à saúde, bem como ao emprego das melhores práticas, no intuito de obter os
resultados esperados”.
67
efetuado através da folha de registo da determinação do indicador da qualidade da
anestesia na UCPA, tendo sido uma experiencia inovadora e gratificante.
68
deverá conhecer a técnica cirúrgica, desde os fios de sutura até os instrumentais
específicos antes do início do ato operatório e acompanhar a realização da
intervenção cirúrgica para poder antecipar os instrumentais ao cirurgião”.
Sobre o olhar de Melo (s/d, p.4), o enfermeiro de anestesia é “responsável por recolher e
verificar todas as informações que são necessárias junto do utente no dia da cirurgia e,
efetuar uma série de procedimentos diferenciados, de forma a proporcionar um
ambiente seguro a quem necessita de ser operado”.
70
Na perspetiva de Peniche (2005, p. 248) “o circulante de sala de operações deve ter
conhecimento sobre técnica de assepsia, métodos de esterilização e desinfecção,
funcionamento de equipamentos, posicionamento do paciente anestesiado e de
assistência ao cirurgião e anestesiologista”. O mesmo autor, acrescenta ainda que a
atividade de circulação na sala de operações é muito complexa, exige destreza a nível da
técnica e muita concentração, que reunidas à duração das cirurgias e ao ambiente
cirúrgico poderão contribuir para o desenvolvimento de alterações do estado emocional
do profissional.
71
vezes a centralização dos cuidados no individuo através dos procedimentos técnicos e
na atenção à doença, descorando a família.
Como refere Takaki e Sant’Ana (2004), o enfermeiro deve possuir um bom nível de
maturidade, estabilidade emocional e autoconhecimento. Para que ocorra a empatia
como processo terapêutico, é fundamental que se desenvolva um relacionamento de
respeito mútuo e que o enfermeiro preste um cuidado individualizado, respeitando a
cultura, crenças e valores da pessoa.
73
necessidades de cuidado desse grupo familiar, … a comunicação é um dos
requisitos primordiais para uma boa assistência de enfermagem”.
Outro aspeto que pude refletir, foi a comunicação que se estabelece quer com o doente
inconsciente quer com o doente submetido a ventilação assistida e sua família, pois esta
assume um papel importante na humanização e na prestação dos cuidados a esses
doentes, e exigiu de mim treino, habilidades e capacidades adaptativas complexas, para
o desenvolvimento de competências ao nível relacional.
Segundo Rosário (2009, p.6-7), os sentimentos mais referidos pelos doentes internados
em UCI, relacionados com a impossibilidade de comunicar foram: “a impotência e
desânimo, aflição, medo, ansiedade”, relacionados com o internamento “sentimentos de
desorientação e confusão, dor e sofrimento (…) sentirem-se impotentes e acabavam por
se conformar pelo facto de não conseguirem comunicar”. Como aspetos positivos
referiram a presença da família, a presença dos profissionais de saúde e ainda a sua
disponibilidade e ajuda para ultrapassar as dificuldades de comunicação, com utilização
de linguagem escrita e gestual (Rosário, 2009). Do ponto de vista de Matos e Mendes
(2011), o enfermeiro em UCI deve avaliar a capacidade do doente em comunicar,
envolver a família nessa estratégia, ser amável, informativo e estar fisicamente presente.
74
comunicação eficaz. No entanto, temos que estar atentos e dispostos a disponibilizar
tempo, para ouvir atentamente ou silenciosamente, o que o doente e a família nos quer
dizer. Temos que escutar ativamente, a escuta ativa implica conseguir ouvir o que o
doente diz, mas sobretudo o que ele não consegue dizer.
Na perspetiva de Ferreira et al. (2009) citando Chalifour (2008), para se estabelecer uma
verdadeira relação de ajuda o enfermeiro deve dar atenção á pessoa na sua totalidade,
tendo em conta as características biológicas, cognitivas, emocionais, sociais e
espirituais.
Saraiva (2008) citado por Ferreira et al. (2009), acrescentam ainda que a ajuda do
enfermeiro deve basear-se em três conceitos: a verdadeira escuta, que proporciona ao
enfermeiro a identificação das necessidades expressas quer verbalmente quer não
verbalmente; a empatia, que implica ser capaz de compreender o outro, de se colocar no
seu lugar, sabendo no entanto manter a distância que permite a relação terapêutica e a
congruência, que implica que o enfermeiro deve ser autêntico e ele próprio.
75
Neste sentido, os registos de enfermagem são “a comunicação escrita dos factos
essenciais de forma a manter uma história contínua, dos acontecimentos ocorridos...”
(Martins et al., 2008, p. 54 citando George, 2000) são considerados um modelo da
escrita apontada para testemunhar a prática clínica do cuidar, a qual deve ser refletida.
Esses registos refletem traços de uma prática profissional humana e não
instrumentalizada porque tem em conta a humanização das pessoas, e pressupõe uma
observação apurada e um conhecimento profundo e holístico do doente/família
(Heesben, 2007, citado por Martins et al., 2008).
A nível da UCI, pude trabalhar com um sistema novo para mim, a aplicação SAPE, que
inicialmente se revelou confuso mas com a constante manipulação tornou-se simples,
intuitivo e de fácil utilização. Contudo, constituiu uma experiência inovadora, pois
apenas tive formação inicial, mas reconheço a nível profissional a sua importância pela
sequência de planeamento e avaliação das intervenções autónomas e interdependentes a
partir de uma abordagem inicial que constituem também momentos de reflexão acerca
da especificidade do doente internado e dos cuidados prestados. A participação nas
passagens de turno com a restante equipa, utilizando a aplicação informática SAPE,
aplicativo informático de apoio à enfermagem na realização do processo de cada doente,
com utilização da linguagem internacional para a prática de enfermagem – CIPE,
permitiu transmitir informação pertinente acerca da condição do doente, planeando
alterações aos cuidados ou favorecendo a continuidade dos mesmos, o que constituiu
também uma experiência inovadora. É de referir que a transmissão de informação
adequada, quer verbal, quer escrita, por forma a garantir a continuidade dos cuidados,
foi também uma atividade que me exigiu o desenvolver de capacidades adaptativas,
uma vez que tanto os registos como a passagem de turno são fundamentados na
linguagem CIPE.
Segundo Grigoleto et al. (2011, p. 348), a Check list, “Cirurgias seguras salvam vidas”,
foi desenvolvida pela OMS e foi criada com o intuito de “auxiliar as equipes operatórias
na redução das ocorrências de danos ao cliente”. A Aliança Mundial para a Segurança
do Paciente contou com vários colaboradores que identificaram os itens de segurança a
serem verificados, de forma que pudessem ser colocados em prática em qualquer sala
77
operatória, no sentido de reforçar a segurança operatória com práticas corretas e
promover uma melhor comunicação e trabalho em equipa.
Apesar de esta classificação ser efetuada pelo anestesista durante a consulta pré
anestésica, considero que a mesma é importante e compete aos enfermeiros terem
conhecimento e competências para a saberem avaliar, no sentido de minimizarem os
riscos quer anestésicos quer cirúrgicos. Penso que foi mais um aspeto muito importante
para a minha aprendizagem, pois o saber não ocupa lugar!
Pela minha experiência profissional, considero a dor como uma das experiências mais
temidas e também a mais vivenciada pelo ser humano. Associada a fatores negativos, a
78
dor produz no doente sentimentos de medo, incerteza, ansiedade, angústia,
incapacidade, dependência, sofrimento, stress, e mesmo previsão da morte.
Ao longo dos vários ensinos clínicos, tive sempre como objetivo geral detetar sinais de
instabilidade no doente crítico. Com o desenvolvimento e aperfeiçoamento de
competências nesta área, pude compreender que existem sinais e sintomas que podem
conduzir a essa instabilidade, uma das quais constatei que a dor não controlada no
doente crítico pode levar à instabilidade, como por exemplo aumento da frequência
respiratória, aumento da tensão arterial e aumento da frequência cardíaca. Tal como
referem Saça et al. (2010, p. 36)
Neste sentido, pude refletir que a dor é um sintoma individual, uma experiência
subjetiva, pois é aquilo que o doente diz que é, quando é e como é (Kazanowski e
Laccetti, 2005), e compreende várias sensações que são experimentadas pelo ser
humano: componentes sensoriais, afetivos e cognitivos, sociais e comportamentais.
Embora uma pessoa consiga sobreviver com dor, ela interfere no seu bem-estar, nas
relações sociais e familiares, no desempenho do seu trabalho, influenciando assim a sua
qualidade de vida.
Swearingen e Keen (2005), referem que os doentes criticamente doentes sentem dor
considerável proveniente de condições patológicas, lesões, intervenções terapêuticas
como a cirurgia e múltiplos procedimentos diagnósticos e invasivos. Mesmo os doentes
que parecem inconscientes sentem dor.
Por conseguinte, pude refletir que a avaliação e o registo sistemático da queixa dolorosa
após o registo dos outros sinais vitais constitui um dado imprescindível, pois assim o
médico pode intervir adequadamente e aliviar o sofrimento do doente. Esta reflexão vai
de encontro ao que nos referem Saça et al. (2010), quando afirmam que a Agência
Americana de Pesquisa e Qualidade em Saúde Pública e a Sociedade Americana da Dor
(APS) estabeleceram diretrizes em que a mensuração e registro da dor devem ser
realizados com o mesmo rigor e seriedade que a pressão arterial, frequência cardíaca,
frequência respiratória e temperatura, denominando assim a dor como “5º sinal vital”.
Como enfermeira considero que o controlo da dor e cuidar do doente com dor
representa um desafio para os profissionais de saúde, perante o confronto com a dor, os
doentes não sentem o mesmo, não reagem da mesma maneira e não verbalizam da
mesma maneira. O enfermeiro como cuidador tem um papel fundamental na avaliação,
vigilância, no controlo da dor, na caraterização da dor e na deteção precoce de
complicações. Assim, compete ao enfermeiro avaliar a dor e atuar de acordo com a
necessidade de cada individuo, integrando-a diariamente no plano dos seus cuidados.
Como enfermeira e como membro da equipa de saúde, ao longo dos vários ensinos
clínicos, exerci o meu papel no controlo da dor, assumi a responsabilidade na avaliação
80
diagnóstica, na intervenção e monitorização dos resultados do tratamento e na
comunicação das informações sobre a dor do doente.
A avaliação da dor como 5º sinal vital deve ser valorizada pelo Enfermeiro da UCI, o
doente em muitas ocasiões não consegue expressar a sua dor devido a vários motivos:
diminuição do estado de consciência, procedimentos dolorosos e invasivos de
diagnóstico, cirurgias anteriores, traumatismos, presença de dispositivos terapêuticos,
entre outros. Esta afirmação está de acordo com Castro, Vilelas e Botelho (2011, p.43)
“quando a pessoa é admitida na UCI, esta é invadida por múltiplas intervenções
dolorosas: a entubação orotraqueal, a colocação de múltiplos cateteres centrais, para
além de outros procedimentos invasivos”.
81
mesmo tinha dor. Concordando com Guedes et al. (2012, p.724) “a observação de
respostas comportamentais (expressão facial, agitação, postura) ou fisiológicas ao stress
(tensão arterial, frequência cardíaca, frequência respiratória, diaforese, pressão
intracraniana) pode constituir a única avaliação possível da dor…” Permitiu-me também
aprender e aperfeiçoar conhecimentos no sentido de melhorar a minha prestação de
cuidados a estes doentes com vista a uma melhoria da qualidade dos cuidados o que irá
trazer contributos no futuro, nomeadamente poderei aplicar esta escala a nível do local
onde exerço atualmente funções. Associada á dor está a sedação, tendo eu tido a
oportunidade de aplicar a escala de sedação - Richmond Agitation Sedation Scale
(RASS). Ambas as escalas eram desconhecidas, por isso a sua utilização e aplicação
foram fundamentais para a minha aprendizagem e para a melhoria da qualidade dos
cuidados prestados, detetando e interpretando sinais que evidenciavam dor e mal
adaptação do doente ao ventilador, como por exemplo hipertensão, taquicardia,
taquipneia e lacrimejo.
Durante o ensino clínico no BO, pude verificar que a realização de uma cirurgia acarreta
diversos medos, sendo que aquele que foi mais verbalizado pelos doentes foi o receio de
ter dor no pós-operatório. Sobre o olhar de Cerejo (2001), o medo da dor no pós-
operatório, é um fenómeno sempre presente aquando da realização de um procedimento
invasivo, sendo um dos problemas que mais aflige o doente, por não saber qual a sua
intensidade, como e se a dor vai ser combatida, como e se lhe irão aliviar o sofrimento.
Perante isto, pude refletir acerca da dor do doente no pós-operatório, uma vez que
considero que o controlo da dor representa um desafio para os profissionais de saúde,
sendo esta subjetiva e influenciada por diversos fatores. Como enfermeira, considero
que o enfermeiro como cuidador tem um papel fundamental na avaliação, vigilância, no
controlo da dor, na caraterização da dor e na deteção precoce de complicações.
82
O controlo da dor no período pós-operatório tem como objetivos que o doente tenha
uma dor mínima ou ausência de dor, de forma a melhorar a sua qualidade de vida,
promover o conforto e o bem-estar, diminuir a ocorrência de complicações e melhorar
os cuidados de saúde (Duarte et al., 2004). Assim, o controlo da dor deve ser “uma
prioridade no âmbito da prestação de cuidados de saúde de elevada qualidade … fator
decisivo para a humanização … direitos humanos fundamentais” (DGS, 2008, p.5).
Neste sentido, tendo em conta que a dor cirúrgica constitui a mais importante e
frequente causa de dor aguda, verifiquei que a analgesia epidural, constituiu uma técnica
muito eficaz no controlo dessa dor. É uma técnica de analgesia regional que utiliza a
administração de fármacos analgésicos e anestésicos por via epidural (Martins, 2006). A
utilização do cateter epidural é “uma das ferramentas eficazes para o controlo e alívio da
dor pós-operatória. A analgesia peridural promove uma analgesia segmentar prolongada
e efetiva” (Pasin e Schnath, 2007, p. 69).
Segundo Razera e Braga (2011, p. 633) a consulta pós-operatória é definida como “um
sistema de assistência continuada, participativa, integral e documentada, destaca-se
como uma estratégia de avaliação da assistência prestada, procurando atender aos
requisitos de qualidade, na visão do paciente e/ou familiares, sobre a assistência
transoperatória”.
84
dor, como na educação e supervisão da equipa de enfermagem em relação à manutenção
do cateter epidural, proporcionando um atendimento com qualidade”.
Ao nível da prevenção e controlo da infeção, constatei que esta temática era uma
preocupação dos enfermeiros nos vários ensinos clínicos, mas com maior relevância a
nível da UCI e no BO.
86
recomendações, constituem os fundamentos do controlo de infeção, são a primeira
“barreira de segurança” nos cuidados de saúde, contribuindo assim para a prevenção e
controlo da transmissão cruzada das IACS, para a melhoria contínua da qualidade dos
cuidados e, consequentemente, para a segurança dos doentes.
Foram tomadas medidas preventivas adequadas pela equipa de enfermagem da UCI que
podiam diminuir e prevenir o risco da PAV, como sejam: lavagem das mãos; medidas
universais de precaução; cabeceira elevada 30o; higiene oral de 8/8h com chlorhexidina;
aspiração traqueobrônquica com técnica asséptica; utilização de filtros bacterianos no
ventilador e ressuscitador manual (este era lavado, esterilizado e substituído
frequentemente); utilização de traqueias descartáveis; promovem a preparação de saída
do ventilador e posterior participação na extubação precoce do doente. Desempenhei
todas estas atividades durante o estágio e considero o trabalho de enfermagem da UCI
87
de excelência, no entanto observei que alguns enfermeiros aspiram o doente de forma
rotineira. As evidências cientificas dizem-nos que a “técnica de aspiração endotraqueal
não deve ser feita em intervalos regulares, mas sim, em situações que o paciente
realmente necessite (desconforto respiratório, presença de secreções, baixa de Sat O2)
pois, os riscos da aspiração de rotina ultrapassam seus benefícios” (Lima, 2009 citando
American Association for Respiratory Care, 2009). Foi meu objetivo identificar lacunas
nos conhecimentos e oportunidades de investigação, então questionei os meus tutores
sobre esse assunto. Citando a Enfermeira Ana Lúcia (2013)
“nos CI deve-se aspirar o doente sempre que ele precisa – dizemos até que se as
secreções são visíveis são audíveis o doente precisa de ser aspirado. No entanto
em muitos doentes isto não acontece, as secreções não estão audíveis nem
visíveis, mas elas estão lá. Se não aspirarmos de forma sistemática, estes doentes
fazem atelectasias e pneumonias, os tubos ficam obstruídos e ai temos muitas
vezes pressões das vias aéreas elevadas, com o risco inerente a essa situação. A
prática diz-nos que quando não aspiramos um doente com frequência e de forma
rotineira esses doente tem mais complicações que os outros (infeção, atelectasia,
maior consumo de antibióticos, mais dias de internamento, maior morbilidade.
Os tubos retirados de doentes menos aspirados estão com mais secreções secas
nas paredes. Pesando o risco/beneficio a prática diz-nos que os doentes devem
ser aspirados com frequência.”
Em síntese, durante estes ensinos clínicos, nas diferentes áreas de intervenção, procurei
mostrar sempre disponibilidade para partilhar conhecimentos e vivências, manifestando
a minha opinião. Sinto que atuei de forma organizada, procurando cumprir os
procedimentos de forma segura e adequada e transmitir informação adequada,
utilizando linguagem científica para garantir a continuidade dos cuidados.
88
algumas áreas destes contextos pelo contacto diário com a pessoa em situação crítica,
possibilitando-me à vontade em algumas situações e procedimentos.
A partilha no seio das várias equipas de enfermagem onde estive integrada, foi
fundamental para um crescimento harmonioso, quer pessoal e/ou profissional, mas este
não se desenvolve só em resposta a pensamentos reflexivos e críticos baseados em
factos, mas também na experiência que provém do contacto com o ambiente de trabalho
que nos rodeia. Foi importante esta partilha porque cada um carrega consigo uma
existência distinta, uma história própria, contribuindo com saberes e experiências
diferentes.
89
PARTE II - REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA
1.1. INTRODUÇÃO
A prática dos Enfermeiros tem sido pouco refletida e centrada nas diferentes tarefas e
não na resolução de problemas (Fonseca, 2006). O mesmo autor (2006, p. 16), refere
que torna-se urgente desenvolver a “(…) prática baseada na evidência, como forma de
integrar os conhecimentos, os valores, preferências dos doentes e as características dos
enfermeiros peritos como forma de se decidir os cuidados prestados mais dirigidos para
as necessidades dos doentes”, ou seja, uma prática de Enfermagem Avançada que
traduza cuidados de maior qualidade.
Segundo a Ordem dos Enfermeiros (2006), uma prática baseada na evidência consiste
na incorporação da melhor evidência científica existente, quer quantitativa quer
qualitativa, conjugada com a experiência, opinião de peritos, os valores e preferências
dos utentes, no contexto dos recursos disponíveis.
Amaral (2007), refere que a prática baseada na evidência permite saber o que já foi
escrito e estudado sobre o assunto, fundamentada em critérios metodológicos, no
sentido de encontrar os artigos que têm validade daqueles que não têm.
Segundo a Internacional Association Study of Pain (IASP), citada por Pinto et al. (2012,
p.70) a dor é definida como “uma experiencia sensorial e emocional desagradável,
associada a um dano real ou potencial dos tecidos”.
Estes autores referem ainda que devido á prevalência da dor em UCI, nomeadamente
em doentes ventilados, é importante que hajam estudos que relatem o impacto da
mesma nesses doentes, no sentido de alertar para a necessidade de se estabelecerem
políticas de treino aos profissionais de saúde.
90
A dor é identificada como um importante sintoma em doentes internados, uma vez que
os mesmos estão vulneráveis, não apenas devido á sua doença como também aos
procedimentos de diagnóstico e aos tratamentos. Outro aspeto a ter em conta, está
relacionada com o fato de muitos doentes terem dificuldades em verbalizar o seu
desconforto, devido ao fato de estarem entubados ou apresentarem um deficit cognitivo
significativo (Pinto et al., 2012, citando Shannon et al., 2003 e Puntillo, 2002).
A organização mundial da saúde (OMS, 2004) citada por Pinto et al. (2012), considera o
controlo da dor como uma das três prioridades no sistema de saúde pública e considera
que os governos devem incluir programas de controlo da dor no sistema de saúde, no
sentido de melhorar a qualidade de vida dos doentes.
A dor é o sintoma mais comum e é aquela que é mais verbalizada em termos de queixas
pelos doentes. É sem dúvida, uma das mais particulares e exclusivas sensações
experimentadas pelo ser humano, envolvendo vários componentes sensoriais, afetivos e
cognitivos, sociais e comportamentais (Rigotti e Ferreira, 2005).
Pedroso e Celich (2006) acrescentam que a dor é uma experiência individual, com
características próprias do organismo, e está associada a uma história passada e ao
contexto no qual ela é percebida.
A Sociedade Internacional para o estudo da dor (IASP), define a dor como “uma
experiencia sensitiva emocional desagradável relacionada á lesão tecidular …
manifestações subjetivas, que envolvem mecanismos físicos, psíquicos e culturais”
(Pedroso e Celich, 2006, p.271).
Embora uma pessoa consiga sobreviver com dor, ela interfere no seu bem-estar, nas
relações sociais e familiares, no desempenho do seu trabalho, influenciando assim a sua
qualidade de vida. Neste sentido, a avaliação da dor constitui uma preocupação na
91
prática do enfermeiro, uma vez que consiste num cuidado individualizado e dirige-se à
causa desencadeante da dor a fim de aliviá-la (Rigotti e Ferreira, 2005).
Silva et al. (2011) acrescentam que é preciso ser solidário e respeitar a dor física e
subjetiva do doente, uma vez que cada pessoa a percebe de uma maneira ou intensidade
diferente.
Apesar de ser um fenómeno universal, é uma experiência subjetiva, uma vez que é
aquilo que o doente diz que é, quando é e como é. A sua perceção varia consoante o
género, a idade, o nível cognitivo, experiências anteriores, contexto familiar e cultural.
A dor funciona como um mecanismo de defesa ou de alerta do organismo, e constitui
um dos primeiros sintomas da doença (Kazanowski e Laccetti, 2005).
No entanto, Souza et al. (2013), dizem que na prática diária, a equipe de enfermagem da
UCI pode não reconhecer os aspetos essenciais na avaliação da dor em doentes com
sedação ou com barreiras de comunicação. Associado a este fato, os registos muitas
vezes são incompletos e sugerem que a equipe não sabe diferenciar sedação de
analgesia.
Sakata (2010), escreve que menos de 50% dos profissionais avaliam a dor. A avaliação
da dor e da sedação é particularmente complexa na UCI porque, muitas vezes, os
doentes mostram-se incapazes ou impossibilitados de comunicarem verbalmente com os
profissionais, pelo fato de se encontrarem com intubação traqueal, com alteração do
estado de consciência, sedação ou com efeito de medicamentos.
92
“O paciente critico em terapia intensiva é um ser dependente dos cuidados de
enfermagem, o profissional deve ser capaz de detetar as necessidades
psicobiológicas, psicossociais e espirituais comprometidas, e auxiliá-lo no
atendimento das necessidades que estão afetadas, de acordo com o seu grau de
dependência e das prioridades” (Silva et al., 2011, p. 547).
De acordo com o plano nacional de avaliação da dor, citado por Pinho et al. (s/d), a
Direção Geral da Saúde, através da circular normativa nº 9 de 14/06/2003, refere que a
dor é o 5º sinal vital, sendo a sua gestão um direito do doente, um dever profissional e
um passo fundamental para a efetiva humanização dos cuidados de saúde.
Nesta linha de pensamento, a dor como 5º sinal vital deve ser valorizada nas UCI,
especialmente em doentes ventilados, pois o doente tem dor devido á gravidade da
situação clinica, com diminuição do estado de consciência e pela quantidade de
93
cuidados de enfermagem sistemáticos, procedimentos dolorosos e invasivos de
diagnóstico, cirurgias e pela presença de dispositivos terapêuticos.
Concordando com Sakata (2010), a maioria dos doentes numa unidade de cuidados
intensivos tem dor, medo e ansiedade e a administração de analgésico e sedativo é
fundamental para dar conforto ao doente, reduzir o stress e evitar atraso na recuperação
e na libertação da ventilação mecânica.
Segundo o mesmo autor, um estudo mostrou que menos de metade dos doentes tem um
controle adequado da dor em UCI. As barreiras detetadas foram: conduta do médico,
uso de protocolos sem evidência, resistência dos profissionais para mudar a conduta,
método inadequado de avaliação da dor e treino insuficiente dos profissionais quanto à
avaliação e ao tratamento da dor. Desta forma, o alívio da dor é essencial para a
recuperação adequada do doente.
Apesar de existirem várias escalas de avaliação da dor, penso que existem dificuldades
em avaliar a severidade e a intensidade da dor em doentes críticos na UCI, como
também diferenciá-la do medo e da ansiedade para promover o alívio e o conforto. Por
este fato, senti a necessidade de realizar uma RSL sobre o tema, Avaliação da Dor em
Doentes Ventilados numa UCI.
94
clínicas, no seu julgamento próprio para tomar as decisões, esquecendo-se que a
sensação dolorosa pode manifestar-se através do aumento da FC, TA, variações no
diâmetro pupilar e lacrimejo.
Uma revisão sistemática requer uma pergunta clara, a definição de uma estratégia de
pesquisa, o estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão dos artigos e uma análise
criteriosa da qualidade da literatura selecionada. O processo de desenvolvimento desse
tipo de estudo de revisão inclui caracterizar cada estudo selecionado, avaliar a qualidade
deles, identificar conceitos importantes, comparar as análises estatísticas apresentadas e
concluir sobre o que a literatura informa em relação a determinada intervenção
(Sampaio e Mancini, 2007).
95
Para esta RSL formulei a seguinte questão de pesquisa: quais são os instrumentos de
avaliação da dor utilizados em doentes ventilados numa UCI?
A partir desta questão e relativamente à estratégia de pesquisa para esta RSL, utilizei a
estratégia PICO de Joanna Briggs, que segundo Joanna Briggs Institute (JBI, 2014) esta
estratégia consiste em destacar a revisão sistemática, ou seja, é utilizada para definir as
propriedades dos estudos a serem considerados para a inclusão na revisão da literatura.
PICO é utilizado para construir uma pergunta clara e significativa, quando procura
evidências em estudos quantitativos.
- Estudos que se referem aos instrumentos de avaliação da dor que são utilizados numa
UCI para avaliar a dor em doentes adultos ventilados e sedados;
97
- “Data de Publicação”: últimos 10 anos (2003-2013) pela dificuldade em encontrar
ensaios clínicos em tempo inferior a 5 anos;
- Duplicação de artigos;
Esta opção foi tomada com o propósito de evidenciar os conceitos que julguei mais
relacionado com a intervenção autónoma do enfermeiro, à qual atribui particular
relevância e na qual foquei o interesse, visto considerar haver necessidade de refletir
sobre a mesma, na medida em que se encontra diretamente ligada à prática profissional.
Comecei por realizar a pesquisa dos artigos, a 3 de Março de 2014 por volta das 10H 20
m, através da análise de três descritores: Pain AND Pain Measurement AND Intensive
98
Care, onde encontrei 14.063 artigos. Devido ao elevado número de artigo utilizei como
limitadores: “data de Publicação”: últimos 10 anos; “tipo de material”: artigos e
“idioma”: qualquer idioma, onde obtive 9.432 artigos. De seguida, por considerar ainda
um elevado número de artigos, decidi refinar a pesquisa onde inclui artigos que
fizessem referência a “Critical Care”, “Intensive Care”, “Nurses”, “Nursing”, “Pain”,
“Pain Assessment”, “Pain Management” e “Pain Measurement”. Daqui resultaram 999
artigos. Refinando ainda mais a pesquisa, inclui artigos que fizessem referencia a
“adults” e “Assessment”, obtendo um total de 37 artigos. Destes 37 artigos, foram
excluídos 34 artigos após a leitura do título e resumo, tipo de amostra do estudo
(crianças) e a existência de estudos secundários (RSL). De seguida foram avaliados os
artigos pela grelha de classificação da qualidade e pela estratégia PICOD e foram
selecionados 3 estudos.
Com o objetivo de obter mais artigos para fundamentar o meu estudo, no dia 12 de
Março de 2014 às 15 Horas, optei por agrupar os seguintes descritores, noutra base de
dados, nomeadamente a SciELO a partir do Google Scholar: Dor, avaliação da Dor,
Cuidados Intensivos, Ventilação e Adultos. Como resultado da pesquisa obtive um total
de 2.550 artigos. Considerando como limitadores humano, texto completo em PDF e a
data de Publicação nos últimos 10 anos, decidi analisar 50 artigos, onde após a leitura
do título e resumo, e utilizando os critérios de inclusão e de exclusão, optei por
selecionar 1 artigo.
99
1.4. QUALIDADE METODOLÓGICA DOS ESTUDOS / NÍVEIS DE
EVIDÊNCIA
No que diz respeito aos cinco estudos selecionados, realizou-se um quadro, que se
encontra em anexo (Anexo III), resumindo a evidência recolhida, com referência ao
estudo (titulo, autor e ano de publicação), desenho, participantes, intervenção e medidas
de avaliação. No respetivo quadro a numeração atribuída aos artigos diz respeito a uma
ordenação crescente da data de publicação dos mesmos. De seguida, recorreu-se a uma
escala de Bandolier Journal, Evidence-Based Everything (1995) citado em Pereira e
Bachion (2006, p. 494), no sentido de caraterizar o tipo e força de evidência dos estudos
(Anexo IV). Para além disso, ainda recorreu-se à escala Joanna Briggs Institute (JBI),
para verificar se os estudos satisfazem os critérios de qualidade (Anexo V).
O estudo foi baseado numa amostra randomizada, tendo ocorrido numa unidade de
cuidados intensivos com 18 camas com valências de medicina e cirurgia, neurologia e
de emergência. Utilizaram três instrumentos para realizar a colheita dos dados, a escala
comportamental da dor (BPS), a escala de avaliação da atividade motora (MAAS) e
dados demográficos dos clientes. Foram incluídos neste estudo quarenta e quatro
doentes. Os critérios de inclusão foram: idade superior a 18 anos, doentes ventilados
mecanicamente no período superior a 48 H, hemodinâmicamente estáveis e que não
receberam terapia de ressuscitação. Os critérios de exclusão foram quadriplegia, doentes
com bloqueio neuromuscular e doentes admitidos por auto mutilação.
101
O estudo foi baseado numa amostra não randomizada, onde o tipo de amostragem
utilizada no estudo foi a amostragem de conveniência. Foi utilizada uma amostra de
conveniência de 96 doentes que foram intubados e ventilados mecanicamente, alguns
dos quais estavam conscientes e outros inconscientes. Da amostra foram excluídos
doentes com relaxantes musculares, todos aqueles com problemas de motor ou sensíveis
e com dispositivos de analgesia controlada pelo doente. Os doentes
hemodinamicamente instáveis ou com insuficiência respiratória no momento da
observação também foram excluídos. Assim pode-se dizer que os critérios de inclusão e
exclusão se encontram bem definidos.
102
de 90 arquivos elegíveis foram incluídos. Assim pode-se dizer que se trata de uma
amostra randomizada.
Os critérios de inclusão e exclusão estão bem definidos no estudo, uma vez que através
de arquivos médicos foram selecionados os doentes que foram admitidos na UCI com
18 anos ou mais, tinham sido ventilados por um período de 24 horas e que estavam
incapazes de comunicar. Dos arquivos médicos foram excluídos os doentes que tinham
uma lesão na coluna, que apresentavam uma escala de Glasgow <4 ou que lhes tinham
sido administrados bloqueadores neuromusculares durante as primeiras 48 horas após a
admissão na UCI.
No que se refere aos critérios de inclusão e exclusão, os mesmos estão bem definidos no
estudo, uma vez que participaram na colheita dos dados três enfermeiros com idades
entre os 28 e os 30 anos, todos frequentaram e obtiveram aproveitamento numa
formação sobre avaliação da dor, e já utilizavam no serviço uma versão traduzida da
escala. A recolha dos dados decorreu entre março de 2011 e fevereiro de 2012 e
envolveu 60 doentes. Foram excluídos os doentes sob efeito de fármacos bloqueadores
neuromusculares, com patologia neuromuscular, tetraplégicos, com comportamentos de
auto-agressão e com imobilização dos membros superiores.
103
Relativamente aos fatores de viés estes estão presentes no estudo nomeadamente o viés
de seleção, em que os três enfermeiros participantes selecionados foram aqueles que
foram escolhidos por cinco elementos por critérios não especificados.
Através da aplicação desta escala verifiquei que os resultados obtidos respondem aos
objetivos definidos, o folow up foi realizado no tempo adequado. Uma limitação do
estudo é que houve pouca variabilidade da dor e a grande maioria foi observado em
repouso. Os resultados foram corretamente descritos.
104
mencionaram que o CPOT ajudou-as a lembrar e a serem mais sensíveis aos sinais de
dor em doentes que não comunicavam, antes da introdução do CPOT. No entanto,
alguns enfermeiros referem que falta especificidade de alguns indicadores do CPOT,
que por esse fato o instrumento não pode ser usado na UCI em doentes que não
comunicam verbalmente, logo não recomendam a sua utilização. Outras enfermeiras
mencionaram que o CPOT era um instrumento extra, que não era necessário, era
complicado e que não era prático para implementar na rotina dos cuidados. Para
algumas enfermeiras, o CPOT não influenciou a sua prática, porque já estavam
sensíveis aos sinais de dor nos doentes que não comunicavam antes da introdução do
instrumento. Uma enfermeira também salienta que um instrumento não deve substituir o
julgamento clínico.
Em síntese, o CPOT é uma escala de comportamento da dor válida, que tem sido
sugerido por especialistas em resenhas críticas recentes.
105
particularmente em doentes pós-cirúrgicos. Perante estes resultados e devido às boas
qualidades de medição da escala CPOT obtidas durante um procedimento doloroso
recomendam a sua utilização em unidades de terapia intensiva para pacientes adultos
com ventilação artificial.
No estudo de Batalha, Figueiredo, Marques e Bizarro (2013), cujo objetivo foi adaptar
semântica e culturalmente para o Português a escala Behavioral Pain Scale (BPS) e
avaliar as suas propriedades psicométricas, em doentes com ventilação mecânica
internados nos cuidados intensivos, verificou-se que no momento da avaliação da dor os
doentes estavam sobre efeito de analgésicos e sedativos e alguns doentes apenas com
sedativos. A avaliação foi feita maioritariamente em doentes em repouso e no momento
em que os enfermeiros avaliaram a dor verificaram que a maioria dos doentes estava
com dor. Relativamente ao processo de validação semântica e cultural da escala BPS,
verificou-se que após uma análise fatorial de componentes principais (expressão facial,
movimentos dos membros superiores e adaptação ao ventilador) emergiu a solução com
um fator, que revelou uma variância entre dois observadores. Os movimentos dos
membros superiores foi o indicador da escala com maior peso fatorial. A consistência
interna calculada pelo Alfa Cronbach variou um pouco entre os observadores. Para
ambos os observadores, o indicador “movimentos dos membros superiores” foi o que
melhor se correlacionou e o que mais contribuiu para a sua consistência interna. Em
relação ao nível de concordância entre observadores, a percentagem de acordos item a
item entre as duas observações variou na expressão facial e na adaptação ao ventilador
106
(igual percentagem) e nos movimentos dos membros superiores (maior percentagem). O
nível de concordância avaliado pelo coeficiente Kappa de Cohen variou na adaptação ao
ventilador e na expressão facial.
1.6. DISCUSSÃO
108
1.7. CONCLUSÃO
Através da análise dos vários estudos, constatei que existem instrumentos fiáveis e
válidos para melhorar a gestão da dor em doentes sedados e inconscientes nas unidades
de cuidados intensivos, o que veio trazer muitos contributos para a avaliação da dor.
Nesses estudos foram identificados dois instrumentos/escalas comportamentais, a
behavioral pain scale (BPS) e a critical care pain observation (CPOT), onde ambas têm
a vantagem de permitir avaliar as consequências da dor na vida do doente. Estas foram
desenvolvidas para mensurar especificamente a intensidade da dor em doentes sedados,
com ventilação mecânica e inconscientes. Destas, a BPS revelou-se como a que tinha
melhor taxa de confiança e de validade nos doentes de unidades de cuidados intensivos
e pode oferecer uma melhoria na análise fragmentada da avaliação da dor em doentes
sedados e ser incorporada em protocolos e recomendações sobre gestão da dor. Como
desvantagens saliento o fato de não permitirem localizar a dor.
109
sua viabilidade e utilidade clinica foi avaliada pelas enfermeiras como positiva. Esta
escala de dor comportamental tem a vantagem de ser válida para a avaliação da dor em
doentes que não comunicam, ou seja em doentes ventilados, e a sua implementação
pode melhorar a gestão da dor, sendo útil para guiar as intervenções. Além disso, a
mudança de variáveis fisiológicas através da observação (tensão arterial, frequência
cardíaca, frequência respiratória e saturação) e aplicação desta escala, alerta os
profissionais para o facto de que o doente pode estar com dor durante um procedimento
doloroso, cujos resultados evidenciam a necessidades de administrar analgesia antes de
um procedimento doloroso, em particular em doentes do foro cirúrgico.
110
PARTE III – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo dos vários ensinos clínicos pude refletir acerca do meu processo de
aprendizagem, penso que a sua concretização se encontra espelhada ao longo deste
relatório crítico. Um relatório de estágio resulta da análise e avaliação do trabalho
desenvolvido mediante um projeto previamente definido. As reflexões sobre os
objetivos determinados, a sua concretização, as dificuldades de realização e os
mecanismos facilitadores do percurso de aprendizagem, tiveram lugar para agora
documentar por escrito o trabalho desenvolvido durante um período de tempo, tendo por
base um processo de auto avaliação centrado na reflexão sobre o contexto vivido.
Considero que foi favorável o facto de inicialmente ter elaborado um projeto pessoal
com definição de objetivos específicos contextualizados nos serviços por onde decorreu
esse percurso e de ser feita uma breve abordagem a esses objetivos com o professor
orientador no sentido de os operacionalizar. Tendo em conta que a avaliação é a
“...capacidade de formular um juízo acerca do processo e do produto final …” (Fonseca,
2006, p. 42), o relatório final é o culminar dessa reflexão acerca das atividades
realizadas relacionadas com os conhecimentos mobilizados, vivências e aspetos
facilitadores da aquisição de competências durante esta etapa.
Este trabalho não foi de todo fácil de compilar, leva tempo e é baseado num processo de
auto-avaliação centrado no pensamento crítico e reflexivo.
111
Pela riqueza das experiências com que me defrontei, os serviços por onde passei
proporcionaram-me campos de estágio proveitosos, em que a necessidade de
atualização permanente, aliada à necessidade de trabalho em equipa e de controlo das
situações de risco se tornou necessário a qualquer profissional que lá desempenhou
funções. Creio que demonstrei humildade durante toda a aprendizagem, procurando
acima de tudo observar, conhecer e integrar uns serviços diferentes da minha realidade,
tendo sido benéfico no desenvolvimento de competências.
Saber agir num contexto de trabalho, é uma maneira de facilitar a adaptação e o ser
competente não é um estado ou um dado adquirido, não se resume a um saber, um
enfermeiro competente, deverá saber transferir aquilo que aprendeu, mobilizar os
conhecimentos, para solucionar um dado problema com qualidade. Neste sentido, o
presente documento tenta expressar o saber adquirido, as experiências formativas, os
112
sentimentos vivenciados e especialmente o espírito de parceria em que decorreram os
ensinos clínicos.
No que respeita aos objetivos delineados para este relatório, sinto que os atingi, com
alguns ajustes face ao percurso/contexto onde se encontra inserido.
113
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ANEXOS
ANEXO I
Diapositivo 2
utilização da VMNI;
Diapositivo 3
- Definição;
- Objetivos da VMNI;
- Componentes da VMNI;
- Ventiladores e modos ventilatórios;
- Indicações e contra indicações;
- Critérios de seleção para VMNI;
- Efeitos fisiológicos da VMNI;
- Complicações da VMNI;
- Intervenções de enfermagem na VMNI;
Diapositivo 4
Diapositivo 5
- Diminuição da dispneia.
Diapositivo 6
Ventilador Interfaces
Sucesso!!
Diapositivo 7
Tipos de ventiladores
Diapositivo 8
Mistos
programação por volume e/ou pressão
Diapositivo 9
Modalidades Ventilatórias
Diapositivo Modalidades ventilatórias:
10 Assistida (Spontaneous) - o doente desencadeia todos os movimentos
ventilatórios e o ventilador auxilia insuflando volumes.
Diapositivo
Modos ventilatórios
11
-Mais utilizada;
- Menor custo;
- Maior capacidade
para compensar fugas;
- Bem tolerados pelos
doentes;
- Situações agudas ou
crónicas.
Diapositivo
12 BIPAP (bi level positive airway pressure)
IPAP> EPAP
Diapositivo
14
Diapositivo
15 IPAP EPAP
Benefícios: Benefícios:
- Diminui o trabalho respiratório; - Previne a re-inalação de CO2;
- Aumento do volume Corrente; - Estabiliza as vias aéreas superiores durante o
-Diminuição do CO2 e aumento do sono;
O2. - Recruta alvéolos;
- Diminui a formação de atelectasias;
Efeitos Indesejáveis - Reduz o trabalho inspiratório necessário para
- Otalgia;
IPAP
EPAP
ativar o trigger inspiratório em doentes com auto
- Dor sinusal; – PEEP;
- Aerofagia;
- Fugas na máscara; Efeitos Indesejáveis
-
- Reduz pressão de suporte;
- Desconforto;
- Barotrauma;
Diapositivo
16 Frequência Respiratória Tempo Inspiratório máximo I:E
Trigger
Diapositivo
17
Interfaces
Diapositivo
18 - Mascaras nasais
- utilizadas em ventilação domiciliaria (bem toleradas)
- problemas – fuga pela boca e patologias nasais
- Mascaras faciais e faciais totais
- problemas (claustrofóbica e risco de aspiração do vómito)
- Capacete
- Peças bucais
- Almofadas nasais
- utilizadas quando surgem lesões cutâneas
- desvantagem de não permitirem a aplicação de pressões elevadas
(maior probabilidade de fugas de ar)
Diapositivo
19
Indicações e
contra-indicações da VMNI
Diapositivo
20
IRC hipercápnica
- Doenças neuromusculares;
- Deformidades torácicas (cifoescoliose, sequelas de
tuberculose e alguns tratamentos, patologia pleural
crónica, …
- DPOC estável;
- Síndrome de obesidade-hipoventilação;
- ICC.
Esquinas (2011)
Diapositivo
21
IRA
Esquinas (2011)
Diapositivo
23 Absolutas:
- PCR;
- Instabilidade hemodinâmica severa;
- Arritmia não controlada;
- Pneumotorax não drenado;
- Encefalopatia severa GCS<8;
- Cirurgia ou trauma facial / deformações que impedem colocação da interface;
- Obstrução VA superior;
- Incapacidade controlo da via aérea com alto risco de aspiração;
- Hemorragia gastrointestinal severa;
- Indicação para entubação traqueal. Esquinas (2011)
Diapositivo
24 Relativas:
Esquinas (2011)
Diapositivo
25 VMNI bem sucedida (após 1-4 VMNI mal sucedida (após 1-4
horas pós-inicio) horas pós-inicio)
Esquinas (2011)
Diapositivo
26
A nível PULMONAR A nível HEMODINÂMICO
Diapositivo
27
Relacionadas Aspiração e
com o Trocas gasosas drenagem de
interface/ inadequadas secreções
máscara
Efeitos
Pressão e fluxo hemodinâmico
s
Gay (2009)
Diapositivo
28
Complicações Intervenções de enfermagem
Obstrução nasal (30-50% dos doentes) Correto ajuste da máscara, diminuindo
a tensão provocado pelo arnês,
utilizando outros modelos de máscaras,
Rush cutâneo (10-30% dos doentes) Aplicação de esteróides tópicos
(intervenção interdependente)
Úlcera de pressão (5-10%) Manter correto ajuste da máscara e
arnês (não deixar muito apertado);
Realizar cuidados de higiene à face;
Aplicar creme hidratante;
Aplicação de hidrocolóide;
Dminuir e monitorizar fugas;
Programar períodos de descanso do
doente, se possível, coincidentes com os
horários das refeições;
Diapositivo
29
Complicações Intervenções de enfermagem
Congestão nasal (40,8% dos doentes) Aplicação de corticoides,
descongestionandes nasais e anti-
hstaminicos orais (intervenções
interdependentes;
Trocar a máscara nasal para facial;
Aplicação de soro fisiológico nasal.
Aspiração de vómito Vigilância, essencialmente após
ingestão de alimentos e líquidos;
Posicionar o doente em fowler
Diapositivo
30
Complicações Intervenções de enfermagem
Otalgias, algias nos seios perinasais Redução do IPAP (intervenção
interdependente)
Conjuntivite Diminuição das fugas através da correta
adaptação da interface/máscara
Distenção abdominal Monitorizar o aumento do diametro
abdominal;
ENG para drenagem passiva;
Incentivar o doente a manter a boca
fechada e a sincronizar-se com o
ventilador;
Evitar, se possível, pressões elevadas;
Promover a mobilização e excreção de
secreções;
Vigiar a ocorrência de vómitos
Diapositivo
31
Complicações Intervenções de enfermagem
Secura nasal e oral Utilização de humidificadores
acoplados aos ventiladores;
Promoção de hodratação via oral ou EV;
Realização de higiene oral e nasal várias
vezes por dia.
Diapositivo
32
Complicações Intervenções de enfermagem
Presença de secreções Reforço hídrico;
Cinesiterapia respiratória;
Sempre que possível, fazer pausas para o
doente eliminar as secreções,
incentivando a uma tosse eficaz,
podendo ser necessária aspiração de
secreções.
Diapositivo
33
Complicações Intervenções de enfermagem
Assincronia doente/ ventilador Ajuste correto dos parametros
ventilatórios às características e
necessidades do doente;
Reduzir fugas;
Diapositivo
34
Complicações Intervenções de enfermagem
Hipotensão Monitorização de Sinais Vitais e
avaliação contínua do traçado cardíaco;
Diapositivo
35
Joana Ribeiro
Diapositivo 2
Âmbito do trabalho
Diapositivo 3
Ser o elo de ligação, dinamizador e com vista a sensibilizar os enfermeiros para a
Objetivos Específicos:
Melhorar a qualidade dos cuidados prestados;
Diapositivo 5
Competências Adquiridas
operatório;
Diapositivo 6
Justificação do Tema
estado de consciência,
ventilação,
circulação,
estado neurológico,
exposição,
Diapositivo 8
Constatei que o doente cirúrgico quando chega ao BO, vem na maioria das vezes
muito ansioso e com medo, quer do procedimento cirúrgico quer da anestesia,
traduzindo-se em vasoconstrição periférica e uma hipersensibilidade à dor;
Diapositivo 9
A comunicação “(…) é um dos meios mais eficazes para a mudança de atitudes, já que
constitui a essência vital à condução dos Homens.”
(Morais, 2002:25)
Diapositivo
Se o doente cirúrgico vier corretamente preparado do SUG
11
O processo de indução anestésica é iniciado de imediato;
O doente não tem que ser submetido a outros procedimentos;
Ganha-se tempo;
Estabelece-se uma comunicação assertiva.
O cuidado prestado ao doente cirúrgico durante o período pré operatório deve ser
planeado de acordo com a individualidade de cada doente, respeito pelas
necessidades físicas e emocionais do doente … tipo de cirurgia, rotina
implementada na instituição e o tempo disponível entre o internamento e a
cirurgia. Assim, obtém-se ganho quer no conforto e bem-estar para o doente quer
em tempos para se poderem cumprir os planos operatórios.
(Cristóforo e Carvalho, 2009)
Diapositivo
Procedimentos efetuados no SUG:
12
Preparação do doente cirúrgico:
Comunicação da decisão cirúrgica;
Procedimento a realizar;
Confirmação prévia com o bloco operatório por via telefónica se está pronto para
receber o doente e antecipar alguma informação;
Diapositivo
14 Em doentes ventilados:
Monitorizar o doente (TA, FC, Sato2, FR);
(NOTA: o transporta intra hospitalar de doentes ventilados deve ser sempre feito
com acompanhamento médico e de enfermeiro)
Diapositivo
Acolhimento do Doente Cirúrgico
15 Verifiquei que os Enfermeiros perioperatórios têm necessidade de fazer uma
colheita de dados direcionada para o ato anestésico e cirúrgico a que o doente vai
ser submetido;
(Melo, s/d, p. 4)
Diapositivo
Compete ao enfermeiro de anestesia (fase pré anestésica e indução):
17
Acolher o doente no BO: validar a permeabilidade do acesso venoso, cumprimento
do jejum e da pré medicação, alergias, próteses dentárias;
Receber a informação do enfermeiro;
Monitorizar o doente;
Preparar a anestesia;
Colaborar no posicionamento;
Diapositivo
18
Diapositivo
20 Etiqueta de identificação do doente
QUEIXA INICIAL:_____________________________________
Antecedentes Pessoais:
Diapositivo
Avaliação Primária:
21 A - Via Aérea
Controlo da Cervical
Permeável Não permeável
Adjuvantes da Via Aérea:
Tubo de Guedel TET
Marcara Laringea Outro ______________________
B – Ventilação
Cianose Pieira / Farfalheira Dispneia Tiragem
SatO2 ____ % FR ____cpm Capnografia
Oxigenioterapia :
Óculos nasais_______l/min MV____%
VMNI IPAP____ EPAP____ FiO2_____L/min
VMI Modo Ventilatório ___________
Dreno Torácico Características do liquido __________
C – Circulação
Acesso Venoso Periférico: G 14 G16 G18 G20 Local__________
Cateter Central
Colheita de Sangue: Bioq Hemog. Coagulação Tipagem
Reserva de Sangue: Sim Não Transfusão Sanguinea
Fluidoterapia Qual?___________
Diapositivo
22
Avaliação Objetiva: Dor:
Tensão Arterial
mmHg
Frequência Cardíaca
bpm
Frequência
Respiratória Cicl./min
Temperatura
ºC
Diapositivo
23 D – Estado Neurológico
Glicémia Capilar ______mg/dl
Escala de Coma de Glasgow :
Pupilas:
Simétricas Assimétricas
Isocóricas Anisocóricas
Midríase Miose
Convulsão Défices Motores
E- Exposição
Feridas Fraturas Queimaduras Hematomas
Localização:
Outros procedimentos:
Algaliação Foley nº____ Sylastic nº______
Diurese _____ml Caracteristicas ________
SNG nº_____ Carateristicas ______
Diapositivo
Exames Complementares de Diagnóstico Realizados:
Diapositivo
O enfermeiro deve considerar a comunicação como um instrumento indispensável
26 ao seu desempenho profissional, fazendo com que a informação chegue ao seu
destino de forma clara, evitando possíveis dúvidas, tanto no que se refere à
equipe multiprofissional quanto ao doente; garantindo assim a segurança em todos
os cuidados prestados;
Diapositivo
27