Relatório de Estágio - 2º Semestre

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Instituto Politécnico de Leiria

Escola Superior de saúde

Mestrado em Enfermagem à Pessoa em Situação Crítica

2º Ano – 2º Semestre

Relatório de Estágio a Prática


Especializada em Enfermagem à Pessoa
em Situação Crítica

Joana Filipa da Conceição Ribeiro

Leiria, Setembro de 2014


Instituto Politécnico de Leiria

Escola superior de saúde

Mestrado em Enfermagem à Pessoa em Situação Crítica

2ºAno - 2º Semestre

Relatório de Estágio a Prática


Especializada em Enfermagem à Pessoa
em Situação Crítica

Relatório de Estágio

Joana Filipa Da Conceição Ribeiro nº 5120007

Professor Orientador: Doutor José Carlos Quaresma Coelho

Leiria, Setembro de 2014


É preferível ir abrindo caminho,
ir corrigindo o percurso, melhorando-o,
tornando-o pouco a pouco mais funcional e perfeito,
do que estar à espera de conseguir as condições
para abrir uma auto- estrada”

(Edgar Morin, 2005)

II
LISTA DE SIGLAS E ACRÓNIMOS

AESOP - Associação dos Enfermeiros da Sala de Operações Portuguesas

ALERT - Alert Sciences Computing

BO – Bloco Operatório

CHL - Centro Hospitalar Leiria

CIPE - Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem

DGS – Direção Geral da Saúde

D.R. – Diário da República

HS – Hospital de Santarém

IACS - Infeção Associada aos Cuidados de Saúde

MEPSC – Mestrado em Enfermagem à Pessoa em Situação Crítica

OE – Ordem dos Enfermeiros

SAPE - Sistema de Apoio à Prática de Enfermagem

SNS – Serviço Nacional de Saúde

SU – Serviço de Urgência

UCI – Unidade de Cuidados Intensivos

UCPA - Unidade de Cuidados Pós-Anestésicos

UMC – Unidade Médico-cirúrgica

VMI – Ventilação Mecânica Invasiva

VMNI – Ventilação Mecânica não Invasiva

III
RESUMO

O presente relatório evidencia os principais contributos do estágio, no âmbito do Curso


do Mestrado em Enfermagem à Pessoa em Situação Critica, realizado num Serviço de
Urgência, numa Unidade de Cuidados Intensivos e no Bloco Operatório, para o
desenvolvimento de competências clínicas especializadas na assistência à pessoa em
situação crítica a vivenciar processos de saúde/doença.

Tem por objetivos documentar a aprendizagem efetuada durante os estágios, através da


capacidade de síntese e análise crítico-reflexiva.

Como metodologia, apresenta o método descritivo e reflexivo. Estruturalmente, é


constituído por três partes. O primeiro capítulo consiste numa reflexão sobre a aquisição
de competências, de seguida uma caraterização dos contextos da prática clínica e por
fim, face aos vários domínios de competências a adquirir/desenvolver, são apresentadas
as competências e descritas as atividades realizadas, através da reflexão das situações
vivenciadas, fundamentada em referenciação bibliográfica. A segunda parte consiste
numa revisão sistemática da literatura.

Descreve o processo de ensino/aprendizagem como estratégia, não só para o


desenvolvimento de competências, mas também como meio para a partilha de
informação proveniente da experiência profissional. Relata as atividades direcionadas à
pessoa adulta, idosa e família, de acordo com a ética e deontologia profissional.
Evidencia as dificuldades encontradas como momentos de aprendizagem e de reflexão,
no âmbito das estratégias de comunicação com a família, e na utilização dos sistemas de
informação em enfermagem. Expõe a importância da prática baseada na evidência,
através da realização de uma revisão sistemática da literatura, segundo a análise de
protocolos, normas e procedimentos de forma a verificar a sua validação científica,
promovendo cuidados de saúde de qualidade e práticas seguras.

Conclui que o Estágio proporcionou a aquisição/desenvolvimento de conhecimentos e


habilidades para a tomada de decisão na prestação de cuidados globais e humanizados
ao doente/família, no contexto da área de especialização, valorização pessoal e
profissional, com vista à melhoria da qualidade dos cuidados prestados.

Palavras-Chave: Competências; Cuidados de Enfermagem; Enfermeiro Especialista.


IV
ABSTRACT

This report highlights the main contributions of the stage, within the course of the
Master of Nursing Person in the Situation Critica, held in ER in an Intensive Care Unit
and Operating Room, to develop specialized skills in clinical care person in critical
condition to experience the health / disease.

Aims to document the learning done during the stages through synthesis and critical and
reflective analysis.

The methodology presents the descriptive and reflective method. Structurally, it is


composed of three parts. The first chapter is a reflection on the acquisition of skills, then
one characterization of the contexts of clinical practice and finally, given the various
fields of expertise to acquire / develop the skills are presented and described the
activities accomplished through reflection of experienced situations, based on
bibliographic referencing. The second part consists of a systematic literature review.

Describes the process of teaching / learning as a strategy, not only to develop skills but
also as a means for sharing information from professional experience. Report on
activities aimed at adult, elderly person and family, according to professional ethics.
Highlights the difficulties encountered as moments of learning and reflection, within the
strategies of communication with family, and the use of nursing information systems.
Exposes the importance of evidence-based practice, by performing a systematic review
of the literature, according to the analysis of protocols, standards and procedures in
order to verify its scientific validation, promoting health care quality and safety
practices.

Concludes that the internship provided the acquisition / development of knowledge and
skills for decision making in the provision of comprehensive and humanized the patient
/ family care in the context of the area of specialization, personal enhancement and
professional, to improve the quality of care provided.

Keywords: Clinical Competence; Nursing care, specialized nurse

V
ÍNDICE

INTRODUÇÃO 8
PARTE I – PRÁTICA ESPECIALIZADA EM ENFERMAGEM Á PESSOA EM
SITUAÇÃO CRITICA 11
1. AS COMPETÊNCIAS DO ENFERMEIRO ESPECIALISTA 11
2.CARATERIZAÇÃO DOS CONTEXTOS DA PRÁTICA CLÍNICA
ESPECIALIZADA 15
3.DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS: ANÁLISE CRÍTICA
POR DOMINIO DAS COMPETÊNCIAS 25
3.1.DOMINIO DA RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL, ÉTICA E
LEGAL 27
3.1.1. Atividades Desenvolvidas 28
3.2. DOMINIO DA MELHORIA DA QUALIDADE 35
3.2.1. Atividades Desenvolvidas 36
3.3. DOMINIO DA GESTÃO DOS CUIDADOS 45
3.3.1. Atividades Desenvolvidas 45
3.4.DOMINIO DO DESENVOLVIMENTO DAS APRENDIZAGENS
PROFISSIONAIS 51
3.4.1. Atividades Desenvolvidas 52
3.5. DOMINIO DA PRESTAÇÃO DE CUIDADOS Á PESSOA EM
SITUAÇÃO CRÍTICA 56
3.5.1. Atividades Desenvolvidas 56

PARTE II - REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA 90


1. AVALIAÇÃO DA DOR EM DOENTES VENTILADOS NUMA UCI 90
1.1. INTRODUÇÃO 90
1.2. A DOR – O PROBLEMA EM ESTUDO 91
1.3. PROTOCOLO DE REVISÃO E QUESTÃO DE PESQUISA 95
1.3.1. Estratégias de Pesquisa 97

VI
1.4. QUALIDADE METODOLÓGICA DOS ESTUDOS / NIVÉIS DE
EVIDÊNCIA 100
1.5. RESULTADOS DOS ESTUDOS 104
1.6. DISCUSSÃO 107
1.7. CONCLUSÃO 109

PARTE III – CONSIDERAÇÕES FINAIS 111

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANEXOS
ANEXO I - Boas Praticas na Abordagem ao Doente com VMNI
ANEXO II - Comunicação do Doente Cirúrgico do Serviço de Urgência
Geral ao Bloco Operatório
ANEXO III – Quadro resumo dos artigos selecionados
ANEXO IV – Tipos e níveis de evidências
ANEXO V - Critérios de Avaliação da Qualidade Metodológica dos
estudos - JBI

VII
INTRODUÇÃO

Os novos desafios que são colocados aos profissionais de saúde surgem através das
alterações e mudanças sociais, científicas e tecnológicas que se têm vindo a verificar na
sociedade em geral e, em particular, na área da saúde. Estes desafios incentivam a
reflexão e a busca de novos saberes e conduzem os profissionais, em particular os
enfermeiros, para a busca de formação contínua e académica especializada de forma a
proporcionar um crescimento profissional e pessoal, onde cada vez mais se exigem
conhecimentos de elevado nível quer práticos quer teóricos.

A realização deste relatório de estágio, inserido no 2º Ano, englobado no 2º semestre do


MEPSC na unidade curricular do relatório de estágio, tem como objetivos: servir de
espelho sobre o percurso formativo nos locais de ensino clínico; desenvolver uma
aprendizagem autónoma e reflexiva; demonstrar capacidade de reflexão, decisão e
pensamento crítico sobre a prática clínica, ações realizadas, identificação e análise de
situações/problema da prática diária e respetivas estratégias de intervenção com vista á
melhoria da qualidade e segurança dos cuidados de enfermagem prestados; identificar
as competências desenvolvidas enquanto Enfermeira Especialista em Enfermagem à
Pessoa em Situação Critica na prestação de cuidados de saúde ao doente/família de
médio e alto risco; analisar de forma crítico-reflexiva as intervenções desenvolvidas ao
longo dos ensinos clínicos e servir como instrumento de auto e hetero avaliação sobre as
intervenções e competências desenvolvidas durante o percurso.

Irei assim descrever o processo de aquisição de competências no âmbito da intervenção


do Enfermeiro Especialista em Enfermagem à Pessoa em Situação Critica, bem como
das competências comuns do enfermeiro especialista, definidas pela ordem dos
enfermeiros (2010). Os locais onde estagiei foram o Serviço de Urgência Geral e a
Unidade de Cuidados Intensivos realizados no Hospital Distrital de Santarém e o
Serviço do Bloco Operatório do Centro Hospitalar Leiria. Estes ensinos clínicos tiveram
uma duração global de 10 semanas, num total de 180 horas. Durante a realização dos
vários ensinos clínicos tive em mente desenvolver uma prestação de cuidados de

8
excelência no cuidar à pessoa de médio/alto risco e família. Pretendi nestes ensinos
clínicos, intervir tendo presente os seguintes domínios de competências na atuação do
enfermeiro especialista: Desenvolvimento Profissional da Ordem dos Enfermeiros, no
âmbito da responsabilidade profissional, ética e legal; ao nível da melhoria contínua da
qualidade; da gestão de cuidados; desenvolvimento das aprendizagens profissionais e na
prestação de cuidados especializados ao doente em estado crítico (Ordem dos
enfermeiros, 2010 e Decreto-lei nº.124/2011).

O Curso de Mestrado em Enfermagem à pessoa em situação critica (MEPSC), aprovado


pelo despacho nº 9128/2012, D. R. nº 129, 2ª série de 5 de Julho, tem como principal
objetivo, dotar os enfermeiros de competências especializadas que lhes permitam
prestar cuidados ao doente em estado crítico/emergente, privilegiando determinados
serviços, como por exemplo, os Serviços de Urgência Geral, as Unidades de Cuidados
Intensivos e os serviços de Bloco operatório, tendo sido estes serviços como principais
áreas da minha atuação, onde tive a oportunidade de desenvolver e aperfeiçoar
competências a nível do doente critico. Os cuidados de enfermagem á pessoa em
situação crítica são

“…cuidados altamente qualificados, prestados de forma contínua à pessoa com


uma ou mais funções vitais em risco imediato, como resposta às necessidades
afetadas e permitindo manter as funções básicas de vida, prevenindo
complicações e limitando incapacidades, tendo em vista à sua recuperação total”
(Regulamento nº 124/2011, p.4).

A prestação de cuidados de enfermagem envolve uma contínua e constante tomada de


decisão, o que obriga o profissional ao recurso contínuo do Saber (conhecimento),
Saber-fazer (capacidades), Saber-ser (atitudes e comportamentos), Saber-estar, Saber
Aprender (reflexão e evolução) e Saber-transformar, de modo a proporcionar ao outro a
satisfação das suas necessidades de forma integral e holística, com a qualidade desejada
e esperada por todos.

Baseando-me nas experiencias vivenciadas, também realizei uma revisão sistemática da


literatura (RSL), sobre a avaliação da dor em doentes ventilados numa UCI. A temática
escolhida para a RSL foi baseada na minha reflexão, vivências, preocupação e
dificuldades, aquando da realização do ensino clinico na UCI, nomeadamente acerca da

9
problemática da avaliação da dor em doentes ventilados, pois considero que a avaliação
da dor é muitas vezes subestimada. Considero importante e urgente desenvolver uma
prática baseada na evidência, como forma de integrar os conhecimentos, os valores, as
preferências dos doentes e as características dos enfermeiros peritos, com vista a prestar
cuidados de maior qualidade.

Citando Pereira et al. (2012, p.56), a prática baseada na evidência é definida como um
“processo através do qual as enfermeiras tomam decisões clínicas usando a melhor
evidência científica, a sua experiência clínica e as preferências do paciente, no contexto
dos recursos disponíveis.” Os mesmos autores, citando Pearson et al. (2010), também
afirmam que “os cuidados de saúde baseados na evidência resultam de um processo
contínuo que suscita interrogações, preocupações ou interesses a partir da identificação
das necessidades globais de cuidados de saúde quer por técnicos, quer por clientes”.

A metodologia adotada na elaboração deste relatório é a metodologia descritiva,


analítica e critico reflexiva pois vai-me permitir, através de um carácter narrativo, de
uma forma detalhada e objetiva, descrever as experiências vividas, as situações-
problema encontradas, as soluções propostas e as dificuldades sentidas durante a
concretização dos vários ensinos clínicos. Irei fundamentar as minhas reflexões através
da consulta de artigos científicos em motores de busca eletrónicos.

Este relatório está estruturado em três partes. A primeira parte vai ser dividida em 3
capítulos: o primeiro capítulo vai apresentar as competências do enfermeiro especialista,
o segundo capítulo consistirá na caraterização dos contextos clínicos onde foi realizada
a prática clinica especializada e no terceiro capítulo irei expor as minhas reflexões
acerca das competências adquiridas/desenvolvidas e como as vivenciei, nos domínios
das competências específicas da área de Especialidade do Modelo de Desenvolvimento
Profissional da Ordem dos Enfermeiros. A segunda parte do relatório apresenta a RSL
efetuada, e por fim, na terceira parte apresentarei as considerações finais.

10
PARTE I – PRÁTICA ESPECIALIZADA EM ENFERMAGEM Á PESSOA EM
SITUAÇÃO CRITICA

1. AS COMPETÊNCIAS DO ENFERMEIRO ESPECIALISTA

Como enfermeira considero que somos agentes ativos e participativos na sociedade e


que ao longo da nossa vida sentimos necessidade de adquirir saberes necessários para
motivar e produzir a nossa própria competência com qualificações válidas, tanto a nível
social como profissional, uma vez que são consideradas essenciais à qualidade e
segurança do seu exercício. Assim, tal como refere Graveto (2005), a competência
depende da prática clínica e da forma como o enfermeiro intervém numa determinada
situação. Benner (2001), acrescenta que os domínios da prática de enfermagem
envolvem competências e responsabilidades que devem ser adquiridas na formação
inicial dos enfermeiros, mas desenvolvidas ao longo da vida profissional num caminho
de iniciado, passando a iniciante avançado, a competente, a proficiente e perito.

Alarcão (2001, p.53-54), define competência como “um conjunto de conhecimentos,


capacidades, comportamentos, intenções, motivos e atitudes e revela-se no nível de
desempenho adequado às circunstâncias”. Pressupõe que o individuo desenvolva
capacidades para agir em determinado contexto, numa integração de vários saberes e
que não pode ser separada nem da motivação nem da intencionalidade do sujeito. Por
outro lado, Ruthes e Cunha (2008, p. 110) citando Fleury (2000), referem que a
competência é definida como “um saber agir responsável e reconhecido que implica
mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos, habilidades, que agreguem valor
econômico à organização e valor social ao indivíduo”.

Para Serrano et al. (2011), o enfermeiro na prestação de cuidados mobiliza


determinados comportamentos específicos durante o processo de cuidar, em que esses
comportamentos refletem as competências. Estas resultam de um saber agir, um querer
agir e um poder agir, contextualizados nos objetivos do serviço e da organização.

11
“Na acção de cuidar, o desenvolvimento de competências caracteriza-se por um
cuidado centrado na singularidade e na individualização do acto de cuidar. O
habitus integrado em cada enfermeiro permite inovar na singularidade de cada
acção, flexibilizar em situações idênticas e, em situações novas, efectuar
adaptações a novos esquemas” (Serrano et al., 2011, p. 22).

No meu ponto de vista, como enfermeiros sentimos necessidade de construir e de


desenvolver um grande número de competências específicas e complexas, sendo a
formação do enfermeiro especialista aquela que produz uma intervenção mais eficaz no
campo de ação, no sentido de valorizar o individuo como um ser único, como um todo
que se desenvolve, sendo este possuidor de vivências e experiências. Neste sentido, é
fundamental refletir acerca da relação que existe entre os cuidados de enfermagem e a
competência profissional, uma vez que me leva a pensar que os mesmos consistem num
processo dinâmico e interativo de mobilização de saberes, resultando num agir
profissional assertivo.

Assim, considero que o Enfermeiro Especialista, desempenha um papel primordial


numa equipa multidisciplinar, pois é um profissional que possui um aprofundamento de
conhecimentos e competências, num domínio específico da enfermagem. Estas
competências podem ser instrumentais, que englobam capacidades cognitivas,
metodológicas e destreza tecnológica e linguística; competências interpessoais
relacionadas com o modo de expressar os sentimentos, reflexão critica, aptidão para
trabalhar em equipa e compromisso moral e ético, e por fim as competências sistémicas
que surgem da combinação, compreensão e do conhecimento que permitem ao
enfermeiro ver o indivíduo como um ser global em interação.

Segundo a Ordem dos Enfermeiros (2009, p. 16), o Enfermeiro Especialista, é “…um


profissional de Enfermagem que assume um entendimento profundo sobre as respostas
humanas da pessoa aos processos de vida e problemas de saúde, e uma resposta de
elevado grau de adequação às necessidades do cliente”.

Neste sentido, espera-se que o enfermeiro especialista seja um profissional reflexivo,


capaz de mobilizar todos os conhecimentos e saberes adquiridos com a experiência, de
modo a que a sua intervenção seja feita de forma holística, com um elevado nível de
qualidade (Leite, 2006).

12
A Ordem dos Enfermeiros (2009, p.9) acrescenta ainda que o Enfermeiro Especialista é

“o Enfermeiro com um conhecimento aprofundado num domínio específico de


Enfermagem, tendo em conta as respostas humanas aos processos de vida e aos
problemas de saúde, que demonstra níveis elevados de julgamento clínico e
tomada de decisão, traduzidos num conjunto de competências clínicas
especializadas relativas a um campo de intervenção especializado”.

Segundo o artigo 4º do regulamento nº 124/2011, as competências do enfermeiro


especialista em enfermagem á pessoa em situação crítica são: cuidam da pessoa a
vivenciar processos complexos de doença critica e ou falência orgânica; dinamizam a
resposta a situações de catástrofe ou emergência multi-vítima, da concepção à acção;
maximizam a intervenção na prevenção e controlo da infecção perante a pessoa em
situação crítica e ou falência orgânica, face á complexidade da situação e á necessidade
de respostas em tempo útil e adequadas.

Assim, posso afirmar que a prestação de cuidados de enfermagem de excelência é um


desafio importante para o Enfermeiro, uma vez que o alcançar da excelência está
relacionada com a arte de saber cuidar, no entanto, na nossa prática quotidiana o
exercício do cuidar do ser Humano nem sempre é fácil, pois exige a coordenação de
diversos fatores, nomeadamente fatores pessoais, profissionais e institucionais.

Cuidar de um ser humano é dignificá-lo, ajudá-lo a ser pessoa e a desenvolver as suas


capacidades ou possibilidades existenciais. Implica reconhece-lo como um sujeito de
deveres e direitos, com a finalidade de proporcionar cuidados de Enfermagem de
qualidade. O enfermeiro tem que compartilhar com o doente, as alegrias, as tristezas, a
dor, o medo e a angústia, o que poderá ser um trabalho “árduo” mas gratificante, uma
vez que, o contacto entre o profissional e o doente deve revestir-se duma grande
empatia e compaixão. Durante o processo do cuidar, pude refletir que o enfermeiro faz
uso do seu “Eu” completo, com a libertação da sua energia positiva em pensamentos e
sentimentos, pois num tempo em que a competência técnica tende a dominar a nossa
prática, a relação de ajuda como intervenção autónoma, deverá ser um aspeto a valorizar
no ato de cuidar, com o intuito de satisfazer as necessidades dos doentes, desenvolvendo
no nosso dia-a-dia, o saber, o saber fazer e o saber estar.

13
A prestação de cuidados de enfermagem envolve uma contínua e constante tomada de
decisão, o que obriga o profissional ao recurso contínuo do Saber (conhecimento),
Saber-fazer (capacidades), Saber-ser (atitudes e comportamentos), Saber-estar, Saber
Aprender (reflexão e evolução) e Saber-transformar, de modo a proporcionar ao outro a
satisfação das suas necessidades de forma integral e holística, com a qualidade desejada
e esperada por todos.

No meu ponto de vista, a competência não é um estado ou um conhecimento possuído,


não se reduz só a um saber, nem a um saber fazer, mas no saber utiliza-la com eficácia e
eficiência. Ser competente é ter capacidade de agir eficazmente numa determinada
situação, baseada em conhecimentos, e este conhecimento resulta da experiência
pessoal, do senso comum, da cultura, da pesquisa tecnológica e científica. O saber em
Enfermagem é um Saber de ação ao longo da vida; é socialmente construído no
contexto das interações que acontecem entre o enfermeiro e o doente, e é neste processo
que os Enfermeiros vão desenvolvendo os seus conhecimentos clínicos avançados.

Neste sentido, o desenvolvimento da enfermagem ocorre a partir de teorias e modelos


que refletem a nossa maneira de agir. Assim, “o desenvolvimento das teorias de
enfermagem tornou-se necessário para que a teoria guiasse a prática” (Rosa et al., 2010,
p. 121).

Rosa et al. (2010), referem que existe uma necessidade de aprofundar e desenvolver
uma base teórica própria, baseada no movimento crescente da procura de novos
conhecimentos. Para a concretização desses conhecimentos, são fundamentais alguns
conceitos, modelos e teorias específicas de enfermagem. É a partir daqui, que a
enfermagem dedica tempo e esforços para o desenvolvimento das suas teorias, as quais
servem de referencial para a prática profissional, direcionada para o cuidado.

Os mesmos autores (2010, p. 121) referem que

“as teorias de enfermagem são construções, desde uma prática idealizada, com a
finalidade de guiar as ações de enfermagem … foram concebidas com o intuito
de organizar e sistematizar as questões que permeiam as atividades profissionais,
gerando conhecimentos que as apoiem e subsidiem a própria prática. (Rosa et
al., 2010, p. 121).

14
2.CARATERIZAÇÃO DOS CONTEXTOS DA PRÁTICA CLÍNICA
ESPECIALIZADA

Neste capítulo irei efetuar uma breve contextualização dos locais de ação onde foram
desenvolvidos os vários ensinos clinico, nomeadamente: Serviço de Urgência (SU) do
Hospital de Santarém (HS), Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) do HS e no Serviço
do Bloco Operatório (BO) do Centro Hospitalar Leiria (CHL).

Como enfermeira, considero que cuidar de doentes críticos constitui um desafio


constante, nomeadamente para os profissionais de saúde que trabalham em serviços de
Urgência, Unidade de Cuidados Intensivos e Serviços de Bloco Operatório.

A prestação de cuidados de enfermagem desenvolvidos em ambiente de urgência


hospitalar, cuidados intensivos e em bloco operatório, constitui assim uma das
realidades mais exigentes e desafiadoras, na medida em que a instabilidade constante
destes contextos da prática leva a que o enfermeiro desenvolva determinadas
competências, atitudes e comportamentos singulares de quem procura conhecer
continuamente a situação da pessoa alvo de cuidados, de prever e detetar precocemente
as complicações e assegurar uma intervenção rápida e adequada.

O ensino clínico I, decorreu no serviço de Urgência Geral do Hospital de Santarém


(HS). Os utentes que recorriam a este serviço podiam ser provenientes de qualquer
ponto do país, mas a área de influência do HS, compreende os Concelhos de Santarém,
Almeirim, Alpiarça, Cartaxo, Chamusca, Coruche, Rio Maior e Salvaterra de Magos.
Estes doentes poderiam também apresentar as mais diversas patologias de diferentes
complexidades, em que a coordenação entre os vários elementos da equipa era
essencial. Assim, o enfermeiro tem de conhecer e estar familiarizado com todos os
locais existentes no serviço, onde se encontram os materiais e ter a capacidade de se
articular com os diferentes elementos da equipa multidisciplinar, de forma a dar uma
resposta rápida e eficaz às situações que assim o exijam.

15
Do ponto de vista de Jorge (2011), os serviços de urgência são caracterizados pela
prestação de cuidados de saúde de elevada qualidade e em tempo útil, conforme o tipo e
a gravidade das patologias, por todo um espectro de doenças e de projetos de saúde que
cada pessoa vive. O mesmo autor citando Sheehy (2001), acrescenta ainda que a
enfermagem de urgência é pluridimensional, ou seja, é caracterizada pela prestação de
cuidados a uma grande diversidade de indivíduos com alterações da saúde física ou
psíquica, percecionadas ou reais, não diagnosticadas ou que necessitem de outras
intervenções.

A Urgência Geral do Hospital de Santarém, situa-se no piso zero e dá resposta a


situações urgentes e emergentes, atendendo doentes de baixo, médio e alto risco nas
áreas de Medicina Interna, Cardiologia, Cirurgia Geral, Ortopedia, Psiquiatria, Patologia
Clínica, Anestesiologia e na área de Emergência Pré Hospitalar. Para as especialidades
de Neurologia, Cirurgia Vascular, Oftalmologia, Otorrinolaringologia, Urologia e
Dermatologia, o atendimento é efetuado a horas específicas e normalmente fora da área
do SU. Desta forma, o SU do HS funciona como Urgência Médico-Cirúrgica para a sua
área de influência.

O SU estava organizado essencialmente em seis áreas: área médica, área cirúrgica, sala
de verdes e azuis, Sala de Emergência e Unidade Médico Cirúrgica (UMC). Também
dava apoio aos Hospitais do Médio Tejo (Hospital de Abrantes, Torres Novas e Tomar)
nas especialidades que estes não possuem. O seu hospital de referência é o Hospital de
Santa Maria como Urgência Polivalente.

Este serviço tinha implementado um sistema de triagem por prioridades, denominado


“Sistema de Triagem de Prioridades de Manchester” (STPM), que permitia, através de
uma avaliação inicial do doente, com base na queixa de apresentação e identificação de
critérios de gravidade (de forma objetiva e sistematizada), estabelecer um nível de
prioridade clínica, bem como a previsão do tempo para o atendimento médico. Este
sistema tem a vantagem de poder ser aplicado tanto no normal funcionamento do SU,
como também em situações de catástrofe. A utilização deste sistema classifica o utente
numa de cinco categorias identificadas por um número (um, dois, três, quatro e cinco),
nome (emergente, muito urgente, urgente, pouco urgente, não urgente), cor (vermelho,
laranja, amarelo, verde, azul) e tempo alvo (zero minutos, dez minutos, sessenta

16
minutos, cento e vinte minutos, duzentos e quarenta minutos), até o início da
observação médica inicial.

Os doentes que necessitavam de um atendimento imediato, eram triados de acordo com


o STPM com a cor vermelha e, nalguns casos, com a cor laranja, eram encaminhados
diretamente para a sala de emergência, quer fossem situações do foro médico ou
cirúrgico. A ativação destas salas era efetuada pelo enfermeiro da triagem ou pelo
enfermeiro da sala de emergência, que acionava um sinal sonoro, de forma a promover
o alerta de situação de doente crítico.

Ao nível dos recursos humanos, o serviço era composto por uma equipa de
administrativos, equipa de assistentes operacionais, equipa médica e equipa de
enfermagem. O SU disponha também de um técnico de cardiopneumologia em
permanência até às 20h. Relativamente à equipa de enfermagem, esta era composta por
60 Enfermeiros e a Enfermeira Chefe. A coordenação e gestão do serviço eram funções
da enfermeira chefe, auxiliada por duas enfermeiras especialistas coordenadoras do
Serviço. A distribuição por turnos era de acordo com o método individual por áreas de
distribuição/ postos de trabalho, habitualmente 12 enfermeiros no turno da manhã e
tarde e 8/9 no turno da noite. Existiam seis equipas distintas, em que cada uma delas
tinha um chefe de equipa e um 2º elemento que assumia as funções de chefe na ausência
dela. A distribuição da equipa de enfermagem pelos vários sectores da Urgência era
realizada pelo Enfermeiro coordenador que estava distribuído para o turno. A disposição
dos enfermeiros tinha em consideração o equilíbrio da equipa nas várias áreas de
atuação. Considero que esta metodologia tinha a vantagem de ser o coordenador a
distribuir, bom conhecedor do desempenho de cada elemento nos vários sectores, no
entanto, penso ser desvantajoso por muitas vezes se tentar aceder às preferências de
cada profissional nas suas áreas de eleição.

Relativamente ao método de trabalho utilizado no SU pela equipa de enfermagem, era


variável conforme a área de cuidados, mas o mais utilizado era o método de Enfermeiro
responsável e de tarefa, já que é um serviço sectorizado e em que o próprio sistema
informático (ALERT) induzia a responsabilização do doente. Os enfermeiros que
asseguravam a prestação de cuidados em sala de tratamento quer na área médica,
cirúrgica ou sala de emergência, utilizavam uma metodologia de entreajuda de forma a
rentabilizarem da melhor maneira os recursos humanos existentes, mobilizando muitas
17
vezes o elemento de apoio conforme a situação do serviço, salvaguardando, primeiro, e
sempre, a pessoa que recorre aos SU.

Em consonância com esta atitude verifiquei um ambiente agradável, de camaradagem,


onde o maior beneficiário foi o doente. Concordando com Hesbeen (2000), o doente
jamais fica prejudicado em detrimento do elevado número de cuidados que incorrem no
enfermeiro que está responsável pela prestação de cuidados.

O serviço de Urgência disponha de uma plataforma informática – ALERT, de acesso em


todas as áreas, onde os elementos da equipa multidisciplinar realizavam os seus registos
e validavam toda a informação e prescrição referente a cada doente do serviço. O
sistema ALERT permitia aceder de forma global ao processo do doente, incluindo o seu
histórico. Incluía um sistema de alertas quanto a procedimentos, exames auxiliares de
diagnóstico a realizar, medicação a administrar, entre outros. Permitia ainda ver os
tempos reais de espera até à primeira observação médica.

Todos estes aspetos contribuíram para uma maior vigilância dos doentes e minoração
dos tempos de espera, agiliza os processos e diminui burocracia. O sistema permitia
ainda gerar dados estatísticos diversos, relativos a aspetos clínicos e de gestão.
Considero a utilização do sistema ALERT bastante intuitiva, no entanto exige uma
curva de aprendizagem que requer prática. Surgiram algumas dificuldades na sua
utilização que foram gradualmente ultrapassadas. Esta aplicação é exclusiva do serviço
e implica autenticação individual. Permite ainda o interface com a Triagem de
Manchester.

Relativamente à Unidade Médico Cirúrgica (UMC), estava localizada no espaço físico


do SU e disponha de dez camas/ unidades e um quarto de isolamento para prestação de
cuidados médicos e de enfermagem especializados a doentes do foro médico ou
cirúrgico. Esta Unidade tinha como principal objetivo o tratamento de todos os doentes
que necessitavam de monitorização não invasiva de Sinais Vitais, Ventilação Mecânica
assistida (Invasiva ou Não Invasiva) ou quaisquer outros cuidados diferenciados que
não podiam ser prestados nas Unidades de Internamento ou na UCI do HS. Os doentes
admitidos na UMC para tratamento, podiam ser provenientes das várias áreas do SU ou
das Unidades de Internamento do Hospital de Santarém. A responsabilidade dos doentes
admitidos e seu tratamento era atribuída à Equipa Médico – Cirúrgica escalada

18
diariamente para o SU. Na UMC, o método utilizado era o do enfermeiro responsável,
que prestava cuidados de enfermagem totais aos doentes atribuídos no turno,
promovendo a melhoria e personalização dos cuidados prestados. Considerando a
estrutura orgânico – funcional do SU, penso serem adequados e benéficos os métodos
utilizados nas várias áreas do Serviço.

O ensino clínico II, decorreu na UCI do HS. As Unidades de Cuidados Intensivos “são
locais qualificados para assumir a responsabilidade integral pelos doentes com
disfunções de órgãos, suportando, prevenindo e revertendo falências com implicações
vitais” (DGS, 2003, p 6).

Segundo Aparecida e Espíndula (2009, p.2) a

“Unidade de Terapia Intensiva destina-se ao atendimento de pacientes em estado


agudo ou crítico, mas recuperável, que requerem assistência médica e de
enfermagem permanente e especializada. São pacientes sujeitos à instabilidade
de funções vitais, que necessitam do apoio de equipamentos especiais de
diagnóstico e tratamento”.

Uma UCI, é deste modo um local com concentração de doentes de elevado grau de
complexidade, com falência multiorgânica, que se encontram sujeitos a mudanças
súbitas no seu estado geral, que predispõem ao consequente aumento de ocorrência de
situações de emergência, aliada à existência de elevada complexidade tecnológica, num
ambiente fechado, acompanhado do ruído inerente aos equipamentos, exigência física,
mental e contacto regular com a iminência da morte, deparando-se os profissionais com
situações frequentes de stress e complexidade de situações (Leite e Vila, 2005).

A Unidade de Cuidados Intensivos do HS situa-se no 1º andar de um edifício de 14


pisos, e esta tinha como missão

“promover assistência multidisciplinar, diferenciada e de elevado nível de


qualidade ao doente crítico, com disfunção de órgãos e/ou em risco de falência
de funções vitais, articulando as ciências médicas, a tecnologia e a ética tendo
como objetivo final a recuperação do doente e o regresso ao seu universo
social.” (UCI, 2010 p.1).

19
A abertura da UCI do HS aconteceu em 1996, inicialmente com quatro camas,
atualmente comporta seis camas. Tal como no SU, os doentes admitidos na UCI podiam
ser provenientes de qualquer ponto do país, como já foi referido anteriormente. A UCI
recebia essencialmente doentes provenientes do Serviço de Urgência, seguido do Bloco
Operatório e posteriormente das Enfermarias (UCI, 2012). A admissão de doentes na
unidade era da responsabilidade do corpo clínico da mesma, sendo admitidos na UCI
doentes portadores de falência respiratória com necessidades de suporte ventilatório,
com ou em risco de falência hemodinâmica. Os problemas mais frequentes eram:
complicações cirúrgicas, sepsis, choque cardiogénico, politraumatismos por acidente,
entre outros.

Quanto à sua estrutura física, as suas dimensões eram reduzidas, principalmente nas
áreas de apoio, um dos entraves à certificação de qualidade desta unidade, sendo no
entanto bastante acolhedora.

Relativamente aos recursos humanos, a UCI disponha de uma equipa multidisciplinar,


constituída por dezanove Enfermeiros e a Enfermeira Chefe, Especialista em
Enfermagem Médico-Cirúrgica. Desses dezanove enfermeiros, um deles era o
Enfermeiro Coordenador e dois enfermeiros, tinham a especialidade em Enfermagem
Médico-Cirúrgica e um era Especialista em Enfermagem de Reabilitação. A equipa das
Assistentes Operacionais (AO) comportava um total de nove elementos. A equipa
Médica era constituída por cinco médicos. A UCI disponha de um médico de presença
física durante as 24 horas, cumprindo assim o preconizado para estas unidades.

Quanto à dinâmica e metodologia da prestação de cuidados utilizada na unidade, pude


verificar que o mais utilizado era o método de trabalho individual, embora ter verificado
um grande espírito de ajuda e um bom relacionamento dentro da equipa.

Os recursos materiais eram diversificados e eram uma mais-valia, para o bom


funcionamento do serviço e para a qualidade dos cuidados prestados.

O ensino clinico III, também designado de opcional, decorreu no Serviço do Bloco


Operatório (BO) do Centro Hospitalar Leiria (CHL). A escolha deste local de estágio foi
uma opção pessoal, por interesse profissional nesta área específica, por uma questão de
localização da minha área de residência e do local de trabalho. Considero este BO uma

20
referência em relação à qualidade dos cuidados de enfermagem prestados e penso que
foi um campo de estágio de crucial importância para o processo de aprendizagem como
futura enfermeira especialista em enfermagem à pessoa em situação critica.

A Associação dos Enfermeiros da Sala de Operações Portuguesas (AESOP) define o


BO como “uma unidade orgânico-funcional autónoma, constituída por meios humanos,
técnicos e materiais vocacionados para prestar cuidados anestésicos/cirúrgicos
especializados, com o objetivo de salvar, tratar e melhorar a sua qualidade de vida”
(AESOP, 2006, p.20).

O BO do CHL situa-se no piso 01, tinha uma direção e gestão funcional própria, que
compete á Enfermeira chefe e à Diretora de serviço (Anestesiologista). Este serviço
interrelacionava-se com o restante hospital.

Os doentes admitidos no BO, eram provenientes dos vários serviços de internamento do


hospital, Serviço de Urgência Geral, Urgência Obstétrica e Pediátrica. Eram realizadas
intervenções cirúrgicas de cirurgia geral, ortopedia, ginecologia, oftalmologia, urologia,
obstetrícia, neurocirurgia e otorrinolaringologia.

O BO possui dez salas operatórias, estando apenas a funcionar oito salas, três salas de
um lado e cinco salas do outro lado, encontrando-se separadas por um corredor central
de passagem de material limpo. O BO também possui duas unidades de Cuidados Pós-
Anestésicos (UCPA).

As salas operatórias funcionavam todos os dias e ao fim de semana. As mesmas tinham


áreas de desinfeção e de apoio individualizadas e em cada uma delas existia uma
antecâmara, onde se inicia a indução anestésica.

O bloco operatório era constituído por duas UCPA, onde ambas possuíam cinco
unidades de cuidados. Em cada uma delas existiam materiais de elevada qualidade
capazes de dar resposta a situações de urgência / emergência que comprometam a vida
do doente, destacando a existência de ventiladores.

Segundo Lages et al. (2006), a UCPA, é um espaço que recebe os doentes que vêm
transferidos do BO. É um local onde estão disponíveis meios técnicos necessários para

21
providenciar uma monitorização standard, uma correta analgesia, um controlo das
náuseas e vómitos e uma vigilância de complicações pós-operatórias.

Os doentes admitidos nesta unidade, eram todos aqueles que eram submetidos a
anestesia geral, loco-regional ou sedação, sendo este período designado de período de
recobro pós-anestésico, que segundo a AESOP (2006, p.155), este consiste no “(…)
intervalo de tempo que se segue imediatamente a um acto terapêutico e/ou diagnóstico
efectuado sob anestesia geral, loco-regional ou sedação”.

Independentemente da cirurgia realizada e do tipo de anestesia, todos os doentes


ficavam em vigilância nesta unidade, que era assegurada por dois enfermeiros em cada
UCPA, o que na minha opinião garantia uma maior assistência, segurança e vigilância
ao doente crítico, prevenindo assim possíveis complicações. A sua permanência na
UCPA era da responsabilidade do anestesiologista. Espera-se assim, que o enfermeiro
nesta unidade siga os critérios definidos pela AESOP (2006, p. 110) que consistem em “
(…) manter uma observação e vigilância intensivas; ter capacidade para despistar sinais
e sintomas de complicações que possam surgir, estar apto a atuar em situações de
urgência e emergência”.

A UCPA estava localizada dentro do BO, em frente às salas operatórias. Deste modo o
transporte era efetuado de forma rápida e segura. Considero esta localização totalmente
adequada, e este facto corrobora com Morgan et al. (2006) que referem que a UCPA
deve estar localizada dentro ou muito próximo do BO, de modo a permitir que o doente
seja transportado rapidamente para a sala operatória caso seja necessário, ou, que os
elementos da equipa multidisciplinar do BO se desloquem junto do doente em tempo
útil.

A UCPA era dotada de instalações, recursos humanos e equipamentos capazes de


assegurar os cuidados pós-anestésicos e pós-operatórios imediatos ao doente cirúrgico.
É um serviço com um contexto específico de prestação de cuidados de saúde e
distingue-se dos restantes serviços pela tecnologia de monitorização e de suporte à
pessoa em situação crítica, “cuja vida está ameaçada por falência ou eminência de
falência de uma ou mais funções vitais e cuja sobrevivência depende de meios
avançados de vigilância, monitorização e terapêutica” (Regulamento n.º 124, 2011, p.
8656).

22
Saliento ainda que, a disposição das camas permitiu que de todos os ângulos da sala
fosse possível visualizar a totalidade dos doentes, existia espaço suficiente entre cada
cama, e a entrada e saída das camas realizou-se sem obstáculos. A localização da área
de enfermagem era equidistante relativamente a todas as camas, permitia visualizar
todos os doentes e assegurar o acesso rápido e fácil a cada cama. As portas eram largas
de modo a facilitar a passagem de camas, macas e equipamentos. Entre as camas
existiam cortinas que ajudam a promover a privacidade e evitar a contaminação cruzada
mas que não afetavam a visualização dos doentes nem a circulação.

Outro espaço a referir no BO era a existência de uma sala de espera, sendo esta exterior
ao BO, e era utilizada para o esclarecimento de dúvidas às famílias, diminuindo assim
os medos, a ansiedade e os receios da família. Esta sala também era utilizada para a
comunicação de situações imprevisíveis, comunicação de más notícias, deslocando-se a
esta o enfermeiro, o anestesista e o cirurgião que ficava responsável pelo doente. A
mesma garantia o estabelecimento de uma relação empática entre o
enfermeiro/doente/família, ou seja, o enfermeiro perioperatório tem que ser o elo entre o
exterior e o interior do BO, e é essencialmente através da escuta ativa que ficamos a
saber as expectativas, necessidades, limitações e dúvidas do doente/família.

O BO era também composto por gabinetes, áreas de apoio e de arsenal de material


cirúrgico. Cada especialidade possuía um espaço de aprovisionamento, destinado a
armazenamento de material especifico da especialidade. Na minha opinião, o BO estava
bem equipado tanto a nível técnico como terapêutico, contando com sofisticado material
de ventilação, monitorização e outros para fazer face à complexidade de atuação que os
cuidados à pessoa em situação crítica requerem.

A nível de recursos humanos, o BO era constituído por uma equipa multiprofissional


formada por Médicos, Enfermeiros, Assistentes Operacionais (AO), Administrativa,
Diretora de Serviço e a Enfermeira Chefe de Enfermagem. A equipa de enfermagem era
constituída por um total de 53 enfermeiros. Existiam dois Enfermeiros Especialistas em
Enfermagem Médico-cirúrgica e uma enfermeira especialista em reabilitação.

O regime de trabalho era de 40 horas semanais, podendo ser um horário fixo de segunda
a sexta-feira ou horário tipo roulement, sendo os turnos praticados Manhã, Tarde e
Noite. O método de trabalho era em equipa, por posto de trabalho e a distribuição era

23
feita semanalmente pela Enfermeira chefe, tendo em conta o horário e o nível de
integração. No entanto, saliento o espírito de equipa que existe entre os elementos na
inter-ajuda nos sectores que se encontram mais complicados ou quando a gravidade da
situação exige.

24
3. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS: ANÁLISE CRITICA
POR DOMINIO DAS COMPETÊNCIAS

A aprendizagem é o meio pelo qual se renovam os conhecimentos e as competências. É


uma construção pessoal, onde há uma procura do equilíbrio entre o adquirido e o que
falta adquirir, de como aprender e sobre o que se deseja aprender. Para a melhoria deste
processo, atualmente está preconizada a interação entre a teoria e a prática, onde a
reflexão representa um procedimento essencial. A componente prática assume-se como
um período privilegiado e de forte relevância na globalidade da formação do Enfermeiro
Especialista, prevendo que se estabeleça uma relação teórico-prática consistente e o
desenvolvimento de competências científicas, técnicas, humanas, éticas e culturais
enquadradas à prestação de cuidados diferenciados à pessoa em estado crítico. Esta
metodologia fomenta ao formando a sua participação ativa no processo formativo, a
promoção do pensamento crítico, a capacidade de trabalhar em equipa e refletir acerca
das vivências/ experiências, motivações e necessidades sentidas.

O SU, a UCI e o BO pelas características que lhes são próprias tornam-se locais de
eleição no cuidar do doente em situação crítica. Durante o decurso dos vários ensinos
clínicos, foi meu propósito prestar cuidados à pessoa/família a vivenciar processos
complexos de doença em situação crítica, tendo em conta o que emana a Ordem dos
Enfermeiros.

Estes cuidados implicam observação e colheita de dados de forma sistémica e


sistematizada, de modo a conhecer o doente, prevenindo e detetando precocemente
complicações, assegurando uma intervenção precisa, concreta, eficiente e em tempo útil
(Regulamento nº 124/2011).

Neste contexto iniciei os meus estágios, com alguma insegurança, o medo de falhar
invadiu os meus pensamentos nos primeiros turnos em cada serviço, por outro lado a
expectativa de vivenciar e partilhar novas experiências, novas formas de trabalho deu-
me força para ultrapassar estes momentos menos bons e iniciar um percurso de
aprendizagem reflexiva.
25
A expectativa de estar em contacto com outras realidades, vivenciar e partilhar
experiências novas, com a possibilidade de enriquecer as instituições com a troca de
saberes, do que melhor se faz em cada uma delas, era um desafio. Estas adversidades
foram ultrapassadas, com o meu empenho e motivação, e iniciei esta caminhada
reflexiva, nunca esquecendo que os aspetos menos positivos, são momentos de
aprendizagem e de crescimento pessoal e profissional.

Ao longo do ensino clinico tive a oportunidade de aprofundar os meus conhecimentos e


aperfeiçoar a prática, o que vai de encontro ao que a Ordem dos Enfermeiros (2003)
refere que: os ensinos clínicos proporcionam um leque de experiências essenciais para o
desenvolvimento de competências técnicas, humanas e organizacionais, conferindo um
nível de desempenho profissional demonstrador de uma aplicação efetiva do
conhecimento e das capacidades, incluindo ajuizar.

As atividades desenvolvidas que seguidamente irei apresentar, são descritas de forma


reflexiva e crítica, através de situações / problemas detetados, estratégias sugeridas e
respetiva implementação, permitindo uma aprendizagem, a construção do conhecimento
e evitando tal como refere Pinto (2006, p.15), a “estereotipagem das tarefas e não se
presumir conhecedor da tarefa a desempenhar apenas porque se crê já ter desempenhado
tarefas idênticas no passado”.

Com o objetivo de testemunhar as minhas experiencias em ensino clinico e as


competências desenvolvidas, são descritas de seguida as estratégias de atuação
direcionadas para os domínios de competência, no âmbito da responsabilidade
profissional, ética e legal, gestão de qualidade, gestão de cuidados, da aprendizagem
profissional e na prestação de cuidados á pessoa em situação critica, que a Ordem dos
Enfermeiros (2009) formulou para promover o desenvolvimento de competências
clínicas especializadas.

Como futura enfermeira especialista considero que o Enfermeiro Especialista,


desempenha um papel fundamental numa equipa multidisciplinar, uma vez que é um
profissional que possui um grau elevado de conhecimentos e competências, num
domínio específico da enfermagem.

26
3.1. DOMINIO DA RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL, ÉTICA E LEGAL

Segundo o Código Deontológico do enfermeiro (2009), as intervenções de enfermagem


que são prestadas ao ser humano, compreendem um conjunto de valores universais
como a igualdade, a liberdade responsável com a capacidade de escolha, tendo em
atenção o bem comum, a verdade e a justiça, o altruísmo e a solidariedade, a
competência e o aperfeiçoamento profissional.

Sobrinho e Carvalho (2004, p. 103) baseando-se no Código da Ética dos Profissionais


de Enfermagem citado por Gelain (1998), referem que “a Enfermagem é uma profissão
comprometida com a saúde do ser humano” (art. 1º), “o profissional de Enfermagem
exerce sua atividade com justiça, competência, responsabilidade...” (art.4º) e que “o
profissional de enfermagem exerce a sua atividade com autonomia, respeitando os
preceitos legais” (art. 6º).

O Código da Ética acrescenta e determina que a assistência de enfermagem deve ser


realizada livre de danos decorrentes da imperícia, negligência ou imprudência (art.16); o
profissional deve manter-se atualizado (art.18) e principalmente responsabilizar-se pela
falta cometida em suas atividades, seja individual ou em equipa (art.20) (Sobrinho e
Carvalho, 2004).

Assim, a ética está voltada para a consciência do profissional, com vista a obter uma
assistência de qualidade, e não apenas uma visão normativa (Sobrinho e Carvalho,
2004).

Do ponto de vista de Pereira (2002) citado por Sobrinho e Carvalho (2004), estes
afirmam que a assistência de enfermagem deve ser dirigida não só para o individuo mas
também para a sua família, tendo em conta o respeito pelos direitos humanos e deve
procurar a promoção da saúde, aliviar ansiedades e o sofrimento.

Concordando com os autores referidos anteriormente, para que o enfermeiro preste um


cuidado humanizado e de qualidade é fundamental que a sua prática seja enraizada nos
princípios éticos, científicos e técnicos. No entanto, verifica-se que apesar dos esforços
do profissional o cuidado humanizado torna-se difícil, uma vez que a ética é uma atitude
pessoal e em um ambiente hospitalar as decisões e os cuidados são decididos e
prestados de forma coletiva. Assim, os profissionais precisam de superar os obstáculos
27
de modo a poderem prestar cuidados adequados, em consonância com os princípios
éticos que orientam a prática, respeitando os princípios como a justiça, a beneficência, a
não maleficência e a autonomia na prestação da assistência, o que vai de encontro ao
que referem Marques e Vieira (2007, p. 46), “todos os enfermeiros independentemente
da experiência e sabedoria prática de cada um, que é sempre diferente de sujeito para
sujeito, tornando a decisão individual, decisão essa que não poderá deixar de ser
informada e fundamentada nos princípios éticos”.

3.1.1. Atividades Desenvolvidas

Enquanto profissional de enfermagem, a pessoa é o mobilizador da nossa atividade, a


quem prestamos cuidados no sentido da prevenção, promoção e reabilitação da sua
condição humana. Recruta a nossa atenção e é alvo dos cuidados que prestamos e que
devem ter sempre em conta a sua natureza física e cultural. É a fonte de diversas
experiências que favorecem o nosso desenvolvimento não só pessoal como profissional,
pela reciprocidade de conhecimentos e de experiências proporcionadas. Tal como refere
Oriá et al. (2004, p. 294), “o objeto de trabalho da enfermagem é o cuidado. Cuidado
esse que deve ser prestado de forma humana e holística, e sob a luz de uma abordagem
integrada”.

Durante os cuidados prestados encarei a pessoa como um ser único, indivisível,


compreendendo-a inserida na sua cultura, com valores próprios, direitos e deveres,
respeitando-a e abstendo-me de juízos de valores relativamente à pessoa cliente dos
meus cuidados. O fato de respeitar a confidencialidade das informações e a sua
privacidade tanto a nível físico como moral, promoveu uma maior segurança ao doente
aumentando a sua autonomia no processo de tratamento e a confiança nos cuidados
prestados.

Os dilemas ético-legais que os Enfermeiros enfrentam são inúmeros e diversificados. A


necessidade constante de estabelecer prioridades, a confrontação com situações graves
que implicam sofrimento por parte do doente e família, a perda súbita de um familiar, a
confrontação com perda da função motora de uma parte do corpo com repercussões para
o resto da vida, a morte, entre outros, levam muitas vezes, os enfermeiros a vivenciarem
sentimentos de angústia, frustração, incapacidade e impotência. Apesar de durante os

28
ensinos clínicos não ter vivenciado nenhum dilema ético, penso que os mesmos são
importantes.

A nível do SU, apesar de não ser totalmente cumprida a legislação do acompanhamento


do utente, Publicada em Diário da República, a Lei n.º 33 da Assembleia da República
(2009, p.4467) que “reconhece e garante a todo o cidadão admitido num serviço de
urgência do Serviço Nacional de Saúde o direito de acompanhamento por uma pessoa
por si indicada”, justificada por impossibilidade do serviço, verifiquei que existia a
preocupação da equipa, bem como um esforço desenvolvido e uma dedicação, tanto de
enfermagem como médica, no envolvimento da família no processo do cuidar dos
doentes que recorrem ao SU, permitindo a presença intermitente do familiar junto dos
mesmos e até mesmo indo à sala de emergência, após a estabilização do doente.

Após a abordagem inicial e estabilização do doente, procurei sempre manter uma


relação de ajuda quer com o doente/família quer com os profissionais, como também
procurei promover a presença da família junto do doente de forma a minimizar a
ansiedade, medos e receios quase sempre presentes no doente e família em situação
crítica. Considero essencial e relevante como futura enfermeira Especialista, o
envolvimento da família no processo de cuidar do doente, desenvolvendo capacidades e
habilidades na comunicação com o doente e família, bem como no estabelecimento de
uma relação entre enfermeiro/doente/família, promovendo uma melhor visibilidade e
reconhecimento da profissão. Saliento ainda para a importância do respeito pela
integridade da pessoa e na capacidade de transmitir dados adequados à situação, com
conhecimento e assertividade, bem como o fornecimento de informação pertinente à
pessoa/família a vivenciar processos de angústia e de incertezas. Desta forma,
concordando com Neto et al. (2003, p. 49), penso que contribuí para diminuir a

“desconfiança, a sensação de que a equipa não transmite tudo o que sabe e o


pouco tempo de atenção que lhe é dispensado, e que promove dentro dos
elementos da família, sentimentos de ansiedade que, se não forem devidamente
controlados, evoluem para formas de stress”.

Com o decorrer do ensino clinico, posso afirmar que comunicar em contexto de


urgência reveste-se de particularidades específicas. O doente e família/pessoas
significativas experienciam situações agudas, como acidentes, agravamento da doença

29
ou são mesmo confrontadas com a morte, o que os leva a vivenciar momentos de
elevada ansiedade, medo, stress, encontrando-se numa situação de grande fragilidade e
revolta. Deste modo, esta temática tem toda a pertinência, sendo uma oportunidade para
o desenvolvimento de competências relacionais e éticas. A comunicação está inerente a
qualquer processo relacional, visto que este é uma obrigação de todo o ser humano, é
um ato de reciprocidade.

Como refere Thalita (2013, p. 92), a comunicação é uma das

“ferramentas básicas para a sustentação do processo de “cuidar”… elo essencial


de cuidado por aproximar os sujeitos, proporcionando momentos de troca, de
interesse e de preocupação com o outro. Isso evidencia a interdependência entre
comunicação (…) e o cuidado (…), uma vez que não há ação de cuidar que não
se constitua em uma ação comunicativa”.

Ao longo dos ensinos clínicos, a comunicação com o doente e família foi uma
prioridade e em contexto de urgência esta torna-se mais difícil, devido a uma grande
complexidade de situações desencadeadoras de stress aliadas à urgência dos
procedimentos, focando-me muitas vezes em procedimentos mais técnicos.

Nesse sentido, fui-me apercebendo o quanto a comunicação com o doente, que chega a
um meio completamente desconhecido, é importante, para obter a colaboração do
doente, a calma e a serenidade do mesmo. Essa comunicação deve ser assertiva,
humanizada, calorosa e adequada a cada doente/familiar. Assim, durante a prestação de
cuidados, procurei acolher o doente e família/pessoas significativas de forma
personalizada; estabelecer uma comunicação terapêutica; promover estratégias para
diminuição da ansiedade, esclarecer e preparar psicologicamente o doente para a
realização de procedimentos invasivos e prestar apoio emocional. Escutei ativamente a
pessoa vivenciando os processos de doença com que são confrontados. Procurei
identificar os problemas e/ou necessidades dos familiares/pessoas significativas e
realizei ensinos oportunos.

Considero que o enfermeiro tem um papel fundamental no fomentar da comunicação


família-doente. Perante tanta e complexa tecnologia, ruídos e dispositivos a família
pode sentir-se ameaçada e com medo de interagir com o seu familiar. Cabe ao

30
enfermeiro perceber as reações emocionais e ter uma atitude pedagógica no sentido de
incentivar a interação familiar-doente.

Durante o ensino clinico na UCI, deparei-me com um ambiente fechado, complexo e


tecnológico, com a permanência de doentes em estado crítico e com grande risco de
vida, onde o prognóstico é, muitas vezes, reservado. Ali, os profissionais de
enfermagem debatem-se diariamente com várias questões éticas, como a indicação para
não reanimar, para a realização de tratamentos e aplicação de novas tecnologias e
protocolos.

Com o desenrolar do ensino clinico, constatei que o doente não tinha capacidades para
comunicar verbalmente, pelo fato de estar sedado ou sem condições mentais
(inconsciente/coma) para questionar ou receber informação sobre o seu estado clínico, o
que me levou a estabelecer uma relação terapêutica empática e utilizar outras formas de
comunicação (não verbal), incluindo a comunicação com a família.

“A família atua como unidade de saúde para seus membros, ou seja, ela tem um
referencial para compreender e atuar nas diferentes situações de saúde e doença
… o familiar não pode ser visto apenas como aquele que deve cumprir as
determinações dos profissionais de saúde … deve assumir a responsabilidade
pela saúde do seu familiar doente e, para isso, precisa ser ouvido em suas
necessidades, devendo ser igualmente cuidado (Martins et al., 2008, p. 1091)”.

Durante o estágio, observei que os profissionais de enfermagem assistem e participam


no prolongamento da vida, por vezes, inconformados com a esperança que os familiares
assumam, à medida que os dias vão passando, de uma situação que se prevê inevitável,
a morte. Participar neste processo não é fácil, exigindo condições humanas,
organizacionais e estruturais, por vezes, inexistentes. Neste contexto, o cuidado integral
do ser humano é fundamental, onde a relação enfermeiro, doente e família deve ser
privilegiada.

Assim, em situações em que era necessário consentimento informado, eram os


familiares que em sua representação recebiam essas mesmas informações e que
teoricamente assumiam o papel de decisores. Era obtido consentimento presumido para
a realização dos procedimentos, uma vez que a situação permitiu supor que a pessoa

31
teria eficazmente consentido, se reunisse condições para conhecer as circunstâncias em
que este é praticado, como previsto no Decreto-Lei n.º 48/95 de 15 de Março de 1995.
Aquando de uma situação mais favorável promovi o seu papel ativo através da
mobilização das suas capacidades na recuperação e reabilitação precoces. O facto de
respeitar a confidencialidade das informações e a sua privacidade tanto a nível físico
como moral, pela utilização das cortinas, em conjunto com os aspetos anteriormente
focados, promovi uma maior segurança ao doente aumentando a sua autonomia no
processo de tratamento e a confiança nos cuidados prestados.

Diariamente os familiares podiam receber informações pelo clínico de serviço e após os


dois períodos de visita. Durante a visita, foi notável a disponibilidade do enfermeiro
responsável pelo doente para o esclarecimento de dúvidas colocadas pelos familiares,
utilizando linguagem acessível. Este foi um aspeto que considerei bastante dignificante
a nível da intervenção de enfermagem no contributo para a humanização de um serviço
que, ao primeiro contacto, por parte dos familiares, parece de elevado âmbito técnico.

Schneider et al. (2009, p.531-532), referem que sendo a

“UTI um ambiente totalmente diferente de outras unidades, não dispensa a


humanização da assistência, que é expressa pela atitude relacional dos
profissionais de saúde com o paciente e seus familiares. Se o cuidado for
mecanizado e pouco comprometido, resulta na desvalorização da assistência
humanizada. Nessas colocações fica explícita a necessidade da interação humana
durante o cuidado prestado, motivo pelo qual se considera a comunicação como
um relevante fator interativo e de humanização na UTI”.

No decorrer do estágio em BO procurei promover relações privilegiadas do doente com


a família ou pessoas significativas, no entanto, na UCPA este objetivo não foi
totalmente atingido, uma vez que no BO não são permitidas visitas. Contudo, ainda
pude facilitar a presença de alguns familiares / pessoa significativa, em colaboração
com a enfermeira orientadora, onde foi visível o facto de todas as informações
diminuírem a ansiedade face ao internamento. Não posso deixar de referir que a família
era tida em consideração pelos profissionais do BO, existindo uma sala de espera
exterior ao bloco, sendo um espaço confortável para o esclarecimento de dúvidas,
diminuição da ansiedade e medo dos familiares face ao internamento do seu familiar. A

32
família encontra-se no auge das suas preocupações e ansiedades, que incidem sobre a
situação clínica do doente. Neste contexto, considero que é muito importante existir
passagem de informação eficaz para manter a família/pessoa significativa informada da
situação clínica.

O desenvolvimento de uma atitude assertiva, estabelecendo uma comunicação


terapêutica e promovendo estratégias para a diminuição da ansiedade, constitui uma
competência essencial no domínio da formação especializada em enfermagem á pessoa
em situação critica. A comunicação faz parte do cuidar humanizado e é mais que
palavras ditas entre as pessoas. Partilho da opinião de Sá e Machado (2006) quando nos
afirmam que a comunicação é uma competência importante para o cuidar em
enfermagem, que se adquire na e pela prática, implica que se desenvolvam capacidades
criativas, cognitivas, afetivas e psico-motoras, porque admite uma grande diversidade
de formas de comunicar.

A comunicação é “uma ferramenta essencial para o princípio de autonomia do paciente,


a confiança mútua e a troca de informações necessárias ao cuidado do paciente e
família, numa perspectiva terapêutica” (Veiga et al., 2010, p.325).

Oriá et al. (2004) acrescentam ainda que a comunicação é um dos mais importantes
aspetos do cuidado de enfermagem que consiste numa melhor assistência ao doente e à
sua família que vivenciam ansiedade e stress decorrentes do processo de hospitalização.
Assim, a comunicação é essencial para estabelecer uma relação de ajuda entre o
enfermeiro, doente e família. Neste sentido é imprescindível que o processo de
comunicação seja eficiente para viabilizar uma assistência humanística e personalizada
de acordo com suas necessidades. Deste modo, o processo de interação com o doente
caracteriza-se não só por uma relação de poder em que este é submetido aos cuidados
do enfermeiro, mas também por atitudes de sensibilidade, aceitação e empatia entre
ambos.

Durante a admissão do doente no BO, constatei que a pessoa fica numa situação
desvantajosa em relação a questões éticas e relacionais, nomeadamente: a separação do
seu ambiente habitual; retidos numa cama, despidos e privados do uso dos seus objetos
pessoais; rodeados de equipamento estranho e de pessoas que utilizam técnicas e
linguagem desconhecidas; situações de stress muitas vezes relacionadas com situações

33
de emergência com o próprio ou com os outros doentes ali internados. Assim, é
importante que o enfermeiro avalie e identifique as carências físicas, psicológicas e
sociais do doente e família, procurando contribuir para o respeito pela ética e código
deontológico da profissão de Enfermagem.

Ao refletir, posso afirmar que minha postura durante este percurso teve sempre por base
estes princípios, respeitando as relações privilegiadas do doente com a família, amigos
ou pessoas significativas, criando um ambiente tranquilizador, onde valores como o
respeito, privacidade, autonomia e dignidade tiveram sempre presentes. Considero que
todos os momentos contribuíram positivamente para o meu desempenho pessoal e
profissional e serviram para refletir de forma construtiva acerca de cada um deles.

Em síntese, no decorrer dos vários ensinos clínicos procurei, na minha atuação, respeitar
os princípios éticos e deontológicos da profissão, procurando promover relações
privilegiadas do doente com a família, amigos ou pessoas significativas, facilitando a
sua presença sempre que possível. Tal como refere Fontes e Ferreira (2009, p.34) “a
voz, o tato, a carícia de um familiar é diferente de um profissional, exatamente porque é
profissional e o paciente reage de maneira diferente”. Foi visível o envolvimento da
família ao máximo nos cuidados e nas decisões clínicas, que segundo Martins (2009) e
Pias (2008), reduz os medos, a ansiedade e mantém a família coesa até à alta. Assim, o
desenvolvimento de uma atitude assertiva, humanizada, estabelecendo uma
comunicação terapêutica e promovendo estratégias para a diminuição da ansiedade,
constitui uma competência essencial no domínio da formação especializada em
enfermagem ao doente crítico. Durante a minha atuação, procurei incentivar este
contacto precoce entre o doente crítico e a família, de forma a contribuir para a
humanização dos cuidados e minimizar a angústia de ambos.

A comunicação de más notícias é uma realidade inalterável no quotidiano dos


profissionais de saúde, constituindo uma das áreas mais difíceis e complexas do
contexto de Urgência como na UCI. É um momento difícil que envolve muitos
sentimentos e emoções. Lidar com a família não é fácil pois o que lhes for dito marcará
o encarar da morte no futuro. Assim, desenvolver competências nesta área é
extremamente importante porque nada deve ser deixado ao acaso.

34
O enfermeiro tem o dever de assistir a família/cuidadores no processo de luto através da
promoção de privacidade, silêncio e respeito na despedida ao doente que morreu.
Permitir que estes se despeçam condignamente, consciencializando-se da realidade, de
modo que não permaneça a angústia de não se terem despedido ou de não acreditarem
que está morto. Deve-se permitir que estes expressem os seus sentimentos, que se
despeçam sem fazer juízos de valor a crenças e religiões que lhe são desconhecidas.

Relativamente à transmissão de más notícias esta foi realizada, uma vez que tive
oportunidade de observar e verificar, em contexto de sala de emergência, que a
transmissão de más noticia por norma é efetuada pelo médico com a presença física de
familiares e só na UCI esta era efetuada pelo telefone. A nível do SU a metodologia da
transmissão de más noticias pelo médico com a presença da família pareceu-me muito
apropriada pois muitas vezes são situações de imprevisibilidade e causadoras de muita
angústia e sofrimento para a família e para quem faz a comunicação. No caso da UCI,
considero que a metodologia da transmissão de más noticias pelo telefone não é a mais
apropriada, uma vez que a comunicação de um óbito por telefone impede o profissional
de saber em que condições físicas e psicológicas o recetor recebe a noticia, contudo,
observa-se que na generalidade, a família que mantém contacto diário com a unidade e
da qual constam os contactos, também prevê estes acontecimentos embora não os queira
esperar como desfecho da situação.

Na era atual assiste-se a uma pluralidade de sentimentos e atitudes perante a morte. Ao


enfermeiro exige-se uma prestação de cuidados competente e humanizada, tendo em
conta os princípios éticos da profissão, encarando a morte como uma fase essencial do
ciclo vital. Posso dizer que todos os elementos da equipa multidisciplinar a encaram
com respeito pela pessoa, mantendo um ambiente digno, mesmo nos cuidados post-
mortem.

3.2. DOMINIO DA MELHORIA DA QUALIDADE

Segundo Mezomo (2001), a melhoria contínua da qualidade dos cuidados prestados,


deve-se pelo compromisso com a inovação, criação e desenvolvimento de serviços e
profissionais, que se pretende que sejam adequados à missão do Hospital, de acordo
com as necessidades legítimas e expectativas da população.

35
A qualidade e melhoria contínua na organização incidem na busca incessante das
melhores práticas e o envolvimento de todos os profissionais da organização, através da
racionalização, eficácia e eficiência do serviço prestado (Oliveira, 1998).

Do ponto de vista da Ordem dos Enfermeiros (2001), os padrões de qualidade que


ficaram definidos consistem na tomada de decisão com base em evidência, ou seja, o
enfermeiro incorpora os resultados da investigação na sua prática, tendo em conta os
princípios humanistas e tem presente que bons cuidados significam coisas diferentes
para diferentes pessoas, o que contribuiu para elevados níveis de satisfação dos doentes.

3.2.1. Atividades Desenvolvidas

A garantia da qualidade dos cuidados, é da responsabilidade de todos os profissionais


que os prestam, e nunca foi tão importante como agora, pois, existe uma crescente
consciencialização dos doentes/família dos seus direitos e deveres, levando também a
um aumento da expectativa sobre a qualidade dos cuidados que lhes são prestados,
sendo igualmente uma exigência legal da profissão, fazendo parte integrante da prática
de enfermagem. Nesta perspetiva, ao indicar os princípios básicos em que se podiam
fundamentar os cuidados de enfermagem, já na sua época, Florence Ninghtingale in
Colliére (1999, p.213), especificava que, “… não queria em caso algum (...) estabelecer
uma regra de pensamento que pudesse ensinar às Enfermeiras como tratar, mas
simplesmente, dar-lhes sugestões, referências para prestar os cuidados”.

Ao desenvolver competências a nível do SU, UCI e no BO, pude refletir que ambos se
destinam à assistência multidisciplinar e à prestação de cuidados à pessoa em situação
critica, nomeadamente doentes de alto risco. A missão dos mesmos consistiu em prestar
cuidados de saúde de qualidade, acessíveis em tempo oportuno, e se possível, num
quadro de desenvolvimento económico e financeiro sustentável. Relativamente aos seus
valores, verifiquei que em ambos os serviços, a prestação de cuidados era dirigida ao
doente e sua família, no sentido de satisfazer as suas necessidades através da utilização
das melhores práticas, pelo recurso ao elevado nível de qualidade, visando a prestação
de cuidados individualizados, personalizados, efetuando um adequado e pertinente
acompanhamento da atualização tecnológica e científica no sentido da melhoria
contínua da qualidade, promover a satisfação, promover a racionalização dos recursos e

36
dos custos e promover e proporcionar o desenvolvimento científico dos elementos da
equipa.

No sentido de dar resposta à concretização desta área de aprendizagem, constatei


através do diálogo e em conversas informais com os Enfermeiros orientadores dos
vários ensinos clínicos, sobre a dinâmica formativa das equipas de enfermagem.

O contexto de trabalho constitui um espaço privilegiado para promover a formação em


serviço como processo de resolução de problemas, de aplicação de saberes e de
adaptação às mudanças que aí ocorrem.

Nesta perspetiva, considero que uma área muito importante em que o enfermeiro
especialista pode e deve intervir é na formação em serviço. Esta deve ter como objetivo
a satisfação das necessidades sentidas pelos enfermeiros, inseridos num serviço,
considerando as expectativas individuais e de grupo, com vista à obtenção da excelência
e a qualidade dos cuidados prestados. Assim, a formação é hoje em dia, um dos grandes
desafios exigidos aos enfermeiros, devido às sucessivas mudanças, que conduzem a
uma desatualização constante dos conhecimentos técnico científico. Sobre os
enfermeiros recai assim, a responsabilidade e a preocupação de se atualizarem,
necessitando de repensar o seu processo de trabalho, bem como as competências
essenciais ao desempenho da profissão, num mundo em permanente mudança.

Nesta área, espera-se que o enfermeiro especialista em enfermagem à pessoa em


situação critica seja um profissional capaz e experiente, possuidor de conhecimentos e
competências compatíveis com os cuidados específicos que a pessoa em situação crítica
necessita.

Neste âmbito, a formação em serviço assume um papel fundamental na atualização dos


conhecimentos e no aperfeiçoamento da prática, é transversal às equipas de saúde em
geral e constitui um direito e um dever dos profissionais (Paixão e Monteiro, 2009).

Como afirma Colliére (1999, p.263) a formação, “desempenha um papel determinante


em relação à evolução dos cuidados de enfermagem, no sentido em que é geradora de
condutas, de comportamentos e de atitudes”. Um dos seus objetivos, é assegurar a
melhoria da qualidade dos cuidados, permitindo refletir sobre qual a filosofia a adotar,

37
para que seja garantida essa qualidade, condição indispensável para uma prática
autónoma e responsável.

No SU tal como na UCI e no BO, pude verificar que toda a equipa tinha consciência da
necessidade de um processo de formação contínua e especializada em Enfermagem.
Apesar de toda a conjuntura económica em que vivemos atualmente no nosso país, pude
verificar o interesse sobre o processo e datas de candidaturas relativamente a Mestrados
e Curso de Pós-Licenciatura de Especialização em Enfermagem Médico-Cirúrgica, o
que revela e demonstra uma preocupação e interesse dos profissionais de saúde na
aquisição de um nível formativo mais avançado, no sentido da garantia de uma melhoria
da qualidade dos cuidados de Enfermagem prestados. A formação em serviço era
realizada e tinha frequentemente curta duração.

Nos vários ensinos clínicos, SU, UCI e BO, pude constatar que existia uma
planificação/calendarização das atividades de formação para o ano corrente, com vista à
satisfação das necessidades formativas identificadas pela equipa. A identificação das
necessidades formativas acontece de maneira informal, por conversas ocasionais, e
ocasionalmente era discutida em reuniões de serviço. Neste âmbito existiam grupos de
trabalho já elaborados, após levantamento do diagnóstico das necessidades formativas
da equipa, existindo em cada grupo um elemento responsável pela formação mais
proactivo, dinamizador, de forma a envolver a equipa ativamente nos projetos do
serviço, o que iria permitir uma atuação da equipa de enfermagem fundamentada e
sistematizada, e contribuiria significativamente para a melhoria da qualidade dos
cuidados prestados, uma vez que, tal como refere Velez (2009) é fundamental a sua
motivação para o desenvolvimento de saberes e mudança de comportamentos.

Considero que os locais onde realizei os ensinos clínicos são locais de elevada exigência
tanto a nível físico como psicológico, com necessidade de organização acrescida que
tem em conta, sempre que possível, as necessidades e preferências das pessoas, de
forma a manter a motivação e um bom desempenho profissional. Daí a importância de
manter os serviços providos de recursos (humanos e materiais) suficientes para dar
resposta às situações, pois “gerir é essencialmente, fazer coisas através dos outros”
(Apolinário, 2010, p. 3).

38
No que diz respeito à elaboração dos registos de enfermagem, nos vários ensinos
clínicos tive a oportunidade de realizar registos a nível informático, através do programa
do ALERT a nível do SU, na UCI a utilização do programa SAPE (Sistema de Apoio à
Prática de Enfermagem) com aplicação de linguagem CIPE (Classificação Internacional
para a Prática de Enfermagem) e a nível do BO mais concretamente o registo da
verificação cirúrgica. A nível do BO também utilizei os registos em papel,
nomeadamente a folha de enfermagem na sala operatória, folha de registo da UCPA e
folha de registo da determinação do indicador da qualidade da anestesia na UCPA.

Considero que a elaboração de registos de enfermagem é um elemento fundamental para


a prestação de cuidados, sua individualização, resultam de uma vigilância continua ao
doente, resultando numa prestação de cuidados seguros e de qualidade, com vista a
assegurar e garantir uma continuidade dos cuidados e também para o desenvolvimento
do trabalho de equipa multidisciplinar. Tal como refere Pereira (2005), a realização de
registos é fundamental para a prestação, individualização e continuidade dos cuidados,
bem como para o desenvolvimento do trabalho em equipa multidisciplinar. São eles que
nos facultam proteção legal e através deles que os enfermeiros dão visibilidade ao seu
desempenho, reforçam a sua autonomia e responsabilidade profissional.

Setz e D’Innocenzo (2009), acrescentam ainda que os mesmos devem ser rigorosos,
completos e realizados corretamente. São um instrumento de educação e um documento
legal, já que são a comprovação escrita da prática de enfermagem e são um meio para
avaliar a assistência de enfermagem prestada ao paciente, bem como da qualidade das
anotações elaboradas pela equipe de enfermagem.

Relativamente aos registos de enfermagem através do SAPE utilizando a linguagem


CIPE, “um instrumento de informação para descrever a prática de enfermagem, que
fornece dados representativos dessa prática em sistemas de informação de saúde
globais” (Cunha et al., 2010, p. 8, citando o Conselho Internacional de Enfermeiras,
2003), destaco os mesmos como ganhos para a enfermagem, devido à uniformização da
linguagem utilizada por todos os enfermeiros e a visibilidade dada ás intervenções
autónomas e interdependentes de enfermagem realizadas e aos ganhos em saúde
sensíveis aos nossos cuidados.

39
Considero que a comunicação contínua entre profissionais e entre profissionais/doente é
importante, uma vez que a transmissão de informação adequada, clara e precisa, quer
verbal, quer escrita, é uma forma de garantir a continuidade dos cuidados, bem como a
prevenção de eventos adversos, e consequentemente uma melhoria da qualidade dos
cuidados prestados. Por outro lado, a comunicação “(…) é um dos meios mais eficazes
para a mudança de atitudes, já que constitui a essência vital à condução dos Homens”
(Morais, 2002:25).

No meu ponto de vista, o enfermeiro Especialista, tem funções importantes a nível da


gestão dos recursos pois daí depende a gestão e consequentemente a qualidade dos
cuidados prestados no serviço e a satisfação do doente. Este aspeto, foi para mim
importante, pois apreendi e concordei em pleno que para gerir é necessário ter perfil de
liderança, o que nem sempre é fácil. Implica tomada de decisões, que deverão ser
sempre com fundamento e conhecimento de causa.

Um outro aspeto que saliento nos serviços por onde prestei cuidados, foi a existência de
normas/protocolos de procedimento relativas às várias intervenções autónomas e
interdependentes desenvolvidas e a preocupação constante por parte da equipa na sua
atualização. Penso que os mesmos são fundamentais e são uma ferramenta de extrema
importância, uma vez que nos dão segurança na prestação de cuidados, permitem uma
homogeneidade e uniformização dos procedimentos, são uma mais-valia e constituem
uma parte integrante dos programas de garantia da qualidade e uma forma de
desenvolver atividades interdependentes perante situações que exigem resposta imediata
e segura, contribuindo assim para a melhoria da qualidade dos cuidados prestados aos
doentes.

Na perspetiva do Grupo de Trabalho das Urgências (2006, p.30), a existência de


protocolos de atuação “um conjunto de recomendações orientadoras da atuação
médica perante situações graves e/ou frequentes, promovendo a boa prática, a
uniformização de critérios, a segurança na atuação e a existência de instrumentos de
ensino reproduzível e objetivo”.

Sobre o olhar de Veiga e Henriques (2008, p.14), os protocolos são “(…) linhas
orientadoras para a prestação de cuidados de enfermagem e normalizar
procedimentos que garantam as boas práticas”.

40
A nível do SU pude aplicar o protocolo da Ventilação Mecânica não invasiva
(VMNI) e da Ventilação Mecânica Invasiva (VMI), em que neste ensino clinico, o
contacto e ampliação de competências inerentes aos cuidados de enfermagem ao doente
crítico sob VMNI) e VMI foram de primordial importância para o meu desempenho
profissional enquanto aluna do mestrado, como processo de aprendizagem numa área
que considero essencial e importante. Foi fundamental pois no meu dia-a-dia nem
sempre tenho a oportunidade de cuidar de doentes com VMI e o fato de ter tido algum
contato com estes doentes na UMC permitiu-me aperfeiçoar, adquirir e pôr em prática
todos os conhecimentos adquiridos nas aulas teóricas, que foram e serão fulcrais para o
desempenho da minha profissão. Ao contrário da VMI, a VMNI é uma prática que no
meu dia-a-dia já estou mais “familiarizada”, no entanto a prestação de cuidados a
doentes com VMNI na sala de emergência e na UMC também foi benéfica, pois
possibilitou-me aperfeiçoar e melhorar alguns cuidados de enfermagem, mais
concretamente em relação ao correto posicionamentos do doente e redução das fugas
após a colocação da máscara, levando a uma melhoria da qualidade dos cuidados e uma
melhoria significativa para o bem-estar do doente. Também me possibilitou o
manuseamento com o aparelho Respironics V60, utilizado na VMNI, verificando muito
bons resultados, compensando todo um quadro de descompensação dos doentes com
dificuldade respiratória.

Na sala de emergência tive oportunidade de desenvolver competências no cuidar de


doentes com instabilidade hemodinâmica bem como aplicar os protocolos que estavam
instituídos sobre: doentes com AVC; doentes com Insuficiência respiratória, EAP,
doentes com dor pré-cordial, EAM e ainda colaborei na colocação de dreno torácico e
cateter central.

Concordando com Veiga e Henriques (2008), pude comprovar uma vez mais na minha
prática que a existência e a implementação de normas ou protocolos na realização dos
vários procedimentos num serviço têm várias vantagens: facilitam a tomada de decisão,
minimizam a incerteza reduzindo a variabilidade de práticas, melhoram a qualidade dos
cuidados, controlam o uso inadequado de recursos, diminuem o risco e promovem a
prestação de cuidados com uniformidade, elevando a sua qualidade.

Dos documentos consultados, realço o manual de acolhimento à pessoa e à família a


nível da UCI, cujo objetivo era sistematizar e uniformizar ações, atitudes e
41
comportamentos que os enfermeiros devem adotar, num momento tão significativo e
doloroso para a pessoa como é a hospitalização.

Ainda no âmbito da melhoria dos cuidados, apliquei a nível da UCI a avaliação do risco
de úlcera de pressão pela Escala de Braden, prática com a qual já estava familiarizada e
que me permitiu inferir acerca do grau de risco apresentado pelo doente, adaptando os
cuidados em caso de alteração do score. A este nível saliento a prática de cuidados no
sentido da prevenção (alternância de decúbitos, alimentação e hidratação adequadas a
cada situação, massagem e aplicação de creme hidratante). Outro aspeto a referir diz
respeito à prevenção da infeção cruzada durante a prestação de cuidados, onde a este
domínio foi importante reconhecer o meu papel como futura Enfermeira Especialista,
que além de prestar cuidados gerais ao doente está alerta para a melhoria a diversos
níveis, participando na implementação de projetos de âmbito organizacional, assim
como na posterior monitorização, nomeadamente alertar para a importância de haver
vários pontos estratégicos da lavagem e desinfeção das mãos.

No BO, um aspeto que saliento, é a existência de normas/protocolos de procedimento


relativas às várias intervenções autónomas e interdependentes desenvolvidas e a
preocupação constante por parte da equipa na sua atualização. Todos estes aspetos
fazem parte dos projetos em curso para a melhoria da qualidade assistencial, realçando-
se como áreas principais: avaliação e prevenção de úlceras de pressão; profilaxia e
tratamento de náuseas e vómitos no pós-operatório (determinação do indicador de
qualidade da anestesia); protocolo da dor no pós-operatório, protocolo sobre a anestesia:
avaliação, tipo de anestesia e fármacos; protocolo da Via Aérea difícil (carro de
Intubação difícil); protocolo do procedimento cirúrgico para as várias especialidades
(tipo de material cirúrgico), protocolo do carro de emergência, protocolo da manobra
Sellick, protocolo dos desfibrilhadores, protocolo da linha arterial, protocolo da alergia
ao látex, protocolo da Hipertermia maligna, protocolo sobre os critérios de admissão e
alta na UCPA, protocolo do controlo da glicémia no perioperatório e o protocolo do
Cell Saver.

No âmbito da melhoria dos cuidados, apliquei e determinei o indicador da qualidade da


anestesia a nível da UCPA, que consistiu na avaliação e registo da dor, náuseas, vómitos
e zonas de pressão no pós-operatório, prática com a qual não estava familiarizada e que
me permitiu refletir acerca do grau de risco apresentado pelo doente no pós-operatório.
42
A este nível saliento a prática de cuidados no sentido da prevenção e de uma vigilância
contínua de complicações pós-operatórias, no sentido de detetar precocemente
incidentes que pudessem estar relacionados com o ato anestésico ou cirúrgico.

Após conversas informais com as Enfermeiras orientadoras dos vários ensinos clínicos,
um dos aspetos que considerei como oportunidade a desenvolver de encontro à melhoria
e à necessidade das equipas de Enfermagem, para uma atuação segura e eficaz, foi a
realização e apresentação das seguintes formações: no SU, eu e os meus colegas de
estágio considerámos importante e pertinente a temática da VMNI, com o intuito de
realizarmos uma ação de formação sobre “Boas Práticas na Abordagem ao Doente com
VMNI” (Anexo I), que considero ter sido muito pertinente pela temática atual mas
também pela metodologia utilizada neste trabalho. Foi apresentada no dia 18 de Julho
de 2013 no HS. Outro aspeto que quero realçar foi a possibilidade que tive bem como os
meus colegas de estágio, de realizarmos o curso sobre “Manuseamento da Via Aérea”,
que nos foi proporcionado com grande esforço e dedicação pela Srª Enfermeira
especialista Isilda, que mais uma vez lhe agradeço pela oportunidade que nos
proporcionou e que foi bastante enriquecedora para o nosso ensino clínico bem como
para o nosso desempenho profissional.

No BO, realizei a formação sobre a “Comunicação do Doente Cirúrgico do Serviço de


Urgência Geral ao Bloco Operatório”, realçando para a realização de uma check list
(anexo II). A escolha deste tema foi devido ao fato de como profissional de enfermagem
e como futura enfermeira especialista, estava desperta e deparei-me com as dificuldades
que os profissionais do BO tinham ao receberem os doentes vindo do SU do CHL,
nomeadamente dificuldades em obter informações acerca dos cuidados pré-operatórios
já efetuados ao doente crítico no SU, especificamente a nível do estado de consciência,
manutenção da via aérea, ventilação, circulação, estado neurológico, exposição, a
administração de terapêutica, grau de dependência, antecedentes pessoais e alergias
medicamentosas.

Concordando com o pensamento de Gomes (2010, p.5 citando Leite, 2006), espera-se
que o Enfermeiro Especialista seja “um profissional reflexivo, e capaz de mobilizar todo
um manancial de conhecimentos, alicerçado nos saberes providos da experiência, para
que a sua intervenção seja holística, contextualizada e com elevado nível de qualidade”.

43
Como atualmente exerço funções no SU desse hospital, o objetivo geral dessa formação
consistiu não apenas adquirir competências acerca do doente cirúrgico, vindo do SU
para o BO, mas também no sentido de poder ser o elo de ligação, dinamizador e com
vista a sensibilizar os enfermeiros para a importância da transmissão de informação
precisa, clara e objetiva acerca do doente cirúrgico, aquando da sua chegada ao BO, no
sentido de haver uma mudança de atitudes e comportamentos dos profissionais face aos
cuidados prestados no serviço de urgência, contribuindo assim para uma melhoria da
qualidade dos cuidados prestados ao doente e uma melhoria da continuidade de
cuidados, sendo o principal beneficiário o doente.

Em ambas as formações, as apresentações tiveram a duração de trinta minutos, contou


com a presença de cerca de quinze enfermeiros, que demonstraram elevado interesse
pelos temas e respeito pelo trabalho no sentido da uniformização, continuidade e coesão
das intervenções, considerando, através do feedback dos mesmos, os temas pertinentes
para uma melhoria da qualidade dos cuidados prestados ao doente e uma melhoria da
transmissão de informação entre profissionais de saúde. Foram experiências
gratificantes e considero que esses momentos constituíram aspetos bastante facilitadores
de aprendizagem pois permitiu uma maior aproximação das equipas, assim como a
partilha de ideias e experiências.

Apesar de tudo, considero que todas as equipas onde desenvolvi competências, cada
uma delas com as suas características, são equipas dinâmicas e motivadas na construção
do seu processo formativo, procurando otimizar a sua prestação de cuidados e
competências, contribuindo para a prática com qualidade.

Finalizando o enfermeiro Especialista tem um papel primordial na atualização de


conhecimentos, de forma a conseguir analisar, planear e definir estratégias de resolução,
pôr em prática, motivar e avaliar junto da restante equipa. O enfermeiro especialista é
um elemento importante na equipa é o impulsionador da mudança, este deve ser uma
“lufada de ar fresco”, cheia de conhecimentos, experiências e ideias novas, sendo um
impulsionador da mudança crescimento e desenvolvimento de uma equipa. É um agente
de mudança, é inovação. Como contributos para o futuro reforço a importância da
partilha de práticas baseadas na experiência e nas evidências científicas, com ganhos
efetivos para o doente.

44
3.3. DOMINIO DA GESTÃO DOS CUIDADOS

Segundo Urden et al. (2008, p. 1265), a gestão de cuidados “é um sistema de processos


integrados que se destinam a possibilitar suportar e coordenar os cuidados ao doente
através do continuum dos serviços de saúde.”

A constante preocupação na racionalização dos custos tem forçosamente proporcionado


uma crescente inquietação com a eficiência na área da saúde. Os cuidados de
Enfermagem são avaliados, não apenas pelos ganhos em saúde, mas também pelos
recursos utilizados para os obter. Assim, a gestão é considerada um domínio da área de
competência do enfermeiro que se revela de grande importância para a manutenção de
um padrão elevado na qualidade dos cuidados prestados (Ordem dos Enfermeiros,
2001).

3.3.1. Atividades Desenvolvidas

As organizações são dotadas de meios que são variáveis de acordo com os objetivos e
fins a que se destinam, quer sob a forma de produtos quer da prestação de serviços no
ramo da saúde e em concreto na área da enfermagem, mais concretamente na prestação
de cuidados de enfermagem. Sem recursos, as organizações não possuem meios para
realizarem atividades de modo a alcançar os seus objetivos.

Assim, a gestão de cuidados, é parte integrante da organização de qualquer serviço,


englobando os recursos humanos, materiais e financeiros, para que se possa alcançar os
objetivos delineados pelo serviço, pois “gerir é essencialmente, fazer coisas através dos
outros” (Apolinário, 2010, p. 3).

Compete ao enfermeiro especialista a gestão dos cuidados. No SU, na UCI e no BO esse


papel foi desempenhado pelas Enfermeiras Chefes ou pelos enfermeiros especialistas,
cumprindo o que emana a Ordem dos Enfermeiros (2010, p. 13) “gere os cuidados,
otimizando a resposta da equipa de Enfermagem e seus colaboradores e a articulação na
equipa multiprofissional. Adapta e lidera a gestão dos recursos às situações e ao
contexto, visando a otimização da qualidade dos cuidados”.

45
Desta forma, no SU, UCI e BO a polivalência de funções é fundamental para a
colaboração entre os pares da mesma equipa sendo a base da otimização dos cuidados,
com maior rentabilidade ao nível da gestão destes e dos recursos humanos.

Na área da Enfermagem, a gestão de recursos humanos, na perspetiva de Assis (2010)


citando Frederico e Leitão (2010), constitui a dotação e o cálculo do pessoal, o
recrutamento e seleção, a integração, a formação e ainda a avaliação do desempenho. A
dotação e o cálculo do pessoal em enfermagem referem-se às atividades realizadas com
o intuito de estabelecer quantitativamente e qualitativamente a relação entre a equipa de
enfermagem e os cuidados a serem prestados ao doente.

No SU verifiquei que a distribuição da equipa de enfermagem pelos vários sectores da


Urgência era realizada pelo Enfermeiro coordenador que estava distribuído para o turno.
A disposição dos enfermeiros tinha em consideração o equilíbrio da equipa nas várias
áreas de atuação. Considero que esta metodologia tinha a vantagem de ser o
coordenador a distribuir, bom conhecedor do desempenho de cada elemento nos vários
sectores, no entanto, penso ser desvantajoso por muitas vezes se tentar aceder às
preferências de cada profissional nas suas áreas de eleição. Como nos refere Sales
(1998, p.9), “cada profissional tem um papel a desempenhar na prestação de cuidados
de alta qualidade (…) como equipa (…) que não podem ser mantidos se os membros de
uma mesma equipa estiverem a trabalhar a níveis diferentes.”

O método de trabalho utilizado no SU pela equipa de enfermagem, era variável


conforme a área de cuidados, mas o mais utilizado era o método de Enfermeiro
responsável e de tarefa, já que era um serviço sectorizado e em que o próprio sistema
informático (ALERT) induzia a responsabilização do doente.

Os enfermeiros que asseguravam a prestação de cuidados em sala de tratamento quer na


área médica, cirúrgica ou sala de emergência, utilizavam uma metodologia de
entreajuda de forma a rentabilizarem da melhor maneira os recursos humanos
existentes, mobilizando muitas vezes o elemento de apoio conforme a situação do
Serviço ou quando a gravidade da situação exigia, salvaguardando, primeiro, e sempre,
a pessoa que recorria ao SU. Neste sentido os autores, Vargas e Braga (2006, s.p.)
referem que “com a afirmação da enfermagem como ciência, (…), a prática da profissão

46
deixa de ser mecânica, massificada e descontínua utilizando métodos de trabalho que
favorecem a individualização e a continuidade da assistência de enfermagem (…)”.

A nível da UCI, verifiquei que o planeamento dos recursos humanos era feito a partir de
várias formas: n.º de horas necessárias aos cuidados obtidos pelo programa TISS 28,
situação clinica dos doentes e sua necessidade de cuidados de enfermagem com base
nas diretivas dos Recursos Humanos e Ordem dos enfermeiros, Ministério da saúde,
dotações seguras e o cálculo de necessidades de enfermagem (rácio enfermeiro/doente
uma enfermeira dois doentes no mínimo). A avaliação TISS 28 na UCI era feita no
turno da noite e correspondia às últimas 24 horas de permanência na unidade e ainda
quando o doente tinha alta ou falecia, tive oportunidade de preencher esta ferramenta
uma vez, era prático e de fácil leitura. A gestão de recursos na UCI era diária, com a
elaboração dos planos diários de trabalho, distribuindo os elementos de acordo com o
tipo de doentes (utilizando como ajuda o programa TISS 28) e cuidados a prestar. No
entanto, a dinâmica e metodologia da prestação de cuidados era individual, durante o
turno da manhã nos 7 dias da semana ficam 4 enfermeiros, sendo um deles, o
enfermeiro de reforço, colaborando nos cuidados como elemento supra-numerário. Nos
turnos da tarde e noite, a equipa de enfermagem dispõe de três elementos por turno, o
responsável e coordenador de turno é o enfermeiro com mais experiência, saberes e
competências na equipa ao nível da prestação de cuidados em UCI.

Relativamente ao BO, a gestão de recursos humanos estava a cargo da enfermeira Chefe


e, na sua ausência pelas Enfermeiras Especialistas ou pelo Enfermeiro Coordenador do
turno. Este último era responsável pela vigilância dos cuidados de enfermagem
prestados durante o turno, bem como pela supervisão das atividades desenvolvidas
pelos AO. Era a Enfermeira chefe que elaborava os planos semanais de trabalho. Um
aspeto que saliento pela positiva a nível da equipa de BO é o fato da mesma ser
constituída por enfermeiro com muita experiência, e pude verificar que existia uma
preocupação de garantir uma certa estabilidade/harmonia na constituição das várias
equipas de enfermagem durante os turnos, havendo um equilíbrio entre os elementos
mais experientes na área de instrumentação de ortopedia e de cirurgia, assim como
elementos com menos tempo de experiência em BO.

Relativamente à gestão de materiais, esta envolve um sistema que coordena as


atividades referentes à gestão e controlo dos produtos, serviços e equipamentos, e vai
47
desde a compra até à utilização, colocando os mesmos à disposição dos seus
utilizadores em tempo útil e da forma mais económica. Os recursos materiais numa
unidade de cuidados são as instalações, os equipamentos e os bens de consumo. Estes
materiais são constituídos por produtos farmacêuticos, material de consumo clínico,
produtos alimentares, materiais designados de hotelaria, de consumo administrativo, de
manutenção e conservação (Assis, 2010).

Em cada serviço, pude constatar que os recursos materiais eram diversificados, cada um
com a sua especificidade, sendo uma mais-valia, para o bom funcionamento dos
serviços bem como para a qualidade dos cuidados prestados.

Nos serviços onde realizei a minha prática, a gestão dos stocks estava a cargo das
enfermeiras chefes. A reposição de material (consumíveis) e produtos farmacêuticos era
feita pelo método de reposição por níveis, o que na minha opinião permite uma melhor
gestão do material e liberta os Enfermeiros para a realização de outras funções. Esta
reposição era da responsabilidade do serviço de aprovisionamento, das Enfermeiros
chefes e da farmácia, por forma a manter os níveis previamente definidos pelos
serviços. Durante os estágios tive a oportunidade de acompanhar este processo por
forma a assegurar a manutenção do serviço, tendo em conta que os pedidos eram
efetuados consoante o stock disponível e previsão dos gastos.

Ao desenvolver a minha prática clinica nos diferentes serviços, foi possível constatar
que durante a prestação de cuidados globais, o Enfermeiro Especialista, mantinha o
diálogo com todos os Enfermeiro dando-lhe sempre que possível reforço positivo e
assessoria, tomava especial atenção à prestação de cuidados seguros e tenta maximizar a
garantia da qualidade, certificando-se de que o doente/família são alvo dos cuidados que
merecem.

Citando a OE (2006), a segurança e os cuidados seguros devem ser encarados em


sentido holístico, nas dimensões física, química, biológica, psicológica, social, cultural e
espiritual, em que o enfermeiro responsabiliza-se pelo atendimento do indivíduo em
tempo útil, de forma a não haver atrasos no diagnóstico da doença e no tratamento,
orientando outro profissional mais bem colocado para responder ao problema,
assegurando a continuidade dos cuidados.

48
Este foi o principal alvo da minha atenção ao longo destes estágios pois assenta na
prática direcionada para os cuidados especializados, para a qual adquiri anteriormente
conhecimentos teóricos tendo tido a oportunidade de experimentar, o que me enalteceu
bastante enquanto futura Enfermeira Especialista. Este tipo de atuação permitiu um
processo de melhoria contínua com satisfação dos profissionais e dos doentes cuidados
por estes, dando melhor visão da organização. Em colaboração com o Enfermeiro
Coordenador no papel de responsável pelo turno, pude identificar que este assumia uma
liderança e participativa, em que cada elemento prestava cuidados de forma livre e
responsável pelas suas decisões e ações, funcionando como condutor do grupo na
direção da prestação de cuidados seguros, de qualidade e de acordo com as prioridades,
tornando-se assessor a nível de conhecimentos e de mobilização de recursos, na
interligação e negociação com a restante equipa interdisciplinar e registo de ocorrências,
tendo em conta os objetivos de cada serviço. Assim, posso referir que a coordenação
dos serviços constituiu um desafio único e foi imprescindível para dar uma resposta
efetiva e com qualidade aos doentes que recorrem diariamente aos serviços por onde
prestei cuidados. A experiência no acompanhamento das enfermeiras orientadoras no
papel de coordenação foi de primordial importância para o cumprimento das atividades
a que me propus nesta área / objeto de aprendizagem, bem como para o meu
desenvolvimento profissional como futura Enfermeira Especialista em Enfermagem á
Pessoa em Situação Crítica.

Desta forma, posso referir que uma utilização e gestão adequadas dos recursos
humanos, com uma prestação de cuidados em sintonia com este tipo de atitude, é vital
no funcionamento e na dinâmica da equipa multidisciplinar, que impõe um grau de
satisfação elevado que se reflete nos cuidados de excelência que foram prestados ao
nível do SU, UCI e BO.

Assim, a segurança é essencial à qualidade na saúde e nos cuidados de enfermagem. O


desenvolvimento da segurança envolve um conjunto de medidas, com largo espetro de
ação, como o recrutamento, a integração e a fixação dos profissionais, a melhoria do
desempenho, as medidas de segurança ambiental e a gestão de risco, o que inclui o
controle de infeção, uma prática clínica segura, a segurança dos equipamentos, a
manutenção de um ambiente de cuidados seguro, e isto associado a um conjunto de
conhecimento científico focado na segurança da pessoa e nas infra estruturas

49
necessárias para o garantir. Logo, os cuidados prestados às pessoas requerem segurança
e inclui a informação sobre os riscos e a redução do risco (OE, 2006).

Citando Fragata (2009, p.75), a gestão do Risco é “um conjunto de medidas destinadas a
melhorar a segurança e, consequentemente a qualidade da prestação de cuidados de
saúde … das circunstâncias que colocam os doentes em risco e pela atuação destinada a
prever e a controlar esses mesmos riscos”.

Nesta linha de pensamento, considero que a segurança do doente e do pessoal é


primordial num ambiente de alta tecnologia, de uma enorme especialização, onde se
pretende prestar cuidados de qualidade. Assim, a segurança está ligada à qualidade, uma
vez que não existe qualidade sem segurança. “A Segurança do doente apresenta-se
como uma componente estruturante e uma variável incontornável da Qualidade em
Saúde” (Fernandes e Queirós, 2011, p. 38).

Por outro lado, Grigoleto et al. (2011), acrescenta que a segurança do doente consiste na
redução e/ ou atenuação de atos considerados inseguros, ligados ao sistema de
assistência à saúde, bem como ao emprego das melhores práticas, no intuito de obter os
resultados esperados.

Pude verificar que as intervenções de enfermagem ao doente crítico e família,


basearam-se nos fatores do cuidar da teoria de Watson, onde este dá bastante
importância ao cuidar na perspetiva holística e humanista, tendo em conta um
pensamento crítico com a filosofia e a ciência do cuidar. Este cuidar de Watson está
dirigido para a ação no doente, ambiente, saúde e enfermagem.

“Jean Watson diz que a enfermagem está voltada para os cuidados que derivam
da perspetiva humanista combinados com a base de conhecimentos científicos…
o profissional de enfermagem desenvolva filosofias humanistas, sistemas de
valores … adquira amplo conhecimento … desenvolver pensamento critico …
na promoção da saúde do que na cura da doença” (Oliveira et al., 2007, p. 132).

Neste processo foi importante perceber que o Enfermeiro Especialista tem um papel
primordial na deteção de situações adversas, procurando atualizar conhecimentos de
forma a conseguir analisar, planear, definir estratégias de resolução, por em prática,

50
motivar e avaliar junto da restante equipa. Reforço a importância da partilha das práticas
baseadas na experiência com ganhos efetivos por parte do doente.

No funcionamento das várias equipas por onde prestei cuidados, foram vitais e
essenciais a coesão e o espírito de equipa entre os vários elementos da equipa
multidisciplinar, numa atitude de respeito, consideração e apreço por cada um dos seus
elementos.

Nesta linha de pensamento, considero que a relação interpessoal exige prudência,


responsabilidade, solidariedade, lealdade para com os colegas e com a profissão. Tal
como refere o Código Deontológico (OE, 2003, p. 121), nos artigos 90º, intitulado “Dos
deveres para com a profissão”, e 91º,

“Dos deveres para com outras profissões”, “o enfermeiro assume o dever de


proceder com correção e urbanidade, abstendo-se de qualquer crítica pessoal ou
alusão depreciativa a colegas e outros profissionais (…) reconhecer a
especificidade das outras profissões de saúde, respeitando os limites impostos
pela área de competência de cada um (…) trabalhar em articulação e
complementaridade com os restantes profissionais de saúde” (OE, 2003, p. 113)

Ao longo de todo o processo de aprendizagem, aliei os conhecimentos teóricos à


situação real dos serviços, com as suas características e onde predomina a
especificidade, adquirindo e desenvolvendo competências na área da gestão de
cuidados, tendo sido favorável o fato de ter colaborado com a equipa na prestação direta
de cuidados globais à pessoa em situação critica.

3.4. DOMINIO DO DESENVOLVIMENTO DAS APRENDIZAGENS


PROFISSIONAIS

Segundo Vieira (2009), ser enfermeiro consiste em dirigir o processo de pensamento


para objetivos concretos, não raras vezes em situações complexas e em que a celeridade
é imperativa e o erro incomportável. Com a crescente complexidade de técnicas no
campo da saúde e dos cuidados, o dever de decidir envolve um esforço do profissional
cada vez maior, sendo a construção de um corpo de conhecimentos a base para a prática
como algo vital para a evolução da enfermagem enquanto profissão autónoma.

51
A Enfermagem é uma profissão centrada em interações, onde cada pessoa se torna única
e indivisível num momento único de cuidado. Com o avanço tecnológico ocorrem
mudanças importantes nos locais de trabalho, relacionados com a inovação tecnológica
e as alterações na organização do trabalho, onde fazem emergir novas lógicas
empresariais, em que se procura valorizar o ser humano nas organizações a par do
desenvolvimento tecnológico. Assim, o processo de cuidar, muitas vezes desligado da
pessoa, coloca o desafio no desenvolvimento de capacidades, conhecimentos e recursos,
isto é, no desenvolvimento de competências (Serrano et al., 2011).

Neste sentido, espera-se que o Enfermeiro Especialista seja “um profissional reflexivo,
e capaz de mobilizar todo um manancial de conhecimentos, alicerçado nos saberes
providos da experiência, para que a sua intervenção seja holística, contextualizada e
com elevado nível de qualidade” (Gomes, 2010, p.5 citando Leite, 2006).

3.4.1. Atividades Desenvolvidas

Ao longo dos vários ensinos clínicos, pude comprovar que os enfermeiros do SU, UCI e
do BO tinham como finalidade, durante a prestação de cuidados, o desenvolvimento das
suas competências, com o objetivo de melhorar a qualidade dos cuidados que prestavam
aos doentes. Também os considero peritos no cuidar da pessoa em situação critica, pois
como refere Benner (2001, p.58), o enfermeiro perito é aquele que:

“… já não se apoia sobre um princípio analítico (regra, indicação, máxima) para


passar do estado de compreensão da situação ao acto apropriado. A perita que
tem uma enorme experiência, compreende agora, de maneira intuitiva cada
situação e apreende directamente o problema sem se perder num largo leque de
soluções e de diagnósticos estéreis”.

A observação e atuação conjunta com as várias equipas multidisciplinares nos cuidados


prestados aos doentes de acordo com a sua patologia e necessidades individuais, bem
como as restantes atividades desenvolvidas, foram uma realidade com bastante impacto
e relevância ao nível do desenvolvimento de competências nestes estágios. A
observação de novas metodologias de trabalho e técnicas desenvolvidas em atuação
conjunta e direta com as equipas, foram elementos favoráveis à minha integração na
dinâmica dos serviços e nos vários cuidados prestados nessas realidades, perante a
pessoa em estado crítico.
52
A pessoa em situação crítica é “(…) aquela cuja vida está ameaçada por falência ou
eminência de falência de uma ou mais funções vitais e cuja sobrevivência depende de
meios avançados de vigilância, monitorização e terapêutica” (Regulamento nº 124/2011
de 18 de Fevereiro de 2011, p.8656)

A identificação de prioridades na prestação de cuidados de enfermagem à pessoa em


situação crítica, quer no SU, na UCI e no BO, de acordo com as competências do
Enfermeiro Especialista, foi uma realidade. A observação, colaboração e participação
nas intervenções diárias dos Enfermeiros tutores no cuidar sistematizado e de qualidade
de acordo com as necessidades mais prementes do doente, foram a forma de concretizar
esta atividade. De salientar ainda que, promovi a prestação de cuidados como elo
integrante das equipas utilizando uma atitude de respeito pelos limites e âmbitos de
intervenção.

Em relação à atitude das equipas de enfermagem, verifiquei uma preocupação de todos


os elementos na prestação de cuidados de qualidade, onde não são descurados aspetos
fundamentais na relação do cuidar, nomeadamente na comunicação assertiva, no
respeito e privacidade; na execução dos vários procedimentos mantendo técnica
asséptica ou técnica asséptica cirúrgica de acordo com o posto de trabalho. Considero
que todas as equipas que integrei foram equipas dinâmicas e motivadas, apesar do
ambiente por vezes “fechado” e de stress inerente e característico de cada serviço.

A este nível é importante não descurar o facto de, apesar do ambiente dos serviços por
onde prestei cuidados serem todos diferentes, cada um com as suas especificidades,
sendo uns mais “controlados” do que outros, adaptando-se os cuidados à complexidade
das situações, considero que a comunicação contínua entre profissionais e entre
profissionais/doente, assim como o trabalho em equipa multidisciplinar foram uma
constante na prevenção de eventos adversos e consequentemente melhoria da qualidade
dos cuidados prestados.

Assim, pude refletir que na enfermagem, a comunicação assume particular importância,


pois impulsiona a interação e o contacto entre o enfermeiro/doente e permite a
cooperação entre todos os elementos da equipa de saúde.

Sobre o olhar de Pontes et al. (2008, p. 313), a comunicação é “um instrumento básico
do cuidado em enfermagem. Ela está presente em todas as ações realizadas com o
53
paciente, seja para orientar, informar, apoiar, confortar ou atender suas necessidades
básicas”.

Nesta linha de pensamento e na minha opinião, a comunicação entre as equipas


pluriprofissionais é quase sempre processada de forma efetiva. Nas várias equipas de
enfermagem foi notório esse facto, pois a comunicação não-verbal, ou seja, os registos
de evolução e a comunicação verbal, utilizada na passagem de turno, foram realizadas
de forma uniforme por todos os enfermeiros, garantindo assim a continuidade dos
cuidados e por sua vez garantem a melhoria da qualidade dos cuidados prestados.

Do ponto de vista de Rodriguez et al. (2013), a equipe de enfermagem é responsável


pela prestação de cuidados ao doente e pela continuidade dos cuidados. Na tentativa de
assegurar a prestação desses cuidados, utiliza-se a passagem de turno por ser uma
atividade comunicativa e de rotina indispensável e inerente ao cotidiano de trabalho, e
permite organizar e planear as intervenções de enfermagem. Neste sentido e
concordando com os autores referidos anteriormente, a comunicação é o processo
essencial que envolve a troca e a compreensão de informações. Na enfermagem esta
ferramenta é valorizada entre os profissionais, visto que favorece a gestão do cuidado
garantindo assim a sua eficiência e eficácia. Nas passagens de turno utiliza-se a
comunicação para assegurar a transmissão de informações referentes ao trabalho
executado, para transmitir, receber e delegar atribuições entre cada equipa, atividade
esta que envolve a interação entre profissionais. Este procedimento garante a
identificação dos problemas e das necessidades para posterior análise situacional, o que
permitirá uma reorganização no planeamento dos cuidados.

Neste sentido, durante a minha atuação em ensino clínico, procurei transmitir junto da
equipa multiprofissional, informação adequada, utilizando linguagem científica de
forma a garantir a continuidade dos cuidados.

Um dos aspetos que enalteço relativamente à prestação de cuidados nos serviços foi a
integração nas equipas multidisciplinares, sendo fundamental o respeito mútuo. Assim,
comecei por observar a dinâmica das equipas multidisciplinares mantendo sempre
atitudes e comportamentos assertivos, colaborando com as mesmas. Também procurei
adquirir e partilhar conhecimentos e opiniões com todas as equipas e mostrar
disponibilidade, interagindo com as mesmas.

54
O receio e a ansiedade sentidos inicialmente com a realização dos vários ensinos
clínicos, por se tratar de um experiencia nova, inovadora e pelo desconhecimento dos
serviços, mais concretamente em relação à UCI e BO, foram facilmente ultrapassados
pela disponibilidade por parte das equipas de enfermagem, médica e de AO, mas
também pelo empenho, motivação e ambição de contactar com novas realidades.
Procurei ainda que estes estágios fossem um momento de partilha de conhecimentos e
práticas com o objetivo de enriquecimento mútuo, sendo importante o facto de refletir
com as equipas acerca dos cuidados prestados.

O contacto e articulação com profissionais de saúde de diferentes áreas, indispensável à


prestação de cuidados de saúde globais, foram também fatores facilitadores da
integração pela partilha de experiências e enriquecimento ao nível de conhecimentos
nas diversas áreas. Os protocolos existentes relativos às intervenções de enfermagem
nas diversas situações, o sistema informático de prescrições médicas e de registos
sistematizados e atualizados foram também um fator promotor da integração e da
aprendizagem na medida em que conferem alguma autonomia e são uma mais-valia
para a melhoria da qualidade dos cuidados prestados.

Nas diferentes áreas de atuação, tentei mostrar disponibilidade para partilhar


conhecimentos e vivencias / experiências com a equipa. Sinto que atuei de forma
organizada e considero ter aplicado corretamente os protocolos/ normas instituídos nos
serviços na procura da melhoria da qualidade dos cuidados prestados.

A partilha no seio das equipas de enfermagem foi fundamental para um crescimento


harmonioso, quer pessoal e/ou profissional, mas este não se desenvolve só em resposta a
pensamentos reflexivos e críticos baseados em fatos, mas também na experiência que
provém do contacto com o ambiente de trabalho que nos rodeia. Foi importante esta
partilha porque cada um carrega consigo uma existência distinta, uma história própria,
contribuindo com saberes e experiências diferentes.

Assim a partilha de experiências, a apreensão de novos conhecimentos e a permuta de


saberes, foi um suporte fundamental para aperfeiçoar competências ao longo dos
ensinos clínicos. A reflexão sobre situações decorrentes da prática de cuidados foi
alimentada pelo conhecimento científico e pelo saber profissional, ou seja, da prática
baseada na evidência.

55
Nos momentos de comunhão com os pares, constatei que vivenciamos os mesmos
problemas ao cuidar da pessoa em situação crítica e que não existem “poções mágicas”
para os resolver, quer estejamos num SU, UCI e BO de um hospital distrital ou Central.
Mas sem dúvida, que na nossa prática diária é essencial mudar a nossa habitual atitude
conformista que diz “é possível…mas é difícil”, num sentimento de esperança na
mudança que afirma “é difícil…mas é possível”.

3.5. DOMINIO DA PRESTAÇÃO DE CUIDADOS Á PESSOA EM SITUAÇÃO


CRÍTICA

No exercício da prática clínica, no SU, UCI e BO, os enfermeiros são confrontados com
situações complexas, por vezes imprevisíveis impondo-se um nível diferenciado de
resposta. Estes profissionais são elementos essenciais na abordagem aos doentes em
estado crítico, com falência orgânica, iminente ou estabelecida de uma ou mais funções
vitais, tendo como objetivo principal suportar e recuperar estas funções, de modo a criar
condições para tratar a doença, proporcionando uma vida com qualidade.

Neste sentido, estes serviços mobilizam recursos humanos e tecnológicos de elevada


complexidade, são exigidos aos profissionais de enfermagem saberes e competências
especializadas, organizadas e sustentadas que permitam prestar cuidados de qualidade
ao doente em estado crítico.

Neste contexto, segundo a OE (2009), o enfermeiro especialista deve possuir


competências adequadas às necessidades específicas da pessoa em cuidados de
enfermagem, tendo em conta o seu ciclo de vida. As intervenções à pessoa em situação
crítica devem ser dirigidas com vista à promoção da saúde, prevenção e tratamento da
doença, readaptação funcional e reinserção social em todos os contextos de vida.

3.5.1. Atividades Desenvolvidas

Cuidar num SU, UCI e BO é para os enfermeiros um grande desafio. Os seus


conhecimentos cognitivos, técnicos e relacionais devem ser diversificados, pois cuidam
de doentes de todas as idades e com as mais diversas patologias. Em situações de
emergência e urgência, o enfermeiro toma um papel interventivo e primordial,

56
necessitando por vezes de tomar decisões rápidas, baseadas nesses conhecimentos, que
têm de ser aplicados em escassos minutos ou mesmo segundos.

Considero que os enfermeiros que trabalham num SU, UCI e BO têm que ter
conhecimentos sólidos e abrangentes sobre o cuidar do doente em estado crítico. Este
foi para mim um desafio, bem como uma oportunidade para cimentar e/ou adquirir
competências técnicas e cientificas ao longo dos vários ensinos clínicos.

Na minha opinião, se existem serviços, onde a prestação de cuidados de enfermagem é


complexa, diversificada desafiadora e onde os enfermeiros se deparam, com as mais
diversificadas reações do doente e da família ao processo de doença, o mais
característico é o SU. Ser enfermeiro na Urgência é um desafio muito grande, este
depara-se com vários cenários, várias situações que podem em muitos casos implicar
uma abordagem rápida, esta inserida num ambiente cheio de emoções, sentimentos e
incertezas tanto para o doente como para a família, cujo futuro depende, não só mas
também dos cuidados de enfermagem prestados.

Para Sheehy (2004), a enfermagem de urgência existe desde a época da Florence


Nightingale e segundo a autora, a enfermagem de urgência é a prestação de cuidados a
indivíduos, de todas as idades, que apresentam alterações de saúde física ou psíquica,
percecionadas ou reais, não diagnosticadas ou que necessitem de outras intervenções.
Nesta perspetiva, os cuidados de enfermagem do SU, podem ser considerados
episódicos, elementares e geralmente agudos.

A capacidade de uma vigilância constante, a antecipação de problemas, a perceção da


subjetividade das queixas ou comportamentos dos doentes, o conhecimento da
necessidade de intervenções precoces que previnam instalação ou agravamento de
algumas situações clínicas, nomeadamente no controlo da dor e da ansiedade dos
doentes e a necessidade de uma perfeita interligação profissional entre as várias equipas,
foram a grande evidência na aprendizagem dos cuidados especializados neste contexto
do doente crítico, tendo sido esta meta que defini ao longo dos vários ensinos clínicos, e
foi através desta que vivenciei novas experiencias e adquiri competências diferentes em
cada um dos ensinos clínicos.

57
A nível do SU, quero realçar a importância que o enfermeiro adquire neste contexto,
sendo o profissional de saúde que mais precocemente identifica qualquer alteração na
condição do doente, quer física, quer emocional, logo considero que ele é o elemento
fundamental numa equipa do SU. Na minha perspetiva, o enfermeiro deve trabalhar em
equipa, adquirir, desenvolver e aplicar competências cognitivas, técnicas, e relacionais,
no sentido de conferir uma nova e melhor visibilidade aos cuidados de enfermagem na
urgência, o que vai de encontro ao que refere Urden et al. (2008), quando afirma que o
enfermeiro tem que ser capaz de prestar cuidados de qualidade com maior competência,
usando todas as tecnologias apropriadas e incorporando as abordagens psicossociais e
holísticas, ao tempo e à situação do doente. Assim, o papel do enfermeiro consiste na
elevada capacidade de interpretar muitos sinais e sintomas de gravidade que os doentes
vão mostrando antecipadamente (estado geral, padrão respiratório, nível de consciência,
comunicação, subjetividade das queixas dolorosas), definindo prioridades de
intervenção.

Nesta linha de pensamento, concordo com Sheehy (2004, p.3), quando afirma que “ a
prática de enfermagem de urgência requer um conjunto ímpar de capacidades de
avaliação, intervenção de âmbito geral e especializadas”.

Este fato pude comprovar ao participar no sistema de triagem de Manchester, onde


refleti sobre os conhecimentos, competências e responsabilidades do enfermeiro
responsável pela triagem. É essencial avaliar o estado do doente, colher dados objetivos
e estabelecer prioridades quanto ao atendimento a efetuar de acordo com a Triagem. O
enfermeiro deverá ter boa capacidade de comunicação, de interpretação, de decisão, de
liderança e ser objetivo. Efetuar o processo de triagem implica muita responsabilidade,
conhecimentos e discernimento de raciocínio, para além das competências já referidas.
Para além disso, o enfermeiro da triagem é quem habitualmente faz a gestão dos
acompanhantes, decidindo mediante as necessidades do doente a efetivação do
acompanhamento, uma vez que segundo a Lei nº 33/2009, todo o doente tem direito a
acompanhamento, o que implica por parte do enfermeiro capacidade de negociação,
devendo considerar sempre os direitos da pessoa.

Relativamente às atividades desenvolvidas pelos enfermeiros na triagem, na perspetiva


de Acosta et al. (2012, p. 188), “o enfermeiro possui conhecimentos e habilidades
específicos para definição da prioridade de atendimento, que correspondem desde o
58
conhecimento administrativo e clínico e olhar usuário, até as habilidades de intuição e
comunicação”.

No meu ponto de vista, o facto de na triagem ser feito o encaminhamento para as


respetivas especialidades, traduz-se numa boa capacidade organizacional. Os doentes
são agrupados nas salas por prioridades clinicas, o que considero também muito
positivo, uma vez que é importante que não permanecessem doentes nos corredores,
como forma de garantir a sua privacidade, uma maior assistência, conforto, segurança e
assegura uma maior vigilância ao doente crítico.

Apesar da elevada complexidade de situações no SU, as intervenções autónomas de


enfermagem, são ações constantes, muito valorizadas, revestidas de iniciativa e
responsabilidade. Estas intervenções têm como objetivo fundamental a resolução e
prevenção de complicações inerentes ao estado de saúde do doente, nomeadamente
aquando da sua chegada à sala de emergência (SE), que geralmente são situações que
comprometem a vida e o estado hemodinâmico do doente, nomeadamente doentes
triados de vermelho (emergente) e laranja (muito urgente) do foro médico ou cirúrgico
podendo acontecer ocasionalmente que, doentes triados de cor amarela (urgente) e cor
verde (pouco urgente), possam apresentar agravamento do seu estado geral, com
compromisso hemodinâmico, com critérios para entrarem na sala de emergência.

Do ponto de vista de Ferreira et al. (2008), a SE é uma zona vital do SU, já que obriga à
existência de equipas bem treinados na área da ressuscitação, assistência a
politraumatizados e diversas situações de urgência, que necessitam de uma resposta
pronta e eficaz para que as intervenções terapêuticas se transformem em vidas
recuperadas para a sociedade.

Neste sentido, considero que são as situações imprevisíveis que tão bem caracterizam os
SU. É a essa imprevisibilidade, que também, deveremos estar atentos, mais ainda como
Enf.ª Especialista, aos sinais de alerta prevendo e prevenindo situações de colapso e de
risco que possam comprometer a vida da pessoa.

Como refere Sheehy (2004), a sala de emergência possui características únicas, por ser
um lugar estruturado onde existe a possibilidade de praticar, desenvolver perícia e treino

59
face à pessoa em situação crítica, em que o enfermeiro experiente avalia e reconhece de
imediato estados em risco de vida e inicia as intervenções terapêuticas adequadas.

Assim, a avaliação e identificação do risco de vida iminente e a atuação imediata do


enfermeiro perante esta situação trouxe-me o discernimento necessário para iniciar a
atuação, assim como a manutenção de um estado calmo que me permitiu raciocinar, de
modo a poder atuar de forma eficaz, com segurança e com sucesso.

Concordando com Santiago et al. (2009, p.5015) é

“o enfermeiro que continua a ser responsável pelo bem-estar do paciente … a


vigilância, o empenho e a perícia do enfermeiro bem preparado são essenciais à
sobrevivência do paciente, e um cuidado competente e impregnado de afeto é
necessário para manter o ser humano, na integridade de sua pessoa”.

No meu ponto de vista, a manutenção da sala de emergência exige grande esforço por
parte do enfermeiro que aqui se encontra distribuído, pois este deve para além da
prestação de cuidados, manter a sala operacional. A sala de emergência era uma sala
ampla com capacidade para receber e cuidar de três doentes em estado crítico em
simultâneo, o que considero ser um bom princípio, tal como na perspetiva de Massada
(2002) que refere que numa sala de emergência tem de haver condições necessárias e
fundamentais para receber e cuidar de vários doentes em estado crítico em simultâneo.
A sala era constituída por três unidades devidamente individualizadas com todo o
material e equipamento necessários e disponíveis permanentemente (carro de
emergência, monitores, seringas infusoras, ventiladores, desfibrilhador, terapêutica de
emergência, consumíveis, rampas de oxigénio, de ar comprimido e vácuo, entre outros).
Face a isto, a eficácia da sala de emergência depende da correta manutenção e
operacionalidade da mesma. A manutenção da operacionalidade desta sala, para além da
sua reposição no início do turno era feita com o auxílio de uma check list, e passava
também pela reposição do carro de emergência após a sua utilização ou sempre que não
se encontre devidamente selado. Atividade esta que pude realizar e refletir acerca da
importância da mesma, pois a sua manutenção vai permitir e garantir uma atuação
rápida, eficaz e com qualidade de toda a equipa.

Durante o estágio no SU, foi-me possibilitado prestar cuidados de enfermagem ao


doente crítico na sua globalidade de acordo com as prioridades, problemáticas
60
identificadas integrando a equipa e respeitando o código ético e deontológico da
profissão. Na receção do doente realizei a avaliação primária segundo a mnemónica do
ABCDE (A-Via Aérea; B-Respiração; C- Circulação; D-Disfunção Neurológica; E-
Exposição) e a avaliação secundária FGHI (F-avaliação de todos os sinais
vitais/intervenções focalizadas/presença da família; G-proporcionar medidas de
conforto, H-história e avaliação cabeça-pés; I-inspeção de superfícies posteriores),
dando continuidade aos cuidados do doente, assegurando as suas funções vitais, através
da monitorização e vigilância contínua dos sinais vitais, estabilização e execução de
procedimentos necessários ao seu tratamento, identificando focos de instabilidade e
prioridades de atuação. Sempre que intervi, fi-lo de forma fundamentada, tendo
recorrido sempre que considerei necessário ao questionamento, validação e discussão
com a enfermeira orientadora.

Na sala de Emergência tive oportunidade de contatar, desenvolver e ampliar


competências no cuidar do doente em estado crítico nomeadamente: doentes sob
VMNI) e VMI, AVC, EAP, EAM, Sepsis e ainda colaborei na colocação de dreno
torácico e cateter central. No sentido de assegurar e manter uma continuidade de
cuidados, através de uma vigilância continua ao doente, preparei e efetivei o
acompanhamento dos doentes, no transporte intra hospitalar, na realização de exames
complementares de diagnóstico bem como para os serviços de internamento.

Na UCI, deparei-me com um local de concentração elevada de doentes, com elevado


grau de complexidade, com falência multiorgânica, que se encontravam sujeitos a
mudanças súbitas no seu estado geral, que predisponham ao aumento de ocorrência de
situações de emergência, aliada à existência de elevada complexidade tecnológica, num
ambiente fechado, acompanhado de ruído inerente aos equipamentos, exigência física,
mental e contacto regular com a iminência da morte, deparando-se assim, os
profissionais com situações frequentes de stress e complexidade de situações (Leite e
Vila, 2005).

As Unidades de Cuidados Intensivos “são locais qualificados para assumir a


responsabilidade integral pelos doentes com disfunções de órgãos, suportando,
prevenindo e revertendo falências com implicações vitais” (DGS, 2003, p 6). Ser
enfermeiro em cuidados intensivos é um desafio muito grande, este encontra-se 24 h
com um doente em estado crítico, cujo futuro depende, não só mas também dos
61
cuidados de enfermagem prestados. Para Silva e Lage (2010, p. 7) ser enfermeiro em
Cuidados Intensivos é

“(…) uma conquista a cada minuto; uma descoberta contínua alimentada pela
perspicácia que se tem e que se aprende; um ambiente que atordoa familiares e
doentes … no meio de tantos fios e cabos e tecnologia; um sentimento de vitória
quando ajudamos na recuperação, na orientação espaço-temporal de alguém que
acorda de um sono/pesadelo; um sentimento de derrota quando sentimos a
pessoa “fugir” de cada cuidado, de cada fármaco, de cada intervenção; ter muito
conhecimento e estar sempre atualizada para manter a excelência dos cuidados
que presta, no saber-ser/estar, saber-fazer e no saber-saber!”.

Por conseguinte, pude verificar que o trabalho na UCI era complexo e intenso, devendo
o enfermeiro estar preparado para a qualquer momento, prestar cuidados a doentes com
alterações hemodinâmicas importantes, às quais requerem conhecimento específico e
grande habilidade para tomar decisões e implementá-las em tempo útil. Desta forma,
considero que o sucesso da UCI depende em muito do papel do enfermeiro, onde este
monitoriza, identifica potenciais problemas e atua rapidamente na sua resolução, através
da observação atenta do estado do doente. Administra terapêuticas e intervém para
prevenir e/ou corrigir situações que podem ameaçar a vida. Neste sentido e sobre o
olhar de Gomes (1988) citado por Vargas e Braga (2006, s/p), estes afirmam que o
enfermeiro que atua nas unidades de cuidados intensivos necessita de ter “conhecimento
científico, prático e técnico, a fim de que possa tomar decisões rápidas e concretas, …
diminuindo os riscos que ameaçam a vida do paciente”.

Urden et al. (2008, p.6), acrescentam ainda que o Enfermeiro das UCI “tem de ser capaz
de prestar cuidados de alta qualidade com a maior competência, usando todas as
tecnologias apropriadas e incorporando também abordagens psicossociais e holísticas
… à situação do doente”. Neste sentido, a diversidade, periodicidade e complexidade de
métodos de avaliação de parâmetros num doente em UCI, assim como a dinâmica das
intervenções a desenvolver evocam energia, desafio e oportunidades de realização, no
sentido de permitir o desenvolvimento de competências adequadas a este tipo de
cuidados. O percurso do estágio foi gradual com a preocupação constante do que
representa ser Enfermeira Especialista no cuidar da pessoa/família em estado crítico.

62
No estágio tive oportunidade de cuidar de doentes críticos na sua globalidade, com
diferentes graus de gravidade e instabilidade, desde a preparação da unidade, receção do
doente, avaliação primária e secundária, monitorização e vigilância contínua de
parâmetros vitais, assim como a elaboração dos respetivos registos, detetando sinais de
instabilidade hemodinâmica a partir da monitorização invasiva, o que vai de encontro ao
que Monahan (2007) refere que a avaliação do doente com monitorização invasiva deve
ser rigorosa, organizada e individualizada, para que sejam evidentes pequenas alterações
ou desvios de dados. Prestei cuidados a doentes maioritariamente do foro respiratório,
renal, toxicológico e cirúrgico geral, assegurando uma vigilância contínua ao doente, até
mesmo durante o transporte intra hospitalar para a realização de exames
complementares de diagnóstico ou transferência para o bloco operatório.

Durante o ensino clínico verifiquei que os doentes internados na UCI, necessitavam


maioritariamente de apoio ventilatório, sendo definido por Marcelino (2008, p.64)
como, “todo o procedimento de respiração artificial que envolve um aparelho mecânico
para ajudar a substituir a função respiratória, podendo desde logo melhorar a
oxigenação e influenciar a mecânica pulmonar”, pelo menos numa fase inicial do
tratamento do doente na UCI. A minha experiência com doentes ventilados é bastante
reduzida pois no serviço onde trabalho, após a entubação, os doentes são conectados a
um ventilador portátil e é feita a transferência o mais precoce possível para uma unidade
de cuidados intensivos ou para Hospitais mais diferenciados. Assim, foi importante
contatar com os diferentes ventiladores, com novos modos ventilatórios, instituído de
acordo com a situação clínica, assim como, estar atenta às mudanças de modos, à
avaliação das necessidades do doente e à sua adaptação, detetando e interpretando sinais
de instabilidade do doente, e colaborando nas intervenções interdependentes na
manutenção dos modos que permitem a extubação precoce. Ao detetar instabilidade no
doente, realizei a colheita de sangue para a realização de gasometria que consistiu no
controle da concentração dos gases no sangue, da ventilação e do equilíbrio ácido-base.
Constatei a periodicidade diária da colheita dada a sua importância na vigilância e na
deteção atempada, rápida e eficaz das alterações hemodinâmicas prevenindo assim o
surgimento de complicações. Assim pude concluir, que a utilização dos ventiladores
continuam a ser uma realidade no nosso dia-a-dia, que se verifica ser adequada para a
ventilação invasiva da pessoa em estado crítico, permitindo a respiração ao indivíduo

63
que presentemente não a consegue efetuar, devido à sua doença grave (Marcelino,
2008).

Aliada à ventilação invasiva está a aspiração de secreções e a este nível tive a


oportunidade de contactar com sondas de circuitos fechado (aspiração subglótica),
enquanto método de eleição em situações de maior instabilidade uma vez que, previne
alterações fisiológicas decorrentes da aspiração (diminuição da saturação periférica de
oxigénio), promovendo menor incidência de pneumonias e consequentemente menores
custos.

Souza e Santana (2012, p.1) referem que “estudos têm demonstrado que a aspiração das
secreções subglóticas por lúmen dorsal de sucção acima do cuff do tubo orotraqueal
retarda e reduz a incidência de pneumonia associada à ventilação mecânica”.

Pude refletir que o fator humano do cuidado de enfermagem, é um dos aspetos mais
difíceis de ser implementado, uma vez que a rotina diária e complexa que envolve o
ambiente da UCI faz com que os membros da equipe de enfermagem, na maioria das
vezes, se esqueçam de tocar, conversar e ouvir o ser humano que está a sua frente. Pude
verificar que apesar do grande esforço que os enfermeiros possam estar a realizar no
sentido de humanizar o cuidado na UCI, esta é uma tarefa difícil, pois causa atitudes às
vezes individuais contra todo um sistema tecnológico dominante. A própria dinâmica de
uma UCI não possibilita momentos de reflexão para que os profissionais possam
orientar-se melhor, no entanto pude contatar que todos os profissionais na unidade
prestavam cuidados no sentido de viabilizarem a humanização em detrimento da visão
mecânica e biologicista que impera nos centros de alta tecnologia como no caso das
UCI.

Sobre o olhar de Corbani et al. (2009), a humanização na enfermagem é falar do seu


instrumento de trabalho: o cuidado, que caracteriza-se como uma relação de ajuda cuja
essência constitui-se em uma atitude humanizada. Assim, cuidar é utilizar a própria
humanidade para assistir o outro, como um ser único, composto de corpo, de mente,
vontade e emoção, com um coração consciente e com o seu espírito, dotados de
dignidade, a serem cuidados na totalidade. Logo, o cuidado consiste numa relação inter-
humana.

64
Durante o estágio em BO, pude refletir de forma continua que o papel do Enfermeiro
perioperatório consiste num conjunto de atividades orientadas não só para a técnica,
mas também para as necessidades humanas centradas na relação de ajuda e no cuidar.

Ser enfermeiro perioperatório é garantir e disponibilizar ao doente cirúrgico e ao


ambiente que o envolve, cuidados de enfermagem específicos e de qualidade. O “saber
ser” no bloco operatório implica consciência cirúrgica, motivação, espírito de equipa,
rigor profissional, autodomínio, destreza, rapidez, facilidade de adaptação, espírito
crítico, facilidade de concentração, resposta rápida a emergências e controlo de stress.
Mas, o “saber” e o “saber-fazer”, também têm que estar presentes nas competências do
enfermeiro perioperatório. O enfermeiro deverá possuir capacidades cognitivas ou
conceptuais e capacidades técnicas ou instrumentais. A competência do bloco
operatório representa o conjunto dos conhecimentos, habilidades e práticas necessárias
para o desempenho global do conteúdo funcional do enfermeiro perioperatório
(AESOP, 2006).

Destas atividades do cuidar posso enumerar as que se relacionam com a segurança e a


prevenção de infeção, o controlo da dor, a manutenção da temperatura corporal, a
adequação nos posicionamentos cirúrgicos, as quais são consideradas observáveis,
mensuráveis, visíveis e demonstráveis através de resultados, e estão relacionadas com a
tomada de decisão. As que se relacionam com a relação de ajuda, nomeadamente: a
empatia, o respeito, a compreensão, a escuta, a assertividade, a unicidade do doente, o
encorajamento, a “advocacia”, a motivação e o estímulo, entre outros, embora não
sejam observáveis nem mensuráveis no imediato, refletem-se no cuidar do doente, na
forma como são ajudados a ultrapassar a situação de crise que vivenciam e na satisfação
e reconforto que verbalizam pelos cuidados prestados. Tal como refere Weidenback
(1964) citado por Oliveira et al. (2007), o processo de ajuda acompanha as necessidades
do corpo através da arte do cuidar individualizado.

Assim, as funções do Enfermeiro perioperatório e aquelas que desenvolvi foram:


Enfermeira de anestesia; circulante, instrumentista e Enfermeira de UCPA, que embora
distintas são complementares.

Tendo em conta a especificidade do BO, saliento para a oportunidade que tive na


colaboração, participação e responsabilização progressiva nos cuidados de enfermagem

65
a prestar ao doente na UCPA. A UCPA consiste num local onde o doente submetido a
um procedimento anestésico-cirúrgico deve permanecer, sob observação e cuidados
constantes por parte da equipa de enfermagem, até atingir a recuperação da consciência,
estabilidade hemodinâmica e prevenção de complicações que possam resultar do
período pós-anestésico (Peniche e Leite, 2007).

Nesta perspetiva, considero que a UCPA é um espaço fundamental dentro de um bloco


operatório, uma vez que tem como finalidade vigiar o restabelecimento hemodinâmico
do doente e evitar ou corrigir o aparecimento de complicações no período pós-
operatório. Pude constatar que era uma unidade com elevada atividade e pressão
constante, devido ao elevado número de doentes que permaneciam por curtos períodos
de tempo, mas também pelo alto padrão de qualidade de cuidados que se prestavam. Os
enfermeiros que aí desempenham funções devem ser capazes de responder com rapidez,
eficácia em todas as circunstâncias e perante situações de emergência. Ou seja, devem
possuir competências específicas na área da enfermagem perioperatória,
nomeadamente: “conhecer os procedimentos cirúrgicos; conhecer as técnicas e agentes
anestésicos; conhecer as complicações e incidentes anestésico-cirúrgicos possíveis; ter
boa capacidade de observação, rapidez de raciocínio, organização, ponderação nas
decisões e calma na actuação, capacidade de adaptação a novas situações” (AESOP,
2006, p. 159).

“Na UCPA é indispensável a presença de uma equipa de enfermagem … com


conhecimentos técnicos e científicos, grande capacidade de observação e
apreciação, atuação rápida, calma e segura para prestar cuidados de forma
personalizada, considerando o doente de forma holística” (Laceiras, 2004, p. 21).

De facto, pude verificar que a prioridade dos cuidados ao doente na UCPA centravam-
se na sua segurança, conforto e bem-estar do doente, garantindo a qualidade dos
cuidados prestados. Tal como refere Cristóforo e Carvalho (2009), o bem-estar do
doente deve constituir o principal objetivo dos profissionais que assistem o doente
cirúrgico, pois podem apresentar um alto nível de stress, bem como desenvolver
sentimentos que podem atuar negativamente em seu estado emocional. Esta afirmação
vai de encontro á teoria de Rogers que considera o doente de forma global, chamando-
lhe “homem unitário”. O mesmo afirma que o profissional de enfermagem interage com
o doente e ajuda a alcançar o máximo bem-estar. (Oliveira et al., 2007).
66
Ao longo do ensino clinico no bloco operatório, pude constatar que uma das prioridades
da atuação dos enfermeiros estava relacionada com a segurança do doente e cabe aos
enfermeiros, através dos seus conhecimentos e competências ajudar os doentes e a
manter a segurança dos mesmos. De referir que a segurança do doente na sala
operatória, foi sempre assegurada, através do correto posicionamento do doente na mesa
cirúrgica, com cintas de contenção, a fim de evitar as quedas e manter o correto
posicionamento; a utilização de almofadas de gel e de rodilhas para prevenção de
úlceras de pressão, como também uma vigilância continua ao doente através da
avaliação dos seus parâmetros vitais.

Citando Grigoleto et al. (2011, p. 348) a segurança do doente “tem como definição, a
redução e/ ou atenuação de atos considerados inseguros, atrelados ao sistema de
assistência à saúde, bem como ao emprego das melhores práticas, no intuito de obter os
resultados esperados”.

Assim, relativamente à prestação de cuidados diretos ao doente na UCPA, as


experiências foram muitas e variadas em diferentes especialidades e patologias. Tive a
oportunidade de desenvolver competências técnicas e científicas em várias áreas, tais
como: na avaliação crítica permanente no pós-operatório dos doentes; na antecipação e
prevenção de possíveis complicações anestésicas e cirúrgicas e atuação imediata, com
elevada competência quando estas complicações surgiram. De acordo com os problemas
reais ou potenciais de cada doente, realizei as seguintes intervenções de enfermagem:
vigilância, manutenção e/ou melhoria da função respiratória, cardio-circulatória, renal e
equilíbrio hidro-electrolítico; vigilância e deteção precoce de alterações ao nível do
estado de consciência; avaliação, prevenção e tratamento da dor através da
administração de terapêutica especifica no BO, por via epidural e endovenosa;
promoção e manutenção do conforto e bem-estar físico e psicológico; vigilância,
prevenção e/ou melhoria das alterações da função motora e da integridade da pele e
mucosas e assegurei uma vigilância/melhoria da situação de náuseas/vómitos. Foram
estes parâmetros que tive sempre em atenção, monitorizando e assegurando uma
vigilância continua ao doente cirúrgico durante a sua permanência na UCPA. Todas
estas avaliações eram complementadas e validadas em registo de enfermagem em folha
própria existente na UCPA. Quero ainda realçar para a importância da avaliação das
zonas de pressão através da escala de Braden e náuseas/vómitos, onde este registo era

67
efetuado através da folha de registo da determinação do indicador da qualidade da
anestesia na UCPA, tendo sido uma experiencia inovadora e gratificante.

Do ponto de vista da AESOP (2006, p. 156) as UCPA’s “são unidades altamente


especializadas, equipadas com meios técnicos e humanos competentes e vocacionados
para a monitorização, vigilância e cuidados intensivos durante um período de tempo
curto, mas crítico que se segue imediatamente à intervenção cirúrgica”.

Além da prestação e desenvolvimento da autonomia nos cuidados prestados na UCPA,


pude participar e colaborar nas atividades como Enfermeira de anestesia e circulante.
Em relação à instrumentação tenho a plena consciência que os profissionais nesta área
de cuidados são especializados e diferenciados e o desenvolvimento de competências e
saberes ao nível da enfermagem é moroso pela especificidade e valência de funções.

Assim, relativamente ao papel / funções do enfermeiro instrumentista, pude verificar


que o enfermeiro instrumentista colabora diretamente com o cirurgião, e segundo a
AESOP (2006) tem funções próprias e dependentes. Durante o ensino clinico, observei
que o enfermeiro instrumentista é responsável pela organização e gestão de todo o
material necessário para a cirurgia, mantendo a técnica asséptica cirúrgica e
supervisiona o cumprimento da assepsia pelos cirurgiões. Pude também aprender os
princípios básicos que estão subjacentes á disposição da mesa operatória e ao
controlo/contagem do material utilizado. Considero que a função da enfermeira
instrumentista é uma função mais tecnicista, desenvolvendo a sua atividade inserida na
equipa cirúrgica. Tive a oportunidade de desempenhar a função de enfermeira
instrumentista, no entanto, não me senti muito à vontade, uma vez que considero que a
função da mesma é muito específica, ou seja, tem que ter muitos conhecimento acerca
dos materiais necessários para cada cirurgia e como eu não tinha conhecimentos nesta
área não me senti com segurança para realizar este procedimento, pois considero que
quando temos conhecimentos específicos numa determinada área partimos mais seguros
e confiantes para prestarmos cuidados com qualidade.

Do ponto de vista de Gomes et al. (2013, p. 55), o enfermeiro como instrumentador

“é um elemento fundamental para o ato cirúrgico, que contribui para amenizar o


tempo cirúrgico, garantir a assepsia e zelar pelo uso correto dos instrumentais …

68
deverá conhecer a técnica cirúrgica, desde os fios de sutura até os instrumentais
específicos antes do início do ato operatório e acompanhar a realização da
intervenção cirúrgica para poder antecipar os instrumentais ao cirurgião”.

Os mesmos autores citados anteriormente acrescentam ainda outro aspeto importante a


ter em conta, nomeadamente os princípios éticos do enfermeiro instrumentista, que diz
respeito à responsabilidade quanto à preservação da assepsia do campo operatório e à
sua real importância para a integridade da saúde do doente. Assim, compete ao
enfermeiro instrumentista informar a equipe cirúrgica quando houver contaminação
acidental de algum material, avental cirúrgico ou qualquer outro equipamento.

Sobre o olhar de Melo (s/d, p.4), o enfermeiro de anestesia é “responsável por recolher e
verificar todas as informações que são necessárias junto do utente no dia da cirurgia e,
efetuar uma série de procedimentos diferenciados, de forma a proporcionar um
ambiente seguro a quem necessita de ser operado”.

As atividades desenvolvidas como Enfermeira de anestesia consistiram na consulta e


verificação do programa operatório; preparação do material e da terapêutica para o ato
anestésico; verificação da operacionalidade da sala operatória através do preenchimento
da check list existente no serviço; acolhimento do doente no BO estabelecendo com o
mesmo uma relação empática e de confiança de modo a diminuir a ansiedade e
esclarecendo dúvidas, no sentido de diminuir a sua ansiedade face à anestesia e ao
procedimento cirúrgico; validar a permeabilidade do acesso venoso; confirmação da
preparação pré-operatória do doente com o Enfermeiro do serviço proveniente,
nomeadamente terapêutica administrada, jejum operatório e alergias medicamentosas;
transferência do doente para a mesa operatória; acompanhamento do doente até à sala
operatória; colaboração na indução anestésica através da administração terapêutica;
colaboração na algaliação e posicionamento do doente; promoção e manutenção da
temperatura corporal do doente; observação e vigilância contínua do doente através de
uma monitorização contínua dos parâmetros vitais; prevenção e minimização de riscos
potenciais de incidentes ou acidentes; registo informático no programa de cirurgia
segura; atuação em conformidade nas situações de emergência, realçando para a
colaboração numa EOT num doente com uma via aérea difícil; colaboração no despertar
do doente através da administração de terapêutica; transferência do doente para a
UCPA; realização de registos por forma a documentar todos os cuidados de
69
enfermagem prestados durante a cirurgia, em folha própria na sala operatória e
transmissão de informação precisa, clara e sucinta ao enfermeiro da UCPA.

Assim, citando a AESOP (2006), compete ao enfermeiro de anestesia verificar o plano


operatório; preparar e testar o material necessário para o ato anestésico; verificar a
operacionalidade da sala operatória; acolher o doente no BO: validar a permeabilidade
do acesso venoso, cumprimento do jejum e da pré medicação, alergias, próteses
dentárias; monitorizar o doente; receber a informação do enfermeiro do internamento;
preparar a anestesia; colaborar na indução anestésica do doente e colaborar no
posicionamento.

De acordo com a AESOP (2006, p. 110), espera-se que o enfermeiro de anestesia


consiga “ (…) manter uma observação e vigilância intensivas; ter capacidade para
despistar sinais e sintomas de complicações que possam surgir; estar apto a atuar em
situações de urgência e emergência”.

O desenvolvimento de competências como enfermeira anestesista, foi uma experiência


gratificante uma vez que pude acompanhar o doente cirúrgico desde a sua entrada no
bloco operatório (acolhimento), durante o ato anestésico e durante o procedimento
cirúrgico, o que foi fundamental pois assegurei uma vigilância continua ao doente e
prestei cuidados específicos e de qualidade, dando continuidade aos cuidados já
iniciados, estando desperta para possíveis sinais de instabilidade, de modo a poder
tomar decisões e atuar perante situações imprevisíveis. Nesta área realço pela
possibilidade que me foi possível vivenciar e experimentar, nomeadamente a colocação
de uma Máscara Laríngea Igel, tendo sido uma experiencia inovadora e gratificante,
salientando para a importância que a mesma tem no estabelecimento de uma via área
permeável durante a anestesia.

No que concerne ao papel de enfermeira circulante pude verificar que a mesma é o


elemento fundamental no desempenho da função da segurança do doente, pois através
dos seus conhecimentos e competências e através da observação direta, a mesma
garante a manutenção da técnica asséptica. Ao longo do ensino clinico, pude verificar
que esta é o elemento chave no que diz respeito à prevenção da infeção e de todos os
riscos que possam ocorrer durante a intervenção cirúrgica. Assim, compete-lhe a função
de preparar, organizar e gerir a sala para a cirurgia.

70
Na perspetiva de Peniche (2005, p. 248) “o circulante de sala de operações deve ter
conhecimento sobre técnica de assepsia, métodos de esterilização e desinfecção,
funcionamento de equipamentos, posicionamento do paciente anestesiado e de
assistência ao cirurgião e anestesiologista”. O mesmo autor, acrescenta ainda que a
atividade de circulação na sala de operações é muito complexa, exige destreza a nível da
técnica e muita concentração, que reunidas à duração das cirurgias e ao ambiente
cirúrgico poderão contribuir para o desenvolvimento de alterações do estado emocional
do profissional.

Ao compreender o papel / funções da enfermeira circulante, desempenhei as funções da


mesma, que consistiram em: consultar o plano operatório; efetuei o acolhimento do
doente; colaborei na preparação do material necessário para o ato cirúrgico; verifiquei a
iluminação da sala; preparei o doente para a cirurgia, assim como a manutenção das
regras básicas de assepsia; dei apoio ao Enfermeiro de anestesia; algaliei o doente;
colaborei no posicionamento do doente; colaborei na colocação da placa neutra do
equipamento de eletrocirurgia; dei apoio ao Enfermeiro instrumentista e à restante
equipa cirúrgica; colaborei na colocação das mesas cirúrgicas; inspecionei a
manutenção da sala limpa e organizada; participei na prevenção de riscos para o doente
e para a equipa cirúrgica; participei na realização de triagem de resíduos; colaborei na
execução do penso cirúrgico; no final da cirurgia procedi à contagem das compressas;
otimizei um ambiente confortável para o doente e colaborei no transporte do doente
para a UCPA. Por fim, executei os registos intra-operatórios, acondicionei e rotulei as
amostras de tecidos para posterior análise patológica, colaborei na preparação do
material e dei resposta às solicitações da equipa médica e da instrumentista, durante o
ato cirúrgico. O desempenho das atividades que são da responsabilidade da enfermeira
circulante permitiu-me adquirir competências nas normas de boa prática e de segurança
atribuídas a esta função.

Ao longo dos vários estágios pude refletir e constatar que a hospitalização de um


familiar é um fator desencadeante de desequilíbrio ou desestruturação da família,
agravado pelo facto de que o ambiente hospitalar, tanto a nível do SU, UCI e BO, serem
por si só ambientes agressivos e de stress para os familiares, pela intensidade com que
se vivenciam as situações de risco iminente de morte, rotinas específicas, meios
tecnológicos avançados e que destabilizam os familiares, pois a tendência é muitas

71
vezes a centralização dos cuidados no individuo através dos procedimentos técnicos e
na atenção à doença, descorando a família.

Do ponto de vista de Beuter et al. (2012),

“a doença provoca um impacto e desestrutura o universo familiar. O sofrimento


em ver um ente querido ameaçado e sujeito a tratamentos agressivos, dor,
dependência provoca uma série de sentimentos controversos. Os sentimentos
vivenciados pelo familiar acompanhante como o medo, a ansiedade e a
insegurança são gerados, muitas vezes, pela falta de apoio, de atenção e de
informações da equipe de saúde. A potencialização desses sentimentos pode ser
justificada pela dificuldade da equipe de saúde em inserir a família no contexto
da internação hospitalar”.

Na admissão de um doente crítico na sala de emergência, as prioridades são as


manobras de life saving, ficando, muitas vezes, para segundo plano a atenção e
disponibilidade que a família/pessoa significativa necessita ao ver-se privada de
informações. É neste momento que a família se encontra no auge das suas preocupações
e ansiedades, que incidem não só sobre a situação clínica do doente, mas também sobre
as suas hipóteses de sobrevivência. A nível do SU, foi notável o esforço que a equipa de
enfermagem fez e faz, para garantir a vigilância a um elevado número de doentes,
percecionar e interpretar os sinais de gravidade que os doentes iam evidenciando,
estabelecendo uma relação empática com o doente e família, no meio de um tão elevado
número de intervenções a seu cargo. Este aspeto sensibilizou-me pela positiva, uma vez
que apesar do excesso trabalho, os enfermeiros estavam preocupados e tinham em conta
a família, revelando uma grande capacidade de organização e um elevado sentimento de
humanização.

Como refere Takaki e Sant’Ana (2004), o enfermeiro deve possuir um bom nível de
maturidade, estabilidade emocional e autoconhecimento. Para que ocorra a empatia
como processo terapêutico, é fundamental que se desenvolva um relacionamento de
respeito mútuo e que o enfermeiro preste um cuidado individualizado, respeitando a
cultura, crenças e valores da pessoa.

A nível da UCI, a prestação de cuidados de enfermagem foi adaptada ao recurso a


intervenções autónomas do Enfermeiro que confirmei serem cruciais no cuidar de
72
doentes que se encontravam ventilados, que foram o toque, que proporciona conforto,
calor humano e transmite segundo Dias et al. (2008), uma mensagem de que o doente
não está só diante da dor e do sofrimento e assegura uma comunicação com o doente e
família. Assim, a utilização destes dois instrumentos é de extrema importância e
expressão pessoal e profissional, tendo retirado dos mesmos vários benefícios,
nomeadamente na manutenção hemodinâmica do doente, mas também no
estabelecimento da relação enfermeiro/doente e enfermeiro/família, o que na perspetiva
de Roxo (2008) e Vargas e Braga (2006) é uma forma verdadeiramente holística e de
humanização dos cuidados. Na unidade a família era envolvida no plano terapêutico.
Era feito um acolhimento antes da 1ª visita ao doente, onde era explicada a situação
clínica, descritos sumariamente os equipamentos e a sua finalidade, eram pedidos os
objetos pessoais da pessoa no sentido de minimizar ao máximo os efeitos da
hospitalização e fazer a família sentir que existe uma preocupação de quem cuida em
personalizar os cuidados. Assim, concordando com Beuter et al. (2012), o interesse em
participar do cuidado e a inter-relação da família com a equipe de enfermagem são
elementos facilitadores para o processo de hospitalização aliado ao bem-estar do doente
e seus familiares.

Os familiares eram incentivados a comunicarem com o doente de forma a demonstrarem


a sua disponibilidade e a minimizar o seu sentimento de impotência diante dos
cuidados. Durante as visitas havia disponibilidade médica e de enfermagem para
interação com os familiares, situação esta que tive oportunidade de praticar, apoiando,
esclarecendo e demonstrando solidariedade para com os familiares.

Na perspetiva de Haddad et al. (2011, p. 148), “a comunicação é um processo de relação


que envolve troca e transformação dos envolvidos, pois esses trazem consigo suas
vivências, crenças e valores … revelando sua dimensão holística. É um processo cíclico,
dinâmico, de moldagem e crescimento interpessoal contínuos”.

Na linha de pensamento de Schneider et al. (2009, p. 532) a comunicação

“é uma ação de importante significado no agir do enfermeiro de prestação de


cuidado ao paciente e sua família … uma função humana que torna possível uma
pessoa relacionar-se com a outra e assim estabelecer vínculos para suprir as

73
necessidades de cuidado desse grupo familiar, … a comunicação é um dos
requisitos primordiais para uma boa assistência de enfermagem”.

Outro aspeto que pude refletir, foi a comunicação que se estabelece quer com o doente
inconsciente quer com o doente submetido a ventilação assistida e sua família, pois esta
assume um papel importante na humanização e na prestação dos cuidados a esses
doentes, e exigiu de mim treino, habilidades e capacidades adaptativas complexas, para
o desenvolvimento de competências ao nível relacional.

Assim, compreender o doente ventilado impossibilitado de comunicar oralmente


constituiu uma preocupação para mim durante este estágio. A impossibilidade de falar
poderá funcionar como um impedimento a uma comunicação eficaz com os
profissionais de saúde e com a sua família. Concordando com Coelho (2010) in AMIB
(2004), desde o momento do acolhimento que o diálogo franco com os familiares, a
informação verdadeira e adequada, diminui a sua ansiedade e aumenta a confiança nos
cuidados, facilitando atitudes de parceria.

Segundo Rosário (2009, p.6-7), os sentimentos mais referidos pelos doentes internados
em UCI, relacionados com a impossibilidade de comunicar foram: “a impotência e
desânimo, aflição, medo, ansiedade”, relacionados com o internamento “sentimentos de
desorientação e confusão, dor e sofrimento (…) sentirem-se impotentes e acabavam por
se conformar pelo facto de não conseguirem comunicar”. Como aspetos positivos
referiram a presença da família, a presença dos profissionais de saúde e ainda a sua
disponibilidade e ajuda para ultrapassar as dificuldades de comunicação, com utilização
de linguagem escrita e gestual (Rosário, 2009). Do ponto de vista de Matos e Mendes
(2011), o enfermeiro em UCI deve avaliar a capacidade do doente em comunicar,
envolver a família nessa estratégia, ser amável, informativo e estar fisicamente presente.

Considero que senti dificuldades no meu envolvimento emocional em determinadas


situações vividas, uma vez que não é frequente acompanhar por tanto tempo uma
família como foi neste contexto de estágio. Considero então que além de haver
condições de maior envolvimento emocional exigindo de mim maior disponibilidade
mental e física, para lidar com situações de crise para o doente e família diferente do
que tive até agora. Relembrei e apreendi novamente que comunicar aprende-se, mas a
comunicação nem sempre “flui” da melhor forma existindo por vezes obstáculos a uma

74
comunicação eficaz. No entanto, temos que estar atentos e dispostos a disponibilizar
tempo, para ouvir atentamente ou silenciosamente, o que o doente e a família nos quer
dizer. Temos que escutar ativamente, a escuta ativa implica conseguir ouvir o que o
doente diz, mas sobretudo o que ele não consegue dizer.

Ao longo dos vários estágios, após a abordagem inicial e estabilização do doente,


procurei manter uma relação, direcionada para a vertente humanista, ou seja, uma
relação de ajuda quer com o doente/família quer com os profissionais, que segundo
Mendes (2006) citado por Ferreira et al. (2009) é um instrumento válido e útil na
prestação de cuidados, que para além de ajudar na cura contribui para a autorrealização
da pessoa cuidada. Também procurei promover a presença da família junto do doente de
forma a minimizar a ansiedade, medos e receios quase sempre presentes no doente e
família em situação crítica. Assim, o envolvimento e a atenção à família são essenciais
para que se proporcione um cuidado com qualidade.

Na perspetiva de Ferreira et al. (2009) citando Chalifour (2008), para se estabelecer uma
verdadeira relação de ajuda o enfermeiro deve dar atenção á pessoa na sua totalidade,
tendo em conta as características biológicas, cognitivas, emocionais, sociais e
espirituais.

Saraiva (2008) citado por Ferreira et al. (2009), acrescentam ainda que a ajuda do
enfermeiro deve basear-se em três conceitos: a verdadeira escuta, que proporciona ao
enfermeiro a identificação das necessidades expressas quer verbalmente quer não
verbalmente; a empatia, que implica ser capaz de compreender o outro, de se colocar no
seu lugar, sabendo no entanto manter a distância que permite a relação terapêutica e a
congruência, que implica que o enfermeiro deve ser autêntico e ele próprio.

Relativamente aos registos de enfermagem, na perspetiva de Martins et al. (2008, p. 52)

“a importância dos registos de enfermagem é actualmente reconhecida e


indispensável para assegurar a continuidade dos cuidados, realçando a sua
função de comunicação dos aspectos resultantes deste processo de cuidados.
Sendo o ser humano o alvo da profissão de enfermagem, é imperativo construir
uma linguagem em que o elemento humano esteja bem visível”.

75
Neste sentido, os registos de enfermagem são “a comunicação escrita dos factos
essenciais de forma a manter uma história contínua, dos acontecimentos ocorridos...”
(Martins et al., 2008, p. 54 citando George, 2000) são considerados um modelo da
escrita apontada para testemunhar a prática clínica do cuidar, a qual deve ser refletida.
Esses registos refletem traços de uma prática profissional humana e não
instrumentalizada porque tem em conta a humanização das pessoas, e pressupõe uma
observação apurada e um conhecimento profundo e holístico do doente/família
(Heesben, 2007, citado por Martins et al., 2008).

Assim, na minha opinião, a realização de registos é fundamental para a prestação,


individualização e continuidade dos cuidados, bem como para o desenvolvimento do
trabalho em equipa multidisciplinar, logo é imperativo valorizar e registar todas as
intervenções que traduzam o cuidar, uma vez que estas são centrais no quotidiano dos
enfermeiros, e contribuem não só, para a melhoria dos cuidados prestados, mas também
para elevar a visibilidade da enfermagem junto dos doentes e suas famílias. Se enquanto
enfermeiros queremos que a nossa atividade profissional seja autónoma e responsável, é
imprescindível que justifiquemos todas as intervenções que se prendem diretamente
com os doentes, deixando de agir apenas por intuição ou por indicação médica. Tal
como refere Martins et al. (2008), os registos de enfermagem devem ocupar um lugar de
destaque, sendo insubstituíveis no dia a dia de qualquer enfermeiro, independentemente
do local onde o mesmo exerce a sua atividade profissional.

“Os registos são a base de toda a filosofia e metodologia do trabalho em


enfermagem, revestindo-se por isso de grande importância, pelo que devem ser
rigorosos, completos e realizados correctamente, pois são o testemunho escrito
da prática de enfermagem. É através deles que os enfermeiros dão visibilidade
ao seu desempenho, reforçando igualmente a sua autonomia e responsabilidade
profissional” (Dias et al., 2001 citado por Martins et al., 2008, p. 54).

Perante este fato, e relativamente ao sistema informático, no SU, tive a possibilidade de


contactar com o ALERT, mas considero que no início foi difícil devido á sua
especificidade e devido ao fato de ser um programa diferente daquele que estava
habituada a utilizar no meu local de trabalho, mas após várias utilizações as dificuldades
foram ultrapassadas e até o considero bastante intuitivo. Realizei registos de
enfermagem no sentido cefalocaudal, objetivos, utilizando uma linguagem clara e nas
76
passagens de turno procurei ser clara, objetiva, transmitir junto da equipa
multiprofissional, informação adequada e pertinente utilizando linguagem científica de
forma a garantir a continuidade dos cuidados.

A nível da UCI, pude trabalhar com um sistema novo para mim, a aplicação SAPE, que
inicialmente se revelou confuso mas com a constante manipulação tornou-se simples,
intuitivo e de fácil utilização. Contudo, constituiu uma experiência inovadora, pois
apenas tive formação inicial, mas reconheço a nível profissional a sua importância pela
sequência de planeamento e avaliação das intervenções autónomas e interdependentes a
partir de uma abordagem inicial que constituem também momentos de reflexão acerca
da especificidade do doente internado e dos cuidados prestados. A participação nas
passagens de turno com a restante equipa, utilizando a aplicação informática SAPE,
aplicativo informático de apoio à enfermagem na realização do processo de cada doente,
com utilização da linguagem internacional para a prática de enfermagem – CIPE,
permitiu transmitir informação pertinente acerca da condição do doente, planeando
alterações aos cuidados ou favorecendo a continuidade dos mesmos, o que constituiu
também uma experiência inovadora. É de referir que a transmissão de informação
adequada, quer verbal, quer escrita, por forma a garantir a continuidade dos cuidados,
foi também uma atividade que me exigiu o desenvolver de capacidades adaptativas,
uma vez que tanto os registos como a passagem de turno são fundamentados na
linguagem CIPE.

Relativamente ao estágio no BO, os registos de enfermagem tanto eram realizados em


folha de papel (na UCPA) e a nível informático (nas salas operatórias), onde realço
neste último para os registos a nível da check list da verificação da segurança cirúrgica,
tendo sido uma experiência muito gratificante e inovadora, bem como me possibilitou
uma reflexão acerca da importância da mesma, no sentido de diminui e minimizar os
danos / riscos cirúrgicos e reconheço a importância da mesma a nível da segurança tanto
do doente como de todos os profissionais.

Segundo Grigoleto et al. (2011, p. 348), a Check list, “Cirurgias seguras salvam vidas”,
foi desenvolvida pela OMS e foi criada com o intuito de “auxiliar as equipes operatórias
na redução das ocorrências de danos ao cliente”. A Aliança Mundial para a Segurança
do Paciente contou com vários colaboradores que identificaram os itens de segurança a
serem verificados, de forma que pudessem ser colocados em prática em qualquer sala
77
operatória, no sentido de reforçar a segurança operatória com práticas corretas e
promover uma melhor comunicação e trabalho em equipa.

Durante o preenchimento da verificação da segurança cirúrgica, tive a oportunidade de


fazer uma avaliação/classificação, em colaboração com o anestesista, acerca do estado
físico do doente, de acordo com a American Society of Anesthesiologists (ASA) e é a
mais utilizada para quantificar o risco anestésico/cirúrgico para o doente.

“Os riscos envolvidos durante a realização de procedimentos cirúrgicos dependem de


fatores próprios do paciente e do tipo de procedimento cirúrgico a que será submetido.
Os preditores importantes da mortalidade e morbidade pós operatória incluem idade do
paciente, estado físico, como o definido pela ASA, porte (maior ou menor) e natureza
da cirurgia (emergência ou eletiva)” (Fernandes et al., 2010, p. 243).

Apesar de esta classificação ser efetuada pelo anestesista durante a consulta pré
anestésica, considero que a mesma é importante e compete aos enfermeiros terem
conhecimento e competências para a saberem avaliar, no sentido de minimizarem os
riscos quer anestésicos quer cirúrgicos. Penso que foi mais um aspeto muito importante
para a minha aprendizagem, pois o saber não ocupa lugar!

Relativamente à folha de registos de enfermagem na UCPA, que inicialmente parecia


complexa, depressa deixou de o ser, e considero que a mesma se encontra bem
organizada e de fácil registo, uma vez que tive a oportunidade de a preencher aquando
do acolhimento dos doentes na UCPA e durante a sua permanência, assegurando assim
uma vigilância continua ao doente e por conseguinte a continuidade dos cuidados
prestados. Esta folha espelhava um conjunto de informações acerca da hora de admissão
na UCPA, do tipo de intervenção cirúrgica, tipo de anestesia, tipo de cuidados especiais
a serem vigiados, vigilância cardio-vascular e temperatura, terapêutica administrada,
eliminação vesical, escala de Aldrete, escala da dor, escala de Bromage, náuseas e
vómitos, avaliação das perdas hemáticas (escala de PADSS – Postanesthesia Discharge
Scoring System), o que na minha opinião me pareceu muito pertinente.

Pela minha experiência profissional, considero a dor como uma das experiências mais
temidas e também a mais vivenciada pelo ser humano. Associada a fatores negativos, a

78
dor produz no doente sentimentos de medo, incerteza, ansiedade, angústia,
incapacidade, dependência, sofrimento, stress, e mesmo previsão da morte.

Ao longo dos vários ensinos clínicos, tive sempre como objetivo geral detetar sinais de
instabilidade no doente crítico. Com o desenvolvimento e aperfeiçoamento de
competências nesta área, pude compreender que existem sinais e sintomas que podem
conduzir a essa instabilidade, uma das quais constatei que a dor não controlada no
doente crítico pode levar à instabilidade, como por exemplo aumento da frequência
respiratória, aumento da tensão arterial e aumento da frequência cardíaca. Tal como
referem Saça et al. (2010, p. 36)

“a dor não controlada resulta em alterações respiratórias, hemodinâmicas e


metabólicas, predispondo o doente à instabilidade cardiovascular, maior
consumo energético e protéico, dificuldade na deambulação precoce, … ,
também prejudica o sono, resultando em maior desgaste físico, fadiga e menor
motivação para cooperar com o tratamento”.

Neste sentido, pude refletir que a dor é um sintoma individual, uma experiência
subjetiva, pois é aquilo que o doente diz que é, quando é e como é (Kazanowski e
Laccetti, 2005), e compreende várias sensações que são experimentadas pelo ser
humano: componentes sensoriais, afetivos e cognitivos, sociais e comportamentais.

Embora uma pessoa consiga sobreviver com dor, ela interfere no seu bem-estar, nas
relações sociais e familiares, no desempenho do seu trabalho, influenciando assim a sua
qualidade de vida.

Swearingen e Keen (2005), referem que os doentes criticamente doentes sentem dor
considerável proveniente de condições patológicas, lesões, intervenções terapêuticas
como a cirurgia e múltiplos procedimentos diagnósticos e invasivos. Mesmo os doentes
que parecem inconscientes sentem dor.

Assim, sendo a dor definida como “qualidade sensitiva e emocional desagradável,


associada ou descrita em termos de lesões teciduais reais ou potenciais” (Associação
Internacional para Estudos da Dor (IAP), 1974 citada por Saça et al. (2010, p. 36) e
considerada como 5º sinal vital, considero que esta deve ser valorizada, uma vez que o
doente para além de ter o direito em verbalizar a sua dor também tem o direito de ter a
79
sua queixa dolorosa avaliada, registada e controlada. De acordo com o plano Nacional
de avaliação da dor, citado por Pinho et al (s/d), a DGS, através da circular normativa nº
9 de 14/06/2003, a dor é o 5º sinal vital, sendo a sua gestão um direito do doente, um
dever profissional e um passo fundamental para a efetiva humanização dos cuidados de
saúde.

Por conseguinte, pude refletir que a avaliação e o registo sistemático da queixa dolorosa
após o registo dos outros sinais vitais constitui um dado imprescindível, pois assim o
médico pode intervir adequadamente e aliviar o sofrimento do doente. Esta reflexão vai
de encontro ao que nos referem Saça et al. (2010), quando afirmam que a Agência
Americana de Pesquisa e Qualidade em Saúde Pública e a Sociedade Americana da Dor
(APS) estabeleceram diretrizes em que a mensuração e registro da dor devem ser
realizados com o mesmo rigor e seriedade que a pressão arterial, frequência cardíaca,
frequência respiratória e temperatura, denominando assim a dor como “5º sinal vital”.

Como enfermeira considero que o controlo da dor e cuidar do doente com dor
representa um desafio para os profissionais de saúde, perante o confronto com a dor, os
doentes não sentem o mesmo, não reagem da mesma maneira e não verbalizam da
mesma maneira. O enfermeiro como cuidador tem um papel fundamental na avaliação,
vigilância, no controlo da dor, na caraterização da dor e na deteção precoce de
complicações. Assim, compete ao enfermeiro avaliar a dor e atuar de acordo com a
necessidade de cada individuo, integrando-a diariamente no plano dos seus cuidados.

Rigotti e Ferreira (2005, p. 51), referem que

“A atuação do profissional, de modo independente e colaborativo, compreende a


identificação de queixa álgica, a caracterização da experiência dolorosa em todos
os seus domínios, a aferição das repercussões da dor no funcionamento
biológico, emocional e comportamental do indivíduo, a identificação de fatores
que contribuam para a melhora ou piora da queixa álgica, a seleção de
alternativas de tratamento e a verificação da eficácia das terapêuticas
implementadas”.

Como enfermeira e como membro da equipa de saúde, ao longo dos vários ensinos
clínicos, exerci o meu papel no controlo da dor, assumi a responsabilidade na avaliação

80
diagnóstica, na intervenção e monitorização dos resultados do tratamento e na
comunicação das informações sobre a dor do doente.

Contudo, a temática da dor proporcionou-me momentos de grande reflexão aquando da


realização do ensino clinico na UCI, uma vez que pude verificar que durante a
hospitalização do doente nesta unidade este é submetido a vários procedimentos
dolorosos. Considero que a avaliação da dor é muitas vezes subestimada e que a sua
avaliação é difícil, sendo esta subjetiva, e é um dos procedimentos mais importantes,
desafiador e complexo para mim como para os profissionais que trabalham na UCI.

Durante o ensino clinico na UCI, senti dificuldades na avaliação da dor, nomeadamente


em doentes que se encontravam ventilados e sedados, pois estavam incapazes de
verbalizarem as suas experiências dolorosas. Assim, compete aos enfermeiros saberem
desenvolver competências para avaliar a dor, uma vez que tal como refere Pedroso e
Celich (2006), a equipe de enfermagem é quem convive mais tempo com o doente, e
por isso é importante conhecer os sinais de dor para assim poder intervir corretamente
no seu alívio.

A avaliação da dor como 5º sinal vital deve ser valorizada pelo Enfermeiro da UCI, o
doente em muitas ocasiões não consegue expressar a sua dor devido a vários motivos:
diminuição do estado de consciência, procedimentos dolorosos e invasivos de
diagnóstico, cirurgias anteriores, traumatismos, presença de dispositivos terapêuticos,
entre outros. Esta afirmação está de acordo com Castro, Vilelas e Botelho (2011, p.43)
“quando a pessoa é admitida na UCI, esta é invadida por múltiplas intervenções
dolorosas: a entubação orotraqueal, a colocação de múltiplos cateteres centrais, para
além de outros procedimentos invasivos”.

Como enfermeiros temos um papel muito relevante na avaliação da dor, na UCI e em


doentes conscientes, usei sem qualquer dificuldade as seguintes escalas: escala visual
analógica, numérica, de faces e qualitativa. Em doentes inconscientes/sedados, tive a
oportunidade de utilizar pela primeira vez a escala de avaliação da dor - Behavioral
Pain Scale (BPS), tendo sido uma experiência muito positiva, enriquecedora e
gratificante pois permitiu-me aplicá-la e registá-la no SAPE, bem como desenvolver
competências no sentido de estar mais desperta para as alterações que o doente
apresentava. Como o doente não verbalizava a sua dor, essas alterações indicavam que o

81
mesmo tinha dor. Concordando com Guedes et al. (2012, p.724) “a observação de
respostas comportamentais (expressão facial, agitação, postura) ou fisiológicas ao stress
(tensão arterial, frequência cardíaca, frequência respiratória, diaforese, pressão
intracraniana) pode constituir a única avaliação possível da dor…” Permitiu-me também
aprender e aperfeiçoar conhecimentos no sentido de melhorar a minha prestação de
cuidados a estes doentes com vista a uma melhoria da qualidade dos cuidados o que irá
trazer contributos no futuro, nomeadamente poderei aplicar esta escala a nível do local
onde exerço atualmente funções. Associada á dor está a sedação, tendo eu tido a
oportunidade de aplicar a escala de sedação - Richmond Agitation Sedation Scale
(RASS). Ambas as escalas eram desconhecidas, por isso a sua utilização e aplicação
foram fundamentais para a minha aprendizagem e para a melhoria da qualidade dos
cuidados prestados, detetando e interpretando sinais que evidenciavam dor e mal
adaptação do doente ao ventilador, como por exemplo hipertensão, taquicardia,
taquipneia e lacrimejo.

Devido à minha dificuldade em avaliar a dor em doentes ventilados, senti a necessidade


de realizar uma RSL sobre a avaliação da dor em doentes ventilados numa UCI, no
sentido de adquirir e aprofundar conhecimento nesta área, que serão importantes na
minha vida profissional, com vista á melhoria da qualidade dos cuidados a prestar a
estes doentes. A RSL será apresentada na parte II.

Durante o ensino clínico no BO, pude verificar que a realização de uma cirurgia acarreta
diversos medos, sendo que aquele que foi mais verbalizado pelos doentes foi o receio de
ter dor no pós-operatório. Sobre o olhar de Cerejo (2001), o medo da dor no pós-
operatório, é um fenómeno sempre presente aquando da realização de um procedimento
invasivo, sendo um dos problemas que mais aflige o doente, por não saber qual a sua
intensidade, como e se a dor vai ser combatida, como e se lhe irão aliviar o sofrimento.

Perante isto, pude refletir acerca da dor do doente no pós-operatório, uma vez que
considero que o controlo da dor representa um desafio para os profissionais de saúde,
sendo esta subjetiva e influenciada por diversos fatores. Como enfermeira, considero
que o enfermeiro como cuidador tem um papel fundamental na avaliação, vigilância, no
controlo da dor, na caraterização da dor e na deteção precoce de complicações.

82
O controlo da dor no período pós-operatório tem como objetivos que o doente tenha
uma dor mínima ou ausência de dor, de forma a melhorar a sua qualidade de vida,
promover o conforto e o bem-estar, diminuir a ocorrência de complicações e melhorar
os cuidados de saúde (Duarte et al., 2004). Assim, o controlo da dor deve ser “uma
prioridade no âmbito da prestação de cuidados de saúde de elevada qualidade … fator
decisivo para a humanização … direitos humanos fundamentais” (DGS, 2008, p.5).

Neste sentido, tendo em conta que a dor cirúrgica constitui a mais importante e
frequente causa de dor aguda, verifiquei que a analgesia epidural, constituiu uma técnica
muito eficaz no controlo dessa dor. É uma técnica de analgesia regional que utiliza a
administração de fármacos analgésicos e anestésicos por via epidural (Martins, 2006). A
utilização do cateter epidural é “uma das ferramentas eficazes para o controlo e alívio da
dor pós-operatória. A analgesia peridural promove uma analgesia segmentar prolongada
e efetiva” (Pasin e Schnath, 2007, p. 69).

Relativamente ás experiências que tive a nível do controlo da dor no pós-operatório,


quero realçar a importância para as experiências que tive a nível da analgesia epidural,
onde tive a oportunidade de aprender, compreender, adquirir competências e aprofundar
conhecimentos em relação á manutenção e manuseamento do cateter epidural,
administração de analgesia pelo cateter epidural através do DIB, avaliação do bloqueio
sensitivo-motor através da Escala de Bromage, que segundo Garcia (2006), esta destina-
se á avaliação do grau de bloqueio motor dos membros inferiores, em doentes
submetidos a anestesia do neuro eixo, analgesia por via epidural lombar ou bloqueio de
plexos ou de nervos periféricos dos membros inferiores, bem como compreender a
importância da utilização do cateter epidural no alívio da dor do doente no pós-
operatório, qual o meu papel como futura especialista e como enfermeira no alívio da
dor, contribuindo assim para a melhoria do bem-estar físico do doente e prevenção de
complicações. Também colaborei na preparação do material, no posicionamento do
doente para a colocação do cateter epidural e para a anestesia loco regional (raqui
anestesia), assegurando sempre uma vigilância continua ao doente, detetando
atempadamente complicações e verificando alterações a nível dos parâmetros
hemodinâmicos.

Quanto ao controlo da dor no pós-operatório não posso deixar de fazer referência à


consulta pós operatória da analgesia epidural, onde tive a oportunidade de a realizar.
83
Esta consistiu na ida ao internamento, no sentido de verificar qual a eficácia e quais os
benefícios que a analgesia Epidural, através do DIB, tinha no alívio da dor, no conforto
e bem-estar para o doente, com vista a uma recuperação rápida e diminuição de
complicações. Foi uma experiencia nova e gratificante, pois assegurei uma continuidade
de cuidados, realizei ensinos de enfermagem que contribuíram de forma positiva para a
minha aprendizagem e para o desenvolvimento de competências como futura enfermeira
especialista. Tal como refere Martins (2006), a utilização da via epidural para a
analgesia pós-operatória, diminui a dor do pós-operatório, leva á redução do tempo de
internamento e diminui a mortalidade e a morbilidade.

Segundo Razera e Braga (2011, p. 633) a consulta pós-operatória é definida como “um
sistema de assistência continuada, participativa, integral e documentada, destaca-se
como uma estratégia de avaliação da assistência prestada, procurando atender aos
requisitos de qualidade, na visão do paciente e/ou familiares, sobre a assistência
transoperatória”.

“...as visitas pós-operatórias realizadas pelo enfermeiro com comunicação competente


poderão proporcionar cuidado adequado, além de condições de avaliação e
resolubilidade do trabalho” (Razera e Braga, 2011, p. 633).

A avaliação e controlo da dor foi possível através da comunicação permanente com o


doente e pela utilização de escalas apropriadas para avaliação da dor, nomeadamente a
escala analógica visual (VAS). Para além de haver outras escalas de avaliação da dor,
esta foi a escala que tive oportunidade de aplicar durante a minha prestação de cuidados
e foi esta que os enfermeiros no BO utilizaram. Pude verificar que o meu papel como
futura especialista e como enfermeira é muito importante na manutenção do cateter
epidural, onde temos que ter conhecimentos e competências para saber detetar
complicações que possam existir da presença do cateter epidural e da administração da
terapêutica pelo cateter epidural.

Iksilara et al. (2005) defendem que o enfermeiro poderá desempenhar um papel


preponderante na gestão eficaz da dor, aprofundando os seus conhecimentos teóricos
sobre a dor, desenvolvendo métodos de avaliação da dor, e prevenindo e controlando
possíveis complicações. Os mesmos autores (2005, p.153), reforçam ainda que a
atuação do enfermeiro “é fundamental, não só pelo aspeto da humanização ao aliviar a

84
dor, como na educação e supervisão da equipa de enfermagem em relação à manutenção
do cateter epidural, proporcionando um atendimento com qualidade”.

Assim, o controlo da dor no período pós-operatório é um aspeto importante do cuidado


no meio cirúrgico, com vista a diminuir e controlar as complicações pós-operatórias e
garantir uma recuperação rápida e sem sofrimento para o doente. Neste sentido, o
enfermeiro tem a principal responsabilidade de avaliar a dor, planear, comunicar ao
médico e realizar intervenções de alívio em colaboração com o anestesista, para além de
acompanhar continuamente os seus resultados. A dor deve ser sempre respeitada e
valorizada.

Ao nível da prevenção e controlo da infeção, constatei que esta temática era uma
preocupação dos enfermeiros nos vários ensinos clínicos, mas com maior relevância a
nível da UCI e no BO.

O ambiente hospitalar envolve a exposição dos profissionais de saúde, doentes e


visitantes a uma diversidade de riscos, nomeadamente os biológicos, tendo como
consequências a exposição de contrair uma infeção hospitalar. (Farias et al., 2009,
citando Scheidt, 2006).

A infeção hospitalar, com destaque para a pneumonia nosocomial é responsável por


elevar o número de complicações durante o internamento hospitalar, sendo responsável
direta ou indiretamente pela elevada taxa de morbilidade e mortalidade (Farias et al.,
2009). A pneumonia nosocomial é um tema de crescente atualidade e preocupação dos
profissionais de saúde. Esta constitui a segunda infeção nosocomial mais frequente e a
que representa maior mortalidade. A incidência é variável e depende da população
estudada e dos critérios de diagnóstico, admitindo-se um valor estimado entre 5 e 15
casos por 1.000 admissões hospitalares com um aumento da duração do internamento
entre 7 a 9 dias por doente e uma mortalidade atribuível entre 33 e 50%. (Froes et al.,
2007, citando American Thoracic Society Documents, 2005).

Não é demais relembrar que o Enfermeiro Especialista organiza, coordena, executa,


supervisiona e avalia as suas intervenções, decidindo sobre os meios técnicas mais
rentáveis à manutenção e/ou recuperação das funções vitais da pessoa, tendo em conta a
adaptação de medidas de proteção universais e as regras de higiene hospitalar no
controlo da infeção. Ao nível da prevenção da infeção, nos vários ensinos clínicos, toda
85
a equipa multidisciplinar prestou cuidados com rigor assíduo e extremo, na sua
previdência. Constatei o recurso contínuo a práticas para a prevenção da Infeção
Associada aos Cuidados de Saúde (IACS) no geral e em particular, na prevenção da
pneumonia associada ao ventilador (PAV), que segundo Germano e Fernandes (2008,
p.225) “é (…) a infecção nosocomial mais frequente nos doentes submetidos a
ventilação mecânica, (…) com importante repercussão na sobrevida dos doentes
internados (…) responsável por internamentos e taxas de mortalidade mais elevadas” e a
nível do BO, na prevenção da infeção do local cirúrgico, que segundo o Instituto
Nacional de Saúde Dr Ricardo Jorge (2004, p.4), “a infecção do local cirúrgico é,
conjuntamente com a pneumonia, a infecção urinária e a bacteriémia, … uma das
infecções nosocomiais mais frequentes”.

A utilização dos equipamentos de proteção individual (mascara, touca, bata esterilizada,


luvas e botas), a higienização e lavagem frequente das mãos foi uma realidade
transversal aos vários elementos das equipas, aos técnicos externos que lá se
deslocavam e às visitas, no decorrer dos vários turnos na UCI bem como a nível do BO.
Independentemente do cuidado ou técnica a efetuar verifiquei o máximo de rigor no
cumprimento da assepsia. Todos os gestos foram efetuados para a prevenção e/ou
propagação da IACS. Foram prestados cuidados aos doentes pela equipa de enfermagem
e por mim durante o estágio com rigor, cumprindo as regras emanadas pela comissão de
Controle da Infeção.

Sobre o olhar de Pina et al. (2010, p. 36),

“a eficácia das intervenções para a prevenção e controlo da infeção dependem da


forma como são definidos e implementados os programas de controlo de
infeção… uma abordagem prioritária, sistemática, e contínua nas instituições de
saúde, através de um programa coordenado, para reduzir o risco de transmissão
cruzada e para que seja possível a identificação precoce das infecções de modo a
permitir uma intervenção eficaz com consequente melhoria dos resultados nos
doentes”.

Concordando com o autor citado anteriormente, é fundamental que durante a prestação


de cuidados ao doente, existam ações, quer na área da prevenção quer na área do
controlo da transmissão cruzada de microrganismos. Este conjunto de ações e

86
recomendações, constituem os fundamentos do controlo de infeção, são a primeira
“barreira de segurança” nos cuidados de saúde, contribuindo assim para a prevenção e
controlo da transmissão cruzada das IACS, para a melhoria contínua da qualidade dos
cuidados e, consequentemente, para a segurança dos doentes.

Relativamente a esta temática, pude constatar que a acumulação de secreções na


cavidade oral e no espaço subglótico é uma variável relacionada ao maior risco de
desenvolvimento de pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV), pois como
referem Santos e Belentani (2010) os doentes submetidos a ventilação mecânica
encontram-se especialmente suscetíveis à pneumonia, pois as defesas normais
encontram-se debilitadas, bloqueadas ou sem funcionar devido à necessidade do
ventilador mecânico. Neste sentido, as bactérias e outros microrganismos, que
normalmente são impedidos ou transportados para fora do trato respiratório, conseguem
superar as defesas normais do organismo e penetrar nos pulmões. Assim, em doentes
com ventilação mecânica a aspiração oral e orotraqueal foi frequente e importante, uma
vez que a sua capacidade de deglutir se encontra diminuída ou nula.

Do ponto de vista do Instituto Nacional de Saúde Dr Ricardo Jorge (2004), a maioria da


PAV resulta da micro-aspiração dos agentes colonizantes da orofaringe, estando a
resistência à colonização dependente da integridade anatómica e fisiologia e da flora
indígena do individuo. Em ambiente hospitalar estes fatores estão praticamente sempre
comprometidos, sendo a colonização cutânea, orofaríngea e intestinal de instalação
rápida. As bactérias podem atingir o aparelho respiratório inferior por: micro-aspiração
a partir da orofaringe, inoculação durante a entubação, no ato de aspiração de secreções,
inalação de aerossóis contaminados, disseminação hematogénea e possível translocação
bacteriana.

Foram tomadas medidas preventivas adequadas pela equipa de enfermagem da UCI que
podiam diminuir e prevenir o risco da PAV, como sejam: lavagem das mãos; medidas
universais de precaução; cabeceira elevada 30o; higiene oral de 8/8h com chlorhexidina;
aspiração traqueobrônquica com técnica asséptica; utilização de filtros bacterianos no
ventilador e ressuscitador manual (este era lavado, esterilizado e substituído
frequentemente); utilização de traqueias descartáveis; promovem a preparação de saída
do ventilador e posterior participação na extubação precoce do doente. Desempenhei
todas estas atividades durante o estágio e considero o trabalho de enfermagem da UCI
87
de excelência, no entanto observei que alguns enfermeiros aspiram o doente de forma
rotineira. As evidências cientificas dizem-nos que a “técnica de aspiração endotraqueal
não deve ser feita em intervalos regulares, mas sim, em situações que o paciente
realmente necessite (desconforto respiratório, presença de secreções, baixa de Sat O2)
pois, os riscos da aspiração de rotina ultrapassam seus benefícios” (Lima, 2009 citando
American Association for Respiratory Care, 2009). Foi meu objetivo identificar lacunas
nos conhecimentos e oportunidades de investigação, então questionei os meus tutores
sobre esse assunto. Citando a Enfermeira Ana Lúcia (2013)

“nos CI deve-se aspirar o doente sempre que ele precisa – dizemos até que se as
secreções são visíveis são audíveis o doente precisa de ser aspirado. No entanto
em muitos doentes isto não acontece, as secreções não estão audíveis nem
visíveis, mas elas estão lá. Se não aspirarmos de forma sistemática, estes doentes
fazem atelectasias e pneumonias, os tubos ficam obstruídos e ai temos muitas
vezes pressões das vias aéreas elevadas, com o risco inerente a essa situação. A
prática diz-nos que quando não aspiramos um doente com frequência e de forma
rotineira esses doente tem mais complicações que os outros (infeção, atelectasia,
maior consumo de antibióticos, mais dias de internamento, maior morbilidade.
Os tubos retirados de doentes menos aspirados estão com mais secreções secas
nas paredes. Pesando o risco/beneficio a prática diz-nos que os doentes devem
ser aspirados com frequência.”

Em síntese, durante estes ensinos clínicos, nas diferentes áreas de intervenção, procurei
mostrar sempre disponibilidade para partilhar conhecimentos e vivências, manifestando
a minha opinião. Sinto que atuei de forma organizada, procurando cumprir os
procedimentos de forma segura e adequada e transmitir informação adequada,
utilizando linguagem científica para garantir a continuidade dos cuidados.

Sinto que todos os momentos foram potenciadores de construção pessoal e profissional,


interessei-me em aproveitá-los e refleti-los de forma construtiva. Considero ter sido um
caminho muito rico que me conduziu à aquisição de novas competências essenciais
como futura Enfermeira especialista em enfermagem à pessoa em situação critica.
Apesar da minha experiência profissional como Enfermeira de “Urgência” ser distinta
da realidade do BO e da UCI, penso ter sido facilitadora da minha integração em

88
algumas áreas destes contextos pelo contacto diário com a pessoa em situação crítica,
possibilitando-me à vontade em algumas situações e procedimentos.

A partilha no seio das várias equipas de enfermagem onde estive integrada, foi
fundamental para um crescimento harmonioso, quer pessoal e/ou profissional, mas este
não se desenvolve só em resposta a pensamentos reflexivos e críticos baseados em
factos, mas também na experiência que provém do contacto com o ambiente de trabalho
que nos rodeia. Foi importante esta partilha porque cada um carrega consigo uma
existência distinta, uma história própria, contribuindo com saberes e experiências
diferentes.

89
PARTE II - REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA

1. AVALIAÇÃO DA DOR EM DOENTES VENTILADOS NUMA UCI

1.1. INTRODUÇÃO

A prática dos Enfermeiros tem sido pouco refletida e centrada nas diferentes tarefas e
não na resolução de problemas (Fonseca, 2006). O mesmo autor (2006, p. 16), refere
que torna-se urgente desenvolver a “(…) prática baseada na evidência, como forma de
integrar os conhecimentos, os valores, preferências dos doentes e as características dos
enfermeiros peritos como forma de se decidir os cuidados prestados mais dirigidos para
as necessidades dos doentes”, ou seja, uma prática de Enfermagem Avançada que
traduza cuidados de maior qualidade.

Segundo a Ordem dos Enfermeiros (2006), uma prática baseada na evidência consiste
na incorporação da melhor evidência científica existente, quer quantitativa quer
qualitativa, conjugada com a experiência, opinião de peritos, os valores e preferências
dos utentes, no contexto dos recursos disponíveis.

Amaral (2007), refere que a prática baseada na evidência permite saber o que já foi
escrito e estudado sobre o assunto, fundamentada em critérios metodológicos, no
sentido de encontrar os artigos que têm validade daqueles que não têm.

A presente parte apresenta a revisão sistemática da literatura, que visa identificar os


instrumentos de avaliação da dor utilizados em doentes ventilados numa UCI.

Segundo a Internacional Association Study of Pain (IASP), citada por Pinto et al. (2012,
p.70) a dor é definida como “uma experiencia sensorial e emocional desagradável,
associada a um dano real ou potencial dos tecidos”.

Estes autores referem ainda que devido á prevalência da dor em UCI, nomeadamente
em doentes ventilados, é importante que hajam estudos que relatem o impacto da
mesma nesses doentes, no sentido de alertar para a necessidade de se estabelecerem
políticas de treino aos profissionais de saúde.

90
A dor é identificada como um importante sintoma em doentes internados, uma vez que
os mesmos estão vulneráveis, não apenas devido á sua doença como também aos
procedimentos de diagnóstico e aos tratamentos. Outro aspeto a ter em conta, está
relacionada com o fato de muitos doentes terem dificuldades em verbalizar o seu
desconforto, devido ao fato de estarem entubados ou apresentarem um deficit cognitivo
significativo (Pinto et al., 2012, citando Shannon et al., 2003 e Puntillo, 2002).

A organização mundial da saúde (OMS, 2004) citada por Pinto et al. (2012), considera o
controlo da dor como uma das três prioridades no sistema de saúde pública e considera
que os governos devem incluir programas de controlo da dor no sistema de saúde, no
sentido de melhorar a qualidade de vida dos doentes.

Irei apresentar a problemática do tema em estudo, seguindo-se a descrição da


metodologia, apresentar os resultados dos estudos, as suas discussões e finalizando com
a análise reflexiva / conclusão, assim como os contributos para o desenvolvimento da
prática.

1.2. A DOR – O PROBLEMA EM ESTUDO

A dor é o sintoma mais comum e é aquela que é mais verbalizada em termos de queixas
pelos doentes. É sem dúvida, uma das mais particulares e exclusivas sensações
experimentadas pelo ser humano, envolvendo vários componentes sensoriais, afetivos e
cognitivos, sociais e comportamentais (Rigotti e Ferreira, 2005).

Pedroso e Celich (2006) acrescentam que a dor é uma experiência individual, com
características próprias do organismo, e está associada a uma história passada e ao
contexto no qual ela é percebida.

A Sociedade Internacional para o estudo da dor (IASP), define a dor como “uma
experiencia sensitiva emocional desagradável relacionada á lesão tecidular …
manifestações subjetivas, que envolvem mecanismos físicos, psíquicos e culturais”
(Pedroso e Celich, 2006, p.271).

Embora uma pessoa consiga sobreviver com dor, ela interfere no seu bem-estar, nas
relações sociais e familiares, no desempenho do seu trabalho, influenciando assim a sua
qualidade de vida. Neste sentido, a avaliação da dor constitui uma preocupação na

91
prática do enfermeiro, uma vez que consiste num cuidado individualizado e dirige-se à
causa desencadeante da dor a fim de aliviá-la (Rigotti e Ferreira, 2005).

Pedroso e Celich (2006) citando a Joint Comission on Accreditation on Heathcare


Organizations (JCAHO) descreve a dor como quinto sinal vital, logo, esta deve ser
sempre avaliada e registada ao mesmo tempo em que são verificados os outros sinais
vitais. A queixa de dor deve ser sempre valorizada e respeitada, devido ao desconforto
que manifesta.

Silva et al. (2011) acrescentam que é preciso ser solidário e respeitar a dor física e
subjetiva do doente, uma vez que cada pessoa a percebe de uma maneira ou intensidade
diferente.

Apesar de ser um fenómeno universal, é uma experiência subjetiva, uma vez que é
aquilo que o doente diz que é, quando é e como é. A sua perceção varia consoante o
género, a idade, o nível cognitivo, experiências anteriores, contexto familiar e cultural.
A dor funciona como um mecanismo de defesa ou de alerta do organismo, e constitui
um dos primeiros sintomas da doença (Kazanowski e Laccetti, 2005).

Concordando com Pedroso e Celich (2006), compete aos enfermeiros saberem


desenvolver competências para avaliar a dor, uma vez que a equipe de enfermagem é
quem convive mais tempo com o doente, e por isso é importante conhecer os sinais de
dor para assim poder intervir corretamente no seu alívio.

No entanto, Souza et al. (2013), dizem que na prática diária, a equipe de enfermagem da
UCI pode não reconhecer os aspetos essenciais na avaliação da dor em doentes com
sedação ou com barreiras de comunicação. Associado a este fato, os registos muitas
vezes são incompletos e sugerem que a equipe não sabe diferenciar sedação de
analgesia.

Sakata (2010), escreve que menos de 50% dos profissionais avaliam a dor. A avaliação
da dor e da sedação é particularmente complexa na UCI porque, muitas vezes, os
doentes mostram-se incapazes ou impossibilitados de comunicarem verbalmente com os
profissionais, pelo fato de se encontrarem com intubação traqueal, com alteração do
estado de consciência, sedação ou com efeito de medicamentos.

92
“O paciente critico em terapia intensiva é um ser dependente dos cuidados de
enfermagem, o profissional deve ser capaz de detetar as necessidades
psicobiológicas, psicossociais e espirituais comprometidas, e auxiliá-lo no
atendimento das necessidades que estão afetadas, de acordo com o seu grau de
dependência e das prioridades” (Silva et al., 2011, p. 547).

Na perspetiva de Souza et al. (2013), estes afirmam que a verbalização da dor é o


padrão de ouro para a avaliação da dor. Num estudo realizado sobre as estratégias de
lidar com a dor em unidades de cuidados intensivos, foi identificado que 63% dos
doentes internados nessas unidades relataram a dor de moderada a intensa. Apesar do
melhor indicador ser a verbalização das queixas álgicas, os doentes críticos
frequentemente não estão em condições de verbalizarem queixas e relatar desconfortos
devido à gravidade da doença, ao uso de ventilação mecânica e de medicamentos para
sedação. Assim, no ponto de vista destes autores, nesse grupo de doentes é importante
considerar os equivalentes somáticos e fisiológicos da dor, que se traduzem em sinais e
comportamentos específicos como expressão facial, postura de proteção entre outros.

Os mesmos autores, referem que a presença da dor é um fenômeno comum entre os


doentes nas unidades de cuidados intensivos, devido principalmente à gravidade dos
doentes e aos procedimentos invasivos necessários ao seu tratamento. Os autores
referidos anteriormente, consideram que é um problema significativo, porque aumenta
as taxas de morbidade e mortalidade, e influência diretamente na qualidade de vida
dessas pessoas. A avaliação da experiência dolorosa não é um procedimento simples,
uma vez que consiste num fenômeno multidimensional e envolve outros domínios,
como aspetos emocionais, culturais e sociais.

De acordo com o plano nacional de avaliação da dor, citado por Pinho et al. (s/d), a
Direção Geral da Saúde, através da circular normativa nº 9 de 14/06/2003, refere que a
dor é o 5º sinal vital, sendo a sua gestão um direito do doente, um dever profissional e
um passo fundamental para a efetiva humanização dos cuidados de saúde.

Nesta linha de pensamento, a dor como 5º sinal vital deve ser valorizada nas UCI,
especialmente em doentes ventilados, pois o doente tem dor devido á gravidade da
situação clinica, com diminuição do estado de consciência e pela quantidade de

93
cuidados de enfermagem sistemáticos, procedimentos dolorosos e invasivos de
diagnóstico, cirurgias e pela presença de dispositivos terapêuticos.

Concordando com Sakata (2010), a maioria dos doentes numa unidade de cuidados
intensivos tem dor, medo e ansiedade e a administração de analgésico e sedativo é
fundamental para dar conforto ao doente, reduzir o stress e evitar atraso na recuperação
e na libertação da ventilação mecânica.

Segundo o mesmo autor, um estudo mostrou que menos de metade dos doentes tem um
controle adequado da dor em UCI. As barreiras detetadas foram: conduta do médico,
uso de protocolos sem evidência, resistência dos profissionais para mudar a conduta,
método inadequado de avaliação da dor e treino insuficiente dos profissionais quanto à
avaliação e ao tratamento da dor. Desta forma, o alívio da dor é essencial para a
recuperação adequada do doente.

Batalha et al. (2013), referem que é importante minorar o sofrimento do doente e


promover uma rápida recuperação, o que exige uma avaliação e mensuração válida,
fidedigna e objetiva da dor.

Segundo um estudo desenvolvido pela sociedade portuguesa de CI, em Portugal apenas


25% das UCI utilizam instrumentos de avaliação da dor adequada ao doente crítico
(Batalha et al., 2013). Os mesmos autores referem que a escala Behavioral Pain Scale
(BPS), foi a primeira a ser usada, para avaliar a dor em doentes entubados, ventilados
mecanicamente e incapazes de se autoavaliarem. Têm como desvantagem não informar
sobre a qualidade, tipo ou localização da dor. Esta escala consiste na relação entre a
expressão facial, movimento dos membros superiores e adaptação ao ventilador
(Batalha et al., 2013).

Apesar de existirem várias escalas de avaliação da dor, penso que existem dificuldades
em avaliar a severidade e a intensidade da dor em doentes críticos na UCI, como
também diferenciá-la do medo e da ansiedade para promover o alívio e o conforto. Por
este fato, senti a necessidade de realizar uma RSL sobre o tema, Avaliação da Dor em
Doentes Ventilados numa UCI.

Silva et al. (2011), referem que os profissionais de saúde, devido á dificuldade em


avaliar a dor em doentes críticos na UCI, acabam por confiar nas suas habilidades

94
clínicas, no seu julgamento próprio para tomar as decisões, esquecendo-se que a
sensação dolorosa pode manifestar-se através do aumento da FC, TA, variações no
diâmetro pupilar e lacrimejo.

A este propósito, Rigotti e Ferreira (2005, p.51), referem que o

“controle da dor deve ser uma preocupação do enfermeiro. A atuação do


profissional, de modo independente e colaborativo, compreende a identificação
de queixa álgica, a caracterização da experiência dolorosa em todos os domínios,
a aferição das repercussões da dor no funcionamento biológico, emocional e
comportamental do indivíduo, a identificação de fatores que contribuam para a
melhora ou piora da queixa álgica, a seleção de alternativas de tratamento e a
verificação da eficácia das terapêuticas implementadas”

Em síntese, considero que o enfermeiro tem a responsabilidade de avaliar a dor, planear


e realizar intervenções de alívio, além de acompanhar continuamente os seus resultados.
A dor deve ser sempre respeitada e valorizada.

1.3. PROTOCOLO DE REVISÃO E QUESTÃO DE PESQUISA

Uma revisão sistemática requer uma pergunta clara, a definição de uma estratégia de
pesquisa, o estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão dos artigos e uma análise
criteriosa da qualidade da literatura selecionada. O processo de desenvolvimento desse
tipo de estudo de revisão inclui caracterizar cada estudo selecionado, avaliar a qualidade
deles, identificar conceitos importantes, comparar as análises estatísticas apresentadas e
concluir sobre o que a literatura informa em relação a determinada intervenção
(Sampaio e Mancini, 2007).

Do ponto de vista de Sampaio e Mancini (2007), as revisões sistemáticas permitem-nos


incorporar um espectro maior de resultados relevantes, viabilizando de forma clara e
explicita um resumo de todos os estudos sobre determinada intervenção. Outras
vantagens, incluem a possibilidade de avaliação da consistência e generalização dos
resultados entre populações ou grupos clínicos, bem como especificidades e variações
de protocolos de tratamento. A revisão é planeada e transmitida após a publicação de
muitos estudos experimentais sobre um tema, nomeadamente estudos retrospetivos e
secundários. Assim, uma revisão sistemática depende da qualidade da fonte primária.

95
Para esta RSL formulei a seguinte questão de pesquisa: quais são os instrumentos de
avaliação da dor utilizados em doentes ventilados numa UCI?

A partir desta questão e relativamente à estratégia de pesquisa para esta RSL, utilizei a
estratégia PICO de Joanna Briggs, que segundo Joanna Briggs Institute (JBI, 2014) esta
estratégia consiste em destacar a revisão sistemática, ou seja, é utilizada para definir as
propriedades dos estudos a serem considerados para a inclusão na revisão da literatura.
PICO é utilizado para construir uma pergunta clara e significativa, quando procura
evidências em estudos quantitativos.

Assim, do ponto de vista de JBI (2014), a formulação da pergunta para a revisão


sistemática de estudos quantitativos deve ser orientada pela estratégia PICO, em que o P
corresponde ao paciente ou população, I de intervenção ou indicador que estou à
procura, C de comparação ou controle e o O “outcome” ou resultados. Estes quatro
componentes são os elementos fundamentais da questão de pesquisa e da construção da
pergunta para a pesquisa bibliográfica de evidências. Segundo a mesma autora, existe
outra estratégia que é designada por PICOD, onde é acrescentado o desenho do estudo,
e foi esta estratégia que utilizei nesta revisão sistemática da literatura.

Na sequência da contextualização da temática abordada e partindo da análise dos


pressupostos teóricos, o primeiro passo foi definir a pergunta e a estratégia a utilizar,
seguindo a metodologia PICOD: P – Participantes; I – Intervenção; C – comparação e O
– Outcomes, que apresento de seguida:

Quadro 1- Parâmetros PICOD

P Participantes Doentes adultos ventilados. Palavras-chaves:

I Intervenções Instrumentos de avaliação da Pain


dor.
C Comparações Comparar instrumentos de Pain Measurement
avaliação da dor
O Outcomes Vantagens / desvantagens da Ventilation
utilização dos instrumentos
para avaliar a dor.
D Desenho do estudo Estudo Quantitativo com Intensive Care
escalas de avaliação da dor.
Adults
96
1.3.1. Estratégia de Pesquisa

Seguidamente, definiu-se a estratégia de pesquisa, que consistiu na definição das


palavras-chaves e /ou descritores, as mesmas validadas, verificadas e existentes no
Medical Subject Heading (MeHS) e nos descritores de ciências da saúde (DecHS).

As palavras-chaves são: Dor; Avaliação da Dor; Ventilação, Cuidados Intensivos e


Adultos. As Key Words são: Pain; Pain Measurement; Ventilation; Intensive Care;
Adults.

Os descritores controlados são “Pain” e “Pain Measurement”. Os descritores não


controlados são “Ventilation”; “Intensive Care” e “Adults”.

Para a realização de uma RSL, é importante a utilização de operadores booleanos


(delimitadores), representados pelos termos conectores AND, OR e NOT. Estes termos
permitem realizar combinações dos descritores que serão utilizados na pesquisa, sendo
AND uma combinação restritiva, OR uma combinação aditiva e NOT uma combinação
excludente (Santos et al., 2007).

Nesta RSL, as palavras-chaves ou descritores foram utilizadas em combinação com o


operador booleano “AND”.

Partindo da questão foram definidos os critérios de inclusão e exclusão dos estudos.


Assim, considero como critérios de inclusão:

- Estudos centralizados na temática da avaliação da dor;

- Estudos primários com evidência científica quantitativos;

- Doentes internados em unidade de cuidados intensivos com idade igual ou superior a


18 anos;

- Estudos que se referem aos instrumentos de avaliação da dor que são utilizados numa
UCI para avaliar a dor em doentes adultos ventilados e sedados;

- Artigos em Português, Espanhol e Inglês.

- Texto completo em PDF;

97
- “Data de Publicação”: últimos 10 anos (2003-2013) pela dificuldade em encontrar
ensaios clínicos em tempo inferior a 5 anos;

- “Tipo de material”: artigos e “idioma”: qualquer idioma;

- Outros limitadores que considerar pertinente, aquando da minha pesquisa, tendo em


vista a obtenção de artigos no sentido de encontrar o conteúdo que fosse ao encontro do
estudo.

Como critérios de exclusão, saliento:

- Os estudos em outras línguas que não o português, inglês ou espanhol;

- Estudos em que os participantes pertencem a outros internamentos, crianças e


adolescentes;

- Duplicação de artigos;

- Estudos secundários nomeadamente revisões sistemáticas da literatura.

Seguidamente, prossegui para a fase da pesquisa sistemática em base de dados


científicos. Para tal ordenei as palavras-chave e /ou descritores consideradas fulcrais.
Como prioridade hierárquica foi estabelecida a seguinte sequência: Pain AND Pain
Measurement AND Intensive Care.

Esta opção foi tomada com o propósito de evidenciar os conceitos que julguei mais
relacionado com a intervenção autónoma do enfermeiro, à qual atribui particular
relevância e na qual foquei o interesse, visto considerar haver necessidade de refletir
sobre a mesma, na medida em que se encontra diretamente ligada à prática profissional.

Seguidamente acedi ao portal da biblioteca do IPL e na área das plataformas científicas


selecionei a biblioteca do conhecimento online (“B-ON”). Na procura da melhor
evidência, procedi à consulta de fontes primárias de bases de dados eletrónicas como a
MEDLINE with Full Text, Cochrane with Full Text, EMBASE (The Excerpta Medica
Database) e por último a SciELO (Scientific Electronic Library Online).

Comecei por realizar a pesquisa dos artigos, a 3 de Março de 2014 por volta das 10H 20
m, através da análise de três descritores: Pain AND Pain Measurement AND Intensive
98
Care, onde encontrei 14.063 artigos. Devido ao elevado número de artigo utilizei como
limitadores: “data de Publicação”: últimos 10 anos; “tipo de material”: artigos e
“idioma”: qualquer idioma, onde obtive 9.432 artigos. De seguida, por considerar ainda
um elevado número de artigos, decidi refinar a pesquisa onde inclui artigos que
fizessem referência a “Critical Care”, “Intensive Care”, “Nurses”, “Nursing”, “Pain”,
“Pain Assessment”, “Pain Management” e “Pain Measurement”. Daqui resultaram 999
artigos. Refinando ainda mais a pesquisa, inclui artigos que fizessem referencia a
“adults” e “Assessment”, obtendo um total de 37 artigos. Destes 37 artigos, foram
excluídos 34 artigos após a leitura do título e resumo, tipo de amostra do estudo
(crianças) e a existência de estudos secundários (RSL). De seguida foram avaliados os
artigos pela grelha de classificação da qualidade e pela estratégia PICOD e foram
selecionados 3 estudos.

Com o intuito de ir ao encontro da especificidade da questão definida para o estudo,


decidi agrupar os seguintes descritores, Pain AND Pain Measurement AND Ventilation
AND Intensive Care, onde os mesmos foram pesquisados no dia 9 de Março de 2014 às
15H30 m, tendo obtido 2.458 artigos. Utilizando os limitadores, “data de publicação”:
últimos 10 anos, “tipo de material”: artigos e “idioma”: qualquer idioma, obtive um
total de 1.633 artigos. Ao refinar esta pesquisa, incluindo “Critical Care”, “Intensive
Care”, “Intensive Care Units”, “Nursing”, “Pain”, “Pain Assessment”, “Pain
Management”, “Pain Measurement” obtive 286 artigos. Refinando os mesmos e
incluindo apenas “Nurses” obtive 15 artigos, onde através da leitura do título, resumo e
aplicando os critérios de inclusão e exclusão, considerei apenas 1 artigo.

Com o objetivo de obter mais artigos para fundamentar o meu estudo, no dia 12 de
Março de 2014 às 15 Horas, optei por agrupar os seguintes descritores, noutra base de
dados, nomeadamente a SciELO a partir do Google Scholar: Dor, avaliação da Dor,
Cuidados Intensivos, Ventilação e Adultos. Como resultado da pesquisa obtive um total
de 2.550 artigos. Considerando como limitadores humano, texto completo em PDF e a
data de Publicação nos últimos 10 anos, decidi analisar 50 artigos, onde após a leitura
do título e resumo, e utilizando os critérios de inclusão e de exclusão, optei por
selecionar 1 artigo.

99
1.4. QUALIDADE METODOLÓGICA DOS ESTUDOS / NÍVEIS DE
EVIDÊNCIA

No que diz respeito aos cinco estudos selecionados, realizou-se um quadro, que se
encontra em anexo (Anexo III), resumindo a evidência recolhida, com referência ao
estudo (titulo, autor e ano de publicação), desenho, participantes, intervenção e medidas
de avaliação. No respetivo quadro a numeração atribuída aos artigos diz respeito a uma
ordenação crescente da data de publicação dos mesmos. De seguida, recorreu-se a uma
escala de Bandolier Journal, Evidence-Based Everything (1995) citado em Pereira e
Bachion (2006, p. 494), no sentido de caraterizar o tipo e força de evidência dos estudos
(Anexo IV). Para além disso, ainda recorreu-se à escala Joanna Briggs Institute (JBI),
para verificar se os estudos satisfazem os critérios de qualidade (Anexo V).

Young, Siffleet, Nikoletti, Shaw (2006), realizaram um estudo prospetivo, descritivo de


medidas repetidas, onde foi usado para avaliar a validade e a confiabilidade do BPS
para avaliar a dor em doentes críticos submetidos a um procedimento doloroso, o
reposicionamento, e outro não doloroso como a lavagem ocular.

O estudo foi baseado numa amostra randomizada, tendo ocorrido numa unidade de
cuidados intensivos com 18 camas com valências de medicina e cirurgia, neurologia e
de emergência. Utilizaram três instrumentos para realizar a colheita dos dados, a escala
comportamental da dor (BPS), a escala de avaliação da atividade motora (MAAS) e
dados demográficos dos clientes. Foram incluídos neste estudo quarenta e quatro
doentes. Os critérios de inclusão foram: idade superior a 18 anos, doentes ventilados
mecanicamente no período superior a 48 H, hemodinâmicamente estáveis e que não
receberam terapia de ressuscitação. Os critérios de exclusão foram quadriplegia, doentes
com bloqueio neuromuscular e doentes admitidos por auto mutilação.

Foram estudadas as relações entre algumas variáveis, nomeadamente as variáveis da


escala comportamental da dor (BPS), o nível de consciência/sedação (escala de
avaliação da atividade motora - MAAS), dados demográficos do doente, assim como a
frequência cardíaca, pressão arterial e a administração de analgésicos/sedação.

Foi feito um estudo comparativo da avaliação da dor aquando do procedimento


doloroso (posicionamento) e o não doloroso (lavagem ocular). Os resultados
responderam aos objetivos, o follow up decorreu num intervalo de tempo adequado, os
100
resultados foram corretamente descritos e a estatística pertinente, nomeadamente a
estatística descritiva e testes para modelos de regressão.

Gélinas (2010), desenvolveu um estudo descritivo, que foi realizado na UCI de um


centro de saúde da Universidade na área de Montreal. O objetivo do estudo foi
descrever as avaliações dos enfermeiros acerca da viabilidade e utilidade clínica da
Ferramenta de observação da dor (CPOT) na avaliação da dor em doentes adultos
críticos ventilados. Os participantes foram enfermeiras (62) e doentes (55), estes últimos
com idade superior a 18 anos, com diagnóstico de trauma, razão médica (por exemplo,
problema pulmonar ou cardíaco, hemorragia, sepsis), ou tinha sofrido cirurgia
abdominal ou torácica e encontravam-se ventilados mecanicamente. Pode-se dizer que
este estudo baseou-se numa amostra não randomizada, estando os critérios de inclusão e
exclusão bem definidos. Trinta doentes foram capazes de verbalizarem a sua dor,
enquanto que outros 25 estavam inconscientes.

Os fatores de viés foram identificados, nomeadamente o viés de seleção que consistiu


numa amostra de conveniência, em que as enfermeiras na UCI voluntariaram-se para o
estudo. Os resultados responderam aos objetivos, o follow up foi realizado no intervalo
de tempo adequado.

Os resultados foram corretamente descritos e a estatística utilizada foi a estatísticas


descritivas. Dados qualitativos também foram compilados para comentários, sugestões e
para fundamentação das avaliações das enfermeiras.

Vazquez, Pardavila, Lucia, Aguado, Margall e Asiain (2011), desenvolveram um estudo


descritivo prospetivo onde foi realizado em uma UCI com 12 camas. O estudo teve
como objetivo comparar as respostas comportamentais à dor, medido na escala de
ferramenta de observação da dor da Critical Care (CPOT), e as respostas fisiológicas
antes, durante e após o procedimento do posicionamento em doentes com ventilação
mecânica invasiva, e analisar se existem diferenças nas pontuações CPOT entre doentes
médicos e cirúrgicos e entre doentes conscientes e inconscientes durante a mudança de
decúbitos, e descrever a analgesia/sedação administrada nos doentes 1h antes e durante
o procedimento do posicionamento, ou seja, se a administração de analgesia / sedação
influência as respostas comportamentais à dor antes e durante os posicionamentos do
doente.

101
O estudo foi baseado numa amostra não randomizada, onde o tipo de amostragem
utilizada no estudo foi a amostragem de conveniência. Foi utilizada uma amostra de
conveniência de 96 doentes que foram intubados e ventilados mecanicamente, alguns
dos quais estavam conscientes e outros inconscientes. Da amostra foram excluídos
doentes com relaxantes musculares, todos aqueles com problemas de motor ou sensíveis
e com dispositivos de analgesia controlada pelo doente. Os doentes
hemodinamicamente instáveis ou com insuficiência respiratória no momento da
observação também foram excluídos. Assim pode-se dizer que os critérios de inclusão e
exclusão se encontram bem definidos.

Os fatores de viés foram identificados e definidos, nomeadamente os viés de seleção,


que está relacionada com o tipo de amostragem do estudo e o viés de interação de
variáveis.

No estudo houve comparação entre as respostas comportamentais à dor medido na


escala de ferramenta de observação da dor da Critical Care (CPOT) e as respostas
fisiológicas antes, durante e após o procedimento do posicionamento em doentes com
ventilação mecânica invasiva.

O follow up foi realizado com intervalo de tempo adequado, os resultados foram


corretamente descritos e a estatística utilizada foi a correta, nomeadamente a estatística
descritiva: medidas de frequência para as variáveis qualitativas e medidas de Central e
de dispersão. Também se utilizou a Estatística inferencial, sob a forma de t-teste de um
estudante para amostras emparelhadas para comparar as pontuações CPOT e variáveis
fisiológicas antes e durante o procedimento, durante e após o procedimento e antes e
após o procedimento. Também se utilizou o t-Student para amostras independentes
entre as observações de doentes médicos e cirúrgicos e também entre pacientes
conscientes e inconscientes.

No estudo de Gélinas, Arbour, Michaud, Vaillant e Desjardins (2011), que


desenvolveram um estudo descritivo retrospetivo cujos participantes foram enfermeiras
da UCI e arquivos médicos. Os participantes enfermeiros eram todos aqueles que
estavam a trabalhar a tempo inteiro ou a tempo parcial, e foram treinadas para usar a
ferramenta de observação da dor (CPOT). Os arquivos médicos foram selecionados
aleatoriamente da lista de doentes admitidos na UCI nos períodos de alvo até um total

102
de 90 arquivos elegíveis foram incluídos. Assim pode-se dizer que se trata de uma
amostra randomizada.

Os critérios de inclusão e exclusão estão bem definidos no estudo, uma vez que através
de arquivos médicos foram selecionados os doentes que foram admitidos na UCI com
18 anos ou mais, tinham sido ventilados por um período de 24 horas e que estavam
incapazes de comunicar. Dos arquivos médicos foram excluídos os doentes que tinham
uma lesão na coluna, que apresentavam uma escala de Glasgow <4 ou que lhes tinham
sido administrados bloqueadores neuromusculares durante as primeiras 48 horas após a
admissão na UCI.

Foram estudadas as relações entre a CPOT e algumas variáveis, nomeadamente a


confiabilidade das enfermeiras da UCI após a utilização do CPOT, a avaliação/gestão da
dor na UCI e as práticas de enfermagem.

Relativamente aos resultados, estes responderam aos objetivos. O follow up foi


realizado num tempo adequado, o elemento da amostra que se perdeu foi caraterizado e
os resultados foram corretamente descritos. A estatística descritiva e inferencial
utilizada foi adequada.

No estudo de Batalha, Figueiredo, Marques e Bizarro (2013), o tipo de amostra foi


randomizada, tendo sido efetuada a tradução e análise de validade psicométrica da escala
BPS com o desenvolvimento de painéis e aplicação da escala por dois observadores de forma
simultânea e independente a 60 doentes selecionados de forma acidental.

No que se refere aos critérios de inclusão e exclusão, os mesmos estão bem definidos no
estudo, uma vez que participaram na colheita dos dados três enfermeiros com idades
entre os 28 e os 30 anos, todos frequentaram e obtiveram aproveitamento numa
formação sobre avaliação da dor, e já utilizavam no serviço uma versão traduzida da
escala. A recolha dos dados decorreu entre março de 2011 e fevereiro de 2012 e
envolveu 60 doentes. Foram excluídos os doentes sob efeito de fármacos bloqueadores
neuromusculares, com patologia neuromuscular, tetraplégicos, com comportamentos de
auto-agressão e com imobilização dos membros superiores.

103
Relativamente aos fatores de viés estes estão presentes no estudo nomeadamente o viés
de seleção, em que os três enfermeiros participantes selecionados foram aqueles que
foram escolhidos por cinco elementos por critérios não especificados.

Através da aplicação desta escala verifiquei que os resultados obtidos respondem aos
objetivos definidos, o folow up foi realizado no tempo adequado. Uma limitação do
estudo é que houve pouca variabilidade da dor e a grande maioria foi observado em
repouso. Os resultados foram corretamente descritos.

1.5. RESULTADOS DOS ESTUDOS

Quanto ao estudo de Young, Siffleet, Nikoletti, Shaw (2006), os resultados obtidos


revelam que existem valores do BPS mais altos, que indicam dor, após a execução de
procedimentos dolorosos (reposicionamentos) do que nos procedimentos não dolorosos
(lavagem ocular), bem como alterações hemodinâmicas, nomeadamente elevação da
frequência cardíaca e tensão arterial. Concluem que a escala comportamental da dor
(BPS) é uma ferramenta válida para a avaliação da dor nestes doentes, pois
comprovaram que os valores de dor aumentam após os procedimentos dolorosos.
Resultados mostraram que os indicadores de dor, tais como flutuações nos parâmetros
hemodinâmicos, nem sempre são uma medida exata para a avaliação da dor em doentes
inconscientes, e como tal, são essenciais medidas de avaliação da dor mais objetivas.
Como tal, é necessário mais validação do BPS e identificação de outros procedimentos
de rotina dolorosas para melhorar a entrega da gestão da dor para doentes inconscientes.

Relativamente ao estudo de Gélinas (2010), os resultados revelaram que em geral, a


viabilidade e a utilidade clínica do CPOT eram positivamente avaliados pelos
enfermeiros. Mais de 90% dos enfermeiros revelaram que as diretivas acerca da
utilização do CPOT eram claras, simples de entender e fácil de completar. Sobre a sua
utilidade clínica, um pouco mais de 70% dos enfermeiros mencionou que o CPOT era
útil para a prática de enfermagem e recomendam o seu uso rotineiramente. As
enfermeiras recomendam a utilização do CPOT e mencionam a sua relevância para a
prática de enfermagem. Reconhecem também que o CPOT permite uma maior
uniformidade entre enfermeiros, porque fornece uma linguagem comum e uma maneira
padronizada para avaliar a dor dos doentes. Metade dos enfermeiros revela que o CPOT
influenciou a sua prática clinica na avaliação da dor do doente. Seis enfermeiras

104
mencionaram que o CPOT ajudou-as a lembrar e a serem mais sensíveis aos sinais de
dor em doentes que não comunicavam, antes da introdução do CPOT. No entanto,
alguns enfermeiros referem que falta especificidade de alguns indicadores do CPOT,
que por esse fato o instrumento não pode ser usado na UCI em doentes que não
comunicam verbalmente, logo não recomendam a sua utilização. Outras enfermeiras
mencionaram que o CPOT era um instrumento extra, que não era necessário, era
complicado e que não era prático para implementar na rotina dos cuidados. Para
algumas enfermeiras, o CPOT não influenciou a sua prática, porque já estavam
sensíveis aos sinais de dor nos doentes que não comunicavam antes da introdução do
instrumento. Uma enfermeira também salienta que um instrumento não deve substituir o
julgamento clínico.

Em síntese, o CPOT é uma escala de comportamento da dor válida, que tem sido
sugerido por especialistas em resenhas críticas recentes.

Quanto ao estudo de Vazquez, Pardavila, Lucia, Aguado, Margall e Asiain (2011), os


resultados relativos à confiabilidades da escala CPOT, mostraram que os percentuais de
concordância foram entre 97 % e 100 %, o que indica uma excelente grau de acordo. Ao
testarem a confiabilidade da escala e ao comparar as respostas comportamentais à dor e
as respostas fisiológicas antes, durante e após o procedimento dos posicionamentos,
através da observação, utilizando uma pontuação para a escala CPOT e a partir de
indicadores como a expressão fácil, movimentos do corpo, conformidade com o
ventilador e tensão muscular, os resultados revelaram que a pontuação e média de score
total (dor) na escala de CPOT foi maior durante o procedimento dos posicionamentos, a
expressão facial foi o indicador que mais cresceu em relação à situação inicial, seguido
pelos movimentos do corpo; conformidade com o ventilador e finalmente, a tensão
muscular. Havia também pequenas variações nas variáveis fisiológicas (tensão arterial,
frequência cardíaca, frequência respiratória e saturação de oxigénio) durante o
procedimento do posicionamento. A média de pontuação total da escala de CPOT (dor)
durante o posicionamento dos doentes cirúrgicos foi maior do que nos doentes médicos.
A observação do comportamento do doente durante o posicionamento e as alterações
fisiológicas produzidas permitem aos profissionais objetivar a dor em doentes críticos
com dificuldades na comunicação verbal. Além disso, os resultados revelaram também
a necessidade de administrar analgesia antes de um procedimento doloroso,

105
particularmente em doentes pós-cirúrgicos. Perante estes resultados e devido às boas
qualidades de medição da escala CPOT obtidas durante um procedimento doloroso
recomendam a sua utilização em unidades de terapia intensiva para pacientes adultos
com ventilação artificial.

No estudo de Gélinas, Arbour, Michaud, Vaillant e Desjardins (2011), verificou-se que


a aplicação da escala de observação da dor comportamental (CPOT) pode ser aplicada
pelas enfermeiras nas UCI para detetar a presença de dor em dentes críticos que não
comunicam. A aplicação deste instrumento teve uma influência positiva sobre as
práticas de enfermagem na avaliação da gestão da dor e na dor na UCI. As enfermeiras
da UCI aprenderam a utilizar o CPOT uma vez que relatos de avaliação e reavaliação da
dor foram mais evidentes nos arquivos médicos após a implementação do instrumento
do que em comparação com a fase da pré implementação do instrumento (3 avaliações
em um período de 24 horas). Foi observada uma redução na utilização de analgésicos e
sedativos com a implementação do CPOT. Assim, pode-se dizer que o CPOT também
parece ser útil na avaliação da eficácia das intervenções farmacológicas.

No estudo de Batalha, Figueiredo, Marques e Bizarro (2013), cujo objetivo foi adaptar
semântica e culturalmente para o Português a escala Behavioral Pain Scale (BPS) e
avaliar as suas propriedades psicométricas, em doentes com ventilação mecânica
internados nos cuidados intensivos, verificou-se que no momento da avaliação da dor os
doentes estavam sobre efeito de analgésicos e sedativos e alguns doentes apenas com
sedativos. A avaliação foi feita maioritariamente em doentes em repouso e no momento
em que os enfermeiros avaliaram a dor verificaram que a maioria dos doentes estava
com dor. Relativamente ao processo de validação semântica e cultural da escala BPS,
verificou-se que após uma análise fatorial de componentes principais (expressão facial,
movimentos dos membros superiores e adaptação ao ventilador) emergiu a solução com
um fator, que revelou uma variância entre dois observadores. Os movimentos dos
membros superiores foi o indicador da escala com maior peso fatorial. A consistência
interna calculada pelo Alfa Cronbach variou um pouco entre os observadores. Para
ambos os observadores, o indicador “movimentos dos membros superiores” foi o que
melhor se correlacionou e o que mais contribuiu para a sua consistência interna. Em
relação ao nível de concordância entre observadores, a percentagem de acordos item a
item entre as duas observações variou na expressão facial e na adaptação ao ventilador

106
(igual percentagem) e nos movimentos dos membros superiores (maior percentagem). O
nível de concordância avaliado pelo coeficiente Kappa de Cohen variou na adaptação ao
ventilador e na expressão facial.

1.6. DISCUSSÃO

Comparando o estudo de Young, Siffleet, Nikoletti, Shaw (2006) e de Batalha,


Figueiredo, Marques e Bizarro (2013), onde ambos os estudos estudaram o mesmo
instrumento de avaliação da dor, a BPS, em doentes ventilados em cuidados intensivos e
incapazes de autoavaliarem a dor, verificou-se que no estudo de Young, Siffleet,
Nikoletti, Shaw (2006), estes validaram a behavioural pain scale através de dois
procedimentos: o posicionamento e a lavagem ocular e identificaram três fatores que
influenciaram os valores elevados de dor, como a não administração de analgesia antes
de procedimentos dolorosos, os valores também eram mais altos nos doentes ventilados
por traqueotomia e nos doentes cirúrgicos. O que difere deste estudo para o estudo de
Batalha, Figueiredo, Marques e Bizarro (2013), foi o fato de que a avaliação da dor foi
realizada no momento em que os doentes se encontravam sedados e com efeito de
analgesia. No entanto, ao aplicarem a escala verificaram que a mesma tem boas
propriedades psicométricas (validade e fiabilidade), todas as subescalas (expressão
facial, movimento dos membros superiores e adaptação ao ventilador) contribuem para
a avaliação da dor global, e o que teve maior contributo foi a expressão facial, seguido
dos movimentos dos membros superiores e finalmente a adaptação ao ventilador, o que
demostra também boa visibilidade e bom tempo requerido para fazer a avaliação, sendo
esta de quatro minutos. Os autores referidos anteriormente referem que as flutuações a
nível dos parâmetros hemodinâmicos nem sempre são uma medida exata para avaliar a
dor em doentes inconscientes e ventilados.

No estudo de Varquez, Pardavila, Lucia, Aguado, Margall e Asiain (2011), durante a


implementação da escala CPOT, que consistiu na observação do comportamento do
doente durante os posicionamentos, as enfermeiras constataram que durante o
posicionamento ou procedimentos dolorosos, o doente apresentava sintomas de dor,
verificando-se variações através das alterações fisiológicas bem como através da
expressão facial, movimentos do corpo e a adaptação ao ventilador, sendo a expressão
facial o indicador que mais sugere dor no doente ventilado. Por outro lado, os
enfermeiros verificaram que o doente inconsciente apresentava menor dor em relação ao
107
doente consciente, onde este acontecimento foi comprovado pelo facto do doente
inconsciente receber elevadas doses de analgesia /sedação. Assim as enfermeiras
concluíram que deve-se associar a analgesia antes de qualquer procedimento doloroso,
essencialmente em doentes do foro cirúrgico. Este episódio foi reforçado e comprovado
no estudo de Gélinas, Arbour, Michaud, Vaillant e Desjardins (2011), uma vez que as
enfermeiras verificaram através da observação e durante a implementação do CPOT que
a dor era menor em doentes a quem já tinham sido administrada analgesia, o que revela
que o CPOT fornece orientações para a seleção de intervenções farmacológicas para a
dor e é útil na avaliação da eficácia das intervenções farmacológicas. Contudo,
comparando este ultimo estudo com o estudo de Gelinas (2010) verificou-se algumas
controvérsias. Relativamente á viabilidade e utilidade clinica do CPOT, no estudo de
Gélinas (2010), estas eram avaliadas positivamente para as enfermeiras, referindo que a
utilização do CPOT era clara, simples de entender, fácil de completar e utilizar, útil para
a prática de enfermagem e recomendaram a sua utilização rotineiramente.
Reconheceram que o CPOT lhes forneceu uma linguagem e uma maneira padronizada
para avaliar a dor e que tinha influenciado a sua prática, considerando que a utilização
de um instrumento de documentação padronizada da dor pode levar a uma melhor
avaliação da dor e uma avaliação da dor combinada com uma padronizada abordagem
de gestão da dor pode levar a um melhor controlo da dor. Por outro lado algumas
enfermeiras criticaram o CPOT como longo ou complexo de utilizar, referiram que já
estavam sensibilizadas para a avaliação da dor em doentes ventilados antes da
introdução do CPOT. Referem ainda a falta de indicadores no CPOT, tais como
especificidade de dor para os movimentos do corpo, o score zero indica que o doente
não se mobiliza ou imóvel, a ausência dos movimentos não significa ausência de dor ou
seja, as enfermeiras identificam a ausência de movimentos como um indicador da
presença de dor em doentes nos cuidados intensivos. Para as enfermeiras, os
movimentos do corpo podem variar dependendo do nível de consciência do doente ou
fatores físicos. Doentes inconscientes também são mais propensos a apresentarem
menos comportamentos de dor em comparação com doentes conscientes. Além disso, o
movimento do corpo deveria ser categorizado de acordo com o nível de consciência e as
expressões faciais diferem em doentes com lesões na cabeça. Algumas enfermeiras
também referiram que estavam sensíveis aos sinais de dor em doentes que não
comunicavam antes da introdução do CPOT.

108
1.7. CONCLUSÃO

A avaliação da dor é imprescindível para a melhoria da qualidade dos cuidados a


prestar, logo o controlo da dor exige que esta seja orientada por uma avaliação e
reavaliação, através da utilização de escalas válidas e precisas.

Finalizando esta revisão sistemática da literatura e através dos estudos analisados


verifiquei que a questão da avaliação da dor em doentes críticos, nas unidades de
cuidados intensivos, é um problema que tem sido discutido há mais de uma década, no
entanto, no nosso país este assunto começa agora a ser investigado.

A avaliação da dor em cuidados intensivos continua a ser um desafio para os


profissionais de saúde e pesquisadores, não existe um parâmetro específico
neurobiológico para a avaliação, no entanto, ao analisar os estudos constatei que
existem várias escalas para avaliação da dor. Quando os doentes críticos estão
impossibilitados de autoavaliar a intensidade da sua dor a avaliação da dor deve ser
objetiva através da observação de indicadores de dor, como por exemplo a expressão
facial, movimento dos membros e a adaptação ao ventilador, e em alguns estudos
também fazem referência aos parâmetros hemodinâmicos.

Através da análise dos vários estudos, constatei que existem instrumentos fiáveis e
válidos para melhorar a gestão da dor em doentes sedados e inconscientes nas unidades
de cuidados intensivos, o que veio trazer muitos contributos para a avaliação da dor.
Nesses estudos foram identificados dois instrumentos/escalas comportamentais, a
behavioral pain scale (BPS) e a critical care pain observation (CPOT), onde ambas têm
a vantagem de permitir avaliar as consequências da dor na vida do doente. Estas foram
desenvolvidas para mensurar especificamente a intensidade da dor em doentes sedados,
com ventilação mecânica e inconscientes. Destas, a BPS revelou-se como a que tinha
melhor taxa de confiança e de validade nos doentes de unidades de cuidados intensivos
e pode oferecer uma melhoria na análise fragmentada da avaliação da dor em doentes
sedados e ser incorporada em protocolos e recomendações sobre gestão da dor. Como
desvantagens saliento o fato de não permitirem localizar a dor.

Relativamente à escala CPOT, os estudos revelaram resultados aceitáveis de


confiabilidade e validade em doentes adultos conscientes e inconscientes numa UCI, e a

109
sua viabilidade e utilidade clinica foi avaliada pelas enfermeiras como positiva. Esta
escala de dor comportamental tem a vantagem de ser válida para a avaliação da dor em
doentes que não comunicam, ou seja em doentes ventilados, e a sua implementação
pode melhorar a gestão da dor, sendo útil para guiar as intervenções. Além disso, a
mudança de variáveis fisiológicas através da observação (tensão arterial, frequência
cardíaca, frequência respiratória e saturação) e aplicação desta escala, alerta os
profissionais para o facto de que o doente pode estar com dor durante um procedimento
doloroso, cujos resultados evidenciam a necessidades de administrar analgesia antes de
um procedimento doloroso, em particular em doentes do foro cirúrgico.

Em conclusão, após a validação das escalas comportamentais da dor para doentes


adultos ventilados e as mesmas se encontrarem disponíveis, torna-se necessário e
urgente que as mesmas sejam implementadas na prática da UCI, bem como que hajam
recomendações clinicas para a sua utilização na prática. Todos os profissionais devem
ser envolvidos na atualização de protocolos de gerenciamento da dor com o objetivo de
incluírem intervenções na sua prática, no sentido de aplicarem as várias escalas, com o
intuito de alcançar melhores resultados para o doente em termos de alívio da dor.

110
PARTE III – CONSIDERAÇÕES FINAIS

O quotidiano profissional do enfermeiro é rico em experiências e desafios que exigem


atenção e reflexão para que a sua prática seja competente e diferenciada. Aliado ao
desenvolvimento profissional, está sempre o crescimento pessoal e aperfeiçoamento de
capacidades humanas que lhes permitam melhores desempenhos. Nesta jornada de
aquisição de aptidões para uma prática especializada, tentei ao longo destes períodos de
ensinos clínicos ter em conta estes pressupostos, uma vez que, com eles me identifico e
acredito permitirem atingir objetivos.

Ao longo dos vários ensinos clínicos pude refletir acerca do meu processo de
aprendizagem, penso que a sua concretização se encontra espelhada ao longo deste
relatório crítico. Um relatório de estágio resulta da análise e avaliação do trabalho
desenvolvido mediante um projeto previamente definido. As reflexões sobre os
objetivos determinados, a sua concretização, as dificuldades de realização e os
mecanismos facilitadores do percurso de aprendizagem, tiveram lugar para agora
documentar por escrito o trabalho desenvolvido durante um período de tempo, tendo por
base um processo de auto avaliação centrado na reflexão sobre o contexto vivido.

Considero que foi favorável o facto de inicialmente ter elaborado um projeto pessoal
com definição de objetivos específicos contextualizados nos serviços por onde decorreu
esse percurso e de ser feita uma breve abordagem a esses objetivos com o professor
orientador no sentido de os operacionalizar. Tendo em conta que a avaliação é a
“...capacidade de formular um juízo acerca do processo e do produto final …” (Fonseca,
2006, p. 42), o relatório final é o culminar dessa reflexão acerca das atividades
realizadas relacionadas com os conhecimentos mobilizados, vivências e aspetos
facilitadores da aquisição de competências durante esta etapa.

Este trabalho não foi de todo fácil de compilar, leva tempo e é baseado num processo de
auto-avaliação centrado no pensamento crítico e reflexivo.

111
Pela riqueza das experiências com que me defrontei, os serviços por onde passei
proporcionaram-me campos de estágio proveitosos, em que a necessidade de
atualização permanente, aliada à necessidade de trabalho em equipa e de controlo das
situações de risco se tornou necessário a qualquer profissional que lá desempenhou
funções. Creio que demonstrei humildade durante toda a aprendizagem, procurando
acima de tudo observar, conhecer e integrar uns serviços diferentes da minha realidade,
tendo sido benéfico no desenvolvimento de competências.

A necessidade de refletir continuamente acerca da nossa atividade e dos recursos que


temos para a tornar mais eficaz, fez com que os vários campos de estágio evidenciassem
muitas das características para as quais temos vindo a ser sensibilizados pelo corpo
docente da escola, nomeadamente as relacionadas com a nossa postura profissional, a
necessidade de adquirir competências acrescidas e de refletir de uma forma global
acerca das necessidades dos serviços.

Não estamos sozinhos quando nos desenvolvemos pessoal e profissionalmente. Saliento


aqui a disponibilidade de toda a equipa multiprofissional, que me permitiu a aquisição
de novos conhecimentos, bem como a mobilização de outros aplicando-os na prática na
direção de novas competências no contexto dos cuidados ao doente crítico nos vários
estágios. Destaco em particular, a partilha de saberes e de experiências com as “minhas”
enfermeiras orientadoras, bem como de todas as conversas informais que íamos tendo
ao longo dos estágios, que me serviram de inspiração, motivação e de esperança, de que
podemos fazer melhor, e que se escolhemos este caminho temos a responsabilidade
acrescida de, antes de exigir, ter a competência de o fazer, sustentando-nos e adquirindo
várias capacidades que procurem a excelência no que fazemos. A reflexão é essencial
para a transformação e para o desenvolvimento de competências necessárias que
possam contribuir para a mudança e para a responsabilização desta emergindo a
autonomia do cuidar.

Saber agir num contexto de trabalho, é uma maneira de facilitar a adaptação e o ser
competente não é um estado ou um dado adquirido, não se resume a um saber, um
enfermeiro competente, deverá saber transferir aquilo que aprendeu, mobilizar os
conhecimentos, para solucionar um dado problema com qualidade. Neste sentido, o
presente documento tenta expressar o saber adquirido, as experiências formativas, os

112
sentimentos vivenciados e especialmente o espírito de parceria em que decorreram os
ensinos clínicos.

No que respeita aos objetivos delineados para este relatório, sinto que os atingi, com
alguns ajustes face ao percurso/contexto onde se encontra inserido.

Relativamente às limitações que surgiram neste percurso, tenho de salientar o cansaço


nesta fase, devido ao excesso de trabalho inerente ao serviço onde atualmente exerço
funções. No entanto, com esforço e empenho tudo se consegue e mais uma vez penso
ter superado com êxito mais uma “batalha” inerente ao mestrado.

Tendo em conta que o serviço de Urgência, a Unidade de Cuidados Intensivos e o Bloco


Operatório são uma porta de entrada de muitos dos doentes em estado crítico, com
probabilidade de evoluir para situações de risco de vida, penso que a realização destes
ensinos clínicos, foi uma mais-valia e de crucial importância para o processo de
aprendizagem como futura enfermeira especialista em enfermagem á Pessoa em
Situação Critica. É universalmente aceite que todos os enfermeiros, qualquer que seja a
sua especialidade, necessitam de adquirir um conjunto de conhecimentos, aptidões,
valores e atitudes, que contribuem para a melhoria dos cuidados prestados na sua
atividade.

Um contexto onde estão presentes muitos medos, ansiedades, incertezas e inseguranças,


onde muitas vidas se ganham, se transformam e mudam radicalmente, onde os
enfermeiros têm de conseguir lidar com todos estes sentimentos humanos e ajudar nas
readaptações de vários contextos de vida, compreendi que ser enfermeira Especialista
passa por ter atitudes que permitam utilizar ao máximo e melhor os saberes adquiridos,
para poder cuidar com qualidade.

Considero este momento importante, pois permite a sistematização e a súmula de todas


as reflexões e autoavaliações informais que realizei ao longo do ensino clínico, na
certeza de que uma aprendizagem eficaz só é possível, quando existe uma reflexão
constante sobre as minhas práticas.

113
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXOS
ANEXO I

Boas Práticas na Abordagem ao Doente com VMNI


Diapositivo 1

Estudantes do Mestrado em Enfermagem


à Pessoa em Situação Crítica:
Catarina Rufino
Diogo Ferreira
Joana Ribeiro

Diapositivo 2

- Descrever conceitos, princípios e fundamentos para a

utilização da VMNI;

- Refletir sobre as boas práticas de VMNI;

- Partilhar experiências e conhecimentos.

Diapositivo 3

- Definição;
- Objetivos da VMNI;
- Componentes da VMNI;
- Ventiladores e modos ventilatórios;
- Indicações e contra indicações;
- Critérios de seleção para VMNI;
- Efeitos fisiológicos da VMNI;
- Complicações da VMNI;
- Intervenções de enfermagem na VMNI;
Diapositivo 4

“Aplicação de um suporte ventilatório sem

recurso a métodos invasivos da via aérea

(entubação orotraqueal e traqueostomia)”.

(Ferreira et al, 2009, p.656)

Diapositivo 5

- Diminuir o trabalho respiratório;

- Melhoria do conforto do doente;

- Aumentar a ventilação alveolar;

- Melhoria das trocas gasosas;

- Diminuição da dispneia.

Diapositivo 6

Ventilador Interfaces

Sucesso!!
Diapositivo 7

Tipos de ventiladores

Diapositivo 8

Volumétricos programação por


volume

Pressurimétricos programação por


pressão positiva e negativa

Mistos
programação por volume e/ou pressão

Diapositivo 9

Modalidades Ventilatórias
Diapositivo Modalidades ventilatórias:
10 Assistida (Spontaneous) - o doente desencadeia todos os movimentos
ventilatórios e o ventilador auxilia insuflando volumes.

Assistida/Controlada (Spontaneous/Timed) - o doente desencadeia alguns


movimentos ventilatórios e o ventilador inicia os restantes.

Controlada (Timed) - o ventilador assegura todos os movimentos ventilatórios.

Diapositivo
Modos ventilatórios
11

Ventilação regulada Ventilação regulada


por pressão por volume

-Mais utilizada;
- Menor custo;
- Maior capacidade
para compensar fugas;
- Bem tolerados pelos
doentes;
- Situações agudas ou
crónicas.

Diapositivo
12 BIPAP (bi level positive airway pressure)

dois níveis de pressão:


IPAP –nível de suporte inspiratório

EPAP ou PEEP - nível de pressão no fim da expiração

IPAP> EPAP

- Pode ser aplicada nas modalidades Assistida, Assistida/Controlada ou


Controlada
- Menores consequências hemodinâmicas e menor risco de barotrauma
- Possibilidade de impor FR mandatória e de ajustar relação I:E
Diapositivo
13 CPAP (continuous positive airway pressure)

aplica uma pressão contínua durante todo o ciclo respiratório


(Pinspiração = P expiração)

- Impede o colapso das vias aéreas superiores (apneia do sono)


- Aumenta a capacidade residual funcional
- Melhora a oxigenação
- Diminui o retorno venoso e pós carga do ventrículo esquerdo

Diapositivo
14

Diapositivo
15 IPAP EPAP
Benefícios: Benefícios:
- Diminui o trabalho respiratório; - Previne a re-inalação de CO2;
- Aumento do volume Corrente; - Estabiliza as vias aéreas superiores durante o
-Diminuição do CO2 e aumento do sono;
O2. - Recruta alvéolos;
- Diminui a formação de atelectasias;
Efeitos Indesejáveis - Reduz o trabalho inspiratório necessário para
- Otalgia;
IPAP
EPAP
ativar o trigger inspiratório em doentes com auto
- Dor sinusal; – PEEP;
- Aerofagia;
- Fugas na máscara; Efeitos Indesejáveis
-
- Reduz pressão de suporte;
- Desconforto;
- Barotrauma;
Diapositivo
16 Frequência Respiratória Tempo Inspiratório máximo I:E

- No doente agudo deve ser - Permite programar duração máxima da


programada uma FR de recurso, inspiração durante os ciclos controlados
ligeiramente abaixo da do doente; (nos assistidos é o doente que controla);
- Valores iniciais variam entre 12 e - Duração entre 0,5 e 3s;
24 ciclos/min; - Pode interferir com a FR;
-Reduzir gradualmente a FR à - Deve tentar aproximar-se ao efetivo do
medida que o doente melhore. doente.

Trigger

- Tecnologia que permite em cada ciclo respiratório detetar o início da inspiração e


expiração, respondendo automaticamente a padrões respiratórios variáveis mesmo na
presença de fugas (que compensa);
- Um trigger com baixa sensibilidade aumenta o trabalho respiratório.

Diapositivo
17

Interfaces

Diapositivo
18 - Mascaras nasais
- utilizadas em ventilação domiciliaria (bem toleradas)
- problemas – fuga pela boca e patologias nasais
- Mascaras faciais e faciais totais
- problemas (claustrofóbica e risco de aspiração do vómito)
- Capacete

- Peças bucais

- Almofadas nasais
- utilizadas quando surgem lesões cutâneas
- desvantagem de não permitirem a aplicação de pressões elevadas
(maior probabilidade de fugas de ar)
Diapositivo
19

Indicações e
contra-indicações da VMNI

Diapositivo
20
IRC hipercápnica

- Doenças neuromusculares;
- Deformidades torácicas (cifoescoliose, sequelas de
tuberculose e alguns tratamentos, patologia pleural
crónica, …
- DPOC estável;
- Síndrome de obesidade-hipoventilação;
- ICC.

Esquinas (2011)

Diapositivo
21
IRA

- Dispneia moderada a severa e/ou intensidade crescente;


- Taquipneia: >24 cpm se alteração ventilatória obstrutiva ou > 30 cpm se
alteração ventilatória restritiva;
- Respiração paradoxal, utilização de músculos acessórios da respiração;
- Falência ventilatório aguda ou crónica agudizada: PaCO2> 45 mmHg e pH<
7.35;
- Hipoxemia;
- Potencial de recuperação de qualidade de vida aceitável;
- Desejo do doente.
Esquinas (2011)
Diapositivo
22
- Vigil, com bom nível de consciência e com respiração espontânea;
- Dispneia secundaria a falência respiratória hipoxémica, hipercápnica ou
mista;
- Existência de sinais físicos de fadiga;
- Taquipneia (FR> ou igual a 25 cpm);
- Hemodinamicamente estável;
- Capacidade para proteção da VA e controlo de secreções;
- Colaborante;
- Ausência de contra-indicação.

Esquinas (2011)

Diapositivo
23 Absolutas:

- PCR;
- Instabilidade hemodinâmica severa;
- Arritmia não controlada;
- Pneumotorax não drenado;
- Encefalopatia severa GCS<8;
- Cirurgia ou trauma facial / deformações que impedem colocação da interface;
- Obstrução VA superior;
- Incapacidade controlo da via aérea com alto risco de aspiração;
- Hemorragia gastrointestinal severa;
- Indicação para entubação traqueal. Esquinas (2011)

Diapositivo
24 Relativas:

- Confusão, agitação psicomotora;


- Enfarte coronário agudo;
- Acidose respiratória severa;
- Cormobilidades importantes;
- Vómitos;
- Obstrução intestinal;
- Cirurgia recente do trato digestivo superior;
- Falência de dois ou mais orgãos;
- Consolidação pulmonar focal no RxTx.

Esquinas (2011)
Diapositivo
25 VMNI bem sucedida (após 1-4 VMNI mal sucedida (após 1-4
horas pós-inicio) horas pós-inicio)

Critérios - Doente tolera VMNI; - Intolerância à VMNI;


clínicos (2 ou - Doente tolera períodos sem - Dispneia persistente;
mais) VMNI; - FR> 35;
- Dispneia melhorada; - Necessidade de EOT;
- FR< 35 cpm; - GCS < 8;
- Vigil e colaborante
Critérios - Melhoria da GSA; - GSA não melhorada;
gasométricos - SpO2 > 92% com FiO2 < 0.7; - SpO2 < 92% com FiO2 > 0.7;
( 2 ou mais) - pO2 > 65 com FiO2 < 0,6; - pO2 < 65 com FiO2 > 0,6;
- pH > 7.30 - pH < 7.30
- pO2 / FiO2 > 100 respeito ao - pO2 / FiO2 < 100 respeito ao
valor inicial. valor inicial.

Esquinas (2011)

Diapositivo
26
A nível PULMONAR A nível HEMODINÂMICO

- Aumento da permeabilidade das VA - A pressão intratorácica positiva


superiores provoca uma diminuição da pré-carga,
- Permite recrutar unidades alveolares por diminuição do retorno venoso e
inundadas e colapsadas, permitindo a diminuição da distensibilidade
reexpansão de atelectasia, ventricular durante a diástole, e
melhorando o shunt intrapulmonar, facilita o esvaziamento ventricular
as trocas gasosas e a distensibilidade durante a sístole (diminui o
pulmonar. O aumento da pressão enchimento ventricular durante a
intratorácica leva a um aumento da diástole e promove o seu
CRF e da troca gasosa com melhoria esvaziamento em sístole.
da hipoxemia;
- Alívio dos músculos respiratórios e,
consequentemente, redução do
trabalho respiratório (diminuição da
FR. Esquinas (2011)

Diapositivo
27
Relacionadas Aspiração e
com o Trocas gasosas drenagem de
interface/ inadequadas secreções
máscara

Efeitos
Pressão e fluxo hemodinâmico
s

Gay (2009)
Diapositivo
28
Complicações Intervenções de enfermagem
Obstrução nasal (30-50% dos doentes) Correto ajuste da máscara, diminuindo
a tensão provocado pelo arnês,
utilizando outros modelos de máscaras,
Rush cutâneo (10-30% dos doentes) Aplicação de esteróides tópicos
(intervenção interdependente)
Úlcera de pressão (5-10%) Manter correto ajuste da máscara e
arnês (não deixar muito apertado);
Realizar cuidados de higiene à face;
Aplicar creme hidratante;
Aplicação de hidrocolóide;
Dminuir e monitorizar fugas;
Programar períodos de descanso do
doente, se possível, coincidentes com os
horários das refeições;

Diapositivo
29
Complicações Intervenções de enfermagem
Congestão nasal (40,8% dos doentes) Aplicação de corticoides,
descongestionandes nasais e anti-
hstaminicos orais (intervenções
interdependentes;
Trocar a máscara nasal para facial;
Aplicação de soro fisiológico nasal.
Aspiração de vómito Vigilância, essencialmente após
ingestão de alimentos e líquidos;
Posicionar o doente em fowler

Diapositivo
30
Complicações Intervenções de enfermagem
Otalgias, algias nos seios perinasais Redução do IPAP (intervenção
interdependente)
Conjuntivite Diminuição das fugas através da correta
adaptação da interface/máscara
Distenção abdominal Monitorizar o aumento do diametro
abdominal;
ENG para drenagem passiva;
Incentivar o doente a manter a boca
fechada e a sincronizar-se com o
ventilador;
Evitar, se possível, pressões elevadas;
Promover a mobilização e excreção de
secreções;
Vigiar a ocorrência de vómitos
Diapositivo
31
Complicações Intervenções de enfermagem
Secura nasal e oral Utilização de humidificadores
acoplados aos ventiladores;
Promoção de hodratação via oral ou EV;
Realização de higiene oral e nasal várias
vezes por dia.

Diapositivo
32
Complicações Intervenções de enfermagem
Presença de secreções Reforço hídrico;
Cinesiterapia respiratória;
Sempre que possível, fazer pausas para o
doente eliminar as secreções,
incentivando a uma tosse eficaz,
podendo ser necessária aspiração de
secreções.

Diapositivo
33
Complicações Intervenções de enfermagem
Assincronia doente/ ventilador Ajuste correto dos parametros
ventilatórios às características e
necessidades do doente;
Reduzir fugas;
Diapositivo
34
Complicações Intervenções de enfermagem
Hipotensão Monitorização de Sinais Vitais e
avaliação contínua do traçado cardíaco;

Diapositivo
35

Obrigada pela vossa


atenção! :)
ANEXO II

Comunicação do Doente Cirúrgico do Serviço de Urgência Geral ao Bloco Operatório


Diapositivo 1
Mestrado em Enfermagem à Pessoa em Situação Critica

Comunicação do Doente Cirúrgico do Serviço de


Urgência Geral ao Bloco Operatório

Joana Ribeiro

Diapositivo 2
Âmbito do trabalho

 Integrado no Ensino Clínico III, do Mestrado em Enfermagem à Pessoa em


Situação Crítica - estágio em Bloco Operatório do Centro Hospitalar Leiria;

 Como futura especialista em Enfermagem à pessoa em situação critica, houve a


necessidade de direcionar a minha atenção para a especificidade e perícia desta
fase formativa;

 Adquirir competências acerca do doente cirúrgico no Bloco Operatório;

Diapositivo 3
 Ser o elo de ligação, dinamizador e com vista a sensibilizar os enfermeiros para a

importância da transmissão de informação precisa, clara e objetiva do doente


cirúrgico, aquando da sua chegada ao BO (no transfer)

 Alertar para uma mudança de atitudes e comportamentos dos profissionais face


aos cuidados prestados no Serviço de Urgência Geral

uma melhoria da qualidade dos cuidados prestados ao doente

uma melhoria da continuidade de cuidados

principal beneficiário o doente


Diapositivo 4
Objetivo Geral:

 Compreender a importância da transmissão de informação acerca do doente


cirúrgico entre profissionais de saúde do Serviço de Urgência Geral e o Bloco
Operatório

Objetivos Específicos:
 Melhorar a qualidade dos cuidados prestados;

 Melhorar a transmissão de informação entre os serviços;

 Reduzir a probabilidade de erros;

 Minimizar o desconforto/dor do doente;

 Otimizar a gestão dos tempos operatórios;

Diapositivo 5
Competências Adquiridas

 Cuidar do doente cirúrgico em doença critica e/ou falência orgânica cujo

tratamento consiste num procedimento cirúrgico;

 Dinamizar a resposta a situações de emergência do doente cirúrgico no bloco

operatório;

 Maximizar a intervenção na prevenção e controlo da infeção perante a pessoa em

situação critica e/ou falência orgânica, face á complexidade da situação.

Diapositivo 6
Justificação do Tema

 Necessidade de elaborar um documento (check list) que validasse o cumprimento


das intervenções de enfermagem no período pré-operatório efetuadas no serviço
de urgência Geral e o respetivo transporte do doente cirúrgico, desde o serviço
de urgência Geral até ao Bloco Operatório

facilitar a transmissão de informação

no sentido de haver continuidade de cuidados entre o Serviço de Urgência Geral e o


Bloco Operatório
Diapositivo 7
 Deparei-me com a dificuldade em obter informações acerca dos cuidados pré-
operatórios já efetuados ao doente cirurgico no serviço de urgência Geral

estado de consciência,

manutenção da via aérea,

ventilação,

circulação,

estado neurológico,

exposição,

a administração de terapêutica, grau de dependência, antecedentes pessoais e


alergias medicamentosas.

Diapositivo 8
 Constatei que o doente cirúrgico quando chega ao BO, vem na maioria das vezes
muito ansioso e com medo, quer do procedimento cirúrgico quer da anestesia,
traduzindo-se em vasoconstrição periférica e uma hipersensibilidade à dor;

 A preparação do doente para a cirurgia é muitas vezes inadequada;

 Carência de informação acerca dos cuidados prestados no período pré operatório;

Diapositivo 9

 Lacuna a nível da comunicação entre os profissionais de saúde, considerando que


muitas vezes a transmissão da informação acerca do doente cirúrgico era
incompleta.

Comprometer o desempenho tanto do profissional como também


de toda a equipa, pondo em causa a qualidade dos cuidados prestados.
Diapositivo
10
A comunicação contínua entre profissionais e entre profissionais/doente é
importante, uma vez que a transmissão de informação adequada, clara e precisa,
quer verbal, quer escrita, é uma forma de garantir a continuidade dos cuidados,
bem como a prevenção de eventos adversos, e consequentemente uma melhoria da
qualidade dos cuidados prestados.

A comunicação “(…) é um dos meios mais eficazes para a mudança de atitudes, já que
constitui a essência vital à condução dos Homens.”
(Morais, 2002:25)

Diapositivo
 Se o doente cirúrgico vier corretamente preparado do SUG

11
 O processo de indução anestésica é iniciado de imediato;
 O doente não tem que ser submetido a outros procedimentos;
 Ganha-se tempo;
 Estabelece-se uma comunicação assertiva.

O cuidado prestado ao doente cirúrgico durante o período pré operatório deve ser
planeado de acordo com a individualidade de cada doente, respeito pelas
necessidades físicas e emocionais do doente … tipo de cirurgia, rotina
implementada na instituição e o tempo disponível entre o internamento e a
cirurgia. Assim, obtém-se ganho quer no conforto e bem-estar para o doente quer
em tempos para se poderem cumprir os planos operatórios.
(Cristóforo e Carvalho, 2009)

Diapositivo
Procedimentos efetuados no SUG:
12
Preparação do doente cirúrgico:
 Comunicação da decisão cirúrgica;

 Procedimento a realizar;

 Fármacos a manter em perfusão durante o transporte;

 Informação ao doente/família/pessoa significativa;

 Confirmação prévia com o bloco operatório por via telefónica se está pronto para
receber o doente e antecipar alguma informação;

 Efetivar o transporte de acordo com o “sistema de avaliação de doentes para


transporte” (SADT) – preenchimento do scor (Protocolo PI.HSA.043.00)
Diapositivo
13 Preparação pré-operatória do doente:

 Preenchimento da check list no SUG.

Preparar o doente cirúrgico para o transporte até ao BO:


 Monitorizar o doente (doentes com instabilidade hemodinâmica);

 Colocar bala de O2 (quando necessário);

 Levar o processo do doente;

 Contactar o bloco operatório por via telefónica para avisar do início do


transporte.

Diapositivo
14 Em doentes ventilados:
 Monitorizar o doente (TA, FC, Sato2, FR);

 Ligar ventilador de transporte;

 Conectar o doente ao ventilador de transporte;

 Colocar ambú com mascara no suporte das bombas/seringas Infusoras;

 Levar mala de transporte.

(NOTA: o transporta intra hospitalar de doentes ventilados deve ser sempre feito
com acompanhamento médico e de enfermeiro)

Chegada ao Bloco Operatório

Diapositivo
Acolhimento do Doente Cirúrgico
15  Verifiquei que os Enfermeiros perioperatórios têm necessidade de fazer uma
colheita de dados direcionada para o ato anestésico e cirúrgico a que o doente vai
ser submetido;

 Constatei que seria fundamental a existência de um documento de fácil consulta


que caracterizasse rapidamente o doente nos pontos essenciais e que fornecesse
informações precisas ao enfermeiro perioperatório;

 O documento faria parte do processo clinico e nele constava a informação


pertinente e objetiva dos cuidados prestados ao doente cirúrgico.

melhoria da continuidade dos cuidados,

uma redução da probabilidade de erro.


Diapositivo
16

“O enfermeiro de anestesia é responsável por recolher e verificar todas as


informações que são necessárias junto do utente no dia da cirurgia e, efectuar
uma série de procedimentos diferenciados, de forma a proporcionar um ambiente
seguro a quem necessita de ser operado”

(Melo, s/d, p. 4)

Diapositivo
Compete ao enfermeiro de anestesia (fase pré anestésica e indução):
17
 Acolher o doente no BO: validar a permeabilidade do acesso venoso, cumprimento
do jejum e da pré medicação, alergias, próteses dentárias;
 Receber a informação do enfermeiro;

 Preparar e testar o material necessário para o ato anestésico;

 Verificar a operacionalidade do equipamento;

 Monitorizar o doente;

 Preparar a anestesia;

 Colaborar na indução anestésica do doente;

 Colaborar no posicionamento;

 Elaborar os registos de enfermagem.


(AESOP, 2006)

Diapositivo
18

Espera-se que o enfermeiro de anestesia consiga “ (…) manter uma observação e


vigilância intensivas; ter capacidade para despistar sinais e sintomas de
complicações que possam surgir; estar apto a atuar em situações de urgência e
emergência”

(AESOP, 2006, p. 110)


Diapositivo
19
Check List

Diapositivo
20 Etiqueta de identificação do doente
QUEIXA INICIAL:_____________________________________

Antecedentes Pessoais:

HTA Alterações Psíquicas


AVC Obesidade
Diabetes Outro(s)
Alergias: Qual?________________
Não Sim ______
Hábitos e Dependências:
Tabágicos
Etílicos
Drogas

Diapositivo
Avaliação Primária:

21 A - Via Aérea
Controlo da Cervical
Permeável Não permeável
Adjuvantes da Via Aérea:
Tubo de Guedel TET
Marcara Laringea Outro ______________________

B – Ventilação
Cianose Pieira / Farfalheira Dispneia Tiragem
SatO2 ____ % FR ____cpm Capnografia
Oxigenioterapia :
Óculos nasais_______l/min MV____%
VMNI IPAP____ EPAP____ FiO2_____L/min
VMI Modo Ventilatório ___________
Dreno Torácico Características do liquido __________

C – Circulação
Acesso Venoso Periférico: G 14 G16 G18 G20 Local__________
Cateter Central
Colheita de Sangue: Bioq Hemog. Coagulação Tipagem
Reserva de Sangue: Sim Não Transfusão Sanguinea

Fluidoterapia Qual?___________
Diapositivo
22
Avaliação Objetiva: Dor:

Parâmetros Vitais Hora __________

Tensão Arterial
mmHg
Frequência Cardíaca
bpm

Frequência
Respiratória Cicl./min

Temperatura
ºC

Diapositivo
23 D – Estado Neurológico
Glicémia Capilar ______mg/dl
Escala de Coma de Glasgow :

Pupilas:
Simétricas Assimétricas
Isocóricas Anisocóricas
Midríase Miose
Convulsão Défices Motores

E- Exposição
Feridas Fraturas Queimaduras Hematomas
Localização:

Outros procedimentos:
Algaliação Foley nº____ Sylastic nº______
Diurese _____ml Caracteristicas ________
SNG nº_____ Carateristicas ______

Diapositivo
Exames Complementares de Diagnóstico Realizados:

24 Rx Tórax ECG ECO TAC

Intervenções de Enfermagem no pré-operatório:

Intervenções Sim Não Observações


Confirmação da
identificação do
doente
Consentimentos
Assinados
Jejum de 6 horas
Tricotomia
Eliminação Vesical
Espontânea
Cateterismo Venoso e Qual_______________________________
Soro
Qual ____________ Horas____h___m
Medicação Qual______________ Horas____h___m
Administrada ___________________________________
Entregue espólio à
família
Diagnóstico à saída do serviço: ___________________________________________

Doente cirúrgico: Foro Ortopédico Foro Cirúrgico


Enfº do SUG (que prepara o doente) Enfº do Bloco Operatório (que recebe o
____________________________ doente)
(Rubrica, Nº Mec., Data) ________________________________
(Rubrica, Nº Mec., Data)
Diapositivo
25 Reflexão
 Comunicar é um dever e um direito de qualquer pessoa;

 A comunicação é uma ferramenta fundamental / instrumento básico do cuidado em


enfermagem;

 A comunicação deve estar presente em todas as ações realizadas com o doente,


seja para orientar, informar, apoiar, confortar ou observar as necessidades
básicas do doente;

 A comunicação é uma das ferramentas que o enfermeiro utiliza para desenvolver


e aperfeiçoar o saber-fazer profissional;

Diapositivo
 O enfermeiro deve considerar a comunicação como um instrumento indispensável
26 ao seu desempenho profissional, fazendo com que a informação chegue ao seu
destino de forma clara, evitando possíveis dúvidas, tanto no que se refere à
equipe multiprofissional quanto ao doente; garantindo assim a segurança em todos
os cuidados prestados;

 A comunicação faz parte da complexidade do cuidar e representa um elemento


essencial no cuidado;

 É considerada como o alicerce das nossas relações interpessoais;

 A comunicação tem um papel de instrumento com significado humanizado.

(Broca e Ferreira, 2012)

Diapositivo
27

Obrigado pela Atenção


ANEXO III

Quadro resumo dos artigos selecionados


Estudo 1 Estudo 2 Estudo 3 Estudo 4 Estudo 5

Use of a Nurses’ Pain Implementation of the


Adaptação
Behaviour Evaluation assessment in critical-care pain
cultural e
al Pain s of turning observation tool onpropriedades
Scale to the procedures for pain psicométrica
assess Feasibility patients with assessment/managem s
Título pain in and the invasive ent nursing practices
da versão
ventilated Clinical mechanical in an intensive care
Portuguesa
, Utility of ventilation unit with da escala
unconscio the nonverbal critically ill
Behavioral
us and/or Critical- adults: a before and
Pain Scale
sedated Care Pain after study – Intubated
patients Observatio Patient (BPS-
n Tool IP/PT)
Young, Gélinas Vazquez, Gélinas, Arbour, Batalha,
Siffleet, (2010) Pardavila, Michaud, Vaillant e Figueiredo,
Autor e Ano Nikoletti, Lucia, Desjardins (2011) Marques e
Shaw Aguado, Bizarro
(2006) Margall e (2013)
Asiain (2011)
Estudo Estudo Estudo Estudo descritivo Estudo
prospetiv descritivo descritivo retrospetivo descritivo de
o, prospetivo carater
Orientação
descritivo metodológic
Metodológica
o, de
tradução e
análise de
validade
psicométrica
Doentes Enfermeir 96 Enfermeiros da UCI a 3
sedados e os e participantes trabalhar a tempo enfermeiros,
inconscie doentes que foram inteiro ou a tempo 1 professor
ntes (44) ventilados intubados e parcial perito e 1
Participantes ventilados tradutor; 60
mecanicament doentes
e, alguns dos ventilados
quais estavam selecionados
conscientes e de forma
alguns acidental
inconscientes
Projeto Ferrament Escala CPOT Projeto Desenvolvim
Intervenções a de e dados do ento de
observação paciente painéis
intensiva
da dor
Evidência Nível V Nível V Nível V Nível V Nível V
ANEXO IV

Tipos e Níveis de Evidências


Tipos e Níveis de Evidências
I – Evidência forte a partir de pelo menos uma publicação de revisão sistemática de
múltiplos experimentos controlados randomizados, bem delineados.
II – Evidência forte a partir de pelo menos uma publicação de experimento controlado,
randomizado, correctamente projetado, com tamanho apropriado e em cenário clínico
apropriado.
III – Evidência a partir de apenas um experimento bem delineado, sem randomização,
de apenas um grupo do tipo antes e depois, de coorte, de séries temporais, ou de
estudos caso-controle.
IV – Evidência a partir de estudos não experimentais por mais de um centro ou grupo
de pesquisa.
V – Opiniões de autoridades respeitadas, baseadas em evidência clínica, estudos
descritivos ou relatórios de comitês de especialistas.

Figura 1 – Tipos e Níveis de Evidência

Fonte: Recuperado de http://seer.ufrgs.br/RevistaGauchadeEnfermagem/article/view/4633/2548


ANEXO V

Critérios de Avaliação da Qualidade Metodológica dos estudos – critérios da JBI


Fonte: Joanna Briggs Institute Reviewers’ Manual 2014 Edition. The Joanna Briggs Institute,
1-197. ISBN: 978-1-920684-11-2

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