Acórdão Inversão Ônus Da Prova
Acórdão Inversão Ônus Da Prova
Acórdão Inversão Ônus Da Prova
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA
ACÓRDÃO
Trata-se de agravo de instrumento interposto por GLEBER LOPES DE ALMEIDA contra a decisão
proferida pelo juízo da 3ª Vara Cível da Regional de Jacarepaguá, nos autos da ação que move em faze
dos agravados com a pretensão de repetição de indébito e indenização por danos morais decorrentes da
quitação de veículo que não reconhecida pelas rés suspostamente em razão de realizada mediante fraude.
Combate o agravante o indeferimento da inversão do ônus da prova em favor do autor.
Com efeito, a decisão atacada indeferiu a inversão do ônus da prova, nos senguintes termos:
“1) Fls. 87, contestação do 4º réu, fls. 150, contestação dos 1º e 2º réus e fls. 212, contestação do 3º
réu. Considerando o caráter público das ações judiciais, indefiro o pedido de Segredo de Justiça, por
ausência de previsão legal;
2) Fls. 88, contestação do 4º réu e fls. 150, contestação dos 1º e 2º réus. A preliminar de ilegitimidade
passiva apresentada não pode ser reconhecida. Conceitua-se a legitimidade das partes como
pertinência subjetiva da ação, bastando a mera afirmação de existência de relação jurídica pelo
demandante;
3) Fls. 150, contestação dos 1º e 2º réus. Indefiro a denunciação à lide pois não estão presentes
nenhuma das hipóteses do art. 125 do CPC, devendo eventual direito regressivo ser exercido por ação
autônoma;
4) Fls. 152, contestação dos 1º e 2º réus e fls. 219, contestação do 3º réu. Impugnação a Gratuidade
de Justiça. Observando os autos, especificamente os documentos de fls. 24, verificase que o autor
comprovou sua hipossuficiência financeira, fazendo jus à gratuidade de justiça concedida. Desta forma,
a pretensão da Impugnante carece de amparo legal. Convém mencionar que em momento algum a
parte Impugnante trouxe prova em contrário da afirmação de pobreza e, segundo nos ensina o art.
373, inciso I, do Código de Processo Civil, caberia a mesma trazer a prova do alegado, motivo pelo qual
REJEITO a presente impugnação, e MANTENHO o benefício da gratuidade de justiça.
5) Fls. 152, contestação dos 1º e 2º réus. Impugnação ao valor da causa. Rejeito a impugnação ao valor
da causa e mantenho o valor de R$ R$ 22.000,00 (vinte e dois mil reais). O valor da causa deve
corresponder ao benefício econômico pretendido. A parte autora formulou pedido certo nos termos
do art. 291 do Código de Processo Civil
6) Fls. 153, contestação dos 1º e 2º réus. Indefiro o pedido de alteração do polo passivo, considerando
que a lide encontra-se estabilizada, sendo necessária a análise de mérito para elucidação dos fatos e
responsabilidades;
7) Inexistem nulidades a serem supridas. Passo a sanear e organizar o processo para a fase probatória,
na forma do artigo 357, do CPC. Presentes as condições para o regular exercício do direito de ação e
pressupostos processuais. Partes capazes, bem representadas;
8) Fixo como ponto controvertido a matéria pertinente a falha na prestação do serviço dos réus, o ato
ilícito praticado e os danos provenientes deste;
10) Indefiro o pedido de inversão do ônus da prova requerido pela parte autora,
já que não se encontra presente o requisito legal de hipossuficiência técnica da
parte autora para comprovação de seu direito. Assim determino a distribuição do ônus
da prova na forma do art. 373, I e II do CPC;
Finaliza requerendo:
É o breve relatório.
É sabido que a verossimilhança das alegações é aparência da verdade, não exigindo sua
certeza. Já a hipossuficiência é examinada através da capacidade técnica e informativa do consumidor,
de suas deficiências neste campo para litigar com o fornecedor que por sua condição é detentor das
técnicas.
O art. 6º do CDC prevê entre seus direitos básicos: "a facilitação da defesa de seus
direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do
juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências."
O consumidor é a parte mais fraca da relação jurídica e a menos apta a produzir a prova
da veracidade de suas afirmações de que teria sido vítima de fraude. Também é certo que a instituição
financeira tem maior facilidade para comprovar não ter havido qualquer participação por parte de
qualquer preposto seu. A instituição financeira ré tem, inclusive, melhores condições para demonstrar
que as facilidades proporcionadas aos consumidores para concessão de seus produtos não os colocam
em situação de vulnerabilidade para sofrer fraudes em sua conta bancária.
No mesmo sentido:
Rio de Janeiro,