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O AUMENTO DO NÍVEL DE ANSIEDADE DOS PROFISSIONAIS DA

SAÚDE NO CONTEXTO DA PANDEMIA

Amanda Adriele Thibes


Eliana Perez Gonçalves de Moura
Universidade Feevale

RESUMO: A COVID-19, doença acusada pelo vírus Sars Cov 2, não afetou somente
a saúde física das pessoas, com ela desenvolveu-se um quadro de piora na saúde
mental, principalmente dos profissionais da saúde que atuam na linha de frente.
Esta pesquisa teve como objetivo compreender o aumento do nível de ansiedade
nesses profissionais durante o contexto da pandemia e suas consequências, através
da revisão da literatura científica.
Por fim, podemos concluir que a ansiedade é um dos maiores sintomas na crise de
saúde mental que a pandemia ocasionou, devido ao medo e as incertezas deste
contexto.
Ações que visem o aumento do bem estar e o enfrentamento dos sintomas de
ansiedade devem ser consideradas para combatermos este quadro.

Palavras-chave: Ansiedade. COVID-19. Pandemia.Saúde Mental.

1 INTRODUÇÃO

A COVID-19, doença infectocontagiosa causada pelo vírus Sars-Cov-2, teve


seu primeiro caso identificado em dezembro de 2019, na China. Em 11 de março de
2020, a COVID-19 foi caracterizada pela OMS como uma pandemia. Desde então,
tornou-se uma crise no sistema de saúde mundial.
A pandemia afetou a vida de todos, nas mais variadas esferas, mas,
principalmente, a saúde mental, apresentando situações de estresse e ansiedade. A
ansiedade é uma reação diante de uma situação que possa se caracterizar como
ameaçadora. Em alguns casos, a ansiedade se torna tão intensa, que prejudica o
funcionamento do indivíduo e lhe causa um sofrimento psíquico significativo. De
acordo com o DSM-5, os transtornos de ansiedade incluem transtornos que
compartilham características de medo e ansiedade excessivos e perturbações
comportamentais relacionadas. “O medo de ser infectado e de suscetibilidade à
morte, somados à rapidez de disseminação, à história natural e ao curso da doença
pouco conhecidos, tornam os impactos na saúde mental evidentes, o que suscita
maior atenção às intervenções e à avaliação de resultados direcionados ao
enfrentamento do medo e seus impactos.” falta referencia
Compreender o aumento do nível de ansiedade nos profissionais da saúde é
de extrema importância, pois as consequências relacionadas à saúde mental podem
persistir ao longo do tempo e gerar efeitos danosos a longo prazo.
O objetivo dessa pesquisa foi revisar a literatura científica a respeito da
ansiedade dos profissionais da saúde na pandemia para poder contribuir com
estratégias no enfrentamento da mesma.

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Após definir o objetivo da pesquisa, foi dado início às pesquisas em bases de


dados pertinentes. A base de dados escolhida foi a BVS – Biblioteca Virtual em
Saude, definida com base no objeto de estudo, relacionado à saúde mental. A busca
e a seleção dos estudos ocorreram entre os meses de outubro e novembro de 2021.
A busca foi iniciada com três palavras-chave: ansiedade, covid, profissionais
da saúde, o que resultou em 480 artigos. Aplicamos os filtros relacionados ao
assunto principal: ansiedade e pandemia. Selecionamos o idioma somente em
português, o que diminuiu nossa busca para 14 artigos. Destes 14, apenas 10 eram
pertinentes ao tema da pesquisa.
Destes 10 artigos, 3 abordavam o tema da saúde mental de enfermeiros da
linha de frente e 7 falavam sobre os profissionais em geral.
Após a leitura dos textos na íntegra, iniciou-se o processo de análise dos
resultados obtidos.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após as leituras e comparação dos diversos estudos realizados, podemos


perceber que a ansiedade é o sintoma que se destaca na crise de saúde mental
enfrentada pelos profissionais da área da saúde. “A prevalência de ansiedade nos
profissionais de saúde durante a pandemia da COVID-19 é elevada,
independentemente do continente de atuação profissional e da qualidade
metodológica dos estudos.” (SILVA, David et al., 2021, p.706).
Diante desse contexto pandemico, o aparecimento de uma doença com risco
de morte elevado causa grande aumento na pressão psicológica dos profissionais, e
se intensifica na presença de um vírus sem tratamento específico para salvar vidas.
O mundo do trabalho rapidamente se torna-se um complexo assustador, que gera
muito sofrimento, sensação de esvaziamento, medo e negatividade para os
profissionais que se encontram na linha de frente.
Outros fatores que influenciam o aumento desse nível de ansiedade são as
condições precárias, ambientes insalubres, falta de EPI 's adequados, sobrecarga de
trabalho e exigências das instituições. “Além dos relatos de jornadas exaustivas, dos
riscos naturais da infecção e da carência de equipamentos de proteção e estrutura
para atender aos pacientes, outro problema pontuado pelos participantes da
pesquisa foi o preconceito das pessoas em manter qualquer tipo de contato com
quem trabalha na linha de frente ao combate ao coronavírus.” ( PAULA, Ana Cláudia
Ramos de et al, 2021.)
Nos últimos meses, revisões sistemáticas demonstraram que, durante a
pandemia, profissionais da saúde têm sofrido esses impactos negativos em sua
saúde mental, o que pode ter consequências até em longos prazos (SANGHERA et
al., 2020; SILVA E NETO, 2020). Esses profissionais vêm ficando desmotivados a
interagir de maneira próxima com outras pessoas, o que intensifica o sentimento de
isolamento e medo.
Pesquisas apontam que quanto mais ansioso o indivíduo se apresenta,
menores são os níveis de resiliência, necessária nesse momento de pandemia, pois
é da resiliência que se manifestam a superação de situações e momentos
complexos ou de risco e a garantia da continuidade de um desenvolvimento
emocional saudável. (DANTAS, Eder et al, 2021, p.5).
A prática de atividades físicas regulares para promoção da saúde, adequação
dos ambientes de trabalho e EPI’s adequados, diminuição da exaustiva rotina e
carga horária de trabalho são estratégias que podem ser adotadas nesse contexto.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da análise e leitura dos artigos selecionados, podemos ver claramente
o aumento do nível de ansiedade nos profissionais da linha de frente do combate a
pandemia da COVID-19. Esse aumento tem relação com os medos e incertezas
destes trabalhadores imersos em uma realidade ainda desconhecida.
Podemos ver uma limitação nestes estudos, devido ao assunto ser muito
recente, a ausência da menção de profissionais que fazem parte da linha de frente
ao combate à pandemia, mesmo sem formação específica, que enfrentam também
os mesmos medos e sintomas de ansiedade.
Conclui-se que ações que visem à melhoria das condições de trabalho e que
estimulem a prática de atividades físicas podem ser benéficas para a manutenção e
fortalecimento das condições de saúde mental destes profissionais. Novas
estratégias para se promoção da saúde mental no ambiente profissional devem ser
consideradas.

REFERÊNCIAS

SILVA, David Franciole Oliveira; COBUCCI, Ricardo Ney; SOARES-RACHETI,


Vanessa de Paula; LIMA, Severina Carla Vieira Cunha; ANDRADE, Fabia Barbosa
de. Prevalência de ansiedade em profissionais da saúde em tempos de COVID-19:
revisão sistemática com metanálise. Ciência & Saúde Coletiva, Natal, v. 26, n. 2,
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SANGHERA, Jaspinder et al. The impact of SARS-CoV-2 on the mental health of


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Manual diagnostico e estatistico de transtornos mentais: DSM-IV. Porto Alegre:


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