PVC e Fibra de Vidro
PVC e Fibra de Vidro
PVC e Fibra de Vidro
São Paulo
2008
2
Área de Concentração:
Engenharia Metalúrgica e de Materiais
Orientador:
Prof. Dr. Francisco Rolando Valenzuela
Diaz
São Paulo
2008
Este exemplar foi revisado e alterado em relação à versão original, sob
responsabilidade única do autor e com a anuência de seu orientador.
FICHA CATALOGRÁFICA
AGRADECIMENTOS
Fernando Pessoa
(Poemas de Alberto Caiero em “O Guardador de Rebanhos”)
7
RESUMO
ABSTRACT
This work presents the impact of the short glass fiber incorporation in rigid PVC
compound through conventional processing techniques currently employed in the
Brazilian industry. It were studied the influences of a) glass fiber geometry (E type),
b) glass fiber content, c) titanium dioxide content and d) processing temperature in
the physical, mechanical and thermal properties. The adhesion conditions between
polymeric matrix and glass fiber was analyzed by scanning electron microscopy
(SEM). Cost-benefit relation of composites was evaluated using materials index
technique for mechanical conditions found in pressurized water pipes (cylinder with
internal pressure) and in building construction profiles (beam loaded in bending). The
results attained suggested that, in some cases, the mechanical properties
enhancement (such as the increase of 45% in the modulus of elasticity for
composites containing 20% of glass fiber) and the processing techniques required to
produce it can present an interesting cost-benefit relation.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 4.9 - Resistência à tração dos compósitos com 5% de fibra de vidro (picada e
moída). ......................................................................................................................76
Figura 4.10 - Resistência à tração dos compósitos com fibra de vidro moída (5% e
20%)..........................................................................................................................77
Figura 4.11 - Deformação no ponto máximo dos compósitos com 5% de fibra de
vidro (picada e moída)...............................................................................................77
Figura 4.12 - Deformação no ponto máximo dos compósitos com fibra de vidro
moída (5% e 20%).....................................................................................................78
Figura 4.13 - Módulo de elasticidade sob tração dos compósitos com 5% de fibra de
vidro (picada e moída)...............................................................................................78
Figura 4.14 - Módulo de elasticidade sob tração dos compósitos com fibra de vidro
moída (5% e 20%).....................................................................................................79
Figura 4.15 - Resistência ao impacto Charpy com entalhe dos compósitos com 5%
de fibra de vidro (picada e moída).............................................................................81
Figura 4.16 - Resistência ao impacto Charpy com entalhe dos compósitos com fibra
de vidro moída (5% e 20%). ......................................................................................81
Figura 4.17 - Resistência ao impacto Izod sem entalhe dos compósitos com 5% de
fibra de vidro (picada e moída)..................................................................................82
Figura 4.18 - Resistência ao impacto Izod sem entalhe dos compósitos com fibra de
vidro moída (5% e 20%). ...........................................................................................82
Figura 4.19 - Temperatura de deflexão térmica (HDT) dos compósitos com 5% de
fibra de vidro (picada e moída)..................................................................................84
Figura 4.20 - Temperatura de deflexão térmica (HDT) dos compósitos com fibra de
vidro moída (5% e 20%). ...........................................................................................84
Figura 4.21 - Variação do módulo elástico ou de armazenamento entre -50°C e
100°C dos compósitos com 5% de fibra de vidro (picada e moída). .........................86
Figura 4.22 - Variação do módulo elástico ou de armazenamento entre -50°C e
100°C dos compósitos com fibra de vidro moída (5 e 20%)......................................86
Figura 4.23 - Módulos elásticos ou de armazenamento dos compósitos com 5% de
fibra de vidro (picada e moída)..................................................................................87
Figura 4.24 - Módulos elásticos ou de armazenamento dos compósitos dos
compósitos com fibra de vidro moída (5 e 20%). ......................................................87
Figura 4.25 - Micrografia eletrônica de varredura do composto padrão. ...................88
Figura 4.26 - Micrografia eletrônica de varredura do compósito 5PSA. ....................88
13
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 - Consumo per capita na América do Norte, Europa Ocidental e Brasil em
2004 (em kg/habitante/ano, fonte: CMAI 2005)...........................................................6
Tabela 4.1 - Densidade aparente (Bulk Density, BD) dos compostos em pó............68
Tabela 4.9 - Resistências ao impacto Izod sem entalhe dos compósitos. ................80
Tabela 4.12 - Custo das matérias-primas, custo de transformação e custo total dos
compósitos (em R$/kg e %, sendo o custo total do composto padrão igual a 100%).
..................................................................................................................................95
Tabela 4.13 - Módulo elástico sob tração e índices de mérito módulo elástico / massa
específica e módulo elástico / massa específica / custo dos compósitos (minimização
de massa para modo de carregamento mecânico cilindro com pressão interna)......96
Tabela 4.14 - Módulo elástico sob tração e índices de mérito módulo elástico1/2 /
massa específica e módulo elástico1/2 / massa específica / custo dos compósitos
(minimização de massa para carregamento barra em flexão)...................................97
Tabela 5.2 - Relações entre módulo elástico obtido pelo ensaio de tração e os
módulos elásticos a 0°C, 23°C e 50°C obtidos na análise térmica dinâmico-
mecânica. ................................................................................................................112
PES Poli-éter-sulfona
PET Politereftalato de etileno
PIB Produto interno bruto
POM Polióxido de metileno
PP Polipropileno
PPO Polióxido de fenileno
PPS Polisulfeto de fenileno
PRFC Plástico Reforçado com Fibra de Carbono
PS Poliestireno
PVA Poli(acetato de vinila)
PVAL Poli(álcool vinílico)
PVC Poli(cloreto de vinila)
PVF Poli(fluoreto de vinila)
RIM Moldagem por injeção reativa (Reaction Injection Molding)
SAN Copolímero estireno-acrilonitrila
SMC Moldagem de composto em chapas (sheet molding compound)
UN Unidade de Negócios
U-PVC PVC não-plastificado (Unplasticized PVC)
18
LISTA DE SÍMBOLOS
S2 Desvio-padrão da amostra 2
SiO2 Sílica
t Tempo de eluição da solução
t0 Tempo de eluição do solvente puro
TiO2 Dióxido de titânio
Vmatriz Volume da matriz no compósito
Vfibra Volume da fibra de reforço no compósito
X Média aritmética de uma amostra
X1 Média aritmética da amostra 1
X2 Média aritmética da amostra 2
20
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................1
3. MATERIAIS E MÉTODOS.....................................................................................58
4. RESULTADOS ......................................................................................................68
5. DISCUSSÕES.......................................................................................................98
6. CONCLUSÕES ...................................................................................................117
1. INTRODUÇÃO
1.1. Justificativas para a elaboração da pesquisa
O poli(cloreto de vinila) - PVC - é o segundo termoplástico mais consumido no Brasil
(ABIQUIM, 2006) e no mundo (CMAI, 2006), sendo o termoplástico mais utilizado
nos setores de construção civil e infra-estrutura.
A resistência a diversos agentes químicos (tais como cal, cimento e produtos de
limpeza comumente utilizados no dia-a-dia), resistência à corrosão e à ação das
intempéries (quando corretamente aditivado para proteção à radiação ultravioleta em
produtos para uso externo), facilidade de pintura e colagem, comportamento auto-
extingüível em situações de incêndio, resistência mecânica adequada aliada a uma
excelente estabilidade dimensional (reflexo do baixo coeficiente de expansão
térmica linear) e baixa condutividade térmica (quando comparado a produtos
plásticos e metálicos comumente utilizados na construção civil – ver figura 1.1),
tornam os produtos de PVC excelentes opções para os mercados de construção civil
e infra-estrutura (CRAWFORD, 1998). Em síntese, os produtos de PVC apresentam
excelente relação custo/benefício, pois aliam desempenho adequado e elevada
durabilidade.
Outras propriedades comuns aos termoplásticos também são grandes vantagens
quando consideradas no projeto de um produto destinado à construção civil: baixa
massa específica, possibilidade de moldagem em qualquer desenho e/ou formato,
contribuição ao isolamento térmico e acústico, facilidade de instalação (pois pode ser
cortado, pregado e parafusado de modo mais fácil que os produtos convencionais da
construção civil) e baixa manutenção.
Dada esta tendência inata do PVC como material para produtos da construção civil,
o aumento da rigidez pela adição de fibras de reforço pode aumentar os tipos de
aplicações possíveis e/ou a competitividade do material, ampliando o seu mercado.
O aumento dos tipos de aplicações possíveis pode ser dado pela ampliação do
desempenho dos produtos em PVC em aplicações já conhecidas. Um exemplo seria
o aumento da pressão de serviço dos tubos de PVC, o que o tornaria uma excelente
opção para o mercado de tubos de elevada pressão, hoje atendidos pelo ferro
fundido e aço, principalmente. Atualmente, os tubos de adução de água para infra-
estrutura estão limitados à pressão de serviço de 1,6 MPa, conforme prescreve a
norma NBR 7665:2007.
2
200 PEBD
150
PVC Flexível PTFE
PEAD
100 PP ABS
PMMA PA 6.6
PVC Rígido PC
50
Alumínio
Aço Cobre
0
0,01 0,1 1 10 100 1000
Condutividade Térmica (W/m/K)
Figura 1.1 - Coeficiente de expansão térmica linear versus condutividade térmica do PVC, de
materiais plásticos e metálicos comumente utilizados na construção civil (CRAWFORD, 1998).
1.2. Objetivos
O objetivo principal deste trabalho é avaliar a incorporação de fibra de vidro curta
(descontínua) em PVC rígido, visando promover reforço mecânico do compósito final
em relação aos compostos tradicionalmente utilizados em extrusão de tubos e perfis
de PVC rígido.
A principal premissa da dissertação é utilizar os materiais, equipamentos e técnicas
convencionais da indústria brasileira de PVC para a incorporação da fibra de vidro
(ou seja, utilização de misturadores e processamento direto do pó em extrusoras
4
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. O Mercado de PVC
O termo “vinil” é normalmente associado ao PVC, principalmente quando se fala de
materiais para construção civil, mas segundo a definição de resina vinílica (ISO 472-
1979), é uma resina obtida pela polimerização de monômeros contendo o grupo
vinílico, podendo incluir, por exemplo, o poliestireno (que é polivinilbenzeno),
Poli(acetato de vinila) – PVA, base das tintas imobiliárias –, Poli(álcool vinílico) –
PVAL –, poli(fluoreto de vinila) – PVF - e outros compostos que contém o grupo vinil
CH2=CH-.
O PVC é o segundo termoplástico mais consumido em todo o mundo, com uma
demanda mundial de 32,2 milhões de toneladas e uma capacidade instalada de 39,0
milhões de toneladas em 2006 (CMAI, 2006).
Desta demanda mundial, 23% foram consumidos na América do Norte (destaque
para os Estados Unidos), 38% no Sudeste Asiático (destaque para a China), 20% na
Europa, 4% na América do Sul, 3% no Oriente Médio e 1% na África. Neste cenário,
o Brasil representa apenas 2,2% do consumo mundial de resina de PVC em 2006
(CMAI 2006).
Se considerarmos o consumo per capita de resina de PVC em 2004, veremos que
em países desenvolvidos o consumo se situa acima dos 2 dígitos, enquanto que nos
países em desenvolvimento, caso do Brasil, China, México e Argentina, o consumo
aproxima-se da média mundial de 4,6kg/habitante/ano, como pode ser visto na
figura 2.1 (CMAI 2005).
6
35,0
21,0
19,7
17,6
14,1
12,2
5,3 4,6
3,9 3,8
3,0
Taiwan EUA Coréia Canadá Europa Japão China Brasil México Argentina Mundo
do Sul Ocidental
Figura 2.1 - Consumo per capita de resina de PVC de países selecionados em 2005 (em
kg/habitante/ano, fonte: CMAI 2005).
Esta diferença significativa pode ser explicada pelo maior consumo per capita de
PVC em produtos ligados à construção civil e infra-estrutura, como tubos e conexões
(utilizados em maiores proporções na adução e distribuição de água potável e na
coleta de esgoto para saneamento) e em perfis (utilizados em maiores proporções
em esquadrias e outros perfis para construção civil, como sidings – lambris de
fachadas externas comuns no sistema construtivo americano e canadense –, decks,
cercas e gradis para varandas e quintais). Este consumo mais significativo em tubos
e conexões e perfis nos países desenvolvidos em relação ao Brasil está ilustrada na
tabela 2.1.
Tabela 2.1 - Consumo per capita na América do Norte, Europa Ocidental e Brasil em 2004 (em
kg/habitante/ano, fonte: CMAI 2005).
Filme
3,4%
Tubos
Espalmados 38,3%
4,0%
Calçados
7,8%
Laminados
11,9%
Fios e cabos
4,6% Perfis Conexões
13,3% 6,7%
Figura 2.2 - Segmentação do consumo brasileiro de 2006 por aplicação (fonte: ABIQUIM, 2007).
A partir dos dados constantes na figura 2.2 e utilizando informações levantadas pela
Braskem (gentilmente cedidas pela empresa), é possível segmentar o mercado de
PVC brasileiro de acordo com o processo de transformação utilizado, conforme pode
ser visto na tabela 2.2. O processo de transformação “extrusão” foi dividido em dois -
PVC rígido e PVC flexível -, pois as formulações utilizadas, os parâmetros de
processamento e propriedades de produto são significativamente diferentes em cada
caso. Tal segmentação pode ser vista na figura 2.3.
8
Tabela 2.2 - Conversão da segmentação do consumo brasileiro de resina de PVC por aplicação em
processos de transformação (fonte: estimativa Braskem a partir dos dados ABIQUIM 2007).
Sopro Outros
Espalmagem
2,2% Processos
4,0%
2,7%
Calandragem
4,8%
Injeção
14,5%
Extrusão
Flexível Extrusão Rígido
16,7% 55,2%
Figura 2.3 - Segmentação do consumo brasileiro de 2006 por processo de transformação (fonte:
estimativa Braskem a partir dos dados ABIQUIM 2007).
Curto
(< 2 anos)
15%
Muito longo
(20-100
anos)
42%
Médio
(2-10 anos)
17%
Longo
(10-20 anos)
26%
Figura 2.4 - Tempo de vida útil dos produtos de PVC na Europa Ocidental (fonte: ECVM, 2002).
A rota do etileno está sintetizada na figura 2.5. Como pode ser visto, os processos
de cloração direta e oxicloração necessitam ser balanceados para eficiência da rota.
Etileno (CH2=CH2)
Corrente de HCl
Oxigênio (O2) Oxicloração
Água
Figura 2.5 - Rota de produção de MVC a partir do etileno com o balanceamento dos processos de
cloração direta e oxicloração (RODOLFO JR., NUNES; ORMANJI, 2006).
Dióxido de Monóxido
carbono de carbono
(CO2) (CO)
Carvão (3C)
Figura 2.6 - Rota de produção do MVC a partir do acetileno, atualmente utilizado na China (adaptado
de TITOW, 1984).
mais adotada nas empresas em operação e nas novas empresas na China, devido
aos menores investimentos nos ativos fabris e custo de produção em relação às
rotas a partir do etileno, apesar da poluição causada no meio ambiente.
H H H H
Pressão
Temperatura
nC C Iniciadores C C + Calor (1)
H Cl H Cl n
Figura 2.7 - Processo de polimerização em suspensão (adaptado de CMAI 2005, World Vinyl
Analysis).
13
A resina obtida por este processo apresenta partículas com diâmetro variando entre
50 a 250 µm, porosas e irregulares, como pode ser visto na figura 2.8. Se uma
destas partículas é cortada de modo a revelar sua estrutura interna, tal como
mostrado na micrografia da figura 2.9, é possível observar que o seu interior é
formado de aglomerados de pequenas partículas com diâmetro médio de 1 µm,
conhecidas como partículas primárias. O volume entre estas partículas primárias é o
responsável pela porosidade da resina, característica esta que torna o processo de
incorporação dos aditivos ao PVC possível, através da ocupação deste volume livre,
facilitando a homogeneização e melhorando a processabilidade do composto. As
partículas primárias são formadas durante o processo de polimerização em
suspensão devido ao fato do PVC ser insolúvel em seu próprio monômero (TITOW,
1984; NASS; HEIBERGER, 1986).
Figura 2.8 - Micrografia eletrônica de varredura de partículas de PVC obtidas pelo processo de
polimerização em suspensão em um aumento de 100x (fonte: Braskem S/A, Centro de Tecnologia e
Inovação – UN Vinilícos).
14
Figura 2.9 - Micrografia eletrônica de varredura de uma partícula de PVC obtida pelo processo de
polimerização em suspensão, cortada de modo a exibir sua estrutura interna (NASS; HEIBERGER,
1986).
2
1,5 logη rel − 1 + 1 + + 2 + 1,5 logη rel ×1,5 logη rel
c
K = 1.000 logη rel (2)
150 + 300c
Sendo: ηrel = t / t0 (t = tempo de eluição da solução e t0 = tempo de eluição do
solvente puro);
c = concentração da solução em g/L.
180
Massa Molar Mw (x1000 g/mol)
160
60
140
120
40 100
80
60
20
40
20
0 0
45 50 55 60 65 70 75 80 85
Valor K
Figura 2.10 - Relação entre o valor K e massa molar numérica média – Mn – e massa molar ponderal
média - Mw (adaptado de SUMMERS, 1997).
16
5) Géis ou fish eyes: São partículas duras que não se plastificam quando
submetidas a condições específicas de processamento, conforme definição da
norma ASTM D-3596:2001. Normalmente apresentam-se na forma de pontos
translúcidos, devido a não-absorção dos aditivos tais como plastificantes,
lubrificantes e estabilizantes térmicos. Em produtos flexíveis, os géis ou fish eyes
são usualmente causados por partículas não-porosas ou de baixíssima
porosidade formadas durante a polimerização em suspensão ou pela não-
uniformidade do composto durante o processamento. Em aplicações rígidas a
contaminação com resinas de alta massa molar a principal causa de géis.
Cl Cl Cl Cl Cl Cl
+
Cl Cl Cl Cl Cl Cl -
- HCl
Cl Cl Cl Cl Cl
+
-
Cl Cl Cl Cl Cl
- HCl
Cl Cl Cl Cl
Tabela 2.3 - Exemplo de formulação de tubo de esgoto predial em notação tradicional (pcr, partes por
cem partes de resina) e notação em porcentagem de massa, com a respectiva conversão entre as
notações.
100
Resina de PVC 100 pcr × 100% 84,7%
118
2,2
Complexo estabilizante de cálcio/zinco 2,2 pcr × 100% 1,9%
118
15
Carbonato de cálcio 15 pcr × 100% 12,7%
118
0,8
Dióxido de titânio 0,8 pcr × 100% 0,7%
118
118
Total 118 pcr × 100% 100,0%
118
Figura 2.12 - Misturador intensivo utilizado na preparação de compostos de PVC para resinas obtidas
pelo processo de polimerização em suspensão (adaptado de TITOW, 1984).
Figura 2.13 - Conjunto misturador intensivo / resfriador horizontal (adaptado de TITOW, 1984).
23
Figura 2.14 - Exemplo de um conjunto misturador intensivo / resfriador horizontal de escala industrial
(fonte: Braskem S/A, Centro de Tecnologia e Inovação – UN Vinílicos).
ou PVC rígido, sendo que este último termo significa que a composição de PVC até
pode possuir plastificante, mas em quantidade ainda não suficiente para alterar o
módulo elástico e a dureza de forma significativa. A redução do módulo (e
geralmente da resistência mecânica e dureza) são características que a adição de
plastificante promove à composição de PVC. O componente principal da formulação
de um composto rígido é a resina de PVC, contendo também estabilizantes térmicos,
lubrificantes, modificadores, cargas e pigmentos necessários ao processamento,
controle das propriedades e de cor, conforme definem as normas ASTM D-
1784:2007 e ISO 1163-1:1995.
Adicionalmente, a norma ASTM D-883:2007 definem “plástico rígido” como materiais
plásticos que à temperatura e umidade ambientes (23°C e 50% de umidade,
respectivamente) apresentam módulo de elasticidade (na flexão ou tração) maior
que 700 MPa.
Os principais aditivos utilizados na formulação de um composto de PVC rígido são
os estabilizantes térmicos, lubrificantes, cargas e reforços, auxiliares de
processamento, modificadores de impacto e pigmentos.
2.4.2. Lubrificantes
São aditivos que, quando adicionados em pequenas quantidades aos compostos de
PVC, facilitam o movimento relativo entre as moléculas do polímero e/ou entre a
massa polimérica e sua vizinhança. Existem 3 classes principais de lubrificantes: os
internos, os externos e as associações de lubrificantes.
Os lubrificantes internos são aqueles cuja função é reduzir o atrito entre as cadeias
poliméricas do PVC, facilitando o fluxo do polímero fundido. Para tanto, devem
apresentar alta compatibilidade e miscibilidade com a molécula de PVC. Podem ser
destacados como exemplos os ésteres de ácidos graxos de álcoois polivalentes, os
álcoois graxos e os ésteres de álcoois graxos, onde predominam grupos altamente
polares.
Os lubrificantes externos são aqueles cuja função é facilitar o movimento relativo
entre a massa polimérica e as superfícies metálicas dos equipamentos de processo,
tais como roscas, matrizes, cilindros, etc. Consistem de substâncias químicas
basicamente apolares ou de baixa polaridade, tais como os ácidos graxos
(destacando-se a estearina ou ácido esteárico) e os hidrocarbonetos de alta massa
molar (parafinas e ceras de polietileno).
As associações de lubrificantes são aquelas em que são combinadas as ações de
lubrificantes internos e externos. Podem ser citados como exemplos alguns ésteres
ácidos graxos e os ésteres complexos de alta massa molar.
Como os co-precipitados já possuem os tipos de lubrificantes e dosagens corretas
para cada tipo de processamento, os lubrificantes são adicionados apenas para
pequenas correções necessárias para se encontrar as melhores condições de
processamento, às vezes não obtidas apenas com as dosagens indicadas dos co-
27
2.4.6. Pigmentos
Muitas das aplicações do PVC requerem uso de pigmentos por razões estéticas e/ou
para melhorar estabilidade à radiação ultravioleta, melhorando assim resistência ao
intemperismo. Os pigmentos se distinguem dos corantes, pois são insolúveis no
polímero. Como no caso de qualquer aditivo, a seleção do pigmento deve levar em
conta a compatibilidade com os demais aditivos utilizados no composto. Os
pigmentos podem ser dosados em diferentes formas, sendo a mais comum o pó fino
e seco. Também são possíveis a incorporação na forma de mistura seca, pasta,
30
Composto de PVC
rígido em pó
Voláteis
(via bomba de vácuo)
Figura 2.16 - Rosca de 2 estágios de compressão (RODOLFO JR.; NUNES; ORMANJI, 2006).
Figura 2.17 - Extrusora de rosca dupla contra-rotacional utilizada para a produção de tubos e perfis
rígidos de PVC (RODOLFO JR.; NUNES; ORMANJI, 2006).
Figura 2.18 - Linha de produção de perfis rígidos de PVC (RODOLFO JR.; NUNES; ORMANJI,
2006).
36
Existem diferentes composições para a fibra de vidro, sendo que os mais utilizados
na indústria são:
1) Tipo E (eletrical): é uma composição de cálcio, alumínio e borosilicato com baixo
teor de componentes alcalinos. É a fibra mais utilizada em materiais reforçados.
Possui razoável resistência mecânica e rigidez, bom isolamento elétrico e custo
relativamente baixo, mas a sua resistência ao impacto é baixa. Sua densidade é
de 2,54 g/cm3, o módulo de elasticidade sob flexão é de 69 GPa e a resistência à
tração é de 2,40 GPa (MURPHY, 1994);
2) Tipo C (corrosion): possui melhor resistência química do que as demais e é muito
utilizado em tecidos e mantas;
3) Tipo S: possui alto teor de sílica e é capaz de resistir a temperaturas elevadas.
Além disso, possui módulo de elasticidade e resistência à tração maiores do que
as demais. Seus filamentos são de diâmetros menores, o que eleva a área
superficial dos reforços. Foi desenvolvido a partir das demandas técnicas da
indústria aeroespacial e de defesa. O Tipo S foi inicialmente desenvolvido nos
Estados Unidos: na Europa é muito comum um tipo muito similar em
propriedades e em densidade conhecido como tipo R. Sua densidade é de
2,49g/cm3, o módulo de elasticidade sob flexão é de 86 GPa e a resistência à
tração é de 3,45 GPa (MURPHY, 1994).
A figura 2.20 mostra um comparativo entre as curvas de tensão-deformação de
algumas fibras selecionadas: apesar de propriedades mecânicas menores que as
fibras de carbono, boro e aramida (Kevlar®) o custo reduzido das fibras de vidro em
relação aos demais tipos de fibra citados as tornam reforços de excelente custo-
benefício.
39
5,0
4,0
Fibra de Vidro
Fibra de Aramida Tipo S
Fibra de Boro
Tensão (GN/m2)
Fibra de Vidro
2,0
Tipo E
1,0
0,0
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0
Deformação (%)
Elongitudinal = E fibra × φ fibra + Ematriz × φmatriz = E fibra × φ fibra + Ematriz × (1 − φ fibra ) (3)
A fração volumétrica pode ser determinada através da sua fração em massa e das
densidades de massa dos componentes, conforme detalhado na eq. (5):
m fibra
V fibra ρ fibra
φ fibra = = (5)
V fibra + Vmatriz m fibra mmatriz
+
ρ fibra ρ matriz
2.8.1. Produção
Os principais termoplásticos utilizados como matrizes para compósitos
termoplásticos reforçados com fibra de vidro são polipropileno, polietileno, poliamida,
ABS (terpolímero acrilonitrila-butadieno-estireno), poliacetal (POM – polióxido de
metileno), PBT (politereftalato de butadieno), PET (politereftalato de etileno),
policarbonato e alguns plásticos especiais de elevado desempenho, como PPO
(polióxido de fenileno), PES (poli-éter-sulfona), PEI (poli-éter-imida), PEEK (poli-éter-
éter-cetona) entre outros.
O processo de produção de compósitos termoplásticos reforçados com fibra de vidro
é essencialmente o mesmo daquele utilizado em compostos termoplásticos não-
reforçados. Extrusoras de rosca dupla providas de rosca de dois estágios e zona de
degasagem são utilizadas, geralmente co-rotantes interpenetrantes. Neste caso, as
fibras curtas (descontínuas) são introduzidas na massa fundida através de um
alimentador lateral posicionado o mais próximo do final da rosca de modo a evitar a
quebra da fibra de vidro, o que reduz o cisalhamento imposto à fibra. Devido à
elevada abrasividade da fibra de vidro, a manutenção da rosca e cilindro ocorre em
42
Polímero
Alimentação de
Fibra de Vidro
Dosagem
gravimétrica
Vácuo
Granulador
Compósito
Figura 2.22 - Produção de compósito termoplástico reforçado com fibra de vidro (adaptado de
MURPHY, 1994).
µ m)
Comprimento da Fibra de Vidro (µ
Após Extrusão
Após Injeção
Figura 2.23 - Efeito da taxa de compressão da rosca no comprimento da fibra de vidro após os
processos de extrusão e injeção (adaptado de PETERS, 1998).
Aumento
do teor de
Fibra de
Vidro
Tensão (MPa)
Termoplástico
não reforçado
Deformação (%)
Figura 2.24 - Efeito da incorporação de quantidades crescentes de fibra de vidro na curva tensão-
deformação, em relação a um termoplástico não reforçado (PETERS, 1998).
25,0 24,0
23,0
22,0
21,0
3
14,5 14,5
15,0
11,8 11,5 12,0
11,0
8,8 9,5 9,5 9,5
10,0 7,8 8,2 8,5
6,5 6,0
5,0
5,0
0,0
Poliacetal PA 6 PA 6.6 PC PP PPS ABS PPO SAN PBT PET
(25%) (30%) (30%) (10%) (20%) (40%) (20%) (20%) (20%) (30%) (30%)
2,5
6
2,05
2,0
1,5
1,25 1,25 1,30
1,20 1,20
1,05
1,0 0,90 0,92
0,75
0,54 0,48
0,5 0,41 0,38 0,40 0,38 0,40 0,40
0,34 0,30 0,28
0,10
0,0
Poliacetal PA 6 PA 6.6 PC PP PPS ABS PPO SAN PBT PET
(25%) (30%) (30%) (10%) (20%) (40%) (20%) (20%) (20%) (30%) (30%)
Figura 2.26 - Módulo elástico sob tração de termoplásticos não-reforçados versus termoplásticos
reforçados com fibra de vidro (adaptado de MURPHY, 1994).
1,8
1,61 1,64
1,6 1,56
1,52
Massa Específica (g/cm )
1,48
3
1,41
1,37
1,4 1,34
1,30 1,31
1,26
1,21 1,20 1,22 1,21 1,22
1,2 1,13
1,10
1,04 1,03 1,05
1,0 0,92
0,8
0,6
Poliacetal PA 6 PA 6.6 PC PP PPS ABS PPO SAN PBT PET
(25%) (30%) (30%) (10%) (20%) (40%) (20%) (20%) (20%) (30%) (30%)
Algumas propriedades são maximizadas com a adição de fibra de vidro, tais como
as propriedades térmicas. O HDT (temperatura deflexão térmica) sofre aumento
acentuado nos polímeros cristalinos (como PP, PA, PPS, PET e PBT) em relação
aos polímeros amorfos. Isto pode ser explicado pelo fato dos termoplásticos
cristalinos possuírem o HDT acima da temperatura de transição vítrea (Tg). Com a
adição das fibras de reforço, o HDT aproxima-se da temperatura de fusão cristalina
(Tm), pois a adição de fibra reduz as movimentações moleculares da fase amorfa
(formando um “esqueleto” rígido), diminuindo também o coeficiente de expansão
térmica, o que proporciona maior estabilidade dimensional às peças moldadas
(BRYDSON, 1995).
A figura 2.28 mostra o aumento do HDT para alguns termoplásticos selecionados
devido adição de diferentes quantidades de fibra de vidro (MURPHY, 1994).
47
300,0
266
254
250,0
211 213 216
200,0
HDT (°C)
161
141 142
150,0 132 132 135
110 104 99 104 102
100
100,0 85 85
75
60 65
50,0
0,0
Poliacetal PA 6 PA 6.6 PC PP PPS ABS PPO SAN PBT PET
(25%) (30%) (30%) (10%) (20%) (40%) (20%) (20%) (20%) (30%) (30%)
A adição de fibra também aumenta a resistência ao impacto, como pode ser visto na
figura 2.29 (MURPHY, 1994). Entretanto, para alguns termoplásticos amorfos (como
o policarbonato e o ABS) que já possuem resistência ao impacto elevada, as fibras
de vidro podem atuar como pontos concentradores de tensão, uma vez que a
interface entre fibra e matriz termoplástica não apresenta excelente adesão,
reduzindo drasticamente esta propriedade (BRYDSON, 1995).
20,0
Resistência ao Impacto Izod (ft.lb/in)
18,0
16,0
16,0
14,0
12,0
10,0
8,0
6,0 5,0
4,5
4,0
1,8 2,2 2,2 2,0 1,8 1,8 1,8
1,5 1,2 1,1
2,0 1,0 0,6 0,8 0,8 0,7
0,5 0,5
0,0
Poliacetal PA 6 PA 6.6 PC PPS ABS PPO SAN PBT PET
(25%) (30%) (30%) (10%) (40%) (20%) (20%) (20%) (30%) (30%)
compósitos com 30% de fibra de vidro, o que pode trazer vantagens significativas na
estabilidade dimensional dos produtos finais.
Também foi encontrado um resumo de WOODS, RODRIGUEZ e MILLWARD (1995),
no qual curvas de fluência em diversas temperaturas foram realizadas, visando
avaliar o efeito da temperatura e do tempo no módulo dos compósitos Fiberloc®.
Um trabalho posterior de WOODS e ELLEITHY (1999) mostrou que o fator de
redução do módulo na fluência à temperatura ambiente dos compósitos da Polyone
Corporation se reduz com o aumento da quantidade de fibra de vidro de 1,8 no
compósito com 10% de fibra de vidro em massa para 1,4 no compósito com 30% de
fibra de vidro.
A figura 2.29 mostra as massas específicas dos compósitos de PVC com fibra de
vidro Fiberloc® disponíveis no mercado americano. Cabe ressaltar que as famílias de
início 805, 815 e 825 são para produtos de uso interno (sem aditivação adequada
para promover resistência à radiação UV, ou seja, não possuem dosagem de dióxido
de titânio acima de 3 pcr) e as famílias 835, 855 e 975 são para produtos de uso
externo (com aditivação adequada para promover resistência à radiação UV, ou
seja, possuem dosagem de dióxido de titânio entre 6 e 12 pcr). O final do código
representa a dosagem de fibra de vidro. Exemplo: o compósito 80520 apresenta
dosagem de 20% em massa de fibra de vidro.
Já a figuras 2.30, 2.31 e 2.32 mostram, respectivamente, a massa específica, as
resistências à tração/flexão e os módulos de elasticidade obtidos sob tração/flexão
dos compósitos de PVC com fibra de vidro Fiberloc® disponíveis no mercado
americano.
52
1,7
1,62 1,62
1,6
Massa Específica (g/cm )
1,55
3
1,54
1,53 1,52
1,3
1,2
80510 81510 82510 83510 97510 80520 81520 85520 97520 80530 81530 97530
®
Figura 2.30 - Massa específica dos compósitos de PVC reforçados com fibra de vidro Fiberloc
disponíveis no mercado americano (fonte: POLYONE, 2007).
180,0
Resistência à Tração Resistência à Flexão
159
160,0
Resistência à Tração ou Flexão (MPa)
145
138
140,0
121
117
120,0
107
103 103 103 103
97 96
100,0
87 86
83 79
76
80,0 69
62 62 60 63
60,0 55 55
40,0
20,0
0,0
80510 81510 82510 83510 97510 80520 81520 85520 97520 80530 81530 97530
Figura 2.31 - Resistência à tração e resistência à flexão dos compósitos de PVC reforçados com fibra
®
de vidro Fiberloc disponíveis no mercado americano (fonte: POLYONE, 2007).
53
10,0 9,7
Sob Tração Sob Flexão 9,3 9,3
9,0
7,6 7,8
Módulo de Elasticidade (GPa)
8,0
6,8 6,9 7,0
7,0 6,4
6,2 6,2
6,0 5,3 5,5 5,5 5,5
5,1 5,2
4,8 4,8
5,0 4,5 4,5
4,1 4,1
3,8
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
80510 81510 82510 83510 97510 80520 81520 85520 97520 80530 81530 97530
Figura 2.32 - Módulo de elasticidade sob tração e sob flexão dos compósitos de PVC reforçados com
®
fibra de vidro Fiberloc disponíveis no mercado americano (fonte: POLYONE, 2007).
Tabela 2.4 - Materiais selecionados para a construção de um quadro de bicicleta, com os respectivos
tensão de escoamento, massa específica, índice de mérito e custo final da peça (adaptado de
FERRANTE, 1996).
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. Materiais e equipamentos utilizados
O experimento consistiu na avaliação dos efeitos da incorporação de diferentes
quantidades de fibra de vidro em compostos de PVC rígido sem dióxido de titânio
(ou seja, analisando a situação de compostos de cores não-claras para uso interno)
e em compostos de PVC rígido com dióxido de titânio (aditivado adequadamente
para possuir resistência à radiação UV, ou seja, para uso externo). Foi avaliado 1
tipo de fibra de vidro E em 2 tamanhos diferentes (fibra picada de 6,4mm de
comprimento e fibra moída de 1,5mm de comprimento), em duas quantidades de
fibra de vidro (5% e 20%), sendo os compostos em pó resultantes processados em 2
perfis de temperaturas de extrusão distintos.
A tabela 3.1 apresenta um resumo das variáveis abordadas neste procedimento
experimental.
Variável Níveis
Tamanho médio da fibra de 1) Fibra de vidro picada 737B de tamanho médio de 6,4mm
vidro 2) fibra de vidro moída 737B de tamanho médio de 1,5mm
1) 5% em massa
Dosagem da fibra de vidro
2) 20% em massa
1) 0pcr (compostos para uso interno de cores não-claras)
Dosagem de dióxido de titânio
2) 8pcr (compostos para uso externo de cores claras)
Temperaturas de 1) Perfil de temperaturas nas zonas da extrusora: 170-175-180°C
processamento 2) Perfil de temperaturas nas zonas da extrusora: 190-195-200°C
A fibra de vidro utilizada foi o tipo 737B de 14µm de diâmetro, gentilmente cedida
pela Owens Corning. A fibra de vidro de tamanho médio de 6,4mm é o tamanho
padrão para reforço de termoplásticos. A outra opção possível disponibilizada pelo
fabricante foi a de tamanho médio 1,5mm, obtido pela moagem das fibras picadas.
Os níveis de dosagem de fibra de vidro foram escolhidos devido a 2 fatores:
1) Testes iniciais realizados com dosagens de 30% revelaram que, tanto para os
compósitos com fibra de vidro picada quanto para os compósitos de fibra moída,
a incorporação de fibra de vidro no resfriador durante o processo de mistura
resultava na formação de aglomerados (de aspecto similar a “algodão doce”),
59
Como não há disponível fibra de vidro com tratamento superficial específico para
PVC no Brasil, foi selecionado o tipo utilizado em compósitos de poliuretano
moldados por injeção reativa (RIM - Reaction Injection Moulding), segundo indicação
do fabricante Owens Corning. Dado que PVC e PU possuem elevada afinidade
química, o agente de acoplagem utilizado para poliuretano teoricamente
apresentaria bom resultado como agente de acoplagem para PVC.
Em relação ao uso de dióxido de titânio, a premissa de utilizar 2 níveis para cada
variável também foi seguida. Para o maior nível, utilizou-se 8pcr de dióxido de
titânio, o qual é a dosagem típica em formulações de compostos de PVC rígido para
uso externo (como em perfis rígidos de janelas). Esta dosagem promove a proteção
60
Tabela 3.2 - Formulação do composto padrão utilizada no experimento (as quantidades se encontram
em pcr - partes por cem partes de resina de PVC).
Para facilitar o procedimento experimental, foi utilizada uma codificação ABCD das
amostras sendo:
A = Dosagem de fibra de vidro (5% ou 20%);
B = Tipo de fibra utilizada (P=picada ou M=moída);
C = Dosagem de dióxido de titânio (S=sem dióxido de titânio e T=8,0pcr de dióxido
de titânio);
61
ensaio de tração (conforme norma ASTM D-638:2003, tipo I), para o ensaio de HDT
(conforme norma ASTM D-648:2007) e para o ensaio de resistência ao impacto
Charpy com entalhe (conforme norma ASTM D-6110:2006). Foram confeccionados
10 corpos-de-prova para cada ensaio descrito, sendo condicionados por 40 h na
temperatura de (23±2)°C e (50±5)% de umidade relativa do ar, conforme as
recomendações da norma ASTM D-618:2005.
Observação: O custo de fibra moída é cerca de 35% maior do que o custo da fibra
picada, pois é adicionado o custo do processo de moagem (informação fornecida
pela Owens Corning).
BD =
m
100
[
g .cm − 3 ] (6)
2) Fluxo seco (conforme norma ASTM D-1895:2003): avalia a facilidade com a qual
uma resina ou composto de PVC em pó escoa em um funil de dimensões pré-
determinadas. A medida obtida neste ensaio é o tempo de escoamento, expresso
em segundos.
3) Resistência ao impacto Izod sem entalhe (conforme norma ASTM D-256:2006): foi
determinada em 10 corpos-de-prova para cada amostra em equipamento de Impacto
Ceast Resil 5.5. Este ensaio foi incluído após o planejamento inicial e, como havia
limitação de placas prensadas, optou-se pelo ensaio Izod devido à dimensões do
corpo-de-prova (possui metade do comprimento do corpo-de-prova do ensaio
Charpy).
65
Custo Total Compósito = Custo das Matérias-Primas Compósito + Custo de Transformação Compósito (8)
66
Tabela 3.5 - Valores de distribuição t de Student monocaudal para alguns valores de graus de
liberdade no nível de significância α= 0,05.
15 2,131
tα / 2 S tα / 2 S
X− <µ< X + (11)
n n
68
4. RESULTADOS
4.1. Avaliação das amostras dos compostos em pó
Os compósitos com 20% de fibra picada formaram aglomerados durante a
incorporação de fibra de vidro realizado no misturador, inviabilizando as análises
destes compósitos. Deste modo, não serão apresentados resultados dos compósitos
20PSA, 20PSC, 20PTA e 20PTC.
As tabelas 4.1 e 4.2 detalham a densidade aparente (Bulk Density, BD) e o fluxo
seco dos compostos em pó, respectivamente, e as figuras 4.1 e 4.2 mostram os
gráficos comparativos das propriedades em questão.
Tabela 4.1 - Densidade aparente (Bulk Density, BD) dos compostos em pó.
3
Densidade aparente (g/cm )
Amostra
Medida 1 Medida 2 Média
Padrão 0,6389 0,6401 0,640 ± 0,001
5PSA 0,6537 0,6543 0,654 ± 0,001
5PSC 0,6537 0,6543 0,654 ± 0,001
5PTA 0,7091 0,7069 0,708 ± 0,002
5PTC 0,7091 0,7069 0,708 ± 0,002
5MSA 0,6357 0,6354 0,636 ± 0,001
5MSC 0,6357 0,6354 0,636 ± 0,001
5MTA 0,6890 0,6882 0,689 ± 0,001
5MTC 0,6890 0,6882 0,689 ± 0,001
20MSA 0,6394 0,6355 0,637 ± 0,003
20MSC 0,6394 0,6355 0,637 ± 0,003
20MTA 0,6702 0,6681 0,669 ± 0,001
20MTC 0,6702 0,6681 0,669 ± 0,001
0,72
0,708
0,70
0,689
Densidade Aparente (g /cm3)
0,68
0,669
0,66 0,654
0,640 0,637
0,64 0,636
0,62
0,60
Padrão 5PSA e 5PTA e 5MSA e 5MTA e 20MSA e 20MTA e
5PSC 5PTC 5MSC 5MTC 20MSC 20MTC
Figura 4.1 - Densidade aparente (bulk density, BD) dos compostos em pó.
16,0
13,9
14,0
12,6
12,0
10,7
9,9 10,2
9,8
10,0 9,4
Tempo (seg)
8,0
6,0
4,0
2,0
0,0
Padrão 5PSA e 5PTA e 5MSA e 5MTA e 20MSA e 20MTA e
5PSC 5PTC 5MSC 5MTC 20MSC 20MTC
11,0
10,2 10,1
9,9 10,0
10,0 9,5
9,3
9,0
Produtividade na Extrusão (kg/h)
7,0
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
Padrão 5PSA 5PSC 5PTA 5PTC 5MSA 5MSC 5MTA 5MTC
Figura 4.3 - Produtividade média observada durante a extrusão dos compósitos com 5% de fibra de
vidro (picada e moída).
71
11,0
10,0 10,1
10,0
9,0
9,0
8,4
Produtividade na Extrusão (kg/h)
8,1
8,0 7,7 7,8
7,6 7,6
7,0
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
Padrão 5MSA 5MSC 5MTA 5MTC 20MSA 20MSC 20MTA 20MTC
Figura 4.4 - Produtividade média observada durante a extrusão dos compósitos com fibra de vidro
moída (5% e 20%).
14,0
13,0
12,0 11,7
11,0 11,2
11,0
10,2
Amperagem na Extrusão (A)
10,0
9,2 9,1
9,0
7,8 7,6
8,0 7,4
7,0
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
Padrão 5PSA 5PSC 5PTA 5PTC 5MSA 5MSC 5MTA 5MTC
Figura 4.5 - Amperagem observada durante a extrusão dos compósitos com 5% de fibra de vidro
(picada e moída).
72
14,0
13,0
12,0 11,7
11,2
11,0
10,0
Amperagem na Extrusão (A)
9,8
10,0
9,0 8,6 8,4
7,8 7,6
8,0 7,4
7,0
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
Padrão 5MSA 5MSC 5MTA 5MTC 20MSA 20MSC 20MTA 20MTC
Figura 4.6 - Amperagem observada durante a extrusão dos compósitos com fibra de vidro moída (5%
e 20%).
73
* CP = Corpo-de-prova
74
1,56
1,54
1,52
1,50
Massa Específica (g/cm3)
1,48
1,42
1,34
1,32
1,30
Padrão 5PSA 5PSC 5PTA 5PTC 5MSA 5MSC 5MTA 5MTC
Figura 4.7 - Massas específicas dos compósitos com 5% de fibra de vidro (picada e moída).
1,56
1,50
Massa Específica (g/cm3)
1,42
1,40 1,389
1,382
1,38
1,358
1,36
1,34
1,32
1,30
Padrão 5MSA 5MSC 5MTA 5MTC 20MSA 20MSC 20MTA 20MTC
Figura 4.8 - Massas específicas dos compósitos com fibra de vidro moída (5% e 20%).
75
50
48
46
Resistência à Tração (MPa)
44
42
40
38
36
34
32
30
Padrão 5PSA 5PSC 5PTA 5PTC 5MSA 5MSC 5MTA 5MTC
Figura 4.9 - Resistência à tração dos compósitos com 5% de fibra de vidro (picada e moída).
77
50
48
46
Resistência à Tração (MPa)
44
42
40
38
36
34
32
30
Padrão 5MSA 5MSC 5MTA 5MTC 20MSA 20MSC 20MTA 20MTC
Figura 4.10 - Resistência à tração dos compósitos com fibra de vidro moída (5% e 20%).
5,4
5,2
5,0
4,8
Deformação no Ponto Máximo (%)
4,6
4,4
4,2
4,0
3,8
3,6
3,4
3,2
3,0
2,8
2,6
2,4
2,2
2,0
Padrão 5PSA 5PSC 5PTA 5PTC 5MSA 5MSC 5MTA 5MTC
Figura 4.11 - Deformação no ponto máximo dos compósitos com 5% de fibra de vidro (picada e
moída).
78
5,4
5,2
5,0
4,8
Deformação no Ponto Máximo (%)
4,6
4,4
4,2
4,0
3,8
3,6
3,4
3,2
3,0
2,8
2,6
2,4
2,2
2,0
Padrão 5MSA 5MSC 5MTA 5MTC 20MSA 20MSC 20MTA 20MTC
Figura 4.12 - Deformação no ponto máximo dos compósitos com fibra de vidro moída (5% e 20%).
3.600
3.400
Módulo de Elasticidade sob Tração (MPa)
3.200
3.000
2.800
2.600
2.400
2.200
2.000
1.800
1.600
Padrão 5PSA 5PSC 5PTA 5PTC 5MSA 5MSC 5MTA 5MTC
Figura 4.13 - Módulo de elasticidade sob tração dos compósitos com 5% de fibra de vidro (picada e
moída).
79
3.600
3.400
Módulo de Elasticidade sob Tração (MPa)
3.200
3.000
2.800
2.600
2.400
2.200
2.000
1.800
1.600
Padrão 5MSA 5MSC 5MTA 5MTC 20MSA 20MSC 20MTA 20MTC
Figura 4.14 - Módulo de elasticidade sob tração dos compósitos com fibra de vidro moída (5% e
20%).
260
240
220
200
180
160
140
120
100
80
60
40
20
0
Padrão 5PSA 5PSC 5PTA 5PTC 5MSA 5MSC 5MTA 5MTC
Figura 4.15 - Resistência ao impacto Charpy com entalhe dos compósitos com 5% de fibra de vidro
(picada e moída).
280
Resistência ao Impacto Charpy com Entalhe (J/m)
260
240
220
200
180
160
140
120
100
80
60
40
20
0
Padrão 5MSA 5MSC 5MTA 5MTC 20MSA 20MSC 20MTA 20MTC
Figura 4.16 - Resistência ao impacto Charpy com entalhe dos compósitos com fibra de vidro moída
(5% e 20%).
82
1.100
1.000
Resistência ao Impacto Izod sem Entalhe (J/m)
900
800
700
600
500
400
300
200
100
0
Padrão 5PSA 5PSC 5PTA 5PTC 5MSA 5MSC 5MTA 5MTC
Figura 4.17 - Resistência ao impacto Izod sem entalhe dos compósitos com 5% de fibra de vidro
(picada e moída).
1.100
1.000
Resistência ao Impacto Izod sem Entalhe (J/m)
900
800
700
600
500
400
300
200
100
0
Padrão 5MSA 5MSC 5MTA 5MTC 20MSA 20MSC 20MTA 20MTC
Figura 4.18 - Resistência ao impacto Izod sem entalhe dos compósitos com fibra de vidro moída (5%
e 20%).
83
80
78
76
74
72
HDT (°C)
70
68
66
64
62
60
Padrão 5PSA 5PSC 5PTA 5PTC 5MSA 5MSC 5MTA 5MTC
Figura 4.19 - Temperatura de deflexão térmica (HDT) dos compósitos com 5% de fibra de vidro
(picada e moída).
80
78
76
74
72
HDT (°C)
70
68
66
64
62
60
Padrão 5MSA 5MSC 5MTA 5MTC 20MSA 20MSC 20MTA 20MTC
Figura 4.20 - Temperatura de deflexão térmica (HDT) dos compósitos com fibra de vidro moída (5% e
20%).
85
Tabela 4.11 - Módulos elásticos ou de armazenamento dos compósitos a 0°, 23°C e 50°C obtidos no
ensaio de DMTA.
Amostra Módulo elástico a 0°C Módulo elástico a 23°C Módulo elástico a 50°C
Padrão 1.710 1.595 1.464
5PSA 1.937 1.777 1.602
5PSC 1.870 1.732 1.555
5PTA 2.053 1.891 1.709
5PTC 2.014 1.846 1.639
5MSA 1.789 1.643 1.483
5MSC 1.870 1.732 1.555
5MTA 2.030 1.841 1.622
5MTC 2.014 1.846 1.639
20MSA 2.214 2.086 1.919
20MSC 2.322 2.198 2.041
20MTA 2.380 2.209 2.019
20MTC 2.419 2.224 1.976
86
3.000
2.800
2.600
2.400
2.200
Módulo Elástico (MPa)
2.000
1.800
1.600
1.400
1.200
1.000
800
600
400 Padrão 5PSA 5PSC 5PTA 5PTC
Figura 4.21 - Variação do módulo elástico ou de armazenamento entre -50°C e 100°C dos
compósitos com 5% de fibra de vidro (picada e moída).
3.000
2.800
2.600
2.400
2.200
Módulo Elástico (MPa)
2.000
1.800
1.600
1.400
1.200
1.000
800
600
400 Padrão 5MSA 5MSC 5MTA 5MTC
Figura 4.22 - Variação do módulo elástico ou de armazenamento entre -50°C e 100°C dos
compósitos com fibra de vidro moída (5 e 20%).
87
2.400
2.300
2.200
1.400
1.300
1.200
Padrão 5PSA 5PSC 5PTA 5PTC 5MSA 5MSC 5MTA 5MTC
Figura 4.23 - Módulos elásticos ou de armazenamento dos compósitos com 5% de fibra de vidro
(picada e moída).
Módulo Elástico ou de Armazenamento obtido no DMTA (MPa)
2.600
0°C 23°C 50°C
2.500
2.419
2.380
2.400
2.322
2.300
2.214 2.209 2.224
2.198
2.200
2.086
2.100 2.030 2.041
2.014 2.019
1.976
2.000
1.919
1.900 1.830 1.841 1.846
1.789
1.800
1.703 1.710
1.700 1.643 1.639
1.622
1.595
1.600 1.528
1.483 1.464
1.500
1.400
1.300
1.200
Padrão 5MSA 5MSC 5MTA 5MTC 20MSA 20MSC 20MTA 20MTC
Figura 4.24 - Módulos elásticos ou de armazenamento dos compósitos dos compósitos com fibra de
vidro moída (5 e 20%).
88
Tabela 4.12 - Custo das matérias-primas, custo de transformação e custo total dos compósitos (em
R$/kg e %, sendo o custo total do composto padrão igual a 100%).
140
17,0 122,4
15,9 121,3
18,3 119,0
17,6 118,3
130
120
14,3 105,9
14,1 105,7
18,9 105,0
18,6 104,6
Custo Estimado do Compósito (%)
14,5 103,7
14,0 103,2
18,8 100,0
110
15,4 99,1
15,0 98,8
100
90
80
70
60
105,3
105,3
100,7
100,7
50
91,6
91,6
89,2
89,2
86,1
86,1
83,7
83,7
81,2
40
30
20
10
0
5PSA
5PTA
5MSA
5MTA
20MSA
20MTA
Padrão
5PSC
5PTC
5MSC
5MTC
20MSC
20MTC
Figura 4.38 - Custo das matérias-primas, custo de transformação e custo total dos compósitos (em
%, sendo o custo do composto padrão igual a 100%).
A tabela 4.13 detalha os índices de mérito mód. elástico / massa específica e mód.
elástico / massa específica / custo (minimização de massa para modo carregamento
mecânico cilindro com pressão interna) e a figura 4.39 mostra o comparativo destes
índices.
96
Tabela 4.13 - Módulo elástico sob tração e índices de mérito módulo elástico / massa específica e
módulo elástico / massa específica / custo dos compósitos (minimização de massa para modo de
carregamento mecânico cilindro com pressão interna).
2400
Índice de Mérito p/ Modo de Carregamento de Cilindro com
2200
2100
2000
Pressão Interna
1900
1800
1700
1600
1500
1400
1300
1200
5PTA
5MSA
5MTA
20MSA
20MTA
5PSA
5MSC
5MTC
20MSC
20MTC
Padrão
5PSC
5PTC
Figura 4.39 - Índices de mérito módulo elástico / massa específica e módulo elástico / massa
específica / custo dos compósitos (minimização de massa para modo de carregamento mecânico
cilindro com pressão interna)
1/2
Tabela 4.14 - Módulo elástico sob tração e índices de mérito módulo elástico / massa específica e
1/2
módulo elástico / massa específica / custo dos compósitos (minimização de massa para
carregamento barra em flexão).
1/2
1/2 Módulo elástico /
Módulo elástico sob Módulo elástico /
Amostra massa específica /
tração (MPa) massa específica
custo
Padrão 2.183 34,4 34,4
5PSA 2.402 35,3 35,6
5PSC 2.580 36,6 37,1
5PTA 2.414 33,9 32,7
5PTC 2.439 34,0 33,0
5MSA 2.341 35,0 33,4
5MSC 2.503 36,0 34,4
5MTA 2.410 34,0 32,1
5MTC 2.472 34,2 32,4
20MSA 3.057 37,6 31,6
20MSC 3.324 39,3 33,2
20MTA 3.232 37,2 30,4
20MTC 3.197 37,1 30,6
Índice de Mérito para Modo de Carregamento de Barra em Flexão
42
1/2 1/2
Módulo Elástico / Massa Específica Módulo Elástico / Massa Específica / Custo
40
38
36
34
32
30
28
26
24
5PSA
5PTA
5MSA
5MTA
20MSA
20MTA
Padrão
5PSC
5PTC
5MSC
5MTC
20MSC
20MTC
1/2 1/2
Figura 4.40 - Índices de mérito módulo elástico / massa específica e módulo elástico / massa
específica / custo dos compósitos (minimização de massa para modo de carregamento mecânico
barra em flexão).
98
5. DISCUSSÕES
5.1. Avaliação das amostras dos compostos em pó
para a dosagem de 20% não foi possível evitar a formação de aglomerados durante
o processo de incorporação no resfriador.
Não existem dados de literatura para comparação, uma vez que nenhum dos
trabalhos publicados utiliza o processamento por extrusão direto do pó.
Tabela 5.1 - Relação observada entre a produtividade e a densidade aparente e entre a produtividade
e amperagem.
Isolando-se a variável tamanho de fibra de vidro pelo cruzamento dos resultados dos
compósitos 5PSA, 5PSC, 5PTA e 5PTC versus os compósitos 5MSA, 5MSC, 5MTA,
e 5MTC, observa-se que variação se situa entre 0% e 8,6%, sem apresentar uma
ordem característica nesta variação (ora o compósito com fibra de vidro picada
apresenta maior resistência à tração, ora o compósito com fibra de vidro moída
apresenta maior resistência à tração). Como as amostras apresentaram desvios-
padrão de até 6%, pode-se assumir que a variável tamanho de fibra de vidro não
exerce influência significativa na resistência à tração.
Isolando-se a variável dosagem de fibra de vidro pelo cruzamento dos resultados do
compósito 5MSA versus o composto padrão e dos compósitos 20MSA, 20MSC,
20MTA e 20MTC versus os compósitos 5MSA, 5MSC, 5MTA, e 5MTC, observa-se
que a variação se situa entre 0% e 9,9%, sem apresentar uma ordem característica
nesta variação (ora o compósito com 5% de fibra moída apresenta maior resistência
à tração, ora o compósito com 20% de fibra moída apresenta maior resistência à
tração). Como as amostras apresentaram desvios-padrão de até 6%, pode-se
assumir que a variável dosagem de fibra de vidro não exerce influência significativa
na resistência à tração.
Isolando-se a variável temperatura de processamento pelo cruzamento dos
resultados dos compósitos 5PSA, 5PTA, 5MSA, 5MTA, 20MSA e 20MTA versus os
compósitos 5PSC, 5PTC, 5MSC, 5MTC, 20MSC e 20MTC, observa-se que a
variação se situa entre 3,1% e 7,2%, sem apresentar uma ordem característica nesta
variação (ora o compósito processado a maiores temperaturas apresenta maior
resistência à tração, ora o compósito processado a menores temperaturas apresenta
maior resistência à tração). Como as amostras apresentaram desvios-padrão de até
6%, pode-se assumir que a variável temperatura de processamento não exerce
influência significativa na resistência à tração.
Isolando-se a variável dosagem de dióxido de titânio pelo cruzamento dos resultados
dos compósitos 5PSA, 5PSC, 5MSA, 5MSC, 20MSA e 20MSC versus os compósitos
5PTA, 5PTC, 5MTA, 5MTC, 20MTA e 20MTC, observa-se que a variação se situa
entre 0,4% e 10,7%, sem apresentar uma ordem característica nesta variação (ora o
compósito com dosagem de dióxido de titânio apresenta maior resistência à tração,
ora o compósito sem dióxido de titânio apresenta maior resistência à tração). Como
as amostras apresentaram desvios-padrão de até 6%, pode-se assumir que a
103
impacto Izod sem entalhe, ora o compósito sem dióxido de titânio apresenta maior
resistência ao impacto Izod sem entalhe). Como as amostras apresentaram desvios-
padrão de até 25%, pode-se assumir que a variável dosagem de dióxido de titânio
não exerce influência significativa na resistência ao impacto Izod sem entalhe.
Na comparação dos compósitos 20MSA e 20MSC com o trabalho realizado por
DEANIN e MICHAELS (1984), os valores médios encontrados dos compósitos do
presente trabalho ficaram, respectivamente, 13% e 3% menores, diferença esta que
podemos considerar não significativa, uma vez que os desvios-padrão das amostras
alcançaram até 25%.
Tabela 5.2 - Relações entre módulo elástico obtido pelo ensaio de tração e os módulos elásticos a
0°C, 23°C e 50°C obtidos na análise térmica dinâmico-mecânica.
Além disso, a correlação entre o módulo elástico obtido pelo ensaio de tração e os
módulos a 0°C, a 23°C e 50°C obtidos na análise térmica dinâmico-mecânica
apresentam coeficientes de correlação elevados: 0,91, 0,94 e 0,97, respectivamente.
Apesar ambos serem denominados módulos elásticos, a diferença entre os valores é
devido à característica de cada ensaio: no caso do ensaio de DMTA, a força é
aplicada de forma oscilatória em espaços de tempo muito curtos, o que leva a uma
resposta muito rápida (ou seja, as cadeias poliméricas não têm tempo suficiente
para relaxar, apresentando uma resposta puramente elástica); por outro lado, no
ensaio de tração a força é aplicada de forma uniaxial em um espaço de tempo mais
dilatado, possibilitando ao polímero uma relaxação mais pronunciada, ou seja, as
cadeias poliméricas “emaranhadas” podem se orientar, proporcionando uma
resposta de maior intensidade (MURAYAMA, 1978).
Em relação aos resultados obtidos no ensaio do DTMA, pode-se notar que apenas o
aumento da dosagem de fibra de vidro exerce influência significativa, sendo este
113
5PTA, 5PTC, 5MTA, 5MTC, 20MTA e 20MTC, observa-se que a variação se situa
entre 1,2% e 6,6%, sem apresentar uma ordem característica nesta variação (ora o
compósito com dosagem de dióxido de titânio apresenta maior módulo elástico a
23°C obtido no DMTA, ora o compósito sem dióxido de titânio apresenta maior
módulo elástico a 23°C obtido no DMTA). Ou seja, pode-se assumir que a variável
dosagem de dióxido de titânio não exerce influência significativa no módulo elástico
a 23°C obtido no DMTA.
compósitos não variou de forma significativa (de 14,0% a 18,9% do custo total do
composto padrão).
6. CONCLUSÕES
Por fim, na análise final do custo-benefício dos compósitos estudados por meio dos
conceitos de índice de mérito, as propriedades massa específica e custo total do
compósito são fatores de extrema importância no projeto de produtos. São estas
propriedades que definem a seleção deste ou daquele compósito e não apenas o
módulo de elasticidade, quando se trata de materiais destinados à construção civil.
Por outro lado, para o modo de carregamento mecânico cilindro com pressão interna
(condição de carregamento mecânico dos tubos pressurizados de água fria), o
compósito 20MSC se apresentou como o de melhor custo-benefício: o grande
aumento do módulo de elasticidade compensou a significativa elevação de custo
total (18,3% superior ao composto padrão) e da massa específica (7,9% superior ao
composto padrão). Ou seja, do ponto de vista econômico, um tubo produzido com
este compósito seria 19,2% mais barato do que se fosse produzido com o composto
119
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
®
Tabela A1 - Especificação técnica da resina de PVC Norvic SP 800 (BRASKEM, 2007).
TM
Tabela A2 - Propriedades típicas do auxiliar de processamento de base acrílica Paraloid K-120ND
(ROHM&HAAS, 2007).
TM
Tabela A3 - Propriedades típicas do modificador de impacto de base acrílica Paraloid KM-334
(ROHM&HAAS, 2007).
TM ®
Tabela A4 - Propriedades físicas do dióxido de titânio tipo rutilo DuPont Ti-Pure R-103 (DUPONT,
2007).