Os Altos Graus em Maconaria Nos Ritos de
Os Altos Graus em Maconaria Nos Ritos de
Os Altos Graus em Maconaria Nos Ritos de
O tema sugerido de Altos Graus na Maçonaria tem ligação direta com alguma da minha
vivência de Ritos de Altos Graus. E com troca de experiências de Jurisdições
estrangeiras Irmãs. Como um simples Aprendiz de Maçonaria ganho sempre mais
“espiritualmente” quando partilho informação maçónica com Irmãos ou estudiosos da
Maçonaria. Penso que todos aprendemos uns com os outros. Como sabem, existem
escassa divulgação de obras sobre altos graus, pelo que tentarei fazer uma súmula
sobre este tema referente a três estruturas de Altos Graus de Ritos diferentes.
Começarei por ditar estes apontamentos com o que se entende por regularidade
maçónica e liberal. E com a “devida vénia” citarei aqui a melhor destrinça que encontrei
nas minhas pesquisas e cujo autor se encontra nesta sala.
Ambos buscam o seu próprio aperfeiçoamento, mas com efeitos diversos ao nível
de intervenção na sociedade. Para o maçom regular a sociedade será mais
perfeita se isso decorrer do processo de aperfeiçoamento pessoal enquanto que
para o maçom liberal o essencial é ele ser o agente da transformação da
sociedade.”
* Maçonaria Simbólica constituída pelos três primeiros graus obrigatórios e que estão
previstos nos Landmarks. Que se divide em Obediências Maçônicas designadas por
Grande Loja ou Grande Oriente e que administram diversas Lojas.
* Altos Graus, que constituem os graus Filosóficos ou Superiores que não são
obrigatórios e constituem uma opção. Estes estão normalmente subordinados a
Supremos Conselhos ou Supremos Grandes Capítulos, Grandes Comendas e Grão-
Priorados, de acordo com as Leis de cada Grande Corpo Maçônico. Destes, escolhemos
o Rito mais universal, o mais antigo e o que considero o mais seletivo.
A saber:
Nos Corpos de Altos Graus, a Maçonaria segue sempre a regra trinitária, isto é, para ser
consagrado e instalado um Supremo Conselho, um Grande Capítulo, uma Grande
Comenda, um Grão-Priorado, etc a base de construção é como em Grande Loja ou
Grande Oriente(com as suas Lojas azuis ou de S.João) ou seja três Lojas, três
Conselhos, três Capítulos, três Comendas. No RER existem as Lojas verdes e a Ordem
Interna como veremos mais adiante.
Este Rito provem do Rito de Heredom e da época da fuga dos Cavaleiros Templários
para a Escócia e está ligado ao Antigo Testamento e à lenda de Hiram. A influência do
Templarismo existia no Rito de Heredom sob a mestria de Andrew Ramsay (criador
deste rito em solo francês), mas não no R.E.A.A. Aliás, de acordo com os historiadores
Christopher Knight e Robert Lomas a formação deste rito deve-se ao facto da Grande
Loja Unida de Inglaterra (United Grand Lodge of England) se recusar a reconhecer os
altos graus da maçonaria regular, o que originou a formação em 1819 de um Supremo
Conselho para a Inglaterra dos graus do Rito Escocês.
Por influência do Cavaleiro Ramsay as primeiras referências a estes graus, são oriundos
de França, no período de 1715 a 1745. Ramsay foi tutor dos filhos do rei escocês Jaime
VIII que se encontrava exilado em França. Foi nesta época que surgiram as primeiras
referências ao termo escocês (écossais). Na “História da
Franco-Maçonaria” de Albert Mackay, este autor refere que os partidários do Rei Jaime
e da dinastia dos Stuarts todos exilados em França estavam fortemente envolvidos em
atividades maçónicas.
Esta é uma das razões porque, devido ao termo escocês, muitos maçons pensam que
este rito terá tido origem na Escócia, o que como vemos não corresponde à verdade. As
suas regras e fundamentos foram elaborados no dia 1º de Maio de 1786 e desde essa
data constituíram-se os 33 graus. O que caracteriza o REAA é a ligação entre a tradição
hermética, principalmente nos três primeiros graus e a uma graduação dos Altos Graus
(do 4º ao 33º) e que é normalmente rejeitada pela maçonaria inglesa.
Em segundo plano, muito importante também, é a sua evolução nos graus Superiores
das Lojas de Perfeição (do 4º ao 14º), dos Capítulos (do 15º ao 18º), dos Areópagos (do
19º ao 30º) e dos graus administrativos (do 31º ao 33º). Neste Rito os graus e a lenda
do Mestre constroem-se passo a passo. A reconstrução do Templo de Salomão tem
aqui uma particular importância. Aqui a reflexão filosófica sobre o Homem, o seu
destino, a sua centelha divina e os valores que ditam a sua dimensão racional, minada
por vezes, pelo desleixo, a incúria e o dislate.
GRAUS DO REAA:
SIMBÓLICOS
1º - Aprendiz
2º - Companheiro
3º - Mestre
FILOSÓFICOS
Lojas de Perfeição
4º - Mestre Secreto
5º - Mestre Perfeito
6º - Secretário Íntimo
7º - Preboste e Juiz
Capítulos
Areópagos
Tribunais
31º- Grande Inspector Inquisidor ou Grande Juiz Comendador
Consistório
Supremo Conselho
RITO DE YORK(RY)
O Rito de York moderno também conhecido como o Real Arco, teria sido criado por volta
de 1743 e levado para Inglaterra em 1777. É o Rito mais difundido em todo o mundo
maçônico. É o Rito predominante nos Estados Unidos. Por ser teísta está mais ligado
aos países onde predominam os cultos evangélicos, onde o clero tem dado o apoio e o
suporte necessário à sua evolução e desenvolvimento. Neste país, a sua fundação vem
do ano de 1799 pela mão de Thomas Smith Webb que lhe deu a estrutura e doutrina
filosófica com procedimentos gerais adaptados ao sistema maçónico, pelo que é
normalmente identificado como “Rito Americano ou de York”.
Assim, os autores crêem que o Rito de York seria o rito tradicionalmente praticado
desde os tempos do rei Athelstan e que confirma a multissecular tradição maçónica de
acordo com o Livro das Constituições de 1723. Num outro manuscrito conhecido como a
Constituição de York, diria que a tradução dos anteriores documentos em 1807 teria
passado do Latim (que era o idioma das pessoas cultas) para o Inglês e em 1808 para o
Alemão pelo I:. J.A. Schneider. Esta última tradução é publicada pelo editor I:. Krause,
conhecido pelo Manuscrito de Krause e que estaria muito próximo da Constituição da
Grande Loja Unida de Inglaterra em 1813.
Esta é a lenda de York. Contudo perante tantas evidências históricas que confirmam a
veracidade do seu conteúdo, a maioria dos autores chamam-lhe a “Tradição de York”.
Mas até chegar a esta fase muito fizeram para conciliar as diferenças ritualísticas das
duas Grandes Lojas rivais, passando pela Loja da Reconciliação que harmonizou os
rituais durante 3 anos até que em 1816 foi aprovado um novo ritual mantido até 1986,
ano em que a GLUI decidiu que todas as referências a penalidades físicas fossem
omitidas dos juramentos assumidos pelos candidatos nos três graus e pelo Mestre Eleito
na sua instalação, mas mantendo-as nas cerimónias noutro momento.
Apenas em 1969, o Rito de Emulação foi oficialmente impresso com autorização oficial
da GLUI, embora nesse ano já existissem diversas impressões não oficiais. Embora
denominado Rito, os Ingleses consideram-no mais como um Ritual. O Rito representa as
regras e cerimónias de carácter sacro ou simbólico que seguem preceitos estabelecidos
e que se devem observar na prática. Em suma, representa o sistema de organizações
maçónicas.
O ritual representa o livro que contém o conjunto de práticas consagradas pelo uso e por
normas que deverão ser observadas em determinadas ocasiões. Isto é o cerimonial.
Mas a principal característica deste Rito/Ritual é que todas as intervenções são
realizadas de cor. No Rito de Emulação, os graus superiores estão agregados numa
Loja de Marca ou num Capítulo do Arco Real com os seguintes graus:
- Mestre de Marca
- Escocês Trinitário
Toda esta explicação era necessária para melhor compreendermos a génese do York.
Em relação ao Rito de York para além das Lojas Simbólicas (1º, 2º e 3º grau), os seus
Altos Graus estão classificados assim:
GRAUS CAPITULARES
CONSELHO CRÍPTICO
COMENDADORIA TEMPLÁRIA
O Rito Críptico tem o nome derivado da Palavra Críptica porque a cena dos graus de
Mestre Real e Mestre Escolhido ocorre na Críptica subterrânea sob o Templo do Rei
Salomão. A Palavra representa na alegoria maçónica a busca pelo homem de objetivos
para a vida e para a natureza de Deus. Simbolicamente, a Maçonaria Livre ensina, na
Loja, como a palavra se perdeu e sobre a esperança da sua recuperação. O Arco Real,
no Capítulo, ensina como ela foi redescoberta. A Maçonaria Críptica, no Conselho,
completa esta história ensinando como se preserva a Palavra inicial. O Grande
Conselho de Maçons Reais e Escolhidos é presidido e dirigido por um Grão-Mestre
Críptico sob cuja administração estão os Conselhos Crípticos geridos por Ilustres
Mestres.
Os Altos Graus do Rito de York apoia organizações maçónicas dirigidas por maçons,
esposas e familiares como a Ordem de Amaranth, a Ordem da Estrela do Oriente, a
Ordem do Santuário de Jerusalém bem como organizações para jovens, nomeadamente
para rapazes a partir dos 12 aos 21 anos a conhecida Ordem DeMolay , e para
raparigas a Ordem das Filhas de Jó e a Ordem do Arco-íris dos 12 aos 20 anos.
Willermor foi assíduo frequentador das Lojas regulares francesas, dos Capítulos
Templários Alemães da Estrita Obediência e dos Philalèthes, fundando em 1779 a
Ordem dos Cavaleiros Benfeitores da Cidade Santa que reuniu à sua volta um grupo de
maçons devotados a uma leitura espiritualizada e “mágica” dos ritos maçónicos, entre os
quais Martinez de Pasqually, Luis Claude de Saint-Martin, Joseph de Maistre e o Conde
de Saint-Germain.
Ensinava Willermor que para encontrar a pedra cúbica, que contém em si todos os dons,
virtudes ou faculdades, é necessário encontrar o princípio da vida. Esse espírito tem a
faculdade de purificar o ser anímico do homem, prolongando a sua vida. E tem o condão
de transformar os vis metais em ouro, encontrando-se nos três reinos da natureza. O
Adepto teria que encontrar maneira de o manipular.
1º - Aprendiz
2º- Companheiro
3º- Mestre
Maçonaria Retificada
Cavalaria Retificada
Ordem Interior
O conceito refere-se também a várias formas de atos religiosos agrupando três tipos de
rito:
Os de Adoração à divindade que tem lugar numa Igreja Cristã, numa capela, num
mosteiro, numa sinagoga, numa mesquita;
O mais importante é que os ritos não são para os maçons e as suas organizações,
bíblias, dogmas ou repositórios inquestionáveis de uma Verdade absolutizada ou
sectarizada. São interpretações, exegeses, mergulhos na mais profunda dimensão dos
Homens Livres, a sua profunda espiritualidade e sede de perfeição.
BIBILIOGRAFIA BREVE
De Hoyos, Arturo – Manual of the Degrees of The Antient & Primitive Rite of Freemasonary,
Colectanea, vol. 19 (Part 1,2,3) 2005-2007 G.C.R. of U.S.A.. Washington,D.C.
Ligou, Daniel – Dictionnaire de la Franco-Maçonnerie, Ed. PUF, 1998, Paris.
Crowe, Fred J. W. – Masonic Clothing and Regalia, Grange Publishing Works, 2007, Edinburgh.
Anes, José Manuel – Um Outro Olhar/A Face Esotérica da Cultura Portuguesa, Ésquilo,
Négrier, Patrick – Textes Fondateurs de la Tradition Maçonnique (1390-1760),1995, Ed. Grasset &
Fasquelle, Paris.
Pereira, Pedro M. – Dicionário de Termos Maçónicos, Prod. Editoriais, Lda, 2008, Lisboa.
Couto, Sérgio Pereira – Sociedades Secretas, Universo dos Livros, Editora, 200, S.P..
Adrião, Vitor M. – Dogma e Ritual da Igreja e da Maçonaria, Ed. Dinapress, Lda, 2002, Lisboa.