Os Altos Graus em Maconaria Nos Ritos de

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OS ALTOS GRAUS EM MAÇONARIA, NOS RITOS DE YORK, REAA E RER

ALTOS GRAUS NA MAÇONARIA


Conferência de Vitor Azevedo Duarte

Almoço debate de 17 de maio de 2008

Tertúlia do Bar do Além, Alenquer.

O tema sugerido de Altos Graus na Maçonaria tem ligação direta com alguma da minha
vivência de Ritos de Altos Graus. E com troca de experiências de Jurisdições
estrangeiras Irmãs. Como um simples Aprendiz de Maçonaria ganho sempre mais
“espiritualmente” quando partilho informação maçónica com Irmãos ou estudiosos da
Maçonaria. Penso que todos aprendemos uns com os outros. Como sabem, existem
escassa divulgação de obras sobre altos graus, pelo que tentarei fazer uma súmula
sobre este tema referente a três estruturas de Altos Graus de Ritos diferentes.

Começarei por ditar estes apontamentos com o que se entende por regularidade
maçónica e liberal. E com a “devida vénia” citarei aqui a melhor destrinça que encontrei
nas minhas pesquisas e cujo autor se encontra nesta sala.

“Os maçons regulares, também chamados tradicionais ou de via sagrada, são os


que trabalham nas suas Lojas sob a invocação de Deus, Grande Arquiteto do
Universo, sobre o Livro Sagrado, o Esquadro e o Compasso.

Os maçons liberais ou de via substituída, reúnem-se segundo os mesmos ritos,


decorações e ideais, já dispensam a via espiritual, e trabalham sobre as
Constituições de Anderson, a do seu País, sobre a Declaração Universal dos
Direitos do Homem e sem necessariamente invocarem Deus, o Grande Arquiteto
do Universo.

Isto é, os regulares pressupõem a crença no Criador e situam-se no plano do


sagrado, os liberais partem do postulado da liberdade de crença ou não no
Criador e colocam-se no campo do laicismo e, portanto, envolvem-se mais
diretamente na vida profana, que procuram aperfeiçoar e transformar.

Ambos buscam o seu próprio aperfeiçoamento, mas com efeitos diversos ao nível
de intervenção na sociedade. Para o maçom regular a sociedade será mais
perfeita se isso decorrer do processo de aperfeiçoamento pessoal enquanto que
para o maçom liberal o essencial é ele ser o agente da transformação da
sociedade.”

Na verdade, cada jurisdição maçônica tem os seus Regulamentos e Estatutos e


quer sejam regulares ou liberais são constituídas por maçons que se respeitam
desde que ambas sigam os Landmarks. Mas não é maçom quem quer. Não basta
autoproclamar-se. É imprescindível que os seus irmãos “o reconheçam como tal”,
ou seja é necessário que tenha sido iniciado, por outros maçons, cumprido com
as suas obrigações de maçom, esotéricas, simbólicas e que esteja integrado
numa Loja, que por sua vez pertença regularmente a uma Grande Loja ou Grande
Oriente, que fossem devidamente consagrados.

Assim escreveu Luís Nandin de Carvalho, no seu livro “A Maçonaria Entreaberta”


publicado em 1997.

O espírito maçônico de fraternidade, igualdade e liberdade floresceu nas sociedades


profanas e influenciou para sempre as grandes conquistas conseguidos em
acontecimentos mundiais como a Independência dos Estados Unidos, a Revolução
Francesa, a Revolução Russa e a Independência do Brasil.

E em muitos outros países incluindo o nosso, embora os governos vigentes e as


pressões da Igreja Católica entrassem em choque direto com a fraternidade.

Após esta introdução passemos a algumas citações e reflexões sobre Maçonaria.

A Franco-Maçonaria atual foi fundada em 24 de junho (dia de S. João) de 1717, em


Londres. Para muitos estudiosos a Ordem Maçônica remonta às lendas da construção
do Templo do Rei Salomão, de acordo com relatos do Antigo Testamento. A sua origem
está ligada também às lendas de Ísis e Osíris, no antigo Egito; ao culto a Mitra, vindo até
à Ordem dos Templários e à Fraternidade Rosa-Cruz. Em 1723, o Rev. Anglicano
James Anderson publicou as Constituições da Maçonaria que são universalmente
aceites e são utilizadas como base em todas as Lojas maçônicas.

Em 1717, a Maçonaria passou do campo operativo em que efetivamente se construíam


catedrais para o campo especulativo em que os maçons iniciaram um processo de
“construção” sim da “catedral da humanidade”. A Maçonaria utiliza métodos para
transmitir os ensinamentos e organizar as cerimônias maçônicas, a que chama Ritos ou
procedimentos maçônicos.

Existem no mundo cerca de 200 Ritos e se continuar a atual desorganização social


talvez em 2050 existam 300. No entanto, os principais podem contar-se por sete dedos.
A saber:

Rito Escocês Antigo e Aceite (REAA)- o mais universal

Rito de York (RY)- o mais antigo do mundo

Rito Francês ou Moderno (RF/M)

Rito Schroeder (RS)

Rito Brasileiro (RB)

Rito Adonhiramita (RA)

Rito Escocês Retificado (RER)


Como sabem a atual Maçonaria divide-se:

* Maçonaria Simbólica constituída pelos três primeiros graus obrigatórios e que estão
previstos nos Landmarks. Que se divide em Obediências Maçônicas designadas por
Grande Loja ou Grande Oriente e que administram diversas Lojas.

* Altos Graus, que constituem os graus Filosóficos ou Superiores que não são
obrigatórios e constituem uma opção. Estes estão normalmente subordinados a
Supremos Conselhos ou Supremos Grandes Capítulos, Grandes Comendas e Grão-
Priorados, de acordo com as Leis de cada Grande Corpo Maçônico. Destes, escolhemos
o Rito mais universal, o mais antigo e o que considero o mais seletivo.

A saber:

- Rito Escocês Antigo e Aceite (REAA)

- Rito de York (RY) e rito de Emulação (REm)

- Rito Escocês Retificado (RER)

Na Maçonaria Regular a maioria das Grandes Lojas e Grandes Orientes são


consagradas, instaladas e reconhecidas por Grandes Obediências Irmãs Estrangeiras
mais antigas. Cada Obediência tem a sua própria Grande Loja-Mãe ou Grande Oriente e
a que está ligado indissoluvelmente.

Nos Corpos de Altos Graus, a Maçonaria segue sempre a regra trinitária, isto é, para ser
consagrado e instalado um Supremo Conselho, um Grande Capítulo, uma Grande
Comenda, um Grão-Priorado, etc a base de construção é como em Grande Loja ou
Grande Oriente(com as suas Lojas azuis ou de S.João) ou seja três Lojas, três
Conselhos, três Capítulos, três Comendas. No RER existem as Lojas verdes e a Ordem
Interna como veremos mais adiante.

RITO ESCOCES ANTIGO E ACEITE – R.E.A.A.

Este Rito provem do Rito de Heredom e da época da fuga dos Cavaleiros Templários
para a Escócia e está ligado ao Antigo Testamento e à lenda de Hiram. A influência do
Templarismo existia no Rito de Heredom sob a mestria de Andrew Ramsay (criador
deste rito em solo francês), mas não no R.E.A.A. Aliás, de acordo com os historiadores
Christopher Knight e Robert Lomas a formação deste rito deve-se ao facto da Grande
Loja Unida de Inglaterra (United Grand Lodge of England) se recusar a reconhecer os
altos graus da maçonaria regular, o que originou a formação em 1819 de um Supremo
Conselho para a Inglaterra dos graus do Rito Escocês.

Por influência do Cavaleiro Ramsay as primeiras referências a estes graus, são oriundos
de França, no período de 1715 a 1745. Ramsay foi tutor dos filhos do rei escocês Jaime
VIII que se encontrava exilado em França. Foi nesta época que surgiram as primeiras
referências ao termo escocês (écossais). Na “História da
Franco-Maçonaria” de Albert Mackay, este autor refere que os partidários do Rei Jaime
e da dinastia dos Stuarts todos exilados em França estavam fortemente envolvidos em
atividades maçónicas.

Esta é uma das razões porque, devido ao termo escocês, muitos maçons pensam que
este rito terá tido origem na Escócia, o que como vemos não corresponde à verdade. As
suas regras e fundamentos foram elaborados no dia 1º de Maio de 1786 e desde essa
data constituíram-se os 33 graus. O que caracteriza o REAA é a ligação entre a tradição
hermética, principalmente nos três primeiros graus e a uma graduação dos Altos Graus
(do 4º ao 33º) e que é normalmente rejeitada pela maçonaria inglesa.

Em primeiro plano, “a purificação” pelos quatro elementos inclui-se uma orientação


nitidamente hermética. Não remonta aos alquimistas da Idade Média, mas é provável a
inspiração nos tratados de alquimia vulgares no séc. XVIII e adaptado por maçons à
iniciação maçónica. A purificação pela Terra, pelo Ar, pela Água e pelo Fogo induzem no
candidato, à medida que passa pelas provas, a percepção gradual do sentido esotérico
da “passagem” que faz ,vindo das profundezas do mundo terreno para a ascese que lhe
é dada pelo sopro do espiritual. É só na Câmara de Reflexão que percepciona o enorme
sentido esotérico- o enxofre, o sal e o mercúrio- que lhe serão fundamentais à
iluminação final.

Em segundo plano, muito importante também, é a sua evolução nos graus Superiores
das Lojas de Perfeição (do 4º ao 14º), dos Capítulos (do 15º ao 18º), dos Areópagos (do
19º ao 30º) e dos graus administrativos (do 31º ao 33º). Neste Rito os graus e a lenda
do Mestre constroem-se passo a passo. A reconstrução do Templo de Salomão tem
aqui uma particular importância. Aqui a reflexão filosófica sobre o Homem, o seu
destino, a sua centelha divina e os valores que ditam a sua dimensão racional, minada
por vezes, pelo desleixo, a incúria e o dislate.

GRAUS DO REAA:

SIMBÓLICOS

1º - Aprendiz

2º - Companheiro

3º - Mestre

FILOSÓFICOS

Lojas de Perfeição

4º - Mestre Secreto

5º - Mestre Perfeito

6º - Secretário Íntimo
7º - Preboste e Juiz

8º Intendente dos Edifícios

9º- Mestre Eleito dos Nove

10º- Ilustre Eleito dos Quinze

11º- Sublime Cavaleiro dos Doze

12º- Grande Mestre Arquiteto

13º- Cavaleiro do Real Arco

14º- Prefeito e Sublime Maçon. - Grande Eleito da Abóbada Sagrada

Capítulos

15º- Cavaleiro do Oriente ou da Espada

16º- Príncipe de Jerusalém

17º- Cavaleiro do Oriente e do Ocidente

18º- Soberano Príncipe Rosa-Cruz

Areópagos

19º- Grande Pontífice ou Sublime Escocês

20º- Soberano Príncipe da Maçonaria ou Mestre Ad Vitam

21º- Cavaleiro Prussiano ou Noaquita

22º- Cavaleiro do Real Machado ou Príncipe do Líbano

23º- Chefe do Tabernáculo

24º- Príncipe do Tabernáculo

25º- Cavaleiro da Serpente de Bronze

26º- Príncipe da Mercê ou Escocês Trinitário

27º- Grande Comendador do Templo

28º- Cavaleiro do Sol ou Príncipe Adepto

29º- Grande Cavaleiro Escocês de Santo André da Escócia

30º- Cavaleiro Kadosch ou Cavaleiro da Águia Branca e Negra

Tribunais
31º- Grande Inspector Inquisidor ou Grande Juiz Comendador

Consistório

32º- Sublime Cavaleiro do Real Segredo

Supremo Conselho

33º- Soberano Grande Inspector Geral

A estrutura do R.E.A.A. é dirigida por um Soberano Grande Comendador que preside ao


Sacro Colégio e aos Soberanos Grandes Inspectores Gerais. É um Corpo Maçónico
com Jurisdição independente, reconhecido internacionalmente e que tem a
responsabilidade de manter a regularidade.

RITO DE YORK(RY)

RITUAL E RITO DE EMULAÇÃO(REm)

O Rito de York moderno também conhecido como o Real Arco, teria sido criado por volta
de 1743 e levado para Inglaterra em 1777. É o Rito mais difundido em todo o mundo
maçônico. É o Rito predominante nos Estados Unidos. Por ser teísta está mais ligado
aos países onde predominam os cultos evangélicos, onde o clero tem dado o apoio e o
suporte necessário à sua evolução e desenvolvimento. Neste país, a sua fundação vem
do ano de 1799 pela mão de Thomas Smith Webb que lhe deu a estrutura e doutrina
filosófica com procedimentos gerais adaptados ao sistema maçónico, pelo que é
normalmente identificado como “Rito Americano ou de York”.

No entanto, o Manuscrito Régio de 1389 (conservado no British Museum em Londres),


diz-nos que sob o reinado de Athelstan, na cidade de York no ano de 926 houve um
grande Congresso de maçons, convocado e presidido por seu filho o Príncipe Edwin e
que teria sido nessa magna Assembleia que a Maçonaria teve o seu primeiro
Regulamento Geral. Já neste Regulamento havia regras de comportamento no trabalho,
na sociedade e até dentro da igreja., entre outros.

Posteriormente, o Manuscrito de Coke em 1583 refere também esta Assembleia e as


reuniões feitas pelo rei Athelstan que convocava e dirigia as assembleias dos
numerosos maçons operativos, associados em guildas. Nesta fase a Lenda de York
passou definitivamente da tradição oral para a tradição escrita da Maçonaria
Especulativa.

Assim, os autores crêem que o Rito de York seria o rito tradicionalmente praticado
desde os tempos do rei Athelstan e que confirma a multissecular tradição maçónica de
acordo com o Livro das Constituições de 1723. Num outro manuscrito conhecido como a
Constituição de York, diria que a tradução dos anteriores documentos em 1807 teria
passado do Latim (que era o idioma das pessoas cultas) para o Inglês e em 1808 para o
Alemão pelo I:. J.A. Schneider. Esta última tradução é publicada pelo editor I:. Krause,
conhecido pelo Manuscrito de Krause e que estaria muito próximo da Constituição da
Grande Loja Unida de Inglaterra em 1813.

Esta é a lenda de York. Contudo perante tantas evidências históricas que confirmam a
veracidade do seu conteúdo, a maioria dos autores chamam-lhe a “Tradição de York”.

Na união dos maçons “antigos”(Grande Loja dos Antigos -1751) e dos


“modernos”(Grande Loja dos Modernos - 1717) em 1813 foi oficialmente aprovado o
ritual dos antigos como ritual oficial da Grande Loja Unida de Inglaterra e naquele
momento recebeu o nome de Ritual de Emulação( o Emulation Working) com a
particularidade de se manter a tradição de nada escrever e por isso nada se sabe ao
certo o que foi aprovado.

Mas até chegar a esta fase muito fizeram para conciliar as diferenças ritualísticas das
duas Grandes Lojas rivais, passando pela Loja da Reconciliação que harmonizou os
rituais durante 3 anos até que em 1816 foi aprovado um novo ritual mantido até 1986,
ano em que a GLUI decidiu que todas as referências a penalidades físicas fossem
omitidas dos juramentos assumidos pelos candidatos nos três graus e pelo Mestre Eleito
na sua instalação, mas mantendo-as nas cerimónias noutro momento.

Apenas em 1969, o Rito de Emulação foi oficialmente impresso com autorização oficial
da GLUI, embora nesse ano já existissem diversas impressões não oficiais. Embora
denominado Rito, os Ingleses consideram-no mais como um Ritual. O Rito representa as
regras e cerimónias de carácter sacro ou simbólico que seguem preceitos estabelecidos
e que se devem observar na prática. Em suma, representa o sistema de organizações
maçónicas.

O ritual representa o livro que contém o conjunto de práticas consagradas pelo uso e por
normas que deverão ser observadas em determinadas ocasiões. Isto é o cerimonial.
Mas a principal característica deste Rito/Ritual é que todas as intervenções são
realizadas de cor. No Rito de Emulação, os graus superiores estão agregados numa
Loja de Marca ou num Capítulo do Arco Real com os seguintes graus:

- Mestre de Marca

- Ex-Mestre ou Past Master

- Muito Excelente Mestre

- Mestre do Arco Real

- Escocês Trinitário

Este é o Rito por excelência praticado em Inglaterra e largamente difundido em todos os


países de influência Inglesa. As jurisdições anglo-saxónicas mantém outras ordens de
altos graus como por exemplo:
o Grande Conselho da Ordem dos Graus Aliados, o Grande Conclave da Ordem do
Monitor Secreto, a Grande Loja e Grande Conselho da Real Ordem da Escócia, a
Ordem de Cavaleiros Templários e Ordem de Malta(honorária), a Ordem da Cruz
Vermelha da Babilónia.

Toda esta explicação era necessária para melhor compreendermos a génese do York.

Em relação ao Rito de York para além das Lojas Simbólicas (1º, 2º e 3º grau), os seus
Altos Graus estão classificados assim:

GRAUS CAPITULARES

(conhecidos como Maçonaria do Real Arco)

*4º grau- Mestre de Marca

*5º grau- Past Master

*6º grau- Mui Excelente Mestre

*7º grau- maçom do Arco Real

CONSELHO CRÍPTICO

(conhecido como Conselho de Mestres Reais e Escolhidos)

*8º grau- Mestre Real

*9º grau- Mestre Escolhido

*10ºgrau- Super Excelente Mestre

COMENDADORIA TEMPLÁRIA

(conhecida como Ordem dos Cavaleiros Templários)

*11ºgrau- Ordem da Cruz Vermelha

*12ºgrau- Ordem de Malta

13ºgrau- Ordem do Templo

Os graus Capitulares enfatizam as lições de regularidade, disciplina, integridade e


reverência, a consagração do Sanctum Sanctorum e a descida do Espirito Santo no
Templo. Ser exaltado como Mestre do Arco Real coroa de forma grandiosa os
conhecimentos do Mestre Maçom. É o momento em que a Lenda do Templo de
Salomão é concluída. È o cume dos graus originais das Lojas Simbólicas, tal como
praticadas nas antigas Lojas de Inglaterra antes de 1820. Estes graus explicam as
origens da palavra substituta encontrada no grau de Mestre Maçom, o resgate da
Palavra Inefável e o seu ocultamento no Real Arco. Os Capítulos são presididos e
geridos por Sumo Sacerdotes.
A cúpula dos Graus Capitulares é um Supremo Grande Capítulo do Arco Real com
jurisdição própria e reconhecimento internacional e é presidida por um Grande Sumo
Sacerdote responsável por todos os Capítulos constituintes.

A Maçonaria Críptica forma o corpo central do Rito de York da maçonaria livre. Um


Mestre Maçom que tenha aderido a um Capítulo de Maçons do Arco Real, recebido os
quatro graus e queira depois procurar mais conhecimento pode ser admitido num
Conselho de Maçons Crípticos. Os graus da Maçonaria Críptica são dos graus mais
belos da Maçonaria Livre. A Maçonaria Livre é muito filosófica e ensina os seus ideais
através de alegorias. É moralista e religiosa, mas não é uma religião. Não oferece uma
teologia nem um plano de salvação. Contudo, oferece um plano moral para ser aplicado
neste mundo.

O Rito Críptico tem o nome derivado da Palavra Críptica porque a cena dos graus de
Mestre Real e Mestre Escolhido ocorre na Críptica subterrânea sob o Templo do Rei
Salomão. A Palavra representa na alegoria maçónica a busca pelo homem de objetivos
para a vida e para a natureza de Deus. Simbolicamente, a Maçonaria Livre ensina, na
Loja, como a palavra se perdeu e sobre a esperança da sua recuperação. O Arco Real,
no Capítulo, ensina como ela foi redescoberta. A Maçonaria Críptica, no Conselho,
completa esta história ensinando como se preserva a Palavra inicial. O Grande
Conselho de Maçons Reais e Escolhidos é presidido e dirigido por um Grão-Mestre
Críptico sob cuja administração estão os Conselhos Crípticos geridos por Ilustres
Mestres.

As Ordens Cavalheirescas diferenciam-se de outras pela sua estrutura paramilitar. Os


Estados Unidos por exemplo seguem a preceito a parafernália que é semelhante ao
uniforme militar. Neste Rito só pode pertencer á Ordem do Templo quem for cristão.

A Comandadoria Templária com as respectivas Ordens da Cruz Vermelha, de Malta e


do Templo está estruturada numa Grande Comenda de Cavaleiros Templários também
com Comendas subordinadas. Estas Ordens Cavalheirescas são presididas por um
Grande Comendador.

O Rito de York mantém para além da Ordem dos Sumo-Sacerdotes Ungidos e


Consagrados e da Ordem da Trolha de Prata muitas outras estruturas de Altos Graus
como por exemplo:

-Grande Conclave Imperial da Ordem de Constantino e das Ordens do Santo Sepulcro e


de S. João Evangelista.

-Soberana Ordem dos Cavaleiros Preceptores

-Cavaleiros Defensores da Cruz

-Grande Conselho de Cavaleiros Maçons

-Ordem Maçónica de Bath


-Conselho de Grande Preceptores da Ordem de S. Tomás

-Grande Colégio dos Cavaleiros Templários do Arco Real.

-Cavaleiros Honorários da Cruz de York

E por outras estruturas laterais tais como:

-Alto Conselho da Sociedade Rosacruciana

-Real Sociedade dos Cavaleiros do Ocidente

-Grande Colégio de Ritos

-Conselho Imperial dos Nobres do Santuário Místico (Shriners).

Os Altos Graus do Rito de York apoia organizações maçónicas dirigidas por maçons,
esposas e familiares como a Ordem de Amaranth, a Ordem da Estrela do Oriente, a
Ordem do Santuário de Jerusalém bem como organizações para jovens, nomeadamente
para rapazes a partir dos 12 aos 21 anos a conhecida Ordem DeMolay , e para
raparigas a Ordem das Filhas de Jó e a Ordem do Arco-íris dos 12 aos 20 anos.

RITO ESCOCÊS RECTIFICADO-R.E.R.

O Rito Escocês Retificado é um rito cristão com origem na Doutrina da Estrita


Observância Templária do séc. XVIII (do Barão Carl von Hund -1722/1776- ) escrita no
mais antigo documento maçónico francês (La carte inconnue de la franco-maçonnerie
chrétienne). È um código maçónico cujo texto segue a lógica das Constituições do
pastor Anderson, mas sintonizado na crença do cristianismo como requisito primordial
para a crença maçónica, o que o liga a uma tradição cavalheiresca que remonta aos
cavaleiros templários.

O francês Jean-Baptiste Willermor (1734-1824) – (iniciado em 1750, venerável em 1752


e grão-mestre em 1761) - realizou um intenso trabalho de pesquisa, condensação e
depuração que resultou na sua atual versão. Willermor sofreu a influência de Martinez
de Pasqually fundador da Ordem dos Eleitos Coens (Elus Cohens) cuja obra continuou.

Willermor foi assíduo frequentador das Lojas regulares francesas, dos Capítulos
Templários Alemães da Estrita Obediência e dos Philalèthes, fundando em 1779 a
Ordem dos Cavaleiros Benfeitores da Cidade Santa que reuniu à sua volta um grupo de
maçons devotados a uma leitura espiritualizada e “mágica” dos ritos maçónicos, entre os
quais Martinez de Pasqually, Luis Claude de Saint-Martin, Joseph de Maistre e o Conde
de Saint-Germain.

Ensinava Willermor que para encontrar a pedra cúbica, que contém em si todos os dons,
virtudes ou faculdades, é necessário encontrar o princípio da vida. Esse espírito tem a
faculdade de purificar o ser anímico do homem, prolongando a sua vida. E tem o condão
de transformar os vis metais em ouro, encontrando-se nos três reinos da natureza. O
Adepto teria que encontrar maneira de o manipular.

O código do Rito inspira-se no teosofismo de Martinez de Pasqually em que a doutrina


esotérica deve comportar a revelação de verdades primordiais, comunicadas noutros
tempos a seres privilegiados, mas com a possibilidade de ser transmitida aos que
escolham a via do diálogo íntimo com o Criador.

O R.E.R. contou também com o trabalho de organização e depuramento ritualista feito


pelo Barão de Weiler, que retificou algumas das lojas de Estrasburgo seguindo o rito da
Estrita Observância Templária da Alemanha. Weiler instalou em 1774, em Lyon, o
primeiro Grande Capítulo na região tendo colocado Willermor como delegado regional.
Posteriormente, foram constituídos mais capítulos em Montpellier e em Bordeaux. O
sistema era constituído por 9 graus agrupados em 3 classes:

A primeira classe-Aprendiz, Companheiro e Mestre.

A segunda classe -Escocês Vermelho e Cavaleiro da Águia da Rosa Cruz.

A terceira classe -Escocês Verde, Escudeiro Noviço, Cavaleiro e Professo.

Estava e está ligado à mensagem de Amor e Tolerância do Novo Testamento sem


detrimento da Justiça vinculada no Antigo Testamento.

Atualmente, o R.E.R. Completa-se por seis graus organizados em:

Lojas Azuis ou de S. João

1º - Aprendiz

2º- Companheiro

3º- Mestre

Maçonaria Retificada

Lojas Verdes ou de Santo André

4º- Mestre Escocês de Santo André

Cavalaria Retificada

Ordem Interior

5º- Escudeiro Noviço

6º- Cavaleiro Benfeitor da Cidade Santa

Existiam também os graus de inspiração sacerdotal integrados em Colégios de


Profissão, hoje ocultos e, portanto, não praticados e que eram os Professos e os Grande
Professos.
Os Altos Graus do R.E.R. são administrados por um Grande Priorado Independente sob
a direção jurisdicional de um Grão-Prior. E como todos os outros Altos Graus
reconhecidos internacionalmente.

Todas as estruturas de Altos Graus mantem tratados de mútuo reconhecimento com a


Grande Loja ou Grande Oriente a que os seus Irmãos pertencem e nos quais se devem
manter em situação regular para poderem ter lugar naquelas estruturas.

Em resumo e para finalizar, na tradição judaico-cristã o conceito de rito refere-se a um


corpo de tradição litúrgica normalmente correspondente a um determinado centro.
Exemplos- falamos do rito romano ou latino, do rito bizantino, do rito siríaco.

O conceito refere-se também a várias formas de atos religiosos agrupando três tipos de
rito:

De Passagem, que produzem alterações na qualidade de um indivíduo (exemplo, os


sacramentos do baptismo, do casamento ou de uma graduação);

Os de Adoração à divindade que tem lugar numa Igreja Cristã, numa capela, num
mosteiro, numa sinagoga, numa mesquita;

E os ritos de Devoção pessoal que ocorrem em qualquer lugar sagrado ou numa


peregrinação religiosa a um local de particular devoção (Fátima, Lourdes, Meca, etc...)

Na tradição simbólica e esotérica o rito é essencialmente uma expressão da


interpretação dos usos e costumes da Fraternidade, das tradições transmitidas
oralmente, desde que os maçons se reúnem a coberto para glorificar o Criador e evoluir
na Arte Real. Isto, de acordo com as fontes de há 300 ou há 1000 anos.

O mais importante é que os ritos não são para os maçons e as suas organizações,
bíblias, dogmas ou repositórios inquestionáveis de uma Verdade absolutizada ou
sectarizada. São interpretações, exegeses, mergulhos na mais profunda dimensão dos
Homens Livres, a sua profunda espiritualidade e sede de perfeição.

São caminhos, mas não são O Caminho.

No décimo sétimo dia do quinto mês do A.D. de 2008.

Alenquer, Bar do Além.


Victor A. Duarte, PGSIm., VGMhAd.

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