Básico de Montanha

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11º BATALHÃO DE INFANTARIA DE MONTANHA

CENTRO DE INSTRUÇÃO DE OPERAÇÕES EM MONTANHA

ESTÁGIO BÁSICO DO COMBATENTE DE MONTANHA

ÍNDICE DOS ASSUNTOS

CAPÍTULO 1 - VESTUÁRIO E EQUIPAMENTO DE ESCALADA ................ 01

CAPÍTULO 2 - NÓS E AMARRAÇÕES .............................................................. 05

CAPÍTULO 3 - CORDAS ...................................................................................... 13

CAPÍTULO 4 - TÉCNICA DE ESCALADA LIVRE ........................................... 18

CAPÍTULO 5 - EVACUAÇÃO DE FERIDOS ..................................................... 41

CAPÍTULO 6 - AMBIENTE OPERACIONAL DE MONTANHA ...................... 49

CAPITULO 7 - MARCHAS EM MONTANHA ................................................... 52

CAPITULO 8 - RELEVO BRASILEIRO............................................................... 56

ORAÇÃO DO COMBATENTE DE MONTANHA ....................................................... 65

CANÇÃO DO COMBATENTE DE MONTANHA ....................................................... 65

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................. 66

NOTA ............................................................................................................................... 66

PACIÊNCIA,

HUMILDADE

PERSEVERANÇA.

M O N T A N H A!
1

CAPÍTULO 1

EQUIPAMENTOS DE ESCALADA

1-1 . VESTUÁRIO

a. O nosso ambiente operacional irá nos impor características especiais, tanto na parte de
vestuário, como na parte de equipamento. Cabe ao vestuário o importante papel de manter o
equilíbrio calórico do corpo, reduzindo os efeitos das variações de temperatura do meio ambiente,
sendo, portanto, essencial para que uma tropa dure na ação sob condições climáticas adversas. No
equipamento de campanha não há grande diferença daquele normalmente empregado pelas tropas de
infantaria leve.
b. O vestuário empregado divide-se em vestuário de abrigo e vestuário de proteção.
(1) Vestuário de abrigo - O vestuário de abrigo divide-se em:
(a) Interior - Serve para reter o calor do corpo, porém deve ser permeável para a
transpiração. Deve-se usar peças leves e superpostas, ao invés de somente uma quente e pesada, o que
proporciona diversas combinações de acordo com as condições ambientais. Ex: camisetas, cuecas,
suéter, meias de lã e outros.
(b) Exterior - Serve para proteger o corpo contra o frio e a umidade, deve ser simples,
sem forros e de secagem rápida. Ex: Luvas de lã, capuz, cachecol, calça e outros.
(2) Vestuário de proteção - Serve para proteger o corpo do contato com o vento e a água,
logo, deve ser impermeável. Dificulta a evaporação do suor devido à falta de porosidade, por isso,
devem ser usados somente quando estiverem ocorrendo precipitações, ventos e, principalmente, nos
intervalos e altos de uma marcha em montanha. Ex: japonas e calças de “goretex”, “anorak”, poncho,
malvinão e outros.
c. Calçados
Devem ser do tipo vulcanizado, com o bico baixo e com as bordas da sola no mesmo
alinhamento do couro do calçado. Não devem ter pregos ou tachas, pois podem causar ferimentos nos
pés quando se caminha em pedras. Os coturnos de sola de borracha especial vulcanizada, com
ressaltos ou travas, são os mais empregados.
(1) Para marchas - Coturnos de lona com solado extraleve.
(2) Para escaladas - Coturnos de couro bem justos.

1-2. EQUIPAMENTOS

a. São semelhantes aos utilizados por tropas convencionais, adaptados às características das
operações em montanha. Devido ao fato das ações serem normalmente descentralizadas, associado à
dificuldade de apoio logístico e à falta de ligação com unidades vizinhas, torna-se necessário
transportar maior quantidade de material, portanto, as mochilas devem comportar maior volume. O
agravamento das condições meteorológicas impõe, se possível, que todo o material seja impermeável.

b. Equipamento de Campanha
Barraca (modelo “Igloo” ou barraca-poncho), isolante térmico, saco de dormir, manta de
velame com “matelassê”, fogareiro, mochila, ferramenta de sapa, lona plástica e outros (Fig 1-1).

Barraca Igloo Isolante térmico Saco de dormir Fogareiro Portátil Mochila


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Fig 1-1. Equipamento de campanha


c. Armamento
Deve ser leve, portátil e adequado à missão. Ex: Para-FAL.

d. Material de escalada
Divide-se em individual e coletivo.
(1) Individual - Conduzido para o uso do combatente de montanha, compõe o Kit individual
de escalada (Fig 1-2):
(a) 01 capacete de escalada
(b) 02 cabos solteiros ou assento e atadura pré-fabricadas
(c) 03 mosquetões simples
(d) 01 mosquetão de segurança (rosca, trava simples ou automática)
(e) 01 freio em “8” ou “ATC”
(f) 01 par de luvas
(g) 01 retinida
(2) Coletivo - Empregado para a equipagem das vias a serem superadas pelos escaladores.
EXEMPLO - Escadas de cordas, cordas para escalada e meios artificiais (cunhas,
excêntricos, etc...)

Capacete Assento pré- Atadura de peito Mosquetão


fabricado pré-fabricada simples

Mosquetão Freio em oito ATC Luva


de segurança

Fig 1-2. Material individual de escalada


e. Mosquetões
(1) Normalmente são constituídos de um anel metálico de alta resistência com uma parte
móvel (portão) que se abre para o interior por pressão. Quando fechados apresentam continuidade
como se fossem uma peça única.
(2) Os mosquetões são utilizados largamente e obrigatoriamente nos trabalhos em montanha.
Normalmente são de aço ou duralumínio; estes últimos são mais empregados, por terem grande
resistência e serem mais leves. Todo mosquetão deve ser homologado e aprovado pela UIAA (União
Internacional das Associações de Alpinistas).
(3) Tipos de Mosquetões
(a) Mosquetões comuns - Empregados para escalada, segurança (auto-segurança),
manejo de cordas e equipagem de vias.
(b) Mosquetões auxiliares - Apresentam uma resistência menor do que 2.000 Kg e só
devem ser empregados para suspender ou resgatar materiais leves.
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(c) Mosquetões de segurança - Podem ser com rosca, trava simples ou automática (a trava
age automaticamente ao se fechar o portão). São utilizados em trabalhos onde se exige um maior grau
de segurança, tais como ações de resgate, rapel e ancoragens.
(4) Segundo a UIAA, a resistência mínima de um mosquetão deve ser de 2.000 Kg ao longo
do seu eixo maior (essa resistência cai para 600 Kg com o portão aberto) e 400 kg ao longo do eixo
menor. Todo mosquetão homologado pela UIAA possui marcado no seu corpo a sua resistência.
(5) Os mosquetões apresentam-se em diversos formatos (Fig 1-3). Os ovais são muito
empregados devido à simetria que os faz adequados para todos os fins. Os mosquetões em “D”
também são de emprego geral, com a vantagem de serem mais fortes, pois o portão sofre menor
tração. Os mosquetões em “D” modificado e os de portão curvo possuem a mesma vantagem do
mosquetão em “D”, porém o portão facilita a sua colocação na corda em situações difíceis.
Mosquetões em formato de pêra facilitam o trabalho de segurança quando usados com um nó meio-
porco.

g
d
a b c d a
h
a a a g
i j
d
g g
a
d d
e f a
a
(1) (2) a a

a. Mosquetão oval
b. Mosquetão em D g. Fechadura com entalhe
c. Mosquetão em D modificado h. Portão
d. Mosquetão com portão curvo i. Dobradiça
e. Mosquetão oval com trava j. Fechadura com pino
f. Mosquetão com rosca em forma de pêra.
(1) Portão em bom estado
(2) Portão danificado (inseguro)

Fig 1-3. Tipos e partes dos mosquetões

f. Freios em “8”
Os freios em “8” normalmente são fabricados em aço ou duralumínio e são utilizados para
prover segurança e frenagem do rapel.

g. Cuidados no manuseio, armazenamento e manutenção


(1) Todo material de escalada deve ser mantido longe da água, lama e areia, pois a sujeira
pode penetrar nos tecidos e mecanismos e tornar-se abrasiva, rompendo as fibras das cordas e dos
assentos e provocando desgaste nos mosquetões e freios em oito (Fig 1-4). Trataremos aqui dos
cuidados com freios em oito e mosquetões. Para informações sobre cordas, consultar o capítulo 3.
(2) Os mosquetões e freios em “8” não devem ser mais utilizados após sofrerem uma forte
queda, pois podem sofrer micro-fissuras ou deformações não visíveis que comprometam as condições
de segurança. Devido a esse fato, jamais utilize um material achado nas montanhas. Antes do uso de
um mosquetão, verifique se o entalhe da fechadura não se encontra danificado (Fig 1-3) e se o portão
fecha-se automaticamente. Nos mosquetões de segurança verifique também o funcionamento da
trava.
(3) A manutenção dos freios em „‟8” e mosquetões limita-se à limpeza e lubrificação do
mecanismo do portão.
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(a) Limpeza - Caso o freio ou mosquetão esteja sujo, limpar com água potável morna
(40º C), eventualmente adicionando sabão. Deixar secar longe de fonte direta de calor.
(b) Lubrificação - Não é necessário passar óleo nos mosquetões ou freios em “8” de
duralumínio, utilizar somente grafite em pó para lubrificar o mecanismo da alavanca dos
mosquetões. Esta operação deve ser efetuada após a limpeza e quando o material estiver totalmente
seco
(c) Armazenamento - Após a limpeza, secagem e lubrificação, armazenar em lugar seco,
fresco e longe da luz solar direta, fontes de calor, solventes ou substâncias corrosivas.

1. Desgaste das fibras por abrasão. 2. Minúsculos grãos de areia que penetram e
cortam as fibras sob tensão.

Fig 1-4. Danos provocados pelo atrito e pela areia


nos equipamentos de escalada

CAPÍTULO 2

NÓS E AMARRAÇÕES

2-1. INTRODUÇÃO

a. Para aplicar com eficiência os princípios fundamentais de escalada, é necessário


conhecer e, principalmente, estar em condições de executar, com perfeição, os nós e amarrações mais
utilizados nos trabalhos em montanha.
b. Utilizando a técnica correta e com rapidez, é preciso saber confeccioná-los de várias
formas, sob quaisquer condições (pouca visibilidade, cansaço, limitação de uma das mãos), arrematá-
los e desfazê-los.
c. O aprendizado dos nós baseia-se na capacidade de “fotografá-los”, ou seja, gravar na
memória as figuras que estes formam depois de confeccionados. A execução rápida e correta depende
exclusivamente de uma prática constante.

2-2. DESENVOLVIMENTO

a. Nomenclatura (Fig 2-1)


(1) Cabo - É o mesmo que corda.
(2) Cabo Solteiro - Corda de 4 a 5m, com 9 a 12 mm de diâmetro, usada para a confecção de
assentos, atadura de peito, segurança individual e trabalho de tracionamento de cordas.
(3) Retinida - Corda fina (diâmetro de 6 a 8 mm) utilizada para trabalhos auxiliares.
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(4) Alça - Volta ou curva em forma de “U”.
(5) Anel - Volta em que as partes da corda se cruzam.
(6) Chicote - É a extremidade livre de uma corda.
(7) Firme - Parte que fica entre o chicote e a extremidade fixa de uma corda.
(8) Permear - Dobrar a corda ao meio.
(9) Seio – Alça central de uma corda.
(10) Ancorar - Fixar uma corda num ponto qualquer.
(11) Acochar - Ajustar o nó, apertá-lo.
(12) Coçar - Gastar a corda pelo atrito contra uma superfície áspera ou outra corda. Uma
corda coçada é uma corda puída.
(13) Morder - Prender a corda por pressão, seja com superfície rígida ou pela própria corda.
(14) Safar - Liberar uma corda quando enrolada ou presa.
(15) Cocas - Voltas ocasionais que aparecem em uma corda.
(16) Desencocar - Tirar as cocas da corda.
(17) Bater uma corda - Desencocar a corda e retirar as impurezas.
(18) Falcaçar - Unir os cordões do chicote por meio de um barbante, fogo ou fita adesiva, para
que o mesmo não desfie ou desmanche.
(19) Costura - Passagem do cabo em um mosquetão para direcionar a escalada.

Fig 2-1. Partes de uma corda.

b. Características dos nós:


(1) Fácil confecção
(2) Ser seguro sem tendências a afrouxar-se, ajustar-se ou deslizar quando submetido ou
não a um esforço de tração.
(3) Fácil soltura não apresentando excessiva resistência após ter sofrido fortes e
prolongadas tensões.

c. Classificação dos nós quanto ao seu emprego


(1) Nós na extremidade de um cabo (ou para empunhadura)
(a) Nó simples (Fig 2-2) – É o mais simples de todos os nós. Pode ser usado
provisoriamente como falcaça na extremidade de um cabo, ou ainda nas cordas finas, molhadas ou
escorregadias para dar mais firmeza na empunhadura por meio do apoio oferecido pela saliência do
nó.

Fig 2-2. Nó Simples.

(b) Nó alemão ou nó em “8” (Fig 2-3) - Usa-se o nó alemão com a mesma finalidade do
nó simples, com a vantagem de ser um nó maior, de melhor soltura e empunhadura.
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Fig 2-3. Nó alemão.


(c) Nó de frade (Fig 2-4) - Usa-se o nó de frade quando se deseja um nó maior do que os
nós simples ou alemão. Pode ser utilizado nas cordas finas, molhadas ou escorregadias para dar maior
firmeza na empunhadura por meio do apoio oferecido pela saliência do nó (corda fradeada).

Fig 2-4. Nó de frade.

(2) Nós de junção ou emenda


(a) Nó direito (Fig 2-5) - Usa-se o nó direito para emendar dois cabos de mesmo
diâmetro. Deve ser sempre arrematado, caso contrário, torna-se pouco seguro, pois se afrouxa caso
não seja tracionado, podendo desatar, particularmente se as cordas forem novas ou de grande
diâmetro.

Fig 2-5. Nó direito.

(b) Nó de escota simples (Fig 2-6) - O nó de escota tem a mesma finalidade do nó


direito, com a vantagem de servir para unir dois cabos de diâmetros diferentes, cabos que estão
molhados e escorregadios e para prender um cabo a um laço. Assim como o nó direito, deve ser
sempre arrematado, pois se afrouxa caso não seja tracionado, podendo desatar. A corda de menor
diâmetro ou mais macia é aquela que costura a alça da outra.

Fig 2-6. Nó de escota simples.

(c) Nó de Escota duplo (Fig 2-7) - O nó de escota duplo é mais seguro do que o nó de
escota simples, pois o cabo de menor diâmetro envolve duas vezes a alça do cabo de maior diâmetro
ou escorregadio, sendo mais difícil que se desate acidentalmente. Da mesma forma que o nó de
escota simples, deve ser arrematado.
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Fig 2-7. Nó de escota dupla.


(d) Nó de fita (Fig 2-8) - O nó de fita é utilizado para unir extremidades de fitas de
escalada ou ainda cabos de mesmo diâmetro. É mais seguro que o nó direito e o de escota. Não é
necessário o seu arremate.

Fig 2-8. Nó de fita.


(e) Nó de pescador simples (Fig 2-9) - O nó de pescador é indicado para unir dois cabos
de mesmo diâmetro. É mais seguro que os já citados, pois não se afrouxa quando não é tracionado,
não necessitando ser arrematado e sendo de mais fácil soltura. Por isso, é empregado para arrematar
os outros nós.

Fig 2-9. Nó de pescador simples.

(f) Nó de Pescador Duplo (Fig 2-10) - O nó de pescador duplo tem a mesma finalidade
e características do nó de pescador simples, sendo mais seguro. É o nó mais recomendado pelos
fabricantes para unir dois cabos de mesmo diâmetro.

Fig 2-10. Nó de pescador duplo.

(3) Nós alceados


(a) Nó de aselha simples (Fig 2-11) - É um nó simples confeccionado com uma alça.
Serve para fazer ancoragens, ambos por meio de um mosquetão. Também é empregado na confecção
de estribos e no tracionamento de cabos. Quando sofre muita tração, fica díficil de desatar. Poderá ser
confeccionado pela forma induzida (com apenas uma extremidade do cabo livre) e sempre deverá ser
arrematado.
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Fig 2-11. Nó de aselha simples.

(b) Nó de aselha dupla (Fig 2-12) - Com a mesma finalidade e características do nó de


aselha simples, é de confecção um pouco mais difícil, porém é mais seguro, pois possui duas alças
para serem utilizadas nas ancoragens. Deverá ser sempre arrematado.

Fig 2-12. Nó de aselha dupla.

(c) Nó de aselha em oito (Fig 2-13) - É um nó alemão (em “8”) confeccionado com
uma alça. Tem a mesma finalidade da aselha simples, com a vantagem de desatar mais facilmente,
sendo utilizada também para ancorar o cabo de escalada aos diversos tipos de assentos. Quando for
sofrer grandes trações, deve-se dar de duas a três voltas com a alça da corda antes de introduzi-la no
anel. Também poderá ser feito pela forma induzida e deverá ser arrematado.

Fig 2-13. Nó de aselha em oito.

(d) Nó lais de guia (Fig 2-14) - O nó lais de guia serve para fazer uma alça que não se
aperta quando submetida a esforço, além de ser de fácil soltura. É muito seguro e de múltiplas
finalidades, podendo ser utilizado para segurança individual do escalador, fixação de cordas, prover
segurança e encordamento (somente em casos de emergência). Ao executá-lo, deve-se tomar cuidado,
pois sendo mal confeccionado desmancha-se com facilidade ou transforma em um nó de correr. Tem
a vantagem de proporcionar rápido ajuste do tamanho da alça. Deve ser sempre arrematado.

Fig 2-14. Nó lais de guia.

(4) Nós de arremate


(a) Nós de pescador (simples ou duplo) (Fig 2-9 e 2-10) – São também utilizados para
arrematar outros tipos de nós.

(5) Nós de amarração


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(a) Nó boca de lobo (Fig 2-15 e 2-16) - O nó boca de lobo serve para fixar a corda em
troncos ou em um estropo, devendo ser arrematado. Pode ser confeccionado por dois processos:
- Com um chicote (induzido)

Fig 2-15. Nó boca de lobo feito com um chicote.


- Com o seio

Fig 2-16. Nó boca de lobo feito com o seio da corda.


(b) Nó de porco (Fig 2-17 e 2-18) - Usa-se o nó de porco para prender um cabo a uma
viga, cano ou estaca, galhos, na fixação de um ferido a uma maca e em algumas amarrações na
técnica de escalada em cordada. Também deve ser arrematado e pode ser confeccionado por dois
processos:
- Com um chicote (induzido)

Fig 2-17. Nó de porco feito com um chicote.

- Com o seio

Fig 2-18. Nó de porco feito com o seio da corda.

(c) Nó Mola (Fig 2-19) – O nó mola é empregado nas ancorragens que necessitam ser
rapidamente equipadas e desequipadas em virtude de ser de fácil soltura, mesmo quando submetido a
fortes tensões. Utiliza-se um nó de porco arrematado no segundo ponto de ancoragem. Para maior
segurança pode ser executado com o cabo permeado.
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Fig 2-19. Nó mola.

(6) Nó auto bloqueante


Nó Prússico (Fig 2-20 e 2-21) - O nó prússico é um nó empregado para fixar cordas auxiliares
a uma outra de maior bitola, para dar tensão em outros cabos, para segurança e para ascensão em um
cabo vertical com o uso de estribos. Possui a peculiaridade de prender e segurar quando for exercida
tração sobre ele. Uma vez feito o nó e estando seguro, faz-se correr no sentido que se deseja e para
mantê-lo firme no lugar, basta largá-lo, tracionando-o com firmeza ou deixando que o próprio peso
do corpo exerça a tensão. Deve ser arrematado e pode ser confeccionado de duas maneiras:

(a) Com um chicote (induzido)

Fig 2-20. Nó prússico a quatro voltas – processo com um chicote.

(b) Com o seio

Fig 2-21. Nó prússico a quatro voltas – processo com o seio da corda.


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(7) Nó de segurança
Nó meio-porco (Nó UIAA) (Fig 2-22) – O meio-porco é um nó que leva o nome da União
Internacional dos Alpinistas Associados e é bastante utilizado na segurança, em especial na situação
em que o assegurador não está em boa posição. O cabo que dá segurança ao escalador passa por um
mosquetão (preso em uma ancoragem) com o nó meio-porco. No caso de queda, um pequeno esforço
será suficiente para que o assegurador trave a corda, pois o nó “morderá” o cabo no mosquetão.

Fig 2-22. Nó meio-porco.

d. Considerações sobre a confecção dos nós


(1) Na confecção de um nó deve-se ter o cuidado de evitar trançar ou torcer as voltas da
corda, para não deformar sua aparência ou “fotografia”. Um nó mal confeccionado poderá afrouxar e
desatar quando não estiver sendo exigido e, quando estiver com as voltas superpostas, será mais
difícil de desatar após tensionado.
(2) Todo nó deve ser acochado e a maioria arrematado com um nó de pescador simples ou,
preferencialmente, um nó de pescador duplo. Este arremate visa a aumentar a segurança do nó. Os
seguintes nós não devem ser arrematados: simples, alemão, frade, fita, pescador (simples ou duplo) e
meio porco.
(3) O arremate deve ser confeccionado bem junto do nó, devendo ainda sobrar no mínimo 8
cm (quatro dedos) de corda em cada chicote, após a confecção do arremate. Caso a sobra de corda
seja maior, esta deve ser atada ao firme para não pender livremente.
(4) Os nós e as voltas reduzem a resistência dos cabos segundo a tabela abaixo:

Nós Aselhas Lais de guia Pescador duplo, nó de fita Simples, pescador, porco
Perda 20 a 25 % 25 a 30% 30 a 35% 35 a 40%
Fonte: American Alpine Journal (para cabos tipo Kernmantle)
Tabela 2-1. Redução da resistência dos cabos em conseqüência dos nós utilizados.

e. Assentos e Ataduras de peito improvisados


(1) Os assentos são artifícios de cordas confeccionados para descida de rapel e para fornecer
segurança ao escalador durante a escalada. Fornecem relativo conforto e boa liberdade de
movimentos com ambas as mãos. Dos diversos tipos de assentos, pela simplicidade, segurança e
facilidade de confecção, vamos nos ater ao assento americano e à atadura de peito.
(2) Assento Americano (Fig 2-23) – O assento americano é de confecção simples, sendo
finalizado com um nó direito. Deverá ser bem acochado e arrematado, caso contrário não será seguro.
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Fig 2-23. Confecção do assento americano


(3) Atadura de Peito (Fig 2-24) – A atadura de
peito é um artifício de corda confeccionado para aumentar a segurança durante a realização de
uma escalada ou de uma desescalada, dividindo a tensão com o assento americano e evitando
que o escalador fique de cabeça para baixo em caso de queda ou perda dos sentidos. Fornece
relativo conforto e boa liberdade de movimentos com ambas as mãos. Tanto no assento
americano, quanto na atadura de peito, o nó direito unindo os chicotes deve ser feito do lado
oposto à mão de trabalho.

Fig 2-24. Atadura de peito.

CAPÍTULO 3

CORDAS

3-1. INTRODUÇÃO

a. O emprego adequado deste equipamento de escalada é tão importante quanto a


capacidade técnica e física necessária ao escalador. De todos os materiais de escalada, a corda
é o mais importante para o montanhista que, sem ela, estará sujeito a grandes riscos e muitos
lances não poderão ser realizados. Este material destina-se a assegurar e facilitar o trabalho
individual ou das cordadas. Na escalada livre é empregado para a segurança, na artificial pode
ser utilizado como meio auxiliar de escalada.
b. As cordas atualmente em uso em escalada são do tipo “kernmantle”, constituídas por
uma alma de fios trançados ou paralelos de nylon e uma camisa lisa para proteger o conjunto.
Para os diversos trabalhos em escalada, o ideal é que se empregue cordas de 10 a 12 mm, mas
podem também ser empregadas cordas de 8 ou 9 mm, preferencialmente permeadas.

3-2. DESENVOLVIMENTO

a. Generalidades
(1) Definição - A corda é um conjunto de fibras unidas entre si.
(2) Constituição das cordas - A corda é constituída por três elementos: as fibras, os
fios e os cordões; recebe o nome da espécie de fibra empregada na sua fabricação (animal,
vegetal ou sintética).
(3) Espécies de fibras
- Fibra de origem animal. Ex: crina, couro, seda e outras.
- Fibra de origem vegetal. Ex: sisal, algodão, juta e outras.
- Fibra de origem sintética. Ex: nylon e polipropileno.
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(4) Normalmente, nas tropas de montanha, empregam-se exclusiva- mente as cordas
de origem sintética. Não são empregadas cordas de origem animal ou vegetal nos trabalhos de
escalada, pois são mais pesadas, oferecem pouca impermeabilidade, resistem menos à tração,
não oferecem adequada segurança e sofrem grande desgaste com o roçamento nas pedras.

b. Classificação
(1) As cordas classificam-se em dois tipos:
(a) Estáticas - As cordas estáticas são quase inelásticas. Pouco se alongam,
devido a sua alma ser de fios lisos, o que lhe confere a elasticidade natural do nylon: cerca de
1 ou 2% do seu comprimento quando submetidas ao peso médio de uma pessoa. São
utilizadas em vias em que as cordas sofram tração, tais como rapéis e passa-mãos, permitindo
que escaladores subam ou desçam por elas, ou que grandes cargas sejam içadas ou baixadas
ao longo da parede, tais como em resgates.
(b) Dinâmicas - As cordas dinâmicas são usadas para a segurança na escalada.
Por sua alma ser constituída de cordões torcidos ou trançados, isto é, a própria alma é uma
coleção de fios em espiral, possui a elasticidade necessária para absorver choques e quedas.
As cordas dinâmicas têm uma elasticidade de cerda de 6 a 10% sob cargas normais.

c. Características das cordas sintéticas


(1) Pouco peso - Sua estrutura é constituída por grande quantidade de fibras
sintéticas de alta resistência, o que permite reduzir seu diâmetro em benefício de um maior
comprimento, sem aumentar o volume e o peso.
(2) Resistência à tração - A constituição e a quantidade de fibras determinarão a
resistência de uma corda. A capacidade máxima de tração que uma corda possui é chamada de
carga de ruptura.
(3) Impermeabilidade - As fibras e cordões passam por uma preparação química que
diminui a absorção de água, evitando que haja aumento de peso. Devido a esta proteção, não
ocorrerá seu endurecimento, congelamento e modificação do diâmetro, mesmo mediante uso
prolongado.
(4) Flexibilidade - Dependendo do diâmetro e da constituição, a corda tem maior ou
menor flexibilidade, facilitando ou não o seu manejo durante os trabalhos de escalada.
(5) Elasticidade - Vital para absorver parte do choque nas quedas.

d. Manutenção
(1) A corda deve ser preparada para a escalada da seguinte maneira:
(a) As pontas devem ser falcaçadas para impedir que se desfiem;
(b) O seio da corda deve ser marcado para facilitar sua identificação durante o
manuseio. Não utilizar tinta para marcações nos cabos, pois a pintura danifica as fibras.
Utilizar esparadrapo ou alguma fita adesiva.
(2) Antes do uso
(a) Batê-la e acondicioná-la de modo adequado, seja no corpo ou na mochila,
para não encocar ou embolar durante a escalada,
(b) Inspecionar a corda manual e visualmente, procurando pontos puídos ou
deformações ao longo de toda a sua extensão.
(3) Durante o uso deve-se evitar:
(a) Puxar o cabo sobre arestas ou pontas. Colocar uma capichama, ou algo
semelhante, entre o cabo e a aresta viva, a fim de diminuir o atrito e a conseqüente ruptura dos
cordões. O uso de uma luva de lona ou de um pedaço de mangueira de incêndio envolvendo a
corda diminui os danos ao material (Fig 3-1);
(b) Pisar as cordas;
(c) O contato das cordas com água, lama ou areia;
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(d) O contato das cordas com o freio em “8” aquecido;
(e) O uso de cordas dinâmicas em trabalhos que exijam tração;
(f) O contato das cordas com óleos, tintas e outros produtos químicos;
(g) Utilizar talha (“tifor”) ou outro tipo de multiplicador de força na tração de
cordas sem que estejam unidas a um dinamômetro (aparelho utilizado para medir a tração a
que a corda está sendo submetida);
(h) Realizar a desescalada com rapel em “zigue-zague”, desviando de
obstáculos, pois certamente haverá atrito com pontas de pedra, o que poderá danificar a corda
ou até mesmo rompê-la (Fig 3-2).

Fig 3-1. Protegendo a corda Fig 3-2. Ruptura da corda por atrito

(4) Após o uso


(a) Cordas secas
- Inspecionar, procurando possíveis defeitos provocados pelos trabalhos na
rocha;
- Bater, enrolar e acondicionar em local adequado, longe da umidade,
superfícies de cimento ou concreto, substâncias químicas, raios solares diretos e de modo que
permita a circulação de ar entre os cabos;
- Registrar na ficha controle as horas de uso, quedas sofridas, rapéis e demais
atividades executadas.
(b) Cordas úmidas ou molhadas
- Estendê-las para que sequem, de preferência à sombra;
- Se forem secas ao sol, deve-se batê-las posteriormente para que readquiram
a flexibilidade.
(c) Cordas sujas de lama ou areia
- Lavar com água, ou, caso seja necessário, água e sabão neutro. Para a
lavagem das cordas pode ser empregado o lavador de cordas (Fig 3-3).
- Seguir as orientações do item (b)

Fig 3-3. Lavador de cordas


15

e. Enrolamento
(1) Anel (Fig 3-4)
(a) Este processo permite transportar a corda à tiracolo ou em torno da mochila e
é o mais adequado para armazená-la, pois é aquele que proporciona melhor ventilação, pois
enrola-se o cabo sem permeá-lo, deixando uma maior área livre.
(b) Após o enrolamento, quando faltarem cerca de dois metros de corda,
envolver os anéis em espirais compactas que serão arrematadas com um nó.
(c) Antes de iniciar as espirais com o chicote maior, faz-se uma alça com o
chicote menor (que será envolvido pelo maior). Continua-se até o seu final, passando-o por
dentro da alça. Feito isto, puxa-se o chicote da alça.

1 2
3

4
Fig 3-4. Processo Anel

(2) Coroa (Fig 3-5) - De confecção semelhante ao processo em anel, é feito com o
cabo permeado. É mais adequado para o transporte em torno da mochila. Difere do processo
anterior por envolver todo o anel com o chicote, em forma de espiral, permitindo uma
constituição mais compacta do cabo. Este processo deve ser utilizado para o transporte a
longas distâncias ou para locais de difícil acesso, particularmente onde há a possibilidade de o
cabo enganchar-se em saliências (matas, trilhas estreitas e chaminés).

Fig 3-5. Processo Coroa

(3) Meada (Fig 3-6) - Enrolar a corda como nos processos anteriores, a partir do seio,
devendo estar permeada. Os últimos metros devem ser enrolados em torno dos anéis, do meio
para um dos extremos, arrematando-se o trabalho com um nó. Com os chicotes que sobrarem,
pode ser feita uma alça para o transporte.
(4) Andino (Fig 3-7) - É uma variação da meada, com a diferença de que os últimos
metros são enrolados em torno dos anéis de uma extremidade à outra e de maneira espaçada.
Os chicotes que sobrarem serão usados para a amarração da corda ao corpo, à semelhança de
uma mochila.

Fig 3-6. Processo Meada


16

(5) Feixe ou charuto (Fig 3-8) - Fig 3-7. Processo Andino Enrolar como a meada,
deixando cerca de 5 metros que serão enrolados em torno dos anéis, de extremo a extremo,
arrematando com um nó. Pode-se fazer uma alça para transporte à tiracolo.

Fig 3-8. Processo Charuto

(6) No pescoço - Modo prático e rápido utilizado para transporte a pequenas


distâncias. A corda deve ser alceada para facilitar sua utilização.
(7) Dentro da mochila de transporte - A corda deve ser guardada de forma alceada ou
circular, evitando a formação de nós.

f. Lançamentos (Fig 3-9)


(1) Pode-se realizar lançamentos verticais, para cima ou para baixo, ou horizontais,
quando se quer alcançar maior distância.
(2) A preparação para o lançamento consiste em:
(a) Amarrar uma das extremidades da corda em um meio qualquer;
(b) Fazer sucessivas alças de um lado e do outro da mão (alcear);
(c) Após o comando de “Corda”, fazer o lançamento.

Fig 3-9. Lançamento de corda


g. Resistência
(1) A exposição ao tempo e o desgaste pelo uso influem, cumulativamente, para a
diminuição da resistência dos cabos e, portanto, deve-se avaliar para menos ao se calcular a
resistência dos cabos usados. Um cabo preso a um gancho ou que tenha um nó tem sua
resistência diminuída em aproximadamente 30%. As voltas acentuadas sobre os cantos
diminuem a resistência em cerca de 50%. A exposição ao sol ou à água fervente diminui a
resistência dos cabos em aproximadamente 20%. Areia ou saibro, quando penetram entre as
fibras de uma corda, cortam-nas rapidamente, reduzindo a resistência da mesma.
(2) Tabela de emprego e resistência das cordas
Carga de Ruptura
Diâmetro Emprego
Estática Dinâmica
06 mm 450 Kg 500 Kg
Retinida para a segurança individual
07 mm 570 Kg 1.100 Kg
17
08 mm 720 Kg -------- Retinida para segurança individual, rapel (corda permeada) e trabalho
de cordada (corda permeada)
09 mm ------- 1.600 Kg Cabo solteiro, rapel (corda permeada) e trabalho de cordada (corda
permeada)
10 mm 1.040 Kg ------- Cabo solteiro, rapel e trabalho de cordada
11 mm -------- 2.300 Kg
Cabo solteiro, rapel, trabalho de cordada e equipagem de vias
12 mm 1.330 Kg 2.400 Kg
Tabela 3-1. Emprego e resistência de cordas
(3) No manuseio de cordas, três aspectos devem ser considerados:
(a) a corda deve ser homologada ou certificada por um órgão reconhecido
(UIAA, INMETRO, etc);
(b) deve-se atentar para as especificações técnicas do fabricante;
(c) deve-se dar prioridade para cabos que possuam, pelo menos, duas camisas e
alma trançada.

3-3. CONCLUSÃO

A corda é um material que será exigido a todo o momento durante a escalada, logo, é o
que sofre maior desgaste. Portanto, deve-se ter o máximo de atenção no seu uso e
armazenamento. Devido a sua grande importância, a corda é denominada a “linha da vida”,
aquela que garantirá a segurança, o prosseguimento e o êxito da missão de escalada.

CAPÍTULO 4

TÉCNICA DE ESCALADA LIVRE

4-1. CONCEITO
Técnica de escalada é o conjunto de procedimentos empregados pelo combatente de
montanha para superar os obstáculos próprios ao ambiente montanhoso, de modo a cumprir
missões táticas e logísticas impostas pelo escalão superior. Nesta atividade, utiliza os pés para
se deslocar sobre a rocha e as mãos para manter o equilíbrio do corpo.
4-2. CLASSIFICAÇÃO DAS ESCALADAS
a. Quanto ao meio onde se escala
(1) Em gelo
(2) Em rocha
b. Quanto ao emprego dos meios artificiais
(1) Livre - Os meios artificiais são usados apenas para a segurança. A escalada livre
requer do homem força física e moral. Deve ser adotado um procedimento inicial para
familiarizar o homem na técnica de escalada livre, a fim de que o mesmo obtenha confiança
no emprego das mãos e pés, na posição do corpo e na aderência do calçado. O escalador se
vale apenas de sua capacidade física e técnica.
(2) Artificial - Os meios artificiais são usados para escalar e para a segurança.
c. Quanto à técnica empregada
(1) Exterior (esforço vertical, aderência e oposição de esforços)
(2) Interior (chaminé)
(3) Mista (progressão em diedros e fissuras).
4-3. NORMAS BÁSICAS DE ESCALADA: (REME)
a. Refletir (pensar no que vai realizar, “estudar a rota”)
b. Estar sempre atento (não se descuidar da segurança)
18
c. Manter a calma
d. Economizar esforços (máximo rendimento e mínimo esforço)
4-4. AGARRAS E APOIOS
a. São pequenas protuberâncias da superfície rochosa que são seguidamente utilizadas
por mãos e pés na escalada. Teoricamente, se diz que a agarra é a saliência utilizada pelas
mãos, enquanto que o apoio é utilizado pelos pés. Na realidade, durante a escalada, uma
mesma protuberância na pedra poderá ser empregada como agarra e logo a seguir como apoio.
Os tipos de agarras e apoios são: de tração, pressão, de empurrar, de encunhamento e
invertidas.
b. Agarras de tração (Fig 4-1) - São as agarras mais fáceis de se utilizar, mas também
as que se quebram com maior freqüência. Não necessitam ser grandes para serem boas, às
vezes consegue-se acomodar somente a ponta de um dedo na agarra.

Fig 4-1. Agarras de tração

c. Agarras de pressão (Fig 4-2) - São agarras em que o escalador irá aplicar duas
forças na pedra, de maneira convergente, como na primeira figura abaixo, ou divergente como
na terceira figura.

Fig 4-2. Agarras de pressão

d. Agarras de empurrar (Fig 4-3) - São empurradas para longe do escalador em uma
direção. Ajudam a manter os braços baixos, mas são mais difíceis de segurar no caso de perda
do equilíbrio. São empregadas com vantagem quando combinadas com as agarras de tração.

Fig 4-3. Agarras de empurrar

e. Agarras e apoios de encunhamento (Fig 4-4)- São freqüentemente mais seguros do


que os outros tipos de agarras e apoios. O encunhamento envolve introduzir dedos, mãos, pés,
19
braços, pernas ou qualquer parte do corpo em uma fenda. Diferentes tamanhos de fendas irão
exigir encunhamento por diferentes partes do corpo. O encunhamento pode ser acompanhado
de uma pressão a ser feita nas paredes da fenda, por exemplo, ao realizar o encunhamento
com o braço, pode-se utilizar o punho para pressionar um lado da fenda e o cotovelo para
pressionar o outro lado. Deve-se observar se a parte do corpo utilizada para o encunhamento
poderá ser facilmente retirada da fenda.

Fig 4-4. Agarras e apoios de encunhamento

f. Agarras invertidas (Fig 4-5) - Este tipo de agarra deve ser utilizada juntamente com
o apoio dos pés em uma técnica de oposição de esforços, onde as mãos puxam e os pés
empurram o corpo, conseguindo-se desta maneira manter o equilíbrio. Esta técnica é bastante
cansativa e deve-se manter os braços e pernas esticados para um menor desgaste físico.

Fig 4-5. Agarras invertidas

g. Apoios
Os pés devem ser posicionados de maneira a aproveitar o apoio da melhor maneira
possível (Fig 4-6). Na realização da técnica do esforço vertical (Fig 4- 7), ao utilizar pequenos
apoios, deve-se dirigir as pontas dos pés de encontro à parede, firmando o bico do calçado e
mantendo os tornozelos horizontais e o mais alto possível.

Fig 4-6. Apoios

4-5. TÉCNICA DE ESCALADA LIVRE


20

a. Escalada exterior
A escalada exterior é a maneira de escalar na qual o homem avança sobre a
superfície externa da pedra. Sua forma mais elementar é o esforço vertical com o apoio das
mãos e pés nas saliências naturais, pode-se ainda utilizar a aderência ou a oposição de
esforços.
(1) Esforço vertical - É o procedimento mais freqüente. O escalador realiza o
movimento como se estivesse subindo uma escada (Fig 4-7).
(2) Aderência - Consiste em manter pés e mãos em contato com a rocha de
superfície inclinada e lisa, sem deslizar (Fig 4-8). É possível obter a aderência graças ao atrito
entre a rocha e as mãos e sola do calçado. Uma aderência maior ou menor depende dos
seguintes fatores:
(a) Tipo e consistência da rocha, pois uma maior aspereza facilita a aderência;
(b) Inclinação da superfície, pois determina a maior ou menor facilidade para
colocar os pés e as mãos.
(c) Tipo de sola do calçado, em função de uma maior ou menor superfície de
contato, material utilizado e pressão exercida pelo escalador.

Fig 4-8. Aderência


Fig 4-7. Esforço vertical

(3) Oposição de esforços - É uma aderência forçada, obtida ao empurrar e tracionar


a rocha com duas partes do corpo, sendo esses esforços simultâneos e em sentidos opostos
(Fig 4-9).

Fig 4-9. Oposição de esforços

b. Escalada Interior

(1) As escaladas interiores são feitas pelas chaminés. Estas são constituídas por duas
paredes distantes uma da outra o suficiente para permitir a entrada de uma pessoa,
possibilitando o apoio em ambas as paredes.
(2) Não serão abordadas aqui as denominações de chaminé larga, média ou estreita,
pois são conceitos subjetivos. A técnica empregada dependerá da distância entre as paredes e
da estatura do escalador. Por exemplo: em uma chaminé onde um escalador empregue o
processo “em X”, um outro escalador de maior estatura pode empregar o processo “em L”.
21
(3) Em chaminés verticais onde o escalador ficará de frente para uma parede, deve-se
fazer frente para a parede que apresenta o maior número de apoios e apoiar as costas sobre a
parede mais lisa, pois isto facilita o movimento. Caso haja uma inclinação, deve-se dar as
costas para a parede de inclinação positiva, o que facilitará a escalada. “em L”, ” troca-mãos,
troca-pés”, e “em X”.

(a) Processo “em L” (Fig 4-11) - Empregado quando a distância entre as


paredes for tal que permita ao escalador colocar as costas em uma parede e os pés em outra. O
escalador coloca-se com as costas e mãos apoiadas na parede à sua retaguarda (dedos para
baixo), apoia um dos pés contra a parede da frente e o outro junto às suas nádegas. Raramente
poderá distender por completo as pernas. Fará o movimento de oposição de esforços com os
seguintes detalhes: o transporte do corpo para cima é feito impulsionando o corpo com o pé
que está junto às nádegas e as mãos. Após o transporte do corpo, a posição dos pés é trocada,
e o pé que estava à frente é colocado junto às nádegas para executar um novo deslocamento.
- As mãos auxiliam o apoio das costas e os dedos devem ficar voltados para
baixo.
(b) Processo “troca-mãos, troca-pés” (Fig 4-12) - A progressão se efetua por
trocas alternadas dos pés e das mãos. Sempre que o pé direito estiver à frente do corpo,
também estará a mão esquerda, e à retaguarda estarão o pé esquerdo bem próximo às
nádegas(perna flexionada) e a mão direita. Após distender a perna próxima às nádegas,
realizando a progressão, alterna-se a posição das pernas e mãos.

Fig 4-11. Processo “em L” Fig 4-12. Processo “troca-mãos, troca-pés”

(c) Processo “em X” (Fig 4-13) - Quando a distância entre as paredes for tal que
não seja possível utilizar os processos anteriores, podemos empregar o processo “em X”, que
nada mais é do que uma progressão com apoio e pressão de pés e mãos. Existem dois métodos
de escalada:
1º - A oposição de esforços se realiza com a pressão alternada de um pé e da
mão oposta (pé direito - mão esquerda e pé esquerdo - mão direita). Enquanto o corpo se
sustenta por dois membros que pressionam em sentidos opostos, os outros dois se movem, um
de cada vez. Quando estes últimos alcançam sua nova posição, iniciam o esforço de pressão
sobre a rocha enquanto os outros dois, que anteriormente faziam este trabalho, irão mover-se.
2º - A oposição se obtém mediante a pressão dos dois pés sobre as paredes
laterais. As mãos ficam livres para elevar-se, uma depois da outra. Por sua vez, as mãos
pressionam com as palmas assentadas sobre as paredes opostas, sustentando o corpo mediante
um esforço de oposição e permitem que os pés se movimentem um de cada vez.
22

Fig 4-13- Processo em “X”

(5) Em ambos os casos, o procedimento de oposição de esforços se complementa com


o aproveitamento dos apoios e agarras que a superfície rochosa oferece.

c. Mista (Fig 4-14 e 4-15)


(1) É a combinação das escaladas interior e exterior e é realizada em diedros e
fissuras.
(2) É uma técnica extenuante que se baseia na oposição de esforços durante toda a
escalada. A dificuldade da subida por uma fissura não depende tanto de sua maior ou menor
largura, mas sim da conformação de seus bordos. Quando estes são protuberantes e ásperos
oferecem bons apoios, mas quando se apresentam lisos ou arredondados podem tornar a
escalada extremamente difícil.
(3) Para superar uma fissura, de acordo com a largura desta, podemos adotar várias
técnicas que se baseiam na introdução de parte do corpo, braço, mão ou pé.
(4) O diedro é uma cavidade de rocha resultante do encontro de duas paredes
rochosas que formam um ângulo de abertura variável. No fundo de um diedro sempre existe
uma fissura, mais larga que permite a progressão do escalador em escalada livre ou mais
estreita que possibilita apenas a técnica de escalada artificial.

Fig 4-14. Escalada mista (fissura)

Fig 4-15. Escalada mista (diedro e fissura)


23

d. Saída da Rota (Fig 4-16)


Ao sair da rota, após ter realizado uma escalada, o escalador não pode esquecer-se
das Normas Gerais de Escalada, movendo um membro de cada vez e evitando empregar
joelhos, cotovelos e nádegas.

Fig 4-16. Saída da rota

4-6. QUEDAS

Em caso de queda, a preocupação principal do escalador será


a de impedir que partes vitais do seu corpo sejam atingidas no
choque contra as pedras, uma vez que a segurança, geralmente
provida de cima, impedirá que o mesmo atinja o solo. Para isso, o
escalador deverá distender os braços, com a ponta dos dedos
voltadas para baixo e palmas das mãos voltadas para a parede,
esticar as pernas e colar o queixo no peito. Nas quedas em
chaminés, deve-se procurar proteger a cabeça (Fig 4-17).

Fig 4-17- Queda

4-7. DESESCALADA

a. Assim como para a escalada, as medidas de segurança e uma boa escolha de rota em
muito irão auxiliar uma desescalada.
b. Várias técnicas podem ser empregadas para a desescalada que poderá ser livre (meios
artificiais usados somente para a segurança) ou artificial (com o emprego de meios artificiais).
c. Desescalada livre
De acordo com a dificuldade do lanço, o escalador poderá descer de costas ou de
frente para a rocha, utilizando as mesmas técnicas empregadas para a escalada.
(1) De frente (Fig 4-18) - Nos lances mais íngremes, o escalador desce fazendo
frente para a rocha, utilizando a técnica de escalada livre, procurando ver os movimentos de
seus pés a fim de localizar os apoios.
(2) De costas (Fig 4-18) - Se o lance é fácil, o homem pode manter-se de costas para
a rocha, com as pontas dos dedos voltadas para baixo, com os pés chapados procurando
aderência e o corpo afastado da pedra.
24

DESESCALADA DE FRENTE DESESCALADA DE COSTAS

Fig 4-18. Desescalada de frente e de costas

d. Desescalada artificial - Quando a descida pelos meios naturais se torna difícil ou


impossível, ou quando se quer desescalar mais rapidamente, lança-se mão dos processos de
desescalada artificial, que podem ser por meio de rapel, lepar ou tirolesa. Será abordada aqui a
desescalada por meio do rapel.

4-8. RAPÉIS

a. São vários os tipos de rapéis, sendo que em todos faz-se uso de um cabo ancorado na
sua extremidade superior pelo qual desliza-se freando.

b. Rapel sem o uso de mosquetão


(1) Rapel com braços e costas (Rápido) (Fig 4-19)
(a) Quando a inclinação do paredão não for acentuada e a distância a percorrer
for pequena, o escalador pode utilizar esta maneira bastante simples de descida. Possui a
vantagem de ser mais rápido e fácil de executar do que as outras técnicas, especialmente
quando a corda estiver molhada.
(b) A desescalada é executada com o homem ligeiramente de lado. A corda é
colocada por baixo dos braços e pelas costas, de tal forma que o chicote seja empunhado pela
mão de frear. A outra mão segura o firme da corda e proporciona direção durante a descida.
(c) Para a descida, caminhar lateralmente sobre o declive com o corpo
perpendicular à pedra, pernas abertas naturalmente, pés chapados e observando os melhores
apoios. Quando necessário frear, levar a mão de frenagem à frente do corpo e,
simultaneamente, voltar-se na direção do firme da corda. É conveniente que se use luvas para
a execução deste rapel.

Fig 4-19. Rapel com braços e costas (Rápido)


25

(2) Rapel em “S” ou de corpo (Fig 4-21)

(a) Com a frente voltada para o ponto de amarração, passar a corda por entre as
pernas, envolvendo uma das coxas; levá-la ao ombro oposto, passando à frente do peito;
empunhar o chicote da corda com a mão de frear, que é a do mesmo lado da perna envolvida;
por exemplo: perna direita, ombro esquerdo e mão direita. A outra mão segura o firme da
corda e proporciona direção e equilíbrio durante a descida. A empunhadura com a mão de
frear é feita com as costas da mão para baixo e com o polegar apontando para baixo.
(b) Para frear basta levar a corda em direção ao peito. A posição do corpo na
descida é perpendicular à pedra, tronco reto, pernas abertas naturalmente e os pés chapados na
pedra, sendo que a perna envolvida pela corda deve sempre estar abaixo da outra. O escalador
procura observar abaixo, escolhendo o melhor local para colocar os pés.

Fig 4-21. Rapel em “S” ou de corpo

Abordagem Desescalada Frenagem


c. Rapel com a utilização de freios
(1) Na desescalada com freios, o escalador necessita da utilização de um assento para
que possa ancorar o seu freio (o que normalmente ocorrerá com a utilização de um
mosquetão).
(2) A não ser que a situação tática exija, a desescalada com freios deve ser executada
em velocidade reduzida, andando e sem realizar saltos, trancos (paradas bruscas), ou descer
em zigue-zague. Estes saltos ou paradas bruscas produzem desgaste prematuro nos cabos
(ruptura das fibras) e atrito contra as pedras, podendo causar até mesmo a ruptura do cabo e
queda do escalador. Para minimizar este risco, pode-se realizar o rapel com duas cordas ou
com a corda permeada.
(3) O rapel pode ser realizado com freios adequados (freio em “8” e outros) ou
improvisados.
(4) Para se conectar o freio ao assento, o mosquetão que será utilizado para este fim
deverá ser conectado ao nó central do assento (no caso de assento improvisado), com o portão
para frente e para o alto, devendo ser obrigatoriamente um mosquetão de segurança. Na falta
do mosquetão de segurança, pode-se empregar dois mosquetões comuns, conforme mostrado
na figura 4-27.
(5) Rapel com freio em oito - É uma técnica de rapel segura e de uso muito simples,
com a desvantagem de torcer a corda, provocando o aparecimento de cocas. Pode ser
executado de frente ou de costas, conforme se conecte o freio à retaguarda ou à frente do
assento, respectivamente.
(a) Rapel de Costas (Fig 4-24).
- O escalador se coloca ao lado da corda (escalador destro à esquerda e
canhoto à direita). Empunha uma alça do cabo (o destro com o chicote do lado direito e o
oposto para o canhoto), faz com que esta passe por dentro do olhal maior do freio, de baixo
para cima, e envolva o olhal menor. Em seguida, passa o mosquetão do assento por dentro do
olhal menor (Fig 4-23).
26

Para a mão
Assento de frear

Rapel com duas cordas

Rapel com uma corda Inseguro Colocação do freio em 8 quando


houver risco de perda do material
A colocação do freio em oito como mostrado na figura acima e à esquerda (Inseguro), proporciona uma
descida mais rápida com a vantagem de não haver o risco da formação do nó boca de lobo, porém deve ser
verificado no manual do fabricante se as características do freio em oito empregado permitem essa utilização. No
caso do freio “Super 8 Black Diamond” esse uso não é recomendado.

Fig 4-23. Colocação do Mosquetão no Freio em “8”

- A mão direita (esquerda no caso de canhotos) deverá empunhar a corda


junto ao corpo, tomando-se o cuidado de não permitir que se aproxime do freio durante a
execução do rapel. A outra mão servirá apenas para guiar e melhorar o equilíbrio, tomando-se
o cuidado de segurar a corda bem próximo ao freio quando for abordar trechos em negativa,
devido ao perigo da mão ficar presa entre a parede e a corda tracionada pelo peso do corpo.
- Para frear deverá levar a corda de encontro às nádegas, aumentando o
atrito com o corpo. Um detalhe a ser observado é que a fricção produzida pelo freio diminui à
medida em que se desce um rapel, principalmente nos rapéis em negativa, devido ao fato de
ser menor o peso da corda que age sobre o freio.
- A posição do corpo na desescalada é perpendicular à pedra, tronco reto,
pernas abertas naturalmente e pés chapados. O escalador procura observar abaixo, escolhendo
os melhores locais para colocar os pés .

(b) Rapel de Frente (Fig 4-25)


- Difere do rapel de costas somente na colocação do freio que é conectado à
retaguarda do assento. Atentar para a colocação da corda no freio de tal maneira que o chicote
fique do lado da mão de frear (Fig 4-25).
- A execução é semelhante à do rapel de costas, com a vantagem de ser de
execução mais rápida. Para frear levar a mão à frente do corpo junto ao peito.
- Neste tipo de rapel com o freio em oito, caso a desescalada seja feita aos
trancos, há o risco do cabo de escalada formar um nó boca de lobo em torno do freio,
travando o escalador no meio da descida.
27

Fig 4-24. Rapel de Costas Fig 4-25. Rapel de frente

(6) Com uso de freios improvisados - Em situações de emergência, quando não for
possível a utilização de qualquer um dos outros processos de rapel vistos anteriormente, pode
ser improvisado um freio com um mosquetão e um martelo, um tarugo de madeira, dois
mosquetões ou um piton em canaleta. Nestes casos é conveniente, sempre que possível, o uso
da segurança de cima.

(a) Com Três ou Quatro Mosquetões (Fig 4-27)


- Este é o processo mais seguro para confeccionar um freio improvisado,
apesar da aparente complexidade para montar o sistema, é confiável e utiliza apenas
mosquetões.
- O escalador se coloca ao lado da corda, aos moldes do que é feito no rapel
com freio em “8”, e sobrepõe dois mosquetões de maneira que seus portões fiquem em lados
contrários e suas aberturas voltadas para sentidos opostos, de tal maneira que abertos formem
um “X”. Empunha uma alça do cabo e faz passar por dentro destes mosquetões. Após isso,
introduz um ou dois mosquetões sobrepostos, com os respectivos portões voltados para baixo,
através dos dois primeiros e da alça do cabo assim formada.
- Isso feito, está pronto o freio, bastando apenas conectá-lo no assento por
meio de um mosquetão de segurança. Este freio é eficiente utilizando-se apenas um
mosquetão para realizar a frenagem, mas no caso de cordas finas, molhadas, escaladores pesados
ou com fardos pesados, pode ser necessário um segundo e até um terceiro mosquetão para montar o
freio.
- A técnica de descida é a mesma utilizada no rapel com freio em “8”.

Rapel com três mosquetões Ancorragem


Rapel com quatro mosquetões
Aborgagem
Caso o escalador não disponha de mosquetão de segurança Desescalada
para conectar o freio ao
assento, poderá substituí-lo por dois mosquetões simples, conforme as figuras abaixo:

Certo Regular Regular Perigoso


Fig 4-27 Rapel com três ou quatro mosquetões
28

(b) Com uso de martelo, tarugo de madeira ou piton canaleta

Fig 4-28 Rapel com uso de martelo ou piton em canaleta

(7) Parando no meio de um rapel (Fig 4-29)


(1) Caso seja necessário parar no meio da execução de um rapel, dê duas ou três
voltas apertadas com o chicote ao redor da perna correspondente à mão de frenagem. Caso as
voltas não estejam apertadas, quando o escalador soltar o peso do corpo irá descer um pouco.
A fricção da corda com a perna é suficiente para deixar as mãos do escalador livres. Mantenha
uma mão na corda até testar que as voltas foram suficientes para frear seu peso.
(2) Caso esteja utilizando um sistema de freio, um outro método consiste em passar
a corda ao redor da cintura e com uma alça executar um ou dois nós de porco no firme logo
acima do freio.

Fig 4-29. Parando no meio de um rapel

4-9. SEGURANÇA
a. A existência do risco é inerente à atividade de montanhismo, cabe
ao escalador tomar todas as precauções para minimizar as chances de vir a
sofrer qualquer tipo de acidente. O uso de capacete é indispensável, pois
uma pequena queda pode ser fatal se vier a provocar um ferimento no
crânio, da mesma forma, ao realizar qualquer escalada é indispensável o uso
da segurança individual.
b. A preparação para o escalador realizar as atividades de
montanhismo em segurança consiste em (Fig 4-30):
(1) colocação de capacete com soltura rápida,
(2) atadura de peito com mosquetão à frente.
(3) assento americano ou pré-fabricado com um mosquetão de
segurança à frente. Na utilização do assento pré-fabricado, deve-se observar
os cuidados mostrados na Fig 4-31.
Fig 4-30. Auto Segurança

Segurança
29

Mínimo 8 cm

Na colocação do assento pré-fabricado, deve-se


observar uma sobra na fivela da cintura.

Fig 4-31 – Cuidados na colocação do assento pré-fabricado

(4) uma retinida permeada ancorada ao assento americano por meio de um nó


prússico a quatro voltas, formando a auto-segurança (Fig 4-30). Em cada extremidade da
retinida deverá ser colocado um mosquetão simples e confeccionado um nó pescador duplo.

c. Tipos de segurança
(1) Estática - É aquela efetuada por meio de uma ancoragem rígida, com ou sem a
participação do assegurador. É importante que o meio utilizado para uma segurança estática
esteja realmente firme (“à prova de bombas”), pois em caso de queda irá suportar todo o peso
do escalador. Também é considerada segurança estática a auto-segurança (Fig 4-32).
(2) Dinâmica - É aquela feita por meio do corpo do assegurador. O assegurador
poderá estar ancorado ou não, mas caberá a ele absorver a maior parte da força produzida pela
queda do escalador. Este processo requer atenção e participação ativa do assegurador. Há duas
modalidades de segurança dinâmica (Fig 4-33):
(a) Direta - Quando o assegurador utiliza o atrito com o corpo como freio.
(b) Indireta - Quando utilizado algum tipo de freio mecânico.
(3) Segurança aproximada - É aquela na qual o assegurador fica em condições de
aparar uma provável queda do escalador no lance inicial de sua escalada. Dispensa o uso de
corda (Fig 4-34).

Fig 4-32. Fig 4-33 Fig 4-34


Segurança estática Segurança dinâmica Segurança aproximada

d. Fundamentos da Segurança

(1) Ancoragem - Ancorar-se é o ato de fixar-se à pedra por meio de um segmento de


corda. Para ancorar-se, o escalador utiliza a sua auto-segurança que será conectada ao ponto
de ancoragem.
- O mosquetão, após conectado ao ponto de ancoragem, deverá ser girado de
180º, fazendo com que o portão fique para fora da pedra.
30
(2) Sistema de freio - Para freiar a queda de um escalador, o assegurador poderá
utilizar o atrito com o próprio corpo, algum tipo de freio mecânico (em “8”ou ATC) ou um nó
meio-porco (UIAA), que nada mais é do que um sistema de freio improvisado.
(3) Posições - A posição do assegurador deve ser estável e firme, sentado ou de pé,
não podendo ser arrancado de sua base no caso de queda do escalador (Fig 4-35a). É
preferível manter-se próximo à parede, pois desta forma há menos corda entre o assegurador e
o escalador, logo, menor risco do escalador chegar ao solo em caso de queda. Sempre que
possível, o assegurador deverá estar ancorado, evitando que seja jogado contra a parede,
principalmente no caso de haver grande diferença de peso entre os dois (Fig 4-35b-c).

a b c

Fig 4-35. Erros do assegurador

(a) Posição sentado (Fig 4-36) - Normalmente é a posição mais segura e


cômoda. Ao sentar, o assegurador deve firmar os pés nos ressaltos porventura existentes,
procurando manter as pernas estendidas, formando uma base triangular. A mão guia deve ser
a do lado da perna que está melhor apoiada (para os destros a mão guia é a mão esquerda e
este é o pé que deve estar melhor apoiado).

Fig 4-36. Posição sentado

(b) Posição de pé (Fig 4-37) - É uma posição muito instável, usada apenas
quando não é possível sentar-se. É imprescindível a ancoragem do assegurador. Este toma
uma posição segura e firme, se possível firmando-se com as espáduas ou ombro contra a
pedra.
- Quando a segurança for de baixo para cima, a corda deve passar por baixo
das nádegas e quando for de cima para baixo, pelas costas, tomando-se cuidado para que a
corda não escorregue.
31

Segurança dinâmica de cima para baixo Segurança dinâmica de baixo para cima

Fig 4-37. Posição de pé

(4) Manuseio da corda

(a) A corda poderá passar junto ao corpo do assegurador de diversas maneiras:


pelas costas, na altura da cintura ou espáduas, abaixo das nádegas, por cima de um dos
ombros e por baixo do outro (axila) ou ainda apenas com as mãos, desde que se use um nó
meio-porco ou um freio mecânico.
(b) Quando for utilizada a corda por cima de um ombro e por baixo do outro, a
parte da corda que vem do escalador deve passar sobre o ombro.
(c) Para tornar a empunhadura da corda mais segura, tanto na posição de pé
quanto na posição sentado, o assegurador pode fazê-la passar por dentro de um mosquetão
conectado ao seu assento (Fig 4-38).

Fig 4-38 - Passando a corda por um mosquetão

(d) Para a realização da segurança dinâmica direta, deve-se usar luvas.


(e) Durante a execução da segurança, o ideal é que a corda não seja deixada
frouxa mas que também não tracione o escalador, fazendo-o perder o equilíbrio. À medida
que a corda for sendo recolhida, no caso de uma segurança feita de cima, é importante deixá-
la organizada para posterior utilização e até mesmo evitar acidentes.
(f) Nunca se esqueça: ao realizar uma segurança, a mão de frear não deve em
hipótese alguma abandonar o cabo de segurança (Fig 4-39). É mais fácil manter a mão no
cabo quando a segurança estiver sendo provida de baixo para cima, devido ao fato de que o
escalador puxa a corda. Quando a segurança é feita de cima para baixo, a corda deve ser
puxada contra a gravidade e, ao mudar-se a posição da mão de frear, a tendência natural é
abandonar a corda, o que deve ser evitado. O procedimento correto é o seguinte:
- Puxar a corda com a mão guia e com a mão de frear simultaneamente. (1)
- Deslizar a mão guia à frente, e após isso empunhar as duas partes da corda.
(2)
- Deslizar a mão de frear ao longo da corda, retornando à sua posição
original. (3)
32

(1) (2) (3) (4)

Fig 4-39. Manuseio da corda

(5) Frenagem

(a) Para segurar uma queda, utilizando a segurança estática ou dinâmica indireta,
trava-se o sistema de freio exercendo uma pequena tração na parte da corda de escalada que
chega às mãos (Fig 4-39(4)). É importante utilizar a corda no sistema de freio ou nó meio-
porco de maneira que o atrito seja o maior possível (Fig 4-40). Para a execução da segurança,
um bom freio a ser utilizado é o ATC por ser leve e eficiente. O freio em “8” pode também
ser utilizado, devendo para isso ser verificado nas instruções do fabricante qual a melhor
maneira de se fazer a corda passar pelo mesmo de acordo com suas dimensões (Fig 4-41).

(b) No caso da segurança dinâmica direta, traz-se a mão de frear para o lado
oposto do corpo, aumentando o atrito com a corda. É importante que este movimento seja
executado, pois é o atrito contra o corpo do assegurador que fará com que a corda seja
travada. A posição deverá ser mantida mesmo que isso venha a acarretar queimaduras nas
mãos do assegurador(Fig 4-42).

75% de atrito

100% de atrito

Fig 4-40. Utilização do nó meio porco para segurança

Recomendação válida para o freio em “8”


Super 8 Black Diamond ERRADO CERTO

Fig 4-41. Utilização do freio em Fig 4-42. Sistema de frenagem –


“8” para segurança segurança dinâmica direta
33
e. Segurança para a desescalada com uso do rapel

(1) Segurança Provida de Cima (Fig 4-43)

(a) Processo pelo qual o escalador desce com a segurança sendo provida de cima
por um cabo que é conectado à sua atadura de peito.
(b) Este método é válido contra falhas do escalador e do material empregado no
rapel. Por isso, é o processo mais seguro, devendo ser empregado em paredões muito
inclinados ou verticais.
(c) Apresenta como desvantagem a lentidão do movimento e o roçamento entre a
corda do rapel e a da segurança, o que pode vir a atrapalhar a desescalada.

(2) Segurança provida pela auto-segurança (Fig 4-44)

(a) A segurança pode ser provida pelo próprio montanhista que desescala,
lançando mão da sua auto-segurança.
(b) Preparada a descida com a corda já instalada no freio, confecciona-se um nó
prússico arrematado a seis voltas com uma das pontas da sua auto-segurança. O homem desce
com a mão de guiar (mão esquerda para os destros) sobre o nó prússico a fim de mantê-lo
frouxo.
(c) No caso de queda, a mão deverá se soltar do nó prússico e este, solto, será
tracionado e morderá o cabo de descida, freando o montanhista. Este processo previne contra
a falha do homem, mas não contra rompimento do cabo, da ancoragem ou do assento.

Fig 4-43. Segurança Fig 4-44. Segurança


provida de cima provida pela auto-segurança

(3) Segurança provida de baixo (Fig 4-33)

(a) É proporcionada por um homem que firma o chicote do cabo de descida. Este
cabo deverá envolver o corpo, passando por baixo de suas nádegas.
(b) Para se tencionar o cabo, traz-se a mão de frear (mão direita para os destros)
de encontro ao abdômen e senta-se sobre o cabo.

(c) Em caso de queda, o cabo será tencionado, “mordendo” o freio de


desescalada e freando o escalador. Este processo somente previne falhas do montanhista, e
não eventuais falhas do material e da ancoragem, também não é válido para o rapel feito sem
o uso de freios (improvisados ou não).

.
34
4-10. NORMAS GERAIS DE ESCALADA

(1) São as tarefas essenciais ao escalador, realizadas com o objetivo de desenvolver


uma boa e segura escalada, dentro dos parâmetros técnicos e obedecendo as normas de
segurança. São as seguintes:

(a) Escalar primeiro com as vistas, determinando mentalmente onde colocar os


pés e mãos durante a escalada;
(b) Testar os apoios e agarras antes de utilizá-los;
(c) Manter o corpo um pouco afastado da pedra, para se ter uma melhor visão
dos apoios, aumentar o campo visual e evitar os golpes de joelhos contra a rocha;
(d) Dirigir a ponta dos pés em direção à parede, firmando de preferência, sobre
os apoios apenas o bico do calçado e mantendo os tornozelos horizontais e o mais alto
possível;
(e) Manter as mãos, ao tomar as agarras, abaixo da cabeça ou pouco acima desta;
(f) Mover somente um membro de cada vez, enquanto três permanecem fixos;
(g) Escalar com os pés e usar as mãos para manter o equilíbrio do corpo;
(h) Executar movimentos curtos e contínuos;
(i) Evitar o emprego de joelhos, cotovelos e nádegas;
(j) Evitar afastamento lateral exagerada das pernas e dos braços;
(k) Evitar os apoios dados por raízes ou galhos;
(l) Lembrar que o melhor escalador não é o que escala mais rápido;
(m) Evitar cruzar as pernas e os braços (cruzar membros);
(n) Evitar o uso das bordas internas do calçado;
(o) Evitar utilizar o calçado com a sola suja quando estiver escalando;
(p) Não usar anéis, alianças e relógios durante a escalada ou desescalada;
(q) Evitar o atrito de corda com corda ou corda com pedras.

4-11. COMANDOS PARA A ESCALADA

a. Significado dos comandos

No adestramento de escalada livre, adotam-se diversos comandos que visam


possibilitar a realização de uma escalada eficiente e segura. A assimilação dos comandos
permite aos escaladores adotar a conduta mais correta nos trabalhos de escalada. São os
seguintes os comandos normalmente utilizados nas escaladas:
(1) Recuperar / Recuperando - Quando o escalador sobe e sente que a corda de sua
segurança está frouxa, pede “RECUPERAR!” para ser recolhida pelo assegurador. A
segurança pode estar sendo provida de cima ou de baixo, em ambos os casos o assegurador
responderá “RECUPERANDO!” e recolherá a corda.
(2) Escalar / Escalando - Tão logo o escalador tenha terminado de testar a
segurança e esteja em condições de realizar a escalada, emite o comando de
“ESCALANDO!”. A este comando o assegurador emitirá o “ESCALAR!”.
(3) Corda - Será emitido toda vez que o escalador necessitar de corda ou no
lançamento da mesma. Este comando deve ser repetido pelo escalador ou assegurador.
(4) Pedra - Sempre que um escalador observar a queda de pedras, alertará aos
outros companheiros dizendo “PEDRA!”, para que estes reajam rapidamente e busquem
aproximar-se o máximo da parede rochosa, protegendo-se.
(5) Caindo - Comando emitido quando o escalador sofre uma queda ou está prestes
a cair.
35
(6) Escalador em segurança – comando emitido quando o escalador chegar ao final
da escalada (topo da rota) e estiver com sua auto-segurança no cabo de segurança do topo; ou
quando realizar um rapel e chegar até a base do paredão.

b. Seqüência dos comandos para a escalada diurna

O escalador chega na base da rota conecta a azelha do cabo de segurança no


mosquetão do assento americano ou cadeirinha e diz:
(1) Esc : ROTA 0 RECUPERAR !
(2) Seg : ROTA 0 RECUPERANDO !

Quando a corda estiver tencionada o escalador faz o teste da corda com peso do
próprio corpo, sem emitir nenhum comando. Ele então analisa a rota de escalada onde estão
os apoios e agarras(escalar com as vistas) e diz:
(3) Esc: ROTA 0 ESCALANDO !
(4) Seg : ROTA 0 ESCALAR !

Ao final da escalada o escalador sai da rota em três apoios sem colocar nádegas,
joelhos ou cotovelos na pedra, conecta sua auto-segurança no cabo de segurança do topo e
diz:
(5) Esc: Estagiário 0 em segurança, montanha!

OBSERVAÇÕES:

(1) Durante a escalada podem ser dados ainda o comando de “CORDA!”, e as


advertências “CAINDO!” e “PEDRA!”

(2) Todos os comandos são precedidos pelo número da rota. Exemplo: ROTA 1,
RECUPERAR!

(3) Na realização de uma desescalada / rapel, o escalador quando chegar ao final do


processo supracitado e liberar-se da corda; deverá prover a segurança do próximo escalador e
dar o seguinte comando:
Esc: Estagiário 0 em segurança, montanha!

c. Comandos para a escalada noturna: (CRE)

(1) Uma puxada na corda = CORDA


(2) Duas puxadas na corda = RECUPERAR / RECUPERANDO
(3) Três puxadas na corda = ESCALAR / ESCALANDO

4-12. VIAS EQUIPADAS

São rotas previamente preparadas por pessoal habilitado (guias de cordada) para
facilitar a transposição de obstáculos horizontais e verticais. Tais como: rapel, lepar, corda
fixa, passa-mão, escadas, comando crawl, falsa baiana, ponte de duas e de três cordas

a. Lepar (Fig 4-45)

(1) Utilizado em lugares onde a inclinação não é muito acentuada, é composto por
uma corda ancorada no alto que pode receber nós para facilitar sua empunhadura. Pode servir
para inclinações mais acentuadas caso seja combinado com escadas.
36
(2) Para mover-se, o escalador faz uso dos braços, utilizando os pés para equilibrar-
se. O corpo deve ficar, sempre que possível, na vertical (o que possibilitará um maior
equilíbrio e menor esforço), e não perpendicular à pedra como no rapel.

(3) O lepar pode ser com corda simples (sem nós), corda com nós simples, corda
fradeada (com nós de frade) ou corda azelhada.

Fig 4-45. Lepar – Corda simples, fradeada e aselhada.

b. Corda Fixa (Fig 4-46)

(1) Consiste em uma corda que é ancorada no topo, na base e em vários pontos
intermediários, formando tramos. É utilizada para trechos relativamente fáceis de escaladas.

(2) O escalador deve subir seguindo a direção da corda, podendo fazer uso desta
para auxiliar a escalada, mas pode, também, nos trechos mais fáceis, utilizar os apoios
existentes na rota traçada. Ao subir, o escalador coloca uma das extremidades da sua auto-
segurança no primeiro tramo da corda fixa e desloca-se até o primeiro ponto de ancoragem
intermediário, onde colocará a segunda extremidade da sua auto-segurança, após o ponto de
ancoragem. Após isso, retira a auto-segurança do primeiro tramo e prossegue da mesma forma
até o final da via. Durante a transposição da corda fixa só deverá haver um escalador por
tramo.

c. Passa-Mão (Fig 4-47)

(1) Difere da corda fixa por não possuir pontos de ancoragem intermediários, mas
somente no topo e na base. É instalado em locais onde o acesso é mais difícil, ou onde o
paredão for mais inclinado.
(2) Para subir, o escalador irá confeccionar um nó prússico (com seis voltas e
arrematado) na corda, utilizando para isso uma das extremidades da sua auto-segurança. Ao
confeccionar o nó prússico, deve-se começar a fazê-lo por sua parte mais próxima do topo da
encosta, pois desta maneira, em caso de queda, o escalador terá um maior número de voltas do
nó para travá-lo. A escalada pode ser feita utilizando-se de agarras e apoios ou empunhando a
própria corda, sempre conduzindo o nó prússico que servirá como segurança.
37

Fig 4-46. Corda fixa Fig 4-47. Passa-mão

d. Escadas (Fig 4-48)

(1) As escadas são empregadas nos locais de acesso muito difícil, inclusive
negativas, onde não há apoios naturais, quando a pendente é muito vertical e não existe
possibilidade de se instalar outro sistema ou tipo de via. Podem ser empregadas em conjunto
com lepares, principalmente quando a tropa que escala transporta cargas pesadas.

(2) Podem ser confeccionadas de diversos materiais: somente cordas, troncos e


cordas, ou ainda cordas e degraus de duralumínio.

(3) Para subir, o escalador utilizará alternadamente as duas extremidades da auto-


segurança. À medida em que sobe na escada, lança uma segurança em uma das cordas
laterais. Somente depois desta ter sido lançada, poderá retirar a que estava assegurando-o
anteriormente para transportá-la mais para o alto.

Aselha dupla

Nó de porco

Aselha simples
40 cm

Lais de guia

30 a 40 cm

ESCADA DE CORDAS ESCADA DE TRONCOS E CORDAS


Fig 4-48. Escadas
38
e. Comando Crawl (Fig 4-49)

(1) É uma via equipada para transposição da tropa, material e feridos, onde se tem,
entre uma elevação e outra, um grande vazio em que a transposição seria impossível ou muito
demorada.

(2) Quando possuir um ângulo maior do que 20º com a horizontal, necessitando ser
freiado ou recuperado, recebe o nome de tirolesa. A tirolesa é empregada para a exfiltração de
feridos, materiais e equipamentos.

(3) O escalador pode utilizar duas técnicas para transpor um comando crawl: por
cima ou por baixo da corda.
(a) Por cima da corda: o escalador deita-se na corda, colocando sobre ela o
peito e um dos pés, mantendo esta perna flexionada; a outra deve pender naturalmente, para
manter o equilíbrio do corpo. A tração do corpo é feita com as mãos, ajudada pelo pé que está
sobre a corda. Se o equilíbrio for perdido, pode-se retornar à posição normal, bastando passar
uma perna sobre a corda e o cotovelo do braço oposto e , em um movimento rápido, retornar o
corpo para cima da corda. A segurança pode ser feita com um mosquetão de segurança
ancorando o assento à corda do comando crawl.
(b) Por baixo da corda: o escalador conecta um mosquetão de segurança na
corda, coloca-se sob a mesma e realiza a transposição tracionando com as mãos. No caso de
tropa equipada, pode-se colocar um segundo mosquetão na atadura de peito. Em ambos os
casos, o material do escalador pode ser tracionado ancorado no mesmo ou recuperado após a
travessia. Para uma travessia mais rápida e com menor esforço, pode-se utilizar roldanas em
substituição aos mosquetões.

Fig 4-49. Travessia do Comando crawl por baixo e por cima da corda

f. Falsa Baiana (Ponte de Duas Cordas Vertical) (Fig 4-50)

(1) Para a transposição da falsa baiana, a tomada da posição deve ser com os pés
apoiando-se no cabo inferior (de preferência no encontro da sola com o salto do calçado) e as
mãos empunhando o cabo superior, com a empunhadura invertida (uma palma para trás e a
outra para a frente). O deslocamento é feito alternando-se a abertura de mãos e pés na direção
da transposição.

(2) Para segurança, o escalador conecta uma das extremidades da sua auto-
segurança na corda superior, além disso prende a retinida recuperadora em sua atadura de
peito.
39

Fig 4-50. Transposição da falsa baiana

g. Ponte de duas cordas (Fig 4-51)

Para transpor uma ponte de duas cordas, o escalador confecciona um assento


americano e coloca em cada lado um mosquetão de segurança, os quais engatará nas cordas
da ponte. Como segurança adicional, uma retinida recuperadora é ancorada à retaguarda do
assento americano.

h. Ponte de três Cordas (Fig 4-52)

(1) Para a transposição, o escalador engatará uma das extremidades da sua auto-
segurança na corda de segurança, que fica montada em cima da ponte de três cordas
especialmente para prover segurança durante a transposição.

(2) As mãos tomam as cordas laterais e os pés pisam a corda inferior sobre os nós
de porco, voltando-se para fora. As mãos forçarão para fora os corrimãos a fim de facilitar o
equilíbrio. Uma passada suave deve ser mantida para permitir o mínimo de balanço. Caso a
ponte comece a balançar, todos deverão parar e empurrar os corrimãos para fora até a ponte se
estabilizar. O intervalo entre os homens deve ser no mínimo de seis metros.

(3) Uma retinida recuperadora é ancorada na atadura de peito do escalador, sendo


empregada para recuperá-lo em caso de queda.

Fig 4-51. Ponte de duas cordas Fig 4-52. Ponte de três de cordas
40
i. Ascensor (Fig 4-53)

(1) Os ascensores são aparelhos empregados para realizar subidas em cordas


verticais sob paredes negativas e em vias equipadas, como no caso do passa-mão, onde terá a
mesma finalidade do nó prússico.

(2) Para a subida em cordas verticais são empregados aos pares, podendo ter uma
extensão para o apoio dos pés.

Fig 4-53. Ascensor

Fig 4-53 - Ascensor

CAPÍTULO 5

EVACUAÇÃO DE FERIDOS

5-1. GENERALIDADES

a. A evacuação de feridos em terreno de montanha apresenta-se como um difícil


problema. Além da penosa tarefa do transporte do ferido para o posto de saúde mais próximo,
existe a responsabilidade da travessia de um terreno acidentado que, por si só, já oferece
obstáculos para uma pessoa livre de qualquer carga.
b. Em baixas temperaturas e em altas montanhas, é vital a rapidez da evacuação. A
incidência do estado de choque, mesmo no caso de ferimentos leves, é muito freqüente em
regiões frias, necessitando de um tratamento específico logo após o acidente e também a sua
remoção no menor espaço de tempo possível.

5-2. PRINCÍPIOS DA EVACUAÇÃO


a. Meios de transporte para a evacuação
(1) O meio utilizado para a evacuação deverá proporcionar o mais rápido socorro
especializado à vítima de um acidente.
(2) Deve-se considerar: as vias de acesso ao local ou proximidades, as condições
meteorológicas, a situação tática e o tipo de ferimento.
(3) O transporte aéreo é o mais rápido, porém depende de fatores importantes, tais
como: campos de pouso, locais de aterragem e condições meteorológicas favoráveis. O
helicóptero é o meio mais utilizado devido a sua mobilidade, por não necessitar de pista de
pouso e permitir a evacuação do ferido pairando (uso do guincho).
41
(4) Os meios motorizados dependem das condições das estradas de acesso e malha
rodoviária até o local ou proximidades.
(5) Os muares são eficientes para realizar o transporte em área de montanha, porém
necessitam de pessoal habilitado no seu manuseio.
b. Evacuação noturna
(1) A evacuação noturna somente deve ser executada quando a situação assim o
exigir e desde que haja um reconhecimento e balizamento prévios. As dificuldades de
deslocamento, orientação e a possibilidade de vir a agravar as condições do ferido devem ser
levadas em conta.
(2) Raramente a evacuação noturna por terrenos escarpados compensa os esforços
dispendidos.
c. Itinerário de evacuação
Deve-se escolher a rota mais fácil e menos escarpada, a qual, se possível, deve ser
previamente reconhecida e balizada.
d . Acomodação do ferido na maca
(1) Um dos cuidados que se deve adotar no transporte de um ferido é a proteção da
sua cabeça, para isso, pode-se utilizar o capacete ou outro material adequado.
(2) O ferido deve ser movimentado o mínimo possível, e as partes da maca e
amarrações em contato com o mesmo devem ser acolchoadas.
(3) Se o transporte for feito por longas distâncias, deve-se estabelecer rodízios entre
os homens que irão conduzir a maca.

5-3. ORGANIZAÇÕES APTAS A REALIZAR AÇÃO DE SALVAMENTO EM


MONTANHA

a. Civis
- Grupos dos Centros de Excursionismo e Montanhismo do Brasil.
- Grupos de Bombeiros Voluntários, desde que devidamente adestrados.
b. Policiais
- Corpos de Bombeiros estaduais.
c. Militares
- Unidades de Montanha do Exército.
- Unidades de Forças Especiais do Exército.
- Unidades de salvamento e resgate das Forças Armadas.

5-4. TRANSPORTE DE FERIDOS

a. Uso do cabo solteiro ou fita tubular


(1) Processo das duas alças (Fig 5-1)
(a) Utiliza-se um cabo solteiro grande (cerca de cinco metros). Em uma das suas
extremidades é feito um nó de pescador duplo, deixando-se a outra extremidade livre para
ajuste posterior.
(b) São formadas duas alças que são passadas por baixo do ferido, de modo que
uma corda fique sob suas nádegas e outra na altura das axilas.
(c) Em seguida, o socorrista senta-se entre as pernas do ferido e veste as duas
alças como se fosse uma mochila.
(d) Após a ajustagem do cabo, o arremate final é feito com um nó de pescador
duplo.
(e) Para levantar o ferido, o socorrista coloca uma das pernas do ferido sobre a
sua perna, puxa um dos braços do ferido e em seguida gira, cuidadosamente, para o lado
oposto até que o ferido fique sobre as suas costas. Em seguida, levanta-se. Para o
42
deslocamento, o socorrista segura as pernas do ferido por baixo, na altura das coxas, para
diminuir o atrito das cordas com os ombros.

Fig 5-1. Processo das duas alças

(2) Processo das três alças (Fig 5-2)


(a) Utiliza-se um cabo solteiro grande (cerca de cinco metros). Em uma das
extremidades é feito um nó de pescador duplo, deixando-se a outra extremidade livre para
ajuste posterior.
(b) O cabo solteiro é passado por baixo do ferido, uma corda na altura das costas
e outra abaixo das nádegas, formando três alças, duas abaixo das axilas e uma entre as pernas
do ferido.
(c) O socorrista senta-se entre as pernas do ferido, passando a alça que está entre
as pernas do ferido sobre o seu abdômen e veste as alças das axilas como se fosse uma
mochila.
(d) O ajuste do cabo é feito à frente do corpo, de modo que permita que as três
alças sejam unidas com um mosquetão. O arremate é feito com um pescador duplo e as alças
são unidas com o mosquetão.
(e) Para levantar e realizar o transporte, o procedimento é idêntico ao processo
das duas alças.

Fig 5-2. Processo das três alças

(f) Pode-se também utilizar uma fita tubular ao invés de cabos solteiros, com a
vantagem de proporcionar maior conforto para o ferido. Neste caso, as emendas devem ser
feitas com nó de fita.

b. Preparação do ferido no imobilizador SKEDCO (Fig 5-11)


Antes de utilizar o SKEDCO, deve-se colocar o colar cervical no ferido. O SKEDCO
deve ser colocado sobre uma superfície plana com as alças para baixo. Após colocá-lo
43
cuidadosamente sob as costas do ferido, unir as fitas de cores iguais de cima para baixo. As
duas primeiras alças passam por cima do ombro e cruzam-se sobre o peito, juntando-se aos
receptores localizados próximo às axilas. As duas fitas abdominais envolvem o abdômen sem
se cruzarem. As alças para os membros inferiores passam por entre as pernas, envolvem a
coxa e são presas aos receptores sem se cruzarem. Após a colocação dos tirantes, deve-se
ajustá-los de baixo para cima, sem apertar em excesso. Finalizando a colocação do SKEDCO,
deve-se colocar o apoio para a testa e o apoio para o queixo. Durante a colocação do
SKEDCO, um socorrista deve ficar segurando a cabeça do ferido. Para o transporte do ferido
imobilizado com o SKEDCO, deve-se utilizar uma maca rígida.

H
J G
LEGENDA
A: Cintos para suporte dos
A A B I membros superiores
B B B: Receptores dos cintos para
suporte dos membros superiores
C: Cintos abdominais
D: Receptores dos cintos
abdominais
E: Receptores dos cintos para
suporte dos membros inferiores
C D F: Cinto para suporte dos
membros inferiores
G: Apoio para o queixo
H: Apoio para a testa
I: Almofadas de apoio
E J: bolsa para transporte
E
F
B
B
Fig 5-11. Imobilizador SKEDCO

e. Transporte em maca
(1) Maca de lona V.O.
(a) A amarração que será descrita refere-se à maca de lona V.O., com quatro pés
de alumínio separados por travessas articuladas do mesmo material, o que permite o
fechamento da mesma, facilitando o seu transporte.
(b) Inicia-se a preparação da maca com a introdução de dois tarugos de madeira
de 60 cm de comprimento e 5 cm de diâmetro no interior dos pés da mesma, e um terceiro
tarugo no centro, de modo a impedir que a maca se feche.
(c) Faz-se um nó de porco arrematado envolvendo um dos pés da maca, o tarugo
e a travessa articulada. Com um dos chicotes que sobraram, confecciona-se sucessivos nós de
porco envolvendo o tarugo e a travessa articulada. Ao chegar à outra extremidade do tarugo, o
arremate final é feito com mais um nó de porco, de modo idêntico ao primeiro nó. Esta
amarração não deve ser feita no tarugo central. (Fig 5-12)

Fig 5-12. Preparação da maca


44
(d) A colocação do ferido na maca já preparada deve ser feita com o auxílio de
outros escaladores.
(e) A amarrração do ferido é iniciada confeccionando, com um cabo solteiro, um
nó lais de guia em cada perna, próximo da virilha. Os chicotes de cada cabo são trançados e
ancorados no tarugo superior ( próximo da cabeça do ferido) através de um nó de porco
arrematado.
(f) Inicia-se a confecção de uma bota (Fig 5-13). Para isso, são utilizados dois
cabos solteiros, um para cada pé. Faz-se um nó direito sem arremate na canela do ferido. Em
seguida, os dois chicotes envolvem o meio do pé do ferido e são unidos na parte superior do
pé com um nó direito arrematado. O mesmo trabalho é feito no outro pé.
(g) Cruza-se os chicotes, os quais são ancorados nos tarugos dos pés da maca
com nós de porco. O nó deve ser ajustado observando-se a saída do chicote na direção da
próxima amarração (Fig 5-14).

Fig 5-13. Confecção da bota

(h) Os cabos são novamente cruzados e seguem em direção ao tarugo do centro


da maca, onde são ancorados com um nó de porco. Caso o cabo não permita, novos cabos são
emendados para continuar a amarração.
(i) Os cabos são novamente cruzados e seguem em direção ao próximo tarugo
(cabeceira da maca), onde são ancorados com um nó de porco. Após isso, os chicotes são
passados por baixo das axilas do ferido e emendados sobre o peito com um nó direito
arrematado. As sobras da amarração devem ser distribuídas na maca.
(j) O procedimento seguinte será a colocação do capacete na cabeça do ferido e
sua fixação à maca por meio de uma retinida (Fig 5-15). Utiliza-se para isso os furos do
capacete. A ancoragem na maca é feita com nós de porco.
(j) Os braços do ferido devem ser deixados por baixo das amarrações, evitando
assim que os mesmos caiam para os lados.

Fig 5-14. Fig 5-15.


Colocação do ferido maca Preparação do capacete

(l) Este tipo de amarração impede que o ferido caia da maca, caso a mesma se
incline para o lado ou vire de cabeça para baixo.
45
(2) Evacuação do ferido em Maca de lona V.O.

(a) Tirolesa (Fig 5-16)


- Para a evacuação por meio da tirolesa é necessário que a maca possua três
alças confeccionadas com cabos solteiros.
- Para isso, utiliza-se três cabos solteiros permeados e com uma azelha em
oito no seio de cada um deles. Os chicotes são ancorados com nós de porco, por baixo da
maca, nos tarugos e travessas articuladas.
- O comprimento das alças deve ser ajustado de modo que, ao ser presa a
maca na tirolesa, esta permaneça paralela ao solo, para isso, as alças devem ter tamanhos
diferentes.
(b) Comando Crawl
- Processo idêntico ao da tirolesa, com a diferença de que as três alças
confeccionadas para a evacuação são do mesmo tamanho.
- Para recuperar e frear a maca, é utilizada uma retinida recuperadora.
(c) Rapel (Fig 5-17)
- Caso a evacuação seja feita por meio de rapel, prolongas de madeira
devem ser amarradas na cabeceira da maca (nó de porco arrematado por diversos outros nós
de porco sucessivos). Isto permite que a cabeça do ferido e a maca fiquem afastadas das
pedras (Fig 5-12).
- Além destes cuidados, é necessária a preparação dos homens que irão
conduzi-la (Fig 5-18).
- Esta preparação é feita com um cabo solteiro no corpo de cada socorrista
que irá desescalar, da seguinte forma:
- Permeia-se um cabo solteiro e coloca-se o seio do cabo sobre o ombro
direito. Os chicotes são passados de forma diagonal para o lado esquerdo do corpo e na altura
da cintura são cruzados. Após isso, são passados para o lado direito do corpo e unidos com
um nó direito arrematado. Esta preparação é feita para o socorrista que irá descer o rapel
freando com a mão direita;
- Outro socorrista faz esta amarração de maneira inversa (lado
esquerdo).

Fig 5-16. Tirolesa Fig 5-17. Rapel com ferido

Nó direito com
arremate

Fig 5-18. Preparação dos escaladores para execução do rapel


46
- Para execução do rapel, os homens deverão enganchar os punhos da maca
no ponto onde os cabos se cruzaram, deste modo a maca estará apoiada.
- Para a segurança da maca durante a descida, é necessário que se ancore um
cabo a um freio em oito ou outro freio colocado em um ponto fixo. Confecciona-se uma alça
com um cabo solteiro e esta é ancorada no tarugo da cabeceira da maca, de maneira
semelhante à amarração da tirolesa. O cabo utilizado para a segurança é preso à alça e sua
liberação deve ser controlada por um terceiro socorrista (segurança).
- É preciso também dois cabos de rapel para os socorristas que descerão
com a maca.

(3) Maca de aço


(a) A utilização da maca de aço se constitui em um meio mais simples e mais
seguro nas atividades de resgate em montanha. Sua preparação é mais rápida, exige menos
material e proporciona grande segurança para o ferido.
(b) Para a sua preparação inicia-se ancorando um cabo solteiro na sua lateral, na
altura do ombro do ferido utilizando um nó de porco arrematado. Faz-se o mesmo do outro
lado.
(c) Em seguida trança-se os dois chicotes sobre o peito da vítima retornado para
o mesmo lado da maca realizando-se um nó de porco sem arremate na lateral.
(d) Feito isso, realiza-se com os dois chicotes separadamente, um nó lais de guia
em cada perna da vítima próximo à virilha.
(e) O próximo passo será a colocação do capacete na vítima de maneira idêntica
ao processo da maca de lona, ancorando-o nas laterais da maca com o nó de porco
arrematado.

(4) Evacuação do ferido na maca de aço

(a) comando crawl (plano horizontal)


- Primeiro passo, a identificação da- maca (posicionamento dos membros
inferiores e superiores),e em seguida dispor os cabos solteiros sobre a maca para dar início às
amarrações.

- Segundo passo, providenciar a confecção dos nós de porco arrematados,


nas laterais da maca. Esse procedimento deverá ser realizado por dois homens, de preferência
ao mesmo tempo e em lados contrários, para não perder tempo nas amarrações.

- Terceiro passo, a confecção dos nós de azelha em oito no seio dos cabos
47
solteiros, onde a sua principal finalidade é centralizar as alças facilitando assim as manobras
e manuseio.
- Quarto passo, fazer a união das azelhas com o comando crawl por meio de
mosquetões elou roldanas, como é demonstrado no desenho abaixo onde o nº 1 identifica as
roldanas elou mosquetões, o nº 2 identifica a retinida recuperadora e o nº 3, identifica as
alças da maca.

(b) Tirolesa (plano inclinado)


- Segue-se o mesmo padrão adotado para o comando crawl, porém diminui-
se a alça dos membros inferiores para que a maca desça na posição horizontal.

(c) Plano inclinado


- É importante saber que a base para o emprego da maca no plano vertical,
não foge às regras do plano horizontal, portanto o que se altera na vertical é a união de suas
alças por meio de mosquetões de trava automática no ponto central (eixo). São empregados
três mosquetões com a finalidade de facilitar o encontro do ponto de equilíbrio (pêndulo) da
maca, não fazendo necessário, perder tempo em desfazer as amarrações da mesma.
- Após a confecção das amarrações e da colocação dos mosquetões, deve-se
verificar, pegando os mosquetões do centro, a inclinação da maca, sabendo que esta deve
permanecer o mais próximo possível da horizontal.

1 - Cabo estático
2 - Conjunto de mosquetões
3 – Alças com cabo solteiros
4 – Segurança do ferido
48
(d) Rapel
- A segurança é feita de maneira idêntica à da maca de lona V.O.
- A preparação dos militares que realizarão o rapel também é idêntica à da
maca de lona V.O., porém utiliza-se um mosquetão de trava automática para a conexão dos
mesmos à maca.

5-5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

(1) No emprego de qualquer um dos processos aqui ensinados, é indispensável a


constante reciclagem dos conhecimentos, criatividade para a improvisação no caso da falta de
material, emprego correto em relação à natureza dos ferimentos do acidentado e do tempo
disponível para a execução da evacuação.
(2) O emprego correto destas técnicas pelo escalador se verificará, principalmente, nas
preparações de macas, suas amarrações e em transportes mais simples. Cabe a elementos mais
especializados o planejamento e condução de ações de salvamento em montanha, bem como,
a fiscalização das ações dos elementos subordinados e menos especializados neste tipo de
operação.

CAPÍTULO 6

AMBIENTE OPERACIONAL DE MONTANHA

6-1. AMBIENTE OPERACIONAL DE MONTANHA

a. Trata-se de uma ampla área geográfica composta por formas e acidentes do relevo
com considerável desnível em relação à área circunvizinha e caracterizada por terrenos
compartimentados com encostas íngremes e precariedade de caminhos. A área de operações
em montanha não está, necessariamente, associada às regiões de grandes altitudes. Conforme
as particularidades e a localização do terreno, pode receber influência de condições
meteorológicas adversas.
b. Pelo conceito acima, podemos observar que, apesar de o Brasil não possuir elevadas
altitudes, há em todas as suas regiões grandes extensões de superfície terrestre caracterizadas
como área de operações em montanha, exigindo, conseqüentemente, especialistas habilitados.
c. A área de operações em montanha apresenta aspectos topotáticos peculiares que a
caracterizam como um ambiente propício às operações com características especiais, tais
como, as operações noturnas, infiltrações e incursões. O terreno e as condições
meteorológicas exigirão das forças em confronto um elevado grau de adestramento para
subsistir e combater em montanha, calcado em doutrina específica para este ambiente
operacional.

6-2. ATIVIDADES EM MONTANHA

a. As tropas combatentes realizarão na montanha praticamente as mesmas atividades


feitas no terreno convencional e que se relacionam com suas missões ofensivas e defensivas.
Considerando-se, no entanto, o terreno escarpado das regiões montanhosas, muitas vezes
haverá necessidade da tropa escalar, normalmente por vias equipadas, para levar avante o
cumprimento das suas missões.
b. Podemos sintetizar a gama de atividades de uma tropa combatente em montanha em
quatro atividades fundamentais:
(1) Marchar
(2) Escalar
(3) Combater
49
(4) Subsistir
c. Na montanha, as tropas precisam estar bem adestradas para realizarem estas
atividades, pois o terreno escarpado torna as marchas mais desgastantes e lentas, os acidentes
orográficos muitas vezes dificultam a escalada, as condições de vida são freqüentemente
adversas, com enormes restrições à obtenção de recursos locais e o combate caracteriza-se por
uma luta contra o inimigo e os elementos da natureza.

6-3. ALTITUDE E ALTURA

a. Altitude: desnível em relação ao nível do mar.


b. Altura: diferença em relação a um referencial que não seja o nível do mar.
c. Exemplo:
(1) Pico das Agulhas Negras: 2.791m de altitude
(2) Abrigo Rebouças: 2.400m de altitude
(3) Diferença do pico em relação ao abrigo: 391m de altura

6-4. CLASSIFICAÇÃO DAS MONTANHAS

a. Quanto à localização no relevo do Brasil


(1) Cadeias litorâneas - faixas do Planalto Atlântico: Serra do Mar, Serra dos Órgãos
e outras.
(2) Cadeias interiores - faixas do Planalto Brasileiro: Serra da Mantiqueira, Serra do
Espinhaço, Serra do Caparaó e outras.
(3) Cadeias Amazônicas - Planalto das Guianas: Serra do Imeri, Serra Pacaraima,
Serra Tumucumaque e outras.
b. Quanto à altitude
(1) Baixa Montanha
(a) Altitudes compreendidas entre 500 e 1500 metros;
(b) As condições climáticas não afetam as operações militares;
(c) Não há restrições para o emprego de tropa;
(d) Existência de núcleos populacionais permanentes com zonas agropastoris.
(2) Média Montanha
(a) Altitudes compreendidas entre 1500 e 2500 metros;
(b) Pastos naturais e bosques;
(c) Possibilidade de ocorrência de chuvas, geadas e frio intenso à noite;
(d) Presença de neblina e nevoeiros;
(e) Caminhos escassos, porém existem vias de ligação;
(f) Pobreza de recursos para subsistir devido à escassez de núcleos populacionais
com produção de alimentos;
(g) As unidades de montanha estão aptas a operar durante todo o ano; as tropas
convencionais, devidamente instruídas, podem atuar excepcionalmente, sendo sua mobilidade
prejudicada.
(3) Alta montanha
(a) Altitudes superiores a 2500 metros;
(b) Constituição rochosa;
(c) Escassa vida vegetal;
(d) Condições de vida extremamente difíceis pelo agravamento das condições
climáticas com temperaturas bastante baixas, rajadas de vento, chuvas torrenciais, geadas,
granizo e, ocasionalmente, precipitação de neve nos pontos mais altos;
(e) Transitabilidade restrita, devido aos itinerários escassos e abruptos, limitando
os efetivos e dimensões das operações militares;
(f) Ausência de núcleos populacionais;
50
(g) Existência de alguns abrigos de montanha;
(h) É aconselhável o emprego de tropa aclimatada e adaptada à região
montanhosa.

6-5. ADAPTAÇÃO E ACLIMATAÇÃO

a. Adaptação
Período de tempo que uma tropa já habituada a este ambiente operacional, necessita
para condicionar seu organismo às particularidades de uma certa região. Duração de 24 a 48h.

b. Aclimatação
Período de tempo que uma tropa não habituada a este ambiente operacional,
necessita para condicionar seu organismo aos fenômenos ambientais, tais como a baixa
pressão e o clima. Duração de 10 a 12 dias.

6-6. FATORES QUE INFLUENCIAM NO ORGANISMO

a. Os transtornos que ocorrem no organismo, em terreno montanhoso, são determinados


por distintos fatores, tais como:
(1) Pressão Barométrica - Com o aumento da altitude, a pressão barométrica
diminui, provocando dilatação dos gases orgânicos, sangramento do nariz e gengiva
(hemorragias) e tensão na caixa timpânica.
(2) Rarefação do Ar - À medida que se ascende, diminui a quantidade de oxigênio e
a umidade relativa do ar, enquanto aumenta a intensidade dos raios ultravioletas. A exposição
a esses fatores possibilita a ocorrência de herpes, queimaduras na pele, inflamação nos olhos
(ceratite) e aumento das atividades cardiovasculares.
(3) Temperatura - Cai à medida em que se ganha altitude, na seguinte proporção:
(a) Atmosfera úmida: 1º C em cada 200m
(b) Atmosfera seca: 1º C em cada 100m
(4) Características do Terreno - O homem não aclimatado na montanha,
normalmente, se cansa precocemente com o trabalho que realiza. Exercitam-se novos grupos
musculares que precisam ser treinados e, inclusive, uma nova técnica de movimentos rítmicos
necessita ser assimilada (passo montanhês). Esta adaptação muscular se alcança somente por
meio de marchas, Treinamento Físico Militar e prática de escalada.

6-7. PERÍODO ESTIVAL E PERÍODO INVERNAL

a. As condições de vida e combate apresentam características distintas no verão


(período estival) e no inverno.
b. No Planalto Brasileiro, o período estival é caracterizado pelo frio menos intenso,
porém são mais comuns as chuvas e temporais, podendo ocasionar deslizamentos. Já no
Planalto das Guianas, o período invernal é o que apresenta um maior índice pluviométrico.
Junto com as chuvas, temos o aumento do volume dos rios, o que pode ocasionar
modificações nas condições de transitabilidade.
c. No período estival, aumenta o perigo de desprendimento de pedras, devido às maiores
diferenças de temperatura que fazem as rochas dilatarem-se durante o dia e contraírem-se à
noite, provocando o desmembramento de pedras e sua posterior queda.
d. No período invernal, as condições climáticas são mais rigorosas, com o aumento do
frio, neblina e ventos.
51
6-8. CONCLUSÃO

Devido à adversidade do ambiente operacional de montanha, cabe às tropas que irão


operar no mesmo uma cuidadosa preparação física, material e psicológica, para que as
condições adversas sejam transformadas em aliadas que facilitarão o cumprimento da missão.

CAPITULO 7
MARCHAS EM MONTANHA

7-1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

a. As marchas em montanha revestem-se de algumas características especiais devido à


existência de um terreno acidentado, às vezes com pendentes muito acentuadas.
b. Deve ser cuidadosamente preparada, a fim de evitar erro de cálculo das jornadas de
marcha, o que acarreta esforços desnecessários e fadiga precoce à tropa.
c. Algumas características das marchas em montanha:
(1) Balizada por trilhas (podem ser evitadas caso a situação tática assim exigir).
(2) Técnica particular da regulação de marcha, onde é considerado o tempo de
marcha ao invés da distância percorrida.
(3) Maior profundidade das colunas.
(4) Maior lentidão nos movimentos.
(5) Intenso desgaste físico e psicológico.
(6) Exige maior grau de adestramento.
(7) A disciplina de marcha deve ser rigorosa.
(8) As marchas forçadas implicam em maior tempo de marcha e não em maiores
velocidades.

7-2. PREPARAÇÃO DAS MARCHAS

a. É essencial preparar a tropa que irá executá-la, provendo-lhe os meios necessários e


informando acerca dos trabalhos a serem executados.
b. Reunir com antecedência todas as informações sobre o terreno através do qual a
marcha será realizada. Podem ser utilizados como fontes para a coleta de dados:
(1) Relatórios e gráficos de reconhecimentos anteriores.
(2) Cartas topográficas ou fotografias aéreas.
(3) Guias militares ou civis.
(4) Nativos ou moradores da região.
c. Na seleção de um itinerário de marcha, considerar:
(1) Grau de adestramento e de aclimatação da tropa.
(2) Quantidade e peso do equipamento e carga a ser transportado.
(3) Meios disponíveis (material de escalada, viaturas, muares).
(4) Composição da coluna da marcha (homens, muares, etc).
(5) Condições meteorológicas previstas.
d. As mudanças das condições meteorológicas podem alterar substancialmente a
situação na montanha e, em conseqüência, as possibilidades, velocidade e segurança da tropa
quando se desloca por um itinerário. Assim, resulta que o mau tempo aumenta de forma
considerável:
(1) O grau de esforço a desenvolver ao enfrentar o frio, o vento e o gelo.
(2) Os perigos provocados por avalanches, rolamento de pedras e aumento dos cursos
d‟água.
52
(3) As dificuldades de deslocamento pelos itinerários devido à mudança das
condições de visibilidade
e. Velocidade de marcha
(1) Em regiões de montanha, as subidas e descidas desgastam muito mais a tropa do
que a distância horizontal a percorrer. Desta forma, a velocidade de marcha é afetada pela
declividade do terreno.
(2) Para o cálculo da duração de uma marcha utilizar o seguinte processo:
(a) Medir a distância horizontal que deverá ser percorrida.
(b) Calcular o desnível de subida total, por meio da soma dos desníveis parciais
de subida do itinerário.
(c) Calcular o desnível de descida total, por meio da soma dos desníveis parciais
de descida do itinerário.
(d) Realizar o cálculo para obtenção dos tempos para percorrer a distância
horizontal, os aclives e os declives. Após isso, somar os três tempos para obtenção da
duração da marcha. A este tempo final, no caso do cálculo de uma jornada de marcha, são
somados os tempos dos altos, do consumo de refeições e dos pernoites.
(e) Deve ser considerada a seguinte tabela para cálculo dos tempos:

CONDIÇÕES DE DE DISTÂNCIA
SUBIDA DESCIDA
MARCHA HORIZONTAL
Homens
sem equipamento 400 m/h 600 m/h 4 Km/h
Homens
com equipamento 300 m/h 500 m/h 4 Km/h
Muares
carregados 400 m/h 300 m/h 4 Km/h
Coluna de homens
e muares 300 m/h 300 m/h 4 Km/h
Tabela 7-1. Cálculo de tempo

(3) Os números acima para aplicação em declives maiores do que 35 o em escaladas


por rocha ou em altitudes superiores aos 3.000 metros são aumentados em 30%.
EXEMPLO: Cálculo de tempo de marcha para uma tropa de homens com
equipamento (Fig 7-1):

Fig 7-1. Exemplo para cálculo de tempo

- Distância horizontal: 10 Km Tempo: 2h30min


- Subida: 150 m Tempo: 30 min
- Descida: 500 m Tempo: 1h
- Total: 4h
- Altos (25/5min): 4h 10 altos 50min
- Tempo total de marcha: 4h50min
53
f. Arrumação do equipamento
(1) Para que uma tropa realize uma marcha e, ao término desta, esteja em condições
de cumprir as suas missões, deve-se atentar para o correto acondicionamento do material a ser
transportado (Fig 7-2). O vestuário e equipamento devem estar bem acondicionados e
ajustados.

MM MP
LEGENDA
MP SITUAÇÃO NR 1: Marchas em terreno de
MP Montanha (trilha difícil com desníveis
MM acentuados e muitos obstáculos).
ML ML SITUAÇÃO NR 2: Marchas em terreno
convencional (trilhas limpas e sem desníveis
acentuados).

ML: MATERIAL LEVE (cuecas, meias,


camisetas, etc)
MM: MATERIAL MÉDIO (japona, kits em
geral)
MP: MATERIAL PESADO (ração, água,
ferragens, Mat de comunicações, etc)

Fig 7-2. Arrumação da mochila

(2) A arrumação dos objetos no interior da mochila deve ser feito de maneira a
proporcionar um perfeito equilíbrio. A carga deve ser repartida de modo que os pertences
mais pesados fiquem próximo às costas. Evitar transportar objetos pendurados para não
prejudicar o equilíbrio. A barraca ou saco de dormir, caso não caibam inteiramente no interior
da mochila, devem ser presos na parte superior. O limite ideal de carga por homem é de 1/3
de seu próprio peso.

7-3. EXECUÇÃO DAS MARCHAS

a. Início
(1) Evitar iniciar a marcha em jejum.
(2) Conduzir alimentação de emergência e um kit de primeiros socorros com material
de imobilização.
(3) Estabelecer uma disciplina quanto ao consumo d‟água.
(4) A hora da partida deve ser fixada para que a marcha termine ainda com luz do
sol.
(5) Verificar o estado e ajustagem do vestuário e equipamento, principalmente dos
coturnos.

b. Disciplina de marcha
(1) Deve ser adotado o “passo montanhês”, flexível e lento, tanto mais lento quanto
maior for a pendente a ascender. O passo é lento, pois a cada passo há uma pequena pausa
onde o peso do corpo é suportado pela perna da retaguarda que fica totalmente distendida,
sem cansar os músculos. O peso do corpo deve ser apoiado em toda a planta do pé e não
somente na ponta.
54
(2) Para se obter uma velocidade adequada de marcha, deve ser colocado à testa da
coluna de marcha um “regulador de marcha”, que deve ser um homem de capacidade física
igual à média da tropa.
(3) O cerra-fila, em princípio, deve ser um graduado.
(4) Evitar ascender pelas pendentes mais acentuadas.
(5) Em terrenos muito íngremes marchar em zigue-zague, tomando cuidado com o
desprendimento de pedras que possam atingir outros escaladores da coluna de marcha.
(6) Apoiar de vez em quando as mãos nas alças da mochila.
(7) A distância entre os homens é flexível, normalmente entre 2 a 4 metros, pois
deve-se manter do homem da frente uma distância que não atrapalhe a ultrapassagem dos
obstáculos, mas que também não permita a perda do contato visual.
(8) Providenciar um rodízio do material coletivo conduzido.

c. Altos durante a marcha


(1) Proporciona descansos curtos à tropa, para que, sem prejuízo da continuidade da
marcha, possa recuperar-se antes de prosseguir o movimento.
(2) Não há regras rígidas quanto ao intervalo de tempo entre os altos e a duração dos
mesmos. Cabe ao comandante, à luz dos fatores da decisão, estabelecer as prescrições
relativas aos altos. Como regra geral, quando a declividade do itinerário for acentuada, faz-se
altos de 5 minutos a cada 25 minutos de marcha.
(3) Observar o constante reajuste do equipamento e o estado de saúde dos homens.
(4) No frio intenso, evitar altos prolongados.
(5) Após um alto, evitar, de imediato, o deslocamento em aclives.
(6) Durante os altos, abrigar-se do frio. Retirar as peças de abrigo quando voltar a
marchar.
(7) Escolher um local protegido do vento e próximo à fontes de ressuprimento de
água para fazer os altos prolongados.
(8) Alimentar-se freqüentemente e em pequenas quantidades, evitando alimentos de
difícil digestão.

d. Estacionamentos
Os lugares escolhidos para os bivaques deverão reunir condições necessárias para
proteger do frio, vento e umidade. Deve-se evitar a proximidade das cristas rochosas pelo
perigo que apresentam em caso de tormentas. Da mesma forma, o fundo das ravinas é
perigoso, pois pode sofrer inundação no caso de chuvas intensas. A natureza do terreno deve
influenciar também na escolha do local do bivaque. Durante o inverno e em épocas muito
frias, caso a situação tática permita, o fogo pode ser aceso.

7-4. CONCLUSÃO

Nas Unidades empregadas em terreno montanhoso, deve ser dedicada atenção constante
à realização de exercícios, até que toda a tropa seja capaz de realizar os mais diversos
percursos com todo o equipamento, armamento e material e atinja seu objetivo em condições
de cumprir as mais diversas missões de combate.
55
CAPITULO 8
RELEVO BRASILEIRO

8-1. GENERALIDADES

a. Com relação às bases geológicas do território brasileiro, podemos fazer uma série de
observações e relacioná-las às altitudes do relevo. O Brasil possui 64% do território formado
por bacias sedimentares e 36% por escudos cristalinos. Em sua grande parte, as estruturas
geológicas são antigas.
b. As bacias sedimentares formaram-se a partir do acúmulo de sedimentos em
depressões, sendo, por isso, terrenos ricos em combustíveis fósseis, como carvão, petróleo,
gás natural e xisto. Os escudos são mais antigos e rígidos, caracterizando-se pela presença de
rochas cristalinas como granitos e gnaisses e estão associadas à presença de riquezas minerais
metálicas, como ferro e manganês.
c. No Brasil, não há grandes cordilheiras como o Himalaia, os Andes ou as Montanhas
Rochosas, que foram geradas por desdobramentos modernos. Por ser um território rígido e
muito antigo, também não sofre a ação de terremotos, agentes internos fundamentais para a
constituição das grandes formas estruturais do relevo. Já os agentes externos como chuvas,
ventos, rios, mares, calor e frio continuam sendo responsáveis por esculpir as formas do
relevo da superfície. Ocasionalmente, os reflexos de tremores de terra ocorridos em pontos
distantes são sentidos em algumas regiões do país.

8-2. ASPECTOS GEOLÓGICOS

A formação e a transformação do relevo são causadas pelos agentes internos e externos;


– Agentes internos, tectônicos ou endógenos: são geradores (criam formas do relevo);
– Agentes externos (intemperismo): são modeladores e transformadores das formas de
relevo.

a. Agentes Internos
A movimentação das placas tectônicas é o processo fundamental na criação de quase
todas as montanhas, direta ou indiretamente. O conceito básico é que as placas se juntam e se
separam ciclicamente e sobre as placas ficam os continentes e o fundo do oceano. Esses
movimentos provocam o aparecimento de dobras, falhas, terremotos e vulcões. Veremos cada
um deles.
Os dobramentos caracterizam-se pelo enrugamento resultante da colisão das placas
tectônicas, podendo ser entre as placas continentais, entre as oceânicas ou até a união de
ambas. O movimento das placas tectônicas é chamado de deriva continental. A Índia
pressiona o resto da Ásia e forma o Himalaia. A deriva continental é de 3 a 6 mm/ano. A
placa do Pacífico está se estendendo em direção à América do Sul, formando os Andes.
Os falhamentos ou falhas são formadas pelo desnivelamento na superfície causado pela
movimentação vertical de gigantescos blocos de rocha, devido ao alivio/aumento de pressão.
Acontecendo assim a formação das serras (em forma de dentes de serra). Exemplos: Serra do
Mar e Serra da Mantiqueira.
Os terremotos, também conhecidos como abalos, sismos ou terremotos se manifestam
através de vibrações das camadas da crosta terrestre. São originados pelos movimentos das
placas tectônicas. A escala Richter, que é a mais científica varia de 0 (não sentido por
pessoas) até 9 (destruição total com deslocamentos de rocha e topografia alterada). O local de
origem do abalo é chamado Hipocentro. O ponto da superfície imediatamente acima do foco
onde se manifesta o tremor é chamado Epicentro.
O vulcanismo é um tipo de formação onde tem-se o HOT SPOT (ponto quente),
correntes de magma ascendentes que saem quase que constantemente do mesmo ponto e
56
conseguem atravessar a crosta oceânica, que é pouca espessa, se comparada com a crosta
continental. É o processo mais rápido que pode criar uma montanha. A ação dos vulcões
forma algumas das maiores montanhas existentes. O vulcanismo ocorre principalmente nos
oceanos, agindo em conjunto com as placas submersas. Exemplo: Mauna Loa, Havaí (10.203
metros, possuindo menos da metade acima do nível do mar). Ilha de Trindade (4.900 metros –
sendo 600m acima do nível do mar).

b. Agentes Externos
Chama-se intemperismo a exposição das formas de relevo ou dos agentes químicos
(água) ou físicos (calor) e ao seu conseqüente desgaste. Os agentes externos atuam como
forma modeladora e modificadora do relevo tanto como abrasiva como ação construtiva
(depositando em áreas mais baixas). Os principais tipos são:
– Glacial (ação do gelo);
– Fluvial (ação erusiva dos rios);
– Pluvial (provocada pelas chuvas);
– Eólica (pelo vento) e
– Marinha (movimentos de avanço e recuo das marés).

8-3. FORMAS DO RELEVO

a. A paisagem natural varia de um ponto para outro da superfície. Existem lugares


montanhosos e planos; outros se apresentam com pequenas elevações onduladas constituindo
as colinas. Outros ainda se encontram em um nível altimétrico inferior às terras que lhes estão
próximas, formando, assim, verdadeiras depressões. As montanhas ora se apresentam com
picos arredondados, ora com picos pontiagudos. Há, enfim, uma grande variedade de formas
na superfície da terra.

b. As formas existentes na superfície da terra podem ser grupadas em quatro tipos


principais:
(1) Montanhas.
(2) Planícies.
(3) Planaltos.
(4) Depressões.
Segundo a classificação geográfica do IBGE, o Brasil não possui “montanha”. Até
então, somente o Pico da Neblina com 3.014 metros era considerado montanha. Entretanto,
com as novas medições, o Pico da Neblina passou para 2.993 metros. Na verdade, as
definições para montanha se não são precisas, são distintas, levando-se em conta fatores
variáveis (altitude, altura, condições meteorológicas). Dessa forma, para a classificação
militar, devido às peculiaridades do emprego técnico e tático, considera-se montanha a partir
da altitude de 500m, sendo baixa montanha: de 500 a 1500m; média montanha: 1500 a
2500m; e alta montanha: a partir de 2500m.

c. Montanhas
As montanhas podem consistir de picos isolados, colinas simples, serras ou
cordilheiras que se estendem por centenas de quilômetros. Dá-se o nome de cordilheira ou
cadeia a um alinhamento de montanhas. Exemplos: os Andes, os Alpes, o Himalaia. São
típicas de regiões geologicamente jovens. No Brasil não temos elevações consideradas
geologicamente como montanhas (exceção feita ao Pico da Neblina, cuja altitude é próxima
aos 3.000 m), embora o termo seja muito usado.

d. Planaltos (Fig 8-1)


57
São superfícies elevadas e irregulares, mais ou menos planas, formadas por serras,
chapadas e morros e delimitadas por escarpas (rampas, degraus), onde o processo de desgaste
supera o processo de deposição de materiais. São áreas formadas por rochas magmáticas e
metamórficas desgastadas e aplainadas devido à erosão, apresentando declives nas suas
bordas.

Fig 8-1. Planalto

e. Planícies (Fig 8-2)


(1) São também superfícies mais ou menos planas, onde o processo de deposição de
diversos tipos de sedimentos de origem marinha, lacustre ou fluvial, que supera o processo de
desgaste. Assim sendo, os terrenos de uma planície são de natureza sedimentar. Em geral,
estão próximas do litoral ou do leito de grandes rios e lagos. Como exemplos categóricos
podemos citar a planície dos rios: Amazonas, Guaporé, Araguaia e Paraguai, assim como as
planícies das lagoas do Patos e Mirim (RS).
(2) A noção de planície não deve estar vinculada à altitude, como geralmente se faz.
As áreas de planícies podem estar situadas em grandes altitudes, porém são planas em relação
a outros terrenos adjacentes. São situadas a mais de 1.000 metros de altitude e são chamadas
de planícies de montanha.

Fig 8-2. Planícies

f. Depressões (Fig 8-3)


São áreas que apresentam posição altimétrica inferior às regiões contíguas. Com
exceção da depressão amazônica ocidental, a característica marcante dessa forma de relevo é
o fato de ter sido gerada por intensos processos erosivos. São chamadas relativas, se estiverem
acima do nível do mar, ou absolutas, se ocorrer o contrário.

Relativas

Nível do mar Absoluta

Fig 8-3. Depressões

Nota-se que a principal diferença entre as formas de relevo é o processo que os


origina. Enquanto as montanhas estão sendo formadas, os planaltos estão sendo
58
constantemente aplainados, as depressões vão sendo entulhadas; e as planícies vão
acumulando sedimentos devido à erosão, pelos agentes modeladores do relevo.

8-4. AS GRANDES UNIDADES DO RELEVO BRASILEIRO

a. A nova divisão do relevo brasileiro deveu-se ao trabalho de levantamento realizado


entre 1970 e 1985 pelo Projeto RADAMBRASIL, que realizou o levantamento fotográfico
aéreo do nosso território. Fruto desse levantamento, o número de divisões passou de dez para
vinte e oito. Desaparecem as classificações como planalto Central e Meridional. Planícies e
planaltos que são as duas classificações básicas ganharam uma terceira: as depressões.

b. No total, o Brasil possui onze planaltos, seis planícies e onze depressões (Fig 8-4).

c. O relevo brasileiro tem formações antigas e resulta principalmente da ação de forças


internas da Terra e da sucessão de ciclos climáticos, cuja alternância de climas quentes e
úmidos com áridos ou semi-áridos favoreceu o processo de erosão.

d. Planaltos Brasileiros
(1) Planalto da Amazônia Oriental;
(2) Planaltos e Chapadas da Bacia do Parnaíba;
(3) Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná;
(4) Planalto e Chapada dos Parecis;
(5) Planaltos Residuais Norte-Amazônicos (onde estão situados o Pico da Neblina
com 2.993,8m e o Pico 31 de Março com 2.972,7m);
(6) Planaltos Residuais Sul-Amazônicos;
(7) Planaltos e Serras do Atlântico Leste Sudeste;
(8) Planaltos e Serras do Goiás-Minas;
(9) Serras Residuais do Alto Paraguai;
(10) Planalto da Borborema;
(11) Planalto Sul-Riograndense.

e. Depressões
(12) Depressão da Amazônia Oriental;
(13) Depressão Marginal Norte-Amazônica;
(14) Depressão Marginal Sul-Amazônica;
(15) Depressão do Araguaia;
(16) Depressão Cuiabana;
(17) Depressão do Alto Paraguai-Guaporé;
(18) Depressão do Miranda;
(19) Depressão Sertaneja e do São Francisco;
(20) Depressão do Tocantins;
(21) Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do Paraná;
(22) Depressão Periférica Sul-Riograndense.

f. Planícies
(23) Planície do Rio Amazonas;
(24) Planície do Rio Araguaia;
(25) Planície e Pantanal do Rio Guaporé;
(26) Planície e Pantanal Matogrossense;
(27) Planície da Lagoa dos Patos e Mirim;
(28) Planícies e Tabuleiros Litorâneos.
59

1 5
5 1 23
23
13 5 28
12
6
6
6
6 2
12 6 2
19 10
6 6 6 2
14
25 24 20
4

16 15
17 9
8
7 28
26
3
18
9 21

22
11

Fig 8-4. Grandes unidades do relevo brasileiro.

Fig 8-5. Principais elevações do relevo brasileiro.

g. A semi-aridez do sertão nordestino está relacionada à presença do planalto da


Borborema, que impede a penetração de massas úmidas do litoral em direção ao interior,
provocando somente chuvas próximas ao litoral. A forma característica do relevo nordestino
são as chapadas, sendo as principais: Apodi (RN), Baturité e Araripe (CE), Ibiapaba (PI),
60
Borborema (RN/PB/PE/AL) e Mangabeiras (MA).
h. A serra do Espinhaço (Quadrilátero Central) é rica em jazidas de ferro, ouro e
manganês.
i. A serra do Mar aparece junto à orla litorânea e se prolonga do RJ até o RS, estando
separada da serra da Mantiqueira pelo Vale do Rio Paraíba do Sul.
j. O espigão Mestre (divisa GO, BA e TO) tem como ponto culminante o morro Alto
(1.678 m) na chapada dos Veadeiros em GO.
l. Os Planaltos Residuais Norte-Amazônicos onde tem-se a Serra Parima, Pacaraima,
Serra de Tapirapecó, Serra do Imeri, Serra de Acarai e Serra de Tumucumaque, caracterica
como importante região devido localizar-se na fronteira com diversos países.
m. Os planaltos e Serras do Atlântico-Leste-Sudeste onde se concentra o maior número
de serras do nosso território como, por exemplo, Serra da Canastra, Serra do Espinhaço, Serra
da Mantiqueira, Serra do Caparaó, Serra do Mar e Serra dos Órgãos, torna-se de grande
importância devido à sua proximidade das grandes aglomerações humanas e industriais do
país.
n. As Serras Residuais do Alto Paraguai, importante região devido à sua posição
geográfica de fronteira com o Paraguai, possui a Serra do Urucum.

8-5. CLASSES DE ALTITUDES DO RELEVO BRASILEIRO (Tab 8-1)

Podemos dizer que o relevo brasileiro se subdivide da seguinte forma:


a. Terras baixas
Entre 0 e 200 metros de altitude, abrangem 41% do território e correspondem às
planícies e baixos platôs. Surgem, principalmente, na Amazônia, no Pantanal do Mato Grosso
e nas baixadas litorâneas. Enquadram-se nessas altitudes, a planície do pantanal
Matogrossense, a planície do rio Amazonas e as planícies Litorâneas.
b. Terras altas
Entre 200 e 1.200 metros, abrangem 58,5% do território brasileiro. Contudo, 37%
estão compreendidas no intervalo entre 200 e 500 metros de altitude, sendo portanto,
predominantes. Abrangem os planaltos e as serras.
c. Áreas culminantes
(1) Acima de 1.200 metros de altitude, compreendem apenas 0,5% do território.
Abrangem, principalmente, os planaltos Residuais Norte-Amazônicos, na região Norte do
país.
(2) Percebe-se, após essas considerações, que o território brasileiro possui um relevo
predominantemente de altitudes baixas. Assim, pode-se dizer que tal fato facilita a circulação
das massas de ar; além disso, não há necessidade de serem feitas grandes obras, como pontes
e túneis, para a construção de rodovias e ferrovias.
(3) De qualquer forma, tem-se a necessidade de manter uma tropa adestrada e em
condições de operar nesse tipo de terreno que, apesar das modestas altitudes, vimos a
importância estratégia das elevações nos diversos pontos do território brasileiro.
Intervalos de altitudes Superfície em Km² Participação Total
Terras baixas
0 – 100 m 2.059.069 24,1%
41,0%
100 – 200 m 1.445.366 16,9%
Terras altas
200 – 500 m 3.165.104 37,0%
58,5%
500 –800 m 1.254.759 14,7%
800 – 1.200 m 576.950 6,8%
Áreas culminantes
Mais de 1.200 m 46.156 0,5% 0,5%
Total do Brasil 8.547.404 100,0% 100,0%
Tab 8-1. Distribuição do relevo brasileiro.
61
(4) A maioria dos pontos culminantes do nosso território foram medidos na década
de 60 com a utilização do barômetro, o qual sofria grande influência da pressão atmosférica.
Em 2004, iniciou-se o Projeto Pontos Culminantes, numa parceria entre o Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE) e o Instituto Militar de Engenharia (IME). Foram realizadas
as novas medições de 07 (sete) picos, dessa vez, com a utilização de outros instrumentos,
como por exemplo, o GPS.
Veja no quadro abaixo as novas medidas dos maiores picos do Brasil.

Quem subiu e quem desceu no ranking dos maiores picos


Situação anterior Situação após a nova medição
. Pico (UF) Metros . Pico (UF) Metros

1 Pico da Neblina (AM) 2993,8


1 Pico da Neblina (AM) 3014,1

2 Pico 31 de Março (AM) 2992,4 2 Pico 31 de Março (AM) 2972,7

3 Pico da Bandeira (MG/ES) 2889,8 3 Pico da Bandeira (MG/ES) 2892,0

4 Agulhas Negras (RJ/MG) 2787,0 5 Agulhas Negras (RJ/MG) 2791,6

5 Pico do Cristal (MG/ES) 2780,0 6 Pico do Cristal (MG/ES) 2769,8

6 Pico da Pedra da Minas (MG) 2770,0 4 Pico da Pedra da Minas (MG) 2798,4
7 Monte Roraima (RR) 2.739,3
7 Monte Roraima (RR) 2734,1
Tab 8-2. Antigas e Novas medidas dos picos brasileiros
Fonte: IBGE€

As principais alturas do Brasil estão descritas na figura abaixo,


Altitude em
metros
2.993 17
2.972 2

2.892
6
4 5 3
9
10 8
2.798 2.791
2.769
2.734

2.680
2.670 2.665

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Pico da Pico Pico da Pedra Pico das Pico Monte Morro Pedra do Pico
Neblina 31 de Bandeira da Agulhas do Roraima do Sino de Três
Março Mina Negras Cristal Couto Itatiaia Estados
Serra Serra do Serra da Serra do Serra do Serra do Serra das Serra da
Imeri Caparaó Mantiqueira Itatiaia Caparaó Pacaraima Prateleiras Mantiqueira
(AM) (MG/ES) (MG/SP) (MG/RJ) (MG) (RR) (RJ) (MG) (SP/MG/RJ)
Fig 8-6. Novo Ranking dos pontos culminantes.
62
8-6. RELEVO ROCHOSO (Fig 8-7 e 8-8)

a. As montanhas podem apresentar diversos aspectos, dependendo do material de que


são formadas:
(1) Forma redonda - encontram-se nas montanhas de natureza argilosa.
(2) Forma de torre - são as montanhas formadas por estratos horizontais e compactos
de natureza calcárea. As paredes terminam em picos com platôs mais ou menos amplos.
(3) Forma de agulha - são as montanhas formadas por estratos verticais de natureza
granítica e que terminam em pontas.
(4) Forma de pirâmide - são as montanhas formadas por estratos horizontais não
muito compactos que se agrupam em forma piramidal.
(5) Forma assimétrica - são as montanhas que numa face se apresentam escarpadas e
na outra com inclinações suaves. São formadas por estratos compactos e dispostos em forma
oblíqua.

b. Os acidentes e particularidades do relevo rochoso podem ser classificados da seguinte


maneira:
(1) Agulha: pirâmide de rocha, erodida pelos agentes atmosféricos;
(2) Paredão: encosta rochosa, muito escarpada, próxima da vertical ou mesmo em
negativa, com estrutura uniforme e compacta;
(3) Alcantil: paredão rochoso e abrupto;
(4) Alcantilada: sucessão de alcantis;
(5) Bloco suspenso, bloco oscilante ou matacão: fragmento de rocha de grandes
proporções, que se encontra em uma encosta, em equilíbrio instável.
(6) Canaleta: caminho côncavo formado na rocha pela erosão pluvial;
(7) Cavalo: o encontro de dois paredões;
(8) Chaminé: espaço existente entre dois paredões, dentro do qual o escalador consegue
introduzir todo o corpo, apoiando-se em ambos os lados;
(9) Cimo: um dos vértices do maciço montanhoso;
(10) Senda: caminhamento com partes horizontais que permite uma fácil passagem e
que tem largura variável;
(11) Cornisa: é uma senda muito estreita sobre a parede rochosa;
(12) Crista: linha de encontro de duas vertentes;
(13) Cume: parte mais alta da montanha;
(14) Diedro: é o encontro côncavo de dois paredões, apresentando no fundo,
geralmente, uma fissura;
(15) Fissura: fratura estreita da pedra, na qual não se consegue introduzir mais que um
pé ou uma mão;
(16) Nicho: ressalto projetado de um paredão;
(17) Passo: ponto mais baixo de uma crista que une dois cimos contíguos; quando muito
estreito, recebe o nome de brecha;
(18) Rochas fáceis: são aquelas que, pela abundância de apoios e pouca inclinação, não
apresentam maiores dificuldades à escalada;
(19) Teto: paredão em negativa, exposto sobre o vazio.
63

Pico
Diedro
Rochas
fáceis
Fissura Bloco
suspenso

Teto

Chaminé

Senda Nicho

Fig 8-7. Acidentes do relevo rochoso.

Torres Passo Cimo


Pirâmides Agulha
Pico

Desfiladeiro

Crista

Escarpa Bloco
suspenso

Fig 8-8. Acidentes do relevo rochoso.


64

ORAÇÃO DO COMBATENTE DE MONTANHA

SENHOR! VÓS QUE SOIS ONIPOTENTE.


CONCEDEI-NOS NO FRAGOR DA LUTA,
A NÓS QUE VENCEMOS NAS PEDRAS,
A NÓS QUE CONHECEMOS O SABOR DOS VENTOS,
O DESTEMOR PARA COMBATER,
A SANTA DIGNIDADE PARA PERSEVERAR,
A FORÇA DA CORAGEM PARA SEMPRE AVANÇAR
E A FÉ PARA TUDO SUPORTAR.
E DAI-NOS, TAMBÉM, Ó SENHOR DEUS,
QUANDO A GUERRA NOS FOR ADVERSA
E QUANTO MAIOR FOR A INCERTEZA,
A DETERMINAÇÃO DE NUNCA RECUAR
E ANTE AO INIMIGO JAMAIS FRACASSAR!
M O N T A N H A!
(Autor: 1º Ten HUMBERTO BATISTA LEAL)

CANÇÃO DO COMBATENTE DE MONTANHA


SE A GUERRA ESCOLHER COMO PALCO
AS MONTANHAS DO NOSSO BRASIL
LEVAREI MINHA FÉ MINHA FORÇA
JUNTO A MIM ESTARÁ MEU FUZIL
A ALTITUDE E O AR RAREFEITO
ADAPTADO TORNEI-ME ASSIM
EU SINTO QUE SOU PARTE DELAS
E QUE ELAS SÃO PARTES DE MIM
O MEU GRITO DE GUERRA É MONTANHA
MONTANHA RESPONDE O ROCHEDO
VENCEREI O INIMIGO COM GARRA
SOU GUERREIRO QUE LUTA SEM MEDO
ESCALANDO AS PAREDES DE PEDRAS
HEI DE VER A VITÓRIA CHEGAR
E DO ALTO CONTEMPLO O HORIZONTE
A PLANÍCIE O PLANALTO OU O MAR
E LUTAR BEM MAIS PERTO DO CÉU
ESTÁ É MINHA NOBRE MISSÃO
MINHA ALMA SE ELEVA AO TOPO
A SEGUIR OS MEUS PÉS LÁ ESTARÃO
O MEU GRITO DE GUERRA É MONTANHA
MONTANHA RESPONDE O ROCHEDO
VENCEREI O INIMIGO COM GARRA
SOU GUERREIRO QUE LUTA SEM MEDO.
M O N T A N H A

(Autor: Maj MARCELO ÁLVARO DE SOUZA)


65
BIBLIOGRAFIA

- Manual de Campanha C 21-78 – Transposição de Obstáculos- 1ª Edição


- Manual de Campanha do Exército Norte-Americano TC 90-6-1 Military Mountaineering -
1989
- Manual de marchas em montanha - Exército Espanhol
- Manual de técnica de escalada - Exército Argentino.
- Manual de vida e movimento em montanha - Exército Espanhol.
- Mountaineering – The Freedom of the Hills – 5ª Edição
- Nota de aula Técnica de Escalada - SIM - 11º BI Mth
- Prospecto da empresa PMI DYNAMIC ROPE
- Prospecto da empresa KONG BONAITI
- Prospecto da empresa PETZL

NOTA

Solicita-se aos usuários desta nota de aula apresentar sugestões que possam ampliar a
sua clareza e exatidão. As observações feitas deverão referir-se à página, ao parágrafo e a
linha do texto correspondente à modificação sugerida. Justificativas devem ser apresentadas
sobre cada observação, a fim de assegurar compreensão exata da avaliação. As sugestões
deverão ser enviadas ao 11º BI Mth - Regimento Tiradentes, para o seguinte endereço:
11º BIMth - Regimento Tiradentes
Centro de Instrução de Operações em Montanha
Ladeira Ten Vilas Boas S/N - Centro
CEP: 36.307-900
São João Del Rei - MG
Telefones para contato: 0XX32 379 1300 (PABX), 3379 1300 RAMAL 1342 (Cmt
CIopMth) ou 379 1300 RAMAL 1344 (Div Op Mth).

PACIÊNCIA,
HUMILDADE E
PERSEVERANÇA!

MONTANHA

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