Básico de Montanha
Básico de Montanha
Básico de Montanha
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................. 66
NOTA ............................................................................................................................... 66
PACIÊNCIA,
HUMILDADE
PERSEVERANÇA.
M O N T A N H A!
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CAPÍTULO 1
EQUIPAMENTOS DE ESCALADA
1-1 . VESTUÁRIO
a. O nosso ambiente operacional irá nos impor características especiais, tanto na parte de
vestuário, como na parte de equipamento. Cabe ao vestuário o importante papel de manter o
equilíbrio calórico do corpo, reduzindo os efeitos das variações de temperatura do meio ambiente,
sendo, portanto, essencial para que uma tropa dure na ação sob condições climáticas adversas. No
equipamento de campanha não há grande diferença daquele normalmente empregado pelas tropas de
infantaria leve.
b. O vestuário empregado divide-se em vestuário de abrigo e vestuário de proteção.
(1) Vestuário de abrigo - O vestuário de abrigo divide-se em:
(a) Interior - Serve para reter o calor do corpo, porém deve ser permeável para a
transpiração. Deve-se usar peças leves e superpostas, ao invés de somente uma quente e pesada, o que
proporciona diversas combinações de acordo com as condições ambientais. Ex: camisetas, cuecas,
suéter, meias de lã e outros.
(b) Exterior - Serve para proteger o corpo contra o frio e a umidade, deve ser simples,
sem forros e de secagem rápida. Ex: Luvas de lã, capuz, cachecol, calça e outros.
(2) Vestuário de proteção - Serve para proteger o corpo do contato com o vento e a água,
logo, deve ser impermeável. Dificulta a evaporação do suor devido à falta de porosidade, por isso,
devem ser usados somente quando estiverem ocorrendo precipitações, ventos e, principalmente, nos
intervalos e altos de uma marcha em montanha. Ex: japonas e calças de “goretex”, “anorak”, poncho,
malvinão e outros.
c. Calçados
Devem ser do tipo vulcanizado, com o bico baixo e com as bordas da sola no mesmo
alinhamento do couro do calçado. Não devem ter pregos ou tachas, pois podem causar ferimentos nos
pés quando se caminha em pedras. Os coturnos de sola de borracha especial vulcanizada, com
ressaltos ou travas, são os mais empregados.
(1) Para marchas - Coturnos de lona com solado extraleve.
(2) Para escaladas - Coturnos de couro bem justos.
1-2. EQUIPAMENTOS
a. São semelhantes aos utilizados por tropas convencionais, adaptados às características das
operações em montanha. Devido ao fato das ações serem normalmente descentralizadas, associado à
dificuldade de apoio logístico e à falta de ligação com unidades vizinhas, torna-se necessário
transportar maior quantidade de material, portanto, as mochilas devem comportar maior volume. O
agravamento das condições meteorológicas impõe, se possível, que todo o material seja impermeável.
b. Equipamento de Campanha
Barraca (modelo “Igloo” ou barraca-poncho), isolante térmico, saco de dormir, manta de
velame com “matelassê”, fogareiro, mochila, ferramenta de sapa, lona plástica e outros (Fig 1-1).
d. Material de escalada
Divide-se em individual e coletivo.
(1) Individual - Conduzido para o uso do combatente de montanha, compõe o Kit individual
de escalada (Fig 1-2):
(a) 01 capacete de escalada
(b) 02 cabos solteiros ou assento e atadura pré-fabricadas
(c) 03 mosquetões simples
(d) 01 mosquetão de segurança (rosca, trava simples ou automática)
(e) 01 freio em “8” ou “ATC”
(f) 01 par de luvas
(g) 01 retinida
(2) Coletivo - Empregado para a equipagem das vias a serem superadas pelos escaladores.
EXEMPLO - Escadas de cordas, cordas para escalada e meios artificiais (cunhas,
excêntricos, etc...)
g
d
a b c d a
h
a a a g
i j
d
g g
a
d d
e f a
a
(1) (2) a a
a. Mosquetão oval
b. Mosquetão em D g. Fechadura com entalhe
c. Mosquetão em D modificado h. Portão
d. Mosquetão com portão curvo i. Dobradiça
e. Mosquetão oval com trava j. Fechadura com pino
f. Mosquetão com rosca em forma de pêra.
(1) Portão em bom estado
(2) Portão danificado (inseguro)
f. Freios em “8”
Os freios em “8” normalmente são fabricados em aço ou duralumínio e são utilizados para
prover segurança e frenagem do rapel.
1. Desgaste das fibras por abrasão. 2. Minúsculos grãos de areia que penetram e
cortam as fibras sob tensão.
CAPÍTULO 2
NÓS E AMARRAÇÕES
2-1. INTRODUÇÃO
2-2. DESENVOLVIMENTO
(b) Nó alemão ou nó em “8” (Fig 2-3) - Usa-se o nó alemão com a mesma finalidade do
nó simples, com a vantagem de ser um nó maior, de melhor soltura e empunhadura.
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(c) Nó de Escota duplo (Fig 2-7) - O nó de escota duplo é mais seguro do que o nó de
escota simples, pois o cabo de menor diâmetro envolve duas vezes a alça do cabo de maior diâmetro
ou escorregadio, sendo mais difícil que se desate acidentalmente. Da mesma forma que o nó de
escota simples, deve ser arrematado.
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(f) Nó de Pescador Duplo (Fig 2-10) - O nó de pescador duplo tem a mesma finalidade
e características do nó de pescador simples, sendo mais seguro. É o nó mais recomendado pelos
fabricantes para unir dois cabos de mesmo diâmetro.
(c) Nó de aselha em oito (Fig 2-13) - É um nó alemão (em “8”) confeccionado com
uma alça. Tem a mesma finalidade da aselha simples, com a vantagem de desatar mais facilmente,
sendo utilizada também para ancorar o cabo de escalada aos diversos tipos de assentos. Quando for
sofrer grandes trações, deve-se dar de duas a três voltas com a alça da corda antes de introduzi-la no
anel. Também poderá ser feito pela forma induzida e deverá ser arrematado.
(d) Nó lais de guia (Fig 2-14) - O nó lais de guia serve para fazer uma alça que não se
aperta quando submetida a esforço, além de ser de fácil soltura. É muito seguro e de múltiplas
finalidades, podendo ser utilizado para segurança individual do escalador, fixação de cordas, prover
segurança e encordamento (somente em casos de emergência). Ao executá-lo, deve-se tomar cuidado,
pois sendo mal confeccionado desmancha-se com facilidade ou transforma em um nó de correr. Tem
a vantagem de proporcionar rápido ajuste do tamanho da alça. Deve ser sempre arrematado.
- Com o seio
(c) Nó Mola (Fig 2-19) – O nó mola é empregado nas ancorragens que necessitam ser
rapidamente equipadas e desequipadas em virtude de ser de fácil soltura, mesmo quando submetido a
fortes tensões. Utiliza-se um nó de porco arrematado no segundo ponto de ancoragem. Para maior
segurança pode ser executado com o cabo permeado.
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Nós Aselhas Lais de guia Pescador duplo, nó de fita Simples, pescador, porco
Perda 20 a 25 % 25 a 30% 30 a 35% 35 a 40%
Fonte: American Alpine Journal (para cabos tipo Kernmantle)
Tabela 2-1. Redução da resistência dos cabos em conseqüência dos nós utilizados.
CAPÍTULO 3
CORDAS
3-1. INTRODUÇÃO
3-2. DESENVOLVIMENTO
a. Generalidades
(1) Definição - A corda é um conjunto de fibras unidas entre si.
(2) Constituição das cordas - A corda é constituída por três elementos: as fibras, os
fios e os cordões; recebe o nome da espécie de fibra empregada na sua fabricação (animal,
vegetal ou sintética).
(3) Espécies de fibras
- Fibra de origem animal. Ex: crina, couro, seda e outras.
- Fibra de origem vegetal. Ex: sisal, algodão, juta e outras.
- Fibra de origem sintética. Ex: nylon e polipropileno.
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(4) Normalmente, nas tropas de montanha, empregam-se exclusiva- mente as cordas
de origem sintética. Não são empregadas cordas de origem animal ou vegetal nos trabalhos de
escalada, pois são mais pesadas, oferecem pouca impermeabilidade, resistem menos à tração,
não oferecem adequada segurança e sofrem grande desgaste com o roçamento nas pedras.
b. Classificação
(1) As cordas classificam-se em dois tipos:
(a) Estáticas - As cordas estáticas são quase inelásticas. Pouco se alongam,
devido a sua alma ser de fios lisos, o que lhe confere a elasticidade natural do nylon: cerca de
1 ou 2% do seu comprimento quando submetidas ao peso médio de uma pessoa. São
utilizadas em vias em que as cordas sofram tração, tais como rapéis e passa-mãos, permitindo
que escaladores subam ou desçam por elas, ou que grandes cargas sejam içadas ou baixadas
ao longo da parede, tais como em resgates.
(b) Dinâmicas - As cordas dinâmicas são usadas para a segurança na escalada.
Por sua alma ser constituída de cordões torcidos ou trançados, isto é, a própria alma é uma
coleção de fios em espiral, possui a elasticidade necessária para absorver choques e quedas.
As cordas dinâmicas têm uma elasticidade de cerda de 6 a 10% sob cargas normais.
d. Manutenção
(1) A corda deve ser preparada para a escalada da seguinte maneira:
(a) As pontas devem ser falcaçadas para impedir que se desfiem;
(b) O seio da corda deve ser marcado para facilitar sua identificação durante o
manuseio. Não utilizar tinta para marcações nos cabos, pois a pintura danifica as fibras.
Utilizar esparadrapo ou alguma fita adesiva.
(2) Antes do uso
(a) Batê-la e acondicioná-la de modo adequado, seja no corpo ou na mochila,
para não encocar ou embolar durante a escalada,
(b) Inspecionar a corda manual e visualmente, procurando pontos puídos ou
deformações ao longo de toda a sua extensão.
(3) Durante o uso deve-se evitar:
(a) Puxar o cabo sobre arestas ou pontas. Colocar uma capichama, ou algo
semelhante, entre o cabo e a aresta viva, a fim de diminuir o atrito e a conseqüente ruptura dos
cordões. O uso de uma luva de lona ou de um pedaço de mangueira de incêndio envolvendo a
corda diminui os danos ao material (Fig 3-1);
(b) Pisar as cordas;
(c) O contato das cordas com água, lama ou areia;
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(d) O contato das cordas com o freio em “8” aquecido;
(e) O uso de cordas dinâmicas em trabalhos que exijam tração;
(f) O contato das cordas com óleos, tintas e outros produtos químicos;
(g) Utilizar talha (“tifor”) ou outro tipo de multiplicador de força na tração de
cordas sem que estejam unidas a um dinamômetro (aparelho utilizado para medir a tração a
que a corda está sendo submetida);
(h) Realizar a desescalada com rapel em “zigue-zague”, desviando de
obstáculos, pois certamente haverá atrito com pontas de pedra, o que poderá danificar a corda
ou até mesmo rompê-la (Fig 3-2).
Fig 3-1. Protegendo a corda Fig 3-2. Ruptura da corda por atrito
e. Enrolamento
(1) Anel (Fig 3-4)
(a) Este processo permite transportar a corda à tiracolo ou em torno da mochila e
é o mais adequado para armazená-la, pois é aquele que proporciona melhor ventilação, pois
enrola-se o cabo sem permeá-lo, deixando uma maior área livre.
(b) Após o enrolamento, quando faltarem cerca de dois metros de corda,
envolver os anéis em espirais compactas que serão arrematadas com um nó.
(c) Antes de iniciar as espirais com o chicote maior, faz-se uma alça com o
chicote menor (que será envolvido pelo maior). Continua-se até o seu final, passando-o por
dentro da alça. Feito isto, puxa-se o chicote da alça.
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Fig 3-4. Processo Anel
(2) Coroa (Fig 3-5) - De confecção semelhante ao processo em anel, é feito com o
cabo permeado. É mais adequado para o transporte em torno da mochila. Difere do processo
anterior por envolver todo o anel com o chicote, em forma de espiral, permitindo uma
constituição mais compacta do cabo. Este processo deve ser utilizado para o transporte a
longas distâncias ou para locais de difícil acesso, particularmente onde há a possibilidade de o
cabo enganchar-se em saliências (matas, trilhas estreitas e chaminés).
(3) Meada (Fig 3-6) - Enrolar a corda como nos processos anteriores, a partir do seio,
devendo estar permeada. Os últimos metros devem ser enrolados em torno dos anéis, do meio
para um dos extremos, arrematando-se o trabalho com um nó. Com os chicotes que sobrarem,
pode ser feita uma alça para o transporte.
(4) Andino (Fig 3-7) - É uma variação da meada, com a diferença de que os últimos
metros são enrolados em torno dos anéis de uma extremidade à outra e de maneira espaçada.
Os chicotes que sobrarem serão usados para a amarração da corda ao corpo, à semelhança de
uma mochila.
(5) Feixe ou charuto (Fig 3-8) - Fig 3-7. Processo Andino Enrolar como a meada,
deixando cerca de 5 metros que serão enrolados em torno dos anéis, de extremo a extremo,
arrematando com um nó. Pode-se fazer uma alça para transporte à tiracolo.
3-3. CONCLUSÃO
A corda é um material que será exigido a todo o momento durante a escalada, logo, é o
que sofre maior desgaste. Portanto, deve-se ter o máximo de atenção no seu uso e
armazenamento. Devido a sua grande importância, a corda é denominada a “linha da vida”,
aquela que garantirá a segurança, o prosseguimento e o êxito da missão de escalada.
CAPÍTULO 4
4-1. CONCEITO
Técnica de escalada é o conjunto de procedimentos empregados pelo combatente de
montanha para superar os obstáculos próprios ao ambiente montanhoso, de modo a cumprir
missões táticas e logísticas impostas pelo escalão superior. Nesta atividade, utiliza os pés para
se deslocar sobre a rocha e as mãos para manter o equilíbrio do corpo.
4-2. CLASSIFICAÇÃO DAS ESCALADAS
a. Quanto ao meio onde se escala
(1) Em gelo
(2) Em rocha
b. Quanto ao emprego dos meios artificiais
(1) Livre - Os meios artificiais são usados apenas para a segurança. A escalada livre
requer do homem força física e moral. Deve ser adotado um procedimento inicial para
familiarizar o homem na técnica de escalada livre, a fim de que o mesmo obtenha confiança
no emprego das mãos e pés, na posição do corpo e na aderência do calçado. O escalador se
vale apenas de sua capacidade física e técnica.
(2) Artificial - Os meios artificiais são usados para escalar e para a segurança.
c. Quanto à técnica empregada
(1) Exterior (esforço vertical, aderência e oposição de esforços)
(2) Interior (chaminé)
(3) Mista (progressão em diedros e fissuras).
4-3. NORMAS BÁSICAS DE ESCALADA: (REME)
a. Refletir (pensar no que vai realizar, “estudar a rota”)
b. Estar sempre atento (não se descuidar da segurança)
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c. Manter a calma
d. Economizar esforços (máximo rendimento e mínimo esforço)
4-4. AGARRAS E APOIOS
a. São pequenas protuberâncias da superfície rochosa que são seguidamente utilizadas
por mãos e pés na escalada. Teoricamente, se diz que a agarra é a saliência utilizada pelas
mãos, enquanto que o apoio é utilizado pelos pés. Na realidade, durante a escalada, uma
mesma protuberância na pedra poderá ser empregada como agarra e logo a seguir como apoio.
Os tipos de agarras e apoios são: de tração, pressão, de empurrar, de encunhamento e
invertidas.
b. Agarras de tração (Fig 4-1) - São as agarras mais fáceis de se utilizar, mas também
as que se quebram com maior freqüência. Não necessitam ser grandes para serem boas, às
vezes consegue-se acomodar somente a ponta de um dedo na agarra.
c. Agarras de pressão (Fig 4-2) - São agarras em que o escalador irá aplicar duas
forças na pedra, de maneira convergente, como na primeira figura abaixo, ou divergente como
na terceira figura.
d. Agarras de empurrar (Fig 4-3) - São empurradas para longe do escalador em uma
direção. Ajudam a manter os braços baixos, mas são mais difíceis de segurar no caso de perda
do equilíbrio. São empregadas com vantagem quando combinadas com as agarras de tração.
f. Agarras invertidas (Fig 4-5) - Este tipo de agarra deve ser utilizada juntamente com
o apoio dos pés em uma técnica de oposição de esforços, onde as mãos puxam e os pés
empurram o corpo, conseguindo-se desta maneira manter o equilíbrio. Esta técnica é bastante
cansativa e deve-se manter os braços e pernas esticados para um menor desgaste físico.
g. Apoios
Os pés devem ser posicionados de maneira a aproveitar o apoio da melhor maneira
possível (Fig 4-6). Na realização da técnica do esforço vertical (Fig 4- 7), ao utilizar pequenos
apoios, deve-se dirigir as pontas dos pés de encontro à parede, firmando o bico do calçado e
mantendo os tornozelos horizontais e o mais alto possível.
a. Escalada exterior
A escalada exterior é a maneira de escalar na qual o homem avança sobre a
superfície externa da pedra. Sua forma mais elementar é o esforço vertical com o apoio das
mãos e pés nas saliências naturais, pode-se ainda utilizar a aderência ou a oposição de
esforços.
(1) Esforço vertical - É o procedimento mais freqüente. O escalador realiza o
movimento como se estivesse subindo uma escada (Fig 4-7).
(2) Aderência - Consiste em manter pés e mãos em contato com a rocha de
superfície inclinada e lisa, sem deslizar (Fig 4-8). É possível obter a aderência graças ao atrito
entre a rocha e as mãos e sola do calçado. Uma aderência maior ou menor depende dos
seguintes fatores:
(a) Tipo e consistência da rocha, pois uma maior aspereza facilita a aderência;
(b) Inclinação da superfície, pois determina a maior ou menor facilidade para
colocar os pés e as mãos.
(c) Tipo de sola do calçado, em função de uma maior ou menor superfície de
contato, material utilizado e pressão exercida pelo escalador.
b. Escalada Interior
(1) As escaladas interiores são feitas pelas chaminés. Estas são constituídas por duas
paredes distantes uma da outra o suficiente para permitir a entrada de uma pessoa,
possibilitando o apoio em ambas as paredes.
(2) Não serão abordadas aqui as denominações de chaminé larga, média ou estreita,
pois são conceitos subjetivos. A técnica empregada dependerá da distância entre as paredes e
da estatura do escalador. Por exemplo: em uma chaminé onde um escalador empregue o
processo “em X”, um outro escalador de maior estatura pode empregar o processo “em L”.
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(3) Em chaminés verticais onde o escalador ficará de frente para uma parede, deve-se
fazer frente para a parede que apresenta o maior número de apoios e apoiar as costas sobre a
parede mais lisa, pois isto facilita o movimento. Caso haja uma inclinação, deve-se dar as
costas para a parede de inclinação positiva, o que facilitará a escalada. “em L”, ” troca-mãos,
troca-pés”, e “em X”.
(c) Processo “em X” (Fig 4-13) - Quando a distância entre as paredes for tal que
não seja possível utilizar os processos anteriores, podemos empregar o processo “em X”, que
nada mais é do que uma progressão com apoio e pressão de pés e mãos. Existem dois métodos
de escalada:
1º - A oposição de esforços se realiza com a pressão alternada de um pé e da
mão oposta (pé direito - mão esquerda e pé esquerdo - mão direita). Enquanto o corpo se
sustenta por dois membros que pressionam em sentidos opostos, os outros dois se movem, um
de cada vez. Quando estes últimos alcançam sua nova posição, iniciam o esforço de pressão
sobre a rocha enquanto os outros dois, que anteriormente faziam este trabalho, irão mover-se.
2º - A oposição se obtém mediante a pressão dos dois pés sobre as paredes
laterais. As mãos ficam livres para elevar-se, uma depois da outra. Por sua vez, as mãos
pressionam com as palmas assentadas sobre as paredes opostas, sustentando o corpo mediante
um esforço de oposição e permitem que os pés se movimentem um de cada vez.
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4-6. QUEDAS
4-7. DESESCALADA
a. Assim como para a escalada, as medidas de segurança e uma boa escolha de rota em
muito irão auxiliar uma desescalada.
b. Várias técnicas podem ser empregadas para a desescalada que poderá ser livre (meios
artificiais usados somente para a segurança) ou artificial (com o emprego de meios artificiais).
c. Desescalada livre
De acordo com a dificuldade do lanço, o escalador poderá descer de costas ou de
frente para a rocha, utilizando as mesmas técnicas empregadas para a escalada.
(1) De frente (Fig 4-18) - Nos lances mais íngremes, o escalador desce fazendo
frente para a rocha, utilizando a técnica de escalada livre, procurando ver os movimentos de
seus pés a fim de localizar os apoios.
(2) De costas (Fig 4-18) - Se o lance é fácil, o homem pode manter-se de costas para
a rocha, com as pontas dos dedos voltadas para baixo, com os pés chapados procurando
aderência e o corpo afastado da pedra.
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4-8. RAPÉIS
a. São vários os tipos de rapéis, sendo que em todos faz-se uso de um cabo ancorado na
sua extremidade superior pelo qual desliza-se freando.
(a) Com a frente voltada para o ponto de amarração, passar a corda por entre as
pernas, envolvendo uma das coxas; levá-la ao ombro oposto, passando à frente do peito;
empunhar o chicote da corda com a mão de frear, que é a do mesmo lado da perna envolvida;
por exemplo: perna direita, ombro esquerdo e mão direita. A outra mão segura o firme da
corda e proporciona direção e equilíbrio durante a descida. A empunhadura com a mão de
frear é feita com as costas da mão para baixo e com o polegar apontando para baixo.
(b) Para frear basta levar a corda em direção ao peito. A posição do corpo na
descida é perpendicular à pedra, tronco reto, pernas abertas naturalmente e os pés chapados na
pedra, sendo que a perna envolvida pela corda deve sempre estar abaixo da outra. O escalador
procura observar abaixo, escolhendo o melhor local para colocar os pés.
Para a mão
Assento de frear
(6) Com uso de freios improvisados - Em situações de emergência, quando não for
possível a utilização de qualquer um dos outros processos de rapel vistos anteriormente, pode
ser improvisado um freio com um mosquetão e um martelo, um tarugo de madeira, dois
mosquetões ou um piton em canaleta. Nestes casos é conveniente, sempre que possível, o uso
da segurança de cima.
4-9. SEGURANÇA
a. A existência do risco é inerente à atividade de montanhismo, cabe
ao escalador tomar todas as precauções para minimizar as chances de vir a
sofrer qualquer tipo de acidente. O uso de capacete é indispensável, pois
uma pequena queda pode ser fatal se vier a provocar um ferimento no
crânio, da mesma forma, ao realizar qualquer escalada é indispensável o uso
da segurança individual.
b. A preparação para o escalador realizar as atividades de
montanhismo em segurança consiste em (Fig 4-30):
(1) colocação de capacete com soltura rápida,
(2) atadura de peito com mosquetão à frente.
(3) assento americano ou pré-fabricado com um mosquetão de
segurança à frente. Na utilização do assento pré-fabricado, deve-se observar
os cuidados mostrados na Fig 4-31.
Fig 4-30. Auto Segurança
Segurança
29
Mínimo 8 cm
c. Tipos de segurança
(1) Estática - É aquela efetuada por meio de uma ancoragem rígida, com ou sem a
participação do assegurador. É importante que o meio utilizado para uma segurança estática
esteja realmente firme (“à prova de bombas”), pois em caso de queda irá suportar todo o peso
do escalador. Também é considerada segurança estática a auto-segurança (Fig 4-32).
(2) Dinâmica - É aquela feita por meio do corpo do assegurador. O assegurador
poderá estar ancorado ou não, mas caberá a ele absorver a maior parte da força produzida pela
queda do escalador. Este processo requer atenção e participação ativa do assegurador. Há duas
modalidades de segurança dinâmica (Fig 4-33):
(a) Direta - Quando o assegurador utiliza o atrito com o corpo como freio.
(b) Indireta - Quando utilizado algum tipo de freio mecânico.
(3) Segurança aproximada - É aquela na qual o assegurador fica em condições de
aparar uma provável queda do escalador no lance inicial de sua escalada. Dispensa o uso de
corda (Fig 4-34).
d. Fundamentos da Segurança
a b c
(b) Posição de pé (Fig 4-37) - É uma posição muito instável, usada apenas
quando não é possível sentar-se. É imprescindível a ancoragem do assegurador. Este toma
uma posição segura e firme, se possível firmando-se com as espáduas ou ombro contra a
pedra.
- Quando a segurança for de baixo para cima, a corda deve passar por baixo
das nádegas e quando for de cima para baixo, pelas costas, tomando-se cuidado para que a
corda não escorregue.
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Segurança dinâmica de cima para baixo Segurança dinâmica de baixo para cima
(5) Frenagem
(a) Para segurar uma queda, utilizando a segurança estática ou dinâmica indireta,
trava-se o sistema de freio exercendo uma pequena tração na parte da corda de escalada que
chega às mãos (Fig 4-39(4)). É importante utilizar a corda no sistema de freio ou nó meio-
porco de maneira que o atrito seja o maior possível (Fig 4-40). Para a execução da segurança,
um bom freio a ser utilizado é o ATC por ser leve e eficiente. O freio em “8” pode também
ser utilizado, devendo para isso ser verificado nas instruções do fabricante qual a melhor
maneira de se fazer a corda passar pelo mesmo de acordo com suas dimensões (Fig 4-41).
(b) No caso da segurança dinâmica direta, traz-se a mão de frear para o lado
oposto do corpo, aumentando o atrito com a corda. É importante que este movimento seja
executado, pois é o atrito contra o corpo do assegurador que fará com que a corda seja
travada. A posição deverá ser mantida mesmo que isso venha a acarretar queimaduras nas
mãos do assegurador(Fig 4-42).
75% de atrito
100% de atrito
(a) Processo pelo qual o escalador desce com a segurança sendo provida de cima
por um cabo que é conectado à sua atadura de peito.
(b) Este método é válido contra falhas do escalador e do material empregado no
rapel. Por isso, é o processo mais seguro, devendo ser empregado em paredões muito
inclinados ou verticais.
(c) Apresenta como desvantagem a lentidão do movimento e o roçamento entre a
corda do rapel e a da segurança, o que pode vir a atrapalhar a desescalada.
(a) A segurança pode ser provida pelo próprio montanhista que desescala,
lançando mão da sua auto-segurança.
(b) Preparada a descida com a corda já instalada no freio, confecciona-se um nó
prússico arrematado a seis voltas com uma das pontas da sua auto-segurança. O homem desce
com a mão de guiar (mão esquerda para os destros) sobre o nó prússico a fim de mantê-lo
frouxo.
(c) No caso de queda, a mão deverá se soltar do nó prússico e este, solto, será
tracionado e morderá o cabo de descida, freando o montanhista. Este processo previne contra
a falha do homem, mas não contra rompimento do cabo, da ancoragem ou do assento.
(a) É proporcionada por um homem que firma o chicote do cabo de descida. Este
cabo deverá envolver o corpo, passando por baixo de suas nádegas.
(b) Para se tencionar o cabo, traz-se a mão de frear (mão direita para os destros)
de encontro ao abdômen e senta-se sobre o cabo.
.
34
4-10. NORMAS GERAIS DE ESCALADA
Quando a corda estiver tencionada o escalador faz o teste da corda com peso do
próprio corpo, sem emitir nenhum comando. Ele então analisa a rota de escalada onde estão
os apoios e agarras(escalar com as vistas) e diz:
(3) Esc: ROTA 0 ESCALANDO !
(4) Seg : ROTA 0 ESCALAR !
Ao final da escalada o escalador sai da rota em três apoios sem colocar nádegas,
joelhos ou cotovelos na pedra, conecta sua auto-segurança no cabo de segurança do topo e
diz:
(5) Esc: Estagiário 0 em segurança, montanha!
OBSERVAÇÕES:
(2) Todos os comandos são precedidos pelo número da rota. Exemplo: ROTA 1,
RECUPERAR!
São rotas previamente preparadas por pessoal habilitado (guias de cordada) para
facilitar a transposição de obstáculos horizontais e verticais. Tais como: rapel, lepar, corda
fixa, passa-mão, escadas, comando crawl, falsa baiana, ponte de duas e de três cordas
(1) Utilizado em lugares onde a inclinação não é muito acentuada, é composto por
uma corda ancorada no alto que pode receber nós para facilitar sua empunhadura. Pode servir
para inclinações mais acentuadas caso seja combinado com escadas.
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(2) Para mover-se, o escalador faz uso dos braços, utilizando os pés para equilibrar-
se. O corpo deve ficar, sempre que possível, na vertical (o que possibilitará um maior
equilíbrio e menor esforço), e não perpendicular à pedra como no rapel.
(3) O lepar pode ser com corda simples (sem nós), corda com nós simples, corda
fradeada (com nós de frade) ou corda azelhada.
(1) Consiste em uma corda que é ancorada no topo, na base e em vários pontos
intermediários, formando tramos. É utilizada para trechos relativamente fáceis de escaladas.
(2) O escalador deve subir seguindo a direção da corda, podendo fazer uso desta
para auxiliar a escalada, mas pode, também, nos trechos mais fáceis, utilizar os apoios
existentes na rota traçada. Ao subir, o escalador coloca uma das extremidades da sua auto-
segurança no primeiro tramo da corda fixa e desloca-se até o primeiro ponto de ancoragem
intermediário, onde colocará a segunda extremidade da sua auto-segurança, após o ponto de
ancoragem. Após isso, retira a auto-segurança do primeiro tramo e prossegue da mesma forma
até o final da via. Durante a transposição da corda fixa só deverá haver um escalador por
tramo.
(1) Difere da corda fixa por não possuir pontos de ancoragem intermediários, mas
somente no topo e na base. É instalado em locais onde o acesso é mais difícil, ou onde o
paredão for mais inclinado.
(2) Para subir, o escalador irá confeccionar um nó prússico (com seis voltas e
arrematado) na corda, utilizando para isso uma das extremidades da sua auto-segurança. Ao
confeccionar o nó prússico, deve-se começar a fazê-lo por sua parte mais próxima do topo da
encosta, pois desta maneira, em caso de queda, o escalador terá um maior número de voltas do
nó para travá-lo. A escalada pode ser feita utilizando-se de agarras e apoios ou empunhando a
própria corda, sempre conduzindo o nó prússico que servirá como segurança.
37
(1) As escadas são empregadas nos locais de acesso muito difícil, inclusive
negativas, onde não há apoios naturais, quando a pendente é muito vertical e não existe
possibilidade de se instalar outro sistema ou tipo de via. Podem ser empregadas em conjunto
com lepares, principalmente quando a tropa que escala transporta cargas pesadas.
Aselha dupla
Nó de porco
Aselha simples
40 cm
Lais de guia
30 a 40 cm
(1) É uma via equipada para transposição da tropa, material e feridos, onde se tem,
entre uma elevação e outra, um grande vazio em que a transposição seria impossível ou muito
demorada.
(2) Quando possuir um ângulo maior do que 20º com a horizontal, necessitando ser
freiado ou recuperado, recebe o nome de tirolesa. A tirolesa é empregada para a exfiltração de
feridos, materiais e equipamentos.
(3) O escalador pode utilizar duas técnicas para transpor um comando crawl: por
cima ou por baixo da corda.
(a) Por cima da corda: o escalador deita-se na corda, colocando sobre ela o
peito e um dos pés, mantendo esta perna flexionada; a outra deve pender naturalmente, para
manter o equilíbrio do corpo. A tração do corpo é feita com as mãos, ajudada pelo pé que está
sobre a corda. Se o equilíbrio for perdido, pode-se retornar à posição normal, bastando passar
uma perna sobre a corda e o cotovelo do braço oposto e , em um movimento rápido, retornar o
corpo para cima da corda. A segurança pode ser feita com um mosquetão de segurança
ancorando o assento à corda do comando crawl.
(b) Por baixo da corda: o escalador conecta um mosquetão de segurança na
corda, coloca-se sob a mesma e realiza a transposição tracionando com as mãos. No caso de
tropa equipada, pode-se colocar um segundo mosquetão na atadura de peito. Em ambos os
casos, o material do escalador pode ser tracionado ancorado no mesmo ou recuperado após a
travessia. Para uma travessia mais rápida e com menor esforço, pode-se utilizar roldanas em
substituição aos mosquetões.
Fig 4-49. Travessia do Comando crawl por baixo e por cima da corda
(1) Para a transposição da falsa baiana, a tomada da posição deve ser com os pés
apoiando-se no cabo inferior (de preferência no encontro da sola com o salto do calçado) e as
mãos empunhando o cabo superior, com a empunhadura invertida (uma palma para trás e a
outra para a frente). O deslocamento é feito alternando-se a abertura de mãos e pés na direção
da transposição.
(2) Para segurança, o escalador conecta uma das extremidades da sua auto-
segurança na corda superior, além disso prende a retinida recuperadora em sua atadura de
peito.
39
(1) Para a transposição, o escalador engatará uma das extremidades da sua auto-
segurança na corda de segurança, que fica montada em cima da ponte de três cordas
especialmente para prover segurança durante a transposição.
(2) As mãos tomam as cordas laterais e os pés pisam a corda inferior sobre os nós
de porco, voltando-se para fora. As mãos forçarão para fora os corrimãos a fim de facilitar o
equilíbrio. Uma passada suave deve ser mantida para permitir o mínimo de balanço. Caso a
ponte comece a balançar, todos deverão parar e empurrar os corrimãos para fora até a ponte se
estabilizar. O intervalo entre os homens deve ser no mínimo de seis metros.
Fig 4-51. Ponte de duas cordas Fig 4-52. Ponte de três de cordas
40
i. Ascensor (Fig 4-53)
(2) Para a subida em cordas verticais são empregados aos pares, podendo ter uma
extensão para o apoio dos pés.
CAPÍTULO 5
EVACUAÇÃO DE FERIDOS
5-1. GENERALIDADES
a. Civis
- Grupos dos Centros de Excursionismo e Montanhismo do Brasil.
- Grupos de Bombeiros Voluntários, desde que devidamente adestrados.
b. Policiais
- Corpos de Bombeiros estaduais.
c. Militares
- Unidades de Montanha do Exército.
- Unidades de Forças Especiais do Exército.
- Unidades de salvamento e resgate das Forças Armadas.
(f) Pode-se também utilizar uma fita tubular ao invés de cabos solteiros, com a
vantagem de proporcionar maior conforto para o ferido. Neste caso, as emendas devem ser
feitas com nó de fita.
H
J G
LEGENDA
A: Cintos para suporte dos
A A B I membros superiores
B B B: Receptores dos cintos para
suporte dos membros superiores
C: Cintos abdominais
D: Receptores dos cintos
abdominais
E: Receptores dos cintos para
suporte dos membros inferiores
C D F: Cinto para suporte dos
membros inferiores
G: Apoio para o queixo
H: Apoio para a testa
I: Almofadas de apoio
E J: bolsa para transporte
E
F
B
B
Fig 5-11. Imobilizador SKEDCO
e. Transporte em maca
(1) Maca de lona V.O.
(a) A amarração que será descrita refere-se à maca de lona V.O., com quatro pés
de alumínio separados por travessas articuladas do mesmo material, o que permite o
fechamento da mesma, facilitando o seu transporte.
(b) Inicia-se a preparação da maca com a introdução de dois tarugos de madeira
de 60 cm de comprimento e 5 cm de diâmetro no interior dos pés da mesma, e um terceiro
tarugo no centro, de modo a impedir que a maca se feche.
(c) Faz-se um nó de porco arrematado envolvendo um dos pés da maca, o tarugo
e a travessa articulada. Com um dos chicotes que sobraram, confecciona-se sucessivos nós de
porco envolvendo o tarugo e a travessa articulada. Ao chegar à outra extremidade do tarugo, o
arremate final é feito com mais um nó de porco, de modo idêntico ao primeiro nó. Esta
amarração não deve ser feita no tarugo central. (Fig 5-12)
(l) Este tipo de amarração impede que o ferido caia da maca, caso a mesma se
incline para o lado ou vire de cabeça para baixo.
45
(2) Evacuação do ferido em Maca de lona V.O.
Nó direito com
arremate
- Terceiro passo, a confecção dos nós de azelha em oito no seio dos cabos
47
solteiros, onde a sua principal finalidade é centralizar as alças facilitando assim as manobras
e manuseio.
- Quarto passo, fazer a união das azelhas com o comando crawl por meio de
mosquetões elou roldanas, como é demonstrado no desenho abaixo onde o nº 1 identifica as
roldanas elou mosquetões, o nº 2 identifica a retinida recuperadora e o nº 3, identifica as
alças da maca.
1 - Cabo estático
2 - Conjunto de mosquetões
3 – Alças com cabo solteiros
4 – Segurança do ferido
48
(d) Rapel
- A segurança é feita de maneira idêntica à da maca de lona V.O.
- A preparação dos militares que realizarão o rapel também é idêntica à da
maca de lona V.O., porém utiliza-se um mosquetão de trava automática para a conexão dos
mesmos à maca.
CAPÍTULO 6
a. Trata-se de uma ampla área geográfica composta por formas e acidentes do relevo
com considerável desnível em relação à área circunvizinha e caracterizada por terrenos
compartimentados com encostas íngremes e precariedade de caminhos. A área de operações
em montanha não está, necessariamente, associada às regiões de grandes altitudes. Conforme
as particularidades e a localização do terreno, pode receber influência de condições
meteorológicas adversas.
b. Pelo conceito acima, podemos observar que, apesar de o Brasil não possuir elevadas
altitudes, há em todas as suas regiões grandes extensões de superfície terrestre caracterizadas
como área de operações em montanha, exigindo, conseqüentemente, especialistas habilitados.
c. A área de operações em montanha apresenta aspectos topotáticos peculiares que a
caracterizam como um ambiente propício às operações com características especiais, tais
como, as operações noturnas, infiltrações e incursões. O terreno e as condições
meteorológicas exigirão das forças em confronto um elevado grau de adestramento para
subsistir e combater em montanha, calcado em doutrina específica para este ambiente
operacional.
a. Adaptação
Período de tempo que uma tropa já habituada a este ambiente operacional, necessita
para condicionar seu organismo às particularidades de uma certa região. Duração de 24 a 48h.
b. Aclimatação
Período de tempo que uma tropa não habituada a este ambiente operacional,
necessita para condicionar seu organismo aos fenômenos ambientais, tais como a baixa
pressão e o clima. Duração de 10 a 12 dias.
CAPITULO 7
MARCHAS EM MONTANHA
CONDIÇÕES DE DE DISTÂNCIA
SUBIDA DESCIDA
MARCHA HORIZONTAL
Homens
sem equipamento 400 m/h 600 m/h 4 Km/h
Homens
com equipamento 300 m/h 500 m/h 4 Km/h
Muares
carregados 400 m/h 300 m/h 4 Km/h
Coluna de homens
e muares 300 m/h 300 m/h 4 Km/h
Tabela 7-1. Cálculo de tempo
MM MP
LEGENDA
MP SITUAÇÃO NR 1: Marchas em terreno de
MP Montanha (trilha difícil com desníveis
MM acentuados e muitos obstáculos).
ML ML SITUAÇÃO NR 2: Marchas em terreno
convencional (trilhas limpas e sem desníveis
acentuados).
(2) A arrumação dos objetos no interior da mochila deve ser feito de maneira a
proporcionar um perfeito equilíbrio. A carga deve ser repartida de modo que os pertences
mais pesados fiquem próximo às costas. Evitar transportar objetos pendurados para não
prejudicar o equilíbrio. A barraca ou saco de dormir, caso não caibam inteiramente no interior
da mochila, devem ser presos na parte superior. O limite ideal de carga por homem é de 1/3
de seu próprio peso.
a. Início
(1) Evitar iniciar a marcha em jejum.
(2) Conduzir alimentação de emergência e um kit de primeiros socorros com material
de imobilização.
(3) Estabelecer uma disciplina quanto ao consumo d‟água.
(4) A hora da partida deve ser fixada para que a marcha termine ainda com luz do
sol.
(5) Verificar o estado e ajustagem do vestuário e equipamento, principalmente dos
coturnos.
b. Disciplina de marcha
(1) Deve ser adotado o “passo montanhês”, flexível e lento, tanto mais lento quanto
maior for a pendente a ascender. O passo é lento, pois a cada passo há uma pequena pausa
onde o peso do corpo é suportado pela perna da retaguarda que fica totalmente distendida,
sem cansar os músculos. O peso do corpo deve ser apoiado em toda a planta do pé e não
somente na ponta.
54
(2) Para se obter uma velocidade adequada de marcha, deve ser colocado à testa da
coluna de marcha um “regulador de marcha”, que deve ser um homem de capacidade física
igual à média da tropa.
(3) O cerra-fila, em princípio, deve ser um graduado.
(4) Evitar ascender pelas pendentes mais acentuadas.
(5) Em terrenos muito íngremes marchar em zigue-zague, tomando cuidado com o
desprendimento de pedras que possam atingir outros escaladores da coluna de marcha.
(6) Apoiar de vez em quando as mãos nas alças da mochila.
(7) A distância entre os homens é flexível, normalmente entre 2 a 4 metros, pois
deve-se manter do homem da frente uma distância que não atrapalhe a ultrapassagem dos
obstáculos, mas que também não permita a perda do contato visual.
(8) Providenciar um rodízio do material coletivo conduzido.
d. Estacionamentos
Os lugares escolhidos para os bivaques deverão reunir condições necessárias para
proteger do frio, vento e umidade. Deve-se evitar a proximidade das cristas rochosas pelo
perigo que apresentam em caso de tormentas. Da mesma forma, o fundo das ravinas é
perigoso, pois pode sofrer inundação no caso de chuvas intensas. A natureza do terreno deve
influenciar também na escolha do local do bivaque. Durante o inverno e em épocas muito
frias, caso a situação tática permita, o fogo pode ser aceso.
7-4. CONCLUSÃO
Nas Unidades empregadas em terreno montanhoso, deve ser dedicada atenção constante
à realização de exercícios, até que toda a tropa seja capaz de realizar os mais diversos
percursos com todo o equipamento, armamento e material e atinja seu objetivo em condições
de cumprir as mais diversas missões de combate.
55
CAPITULO 8
RELEVO BRASILEIRO
8-1. GENERALIDADES
a. Com relação às bases geológicas do território brasileiro, podemos fazer uma série de
observações e relacioná-las às altitudes do relevo. O Brasil possui 64% do território formado
por bacias sedimentares e 36% por escudos cristalinos. Em sua grande parte, as estruturas
geológicas são antigas.
b. As bacias sedimentares formaram-se a partir do acúmulo de sedimentos em
depressões, sendo, por isso, terrenos ricos em combustíveis fósseis, como carvão, petróleo,
gás natural e xisto. Os escudos são mais antigos e rígidos, caracterizando-se pela presença de
rochas cristalinas como granitos e gnaisses e estão associadas à presença de riquezas minerais
metálicas, como ferro e manganês.
c. No Brasil, não há grandes cordilheiras como o Himalaia, os Andes ou as Montanhas
Rochosas, que foram geradas por desdobramentos modernos. Por ser um território rígido e
muito antigo, também não sofre a ação de terremotos, agentes internos fundamentais para a
constituição das grandes formas estruturais do relevo. Já os agentes externos como chuvas,
ventos, rios, mares, calor e frio continuam sendo responsáveis por esculpir as formas do
relevo da superfície. Ocasionalmente, os reflexos de tremores de terra ocorridos em pontos
distantes são sentidos em algumas regiões do país.
a. Agentes Internos
A movimentação das placas tectônicas é o processo fundamental na criação de quase
todas as montanhas, direta ou indiretamente. O conceito básico é que as placas se juntam e se
separam ciclicamente e sobre as placas ficam os continentes e o fundo do oceano. Esses
movimentos provocam o aparecimento de dobras, falhas, terremotos e vulcões. Veremos cada
um deles.
Os dobramentos caracterizam-se pelo enrugamento resultante da colisão das placas
tectônicas, podendo ser entre as placas continentais, entre as oceânicas ou até a união de
ambas. O movimento das placas tectônicas é chamado de deriva continental. A Índia
pressiona o resto da Ásia e forma o Himalaia. A deriva continental é de 3 a 6 mm/ano. A
placa do Pacífico está se estendendo em direção à América do Sul, formando os Andes.
Os falhamentos ou falhas são formadas pelo desnivelamento na superfície causado pela
movimentação vertical de gigantescos blocos de rocha, devido ao alivio/aumento de pressão.
Acontecendo assim a formação das serras (em forma de dentes de serra). Exemplos: Serra do
Mar e Serra da Mantiqueira.
Os terremotos, também conhecidos como abalos, sismos ou terremotos se manifestam
através de vibrações das camadas da crosta terrestre. São originados pelos movimentos das
placas tectônicas. A escala Richter, que é a mais científica varia de 0 (não sentido por
pessoas) até 9 (destruição total com deslocamentos de rocha e topografia alterada). O local de
origem do abalo é chamado Hipocentro. O ponto da superfície imediatamente acima do foco
onde se manifesta o tremor é chamado Epicentro.
O vulcanismo é um tipo de formação onde tem-se o HOT SPOT (ponto quente),
correntes de magma ascendentes que saem quase que constantemente do mesmo ponto e
56
conseguem atravessar a crosta oceânica, que é pouca espessa, se comparada com a crosta
continental. É o processo mais rápido que pode criar uma montanha. A ação dos vulcões
forma algumas das maiores montanhas existentes. O vulcanismo ocorre principalmente nos
oceanos, agindo em conjunto com as placas submersas. Exemplo: Mauna Loa, Havaí (10.203
metros, possuindo menos da metade acima do nível do mar). Ilha de Trindade (4.900 metros –
sendo 600m acima do nível do mar).
b. Agentes Externos
Chama-se intemperismo a exposição das formas de relevo ou dos agentes químicos
(água) ou físicos (calor) e ao seu conseqüente desgaste. Os agentes externos atuam como
forma modeladora e modificadora do relevo tanto como abrasiva como ação construtiva
(depositando em áreas mais baixas). Os principais tipos são:
– Glacial (ação do gelo);
– Fluvial (ação erusiva dos rios);
– Pluvial (provocada pelas chuvas);
– Eólica (pelo vento) e
– Marinha (movimentos de avanço e recuo das marés).
c. Montanhas
As montanhas podem consistir de picos isolados, colinas simples, serras ou
cordilheiras que se estendem por centenas de quilômetros. Dá-se o nome de cordilheira ou
cadeia a um alinhamento de montanhas. Exemplos: os Andes, os Alpes, o Himalaia. São
típicas de regiões geologicamente jovens. No Brasil não temos elevações consideradas
geologicamente como montanhas (exceção feita ao Pico da Neblina, cuja altitude é próxima
aos 3.000 m), embora o termo seja muito usado.
Relativas
b. No total, o Brasil possui onze planaltos, seis planícies e onze depressões (Fig 8-4).
d. Planaltos Brasileiros
(1) Planalto da Amazônia Oriental;
(2) Planaltos e Chapadas da Bacia do Parnaíba;
(3) Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná;
(4) Planalto e Chapada dos Parecis;
(5) Planaltos Residuais Norte-Amazônicos (onde estão situados o Pico da Neblina
com 2.993,8m e o Pico 31 de Março com 2.972,7m);
(6) Planaltos Residuais Sul-Amazônicos;
(7) Planaltos e Serras do Atlântico Leste Sudeste;
(8) Planaltos e Serras do Goiás-Minas;
(9) Serras Residuais do Alto Paraguai;
(10) Planalto da Borborema;
(11) Planalto Sul-Riograndense.
e. Depressões
(12) Depressão da Amazônia Oriental;
(13) Depressão Marginal Norte-Amazônica;
(14) Depressão Marginal Sul-Amazônica;
(15) Depressão do Araguaia;
(16) Depressão Cuiabana;
(17) Depressão do Alto Paraguai-Guaporé;
(18) Depressão do Miranda;
(19) Depressão Sertaneja e do São Francisco;
(20) Depressão do Tocantins;
(21) Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do Paraná;
(22) Depressão Periférica Sul-Riograndense.
f. Planícies
(23) Planície do Rio Amazonas;
(24) Planície do Rio Araguaia;
(25) Planície e Pantanal do Rio Guaporé;
(26) Planície e Pantanal Matogrossense;
(27) Planície da Lagoa dos Patos e Mirim;
(28) Planícies e Tabuleiros Litorâneos.
59
1 5
5 1 23
23
13 5 28
12
6
6
6
6 2
12 6 2
19 10
6 6 6 2
14
25 24 20
4
16 15
17 9
8
7 28
26
3
18
9 21
22
11
6 Pico da Pedra da Minas (MG) 2770,0 4 Pico da Pedra da Minas (MG) 2798,4
7 Monte Roraima (RR) 2.739,3
7 Monte Roraima (RR) 2734,1
Tab 8-2. Antigas e Novas medidas dos picos brasileiros
Fonte: IBGE€
2.892
6
4 5 3
9
10 8
2.798 2.791
2.769
2.734
2.680
2.670 2.665
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Pico da Pico Pico da Pedra Pico das Pico Monte Morro Pedra do Pico
Neblina 31 de Bandeira da Agulhas do Roraima do Sino de Três
Março Mina Negras Cristal Couto Itatiaia Estados
Serra Serra do Serra da Serra do Serra do Serra do Serra das Serra da
Imeri Caparaó Mantiqueira Itatiaia Caparaó Pacaraima Prateleiras Mantiqueira
(AM) (MG/ES) (MG/SP) (MG/RJ) (MG) (RR) (RJ) (MG) (SP/MG/RJ)
Fig 8-6. Novo Ranking dos pontos culminantes.
62
8-6. RELEVO ROCHOSO (Fig 8-7 e 8-8)
Pico
Diedro
Rochas
fáceis
Fissura Bloco
suspenso
Teto
Chaminé
Senda Nicho
Desfiladeiro
Crista
Escarpa Bloco
suspenso
NOTA
Solicita-se aos usuários desta nota de aula apresentar sugestões que possam ampliar a
sua clareza e exatidão. As observações feitas deverão referir-se à página, ao parágrafo e a
linha do texto correspondente à modificação sugerida. Justificativas devem ser apresentadas
sobre cada observação, a fim de assegurar compreensão exata da avaliação. As sugestões
deverão ser enviadas ao 11º BI Mth - Regimento Tiradentes, para o seguinte endereço:
11º BIMth - Regimento Tiradentes
Centro de Instrução de Operações em Montanha
Ladeira Ten Vilas Boas S/N - Centro
CEP: 36.307-900
São João Del Rei - MG
Telefones para contato: 0XX32 379 1300 (PABX), 3379 1300 RAMAL 1342 (Cmt
CIopMth) ou 379 1300 RAMAL 1344 (Div Op Mth).
PACIÊNCIA,
HUMILDADE E
PERSEVERANÇA!
MONTANHA