Química Selvagem - Silvana Barbosa
Química Selvagem - Silvana Barbosa
Química Selvagem - Silvana Barbosa
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mecânicos, sem a prévia autorização por escrito da autora, exceto no caso de breves citações
incluídas em revisões críticas e alguns outros usos não-comerciais permitidos pela lei de direitos
autorais.
O artigo 184 do Código Penal tipifica como crime, apenado com detenção de 3 (três) meses a 1
(um) ano, ou multa, a violação de direito de autor. Pela Lei nº 10.695/2003 incluiu, em seu tipo
penal, a violação dos direitos conexos aos direitos de autor, que são aqueles relacionados aos
artistas intérpretes ou executantes, aos produtores fonográficos e às empresas de radiodifusão,
conforme o disposto nos artigos 89 a 96 da Lei nº 9.610, de 19.2.1998 ("Lei de Direitos
Autorais"), mantendo-se a mesma pena.
Sumário
NOTA DA AUTORA
SINOPSE
PLAYLIST
PRÓLOGO
Carniceira
KAICE BLOOD
CAPÍTULO 01
A loba
KAICE BLOOD
CAPÍTULO 02
Garanhão indomável
KAICE BLOOD
CAPÍTULO 03
Armadilha de cowboy
KAICE BLOOD
CAPÍTULO 04
A guerra está por vir
KAICE BLOOD
CAPÍTULO 05
A peste
KAICE BLOOD
CAPÍTULO 06
A praga
KAICE BLOOD
CAPÍTULO 07
Égua selvagem
DEACON TRINIX
CAPÍTULO 08
Galho seco
DEACON TRINIX
CAPÍTULO 09
Potro manso
DEACON TRINIX
CAPÍTULO 10
Planícies selvagens
DEACON TRINIX
CAPÍTULO 11
O tronado
KAICE BLOOD
CAPÍTULO 12
O paraíso
KAICE BLOOD
CAPÍTULO 13
Touro selvagem
KAICE BLOOD
CAPÍTULO 14
Cobertor de estrelas
KAICE BLOOD
CAPÍTULO 15
O arreio
DEACON TRINIX
CAPÍTULO 16
Vermelho infernal
DEACON TRINIX
CAPÍTULO 17
Vale em chamas
KAICE BLOOD
CAPÍTULO 18
O passeio
KAICE BLOOD
CAPÍTULO 19
Colina selvagem
KAICE BLOOD
CAPÍTULO 20
O urso
KAICE BLOOD
CAPÍTULO 21
A maldição do vale
KAICE BLOOD
CAPÍTULO 22
O furacão
DEACON TRINIX
CAPÍTULO 23
Loba-vermelha
KAICE BLOOD
CAPÍTULO 24
A velha raposa
KAICE BLOOD
CAPÍTULO 25
O buraco
KAICE BLOOD
CAPÍTULO 26
Coiote, loba e urso
KAICE BLOOD
CAPÍTULO 27
A queda
DEACON TRINIX
CAPÍTULO 28
Não o meu amor
KAICE BLOOD
CAPÍTULO 29
A loba e o urso
DEACON TRINIX
EPÍLOGO
KAICE BLOOD
AGRADECIMENTOS
OUTRAS OBRAS:
SÉRIES:
ÚNICOS
Esse livro é dedicado a todas que amam um lobo mau bronco, completamente fora dos
padrões, sem traços de príncipe encantado, mas que te fode como ninguém, porque na hora H
tem que ter pegada forte!
NOTA DA AUTORA
Ei, leitor!
Tenho duas ilustrações disponíveis do livro, mas, uma delas, não pode ser compartilhada
aqui, por ter conteúdo adulto.
Me envia o print comprovando que comprou/baixou o livro pela Amazon (infelizmente,
isso é para coibir as usuárias de pirataria) e eu te envio a ilustração por DM, lá no Instagram:
@autoracarolineandrade.
SINOPSE
Kaice é uma analista financeira de Luisiana, que está prestes a se tornar sócia da empresa
que trabalha. Ela sempre colocou a razão acima da emoção e nunca se deixou levar por nenhum
romance. Mas tudo muda quando ela viaja a Montana, para fechar um negócio, e conhece um
cowboy misterioso e mal-humorado, tão sexy quanto ranzinza, que desperta seu interesse.
Ela o desafia com uma proposta indecente para uma única noite regada à luxúria, paixão
e uma química selvagem. A atração entre eles é explosiva e irresistível, porém, Kaice não quer se
entregar às batidas aceleradas que ele causa em seu coração.
Ao passo que se encontra presa no rancho Green Valley, onde o cowboy tenta domar o
seu gênio indomável, Kaice está determinada a não se render facilmente, só que o rancheiro não
vai desistir dela.
Quem vai ganhar essa briga de vontades? Ou será que o destino tem outros planos para
eles?
Ai, que sinopse fofa, nem parece que foi Caroline Andrade que escreveu! Por isso,
não se engane, todos os meus parquinhos contêm gatilhos, e esse não fugiria à regra.
Esse livro não é recomendado para menores de dezoito anos, contém sexo explícito,
palavrão, tortura, agressão física e morte. Mais um dia normal no parquinho da tia Carol,
boa leitura!
PLAYLIST
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PRÓLOGO
Carniceira
KAICE BLOOD
Luisiana
— Mas que diabos, Greg, não estou aqui para fazer negócios de merda!
O som da voz de Mitch, que rosna dentro da sala de reuniões, é tão alto que posso ouvir
do lado de fora, enquanto me aproximo da porta, a abrindo.
— Vim aqui para fazer negócios com você!
— Escutei sua voz irritante gritando do lado de fora, Mitch. — Bato a porta ao passar, o
calando, e caminho firme pela sala de reuniões, me aproximando dele.
Sua expressão fica descontente quando me vê, porque ele sabe que apenas apareço para
encerrar uma negociação quando farejo cheiro de sangue dos meus inimigos. O que, claramente,
ele se tornou, quando recusou a oferta que Greg lhe ofereceu. Sua mão esmaga a caneta e me
olha raivoso, ao passo que encosto na janela, com os braços cruzados.
— Achei que apenas nós dois resolveríamos isso, Greg! — Seus olhos de peixe morto
retornam para Greg, deixando claro que minha presença o pegou de surpresa.
— Estamos aqui há mais de quatro horas, Mitch. — Greg retira seus óculos e solta um
suspiro, apontando para mim. — Essa é sua solução.
— Não quero uma fusão, e muito menos negociar com essa carniceira — ele rosna,
virando seus olhos para mim.
O presenteio com o sorriso mais doce e gentil de todos que já esbocei para um verme
antes de o aniquilar.
— Ninguém quer uma fusão com sua empresa, que tem mais dívidas do que lucro. —
Estufo meu peito, o enchendo de ar, olhando o homem patético e insignificante, que foi tão inútil
em manter seus negócios saudáveis, quanto um prego enferrujado em uma madeira podre. — Eu
teria mais sucesso vendendo revistas antigas de pornô para velhos cegos.
Ele range seus dentes e suas bochechas ficam rosadas, com os olhos me fuzilando ao me
encarar. Nega com a cabeça, retornando o olhar para Greg.
— Não pense que vou me intimidar com sua carniceira — ele afirma, com sua mão
estrangulando a caneta em seus dedos. — Vou retirar todo meu dinheiro dessa maldita empresa e
levar para outro lugar...
— Apenas estou pedindo para suspender os lucros — Greg murmura educadamente para
ele.
— Isso vai destruir minhas ações!
— Sabe o que vai acontecer amanhã, depois que eu acordar, tomar um bom e longo
banho quente, me sentar na frente do meu computador com uma xícara de café e vender nossos
18% na bolsa de valores? — Sorrio, batendo meus cílios de forma dócil para ele, e seu rosto gira
para mim. — Vou lhe dizer, meu caro. Os valores das ações despencarão e as atividades de
mercado cessarão, resultando em uma busca incansável dos credores.
Descruzo meus braços e dou de ombros, enquanto sorrio e me aproximo aos poucos da
mesa, não desviando meus olhos dos seus.
— E como somos o principal credor, asseguro que as negociações estão definitivamente
encerradas. — Minha voz é firme, o que o deixa saber exatamente o que vou fazer com ele. —
Na manhã de segunda-feira, ao assumir o controle das finanças, estarei no comando como
gerente geral da Mitch Energi. Minha primeira ação será reestruturar a equipe, dispensando todos
os funcionários atuais. Em seguida, iniciarei a liquidação dos ativos da empresa, vendendo
contratos, equipamentos e materiais a preços irrisórios para a concorrência. E você, meu caro,
carregará o peso da responsabilidade por ter levado a empresa familiar à ruína, o que,
provavelmente, resultará em um homem velho e brocha se afundando em bebida, em duas ou três
garrafas de vodcas por dia, até tomar coragem para meter uma bala na cabeça, porque é fraco e
covarde demais para aceitar que fracassou em tudo que se propôs a fazer nessa sua insignificante
existência de merda.
A face de Mitch está pálida, sem o rubor da raiva, e não emite um rosnado e nem tem a
mão estrangulando a caneta, apenas possui o olhar mais fodido e miserável de um homem que
sabe que está na ruína.
— Se acha que é ruim negociar comigo, me insultando e me chamando de carniceira —
minhas mãos espalmam na mesa e inclino meu tórax para frente —, espere até me ver lhe
destroçar inteiro.
— Meu pai ergueu este império a partir do pó — diz ele, tamborilando os dedos na mesa,
traído pela ansiedade.
— E é para o pó que tudo retornará, a menos que os lucros sejam congelados e a fusão
aceita, permitindo-nos tomar as rédeas da gestão — afirmo, sem desviar o olhar, cravando-o nos
dele.
Ele respira profundamente, seus olhos fixos em Greg, buscando desesperadamente uma
alternativa que não existe.
— Não desvie o olhar — comando com autoridade, forçando-o a me enfrentar
novamente. Minha voz é inabalável, minhas intenções cristalinas. — Você está tratando comigo
agora. Encare-me, Mitch. A decisão é sua: amanhã, ao amanhecer, devo revitalizar sua empresa
ou reduzi-la a escombros?
Seu rosto cai, o olhar perdido nos papéis que selam seu destino. Os ombros caem,
derrotados, enquanto ele acena lentamente com a cabeça, um gesto mudo de consentimento. Com
uma mão trêmula, ele começa a assinar, linha por linha, entregando o legado de sua família. A
Finac Trons agora detém as rédeas do poder, como os acionistas majoritários.
— Muito bem, Mitch — digo, com uma ponta de triunfo na voz.
— Você sabe que não havia outra escolha. — Greg fala gentil.
A cabeça de Mitch se ergue e ele empurra a papelada por cima da mesa, na direção de
Greg, ao passo que levanta e dá as costas para nós.
— Vadia! — Escuto sua voz asquerosa sair bem baixinha antes de dar o segundo passo,
me xingando.
— Acabei de salvar o resto de dignidade da sua família. — Minha voz, ao contrário da
dele, é alta e firme, para que todos na sala escutem. — Salvei seu estilo de merda de vida e o
sustento das suas amantes por mais alguns anos, já que é só o dinheiro que fará elas ficarem com
você, visto que seu pau mole raramente consegue ficar duro sem o uso de algum remédio. Assim
como também garanti que seus filhos e netos tenham uma herança e possam ir para a faculdade.
Penso que deveria me dizer obrigado, ao invés de me xingar, Mitch.
Seu corpo inteiro para, e ele range seus dentes, me deixando ver suas mãos se esmagando
forte em punho. Ele vira e me fuzila com seu olhar.
— Obrigado! — É quase hilária a forma como a palavra parece ser a mais difícil
pronúncia que ele já fez em sua vida.
— De nada!
Sorrio com falsa gentileza, acenando para ele, enquanto observo seus passos pesados o
levarem para a saída da sala de reuniões.
— Você é tão cruel, querida! — Greg ri, fechando a pasta dos documentos que Mitch
assinou.
— É, eu sei! — Aumento o sorriso e giro, caminhando para a pequena mesa de bebidas
ao canto e servindo uma dose de uísque para ele e outra para mim. — E é por isso que você me
paga tão bem.
Retorno para a mesa e puxo a cadeira, me sentando e lhe entregando a bebida, sorrindo de
forma maléfica, saboreando o meu uísque.
— E, acredite, vale cada centavo, meu bem! — Greg ergue seu copo em forma de brinde
em minha direção, piscando para mim. — Se fosse trinta anos mais novo, com toda certeza me
casaria com você...
— Se fosse trinta anos mais novo, eu lhe devoraria vivo, Greg. — Pisco para ele,
brincando, e suspiro, me sentindo extremamente bem em fazer o meu trabalho. — Nada como
começar a sexta-feira fodendo um filho da puta chupador de rola! Isso é revigorante!
— Bom, espero que realmente esteja bem revigorada, porque, para onde vai, precisará de
muita disposição. — Ele sorri, abaixando o copo da sua boca.
Pisco, confusa, sem entender o olhar arteiro que aparece na face do velho safado à minha
frente.
— Não me diga que precisa de ajuda para sumir com alguma amante! — falo baixo, o
olhando e vendo-o rir para mim.
— Não, não preciso. — Greg nega com a cabeça, rindo, e coloca o copo na mesa. — Na
verdade, o que preciso é mais um favor, e sei que você é a pessoa certa para me ajudar. É esperta
e vai se sair muito bem.
— Voz mansa, olhar gentil e elogios... — Fisgo minha boca, a estalando, virando de uma
única vez a bebida em meus lábios, antes de abaixar o copo. — Toda vez que você faz isso, eu
acabo ficando muito puta no final do meu dia, porque sei que não vou gostar nada do que tenho
que fazer.
— Mesmo assim, sempre o faz, e muito bem.
— Qual é, Greg?! — suspiro e me endireito na cadeira, cruzando minhas pernas. — Seja
direto, não é nem dez horas da manhã e ainda tenho que foder o dia de mais três babacas.
— Montana. — Ele sorri de ladinho, batendo a ponta do seu dedo na borda do copo. —
Preciso que vá para Montana, para as Montanhas Big Sky, mais precisamente. Tem um rancho
lá, o Green Valley, e eles precisam de ajuda. Estão entrando no comércio de venda de carne e
querem remover os terceiros, com eles mesmo vendendo os gados que criam para o mercado e
comprador final. E precisam de alguém que os ajude a percorrer o caminho mais seguro e direto,
e sei que essa pessoa é você, Kaice.
— Não quer que eu tire minha roupa e fique de quatro em cima da mesa, assim pode ter
uma melhor visão do meu rabo, já que vai me foder? — falo séria, enquanto inalo fundo e nego
com a cabeça. — Porque é exatamente isso que está fazendo ao me pedir tal coisa.
A gargalhada alta de Greg explode na sala de reuniões, e o olho com raiva, não
acreditando que ele realmente crê que irá me convencer a ir para Montana.
— Não exagere, querida. Sabe que já deu conta de trabalho muito pior. — Ele ri,
brincando. — Apenas precisa ir até lá dar uma olhada, saber se o negócio vai funcionar e dizer a
eles...
— Greg, não vou para Montana! — digo firme, o deixando saber minha resposta.
Definitivamente, nada nesse mundo teria o poder de me convencer a tirar meu rabo da Luisiana.
— Nem se me cobrisse inteira de ouro, eu iria para um rancho no meio das montanhas, cheio de
merdas de vacas.
CAPÍTULO 01
A loba
KAICE BLOOD
Montana
Três dias depois
— Uísque duplo sem gelo, por favor! — peço ao barman, soltando minha bolsa em cima
do balcão.
Puxo a banqueta e sento-me perto do balcão do bar que tem do outro lado da rua do hotel
que me hospedei. O garçom move a cabeça em positivo para mim, e suspiro, cansada, depois de
ter encarado a porra de uma longa e cansativa viagem, a qual passei sentada dentro do avião, me
perguntando como diabos fui aceitar o pedido de Greg. Mas daí lembro da sua proposta para me
tornar sócia da empresa, onde trabalho há mais de seis anos, desde que saí da faculdade, após
terminar minha graduação em Financeiro. Claro que ele sabia que eu aceitaria na mesma hora
qualquer serviço que tivesse que fazer em troca, até mesmo vir para um lugar que nunca pisei em
toda minha vida.
O barman entrega minha bebida, e suspiro mais uma vez, sabendo que nesse segundo é
tudo que preciso, antes de ir para meu quarto e deitar, para descansar. Porque, amanhã cedo, um
funcionário do rancho virá me buscar, para me levar para o Green Valley.
— Não é daqui, certo? — Antes mesmo que possa levar minha bebida à boca, a voz
masculina sai animada à minha direita.
Giro meu rosto devagar para o lado e encontro um homem de estatura média, usando um
colete de caça, com os cabelos penteados para trás, me fitando enquanto bebe um martini.
— Com toda certeza, não. — Ele puxa seu sorriso sacana de ladinho, percorrendo seu
olhar por mim descaradamente, se demorando no decote do meu vestido vermelho. — Sou Tim.
Se importaria se eu te pagasse uma bebida?
Bebo meu uísque e o olho, fazendo um gesto lento com minha cabeça para os lados e
dando de ombros.
— Por que não?! — Sorrio e levanto meu dedo para o barman, apontando para meu copo,
para que ele saiba que quero mais um.
Tim puxa a banqueta e senta ao meu lado, mostrando seus dentes devidamente brancos,
os quais presumo que custaram uma fortuna, por conta do clareamento artificial, o que me dá a
impressão de serem de um boneco, de tão falso que são.
— Seu traje revela que você não pertence a esta cidade — ele diz com um sorriso, e eu o
observo em silêncio, permitindo que ele continue. — Você está em uma escapada turística,
tentando absorver a essência do oeste e fugir do caos urbano… Estou correto?
— Você realmente acredita que desvendou o mistério, Tim? — questiono, colocando
meu copo vazio no balcão e observando o barman preparar outra rodada.
— Tenho quase certeza que sim — ele responde, um brilho travesso nos olhos, que não
se desviam do decote do meu vestido vermelho.
Sorrio para ele e pego o copo, o levando à minha boca e o entornando inteiro, antes de o
abaixar sobre o balcão. Giro meu rabo na banqueta e fico de frente para Tim, vendo-o assustado.
— Minha vez de brincar! — Meu sorriso se desfaz tão rapidamente quanto as chances de
ele conseguir me levar para a cama essa noite. — Você trabalha em uma escola, talvez professor
particular.
Sou direta, e o avalio sem muito esforço, notando as mãos finas, as quais tenho certeza de
que nunca devem ter visto um trabalho duro na vida de merda. Presto atenção na diferença da cor
da pele em seu dedo, onde presumo que é o local que fica sua aliança, que ele retirou antes de vir
ao bar.
— Você é casado, tem filhos. — digo com um sorriso, levantando o olhar para encontrar
o dele. — Imagino que seja essa a razão de sua presença aqui esta noite. A velha história de que
precisa de um respiro, um momento só seu.
Giro meu rosto para o barman, que está nos olhando, tendo um riso contido em sua boca.
Aponto para meu copo e dou uma piscada para ele, que rapidamente se aproxima do balcão.
— Você precisa de ar puro e de um tempo sozinho. — Retorno a olhar Tim, parando
minha atenção no seu colete de merda de caça, e tenho certeza de que o mais perto que chegou
de um animal, foi de algum zoológico. — Mas sejamos francos, Tim, você não veio caçar, e sim
trepar. E o fato de estar em um bar, ao invés de uma floresta, é a prova disso. Quer, com toda
certeza, comer algo essa noite. Porém, me deixe ser clara, não será a minha boceta.
Suspiro e puxo meu copo, saboreando meu uísque e vendo a face pálida dele, com seu
peito subindo e descendo depressa, tendo o riso baixo do barman o fazendo corar.
— Quem diabos pensa que é para me julgar?! — Tim rosna baixo, me observando com
raiva.
— Não estou te julgando. — Dou de ombros e giro meu rabo para frente de novo. — Pelo
contrário, também estou caçando. Passei quatro horas sentada em um avião, depois de ter tido
três dias infernais, trabalhando como uma louca, para deixar tudo acertado para minha ausência,
enquanto resolvo as merdas que meu chefe me empurra. Com esse, é meu terceiro copo, e,
provavelmente, vou tomar a quarta dose. Depois, vou escolher um homem nesse bar, o levar até
meu quarto e foder com ele por algumas horas, antes de lhe mostrar a saída, após ter relaxado e
gozado tudo que não gozei nesses últimos três meses que estou sem trepar.
Tombo meu rosto para o lado e o olho, vendo seu rosto vermelho agora, enquanto arfa
fundo.
— Mas, adivinha, garotão, esse homem não será você! — Ergo meu copo em forma de
brinde para ele, antes de lhe dar uma piscada.
— O que há de errado comigo? — Ele é insistente, isso não posso negar, já que pensa que
tem uma chance.
— Você tem cara de que tem pau pequeno, Tim. E, provavelmente, terá uma ejaculação
precoce antes mesmo de eu começar a tirar a minha roupa — falo direto, sem rodeios, olhando-o
de cima a baixo com tédio. — Agora, tire seu rabo dessa cadeira e volte para sua esposa, antes
que eu resolva descobrir quem ela é e a assessore em um divórcio vantajoso, o qual vai te custar
até a porra do papel higiênico que limpa sua bunda frouxa.
— Vaca! — ele rosna com fúria, me xingando ao levantar.
— Pode ter certeza de que sou — suspiro, olhando-o se afastar. — Mais uma dose dupla,
garotão!
Abaixo meu copo e o empurro, pedindo para o barman, que rapidamente me serve,
enquanto segura o riso.
— Presumo que vai começar a caçar agora. — Uma voz rouca e grossa sai baixa do outro
lado, o que me faz virar. — É sua quarta dose.
Avalio a figura séria segurando uma garrafa de cerveja e a levando aos lábios, tendo um
chapéu negro em sua cabeça, uma barba rala no rosto e a mão grande quase cobrindo a garrafa de
bebida que segura. O avalio, demorando nas botas de montaria em seus pés, assim como na calça
jeans justa em suas pernas grossas, até parar na jaqueta preta de couro, que está esticada ao
extremo em seus braços, assim como a calça em suas pernas. Não é um homem bonito, com
pinta de galã, é bronco e tem uma forma estranha, mas que posso dizer que, mesmo assim, é
sexy.
— E devo presumir que o cowboy pretende se candidatar? — digo sisuda, o olhando,
vendo seus ombros largos balançarem, ao passo que ele ri baixinho, negando com a cabeça e
abaixando a garrafa.
— Oh, não, senhora! — Ele inala pesadamente, estufando seu peito. — Só estou tomando
minha cerveja. Cavalos astutos não entram na rota de caça de uma loba.
Acho que meu cérebro, por um segundo, para, assim que a face dele vem para mim e fico
hipnotizada com seus olhos verdes, que parecem uma imensa floresta de pinheiros. A barba rala
combina com seu estilo rústico, tanto quanto suas roupas, o que me faz sentir algo selvagem
emanando dele, quase indomável.
Porra, é um puta de um homem quente do inferno, que me fez ficar excitada apenas com
um olhar!
— Sua bebida. — Pisco rapidamente com as palavras do barman, saindo desse transe, o
qual nem eu entendi, que me pegou ao apenas olhar nos olhos enigmáticos do cowboy.
Eu tinha dito aquelas coisas para Tim apenas para o fazer parar de encher o meu saco, e
porque foi extremamente gratificante humilhar aquele otário traidor. Não menti quando falei da
viagem cansativa e nem que estava sem trepar há três meses, mas não estava realmente falando
sério sobre escolher um homem aleatoriamente para trepar. Provavelmente, apenas levaria duas
garrafas de uísque comigo e as mataria antes de cair no sono dentro do meu quarto. Porém, nesse
segundo, ao sentir a fragrância masculina que exala desse homem com cheiro de macho, meu
corpo automaticamente reflete sobre essa alternativa.
Seguro meu copo, o fitando, fisgando minha boca, realmente desejando trepar agora.
Uma foda bem dada até que cairia bem, e se esse homem me segurasse com tanta firmeza como
está segurando essa garrafa de cerveja, com toda certeza eu iria relaxar pra caralho.
Giro meu rosto de novo para ele e o vejo sério, tomando sua bebida e olhando para frente,
enquanto o avalio. Tem 1,90m de altura, possivelmente uns 90 ou 110 quilos, sendo praticamente
um armário ambulante. E, por Deus, o volume que tem na frente da sua calça não é uma pistola!
Não sou uma pessoa tímida, e muito menos recatada, gosto de ser precisa em tudo que faço,
desde o trabalho às minhas necessidades, e, indubitavelmente, nesse momento, meu corpo tem
uma imensa necessidade.
O vejo inalar mais forte, expandido seu tórax para frente enquanto abaixa a garrafa,
retirando seu chapéu da cabeça e passando a mão por seus cabelos negros, antes de girar e ficar
de frente para mim, não demonstrando se sentir incomodado com a vistoria que faço nele.
— Sabe, dona... — Ele é articulado, tanto em escolher as palavras quanto em seu olhar
passando aos poucos por mim, retornando, por fim, aos meus olhos. — Não deveria olhar para
um cowboy assim, a menos que realmente queira ser laçada.
— É, acho que não devia — falo mais para mim do que para ele, erguendo meu copo e o
tomando em um único gole, antes de o abaixar no balcão. — Me diga, cowboy, quanto tempo
aguenta em uma arena?
Sua boca se esmaga e ele me dá um olhar sério, antes de um sorriso se formar no
cantinho da sua boca, com ele girando de novo para frente do balcão e segurando sua garrafa de
cerveja.
— Uma noite inteira. — Escuto o timbre rouco da sua voz e recebo um olhar de canto,
com ele deixando a garrafa a centímetros da sua boca. — Mas, na minha idade, não brinco mais
com lobas, prefiro gatas mansas, são mais fáceis de domar.
— Uma pena! — suspiro e dou de ombros, olhando para frente e puxando minha bolsa,
pegando minha carteira.
Jogo as notas sobre o balcão, pagando minha bebida, e dou uma piscada para o barman,
que tem a face ruborizada.
— Pode ficar com o troco, lindinho! — Levanto e me afasto da cadeira, jogando a alça da
minha bolsa em meu ombro.
Caminho sem pressa, podendo sentir o par de olhos verde-escuros queimando minhas
costas, ao passo que me afasto do balcão.
— A propósito, cowboy... — Paro de andar, mirando por cima do ombro e pegando seu
olhar preso em mim. — Não gosta de gatas mansas, tanto que foi por isso que minha conversa
chamou a sua atenção. Não é o tipo de homem que se contenta com coisas calmas e tranquilas,
pelo contrário, julgo que isso até lhe entedie, tanto quanto ficar sentado dentro desse bar, ao
invés de estar em algum rancho, domando seus cavalos.
Sorrio de ladinho, vendo a veia na lateral do seu pescoço pulsar e suas narinas se
dilatarem, com ele inalando fundo.
— Pode até brincar com gatas mansas, mas é com as lobas que você realmente se sente
vivo, porque não dispensa uma boa briga. — Mordo o cantinho dos lábios, o observando. —
Mas, ao contrário das lobas que cruzaram seu caminho, sabe que não sou eu que vai ser domada,
por isso escolhe suas gatas mansas.
Suspiro e vejo os olhos verde-escuros faiscarem feito labaredas, e tenho certeza que um
ponto fraco dele foi atingido certeiramente ao vê-lo retrair o canto da boca.
— Não se preocupe, pode continuar olhando minha bunda enquanto me afasto. — Ele
rosna baixo, parecendo mais um predador do que uma caça. — Porque isso, com toda certeza, é
o mais perto que realmente vai chegar de uma loba de verdade, cowboy.
Pisco para ele e lhe dou um sorriso, antes de olhar para frente, retornando a caminhar,
ouvindo o som alto da respiração dele. Rio e levanto meu braço, acenando para ele, antes de
empurrar a porta e sair do bar. Retiro minha bolsa do ombro, para pegar minha chave do quarto,
e paro perto da calçada, olhando para os lados antes de atravessar a rua.
Meu salto não chega nem a encostar no chão do asfalto antes do meu corpo ser puxado
com força para trás, e colido com uma quente e esmagadora muralha de carne, que tem a
respiração ofegante e rosna a poucos centímetros do meu rosto. Jogo minha cabeça para trás, e
parece que estou olhando para um imenso edifício, mas, na verdade, é o gigante cowboy, que
rapidamente prende meus cabelos em seus dedos quando sua mão se ergue.
— Avisei para não olhar assim para um cowboy, dona. — Meus olhos se arregalam,
ficando presos aos seus, e o vejo inclinar sua cabeça para frente, com seu timbre saindo rouco e
profundo. — A menos que quisesse ser laçada!
— Pensei que tivesse dito que prefere gatas mansas, cowboy... — balbucio e puxo o ar,
com meu corpo desgraçado e safado se agitando por conta da brutalidade com que ele segura
meus cabelos.
— E eu realmente gosto. — Fecho meus olhos, sentindo a ardência no couro da minha
cabeça quando ele agarra mais firme. — Mas vou abrir uma exceção essa noite. E, acredite,
dona, quando eu terminar de lhe foder, vou ter uma loba miando como uma gata mansa em meus
braços.
Meus olhos se abrem e encontro os dele em chamas, como duas tochas vivas, brilhando
com pura intensidade. Nesse segundo, meu cérebro dispara, me fazendo perceber que, talvez, não
tenha sido uma boa ideia provocar um homem desconhecido, de 1,90m de altura, dentro de um
bar. No entanto, minha boceta excitada, completamente úmida pela eletricidade que me corta ao
ter sua longa mão agarrada aos meus cabelos, me diz totalmente o oposto.
— Adoro uma boa briga, cowboy! — murmuro e empurro meu corpo para cima, ficando
na ponta dos pés, tendo meu braço enlaçando sua nuca quando colo minha boca à sua, sentindo
como se um raio tivesse me acertado em cheio.
CAPÍTULO 02
Garanhão indomável
KAICE BLOOD
Minhas mãos batem forte em seu peito, o empurrando para trás no segundo que
atravessamos a porta e entramos no quarto. Meus lábios estão inchados e meu fôlego
completamente descontrolado com a forma que fui pega com força, sendo beijada de forma
bronca no elevador. Estou tão trêmula e elétrica, que mal consegui abrir a porta do quarto, e
antes que pudesse dar por mim estava sendo erguida por um par de braços másculos, que me
tiraram do chão. Ele pegou a chave da minha mão, mantendo sua boca chucra me devorando, a
ponto de eu praticamente chegar ao clímax apenas com seus beijos.
Isso me fez ser acertada em cheio pelo fato de que estava diante de um rival à altura, e
quando digo rival, é isso mesmo que insinuo, porque sexo, para mim, nunca passou de um
negócio como qualquer outro que eu possa fechar, e sempre garanto que eu serei a vencedora. E
ter um oponente que tivesse me arrastado por um saguão de hotel, comigo em seus braços,
enquanto me beijava e tinha suas mãos imensas presas em meu rabo, o segurando tão firme
quanto ele segurou aquela garrafa de cerveja, é a primeira vez.
— Hora da dança, cowboy! — digo, sorrindo para ele e usando meu pé para fechar a
porta do quarto, o vendo dar passos lentos para trás, sem tirar os olhos de mim. — Mas essa
valsa não será você a conduzir.
Sua jaqueta já está sendo retirada de seu corpo, com ele a jogando ao chão no segundo
que marcho para ele e espalmo minha mão sobre sua camisa de linho xadrez em tons cinzas e
negros. Sua cabeça se abaixa e ele olha meus dedos, piscando confuso.
— Acho que posso lhe deixar conduzir o primeiro ato... — Ele se cala quando chego
mais perto, aproximando meu rosto do seu e mordiscando de mansinho seus lábios.
— Oh, não, cowboy, não se engane — sussurro, escorregando uma mão por seu peito,
com a outra indo à sua cabeça e retirando seu chapéu. — Não sou mulher de conduzir.
Ele ri quando o empurro para trás, o fazendo cair de bunda no sofá e retirando e rolando
seu chapéu em meus dedos, o levando para minha cabeça.
— Eu sou a mulher que comanda! — Empurro as alças do vestido pelos meus braços, não
desviando meus olhos dele ao abrir o zíper lateral, me despindo à sua frente.
Seus lábios se esmagam e ele inala mais forte, feito um touro, com suas mãos passando
rapidamente por seus joelhos, antes de esticar seus braços no encosto do sofá, tendo seus olhos
percorrendo meu corpo, se demorando na lingerie de renda tão vermelha quanto o vestido que
acabei de tirar.
— Oh, inferno! — Sua boca se entreabre e retorna seus olhos para os meus. — Isso vai
ser uma briga feia, dona!
— Pode apostar, parceiro. — Rio e vou até ele, me sentando sem cerimônia em seu colo,
com minhas pernas esparramadas nas laterais das dele, o montando.
Seguro seu rosto em minhas mãos e o beijo com uma fome do caralho, que há muito
tempo não sentia, amando a forma selvagem que ele me deixa, querendo ver quem é que vai
terminar miando como um gato domesticado ao fim dessa briga. Meu rabo queima e sinto a força
das suas mãos quando espalma uma de cada lado, o segurando com força e gemendo rouco em
meus lábios. Movo meu quadril para frente e para trás, provocando-o, raspando a renda da
calcinha, que está mais que ensopada, com minha boceta excitada, em cima do material grosso
do seu jeans. E, puta merda, a pulsada firme que me acerta em resposta me garante que não é só
o tecido da sua calça que é grosso!
O beijo com mais desejo, com meu corpo inflamado e elétrico, com minhas unhas se
cravando em sua nuca, o que o faz gemer mais uma vez, me deixando ainda mais excitada com
seu som rouco e sexy. Meus dedos deslizam por seus ombros e puxo sua camisa com força,
fazendo os botões voarem. Sinto sua pele quente em meus dedos, e nada é tão fodidamente sexy
e másculo como tocar seu peitoral, que está em brasa, tão quente como eu, com seu coração
disparado dentro do peito firme, com músculos que mais parecem um paredão de testosterona.
Gemo enquanto esfrego mais rente minha virilha sobre a dele. A mão firme em meu rabo
o solta, e gemo mais alto quando ela explode em meu rabo, dando uma palmada, me pegando de
surpresa. A outra volta para meus cabelos e os esmaga em seus dedos, fazendo o chapéu cair
quando força minha cabeça para trás. Meus lábios inchados e entreabertos sugam o ar com
desespero para meus pulmões, e vejo-o a poucos centímetros da minha face, me observando de
forma perversa e malditamente sexy, com os cabelos bagunçados.
— Deus criou os cowboys para cavalgarem nesse mundo no lombo de um cavalo, o
desbravando e o valorizando a cada dia da nossa vida. — Seus olhos se abaixam para meus seios,
que sobem e descem rapidamente, e escorrega seu dedo pela renda vermelha, com os olhos
brilhando de luxúria. — Mas, em contrapartida, o Diabo criou uma criatura selvagem como você,
para me fazer desejar como um inferno ser cavalgado por uma égua tão indomável e cheirosa.
Minha cabeça cai para trás e explodo em uma risada. Nunca me senti tão espontânea e
livre como agora, dentro desse quarto, sendo chamada de égua por um cowboy bronco.
— Acredite, cowboy, é exatamente isso que pretendo fazer com você — informo,
olhando-o com desejo quando retorno minha face para frente. — Vou cavalgar tanto, meu amor,
que amanhã, a cada segundo do seu dia, vai se lembrar de mim esfolando seu pau com a minha
boceta.
Minhas mãos escorregam por seu peito rapidamente e desafivelo seu cinto, soltando na
sequência o botão da calça, abaixando ligeiro seu zíper. Empurro minha mão para dentro da sua
cueca e seguro seu pau, o que me faz piscar, confusa, no segundo que meus dedos se fecham em
volta dele, ou melhor, tentam se fechar, mas não conseguem, devido à grossura. Minha cabeça se
abaixa e meu peito se estufa, tendo a respiração ficando presa ao me deparar com uma espécie
imensa de pênis, que mais parece uma garrafa de cerveja, de tão grossa e grande que é. A cabeça,
ainda mais larga e arredondada, pulsa em volta dos meus dedos.
— Oh, porra! — Passo minha língua em meus lábios lentamente, inalando mais rápido.
— Não vou ser o único a lembrar da sua boceta, pode ter certeza de que a cada passo que
der amanhã, vai lembrar do meu pau dentro dela, pequena loba! — Sua voz rouca sai firme, e ele
esmaga mais forte meus cabelos em sua mão, me fazendo olhá-lo. — Sou um cowboy, não um
ogro. Vou entender se quiser parar essa briga por aqui, dona!
Engulo em seco e olho dele para seu pau, enquanto meus dedos se mantêm o acariciando,
comigo passando devagar a ponta do meu dedão em cima da cabeça larga do seu pênis. Ainda
estou em dúvida, com meu cérebro me avisando para não querer me arriscar, porque,
fodidamente, vou me lembrar, e muito, desse tamanho de pau me fodendo, e não será só amanhã,
mas por muitos dias. No entanto, na outra ponta tenho minha boceta entrando em desespero, se
negando a recuar, ficando mais excitada ao imaginá-lo dentro de mim.
— Nunca fujo de uma boa briga, cowboy! — digo e levanto meu rosto para ele,
empurrando minha cabeça para frente e raspando meus lábios nos seus. — E pode ter certeza de
que não vou fugir agora.
Sua grande mão comprime meu seio, o massageando com brutalidade, me fazendo gemer
em sua boca, me castigando com um beijo bruto, o qual me faz desejar chorar e implorar por
mais. Ele solta um tapa de mão aberta em minha bunda, e mordo seus lábios com rigidez ao
sentir meu rabo ardido. Minha boceta se contrai, e o castigo, subindo e descendo minha mão por
seu pau, o passando em cima da minha boceta, o deixando senti-la úmida, pronta para o receber.
— Precisamos de proteção, garotão! — Mordisco seus lábios, sorrindo na sequência.
— Se segura, dona!
O imenso cowboy se levanta em um rompante, o que me faz rir, ao mesmo tempo que me
agarro a ele, com medo de cair. Ele retira a carteira do bolso de trás da calça e a abre, tirando
dela um preservativo. Joga a carteira na outra ponta do sofá e introduz uma das suas mãos entre
nós dois, empurrando sua calça e cueca para baixo de vez. Ele me abraça com força, caindo no
sofá e sentando-se novamente, deixando meu peito ficar colado ao seu.
Meu corpo implora por ele, desejando-o com uma necessidade que jamais tive. É
estranho, como se eu tivesse perdido completamente o juízo dentro desse quarto de hotel, nunca
desejando tanto ser tomada por um homem como quero que ele me tome. Apoio-me nos meus
joelhos mais uma vez e alavanco meu tronco para cima, retirando o preservativo da sua mão.
Abro a embalagem e levo-a para o seu pênis, o cobrindo, sentindo meus dedos trêmulos e meu
coração disparado, o que me deixa confusa, uma vez que nunca fiquei assim, parecendo uma
adolescente, por homem nenhum.
Que porra está acontecendo comigo?
Afasto meus dedos do seu pau quando termino de o cobrir com o preservativo, sentindo
meu coração prestes a sair da minha boca, não sabendo mais o que é efeito da bebida ou apenas
euforia por estar prestes a foder com esse homem.
— Você ainda pode mudar de ideia se quiser, dona. — Ergo meu rosto, olhando para ele
quando escuto sua voz.
— Como? — Pisco, confusa, sem entender por que ele disse isso.
— Sua expressão preocupada... — ele fala e respira rápido, parando seus olhos na frente
dos meus seios. — Está tudo bem se quiser parar, não precisamos fazer sexo se não quiser, está
tudo bem se mudou de ideia. Como disse, sou um cowboy, mas não um monstro, para obrigar
uma mulher a ir para a cama comigo.
Ele desvia os olhos dos meus, parecendo nervoso, como se estivesse esperando
exatamente isso de mim.
— Não mudei de ideia, cowboy. — Seguro seu rosto em minhas mãos e o faço olhar de
volta para mim. — E, como eu disse, nunca fujo de uma briga.
Inclino meu rosto e não beijo a sua boca como a carniceira Kaice, que usa qualquer
pessoa e pouco se importa, passando por cima delas; nesse segundo, apenas o beijo como uma
mulher ardente, que realmente deseja ser tocada por um homem que a deixa incendiada. Ele me
beija com a mesma intensidade, e sinto as alças do meu sutiã sendo abaixadas, deslizando em
meus ombros. Ele deixa minhas mamas livres, fazendo os bicos dos meus seios rasparem em seu
peito quente.
— Me leve para passear, garanhão! — murmuro e prendo meus dedos no encosto do
sofá, encaixando minha boceta em cima da cabeça do seu pau.
O cowboy geme e joga sua cabeça para trás no segundo que desço meu quadril de uma
única vez, sem deixar dúvidas para ele de que é isso que eu quero. Gemo entre um soluço, com
meus olhos lacrimejando, o engolindo por inteiro dentro de mim, até ter meu rabo aterrissando
em suas coxas. Minha boceta se contrai ao ter seu pau grosso nela, mas se adapta para acomodá-
lo, ficando ainda mais lubrificada, enquanto meu coração parece que vai sair por minha boca.
Amo a sensação de preenchimento completo que ele causa na minha boceta, ao passo que me
condeno por ter feito isso, a sentindo arder como se estivesse sendo esticada ao último.
— Porra, dona! — O cowboy traz sua cabeça para frente e me abraça com mais agonia,
mordendo meu pescoço com força e me fazendo gritar quando seus dentes marcam minha pele.
— Oh, meu Deus! — Minhas mãos espalmadas no sofá se agarram mais forte ao couro, e
vou me mexendo lentamente, rebolando meu quadril, sentindo seu pau enterrado em mim.
Ele prende minha bunda em suas mãos e segura com brutalidade, me deixando nos
conduzir em um ritmo indecente de vai e vem, enquanto me acostumo com todo seu tamanho
dentro de mim.
— Inferno de sela apertada, dona! — ele rosna com a voz rouca e suga meu seio em sua
boca, me fazendo arrepiar ao sentir seu hálito quente.
Solto um gemido e aumento o vai e vem, liberando ainda mais os movimentos do meu
quadril, o cavalgando.
— Isso que é briga... — Fecho meus olhos e esfrego meu rosto na sua cabeça, gemendo e
o fodendo devagar.
Minha boceta o engole mais desesperada quando começo a cavalgar em seu pau, subindo
e descendo com euforia. Ele prende minha cintura, abraçando-a com força, me erguendo apenas
um pouco antes de começar a bombardear fundo dentro de mim, estourando seu pau de forma
bruta e rápida na minha boceta. Abraço-o e escondo meu rosto em seu pescoço, sentindo como se
fosse ser partida ao meio com a força dos impactos das nossas pélvis. Ele mantém o ritmo
acelerado, entrando com mais força, me penetrando mais ríspido, até eu sentir minha boceta se
contrair.
Seus dentes param em meu pescoço e raspam a pele, e grito com prazer e luxúria quando
ele me morde, me fodendo mais selvagem. Meu corpo se move junto com o seu, empurrando-o
para baixo com força quando ele alavanca seu quadril para cima. Cada parte do meu corpo fica
elétrica, com meu orgasmo se aproximando. Gozo forte com o entra e sai desenfreado do seu pau
dentro da minha boceta.
Meu corpo trêmulo se aperta mais ao dele, e o abraço com força, tendo nossos corações
acelerando, com minhas unhas se cravando em suas costas.
— Porra! — sussurro e dou um risinho bobo quando apenas a moleza me acerta, me
deixando inerte sobre ele, lânguida.
— Minha vez de cavalgar, dona! — ele rosna a frase com a voz mais grossa.
— O que... — balbucio, afastando meu rosto do seu pescoço e assoprando uma mecha de
cabelo da frente do meu olho.
CAPÍTULO 03
Armadilha de cowboy
KAICE BLOOD
Atrapalho-me toda, me segurando a ele quando se levanta feito um touro e retira seu pau
de dentro de mim. Sinto a suavidade da cama quando meu corpo cai em cima dela. Estou
excitada, posso morrer com meu corpo em combustão, apenas por conta da forma como seus
olhos verdes estão me devorando com puro desejo. O misterioso cowboy me levou a um passeio
do céu ao inferno com seu beijo apaixonante, fazendo-me sentir como uma viciada que precisava
de mais, sempre mais da sua nova droga preferida.
Hiperventilo e meu coração dispara em batidas descontroladas. Suas mãos se prendem
em meus pulsos e os ergue acima da minha cabeça, deixando sua boca deslizar por cada parte do
meu pescoço, me lambendo, marcando minha pele com seus dentes. Seu peito acelera, colado
aos meus seios, que latejam, se espremendo no peitoral esculpido do homem devasso que me
tortura com sua boca indecente.
— Quer sentir o meu pau novamente, enterrado bem fundo dentro de você, pequena loba
selvagem? — Sua voz rouca sai perto do meu ouvido, e ele deixa uma mordida na pontinha da
minha orelha, o que me arrepia inteira.
— Oh, porra! Sim... — Arqueio meu corpo e me esfrego nele como uma cadela no cio,
necessitada do seu toque, com meu corpo ficando ainda mais excitado do que antes.
Minhas pernas se entrelaçam em sua cintura, fazendo nossas pélvis rasparem, e um
gemido rouco escapa da boca dele.
— Cowboy... — Meus dentes se prendem em seu ombro e o mordo, ouvindo seu gemido
rouco e sexy pra caralho.
— Como pode uma criatura tão selvagem conseguir tirar todo meu controle desse jeito?
— Abro meus olhos quando ele se afasta e fica com sua face pairando sobre a minha. — Nunca
agi dessa forma tão inconsequente na minha vida, dona.
— Temos a noite toda ainda para sermos inconsequentes, cowboy! — Vejo um rápido
brilho infernal em seus olhos verdes.
Ergo meu rosto e aliso sua face, escorregando a ponta do meu dedo em sua sobrancelha.
— Estou me sentindo vivo, como há muito tempo não me sentia. — Ele fecha seus olhos
e inspira fundo, depositando um beijo na palma da minha mão, dando um sorriso tão lindo que
faz meu coração disparar em meu peito. — Você faz eu me sentir assim, dona...
Que porra está rolando aqui?
Pisco rapidamente, assim que percebo que estamos saindo da zona de putaria e entrando
em um terreno desconhecido, tendo meu cérebro gritando um grande PERIGO, como uma sirene
de alerta. Não podemos seguir por esse caminho. Sexo é negócio, não permito esses lances de
romantismo entre mim e um cara. Na verdade, nunca tive um homem por mais do que uma noite,
os descarto tão rápido quanto visto minhas sandálias, e não devia me sentir assim com um
homem que nunca mais verei. É só sexo, sexo quente, é isso.
Recomponho-me e entro em modo de defesa, permitindo meu lado depravado assumir,
trancafiando a adolescente incubada que está aparecendo só Deus sabe de onde. Nos giros na
cama e fico por cima, o pegando de surpresa.
— Vou lhe fazer se sentir ainda melhor, cowboy! — Abaixo meu rosto e lambo sua
garganta antes de mordiscar seu queixo, escorregando minha boca por seu peito, o sugando e o
levando a gemer mais alto.
— Tenho certeza que sim! — Sua voz rouca sai baixa e ele segura meu queixo, me
fazendo olhar para ele. — Mas, dessa vez, quem conduz a valsa sou eu, pequena loba!
Em um movimento rápido sou girada no colchão, como uma boneca, com ele ficando aos
pés da cama. Minhas pernas são puxadas para a beirada da cama pelas mãos de aço que se
fecham em meus tornozelos, o que me faz circular sua cintura com minhas coxas.
— Oh, porraaaa... — grito alto no segundo que seu pau me invade de uma única vez.
Minha boceta ordinária e esfomeada o recebe de bom grado, ao passo que ele entra por
completo, me tomando centímetro por centímetro de uma forma selvagem e fora de controle.
Suas mãos apertam minhas coxas e ele impulsiona sua pélvis contra a minha, me possuindo com
mais brutalidade. É uma química sexual bárbara e urgente, e meu corpo treme de novo, sendo
arremessado para o caos com uma nova explosão, tendo outro orgasmo me tomando ao tê-lo me
fodendo tão loucamente.
Os jatos fortes dos meus fluidos saem por minha boceta e lavam seu pau, e minha mente
está largada no nirvana, como se estivesse tendo uma queima de fogos de artifícios dentro de
mim. Nunca um homem tinha me fodido dessa forma, tão iminente e feroz, com seu pênis grosso
me martelando, fodendo com tanta vontade, que me faz gritar de euforia com toda a força dos
meus pulmões.
Uma eletricidade forte me consome, como se fosse fogo vivo correndo em minhas veias.
Nem o som da cama estourando na parede nos faz parar, pelo contrário, aumenta ainda mais
nossos desejos. As minhas mãos se prendem ao colchão, me fazendo arquear mais meu quadril
para ele, e prendo minhas pernas atrás da sua bunda, o puxando para mim. Sua mão solta minha
perna e vai para trás da minha cabeça, prendendo-se em meus cabelos, fazendo-me erguer para
perto dele. Seus olhos verdes são pura luxúria.
— Era isso que queria quando me provocou naquele bar, pequena loba? Meu pau lhe
fodendo desse jeito? — ele rosna e abaixa sua face, a deixando perto da minha e mordendo meu
pescoço.
— Ohhh, PORRAAAAA! — Gozo de forma desesperada, gritando.
Um som grosso sai da sua garganta, como um rosnado, entre seus gemidos roucos e sua
respiração quente, quando ele se cola à minha testa, me trazendo para ele e me beijando com
tanta paixão.
Deus, eu tinha consciência de que esse homem era um perigo para a população feminina,
mas esse cowboy sexy, que me fode pra caralho, é, com certeza, minha ruína!
— Você faz eu me sentir vivo, loba! — Os lábios quentes beijam meu rosto.
— Cristo, Cowboy! — Minhas mãos soltam a cama e me colo a ele, com seu corpo me
puxando para si.
Seus braços fortes me erguem e me colam mais ainda ao seu peito, e ele se senta na
beirada da cama, me deixando senti-lo mais fundo. Aperto-me mais em seu tórax, o cavalgando.
Sua mão se espalma em minhas costas e aninho minhas pernas em sua cintura, soltando meu
quadril a cada movimento que o seu faz junto ao meu. Meus dedos se colam em sua face e o
beijo com pura devassidão. Ele me aperta mais em seus braços, me fodendo malditamente bem.
Seu coração acelera a cada movimento que faz, e meu corpo explode outra vez em seus braços,
com seu pau sendo engolido dentro de mim, com minha boceta o tomando por completo.
As suas mãos se colam em meu rosto e deixo nossos olhares presos um no outro, o que
faz eu me afogar em seu verde-escuro tão vivo. Seus dedos acariciam meus lábios, fodendo
minha mente tanto quanto ele está fazendo com minha boceta. Ele emaranha os dedos em meus
cabelos e me puxa para ele, colando nossos lábios e nos levantando de uma vez só, tendo suas
mãos se prendendo à minha bunda.
Meus braços se apertam em suas costas e sinto cada toque dele em mim em meio à
selvageria, com ele colocando minhas costas na parede. E toda parte do meu corpo explode a
cada penetração intensa e rápida que seu pau dá. Sua cabeça se enterra em meu pescoço e seus
lábios me chupam, e gozo outra vez.
— Caralhooo! — Ele aperta mais minha bunda, dando a última estocada antes de se
afundar de vez, gozando, com um rugido alto saindo da sua boca.
Meus braços se colam a ele e meu coração bate desenfreado, tão descompassado como se
fosse sair por minha boca, sem fôlego. Dá beijos quentes em meu pescoço, ao mesmo tempo que
me abraça mais forte, e deixo meu corpo se apertar ao seu conforme ele nos leva para o banheiro,
ainda sem entender como uma trepada com um estranho se transformou na melhor foda da minha
vida.
Minhas pernas se tremem quando ele me senta com cuidado na borda da banheira, e vejo
a camisinha cheia de porra que ele retira do seu pau e joga na lata de lixo. Antes mesmo que
possa raciocinar, já estou sendo erguida em seus braços, com ele nos levando para dentro da
banheira e ligando o chuveiro, nos molhando e me deixando de pé à sua frente, retirando minhas
peças íntimas.
Fico sem reação, sem saber como reagir ao olhar para ele, que sorri para mim quando
começa a me ensaboar de uma forma tão pessoal e protetora.
CAPÍTULO 04
Bocejo, arrumando meus óculos escuros em minha face enquanto fecho a porta do quarto,
caminhando pelo corredor do hotel e puxando minha mala de rodinhas, tendo a outra enganchada
em meu braço. Não preciso ser um gênio para saber o motivo dos meus passos lentos e
desajeitados em cima do salto alto, já que minha boceta se retrai, ardida a cada passo que dou,
com o cowboy tendo realmente cumprido sua palavra em garantir que eu me recordaria dele.
— Bom dia! — cumprimento o casal perto do elevador, ficando parada e relaxando meus
ombros, ao passo que aguardo o elevador subir.
Vejo o homem de meia-idade encolher seus ombros, levando suas mãos aos bolsos, tendo
a mulher enroscada no braço dele me olhando de cima a baixo, com seu semblante fechado e seu
nariz empinado, com ela retornando a olhar para frente.
— Ok! — suspiro devagar, esfregando minha testa e agradecendo a Deus quando a porta
do elevador se abre.
Eles entram seguidos de mim, e viro rapidamente, ficando de frente para a porta e
encarando o local que eu estava hospedada.
O homem sai do banheiro secando seus cabelos, com a calça jeans sem abotoar e o cinto
desafivelado. Ele para quando me encontra de roupão perto da porta do quarto, mal
conseguindo ficar de pé, sentindo minhas pernas trêmulas e meu corpo inteiro drenado, já que
ele explodiu de vez meu raciocínio, depois de me pegar ainda mais intenso dentro do banheiro.
Posso dizer que trepei em uma noite o que não trepei em três meses.
— Esse é o momento que me mostra a saída. — Ele olha da porta para mim, e movo
minha cabeça em positivo.
— Isso aí, cowboy! — Coço minha nuca e abaixo meu rosto, não o olhando diretamente
nos olhos.
Não entendo por que estou me sentindo tímida perto dele. O homem tinha praticamente
me deixado manca, de tanto que estourou seu pau dentro da minha boceta, levando meu
raciocínio para o espaço. Mas, no fundo, sei que seu olhar tinha me desarmado tanto quanto o
sorriso tolo em seus lábios enquanto me ensaboava, causando um disparo diferente em meu
coração, um que nunca tinha sentido em meus vinte e sete anos.
Sempre me gabei de ser uma mulher prática e direta, e não via problema algum em sexo
casual. Nunca tive casos que duraram mais que uma trepada, homens não gostam de mulheres
fortes, muito menos decididas, e eu corria, como o diabo foge da cruz, ao primeiro sinal de
interesse deles, porque sabia que não tinha nascido para ser companheira de ninguém. A
relação mais profunda que tenho é com meu trabalho, praticamente sou casada com ele.
Durante a escola e a universidade, jamais perdi tempo com namorados ou ficantes,
achava extremamente entediante, sem falar complicado. Podia fazer uma fusão de bilhões entre
empresas lendo muito bem gráficos e números, mas nunca consegui ter uma relação com
ninguém. Alguns homens se assustam com uma mulher agressiva como eu, o que entendo, e não
pretendo mudar. Por isso, os chutava o mais rápido que podia no segundo que eles já tinham me
dado o que eu queria.
E, com toda certeza, não será diferente com o cowboy, por mais que estranhamente me
pegue imaginando como seria dormir ao lado dele, como seria o ter um pouco mais em cima
daquela cama. Porém, sei que o melhor é o despachar enquanto estou ganhando.
— Bom, então é isso! — Ergo meu rosto, olhando para ele e o vendo já com sua bota e
camisa aberta, segurando sua jaqueta e levando o chapéu à cabeça. — Acho que posso
considerar um empate. Isso nunca me aconteceu em uma briga, talvez tenha que marcar uma
revanche...
Ele anda devagar, ficando a poucos passos de mim, e estico meu braço, abrindo a porta
e negando com a cabeça.
— Não. — Sorrio e cruzo meus braços, tombando meu rosto. — Isso foi uma vitória
minha, cowboy.
Ele arqueia a sobrancelha e me olha sem entender, ao passo que abotoa sua camisa, a
levando para dentro do cós da calça.
— Olha, dona, fiz muito sons, mas tenho certeza de que não miei. — Ele é sexy e
terrivelmente perigoso com seu olhar provocador. — Apesar que faltou pouco, isso admito...
— Não preciso que mie, o fato de querer uma revanche me garante que eu ganhei,
cowboy. — Pisco para ele, o vendo abrir e fechar sua boca, rindo e movendo a cabeça em
positivo, sabendo que o peguei pelas bolas.
— É, acho que a dona está certa. — Ele passa sua mão pela barba, olhando para a cama
antes de voltar seus olhos para mim. — Presumo que não vai querer saber meu nome, e muito
menos me dizer o seu...
— Isso aí! — Coço o peito do meu pé com as pontinhas dos dedos do outro pé, e reprimo
um riso, o olhando. — Tudo que precisávamos saber um do outro já sabemos, e isso me basta.
Ele inala fundo e estufa seu peito quando leva suas mãos para trás da calça, batendo
devagar sua bota no chão.
— Está certa! — Sua mão se ergue para a cabeça e retira seu chapéu, passando seus
dedos sobre seus cabelos, entre os fios negros molhados. — A gente se encontra por aí nesse
mundão. Ou talvez não. Pensando bem, pelo bem-estar do próximo quarto de hotel, não acho
que vá ser uma boa ideia.
Solto uma alta gargalhada quando viro meu rosto na direção da cama. O móvel está
praticamente fora do lugar, com o sofá ainda mais torto que a cama, com os travesseiros e os
lençóis espalhados no chão.
— É, acho melhor não.
Retorno meu rosto para ele, rindo, mas sou pega de surpresa por sua mão, que se estica
para minha cintura e me puxa tão forte para ele, que me faz cambalear para frente e segurar em
seus braços, para não cair. É devastador seu beijo lento, tanto quanto dominador, e me leva a
uma queda, a qual em toda minha vida nunca tive. Simplesmente sinto meu cérebro parando de
funcionar, ao passo que ele me beija com tanta posse, tendo sua língua invadindo minha boca e
escorregando para dentro dela, me tirando tudo, desde o fôlego até o meu controle.
E meu corpo amolece como gelatina, o que me leva a suspirar baixinho entre seus lábios,
praticamente ronronando, de tão bom que é sua boca devassa. Meus olhos se abrem quando ele
separa sua boca da minha, e o vejo a poucos centímetros do meu rosto, com um sorriso
diabólico em sua face, olhando diretamente para meus lábios, tendo um brilho vitorioso em seus
olhos verdes.
— Isso não foi um miado, cowboy — sussurro para ele, mordiscando meus lábios e me
negando a aceitar que eu realmente acabei de praticamente ronronar feito uma gata em seus
braços.
— Se a dona está dizendo, quem sou eu para discutir... — ele murmura, chocando seu
quadril contra o meu e me fazendo arregalar meus olhos ao sentir seu armamento em alerta,
ereto, dentro da calça. — Tem certeza de que quer que eu vá?
É um magnetismo, um estranho poder que me prende a ele, me fazendo parecer uma
garotinha ansiosa, querendo mais, tendo seu cheiro me deixando embriagada, com as mãos dele
me segurando com firmeza.
— Não... — Escuto minha voz murmurar para ele, e arregalo meus olhos na mesma hora,
não acreditando que eu disse isso. — Quê?!
Fico em choque comigo mesma, e o empurro rapidamente, ao passo que meu peito
dispara, subindo e descendo acelerado, comigo ficando horrorizada por ter dito isso em voz
alta. Balanço minha cabeça para os lados e tento retornar a mim, esmagando minha boca e
erguendo meu braço, apontando para a saída.
— Tire seu rabo do meu quarto agora, cowboy! — rosno para ele, o fuzilando, não
acreditando que estou caindo em algum fetiche perturbado e incubado que possa ter por um
vaqueiro de chapéu e bota.
— Mas acabou de dizer... — Ele ri e estica seu braço para me pegar de novo.
— Para tirar seu rabo do meu quarto! — Esquivo do seu toque, sabendo que se ele me
tocar, vamos estar em segundos naquela cama.
Ele está confuso quando avanço para cima dele, o empurrando para fora, e antes mesmo
que possa abrir a boca, o som da porta se faz quando a fecho na cara dele. Colo-me à porta
assim que a chaveio depressa, olhando nervosa para a cama e sentindo os pelos do meu corpo
arrepiados, com meu coração desembestado.
— Que porra esse homem fez comigo?! — murmuro, catatônica, não entendendo o que
me deu.
— Merda! — rujo e balanço minha cabeça para os lados, fazendo a maldita lembrança
sair dos meus pensamentos, ao passo que suspiro e giro, olhando meu reflexo no espelho do
elevador.
Meu vestido branco, com mangas compridas, colado ao corpo e que tem um corte formal
e decote reto, cobre bem as marcas em meu corpo, mas precisei deixar o cabelo solto, para
acobertar os chupões em meu pescoço. Pego o olhar da mulher fixo em mim, se comprimindo
enquanto me fuzila, não me deixando entender qual o problema dela comigo.
— Deseja me dizer alguma coisa? — Viro para ela, lhe encarando.
Ela retorna a empinar seu nariz, olhando para frente e me ignorando pela segunda vez.
Giro para a porta do elevador e vejo que faltam seis andares até chegar ao térreo. Retiro o celular
da minha bolsa e encontro cinquenta e nove ligações de Bob, meu assessor. A sensação de estar
sendo observada me incomoda, o que me leva a virar na mesma hora para a cretina, a vendo se
assustar quando a pego no flagra, me encarando com uma expressão de raiva.
— Ok! — Inalo fundo e estico meu braço, apertando o botão do elevador e o fazendo
parar, enquanto ergo meus óculos para cima da minha cabeça. — Olha, não sou uma pessoa
muito amigável pela manhã, ainda mais quando meu corpo está com déficit de cafeína, então
serei prática e direta. Racismo é crime, mas julgo pelo seu olhar que não deva ser só minha cor
que lhe incomoda. A chave na mão do seu marido me mostra que estavam no quarto ao lado do
meu, então suponho que minha noite agitada deve ter lhe deixado estressada, ou, sendo mais
exata, com inveja.
Calo-me por um instante, passando meu olhar dela para seu esposo, que está com as
bochechas vermelhas e desvia seu olhar do meu imediatamente, o que me deixa saber que
acertei.
— Só que o que você não sabe é que além de uma cadela mal-humorada, ainda mais cruel
pela manhã, quando estou sem café, também sou uma mulher com um apetite sexual
extremamente alto, que gosta de foder. E, acredite, eu fodi bastante na noite passada, tanto que
mal consigo andar sem sentir cada nervo do meu corpo dolorido. — Retorno meus olhos para ela
e dou um passo à frente, a vendo se encolher, ficando perto do seu marido. — Então, sugiro que
pare de me encarar e retorne para seu quarto e foda tanto quanto eu fodi na noite passada, ou
compre a porra de um vibrador, mas não encare uma mulher com raiva apenas porque ela sabe o
que quer e não esconde, diferente de você, que presumo que em sua vasta e miserável vida
sexual, nunca deve ter tido um orgasmo.
Sorrio com gentileza para ela, apertando novamente o botão e deixando o elevador
descer. Ele para no sexto andar e abre as portas, com ela praticamente correndo para fora,
levando seu marido com ela, me olhando com mais raiva.
— Espero que tome vergonha na cara e aprenda a se comportar como uma dama de
respeito em um estabelecimento de família — ela rosna, me encarando de cima a baixo. — E não
como uma puta.
— E eu espero que seu marido arrume uma amante e você tenha câncer no cu! — Pisco
para ela, apertando o botão para as portas fecharem, vendo seus olhos se arregalarem enquanto
sua boca se entreabre.
Abaixo meus óculos mais uma vez e solto um suspiro, batendo meu salto no chão e
arrumando minha bolsa em meu braço, esticando o outro para segurar minha mala de rodinhas.
Assim que chego ao térreo, saio porta afora e caminho pelo hall do hotel procurando pelo
restaurante, precisando urgentemente de uma boa dose de café puro.
— Graças a Deus! — Praticamente choro em pura alegria quando encontro o local em
que servem as refeições, vendo uma grande máquina de café. Deixo minha mala em um canto e
caminho direto para lá.
O som estridente do meu celular dispara e o retiro da bolsa, não desviando meus olhos da
cafeteira industrial.
— Por que não estou vendo seu rabo francês na minha frente, Bob?! — falo assim que
atendo, pegando um copo grande descartável e o enchendo de café.
— Então, vai achar engraçado... — ele balbucia, nervoso, do outro lado da linha.
— Acho muito difícil — o respondo, bebendo meu café e sentindo meu corpo inteiro
agradecer à cafeína que injeto nele. — Acabei de esgotar meu estoque de diversão com uma
amiga que fiz no elevador. Agora, me conte onde está...
— Na Luisiana! — ele diz rápido, e fecho meus olhos, rosnando, não acreditando que ele
não está aqui.
— Por que caralhos você está na Luisiana, Bob? — Passo meus olhos pela mesa gigante,
repuxando o canto da minha boca quando encontro uma imensa rosquinha cheia de chocolate.
— Houve um engano e perdi meu voo. — Bob praticamente chora do outro lado. —
Tentei lhe avisar que apenas consegui o remarcar para hoje à noite, mas seu telefone apenas
caía na caixa de mensagem...
— É... meio que dormi cedo ontem! — minto sem remorso, pegando uma rosquinha e a
virando, mordendo-a em seguida.
— Mas não se preocupe, eu dei um jeito e vai ficar tudo bem. Vai se sentir confortável...
Não digo a Bob que nesse segundo tenho minhas dúvidas, uma vez que tenho um salão
inteiro voltado para mim, me encarando como se eu fosse um ser de outro planeta, me fazendo
sentir que estou em algum filme de faroeste cheio de peões e cowboys mal-encarados, sentados
em suas mesas de madeira, tendo a decoração de crânios de bois por todo o lugar. Já estou
batendo em retirada, engolindo às pressas a rosquinha e pegando minha mala de rodinhas, saindo
do local tomando meu café.
— Consegui ligar para o rancho assim que perdi meu voo, e eles disseram que
mandaram um funcionário para lhe receber. O encontrou?
— Não! — Inalo fundo, fisgando o canto da boca e sentindo minhas pernas mal se
aguentando em se manter de pé sobre o salto alto. — Olha, apenas me diga o nome dele e como
é, que vou dar um jeito de o achar...
O pigarro de Bob me faz parar de andar no meio do hall do hotel, e inalo fundo, sabendo
que ele não tem conhecimento dessa informação.
— Não perguntou a porra do nome do cara?! — rosno. — Nem as características físicas
dele...
— Eu estava em choque, nervoso, tentando resolver o problema do meu voo, e acabei
esquecendo...
Retorno a andar com raiva, saindo do hotel, passando meus olhos pelo lugar.
— Não sei quem desejo matar mais, Bob, se é você ou Greg. Talvez devesse matar Greg
primeiro, por me jogar nesse fim de mundo, e você depois, por estar o ajudando a me ferrar ainda
mais... — digo, esmagando meu celular e tomando o resto do café, parando perto de uma lixeira
e descartando o copo.
— Eu juro que vou resolver isso, me dê apenas um segundo, Kai... — ele sussurra
nervoso do outro lado, enquanto me viro, tendo meus olhos parando na imensa caminhonete
preta, que tem a cabeça de um touro como slogan, onde está escrito Green Valley abaixo dela.
— Esquece, eu achei! — falo para ele, puxando minha mala e me endireitando ao
caminhar. — Deixe minha passagem reservada para hoje à noite, nem precisa vir para cá. Pelo
que estudei no avião, isso não vai demorar muito, já que não vejo lucro nesse negócio. Mas o
velho, dono do rancho, ao que parece, é amigo de Greg, e preciso ir olhar o lugar, mesmo já
tendo a resposta que ele quer.
— Como assim uma passagem para hoje, eu estou indo para aí...
— Esqueça. Serei tão cirúrgica nesse negócio quanto um dentista fazendo um canal. —
Nego com a cabeça. — Direi o que os números me apontaram e amanhã estarei aí para fechar a
compra da rede de supermercados que Greg quer.
— Ok, então vou cancelar minha viagem e deixar sua passagem de volta já reservada —
Bob fala rápido, me deixando ouvir o som das teclas do computador do outro lado.
— Faça isso, agora preciso desligar — murmuro, me aproximando da grande RAM3500.
— Tenho um dia de alguém para estragar...
Paro de falar, assim como de caminhar, quando vejo o enorme homem abrir a porta do
lado do motorista, saindo da caminhonete, com seus olhos presos em mim.
— Não fode! — balbucio, olhando em choque para o maldito cowboy da noite passada.
CAPÍTULO 05
A peste
KAICE BLOOD
Inspiro fundo e passo meus olhos dele para a caminhonete com o slogan do rancho Green
Valley, não precisando de muito para compreender que o cretino que me fodeu na noite passada,
estourando meu cérebro, é um funcionário do rancho. Esmago minha boca e viro depressa. Meu
pé bate no chão e espremo o telefone na minha mão, erguendo meu pulso e o mordendo, para
poder abafar a porra do grito que solto.
— Merda, merda, merda! — Meu peito dispara, e não acredito que, justo agora, depois de
todos esses anos de carreira, sem sequer ter trocado um olhar com alguém envolvido ao meu
trabalho, fiz isso nesse fim de mundo.
E na noite passada eu só não troquei um olhar, como também fluidos e gemidos, o
cavalgando como uma louca, até ficar manca.
— Ok, se controla, garota! — rujo, me recompondo, forçando-me a ficar sob controle.
— Olha, no fundo sabia que também queria mais, mas não achei que viria atrás de mim
tão rápido, mansinha desse jeito, pequena loba. — O som grosso da voz masculina que sai atrás
de mim me faz tremer da cabeça aos pés. — Não tenho muito tempo, mas, se quiser, podemos
resolver isso no banco de trás da caminhonete, ou você diz o seu nome e eu te levo para jantar e
ter um encontro...
Giro, o fuzilando com o olhar, enquanto rio nervosa e aponto para o peito dele, podendo
me ver facilmente o estrangulando por realmente ter a audácia de achar que vim atrás dele.
— Sinto muito em ter que quebrar esse seu grande ego, o qual presumo que seja maior
que seu pau, mas não... — Desligo o celular, o jogando na bolsa. — Não vim atrás de você,
cowboy.
— Não é feio admitir que eu te domei na noite passada, dona. — Ele fisga o canto da
boca e dá um passo à frente, levando suas mãos para o cós da calça, tendo um sorriso cretino em
seus lábios. — E não tem nada mais lindo nessa vida do que ver uma égua selvagem rendida ao
domador.
— Acredite, seu imenso bronco de chapéu! — Meu dedo cutuca seu peito, e empurro
minha cabeça para trás, para conseguir olhar nos seus olhos. — Vai precisar muito mais que uma
noite para domar uma mulher como eu, o que, com toda certeza, nunca mais vai ter em sua vida.
E se me chamar de égua novamente, juro que vou socar meu sapato tão fundo dentro da sua
boca, que ele vai sair pelo seu rabo...
Sua cabeça se abaixa e ele olha meu dedo indicador o cutucando, sorrindo de forma
perigosa, com um brilho intenso em seus olhos verdes. Isso me faz dar um passo para trás
rapidinho, me distanciando dele quando dá um em minha direção.
— Não lembro de reclamar na noite passada quando lhe chamei assim — ele fala baixo,
com seu olhar ficando preso em meu pescoço. — Pelo contrário, ficou até mais selvagem,
trotando que nem uma potranca...
— Potranca... — Minha boca se entreabre e meus olhos o fuzilam, tendo meu corpo
inteiro tremendo. Arranco os óculos do meu rosto e esmago minha bolsa, pronta para o espancar
com ela. — Eu vou te mostrar quem é a potranca, seu vaqueiro convencido de merda...
— Como bem sabe, adoro uma boa briga! — Ele dá um passo à frente, segurando meu
braço quando o ergo para o estapear com minha bolsa.
— Deacon! — A voz afobada gritando o faz virar para o lado, e faço o mesmo.
Vejo um senhor de idade, com um bigode enorme e um chapéu branco na cabeça,
parando perto de nós, olhando dele para mim, erguendo sua mão e coçando sua nuca.
— Olha, procurei pela peste desse homem lá dentro de novo e não achei nada. — Ele
pigarreia, parando seus olhos no cowboy. — Não tenho ideia de onde diabos esse tal de Blood se
instalou...
— Inferno! — o cowboy rosna, com sua boca se esmagando, e solta meu braço, voltando
seus olhos para mim. — Tenho trabalho para fazer, pequena loba, mas iremos acertar essa briga,
se preocupa não...
Ele se cala no segundo que piso no seu pé com força, achatando a ponta da sua bota com
o salto fino da minha sandália, o fazendo cambalear para trás, me encarando zangado.
— Acredite, cowboy, perdeu essa briga antes mesmo de entrar na arena! — Sorrio com
ironia para ele e o vejo se endireitar, arrancando o chapéu da sua cabeça e trotando que nem um
touro para cima de mim. — Agora, faça seu trabalho e me leve até seu patrão.
— É o quê... — O velho bigodudo ao seu lado fica perdido, olhando de mim para ele.
— Não estava me procurando?! — Arrumo a bolsa em meu braço, endireitando minha
postura. — Pois então, acabou de me encontrar. Sou a peste do Blood.
Levo os óculos à minha face e retorno meus olhos para o grande cowboy, que tem sua
sobrancelha arqueada ao me observar, com o rosto inclinado lentamente para o lado e sua boca
se entreabrindo.
— Kaice Blood! — Sorrio com deboche para ele, o vendo fechar sua boca cretina e a
esmagar, com seus olhos se arregalando.
— Olha, senhor Deacon, o senhor Blood é uma mulher — o velho risonho fala,
apontando para mim, recebendo uma bufada alta do touro imenso zangado à minha frente. — Por
isso não achei...
— Jura, Clay?! — ele rosna, rangendo seus dentes e esmagando o chapéu. — Me espera
na caminhonete.
Sua cabeça se move e ele faz um gesto para o automóvel. O velho sorri de forma gentil
para mim e se vira, caminhando lento. Aceno para ele, retornando minha atenção para o cowboy
irritado, que arruma o chapéu na cabeça e range seus dentes enquanto amaldiçoa baixo.
— Inferno! — Ele nega com a cabeça, inalando fundo e levantando a cabeça para o céu.
Suspiro e dou de ombros, retirando meus óculos, olhando-o diretamente, ao passo que ele
parece um touro bufando.
— Olha só, garotão, a dança das cadeiras funciona assim — falo firme, o que o faz me
olhar, tendo seus olhos, que são como uma esmeralda, brilhando diretamente para mim, como se
ele pudesse me queimar com eles. — Eu te fodi, você me fodeu, nós dois fodemos, e muito, um
ao outro, mas acabou. Somos adultos e fizemos o que tivemos vontade, agora, vida que segue.
Daqui para frente, qualquer aproximação que eu venha a ter com você é só profissional. Você faz
o seu trabalho e me leva para fazer o meu, porque preciso conversar com seu patrão, e depois
disso volto para minha vida em Luisiana, arruinando a vida de pessoas com quem não me
importo, e você continua levando a sua, cuidando de vacas. Seremos apenas uma lembrança de
uma noite divertida que um deu ao outro, comigo sendo a potranca que você nunca domou e
muito menos vai domar, e você sendo para mim apenas um cowboy de pau grande que eu fodi
junto com seu imenso ego.
Sorrio e dou um tapinha camarada em seu braço. Vejo-o cerrar seus dentes e soltar uma
bufada quente de ar na minha cara, antes de virar e ir para a caminhonete.
— EI... — chamo por ele, olhando-o sem entender. — Não vai levar minha mala?
Ele nem sequer olha para trás antes de entrar no carro e bater a porta com força, ligando o
automóvel.
— Mas que babaca! — rosno, negando com a cabeça e inalando firme, me virando e
puxando minha mala, indo em direção à caminhonete.
Paro perto dela e abro a porta de trás, enquanto rosno, puxando a porcaria da mala,
sentindo minhas pernas doloridas, assim como meus braços, mal conseguindo os erguer.
— A senhorita precisa de ajuda... — O homem bigodudo, sentado no banco da frente do
carona, gira, me olhando.
— Ela não precisa, Clay. — O rosnado alto faz o pobre velho se endireitar rapidamente,
enquanto eu encaro a peste do cowboy com os dedos esmagados no volante.
Endireito-me e jogo minha bolsa no chão do carro, pegando minha mala e não dando o
prazer dele me ver fazer uma careta que seja, mesmo eu morrendo de dor nos meus músculos
molengas. Bufo quando jogo a mala no carro, a empurrando, e arrumo meus cabelos ao passo
que ergo minha perna para subir na porcaria do carro alto.
— Ohhh, merda! — Minha boca se entreabre, e gemo de dor quando estico minha perna,
o que faz minha boceta arder.
— A senhorita está bem? — Clay pergunta outra vez, se virando e me olhando, o que me
leva a levantar minha cabeça, o vendo me observar preocupado.
Mas é o par de olhos verdes me encarando pelo retrovisor interno, com um sorriso
sarcástico na boca, que me faz estufar meu peito e mover minha cabeça em positivo ao sentar,
com meu corpo todo retraído.
— Estou bem, Clay, obrigada — o respondo com gentileza, sorrindo para ele com
carinho. — Apenas acabei sentando em uma porcaria de cadeira velha na noite passada.
Dessa vez, quem sorri sou eu, ao ouvir a bufada alta vindo do motorista, que me faz por
um segundo sentir meu pescoço em perigo, ao ver a forma que ele estrangula o volante. Estico
meu braço e fecho a porta, me arrumando no assento.
— É, tem que cuidar, sabe, tem umas cadeiras velhas que acabam com os quadris da
gente... Uma cadeira nova é melhor — Clay fala, rindo para mim, realmente me olhando
preocupado, enquanto o carro começa a se movimentar.
— Oh, isso eu concordo! — Puxo o cinto, falando com ele. — Vou procurar uma cadeira
nova o mais rápido possível para sentar... Ohhh! — Minha boca se fecha e meu rosto se retrai
quando um solavanco se faz, me jogando para cima, me fazendo bater a cabeça no teto. Aterrisso
forte no estofado, com meu rabo ardendo por conta da pele sensível.
— Oh, Deacon, não viu o tamanho do buraco na rua, homem?! — Clay diz, nervoso,
olhando para frente.
— Acho que não. — O fuzilo com meu olhar, o vendo dar uma fisgada de canto de boca,
o que me deixa saber que viu, sim, a porra do buraco. — Está tudo bem aí atrás, dona?
Seus olhos se movem rápidos para o retrovisor, e me encara com sua boca raivosa
esmagada. Aperto a porcaria do cinto e giro meu rosto na direção da janela, o ignorando de
propósito, antes que perca a cabeça e o estrangule enquanto dirige.
CAPÍTULO 06
A praga
KAICE BLOOD
O motor da caminhonete ronca alto, e o asfalto se estende à minha frente como um tapete
cinza e interminável. Enquanto seguimos para as Montanhas Big Sky, me mantenho em silêncio,
apenas tendo, uma hora ou outra, a voz de Clay perguntando algo ao Deacon, o que faz eu me
sentir ainda mais estranha, porque agora sei o nome dele.
Não foi apenas mais um caso de uma noite com um estranho, e isso me incomoda, porque
não queria mais o ver, e muito menos saber seu nome. Achava que assim seria mais fácil
esquecer o jeito estranho que ele fez eu me sentir, como uma adolescente, na noite passada. De
vez em quando, o olho de esguelha, o observando concentrado, com a expressão taciturna,
dirigindo, e calculo que deve ter em torno de trinta e nove a quarenta anos. É um homem bronco
e completamente diferente do cowboy no meu quarto na noite passada. Seu olhar não desvia da
estrada uma única vez, me ignorando tanto quanto eu o ignoro.
Viro devagar meu rosto, perdendo minha atenção do lado de fora, observando a paisagem
que está se transformando diante dos meus olhos. O sol pinta o céu com tons quentes de âmbar e
rosa, e a longa estrada sinuosa serpenteia entre colinas ondulantes, cobertas por uma manta de
grama dourada. Vejo as árvores altas, com o vento farfalhando suas folhas. Meu pescoço se
estica quando o carro passa por uma ponte de madeira, e fito curiosa o riacho cristalino. Ele tem
águas límpidas, que refletem o céu, sendo a coisa mais bonita que eu já vi na minha vida.
Sorrio, o admirando até a ponte acabar, e à medida que subimos pela estrada, com ela
ficando cada vez mais aclive, as árvores se tornam mais densas e os picos das montanhas
aparecem no horizonte, fazendo eu me sentir como uma criança curiosa. Viro no banco e olho
para fora enquanto retiro meus óculos. Noto que as imensas árvores dão a impressão de serem
como sentinelas antigas, vigiando o vale abaixo. Me assusto quando o vidro da janela se abaixa,
o que me faz olhar para frente e encontrar o par de olhos verdes me encarando, antes de se
concentrar na estrada de novo.
Meu rosto gira e o vento bate em minha face. É impossível não fechar meus olhos e inalar
fundo. O ar aqui é diferente, mais límpido, como se cada respiração fosse uma bênção, sem
aquela sensação seca da cidade. Sorrio e solto o ar aos poucos, abrindo meus olhos, vendo as
nuvens se aglomerando no céu.
Às vezes, o sol escapa por entre as fendas, criando feixes de luz que dançam sobre a
vegetação. E me perco, admirando tudo como se fosse uma menina encantada e apaixonada pela
visão que nunca imaginei poder ver diante de mim. Sinto o vento gelado me acertar, o que me
faz notar que à medida que o carro vai subindo, a temperatura cai.
— Droga, não trouxe nada de frio... — sussurro, olhando as manchas de neve nas
sombras das árvores, como pequenos pingos brancos.
A estrada se estreita e as curvas se tornam mais acentuadas. Solto os óculos em meu colo,
esfregando meu braço, sentindo o vento ficar mais gelado, com o tecido fino do vestido não me
protegendo em nada. E do mesmo jeito que o vidro se abaixou, ele se ergue rapidamente, com a
respiração masculina sendo solta. Olho para frente e vejo o rosto do cowboy concentrado na
estrada, com a mão dele se esmagando mais forte ao volante. E quase como se soubesse que
estava o olhando, sua atenção se prende ao retrovisor, com seus olhos ficando presos aos meus,
com ele me dando um olhar que me deixa ainda mais desconcertada e confusa do que ontem à
noite, quando me ensaboou na banheira e cuidou de mim.
— Estamos chegando. — A voz de Clay quebra nosso olhar, o que me leva a fitar a
janela mais uma vez.
O carro contorna uma curva e vejo o rancho à distância. É um oásis de verde no meio
dessa paisagem árida. Se achei que tinha perdido o fôlego com o riacho cristalino e o céu, agora
fico com o coração estático, completamente hipnotizada nas grandes montanhas verdes com
pastos imensos, que fazem jus ao nome do rancho. A caminhonete para na frente do rancho de
madeira, com o cowboy a desligando.
— Clay, vai avisar aos rapazes que vamos partir daqui a pouco. — A voz de Deacon é
firme e ele solta um pesado suspiro.
— Pode deixar, vou avisar. Eles já estão com o gado pronto para levar para o pasto nove
— Clay fala, consentindo com a cabeça.
Abaixo-me, pegando minha bolsa e guardando meus óculos dentro dela, inalando fundo e
olhando novamente pela janela.
— Obrigada pela carona. Só me confirme se seu patrão está lá dentro, por favor, assim
vou conversar com ele e já retorno hoje mesmo para Luisiana.
— O patrão não está lá dentro, senhorita... — Clay ri, me fazendo olhar para suas
bochechas rosadas. — O patrão está é aq...
— Clay! — O rosnado do cowboy mal-humorado o silencia, o fazendo o olhar na mesma
hora. — Vá avisar aos homens que vamos partir daqui a pouco.
Clay apenas move a cabeça em positivo, saindo apressado do carro, sem nem sequer
olhar mais para mim. Esfrego minhas têmporas e sinto o ar pesado e carregado de testosterona
dentro do veículo.
— Foi dito que ficaria alguns dias aqui. — A voz séria de Deacon me faz olhar para ele, e
percebo que me encara pelo retrovisor. — Não acho que vá conseguir avaliar nada em apenas
algumas horas.
— Não preciso de dias para avaliar, já fiz isso durante o voo para cá...
— Olha, menina! — ele me corta, o que me faz arquear a sobrancelha, não acreditando
que acabou de me chamar de menina.
— Menina? — indago, sisuda, o vendo esmagar sua boca e inalar fundo. — Penso que
você, mais do que ninguém, sabe que não tenho nada de menina...
— Senhorita Blood — ele me interrompe, abrindo seus olhos e falando firme. —
Acredite, ninguém nesse mundo se arrepende mais do que eu de ter tomado uma decisão baseada
em meus instintos.
Sinto como se ele tivesse acertado um soco no meu estômago ao ouvir suas palavras. Eu
fiquei puta pra caralho ao descobrir quem ele era, mas nunca, em nenhum momento, me
arrependi. E não entendo por que ouvir ele dizer isso faz eu me sentir triste, de um jeito que
nunca senti.
— Mas peço, por favor, encarecidamente, que não deixe o que aconteceu na noite
passada acabar atrapalhando o que veio fazer aqui.
Isso dói muito mais, a ponto de me fazer querer gritar, por ele achar que realmente sou o
tipo de pessoa que mistura trabalho com vida pessoal. Meu rosto endurece e tenho minha mais
cruel máscara de indiferença sendo esculpida em meu rosto.
— Eu tento compreender como Deus deu um pau tão grande para um homem com um
cérebro tão pequeno. — Ele vira e seus olhos faíscam na mesma hora. — E, acredite, não me dói
em nada ter que mais uma vez foder com esse seu imenso ego.
Jogo minha bolsa no chão e cruzo minhas pernas, esticando meu braço no estofado de
cima da caminhonete.
— E tenha certeza de que isso me dá mais prazer do que seu pau me comendo me deu —
rosno para ele, não desviando meus olhos dos seus. — Sou uma puta na cama e uma vadia sem
escrúpulo ainda maior quando preciso trabalhar, pouco me importando com as pessoas, porque,
se tem uma coisa que faço bem, é o meu trabalho. E em todos os anos que o executo, nunca, ouça
bem, nunca misturei minha vida pessoal com a profissional, e o fato de dizer que não preciso
ficar mais que o tempo necessário aqui, é porque eu sei disso, porque passei quatro horas sentada
na porra de um avião, estudando o balanço financeiro desse rancho.
Ele inala mais forte, e sua boca se esmaga, se abrindo na sequência. O calo quando ergo
minha mão, o deixando saber que não terminei.
— E apenas para que entenda o quão profissional sou, vou lhe dizer em detalhes a mesma
coisa que direi ao seu patrão. — Sorrio com amargura. — Essas terras não dão lucro faz mais de
cinco anos, e o imposto sobre a terra vai quebrar vocês em menos de dois anos, o que a fará ser
tomada pelo Estado, assim como os gados. Esse rancho é um péssimo investimento, e se mesmo
assim, meu chefe resolver fazer um acordo com o seu apenas por amizade, daqui um ano e meio
me verei sendo obrigada a retornar para cá e executar os débitos que vocês farão comigo,
mandando mais de oitenta funcionários embora, assim como vendendo as cabeças de gado
abaixo do valor de mercado, o que não cobrirá nem a metade do débito. Vou ter que foder esse
lugar, o repartindo em pedaços, leiloando alqueire por alqueire. E se eu tiver muita sorte,
encontro uma empresa multibilionária que queira comprar tudo, fazendo um hotel aqui. E sabe
como sei disso, cowboy? Porque os números me disseram, e não preciso ver mais nada além
deles para saber exatamente como isso vai acabar.
Abaixo minha mão e aliso meu vestido, suspirando e vendo seu olhar completamente
perdido, como muitos outros já me olharam quando precisei cortar suas esperanças.
— E afirmo isso, não porque você me confunde com alguma mulher fraca que se ressente
por trepar com você, a ponto de agir por emoção. — Esmago meus dedos, cravando minhas
unhas nas palmas das minhas mãos. — Mas digo isso, porque é esse meu trabalho, ser racional.
E como lhe falei, sou uma puta na cama, mas uma vadia esperta pra caralho, que faz muito bem
seu serviço, tanto que é por isso que fui mandada para cá.
O som da porta do carro estourando, com ele saindo tão rápido quanto um foguete
quando eu termino de falar, me faz olhar para fora da janela e o ver de costas, com as mãos na
cintura, inalando fundo. Abro a porta do carro e saio, contornando o veículo, vendo-o cabisbaixo,
fitando o chão.
— Realmente preciso ir conversar com seu chefe agora. Se puder me levar até ele,
agradeceria, porque tenho um voo para pegar ainda hoje...
— Os rapazes estão prontos, Deacon! — Clay me interrompe, o que o faz erguer a cabeça
e olhar para ele.
Os olhos verdes passam rápidos por mim, antes de encarar o vaqueiro de chapéu branco.
O cowboy caminha feito um trator para perto do carro, o abrindo e puxando minha mala.
— Mande alguém levar a mala da senhorita Blood para o rancho do pasto nove, com a
mula. — Ele entrega minha mala para Clay, que demonstra estar mais confuso do que eu.
— Oi? — Olho-o sem entender nada. — Mula? Como assim mula?
— Não quer conversar com o patrão? Pois então, vai conversar com ele no rancho do
pasto nove — Deacon fala firme, fechando a porta do carro.
— E onde diabos fica esse rancho... — Olho para o lado e vejo um enorme bem à nossa
frente. — Ele não está aqui?
— Não! — Deacon passa por mim, trotando e levantando poeira com suas botas.
— De mula? Mas não quer que chame o Dimi? — Clay arrasta minha mala junto com
ele, indo atrás do cowboy.
— Clay, faz a porra do que te ordenei! — Deacon freia seus passos ao se virar, olhando
para mim e apontando na direção do carro. — Pega sua bolsa, dona, não tenho o dia todo e
preciso colocar o gado para marchar antes que a noite caia...
— Gado? — Rio, nervosa, mirando-o, sem entender que diabos esse homem está falando.
— Não quero ver gado, apenas preciso conversar com seu patrão.
— Mas, senhorita, você...
— Clay, faz a porra do que mandei! — Deacon rosna alto como um animal, fazendo tanto
eu como o pobre do Clay se encolher. — E você, pega sua bolsa, agora!
Abro a porta do carro rapidamente, me jogando por cima do banco e catando minha bolsa
no chão. Viro para trás e vejo o imenso cowboy se afastando.
— Merda, merda... Ei... ei, espera! — Tento andar apressada no chão de terra, mas o salto
afunda a cada passo que dou. — Isso não pode ficar pior, não pode!
Vejo-me correndo de salto alto pela estrada de chão, com minhas pernas doloridas,
tentando alcançar o grande homem, que nem sequer olha para trás.
— Eu preciso voltar para o aeroporto antes da noite cair...
— Então, sugiro que se apresse, dona! — ele fala alto, não me olhando, mantendo seus
passos pesados ao marchar.
— Para onde exatamente está me levando? Sabe me dizer quanto tempo demora...
— Se andar mais depressa, ao invés de ficar falando, chegará lá antes das sete. — Ele
para diante de um grande curral, o que me faz brecar, já que encontro quinze peões em cima de
cavalos, olhando diretamente para mim.
— Deacon... Deacon... — chamo por ele, sorrindo envergonhada para os peões enquanto
arrumo meu cabelo, o empurrando para trás da minha orelha, vendo os olhos curiosos deles em
cima de mim. — Eu não posso conversar com ele às sete, na verdade, estava pensando em, às
sete, já estar no aeroporto...
Deacon para perto de um garanhão caramelo com as crinas brancas, que bate lento suas
patas no chão, e confere a sela no bicho.
— Por favor, deve ter algum jeito de conseguir conversar com ele...
— O patrão desce da colina só daqui cinco dias, é época de marcar o gado — ele fala
rápido, dando de ombros. — Ou sobe e fala com ele, ou espera até ele descer, o que, do fundo do
meu coração, é o que acho que deve fazer, ficar um inferno longe dele...
— O quê? — Nego com a cabeça, não tendo essa possibilidade, já que tenho que falar
com o homem. Greg me mata se eu sair daqui sem conversar com esse maldito homem. — Não
posso esperar cinco dias, Deacon...
— Então, suba a colina e converse com ele. — Ele gira seu rosto para mim, me dando um
olhar sério.
Minha boca se entreabre e bato meu pé no chão com puro ódio, dando as costas para ele e
fechando meu punho, o mordendo com força.
— Velho filho da puta! — rujo com raiva.
— Oh, sim, ele é bem filho da puta! — Viro-me ao ouvir sua voz perto demais do meu
ouvido. — Mas, ainda assim, é um filho da puta que vai conversar com você só daqui a cinco
dias.
Ele não esconde seu sorriso cretino, de quem sabe que está me ferrando, porque vou
perder meu voo. Mas, por Cristo, não saio desse maldito lugar sem falar com esse velho
desgraçado!
— Ok, eu vou lá conversar com ele. — Ergo meu rosto e estufo meu peito, não me dando
por vencida. — Vou conversar com esse homem e sair desse lugar o mais rápido possível.
Giro e dou as costas, pronta para retornar ao carro, podendo me imaginar socando minha
bolsa dentro da boca do velho miserável.
— Está indo para onde, dona? — A pergunta séria de Deacon me faz virar e o mirar
confusa, apontando na direção do carro.
— Para o carro, para me levar até seu patrão nesse pasto nove — digo com raiva.
Ele se afasta do cavalo e caminha devagar para perto de mim, abaixando seus olhos de
forma descarada para minhas pernas, quase como se estivesse pensativo, antes de erguer seu
rosto e me dar um sorriso que julgo diabólico, de tão largo que é.
— Carros não sobem a colina, não tem nem estrada. — Ele se vira, me dando suas costas,
e fico perdida, sem entender.
— E como diabos vou até lá? — indago, cética, não acreditando que vou ter que andar
em cima desse salto colina acima.
Deacon se vira para mim e alisa o cavalo, apontando a cabeça para o animal.
— Não fode! — Olho dele para o bicho com incredulidade.
Ele não esconde o sorriso filho da puta em seu rosto ao abaixar seus olhos. Sinto minhas
bochechas corarem pelo jeito que ele me olha, não escondendo o que está pensando.
— Acredite, dona, se fizer isso de novo, vai ser porque você implorou, enquanto mia
como uma gata mansa. — Seu peito se expande e ele sorri debochado para mim. — Agora,
venha aqui, que vou lhe ajudar a subir no cavalo e vou te levar na minha garupa...
Fico em ponto de ebulição, como um vulcão prestes a explodir esse desgraçado
convencido. Me agacho e arranco as sandálias dos meus pés, marchando para ele.
— Vou devorar suas tripas inteiras como uma loba feroz antes desse dia chegar, cowboy.
— Empurro com raiva a sandália e a bolsa para o peito dele. — Ordene aos seus vaqueiros a
virarem seus rostos.
Ele pisca, confuso, sem entender, olhando das coisas em seus braços para mim. Ergo meu
cabelo, o enrolando em um coque malfeito.
— Foda-se! Não quer mandar, não mande, o máximo que vai acontecer é eles verem
minha calcinha! — Já estou me virando, colocando meu pé no suporte, me alavancando para
cima quando seguro firme a sela.
— VIREM AS FACES DE MERDA DE VOCÊS PARA FRENTE AGORA, PORRA!
— O rugido alto explode como um trovão atrás de mim, ao passo que monto no cavalo, sentindo
até minha alma sair do meu corpo pela esticada de perna que tive que dar.
Endireito-me na sela e seguro as rédeas, sorrindo e lembrando de como amava isso
quando criança. Aliso aos poucos a crina do cavalo, ouvindo o relincho dele ao trotar no chão, e
seguro o cabresto. Sorrio e viro meu rosto para trás, vendo todos os peões de costas para mim,
montados em seus cavalos. Giro meu rosto para o cowboy parado perto das minhas pernas, me
fuzilando com seu olhar verde mais escuro que os pinheiros da colina.
— Deve ser horrível para seu ego ver que não é o primeiro garanhão que eu monto. —
Pisco para ele, batendo meus pés no animal. — Mas não se preocupe, eu deixo você sentar na
garupa!
Rio, fazendo o cavalo marchar, o conduzindo para perto dos outros vaqueiros.
— Bom dia, rapazes, sou a Kai! — os cumprimento, ganhando olhares curiosos, que
passam de mim para o cavalo, antes deles girarem os rostos para trás, retornando a olhar para
frente rapidamente.
Viro e olho o cowboy com a face vermelha, parecendo uma panela de pressão, com seus
olhos presos em mim.
— Clay, sela o Penhasco para mim! — ele rosna alto, girando com raiva e indo para o
estábulo.
CAPÍTULO 07
Égua selvagem
DEACON TRINIX
Um gritinho sai dos seus lábios quando a movo de cima de mim, a virando dentro da
grande banheira. Suas mãos se prendem na cerâmica branca, enquanto alavanco seu quadril
para trás. Meu corpo se ergue sobre o seu e uso meus joelhos para afastar suas pernas, me
dando acesso à sua boceta quente como o inferno. Apenas estico minha mão para a minha
carteira caída ao chão, perto da banheira, em cima da minha calça, e pego uma camisinha, a
trazendo para mim. Sua respiração acelera, ao passo que cubro meu pênis. Assim que termino,
arrumo meu pau na entrada da sua boceta, e seu corpo pequeno treme. Sua boceta inchada e
quente recebe meu pau, o sugando até eu estar enterrado dentro dela.
— Oh, porra, sim! — Sua cabeça cai para frente, entre seus braços, e seguro com mais
força a borda da banheira, empinando seu rabo redondo e farto, que me dá uma visão bela.
Travo meus dentes ao sentir sua boceta comprimir meu pau a cada passo que a invado.
Nunca me senti tão bem fodendo uma mulher como ela me faz sentir.
— Caralho, que sela apertada... — Aperto meus dedos no seu quadril, levando minha
mão para a frente do seu corpo, subindo por sua barriga, segurando um de seus seios e
pressionando o bico sensível da mama com um leve beliscão.
Minha outra mão vai ao seu longo cabelo negro, que é mais brilhante que uma crina de
uma égua puro-sangue, e o puxo, fazendo seu rosto virar para mim. Seus olhos fechados, com
cílios grandes, fazem eu me perder em cada parte dela ao observar seus lábios carnudos
entreabertos, gemendo a cada centímetro que meu pau se retira dela.
É a luxúria em carne e osso, embalada em um corpo suave, quente, pequeno e delicado,
de uma criatura selvagem, uma loba negra que me faz querer morar dentro da sua boceta
fogosa.
— Olhe para mim, pequena loba. — Ela abre seus grandes olhos negros de loba para
mim, me deixando ver a mesma loucura que ela impôs em meu corpo queimando dentro dela, e
gosto de saber que ela sente tudo o que faz comigo.
Com quarenta anos, um homem compreende bem o que é certo e errado, o que é loucura
e o que é inconsequente, mas no segundo que meus olhos focaram na pequena face dela dentro
do bar, eu senti como se tudo em minha mente tivesse se apagado, como se eu voltasse a ser um
garoto tolo diante da criatura mais bela e selvagem que Deus já criou. Sabia que a dona era
encrenca, e encrenca das grossas, a qual se um cowboy não estiver preparado, não aguenta nem
o primeiro coice, como uma explosão de touro em uma arena, que estoura tudo à sua frente.
Devo ter perdido o juízo, porque mal conseguia lembrar do meu nome ao sentir o sabor
dos seus lábios no primeiro beijo. E ela me levou ao chão, me derrubando feito um peão amador
em sua primeira trotada quando me vi sentado naquele sofá, a olhando, tendo uma loba
selvagem diante de mim, retirando aquele vestido indecente que marcava cada curva perfeita do
seu corpo, desde os grandes seios fartos até seu quadril largo.
A pele negra suave, junto dos longos cabelos batendo abaixo da sua bunda, soltos, me
enfeitiçaram, mas foi meu chapéu, o qual ela pegou de forma travessa e levou à sua cabeça, que
foi o tiro de misericórdia que a pequena loba me deu. Meu peito inteiro se inflamou com um
desejo infernal, e nunca vi nada mais perfeito que ela ali, daquela forma, com sua pele negra
nua e cabelos soltos, parada diante de mim, rindo, com meu chapéu em sua cabeça.
— Cowboy... — Seus lábios carnudos sussurrando meu nome se transformam em um
perfeito “O” quando volto meu pau para dentro da sua boceta de uma única vez.
Retiro-me de novo, com a mesma lentidão, voltando duro e firme ao seu interior,
chocando meu pau por completo em sua boceta. Ela soluça e geme a cada estocada funda que
vou conduzindo dentro do seu corpo. Meu peito se arqueia sobre suas costas, os unindo, e
minhas mãos se prendem junto com as dela na borda da banheira. Acelero as penetrações, a
fodendo tão forte entre os baques dos quadris, ouvindo seus gemidos e soluços.
É uma necessidade insuportável, como se meu corpo precisasse disso para se acalmar e
aplacar essa fome selvagem que a arteira loba me desencadeia. Invado sua boceta mais rápido,
não conseguindo me controlar, mesmo sentindo seu corpo sensível e inchado por dentro. E ela
me provoca, rebolando e empinando seu rabo o máximo que pode, gemendo despudorada, me
instigando com seus sons.
Mordo seu ombro e afundo meus dentes na pele fina, aumentando a pressão das
penetrações, assim como da mordida, fodendo-a selvagem, com pura urgência de aplacar a
confusão que ela me causa.
— Inferno! — Esfrego meu rosto e arranco o chapéu da cabeça, rosnando e batendo meus
calcanhares na barriga de Penhasco, o fazendo trotar entre as cabeças de gado.
— Chefe, vamos deixá-los pastando aqui? — A voz de Otis sai atrás de mim, com ele
parando seu cavalo ao meu lado.
Passo meus olhos pelo rebanho de mais de trezentas cabeças de gado, os vendo calmos
enquanto pastam no prado, e ergo meu rosto para o céu, vendo a tarde partindo.
— Divida os rapazes em duas equipes. Uma monta o acampamento e a outra junta o
rebanho. Tem dois gados fujões que se esconderam na mata e precisam voltar para o rebanho. —
Arrumo o chapéu na cabeça, puxando o cabresto de Penhasco, o fazendo virar. — Três vigiam
essa noite, vi pegadas de lobos ao norte.
— Pode deixar, chefe, vou repassar as ordens — Otis responde rápido, com o cenho
franzido, me olhando, sem partir.
— O que foi? — rosno, me arrumando no cavalo, sabendo que ele está se controlando
para manter a porra da língua dentro da boca.
— Olha, sabe que estou aqui desde menino, não é, Deac?! — Seu sorriso cretino se
repuxa lento, com o filho da puta que cresceu comigo, cuidando dessas terras, me olhando com
deboche. — E nesse tempo todo, já temos liberdade para conversar...
— Está aqui há tempo demais, Otis, para saber que vou socar sua cara se não tiver
cuidado com o que vai falar. — Esmago meus dedos no cabresto, virando o rosto para os gados.
— Por que diabos está levando aquela mulher para o pasto nove, para falar com o patrão?
— Retorno meu rosto para ele, sabendo que a boca velha de Clay já foi fazer fofoca. — Quando
ela estava diante de você?
— Queria que Clay fosse tão rápido para selar meu cavalo quanto é para soltar a língua
— rujo, rangendo meus dentes, soltando o ar pesadamente por meu nariz.
A verdade é que eu não tenho como responder, porque nem eu entendi a razão de ter
trazido a praga daquela mulher comigo. Sendo franco, ainda estou me recuperando da porra do
golpe que recebi, feito um coice de mula na cara, ao descobrir que o especialista em finanças que
Greg me mandou, é uma mulher, e não um homem. Além disso, a maldita mulher que tinha
fodido minha cabeça tanto quanto meu pau na noite passada. Maldita hora que saí do rancho para
ir a recepcionar!
Clay tinha recebido o telefonema, sendo avisado que o especialista estava a caminho de
Montana, e só tinha um hotel decente para ele se hospedar, então deixei Clay na porta do hotel, o
mandando ficar lá, aguardando, enquanto fui ao bar, porque estava cansado de ficar parado como
uma árvore na porta do hotel. Não passou na minha cabeça, por um segundo que fosse, que a
pequena loba de língua afiada era a pessoa que viria para cá. E, por Deus, quando aquela mulher
abriu a boca dentro do carro, mal dando uma chance que fosse para ver minhas terras, para
entender que o que estou tentando fazer aqui é para salvá-las, eu precisei sair do carro antes de
estrangulá-la.
Apenas disse que ela precisava ir para o pasto nove, não lhe dizendo que eu sou o dono
de Green Valley, porque queria me afastar dela, queria tempo para esfriar minha cabeça. Jurava
que ela iria esperar os cinco dias, assim podia ter tempo de me controlar e ela me dar a chance de
mostrar que minhas terras, assim como o gado, podem ser lucrativas. Mas a praga me pegou de
surpresa, me jogando no chão que nem uma égua selvagem quando montou Metálica, meu
Mustang, feito uma amazona, ficando firme em cima dele, que relinchou como um potro alegre
ao tê-la o cavalgando.
Cavalo filho da puta traidor! Tinha visto Metálica levar ao chão mais de vinte vaqueiros
experientes, porque ele odiava ser montado por qualquer um que não fosse eu, e simplesmente
ficou manso, que nem cavalo velho, ao tê-la em sua sela.
— Se precisava tanto assim a levar para o rancho do pasto nove, por que não deixou Clay
avisar a Dimi? Ela iria mais confortável de helicóptero... — Olho para Otis, que me encara sério.
— A pobre coitada passou mais de seis horas montada no lombo do Metálica...
Viro meu rosto na direção das árvores, não precisando de muito para ver a peste em
forma de mulher montada em meu cavalo, com o vestido branco colado ao corpo, tendo suas
coxas de fora e o braço erguido, movendo-o para todo lado enquanto segura seu celular.
— Aquela peste de mulher não tem nada de coitada, Otis! — grunho para ele, puxando o
cabresto do cavalo.
Repasso meus olhos entre o gado, encarando cada vaqueiro, os vendo trabalhar, mas paro
em um dos novatos, que está com o rosto fixo, olhando na direção dela.
— Repasse minhas ordens para os homens agora — comando, me afastando dele.
Troto, instigando o cavalo, galopando entre o gado e indo direto para o novato, que vira
seu rosto em minha direção na mesma hora, se arrumando no lombo do seu cavalo. Ele mexe
com a corda, e passo meus olhos por ele, o contornando com Penhasco, trotando em volta do seu
cavalo.
— Está trabalhando aqui para cuidar dos gados — falo firme, parando meu cavalo diante
do seu e rosnando baixo para ele. — Então sugiro que fique com os olhos neles.
Ele inala rápido e sua cabeça se move em positivo, com ele indo se juntar aos outros
vaqueiros. Atravesso entre as galhas, movendo meu cavalo na direção dela, e quando Penhasco
diminui sua velocidade, passando entre as árvores lentamente, eu paro, olhando o diabo de
confusão que eu fui arrumar pra minha cabeça, que xinga alto enquanto mantém seu braço
erguido, observando o celular.
— Que dor de cabeça que fui arrumar! — rosno, rangendo meus dentes e mirando Kaice
montada em meu cavalo.
— Oh, chefe! — Giro para a esquerda, abaixando meu rosto para Clay. — Otis avisou
que vamos acampar aqui.
— Sim, Clay — digo para ele, balançando minha cabeça em positivo. — Pode preparar a
fogueira perto da carroça, e depois arma minha barraca ao sul, perto do lago.
— Não vai querer ela perto do grupo? — Ele coça sua testa, retirando o chapéu.
— Hoje não, monte ela afastada. — Giro, olhando para trás, na direção do gado, tendo
minha atenção focada no magrelo ruivo trotando perto da manada. — Onde arrumou o novato?
Retorno meus olhos para Clay, fisgando o canto da boca. Eu conheço meus homens e,
principalmente, eles me conhecem, tanto que no segundo que a viram em cima do meu cavalo,
parando perto deles, rapidamente desviaram os olhos dela. Mas, pelo visto, o novato ainda não
entende como as regras funcionam no meu rancho.
— Ele veio do Texas. É um desses andarilhos sem parada, que vai passando de rancho
em rancho...
— Pois avise a ele que aqui não é qualquer rancho, e que se os olhos dele não ficarem
focados no gado, então ele não vai precisar mais deles. — Clay move a cabeça rapidamente,
entendendo o recado.
Troto o cavalo, o fazendo marchar para ela, ao passo que a observo montada em
Metálica. Sinto aquela agitação me acertar com força, do mesmo jeito de quando a vi no quarto
com meu chapéu. Ela vira seu rosto para mim, e no segundo que me vê, sua boca se esmaga,
abaixando seu braço.
— Por que não consigo fazer ligação alguma? — pergunta com sua face encrenqueira.
— É porque aqui não tem sinal, dona! — Paro meu cavalo e desço dele, segurando as
rédeas, caminhando para perto de uma árvore e o amarrando.
— Mas que merda! Como eu vou trabalhar?! Não posso ficar sem o meu celular, tem
ideia...
— Tenho certeza de que vai sobreviver! — Vou até ela, não me importando com seu
desespero por não conseguir sinal de rede.
— Oh, pode apostar que vou, seu bronco... Ohhhh! — ela grita, se atrapalhando quando
seu corpo tomba para o lado, ao ter minhas mãos esmagando sua cintura, a puxando de cima de
Metálica. — Merda! — Seu rosto se retrai em dor, com seus olhos se fechando, o que me faz
repuxar minha boca, a esmagando e sentindo culpa por não ter permitido que Clay levasse essa
peste de mulher até Dimi, para ela ir de helicóptero ao rancho do pasto nove.
— Está com dor? — pergunto baixo, erguendo minha mão e empurrando seu cabelo para
trás da orelha.
— Não! — Ela abre seus olhos e dá um passo para trás quando se afasta de mim, me
fuzilando com seu olhar. — Nunca estive tão bem na minha vida, e vou ficar ainda melhor
quando chegar nesse maldito rancho, e depois voltar para minha casa...
Seus pés descalços tropeçam e ela cambaleia, caindo de bunda no chão. Fico parado, a
olhando, e levo minhas mãos à cintura, com meu peito se estufando, a vendo erguer seu rosto
para mim. Rio, não entendendo como tanta teimosia cabe em alguém tão pequeno.
— Não é feio admitir que está com dor... — falo baixo, esticando minha mão para ajudá-
la a levantar.
Mas ela estapeia meus dedos, se levantando sozinha e empurrando os seus cabelos para
trás, batendo seus dedos em seu vestido em seguida.
— Não estou com dor! — Sua boca atrevida se esmaga e ela empina seu nariz. — Agora,
me diga, que horas vamos chegar nesse pasto?
— Amanhã, ao fim da tarde. — Lhe dou as costas, desistindo de tentar entender esse
diabo de mulher.
Seguro as rédeas de Metálica, o puxando comigo em direção à árvore, para o deixar preso
junto com Penhasco.
— Como assim amanhã? — A voz sai nervosa atrás de mim. — Não posso estar aqui
amanhã, tenho um voo...
— Perdeu seu voo no segundo que montou no cavalo.
— Porra, porra! — A olho por cima do ombro, a vendo de costas, com seus pés batendo
descalços no chão, enquanto um som abafado sai dos seus lábios. — Eu tenho que voltar, não
posso ficar. Me leva de volta, cowboy...
Estico meu braço e aponto na direção de onde viemos, lhe encarando e a deixando saber
que é o máximo que terá de mim.
— Tenho um rebanho de trezentas cabeças de gado para cuidar e mais quinze vaqueiros
para fiscalizar. Pode retornar de onde veio, se deseja tanto assim não perder seu voo.
Sua boca se entreabre e ela aperta seu punho ao lado do corpo, parecendo um pequeno
touro bravo, pronto para me dar uma chifrada.
— Quer saber, é exatamente isso que vou fazer! — Ela bate o pé no chão, empinando seu
nariz.
— Boa viagem, apenas aconselho a calçar suas sandálias. Não vai querer descer a colina
descalça... — Tombo meu rosto e a avalio, repuxando meu nariz e negando com a cabeça. —
Quer saber, esquece! Duvido muito que encontre algum outro animal mais peçonhento que você.
— Ora, seu bronco, está insinuando que sou uma cobra?! — rosna brava, apontando seu
dedo em minha direção.
— Não! — Sorrio para ela, piscando. — Estou é afirmando mesmo, dona. Agora, se
deseja partir, comece a mexer essas pernas!
— Cabeça oca do pau grande! — ela me xinga, se abaixando brava, me fazendo desviar
quando levanta rapidamente.
Me dá tempo de apenas empurrar minha cabeça para o lado quando joga uma pinha seca
em minha direção. Bufo, rosnando, e dou um passo à frente quando ela vem para cima de mim,
com seu braço se esticando para pegar as rédeas de Metálica.
— Que diabos pensa que está fazendo? — Ergo meu braço, não a deixando as alcançar.
— Vou voltar para a minha casa! — Ela para suas mãos na cintura, batendo seu pé no
chão, com seu braço se estendendo mais uma vez, tendo sua mão aberta balançando no ar. —
Anda, me entrega as rédeas...
— Disse que pode voltar com suas pernas, não em cima do meu cavalo — falo,
abaixando meu rosto e ficando a centímetros do seu. — Quer ir? Vá. Mas com suas pernas. Não
vou lhe deixar colocar em risco um animal de 250 mil dólares apenas porque é uma menina de
cidade grande mimada, que pensa que tem tudo que quer na hora que deseja. Em menos de uma
hora, esse vale inteiro vai ser engolido por uma escuridão densa, que mal vai ver um palmo à sua
frente, quanto mais o caminho que vai guiar meu Mustang, então se quer por esse seu rabo
teimoso em perigo, esteja por sua conta.
Ela inala fundo, rosnando, com suas mãos se esmagando e olhando para os lados.
— Ou espera até amanhã. — Dou de ombros, sendo direto. — E te deixo na porra
daquele rancho.
— AHHHHHH! — Fico paralisado, olhando a estranha mulher soltar um grito de raiva
ao virar. — Porcaria de hora que aceitei vir falar com esse velho desgraçado de merda! Tomara
que morra com um tubo entalado no rabo!
Rio, negando com a cabeça, a observando se afastar ainda mais, ficando de costas para
mim. Movo-me rápido, laçando a corda em volta da árvore, terminando de amarrar meu cavalo,
ouvindo os gritinhos dela enraivecida, parecendo um esquilo zangado, entre as árvores.
— Devia se acalmar, não tem muito o que fazer agora que já está aqui...
— Não posso estar aqui! — ela diz, chateada. — Tenho trabalho me esperando...
— Bom, se o problema é trabalho, isso é o que mais tem nesse lugar. — Ela se vira aos
poucos, me olhando com sua boca esmagada.
— Engraçadinho! — Caminha para perto de uma pedra e senta, esfregando seu rosto. —
Eu sabia que Greg ia me foder, nunca deveria ter vindo para esse fim de mundo!
A olho ali, sentada na pedra, e contemplo a estranha mulher, que de um esquilo raivoso
agora parece mais um coelho acuado. Decididamente, ela não é como nenhuma outra, mas algo
tenho que admitir: uma mulher de cidade grande no meio do mato, ela não é. Tinha a observado
no trajeto que fizemos, já que mandei os vaqueiros na frente, indo com o gado, enquanto eu e ela
seguíamos a carroça que Clay levava junto com as mulas, que continha os suprimentos, as coisas
necessárias que precisaríamos até chegar ao pasto nove. Ela cavalga bem, não de forma
imprudente, mas sim atenta e experiente.
— Quem lhe ensinou a montar? — indago sério, sabendo que Kaice não é apenas uma
mulher de cidade grande.
— Um professor de piano, quando eu tinha doze anos, em cima da cama dele! — Ela
ergue o rosto para mim, mordaz, me provocando de propósito.
— Mulher do inferno! — grunho, lhe dando as costas, retirando meu chapéu e o batendo
em minha mão. — Se quer trabalho, agora tem. Vá catar galho seco, para fazer uma fogueira, se
quiser ficar aquecida quando a noite chegar, ou morra de frio, pouco me importo!
Já estou me afastando dela, precisando ficar longe dessa praga antes que a amarre na
árvore junto com os cavalos, amordaçando sua boca.
— Como assim fogueira? O que está querendo dizer com isso? — Não paro de andar,
indo rumo à carroça de Clay. — Ei, cowboy, espera...
Não espero, nesse segundo não quero a olhar, muito menos ficar perto dela, porque sinto
que meu controle está acabando, e que vou jogá-la em meus joelhos, a espancando ou fodendo-a
tão duro, que vai precisar ficar na cama, porque mal vai sentir suas pernas. Pensando bem, eu
poderia fazer as duas coisas...
— Clay, me dê a minha barraca, que eu mesmo vou montá-la — digo a ele, já abrindo a
lona da carroça e a pegando.
— Por que vou precisar de uma porcaria de fogueira? — ela questiona, com a respiração
entrecortada, quando para atrás de mim. — Não tem lareira no rancho?
— Oh, tem sim, senhorita, uma das mais lindas! O chefe caprichou naquele rancho. Mas
aqui, no meio da colina, a gente acende a fogueira para deixar os lobos afastados...
— Lobos? — ela indaga, ao passo que encaro Clay, querendo o estrangular. — Ninguém
falou nada de lobos...
— Não se preocupe, tenho certeza de que se eles aparecerem, vão te reconhecer na
mesma hora como líder da matilha — rebato, zangado, fechando a lona. — Clay, vai fazer seu
trabalho.
— Mas eu já estou fazendo. — Ele ri, me olhando. — Estou retirando as coisas da
carroça. Os meninos já começaram a montar os acampamentos.
— Acampamentos? — A mulher atrás de mim soa ainda mais apavorada.
— Acha que vai passar a noite onde, dona? — pergunto alto, nem me dando ao trabalho
de virar. — Por um acaso, não está vendo um hotel cinco estrelas por aqui, não é?! Vai ter que
dormir em uma barraca e acender sua fogueira...
— Não quero acampar, quero apenas chegar nesse maldito rancho e voltar para minha
casa... — ela rosna brava.
— Não é bom atravessar a colina com o gado à noite, um acampamento é mais seguro —
Clay retorna a fofocar. — Tirando as cascavéis... Não deixe sua barraca aberta, senhorita,
porque, caso contrário, pode acordar com uma enrolada perto das suas pernas, querendo se
esquentar...
— Cas-cascavel... — Viro, a vendo olhar para o chão enquanto fica na pontinha dos pés,
girando o rosto de um lado ao outro, com seu peito subindo e descendo. — Tem cascavel aqui?
— Nossa, isso é o que mais tem...
— Vai acender as porcarias das fogueiras para os rapazes, Clay! — ordeno, lhe fuzilando
com meu olhar quando o encaro, para que feche a porra da boca.
— Cascavel, oh, merda, tem cascavel... — ela balbucia, negando rápido com a cabeça. —
Não vou ficar aqui, não vou...
— Mas não tem perigo, dona, o pior mesmo é se aparecer um urso...
— Vou costurar a porra da sua boca se não ficar quieto, Clay! — rosno alto, esfregando
meu rosto.
Inalo fundo e retorno a mirar a mulher de olhos arregalados que me encara, com seu peito
subindo e descendo depressa, andando devagar para trás e recuando de mansinho, antes de virar
de costas, acertando meu rosto com sua crina negra, correndo em disparado na direção do meu
cavalo, feito uma égua selvagem, com a porcaria do vestido branco colado em sua bunda farta.
— Inferno! — Nego com a cabeça, olhando para o lado, tendo Clay já fugindo de mim.
Esmago a porcaria da barraca e caminho de volta para meu cavalo, a vendo se jogar no
tronco da árvore, com seus dedos trêmulos tentando desatar o nó que fiz. Já estou perto dela
quando seu pé se apoia no estribo, com ela se alavancando para cima, segurando na sela.
— Volta aqui, dona! — berro, a prendendo pela cintura e a puxando para mim, tendo seu
corpo rolando para meu ombro enquanto a carrego.
— ME SOLTA... — Suas mãos, em punho, socam minhas costas. — ME SOLTA, SEU
BRONCO! NÃO VOU FICAR AQUI, COWBOY...
A jogo para cima, a fazendo solavancar, com seu rabo ficando ainda mais para cima,
enquanto a carrego feito um saco de ração, com minha mão ficando presa em sua bunda,
segurando a porcaria do vestido para que ele não suba. Não olho para o lado, muito menos me
importo com os olhares dos vaqueiros em nós a cada grito. Mantenho meus passos firmes,
precisando usar de toda concentração que me resta para não matar essa maldita mulher.
CAPÍTULO 08
Galho seco
DEACON TRINIX
— Seria mais útil pegando graveto para sua fogueira do que ficando aí parada, xingando
— falo sério, me endireitando ao terminar de arrumar a barraca, fechando o zíper dela, antes de
me virar para a mulher maldita, de boca suja, que mais parece um cowboy em uma mesa de jogo
do que uma dama.
Ela me dá um olhar mortal, e empurra seu cabelo bagunçado para trás, rosnando baixo e
passando seu olhar de mim para a barraca, não escondendo por um segundo que seja sua raiva
por ter que passar a noite na colina.
— Não é um hotel cinco estrelas, ao qual deve estar acostumada, mas vai ter um lugar
quente para ficar durante a noite. — Inalo fundo, levando a mão à cintura. — Olha, sei que nada
está saindo como deveria ter sido, mas se der uma chance, vai ver que não é tão ruim...
— Não, realmente não é. — Ela esmaga sua boca, desviando seu olhar da barraca. — Isso
é um inferno!
— Deu! — Nego com a cabeça, sabendo que cheguei ao meu limite. — Quer pegar
graveto para acender sua fogueira? Pegue. Quer ficar com frio? Fique. Quer dormir na porra da
barraca ou no chão duro, no meio do mato, junto com as cobras? Durma. Faça o que quiser, eu
tenho trabalho a fazer — digo com raiva, com minha voz não escondendo minha ira e muito
menos meu limite, que estourou.
Viro, a largando para trás, precisando ficar um inferno longe dessa maldita mulher. Nada
que eu faça será bom para uma mulher como ela, e muito menos a fará mudar de ideia e enxergar
o Green Valley com o verdadeiro potencial que ele tem. Tinha fodido, literalmente, qualquer
chance de conseguir salvar minhas terras, no momento que pus meus olhos nela e meu pau
desgraçado a desejou.
Por um segundo, por um breve segundo, quando vi seu olhar perdido na janela do carro,
enquanto sorria, tendo a expressão iluminada como uma criança, até cheguei a pensar que,
talvez, tivesse uma oportunidade de consertar a merda que fiz, mas agora sei que não. Não tem.
— Eu não sei acender nem a porcaria de um fogão, quanto mais uma fogueira! — ela fala
alto atrás de mim, me fazendo parar de andar e girar lento, olhando-a.
Seus ombros estão encolhidos e seus longos cabelos bagunçados caídos por cima deles,
descendo por seu corpo, com o vestido branco todo sujo e os pés descalços, parecendo uma
criatura perdida nesse lugar.
— Eu não sei. — Ela abaixa seu rosto, abraçando seu corpo, e a vejo se encolher mais
quando o vento passa por ela.
A noite já está se aproximando, o que quer dizer que o frio vem junto. Na colina, o ar fica
ainda mais gélido com a noite.
— Não é o fim do mundo admitir que precisa de ajuda, dona. — Inalo forte, retirando o
chapéu da cabeça e esfregando meus dedos no cabelo, não desviando meus olhos dela. — Estou
tentando ajudar, mas fica difícil quando você faz questão de tornar as coisas piores.
— Não quero tornar as coisas piores, apenas quero chegar ao rancho e conversar com seu
patrão, para voltar pra minha casa. — Ela olha de relance para a barraca, tendo por um segundo
um olhar de dor, quase como se fosse a pior coisa que estivesse vendo, antes de virar de costas,
com sua cabeça ficando abaixada. — Merda!
Essa, com toda certeza, não é a dona desbocada do bar, muito menos a criatura selvagem
que me levou à loucura dentro do quarto, nem a mulher fria e cruel que quase me fez querer
matá-la estrangulada dentro do carro, nem a amazona montada em cima de Metálica, essa é uma
criatura pequena, que evita me olhar nos olhos, como uma criança triste.
— Pega os gravetos, que vou acender sua fogueira! — digo sério, arrumando o chapéu na
cabeça, não entendendo que raio de poder ela tem sobre mim, que me faz ir do ódio à agitação
em segundos, preferindo ouvi-la gritar do que ficar em silêncio. — Gravetos secos e finos.
Paro ao lado da barraca, catando algumas pedras que tem por perto e fazendo um círculo
no chão, para acender a fogueira dela no centro. Os galhos finos, que mais parecem palitos de
dentes, sendo jogados no chão, me fazem erguer a cabeça e a olhar, com ela arqueando a
sobrancelha.
— O que foi? — Ela olha deles para mim. — Disse gravetos finos...
— Realmente, gravetos, não isso! — Nego com a cabeça, me abaixando e pegando o
pedaço fino de pau. — Isso não faz nem brasa, dona! Pensa em fazer o quê com esse palito...
— Merda! — grunhe, virando e batendo seu pé no chão.
Levanto e vou para perto da grama, passando meus olhos pelo local, buscando por grama
seca.
— Tenta pegar galhos maiores, assim o fogo dura mais — falo firme, passando a bota
pela grama e encontrando um montinho seco.
— Por que não pega você, já que sabe qual é o melhor?! — Rio ao escutar sua voz
zangada.
— A fogueira é sua. Eu disse que ajudo a acender, não que vou ser seu escravo. Já montei
a porra da barraca, agora pega seu graveto! E se aparecer com mais um palito, juro que lhe deixo
morrer de frio com ele. — Me agacho, esticando meu braço e puxando a grama.
— Se achar um palito, vai ser para socar nesse seu maldito rabo... — ela me xinga.
O som alto de um splash me faz endireitar na mesma hora, e olho para trás, mas não a
vejo. Observo o rio e percebo a correnteza forte fluindo, e cada nervo do meu corpo se enrijece.
— Dona?
Caminho apressado para lá, já jogando a porra da grama no chão, ficando na borda do rio
e encontrando apenas a marca pequena do seu pé na lama da beirada, com um galho da árvore
que tem perto dele quebrado.
— Porra! — Já estou correndo pela lateral da margem do rio, seguindo o fluxo dele, com
meus olhos na água. — KAICE... KAICE...
— Ohhhh, COWBOYYYY... — A cabeça se erguendo à frente, dentro da água, junto
com seus braços se debatendo, me faz correr mais rápido, como se pudesse sentir o diabo me
chicoteando ao ver a correnteza a engolindo para o fundo do rio, a carregando.
Meu chapéu vai ao chão e retiro a arma do coldre da minha calça, disparando para o alto,
dando três tiros em seguida, como sinal de afogamento, para Otis. A jogo ao chão na sequência,
sem parar de correr na beira do rio, retirando a jaqueta para ficar melhor de nadar e acelerando
ainda mais meus passos, para ultrapassar a correnteza que está a carregando. E no segundo que
consigo isso, meu corpo já está se jogando dentro da água, comigo sentindo frio, como um
inferno me congelando inteiro. Meus braços se abrem e a intercepto, a puxando para mim e
colando-a contra meu peito, a fazendo submergir quando engancho meu braço em sua cintura.
— Peguei você, peguei você, dona! — falo alto, e seus dedos se prendem em meu
pescoço, com ela se agarrando forte a mim.
Agarro por baixo do seu rabo, a mantendo colada ao meu corpo, e giro na água, ao passo
que a correnteza nos puxa. Ouço o som do relincho do cavalo, que galopa veloz na beirada do
rio, com Otis gritando e instigando o animal a correr mais depressa, para nos alcançar.
— SEGURA A CORDA, DEACON! — ele berra, rodando o laço no ar, o jogando em
minha direção.
Tenho apenas uma fração de segundo para segurar, antes da correnteza nos levar para
uma queda d’água alguns metros à frente.
— Não me solta, ouviu?! Não me solta! — O pequeno corpo se agarra mais forte a mim,
se tremendo inteiro, com a maldita água gelada do rio congelando até nossos ossos, de tão fria
que está.
Otis nos puxa, fazendo o cavalo trotar para trás, nos arrastando para fora do rio. Inalo
rápido, com meu coração batendo em disparada. Me agarro à borda do rio e subo com ela,
empurrando sua cintura para cima.
— Pronto, pronto... — Seguro sua face fria e vejo seus lábios roxos tremerem de frio. —
Está segura, pequena loba. Olha para mim... olha para mim, pequena!
Ela treme, com seu corpo encolhido todo endurecido, e fico de joelhos ao seu lado, a
puxando para mim e a erguendo nos braços.
— O que diabos essa mulher foi fazer nesse rio? — Otis para com o cavalo perto de nós,
ao passo que caminho na direção dele, todo molhado, a prendendo forte em meus braços.
— Ela caiu. Anda, sai do cavalo! — ordeno, tendo ele rapidamente me obedecendo,
desmontando do animal.
A ergo e a levo para a sela. Vejo-a se encolher, com o corpo todo frio, mal conseguindo
abrir os olhos. Monto atrás dela, a prendendo forte contra meu peito.
— Manda Clay levar a mala dela para minha barraca, junto com minha bolsa! — Não
olho para trás quando dou a ordem para Otis, apenas atiço o cavalo a galopar o mais rápido que
pode, prendendo-a pela cintura. — Fica comigo, pequena loba... Fica comigo, não fecha a porra
dos olhos!
Sua cabeça tomba para trás e ela se apoia em meu peito, tendo seus braços unidos à frente
do corpo, trêmulos, assim como seus lábios. Mas é no sangue escorrendo em sua testa que meus
olhos param, o que faz meu coração disparar ainda mais, a ponto de sentir como se tivesse
levado um tiro.
— Merda, merda! — Bato meus calcanhares no estômago do cavalo, o fazendo correr o
dobro, parando apenas quando chego perto da barraca.
Desço e a puxo para meus braços, indo para a barraca e me ajoelhando, abrindo o zíper e
a empurrando para dentro. Salto de um pé a outro, ao passo que arranco a porcaria das botas e
me desfaço delas o mais rápido que posso, assim como da minha camisa. Entro às pressas na
barraca e a pego novamente, a fazendo ficar perto de mim, jogando seu cabelo para o lado,
tentando achar a porcaria do zíper do vestido. Sinto a raiva me pegar, assim como o medo,
quando não o encontro. Preciso tirar essa porcaria de roupa molhada o mais ligeiro possível do
corpo dela.
Levo a mão à minha panturrilha esquerda e ergo minha calça, pegando minha faca de
caça, que estava presa no suporte. A rodo em meus dedos e corto a porra do pano. Assim que
consigo, a solto, usando minhas próprias mãos para rasgar o resto, a libertando do tecido. Puxo a
manta, que está no canto da barraca, e jogo por cima dela, esfregando forte seus braços, para
tentar lhe aquecer. Lhe movo, com meus braços a pegando no colo e a deixando de frente para
mim quando a sento em minhas pernas, passando minha mão em seus cabelos e vendo o corte em
sua testa, com o sangue escorrendo dele.
— Droga!
Me amaldiçoo, me culpando por ter tirado meus olhos dela, por tê-la feito ir pegar
gravetos quando eu mesmo podia ter feito aquilo. Quase a perdi. Um segundo a mais e a
correnteza a teria arrastado para longe, e eu nunca mais a veria. Quando encontrasse seu corpo,
seria a mais de quinze quilômetros daqui, boiando em alguma pradaria. Puxo o que sobrou da
manga do seu vestido, o usando para limpar sua testa, ao passo que ela treme da cabeça aos pés.
— Pa... li... to... — ela murmura, com os dentes batendo e com seus lábios roxos, e eu
limpo seu machucado, tentando o estancar. — Pa... li... to...
O som baixo da sua risada sai por sua boca, e ela me olha com seus grandes olhos negros
brilhantes, sorrindo, com seus dentes parecendo uma sinfonia, de tanto que batem um no outro.
— A porra de um palito... — ela cochicha, rindo, fechando seus olhos e se encolhendo
em minhas pernas.
Não entendo o que diabos essa mulher pode achar engraçado nesse momento.
Suas mãos se esticam, saindo de dentro da manta, enquanto ela ri mais alto. Meus olhos
se abaixam, confusos, para seus dedos, que se abrem devagarinho, mostrando o fino galho
pequeno, como um palito, em sua mão.
— Eu não soltei o palito, cowboy...
Ela ri mais, tendo o som da sua risada inundando a barraca, enquanto me perco em seus
olhos negros arteiros, que se abrem para mim de forma branda.
Eu estava errado. Se achei que ela tinha me levado ao chão da arena dentro daquele
quarto com meu chapéu, ou quando montou Metálica feito uma amazona, percebo agora que ela
me acertou com um tiro seco, forte e preciso, me pegando em cheio no peito, ao sorrir para mim
como um filhote de loba arteira. Mesmo estando tremendo de frio, ela me provoca, não perdendo
seu espírito selvagem, e isso faz meu coração disparar, como se pela primeira vez na vida ele
realmente estivesse vivo.
— Você é uma encrenca! — murmuro mais para mim do que para ela, sabendo que tinha
sido desarmado por uma pequena loba feiticeira. — Uma encrenca das grandes, pequena loba!
Minha mão em sua testa escorrega para seus cabelos e os esmago em meus dedos, a
puxando para mim, chocando minha boca na sua, tendo ela suspirando baixinho, ao passo que
seus dedos se agarram ao meu peito, com suas unhas me cravando, fazendo a pele arder.
A beijo mais forte, com um desejo incontrolável, como uma química selvagem que me
prende a ela. Trago-a mais para mim, com meu outro braço se infiltrando dentro da manta,
colando-a ao meu peito. Seus braços se esticam sobre meu ombro e enlaçam meu pescoço, nos
abrigando embaixo da manta, enquanto ronrona baixinho entre gemidos e suspiros, se entregando
ao beijo.
— Deacon! Deaconnn! — A voz alta de Clay gritando do lado de fora a faz se afastar.
Seus olhos se entreabrem e ficam presos aos meus, perdendo o brilho arteiro.
Rapidamente, ela vai para o canto da barraca, com seus joelhos se flexionando e escondendo a
face entre eles, se agarrando à manta e cobrindo-se inteira.
CAPÍTULO 09
Potro manso
DEACON TRINIX
— Meu pai sempre dizia que se não consegue dormir por conta do ronco de um homem, é
porque não está cansado o bastante. — Não desvio meus olhos das labaredas estalando na
fogueira quando o som baixo da voz de Otis se faz, com ele se aproximando de mim. — Acho
que aquele velho desgraçado não conhecia Clay direito, porque nunca vi um filho da puta tão
barulhento como ele.
Ergo meu rosto para ele, o vendo rir e sentar no tronco tombado perto da fogueira,
abrindo sua jaqueta e retirando uma garrafa de uísque.
— Achei que iria querer. — Ele a joga para mim, e estico meu braço, a pegando no ar. —
Como ela está?
Abaixo meu rosto, abrindo com cuidado a garrafa, com meu peito se estufando de ar, o
qual puxo para meus pulmões com força.
— Está dormindo — falo baixo e levo a bebida aos meus lábios, sentindo o uísque
queimar minha garganta. — Já cometi muitos erros na minha vida, mas esse foi o pior deles,
Otis. Deixá-la vir para a colina foi um erro...
— Você salvou a vida dela, Deac. — Nego com a cabeça quando ele fala firme.
— Não precisaria ter que salvar a vida dela, se tivesse a tirado de cima daquele maldito
cavalo e a mandado embora, a deixando saber que já tinha conversado com o chefe. — Repuxo
meus lábios, endireitando minhas costas na sela de Penhasco, no qual estou escorado, sentado no
chão. — Um segundo a mais dentro daquele rio, sendo arrastada pelas correntezas, e eu teria a
perdido. Por causa de uma maldita fogueira, que eu mesmo podia ter pegado os gravetos — falo
a verdade, tendo consciência do meu erro.
Giro meu rosto na direção da barraca, onde Kaice está dormindo, e lembro dela encolhida
ao canto quanto retornei, depois de pegar sua mala com Clay, para ela poder vestir uma roupa
seca. Ela estava fria, com o corpo imóvel e o rosto escondido ainda em seus joelhos. No segundo
que toquei em seu ombro, sua cabeça tombou devagar para o lado, com os olhos fechados, e a
segurei em meus braços, deitando-a em cima do colchonete e a arrumando. Parei meus olhos na
pequena fenda aberta em sua testa, com o sangue seco, antes de retirar as peças íntimas
molhadas, para a cobrir apenas com a manta e não correr o risco de ficar doente.
Meus olhos vagaram pelo delicado corpo feminino, o qual tinha me arrastado para a
arena mais selvagem da minha vida na noite passada, sendo vibrante, quente e cheio de vida, mas
que agora está frio, com ralados em seus punhos, assim como em seus joelhos, por conta das
pedras no fundo do rio. Todavia, foi na parte interna das suas coxas que minha atenção ficou
vidrada, já que estavam vermelhas, assadas, por causa da sela. Não preciso ser um gênio para
compreender que seus machucados são o resultado da cavalgada de mais de seis horas usando
um vestido em cima de Metálica, subindo a colina. Me amaldiçoei baixo ao sair da barraca e ir
até minha bolsa, para pegar a pequena maleta de primeiros socorros que carregava comigo.
Cuidei do ferimento da sua cabeça antes de cobri-la de novo, e depois saí da barraca, para
acender a porra da fogueira, a qual eu devia ter acendido desde o começo.
— Amanhã, assim que o sol nascer, ordene Clay a usar o celular de satélite e passar nossa
localização para Dimi. — Entorno mais um gole de bebida, fechando a garrafa antes de a jogar
para Otis, que a pega com as duas mãos. — Mande-o vir buscá-la.
— Vai mandá-la para o rancho do pasto nove? — pergunta baixo, batendo a garrafa na
palma da sua mão.
— Não. — Paro meu olhar na fogueira, negando com a cabeça. — Vou mandá-la para
casa.
— Mas, se fizer isso, pode perder a chance de conseguir salvar as terras...
— Já perdi essa chance, Otis — falo firme, o encarando, tendo consciência disso. Ao fim,
ela apenas me disse o que eu lutava para não aceitar. — Já perdi essa chance.
Rio sem um pingo de felicidade, inalando fundo e erguendo meu rosto, o deixando parar
ao longe, na clareira, na direção do pasto que o rebanho está.
— Puta merda, essa porcaria de terra está há cinco gerações na família Trinix, e vai ser
justamente na minha mão que vai acabar! — Cruzo meus braços, sentindo o inferno me
condenando.
— Sei que não é o que quer, mas pode vender uma parte para aqueles idiotas de Nova
York. — Repuxo meu nariz, não querendo ouvir isso, e muito menos disposto a deixar aqueles
filhos da puta de terno pegarem um palmo de terra minha que seja.
— Perco minhas terras para o Estado quando não conseguir mais pagar os impostos, mas
não vendo um pedaço que seja para abrir uma cova para aqueles desgraçados — rosno baixo,
encarando as labaredas estalando. — Pode ir, Otis, e passe minha ordem para Clay.
Escuto o som baixo da respiração pesada dele ao se levantar, se afastando da fogueira e
indo em direção ao acampamento dos vaqueiros. Deixo meus olhos se perderem por minha terra,
sabendo que por mais que lute, no fim, acabarei perdendo mais de 508.000 acres, que já estão há
cinco gerações na minha família, uma vez que não poderei fazer mais nada para salvar o Green
Valley, porque minha única esperança tinha sido fodida dentro daquele quarto de hotel, tanto
quanto ela me fodeu, acabando com meu autocontrole.
Movo meus olhos para a barraca e suspiro fundo.
— Merda, Deacon! Que merda! — Fecho meus olhos e abaixo meu chapéu.
Endireito-me no chão aos poucos, sentando e movimentando meus ombros ao me
espreguiçar, arrumando o chapéu em minha cabeça. Encaro a alvorada, que logo trará o
amanhecer do dia. Minha face gira na direção da barraca e a vejo aberta, o que me deixa em
alerta na mesma hora. Já estou de pé rapidamente, caminhando para lá e me agachando.
— Senhorita Blood... — a chamo, piscando rápido, com minha boca se repuxando para o
lado assim que percebo que o interior encontra-se vazio.
Meu corpo se endireita e os músculos estão tensos. Na mesma hora, olho para os lados,
caçando por ela, e fixo minha atenção nas barracas dos vaqueiros ao longe, vendo apenas Clay de
pé, perto da carroça, com o imenso bule de ferro na mão. Esfrego meu rosto e vou até lá,
enquanto olho em volta, caçando a pequena loba.
— Bom dia, patrão! — Clay me cumprimenta. — O café já está pronto.
Ele estica uma caneca de alumínio para mim, me servindo, ao passo que estudo as
barracas, observando alguns vaqueiros saindo dos locais, prontos para começar mais um dia de
trabalho. No rancho, o dia de um peão começa antes do sol nascer, muito antes do galo cantar.
— Viu a senhorita Blood? — pergunto a Clay, retornando minha face para ele.
Ele move sua cabeça em um gesto lento para a esquerda, atrás de mim, o que me faz
virar. Meus olhos focam na pequena mulher com a manta enrolada em seu corpo, tendo as longas
crinas negras soltas em suas costas, descalça. Ela alisa a cabeça de Metálica, que está solto da
corda que usei para o prender na árvore.
— Acordei às 4h50 com os relinchos de Metálica — Clay murmura perto de mim. —
Quando saí da barraca, para ver o que estava o incomodando, a avistei caminhando na direção
dele, que se acalmou na mesma hora que ela se aproximou.
Não desvio meus olhos dela, mal consigo respirar ao vê-la ali, acariciando a cabeça dele
entre as orelhas, que relincha, batendo sua cauda de um lado ao outro, junto com os cascos
dianteiros no chão.
— Trabalho há trinta e oito anos nesse rancho, e nunca vi um cavalo mais desgraçado de
ruim que esse em toda minha vida. — Clay ri, negando com a cabeça. — E agora ele parece um
potro trotando perto dela.
— É, parece — sussurro, não tendo como não ver o Mustang selvagem completamente
manso, relinchando a cada afago que recebe. — Coloca esses filhos da puta para trabalharem,
temos um rebanho para cuidar.
— Bora, princesas! O dia começou já faz tempo, tomem logo o café e desmontem esse
acampamento para seguirmos viagem!
Afasto-me de Clay, andando lento na direção dela, me distanciando do acampamento,
segurando firme a xícara. Inalo fundo e passo meus olhos por ela, observando seus pés descalços
na grama, enquanto se alavanca, ficando na pontinha dos pés quando Metálica empurra seu
focinho para a testa dela e a lambe. O som da risada é suave, tendo ele sendo um garanhão filho
da puta sortudo quando ela o presenteia com um sorriso iluminado.
CAPÍTULO 10
Planícies selvagens
DEACON TRINIX
Ele olha para mim, batendo seus cascos no chão e relinchando alto, e ela se vira devagar,
girando o rosto, com o sorriso se desfazendo, assim como seus pés se abaixando.
— Ele estava agitado por conta de alguns esquilos na árvore... — ela fala baixo, me
olhando. — Espero que não se importe de eu ter o deixado solto.
— Nem um pouco. — Nego com a cabeça, me aproximando. — Trouxe café.
Estico a xícara para ela, a vendo arregalar seus olhos, com sua atenção ficando presa no
objeto, enquanto o olha animada. Afasta-se de Metálica, com seu braço se esticando para mim.
— Oh, agora sim, eu consigo começar meu dia! — Ela prende seus dedos com cuidado
no metal, assoprando antes de beber e soltando um baixo gemido logo após. — Isso sim é café!
— ela suspira, sorrindo de ladinho e olhando a xícara, antes de erguer sua cabeça para mim e me
destinar um delicado sorriso.
E, por Deus, estou a um passo de relinchar, com minhas botas acertando o chão, como
Metálica fez, compreendendo exatamente o que o faz ficar como um potro perto dela, ao ter esse
olhar brilhante de feiticeira focado no meu.
— Obrigada, cowboy! — Inalo fundo, levando minha mão ao chapéu e batendo no
objeto, movendo a cabeça em positivo para ela.
Seu corpo se vira, e meus olhos ficam presos na traseira dela ao caminhar, que parece as
ancas largas de uma égua puro-sangue, junto com sua crina negra, brilhosa e comprida, que me
hipnotiza de uma forma sem controle desde o momento que fiquei a olhando andar para fora
daquele bar.
— Ê, diabo! — murmuro, levando meus dedos ao cós da calça e girando meu rosto para o
lado no segundo que meu pau pulsa dentro da calça.
O relincho alto de Metálica me faz olhá-lo, e o vejo me encarar, com suas orelhas
erguidas, enquanto bate os cascos dianteiros no chão.
— Fica animado, não — rosno para ele. — Porque essa égua selvagem não é para nós
dois.
Passo por ele, caminhando na direção dela e a vendo sentada na pedra, enquanto observa
ao longe os picos das montanhas cobertas de neve, que recebe os primeiros raios de sol. Ela
suspira baixo e toma o café, encarando a xícara em silêncio, não virando o rosto para mim
quando paro ao seu lado, fitando o curativo em sua testa.
— Eu estou bem, cowboy! — murmura. — Já a pedra, garanto que não pode dizer a
mesma coisa.
Ela gira o rosto na minha direção, sorrindo e me fazendo rir com sua piada, enquanto
nego com a cabeça e cruzo meus braços, não conseguindo compreender essa estranha mulher.
— Tenho certeza de que a pedra deve estar arrependida de arrumar briga com alguém tão
cabeça-dura, dona. — Perco meus olhos na montanha, ouvindo sua risada.
— Não duvide nem por um segundo disso, cowboy! — ela suspira, ficando em silêncio
em seguida e abaixando a xícara de café para sua perna. — Entendo por que o dono desse rancho
deseja tanto salvar isso aqui.
Meu rosto se vira na mesma hora para ela, que está perdida, olhando o nascer do sol com
um sorriso de lado, o admirando.
— Entende? — pergunto sério, descruzando meus braços, coçando minha nuca antes de
tirar meu chapéu e o bater na lateral da minha perna.
— Sim, é lindo! — Ela gira sua face para mim. — Green Valley é o lugar mais lindo que
já vi, e esse nascer de sol apenas me faz imaginar que se Deus escolheu um lugar para descansar
no sétimo dia, com toda certeza, foi bem aqui, admirando a beleza que Ele criou.
Eu já vi muitos nasceres do sol em minhas terras, assim como pores de sol, mas posso
garantir que esse foi o primeiro que me fez prender o fôlego, e não foi por causa das montanhas,
que têm seus picos iluminados pelos raios de sol, mas sim por conta da beleza negra selvagem
que me olha, sentada na pedra, enrolada em minha manta, o que faz meu coração disparar tão
forte, como se fosse um estouro de gado trotando em meu peito com tanta força, que preciso me
controlar para não a segurar em meus braços e sentir a doçura que é beijar sua boca.
— É... — murmuro para ela, desviando meus olhos dos seus e voltando a encarar as
montanhas, pigarreando.
Eu não sei em que diabo de laço essa mulher me prendeu, mas é como se tudo nela me
puxasse para ela, como se eu a desejasse com uma urgência que nunca desejei tanto algo em
minha vida.
— Meu pai... — Pisco, confuso, olhando para ela quando sua voz é baixa, o que me faz
fitá-la e enxergar seus olhos perdidos nas montanhas. — Meu pai me ensinou a montar, ele era
competidor de sela americana.
A olho sério, compreendendo agora por que ela montou Metálica como uma amazona,
porque foi ensinada por um peão de rodeio. Um peão de rodeio de sela americana é experiente,
mas completamente louco, já que encarar uma competição dessas exige muito equilíbrio e
concentração. A prática da sela americana é considerada por muitos como uma das mais difíceis
que existe, o cara tem que ser muito louco ou sem amor algum à vida para encarar oito segundos
em cima de um cavalo, sem sela, sem estribos, apenas no pelo, segurando com uma mão só uma
corda que fica conectada ao cabresto do animal. O peão fica praticamente deitado no lombo do
cavalo arisco, que pula indomável no meio da arena. Tinha visto em muitos rodeios, e é a coisa
mais linda de se ver, mas também a mais insana, o que explica um pouco do gênio selvagem
dela.
— Ele te ensinou muito bem. Apesar que não te aconselho a montar de novo de vestido...
— digo baixo, sentando perto dela, a vendo abaixar a cabeça e ri baixinho.
— É, com toda certeza, não devo, cowboy... — Ela ergue o rosto para mim e sorri, com
seus cabelos caindo por seus ombros. — Cavalgar dois garanhões quase no mesmo dia está
riscado da minha lista para sempre.
Puxo o ar, com meu peito se expandindo, não conseguindo segurar o desejo da minha
mão em tocá-la. Meus dedos alisam a mecha negra e macia do seu cabelo, a empurrando para
trás da sua orelha. Quero dizer a ela que eu cortaria uma parte do meu corpo se ela me pedisse,
para a ter cavalgando para sempre em mim, se essa fosse a vontade dela.
— Olha, eu sei que começamos errado... — Ela pigarreia, se afastando e dando um
sorriso nervoso quando gira o rosto para frente. — Juro que nunca fui para a cama com ninguém
relacionado a algum trabalho que eu esteja envolvida, e que realmente não tomo decisões
baseada em emoções. O que fizemos não influenciou e nem vai influenciar em nada no meu
trabalho, e muito menos no seu. Se acha que vou contar ao seu patrão, saiba que não, que nunca
faria algo assim...
— Kaice! — a corto, lhe chamando, para acabar logo com essa confusão dela em pensar
que eu sou apenas um peão, já que, na verdade, eu sou o patrão. — Eu sou o...
— Juro que se pudesse, ficaria mais um dia bem aqui, sentada nessa pedra, apenas para
ver novamente esse nascer do sol nas montanhas. — Suas palavras saem baixas e ela sorri, me
fazendo calar e olhar para frente, vendo a montanha toda iluminada com os raios de sol que
descem por ela e já começam a tocar o rio. — Tem uma sorte e tanto, cowboy, em trabalhar aqui.
Sua face gira para mim, o que me leva a engolir as palavras, ficando perdido em seu
olhar, no travesso olhar igual ao de ontem, como de um pequeno filhote de lobo, selvagem e
dócil ao mesmo tempo.
— Bom, obrigada por ontem, cowboy. — Ela se levanta, esticando a xícara para mim. —
E por esse café também, visto que deve ser o líquido mais quente que chegarei perto hoje,
porque, fodidamente, não entro naquele rio para tomar banho...
Sua risada é alta, com ela repuxando seu nariz e negando com a cabeça, batendo sua mão
em meu ombro de forma espontânea, o que me leva a girar a cabeça, tendo meus olhos se
perdendo nos dedos finos acariciando meu braço. A corrente sanguínea do meu corpo dispara,
como se um raio tivesse me atingido, me eletrocutado inteiro. E, por um segundo, realmente
acho que estou prestes a relinchar como Metálica.
Retorno meu rosto para ela e a vejo com seus lábios carnudos esmagados e seus olhos de
loba brilhando como uma estrela, enquanto observa meu braço, onde seus dedos se abrem e se
fecham descaradamente, sentindo meus músculos. Seus olhos retornam para os meus e piscam
rapidamente, e ela recolhe sua mão, pigarreando e dando um riso nervoso.
— E-eu... eu devo ir me vestir agora... — Ela se afasta ainda mais, batendo suas mãos
uma na outra e me dando as costas feito um tornado, me acertando precisamente no rosto com
sua crina macia e cheirosa, que me arranca um rosnado baixo, me obrigando a usar de todo
autocontrole que possuo para não a agarrar pelo cabelo e a jogar em minhas pernas, para matar a
vontade dos infernos que estou de sentir seu sabor. — Antes de Clay vir gritar comigo também.
Ela ri e balança sua cabeça, andando mais apressada, se afastando e me largando sentado,
segurando a porcaria da xícara, que comprimo forte em meus dedos. Meu corpo inteiro queima,
com a pele abaixo da jaqueta, onde seus dedos tocaram, vibrando, me deixando como um jovem
potro encantado, com os olhos presos na porrada sensual que é aquela traseira feminina indo em
direção à barraca. Metálica relincha, ganhando um último cafuné dela entre suas orelhas, o que
me faz sentir uma inveja dos infernos do sortudo Mustang.
— Os meninos já estão prontos, as barracas foram desmontadas e podemos seguir viagem
assim que ordenar. — Giro minha face para a esquerda quando Otis para perto de mim, com sua
cabeça abaixada, encarando a grama, não olhando para frente, na direção que Kaice está indo. —
Clay vai ficar para trás junto com ela, até Dimi chegar. Ele vai aterrissar na campina, para a levar
de volta para a cidade...
Miro Otis, e minha respiração fica mais pesada, ao passo que levanto, não o respondendo,
olhando para as montanhas, arrancando o chapéu da minha cabeça. O ar entra em meus pulmões
como fogo, um fogo infernal sem controle, tão inconsequente quanto o que me fez sair da
porcaria daquele banco do bar e ir atrás dela.
— Vamos ficar mais um dia aqui — falo firme para Otis, me virando e andando pela
grama, rumo à carroça, para pegar o celular via satélite com Clay.
— O quê? Como assim mais um dia aqui? — Otis corre atrás de mim, falando apressado.
— Não podemos ficar, o gado tem que ser marcado...
— Acenda a fogueira e coloque os ferros para esquentar. — Retiro o chapéu da cabeça, o
rodando na minha mão, enquanto caço por Clay, que não está perto da carroça.
— Como assim aqui... O certo é no pasto nove, onde tem os barracões dos peões. Para
marcar essas cabeças de gado, vai muito mais que um dia, e não tenho mais idade para ficar
dormindo escorado em sela...
— Desde quando ficou tão molenga, Otis? — Rio, negando com a cabeça, parando perto
da carroça e deixando a xícara no cantinho dentro dela. — Me lembro da época que dormia no
pasto junto com as vacas, enquanto eu mantinha os lobos afastados. Clay... Clay, me dá o
celular...
— Olha... — Otis entra na minha frente, com seus dedos indicadores erguidos. — Isso foi
vinte anos atrás. Mas o problema aqui não é o fato de marcar o gado no meio dessa colina, como
os pioneiros faziam, mas sim que tenho por mim que esse não é o real motivo que o faz querer
fazer isso.
Paro minhas mãos na cintura, o fitando, vendo sua sobrancelha se arquear, ao passo que
inala fundo.
— Me diz que não vai fazer eu dormir na porra do chão por causa daquela mulher da
cidade! — Ele abaixa sua mão, arrancando seu chapéu e passando os dedos em seus cabelos. —
Sou peão, não cego, Deac, e posso ver a forma como teus olhos brilham feito touro quando a
encara, da mesma forma que vi os dela para você. Essa mulher é encrenca, Deac, que nem
tempestade no verão arrancando as cercas do pasto, como um tornado...
— Esse tornado pode salvar Green Valley — digo sério, o encarando. — Vou mostrar a
ela que minhas terras valem ser salvas, apenas preciso a deixar um pouco mais aqui.
Levo o chapéu à minha cabeça, o arrumando, não dando brecha para esse assunto, e
muito menos dizendo a ele que sei que diz a verdade, que Kaice é um tornado selvagem, tão
indomável quanto uma égua, e que ela já tinha arrancado qualquer cerca que pudesse ter em
minha mente, a invadindo com tanta força, a ponto de me fazer tomar essa decisão de ficar aqui
apenas para ver sua face irradiando enquanto observa o nascer do sol.
— E como diabos pretende a fazer ficar? Ela quer ir logo para o rancho, para poder ir
embora. — Ele inala fundo, esmagando o chapéu em sua mão. — Não tem como a prender aqui,
se não a levar para ir falar com o chefe... — ele rosna, apontando para meu peito. — Se não a
levar, ela vai obrigar Clay a tirar de carroça daqui...
Pisco rápido, parando meus olhos na carroça, enquanto fisgo o canto da boca. Olho em
volta e vejo os vaqueiros já no pasto, perto dos gados, trotando e puxando alguns fujões a laço
para perto do grupo novamente.
— Quebre — digo baixo, dando um sorriso, retornando a encarar Otis.
— O quê? — Ele pisca, confuso, sem entender. — Como assim quebrar? O que vai
quebrar...
— Eu não, parceiro, você! — Movo meu rosto na direção da carroça, o fazendo virar e a
encarar, compreendendo o que digo. — Quebre essa roda e mande Clay retornar para o rancho
principal, para buscar material para a consertar. E, por Deus, me manda esse filho da puta me
aparecer apenas amanhã aqui!
Otis solta um longo suspiro, e eu rio, decidido a deixar o pequeno tornado preso mais um
pouco no meio da colina.
— Isso vai ser um inferno. — Otis me olha ainda incerto, se aproximando da carroça e
retirando uma marreta de dentro dela. — Ela vai roubar algum cavalo na primeira chance que
tiver...
— Quanto a isso, não se preocupe. — Bato em seu ombro, me afastando dele. — Se tem
algo que conheço dessa aí, é que não foge de uma boa briga, e vou mantê-la bastante ocupada.
Paro na frente da carroça e vejo a mochila de Clay. A pego, retirando o celular de satélite
de dentro dela. Disco para Dimi, enquanto vejo Otis erguer a marreta quando se posiciona perto
da roda traseira da carroça.
— Chefe, já estou ligando a nave... — A voz de Dimi sai rindo do outro lado.
— Pois então desligue, não vou precisar mais — o corto. — Pode ficar. Obrigado, Dimi.
Me despeço dele, encerrando rápido a ligação, no segundo que o estrondo se faz alto,
tendo a carroça pesando para a esquerda quando a roda é quebrada.
— Eu juro por Deus que espero que saiba o que está fazendo! — Otis olha para mim,
jogando a marreta na carroça. — Porque agora não tem mais volta.
— Não, não tem! — Giro meu rosto na direção das árvores, onde minha barraca está.
— Porque estou com um pressentimento ruim... — Otis fala baixo, me fazendo rir, ao
passo que guardo o celular na mochila de Clay, a jogando na carroça de novo. — É uma péssima
ideia querer domar um tornado, Deac.
Meus olhos param no par de botas surradas reservas de Clay, e nunca fiquei tão feliz por
aquele velho cretino ser tão pequeno. As pego, erguendo meu rosto para Otis, piscando para ele
ao caminhar.
— Não pretendo domar um tornado, Otis. — Nego com a cabeça, indo em direção a
Metálica. — Mas sim o deixar ainda mais selvagem, percorrendo essas planícies.
— Isso é a porra de uma má ideia! — Otis grita atrás de mim, e rio, concordando com
ele, mas nem um pouco inclinado a voltar atrás da minha decisão.
— É, eu sei! — Olho para minha barraca, estalando o canto da boca. — Pode apostar que
sei.
CAPÍTULO 11
O tronado
KAICE BLOOD
— Droga...
Fisgo o canto da boca e fecho minha mala depois de me vestir, caminhando agachada na
direção da saída, sentindo minhas coxas arderem a cada fricção que uma dá na outra. Jogo meus
cabelos para trás e saio da barraca, gemendo baixinho, com meu cenho retraído. Levanto e passo
meus dedos no vestido, endireitando o cinto que faz parte da peça.
Uma olhada para a esquerda, perto da fogueira, e vejo minhas sandálias do lado de fora,
encostadas em um tronco deitado na terra. Ando para lá e me agacho para as pegar, mas o som
alto do relincho me faz olhar por cima do ombro e encontrar o garanhão sério me encarando. E
quando digo garanhão, não me refiro ao quadrúpede em tom de caramelo de longa crina branca,
mas sim ao garanhão de chapéu, que está montado em cima dele, com os olhos verdes presos em
minha traseira e seus dedos esmagados nas rédeas do cabresto, enquanto fisga o canto da boca.
— Sei que deve ser arrasador ter que aceitar que nunca mais vai brincar nesse parquinho,
mas aconselho a lidar logo com isso — falo para ele, retornando meu rosto para frente e
esticando meu braço para as sandálias, as pegando e me endireitando, rindo ao virar. — Está
começando a parecer um cachorro tarado...
Calo-me, piscando confusa, não o vendo mais lá. Olho em volta e estalo o canto da boca,
sem entender para onde ele foi. O casco do cavalo batendo atrás de mim me faz girar assustada, e
recebo uma bufada quente dele em minha face.
— Já fui chamado de muita coisa nessa vida, mas cachorro é a primeira vez. — Ele se
inclina sobre a sela, apoiando o braço nela, me fazendo sentir minha pele queimar com a forma
que seus olhos passam por mim, de cima a baixo. — Mas acho que o termo é apropriado, visto
que andei me atracando com uma loba no cio...
Minha boca se esmaga e vejo seu olhar verde escurecer, tendo um sorriso diabólico no
canto da boca ao encarar meus peitos descaradamente, enquanto trota o animal para o meu lado,
mantendo seus olhos em mim. Meu rosto se abaixa e sei o que chamou sua atenção assim que
encontro os bicos dos meus seios eretos, apontando no vestido.
— Ora, seu abusado... — Ergo meu rosto, lhe dando as costas, pronta para lhe mandar se
foder. — Ohhh... — grito quando meus pés são tirados do chão, com meu corpo sendo
alavancado pelo cinto do meu vestido, feito um saco de algodão, sem um pingo de respeito, e
comigo sendo depositada de barriga para baixo na sela à sua frente. — O que pensa que está
fazendo, seu bronco... — rosno, tentando tirar a bagunça dos meus cabelos da frente do meu
rosto, movendo minhas pernas, com minha cara praticamente colada ao pelo do cavalo. — Me
coloca na porcaria do chão agora, cowboy, ou juro que vou chutar suas bolas tão forte, que elas
vão parar em sua orelha, seu cretino de merda...
— Uma hora vou ser obrigado a lavar essa sua boca, dona! — Ele me prensa ao animal,
mantendo uma mão apoiada em minhas costas, trotando com o cavalo, me fazendo sacudir a
cada galope. — Para uma dama, sua boca é muito suja...
— Suja vai ficar sua cara quando eu a enfiar em um monte de merda, seu filho da puta!
Me tira da porra desse cavalo! — grunho, tentando lhe chutar, mas meu corpo escorrega pela
sela, o que me faz gritar, já que fico morrendo de medo de cair. — Ohhh...
O puxão em meu cabelo me faz gritar o dobro quando ele prende seus dedos, me trazendo
para cima novamente, e congelo inteira, com meu rosto girando para o imenso cretino quando
minha bunda arde ao receber uma palmada da sua mão gigante.
— Se não parar de espernear que nem um bezerro, vou te amarrar inteira, pequena loba!
— Sua boca está esmagada, com ele estalando seus lábios. — Agora, se comporte.
— Cretino, miserável de merda... Ohh, meu Deus... — Silencio-me, me agarrando à sua
perna feito um carrapato quando ele instiga o cavalo a galopar.
Chacoalho inteira, como se fosse a porra de um milk-shake dentro de um liquidificador.
Os dedos em meus cabelos diminuem a pressão, os soltando e indo para meu rabo, esmagando
sua mão no cinto do vestido e me mantendo presa. Meus olhos se comprimem e meu estômago
embrulha, enquanto vejo tudo de ponta-cabeça. Minhas pernas se debatem e o vento acerta a
popa da minha bunda, e juro por minha alma que vou socar esse grande filho da mãe no segundo
que ele me colocar no chão.
— Me... me coloca no chão, cowboy... — berro, abraçando mais forte sua perna, sentindo
seu jeans raspar em minha bochecha, não acreditando que estou em uma posição dessa. —
Cowboyyy...
O galope do animal diminui, e sinto meu coração disparar tanto quanto o do cavalo.
Estou como a porra de uma boneca de pano sendo girada em segundos pelo par de braços que me
puxa para cima, me endireitando, me sentando no lombo do cavalo de lado, ao passo que tudo
gira ao meu redor, pela tontura que me tomou ao ficar de ponta-cabeça.
— Filho da puta... — balbucio, me agarrando à sua jaqueta, com meu rosto se
escondendo em seu ombro, não gostando nada dessa experiência de ser carregada de ponta-
cabeça como um bezerro.
— Não foi tão ruim assim. — Escuto sua risada alta, e seu braço passa por minha cintura.
Ele se arruma na sela, segurando firme as rédeas.
— Assim que essa maldita tontura passar, vou te mostrar o quão ruim foi... — grunho
baixo, odiando a forma como estou precisando me agarrar mais a ele, para conseguir me manter
firme em cima do cavalo.
O riso baixo escapa da sua boca e seu queixo se apoia no topo da minha cabeça, com seu
outro braço esmagando minha cintura, tendo sua mão espalmada firme na minha coxa, de uma
forma tão íntima que faz meu estômago se retrair, assim como minha pele arrepiar. Meus olhos
se abrem lentos, ao som do mugido, e encaro o imenso gado com pelagem marrom, gordo,
pastando junto com os outros, enquanto o cavalo trota de mansinho por entre eles.
Mordisco meus lábios e noto os olhares de alguns peões em nossa direção. A mão de
Deacon me segura mais firme, me mantendo junta a ele, e escorrega seus dedos para a lateral do
meu vestido, ficando rente entre o tecido e minha pele.
— Não acho que seria bom eu chegar montada no rancho do seu patrão em sua sela,
cowboy — falo séria, refletindo sobre isso, notando a forma como mais olhares curiosos ficam
presos em nós.
— Não me diga que está com medo das línguas dos peões, pequena loba. — Ele ri,
inalando fundo, com a ponta do seu nariz se esfregando em meus cabelos. — Pensei que não
fugia de uma briga...
— E não fujo. — Esmago minhas pernas, odiando a forma como meu corpo está reagindo
tão forte ao estar junto do dele dessa forma. — E pouco me importo com o que digam, apenas
não quero que você entre em encrenca com seu chefe, achando que influenciou em alguma coisa
minha vinda até aqui...
Ergo meu rosto aos poucos, o fazendo tirar o queixo da minha cabeça, encontrando seus
olhos verdes presos aos meus, com seu pescoço levemente inclinado para trás.
— Ele não vai. — Ele pisca para mim, e tem uma suavidade em seus olhos, a qual faz eu
me sentir malditamente balançada, como nunca nenhum homem conseguiu me fazer sentir.
O hálito quente com aroma de café vindo da sua boca, misturado ao odor do seu suor
masculino, me causa um borbulho de euforia tão inconsequente quanto o disparar do meu
coração, não me deixando compreender por que Deacon mexe tanto comigo.
— Mas gostei de saber que dentro desse coração de gelo consegue se preocupar com
alguém. — Ele recai seus olhos para minha boca, e inalo fundo, esmagando meus lábios e
girando meu rosto para frente, bufando pelo nariz.
— Acredite, estou pouco me fodendo para você! — murmuro, me afastando do seu peito,
não retornando minha face para lá. — Apenas quero chegar logo nesse rancho, para acabar o que
vim fazer aqui e voltar para minha casa.
O riso alto explode da sua boca e ele me puxa, com seu braço me fazendo tombar para
perto dele. Meu rosto se cola ao seu peito, e seu queixo se apoia em meus cabelos.
— Bom, lamento informar, mas não é para lá que estamos indo — diz, soltando um
suspiro, e eu pisco, confusa, sem saber se ouvi direito o que ele disse.
— Como assim? — indago, vendo o cavalo se afastar do rebanho e se embrenhar no meio
do mato, subindo um morro, antes de trotar para perto das árvores. — Para onde estamos indo,
cowboy...
Giro, esticando meu rosto e olhando por cima do seu ombro, vendo que estamos nos
distanciando ainda mais do rebanho e dos vaqueiros.
— Pelo que entendi, disse que queria uma água quente para tomar um banho. — Ele fisga
seus lábios, instigando o cavalo a trotar mais, acelerando a cavalgada enquanto chacoalha todo
meu corpo.
— Sim, vou tomar um banho no rancho... — digo para ele, retornando a lhe olhar,
inclinando meu tronco para trás.
— Bom, isso não vai acontecer hoje. — Ele ri, negando com a cabeça. — Então, a menos
que queira ficar suja, sugiro que se banhe no lago...
— Não vou tomar banho na porra de um lago, cowboy! — falo brava, sem chance
alguma de entrar na porcaria de um rio gelado de novo. — Me disse que chegaríamos hoje ao
rancho...
— Isso foi antes da roda da carroça quebrar. — Ele move seu olhar para frente, desviando
seus olhos dos meus. — Não podemos sair daqui enquanto a roda não for arrumada...
— O QUÊ? — Minha voz sai em uma explosão de incredulidade e confusão. — Não, não
posso ficar mais aqui, eu já perdi meu voo...
— Acho que vai acabar perdendo outro. — O cavalo para de marchar e ele solta as
rédeas, o deixando pastar, ao passo que dá de ombros e retorna a me olhar. — Clay precisou
voltar para o rancho principal, onde tem as ferramentas necessárias para arrumar a roda...
— Oh, merda! — Inalo fundo, repassando minha agenda toda em minha mente. Tenho
trabalho a fazer, não posso ficar presa no meio da porra dessa colina, cercada de gado. — Mas
por que não seguimos viagem sem a porcaria da carroça, tem os cavalos...
— Não sei como funciona de onde vem, dona, mas aqui não abandonamos nenhum
homem. — Ele me pega de jeito, com sua grande mão me puxando para ficar colada a ele mais
uma vez. — Se um fica, todos ficam...
— Inferno! — Inalo fundo, fechando meus olhos e esfregando meu rosto. — Eu não
posso ficar aqui, Deacon, isso vai abrir uma cratera na minha agenda...
— Tenho certeza de que sua agenda vai sobreviver a mais um dia. — Meus olhos se
abrem ao ouvir o tom baixo da sua voz, e sou acertada por um disparo certeiro de verde a poucos
centímetros do meu rosto. — Tome isso como um dia de folga...
— Folga? — Pisco, confusa, já que não tenho folga. Nunca tive um dia de folga na minha
vida, até nos fins de semana eu trabalho pelo computador, acompanhando o sobe e desce da
bolsa de valores. — Não tenho folga, cowboy...
— Agora tem. — Ele ri para mim, se endireitando e pulando do cavalo, segurando as
rédeas dele e o guiando lento para perto de uma árvore, o amarrando. Logo vem para perto de
mim, e suas mãos agarram meu quadril. — Se não for uma folga para você, pelo menos é para as
pobres almas que você deve infernizar...
— Engraçadinho! — grunho, me agarrando ao seu ombro, com ele depositando meus pés
no chão. — Isso não tem graça. E apenas para que saiba, eu sou muito boa em infernizar a vida
de alguns babacas, e é por isso que meu chefe me mandou para cá...
— Nunca duvidei disso, dona. — Ele puxa o ar e dá um passo para trás, me soltando,
caminhando para a traseira da sela no cavalo, onde uma bolsa de couro está acoplada. Abre e
leva sua mão para dentro. — Pegue, isso vai lhe ajudar.
Por instinto, meus braços se erguem, e pego uma garrafinha no ar, olhando-a sem
entender.
— É pó de cicatrização rápida, usamos para estancar os machucados dos gados. — Ele
move sua cabeça para mim, e olho dele para o recipiente, estreitando meu olhar.
— E por que acha que eu preciso de talco de vaca? — A risada em seus lábios explode e
ele me dá as costas, voltando a mexer na bolsa de couro. — Cowboy, olha, sei que para você
pode ser mais um dia normal, mas para mim não é, realmente preciso voltar para Luisiana...
— Nesse segundo, precisa se limpar, tirar o suor das suas pernas e as secar bem, antes de
passar o pó cicatrizante. — Ele gira, empurrando uma toalha em minha direção. — A menos que
queira ficar mais algumas semanas por aqui, só que internada no hospital, quando essas
assaduras começarem a fazer bolhas, porque sua perna vai ficar em carne viva...
Ele marcha para mim com suas mãos na cintura e me lança um olhar firme, que quase faz
eu me atrapalhar em minhas pernas quando dou um passo para trás, esmagando a toalha com a
garrafa em minhas mãos.
— Minhas pernas estão ótimas, cowboy! — Esmago minha boca e abaixo meu rosto, não
dando o braço a torcer.
Muito menos lhe digo que foi uma péssima ideia cavalgar o grande garanhão caramelo de
vestido ontem. A bufada no topo da minha cabeça me faz a erguer, e o encontro sério, me fitando
com seus lábios semicerrados.
— Pode ir com suas belas pernas de égua selvagem ou carregada — rosna, apontando
para trás de mim. — Porque, acredite, eu vou te arrastar pelos cabelos se for preciso, já que
enquanto estiver nessas terras, dona, estará sob minha responsabilidade.
— Bronco! — Dou um pulinho para trás, o xingando quando ele tira as mãos do quadril e
se estica para mim, pronto para me agarrar. — Não precisa, sou bem grandinha para me cuidar
sozinha — falo zangada, me virando e lhe dando as costas, mas estaco, tendo minha mente se
dissipando de qualquer pensamento quando meus olhos se prendem no cenário diante de mim.
CAPÍTULO 12
O paraíso
KAICE BLOOD
Eu não posso acreditar no que os meus olhos veem. É como um lugar mágico escondido
entre as colinas verdes, cercado de árvores. Tem um rio pequeno, mas de uma beleza incrível,
com as rochas em sua volta, parecendo uma piscina natural. A água é cristalina e brilha sob o sol
da manhã, tão transparente que posso ver as pedras no fundo do lago. Mas o que me surpreende é
o vapor, com a fumaça clara sobre a água. Caminho de mansinho, boquiaberta, me aproximando
do lago, e mordisco meus lábios quando minha perna se estica, molhando apenas a pontinha do
meu pé.
— É quente! — exclamo, rindo, me surpreendendo com a temperatura. — A água está
quente, muito quente!
Giro meu rosto por cima do ombro e vejo o cowboy com as mãos na cintura, tendo seu
peito estufado para frente, movendo a cabeça em positivo.
— É uma fonte termal. — Ele vira o rosto para o lado. — Achei que poderia gostar de
um banho quente depois de ontem...
— Pode apostar que sim. — Rio, girando meu rosto e olhando para o laguinho.
Eu nunca tinha visto nada igual.
E, por esse momento, qualquer raiva que estava sentindo simplesmente se dissipa, e
apenas posso me imaginar dentro dessa água quente, deixando meu corpo relaxar um pouco, o
que, com toda certeza, eu preciso, antes de tentar pensar em alguma forma de sair desse lugar e
retornar ao meu trabalho. Agora, a única coisa que imagino é o meu corpo mergulhando nessa
água, o que será bom pra cacete. Solto a toalha em cima de uma pedra e sorrio ao desamarrar o
cinto do vestido, o deixando junto com a toalha. Porém, paro minhas mãos na barra do vestido no
segundo que giro meu rosto para o lado e vejo o peão no mesmo lugar, estacado feito uma
árvore.
— Pode ir agora, cowboy! — Soo firme, o olhando séria. — Não preciso de plateia.
Ele não responde, apenas dá três passos, se aproximando de uma árvore e escorando nela,
ao passo que cruza seus braços acima do peito e gira seu rosto para o lado, não demonstrando
intenção alguma de sair.
— Não está pensando em ficar aí, parado, me olhando tomar banho, não é? — exclamo
em espanto quando seu rosto se volta para mim, o que me deixa ver em seus olhos que é
realmente isso que ele vai fazer. — Nem em seu sonho vai ter essa sorte de novo, cowboy... Pode
me deixar sozinha...
— Dona, depois de ser arrastado dois quilômetros de rio abaixo, com você agarrada a
mim feito um carrapato — ele olha para o lago e dá de ombros —, pode ter certeza de que não
vou tirar meus olhos de você quando estiver perto de água.
Minha boca se entreabre e bato meu pé no chão, com meu dedo indicador se erguendo e
apontando para sua cara desgraçada, que não esconde seu deboche de mim.
— Não preciso de você aqui, senhor Deacon! — esbravejo, furiosa, me negando a ficar
nua perto dele outra vez, e muito menos o deixar ver como essa coisa estranha que ele faz, de
ficar cuidando de mim, me deixa confusa. — Sou capaz de tomar banho sozinha...
— Tenho certeza de que sim. — Ele gira o rosto na direção do cavalo que pasta. —
Agora, se apresse, porque não tenho o dia todo. Ou entra e toma seu banho, ou eu vou aí e lhe
dou...
— Filho da puta! — o xingo com fúria.
— Acho que devo ir aí para lhe dar banho, e já aproveito para lavar essa sua boca suja,
dona. — Meu corpo já está se virando rapidamente, fugindo para a outra beirada do lago, quando
ele desencosta da árvore, descruzando seus braços e trotando na minha direção.
— Cretino! — cochicho, lhe xingando, inalando fundo e admirando o lago. — Foda-se!
— falo zangada, levando meus dedos para a barra do vestido e o puxando por meu corpo, o
retirando. Não viro para ele, me mantenho de costas.
Dobro a peça, a depositando em cima de uma outra pedra, com meus braços se esticando
e puxando meu cabelo para cima do meu ombro, enquanto abaixo as alças do sutiã. O viro para
frente e solto o feixe, largando a lingerie junto com o vestido. Giro meu rosto por cima do
ombro, na direção de Deacon, que retornou para a árvore e está escorado nela, com suas mãos
nos bolsos e seus olhos verdes presos em mim.
— Espero que esteja aproveitando o show, seu tarado! — falo zangada, o vendo dar um
sorriso diabólico e malditamente sexy, ao passo que vira sua cabeça para o outro lado, me
ignorando.
Volto meu rosto para frente e engancho minhas mãos em cada lado da alça da calcinha, a
puxando para baixo, com minha perna se erguendo e tomando o cuidado para não a deixar ir ao
chão. Meu corpo se encolhe quando o vento gelado da colina bate em mim, e a solto junto com o
resto das minhas roupas. Jogo o cabelo para trás e caminho de mansinho sobre as pedras, me
aproximando ainda mais do lago.
Um gemido escapa dos meus lábios no segundo que meu pé se afunda e sinto a
temperatura quente da água, a qual nesse segundo me parece perfeita. O som da respiração
pesada masculina sendo solta com força atrás, me faz olhar de esguelha para Deacon, e o pego
com sua atenção presa em mim, com seu corpo ficando ereto e o peitoral cheio de ar ao inalar
com força e soltar outro som rouco.
— Mais um pouco e vai relinchar, cowboy — o provoco, sorrindo e escutando seu
xingamento de volta.
Caminho dentro da água, e ela me cobre a cada passo que dou para o fundo. Paro quando
a tenho cobrindo minha cintura. Agacho-me aos poucos e fecho meus olhos, afundando, ficando
de joelhos e a deixando me cobrir até os ombros. Na sequência, giro e fico de frente para
Deacon, reprimindo um riso quando a visível tenda diante da sua calça jeans está muito bem
armada, a ponto de dar a impressão que vai fazer o tecido grosso explodir.
— Não precisa ter vergonha se precisar de alguns minutos. — Olho para ele, movendo
meus dedos dentro d’água, brincando com ela. — Vou entender se quiser ir atrás da árvore para
aliviar isso aí.
Ele rosna, rangendo seus dentes quando o provoco, afundando ainda mais suas mãos
dentro dos bolsos da calça.
— Você tem um jeito estranho de fazer amigos, dona, e, principalmente, de mantê-los. —
Ele gira sua face na direção do cavalo, puxando o ar.
— Na verdade, não gosto de fazer amizades — digo a ele e ergo minha mão, molhando
meu pescoço. — Já estou bem contente com as poucas que tenho, e isso me basta. Tem certeza
de que não quer ir bater uma punheta? Não precisa nem ir atrás da árvore. Posso fechar os olhos,
se quiser, apesar que não vejo o porquê disso, uma vez que foi justamente ficar me olhando
como um tarado, enquanto me despia, que o deixou assim...
— Inferno! — ele grunhe, retirando a mão esquerda do bolso da calça e arrancando o
chapéu da cabeça, se afastando da árvore e caminhando para perto das pedras do lago.
Solto uma gargalhada, o vendo irritado, ficando de costas para mim e de frente para seu
cavalo. Fecho meus olhos e afundo na água, submergindo na sequência e passando meus dedos
nos cabelos, os jogando para trás.
— Cristo, seu patrão poderia fazer fortuna deixando ricaços darem um mergulho nessa
água! — falo, suspirando e sentindo meus músculos relaxarem quando a água quente faz
maravilha aos meus nervos. — Isso aqui é praticamente um paraíso...
— E é justamente por ninguém vir aqui, que esse lugar é assim. — Meus olhos se abrem
e o encaro, vendo Deacon de frente para mim, na beirada do lago. Ele se agacha e apoia sua mão
em seu joelho dobrado. — Paraísos não foram feitos para serem divididos, dona, muito menos
cobrados, têm que ser merecidos. Se fosse assim, qualquer um entraria no céu.
Mordisco minha boca, o olhando, vendo sua expressão cansada quando move seu rosto
para o lado, com seus olhos avaliando as árvores.
— Essas terras estão há cinco gerações na mão da mesma família, e é uma luta constante
para as manter, tendo que se livrar de cada desgraçado que queira pegar um pedaço dela... — ele
suspira com tristeza, me deixando ver seu olhar apaixonado por esse lugar ficando melancólico.
— E, acredite, todos querem um pedaço desse lugar.
— Vender alguns acres poderia ajudar a salvar grande parte, muito mais que a venda de
carne sem ajuda de terceiros, Deacon — falo baixo, brincando com minha mão na água. — Não
vejo qual a lógica de ter tantas terras e não querer se desfazer de um pedaço que seja para poder
salvar o resto. O mais sensato...
— Para amar algo não precisa de lógica, Kaice. — Minha voz se cala com a forma que
meu nome sai por seus lábios tão intimamente, quase como se ele sempre me chamasse assim,
tendo aquele olhar verde-escuro ficando claro, me sugando para dentro dele, me roubando o
fôlego. — E quando amamos, não dividimos com ninguém, e sim lutamos pelo que se ama.
Sua mão se abaixa e ele pega uma pedra, a rodando em seus dedos, a jogando para cima e
para baixo na palma da sua mão, antes de fechar os dedos nela.
— Essa colina, esses animais, as árvores, os rios e os lagos, tudo aqui é selvagem, é
difícil de amar, porque exige um preço alto demais, e não é dinheiro. Mas sim sangue, suor,
devoção, para que se prove que é merecedor. Porque Green Valley não foi comprada, ela foi
conquistada pela primeira geração que passou aqui, tendo as outras gerações fazendo o mesmo,
lutando por ela. — Ele joga a pedra, retirando o chapéu da cabeça e o rolando em sua mão
enquanto me olha. — E tudo que vale a pena nessa vida, é conquistado e merecido, dona.
Encolho-me dentro do lago quente, o mirando, não tendo como ver esse lugar selvagem e
não ter a certeza de que esse homem pertence a aqui, porque é tão belo e selvagem quanto o vale.
— As pessoas de cidade grande cobiçam as terras, vendo números e cifrões, assim como
foram apenas os números que você viu. — Ele sorri, negando com a cabeça. — Mas o que eu
vejo aqui, quando olho, é vida. Vida no musgo, na pedra, no peixe que nada no rio, nas termais
que esquentam esse lago, nos pássaros que cantam nas árvores, nos ursos que hibernam nas
cavernas, nos lobos que caçam pela colina, na cobra que rasteja, na grama que alimenta o gado...
Tudo no que seus olhos pousaram são vidas, não números. Vender um pedaço de palmo disso
aqui que seja, é matar as terras que custaram sangue e suor daqueles que a conquistaram.
Eu vejo Green Valley nesse momento não pelos meus olhos, mas sim pelos dele, que
demonstram um amor tão devoto a esse lugar que chega a ser contagiante. Porém, minha parte
racional sabe que a vida, que os ursos, os musgos e a grama não vão salvar isso aqui, que o peso
de manter tantas terras assim está custando cada centavo que os donos têm no banco. Que o
desejo de manter isso aqui escondido, longe do mundo, é o que está matando essas terras, é o que
irá a destruir, fazendo-a ser entregue ao Estado quando não conseguirem pagar mais os impostos.
Nunca senti pena, dó ou empatia de qualquer lugar, empresa ou pessoas que eu tivesse
que executar financeiramente. A verdade é que sempre vi tudo de forma lógica. Porém, nesse
segundo, enquanto o olho, sinto raiva de mim por ter sido tão cruel com ele, lhe dizendo a
verdade nua e crua dentro do carro. Não precisava ter sido amarga, não precisava o deixar saber
que tanto ele, como os outros peões daqui, têm dois, no máximo três anos, um lugar para morar,
tendo que ir buscar trabalho em outro rancho depois disso. E, provavelmente, todo o tempo que
ficou aqui será destruído, assim como esse lugar.
— Eu sinto muito... — sussurro, abaixando meu rosto, realmente me sentindo triste por
esse lugar e por ele.
Inspiro e mordo meus lábios, com meus ombros se encolhendo, puxando rapidamente
meus cabelos para frente do meu ombro, não tendo coragem de o olhar nos olhos.
— Bom, acho que meu corpo já está bem relaxado — falo rápido, virando meu rosto para
ele e mudando o assunto, me sentindo vulnerável toda vez que esse homem coloca os olhos em
mim, porque não consigo esconder minhas emoções. — Agora, a menos que queira ficar com sua
ereção maior ainda do que está, sugiro que fique de costas, cowboy...
— Por que faz isso? — Ele me deixa confusa quando me pergunta sério, com seus olhos
presos aos meus.
— Porque sou uma grande gostosa — respondo e solto uma gargalhada, olhando sem-
vergonha alguma para sua virilha, vendo seu pau bem-marcado na calça. — Mas uma grande
gostosa que seu pau não chega mais perto...
Ele franze sua testa e leva o chapéu à cabeça, ao passo que rio dele, nadando para perto
da margem e me preparando para me levantar. Porém, não chego a fazer isso, não quando
Deacon já está com a água até seus tornozelos, com ele se agachando e me segurando pelo braço,
me puxando, com sua mão prendendo meu queixo ao me olhar.
— Do que tanto se esconde dentro dessa carapaça dura, pequena loba? — Sua voz é
rouca. — Por que ser tão cruel, escondendo que aí dentro tem um coração que se importa muito
mais do que gosta de admitir...
— Porque não me importo... — falo, rindo nervosa, tentando puxar meu rosto da sua
mão. — Prefiro você quando estava escorado na árvore, com o pau duro, feito um tarado, do que
me segurando dessa forma...
— Não, não prefere. — Ele esmaga sua boca, me segurando mais firme até me ter colada
em seu peito, com sua mão soltando meu queixo e prendendo meus cabelos nela. — Gosta das
minhas mãos lhe tocando tanto quanto elas gostam de tocar em você. Assim como sente muito,
mas prefere esconder suas emoções a cada piada, a cada palavra mordaz que sai dos lábios. Por
que faz isso, pequena loba? Por que se esconder? Tem tanto medo das pessoas verem esse
coração grande que tem aí...
— A única coisa grande que tenho é raiva e, acredite, cowboy, ela está ficando maior a
cada maldita palavra que sai da sua boca! — grunho, o empurrando, querendo que ele me liberte.
— Me solta, o momento terapia acabou, seu babaca...
Giro meu rosto para o outro lado, querendo gritar de ira e de dor, desejando que ele me
solte, odiando como ele me deixa vulnerável com seu olhar, como se pudesse ler minha alma, ler
a dor, o medo, a solidão que tem dentro dela.
— Não aja como se me conhecesse, porque não me conhece, Deacon. Só a porra do seu
pau que entrou em minha boceta, nada mais — rujo para ele. — Muitos outros já fizeram isso, e
não me importo com eles tanto quanto não me importo com você ou com a porra desse lugar!
Não preciso esconder nada, porque essa é a verdade, não me importo com o que pensa ou o que
ache...
— Não me importo com a porra de quantos malditos paus foderam você, mas sim com
você! — Ele praticamente ruge quando se ergue, me levando junto, com sua mão ficando
espalmada em minhas costas, tendo a outra em meus cabelos, o puxando com força, com seus
olhos verdes faiscando de ira. — Me importo e não ligo de deixar você saber.
Meu peito sobe e desce depressa, e sou prensada contra seu corpo, sentindo seu rosnado a
centímetros da minha face.
— E sei que, no fundo, se importa também... — Ele me deixa ainda mais sem reação,
tendo aquele olhar protetor ficando preso ao meu. — A ponto de, por uma fração de segundos,
deixar a verdade escapar em seu olhar, o qual não mente para mim. Se preocupa com um cowboy
bronco que pode perder o emprego por desfilar com você no cavalo dele, deixando outros peões
verem, quando a intenção é justamente essa, deixar cada maldito vaqueiro ciente que você é
pasto restrito, e capo o maldito que se atrever a se aproximar!
Sua respiração fica mais pesada e ele força minha cabeça para trás, ao passo que minha
pele se arrepia com o raspar da sua barba em meu queixo.
— Se preocupa tanto, pequena loba mentirosa, que não se importa em se enrolar em uma
manta para ir acalmar um cavalo agitado, por causa da porcaria de um esquilo... — Ele me tem
feito uma presa em seus braços, da mesma forma que me aprisiona em seu olhar. — Mas se
recusa a admitir, se recusa a afirmar o que eu vejo...
Meus olhos se fecham e não consigo mais sustentar essa onda de emoção que Deacon me
causa, essa sensação de vulnerabilidade. Não tenho como esconder minha alma dele, por ele a
ver, a notar, como nunca permiti nenhuma pessoa a enxergar.
— Por que, pequena loba? Por que faz isso? — Nego com a cabeça quando ele solta
meus cabelos, alisando meu rosto e tentando retornar minha face para a frente da sua. —
Impossível uma boca tão atrevida como a sua não ter resposta.
— Não... — Esmago meus lábios com força, me negando a abrir meus olhos.
— Por que, Kaice? Apenas me diga... É medo?
— Não... — grunho com raiva, e minhas unhas cravam-se em seus braços. — Me solta,
porra...
— Mas que diabo, mulher, o que pode ser tão ruim assim em admitir?! Não entende que
se importar apenas lhe deixa...
— FRACA! — Meus olhos se abrem e o encaro, falando firme. — Se importar apenas
me deixa fraca, e não sou a porra de uma mulher fraca! Não sou!
Uma lágrima escorre por meu rosto, e me odeio. Fecho meus olhos, odiando essa
bagunça que ele faz comigo, que me devasta apenas com um contato visual. Posso me ver
refletida em seu olhar, ver o peso das decisões de uma mulher fraca, escravizada por seu amor
doentio, opressor e obsessivo, a ponto de custar tudo que ela amava, o que me fez carregar o
peso das perdas dela. Me destruiu tanto, que jurei a mim mesma que nunca seria como ela, nunca
me importaria com nada ou ninguém, não amaria, porque jamais me machucaria como ela se
machucou, como ela machucou as pessoas ao seu redor. O toque lento da mão grossa e calejada,
que passa devagar em minha bochecha, me faz abrir meus olhos, e encontro os seus olhos
esverdeados fixos em mim.
— Pode até ter o espírito de uma loba, Kaice. — Sua voz rouca sai baixa, e seu braço
suaviza a pressão em minhas costas ao escorregá-lo por minha coluna. — Mas aí dentro desse
coração, é um filhote que se esconde.
Sinto a quentura dos seus lábios quando ele os raspa sobre os meus, o que me leva a
fraquejar. Preciso me apoiar nele, pois uma explosão de emoções me consome a cada toque da
sua língua com a minha, em um beijo cruel que me toma. Esmaga minha boca com tanta força
quanto sua mão se fecha em meu rabo, me puxando para cima.
Meus braços trêmulos se envolvem em seu pescoço, e o calor desse homem me aquece
muito mais que as águas térmicas da fonte, me fazendo sentir como se tivesse sido jogada em
uma fogueira. Arrepios são como brasa a cada movimento das línguas, os tremores são abalos no
meu ser inteiro, ao ter sua mão se embrenhando em meus cabelos molhados. Sua barba grossa
raspa minha face a cada movimento selvagem da boca que me atiça como brasa, me acendendo
inteira, tendo o choque do seu quadril contra minha pélvis nua quando ele raspa seu pau e aperta
mais forte meu rabo.
— Ohhh! — gemo em seus lábios, praticamente choramingando com a brutalidade do seu
beijo.
O relincho do cavalo é o que o faz me soltar, e mordisca meus lábios com seus dentes,
tendo meu queixo sendo arranhado por sua barba, enquanto inala fundo, me abaixando, até meus
pés voltarem para dentro d’água. Meu peito dispara, subindo e descendo, e o fôlego que ele me
tomou me faz puxar o ar mais forte.
— Sabe o que acontece quando olha assim para um cowboy, dona? — ele sussurra rouco,
mantendo seus dedos em meus cabelos e os massageando com sua grande mão, da mesma forma
que alisa minha bunda, me fazendo sentir o pulsar do seu pau dentro da calça, contra meu ventre.
As palavras não saem, não consigo soltar um som sequer, apenas inspiro, me segurando
mais rente a ele, com minhas pernas bambas sendo tomadas pela fraqueza para a qual esse
homem me puxa. E, por um segundo, posso me ver implorando para que ele me jogue nesse
maldito chão e me foda bem aqui, que faça cada parte do meu corpo vibrar ainda mais, com seu
pau me fodendo aos poucos.
A única coisa que me impede de fazer isso é o relincho mais alto do cavalo, que chama a
atenção de Deacon, que automaticamente vira seu rosto para a esquerda, onde o garanhão pasta.
O corpo dele fica tenso, e enrijece ainda mais seus músculos firmes, me soltando e dando um
passo para trás, para pegar a toalha na pedra. A abre antes de jogar em minhas costas, com seu
semblante ficando taciturno.
— Se seque, pequena Loba! — Sua voz é como um trovão ao me dar uma ordem, e nem
sequer me olha quando se vira, caminhando para perto do cavalo.
Fico em silêncio, com meu corpo trêmulo, e meu peito parece que vai rasgar com a força
que meu coração bate. Pisco, confusa, compreendendo que ele acabou de recusar me tocar,
mesmo estando com seu pau tão duro quanto as pedras do lago que eu piso. Olho para ele e o
vejo sumir entre as árvores, e sinto, pela primeira vez na minha vida, vergonha. Vergonha por ter
cedido; vergonha por ter ficado tão excitada que, por um segundo, quase fiz exatamente o que ele
disse que me faria fazer se eu quisesse ser tocada por ele outra vez; vergonha dele ter visto minha
alma.
Preciso de um segundo antes de sair do lago às pressas, indo para perto da pedra, onde
está meu vestido. Seco-me, nem sequer me importando em colocar o sutiã. Apenas jogo o
vestido sobre meu corpo, tão rápido quanto visto a calcinha. Meus dedos tremulam ao tentar
abrir a porcaria da garrafa, e passo o pó que tem dentro dela na parte interna das minhas coxas.
CAPÍTULO 13
Touro selvagem
KAICE BLOOD
— Não preciso de ajuda, obrigada. — Meus pés já estão saltando do lombo do cavalo
antes que o braço dele se estique, para me tocar. — Obrigada pelo banho e pelo remédio.
Não olho quando passo rápido por ele, indo na direção da barraca, da qual nunca desejei
tanto jamais ter saído. A volta da fonte térmica até aqui foi um sepulcro, sem uma única palavra
sendo solta, comigo escutando apenas o relincho do cavalo e a respiração pesada masculina no
topo da minha cabeça, com suas mãos firmes segurando as rédeas a cada galope. Ele fez outro
caminho, não passando pelo rebanho, vindo por cima, até chegar à barraca.
Lhe dou o mesmo tratamento que ele me deu, sem lhe olhar e muito menos dirigir
qualquer palavra, andando com raiva para a entrada da barraca, mas paro assim que algo é
arremessado perto de mim, no chão. Olho o par de botas de montaria caídas na terra, antes de
virar meu rosto para ele, que está sério em cima do cavalo, com seus olhos verdes mais escuros
que a grama da colina perto dos picos cheios de neve.
— Pode usar se quiser — fala de forma bronca, olhando para as botas e desviando dos
meus olhos. — É melhor do que ficar andando descalça ou com essa sandália.
Inacreditável como esse homem consegue me fazer querer bater na sua cabeça com a
porra dessa bota, ao mesmo tempo que me deixa confusa com os gestos mal-educados dele,
sendo mais uma forma estranha que ele tem de cuidar de mim.
— Obrigada, mas não preciso. — Endireito meu corpo, olhando-o com altivez. — Não
pretendo sair da barraca até chegar a hora de ir de vez para a porcaria do rancho.
Seus olhos faíscam quando se erguem para mim, com seus lábios semicerrando, antes de
puxar as rédeas do cavalo, o virando para a direita, galopando, sumindo no meio das árvores.
— BRONCO DOS INFERNOS! — grito com raiva, chutando a porcaria da bota,
odiando-o, odiando esse lugar, odiando Greg por ter me mandado para cá, odiando a mim por ter
posto meus olhos nele naquele bar. — Quem pensa que é?! Quem acha que é para dizer com o
que me importo ou não...
Sento-me com raiva no tronco de árvore, que está tombado no chão, e encaro a bota que
chutei. Minhas mãos se fecham, fazendo as unhas se cravarem nas palmas, e sinto meus olhos
arderem, odiando Deacon por fazer eu me sentir fraca.
— Pelo amor de Deus, eu estou dirigindo! — A voz zangada grita, virando o rosto. —
Que porra tem na sua cabeça?! Por que não consegue entender que está nos matando, que está
acabando com nosso casamento...
— Você está fazendo isso, seu filho da puta! — O grito dela explode com raiva entre o
choro. — Eu vi você rindo para aquelas vadias, amando a atenção que elas lhe dão. Acha que
sou idiota, Charles, que não sei que você fode com cada cadela que abre as pernas para você
nesses circuitos de rodeio...
— CHEGAAAA, PATRICIA! — O grito me faz encolher no banco de trás do carro, e
ouço-a chorar ainda mais. — Por favor, chega, chega... Só uma vez, pelo menos dessa vez,
vamos ficar sem brigar, sem esse seu maldito ciúme. Eu só quero acampar com minha família,
só quero um dia de paz com você, amor...
Ele abaixa seu tom de voz e inala fundo, mantendo as mãos no volante do carro.
— Ei, curiosa, olhe para mim. — Ergo meu rosto para meu pai, que me observa pelo
retrovisor, sorrindo. — Está tudo bem, o papai e a mamãe estão apenas conversando, só
conversando...
— Quer ficar com a família, então vamos ficar. — Minha mãe chora e ri ao mesmo
tempo. — Vamos ficar para sempre...
— OH, PORRA, O QUE ESTÁ FAZENDO, PATRICIA, LARGA ESSA MERDA... — meu
pai berra, com os olhos dele se arregalando de medo, enquanto minha mãe soluça.
O som da freada brusca do carro quando meu pai pisa no freio se faz, com o automóvel
derrapando para a outra pista, no mesmo segundo que o disparo do revólver surge.
Tudo fica bagunçado, com meu corpo preso ao cinto de segurança balançando de um
lado ao outro, com o veículo capotando. Minha face gira para a esquerda no segundo que o
caminhão vem em nossa direção, nos acertando precisamente, fazendo tudo ficar escuro, tudo
ficar em silêncio.
Meus dedos se erguem rapidamente e limpo as lágrimas que rolam por minhas
bochechas, não me permitindo ficar nessa maldita lembrança, sentindo toda a dor que senti ao
acordar sozinha no hospital e descobrir que os dois morreram no acidente que o amor doentio da
minha mãe causou. Giro meu rosto para a maldita barraca, e tudo me toma com mais intensidade,
com o peso do que também foi minha culpa, porque se não tivesse pedido para ele me levar para
acampar, se tivesse pedido qualquer coisa de presente no meu aniversário de dez anos, ele
poderia estar vivo. Levanto com raiva, catando a porra da bota com meus braços e a erguendo,
mirando na barraca, a odiando por me mostrar exatamente tudo que eu queria esquecer.
— DEACON! — Meu braço para antes mesmo de jogar a bota, e viro para trás, ouvindo
o nome do cowboy sendo chamado.
Pisco, confusa, ficando em silêncio, prestando atenção nos sons, nos gritos dos outros
vaqueiros. Meu coração se aperta, assim como o medo aumenta, imaginando que algo ruim
aconteceu com ele, pela forma como saiu disparado em cima do cavalo. Já estou catando o outro
pé da bota, enquanto corro e pulo torta, a calçando, indo em disparada na direção que escuto os
gritos.
Meu corpo congela no meio do caminho quando vejo um vaqueiro sendo arremessado,
estourando no chão tão forte, a ponto de levantar terra no ar. O imenso homem que trota em
direção ao vaqueiro, que se levanta cambaleante, marcha como um gigante touro que bufa pelo
nariz, o que me faz arregalar meus olhos quando a perna dele acerta um chute frontal no
abdômen do rapaz.
— FICA NO CHÃO, SEU VERME DE MERDA! — A voz rouca de Deacon é tão
raivosa e agressiva quanto seu olhar, com ele se abaixando e segurando o vaqueiro pela camisa,
com seu punho acertando o rosto dele na sequência. — FILHO DA PUTA!
— Eu juro que não fui eu... não foi, porra... — O rapaz chora, com as mãos levantadas
para o ar. — Juro...
As palavras dele são cortadas por um outro soco, que acerta precisamente o rosto dele,
fazendo sangue voar. Sinto meu corpo congelado, e não consigo me mexer ao ver Deacon
rugindo como um animal tão selvagem, espumando de raiva.
— Senhorita, volte para a barraca, sim... — Giro meu rosto para o lado no segundo que a
voz nervosa do peão se faz perto de mim.
Vejo o homem alto, com cabelos dourados, me encarando nervoso, e recordo dele. É o
cara de ontem, que ajudou Deacon a me tirar do rio, ao jogar a corda para nós, quando estava
completamente congelando de frio. Lembro do olhar assustado dele me fitando.
— O que... o que está acontecendo? — pergunto a ele, respirando mais rápido. — Por
que Deacon está batendo naquele homem...
— É coisa de vaqueiro, senhora. Por favor, me deixe te levar para a barraca... — Puxo
meu braço, negando com a cabeça quando ele tenta me segurar.
— Não! — Viro meu rosto para frente, com meus pés trêmulos indo na direção da briga.
— Não quero ir para a barraca. Por que não está separando aquela briga? Alguém precisa
separar. Deacon vai matar aquele homem, de tanto bater nele, e vai acabar indo parar na cadeia...
Inalo mais forte, vendo que é isso que vai acontecer. O cowboy está tão fora de si, que
seus olhos parecem estar negros, de tão escuros que estão, com ele disparando mais firme seu
punho no rosto do rapaz, que tem a face lavada de sangue. Mas ninguém se move, todos os
vaqueiros estão sérios, o vendo espancar o homem, sem mexerem um músculo sequer para cessar
a briga.
— Acha mesmo que sou tão estúpido de não saber a quem pertencia aquelas pegadas,
filho da puta?! — A voz de Deacon se mistura aos gemidos de dor do rapaz, que se contorce no
chão quando ele para de socá-lo, começando a chutar suas costas. — O homem tem que ser
muito burro para querer me seguir e achar que eu não vou perceber, seu verme de merda!
Ele inala fundo, rosnando feito um animal, com sua mão passando em seus cabelos
enquanto ruge, chutando o rapaz outra vez. Ando mais depressa, me aproximando deles.
— Mas te garanto que o que espiou feito um verme atrás das árvores, foi a última coisa
que viu nessa vida...
Meu coração para, assim como meus passos, comigo ficando a três passos deles, no
segundo que Deacon leva a mão para trás da calça e saca um revólver prateado, mirando o cano
para o rosto do vaqueiro e soltando a trava.
— DEACON, NÃO! — grito alto, com meu corpo inteiro tremendo e meu coração
disparando.
Não consigo segurar as lágrimas, não consigo não ver o rosto do meu pai, não lembrar do
som do tiro. Seu rosto se move rápido para mim, enquanto tapo minha boca, negando com a
cabeça. Deacon inala fundo, com sua mão mantendo o revólver mirado no vaqueiro. Ele olha de
mim para o homem, antes de rosnar forte, travando o gatilho mais uma vez.
— Otis, tira esse verme da minha frente. — Ele mantém os olhos em mim ao dar a ordem
alta, com fúria.
O peão que tentou me levar para a barraca, passa correndo por mim, segurando o rapaz
pela camisa e o puxando com raiva.
— Anda, seu bosta, se levanta! — Otis o empurra, o fazendo cambalear, e ele cai no
chão. O puxa novamente pela camisa, até perto de um dos cavalos. — O SHOW ACABOU,
SEUS PUTOS, VOLTEM AO TRABALHO, PORRA!
Fico imóvel, sem conseguir desviar meus olhos de Deacon. Ele esmaga seus dedos na
arma, e seu pé se levanta, com ele dando um passo em minha direção. Mas tão rápido quanto eu
corri até aqui, já estou me virando e indo apressada para a barraca, não tendo condição alguma de
conversar com ele agora, não quando tudo que vejo à minha frente são destroços, sangue e o
rosto do meu pai e da minha mãe sem vida dentro daquele carro.
CAPÍTULO 14
Cobertor de estrelas
KAICE BLOOD
A noite já está alta quando tomo coragem para sair da barraca. Meus olhos param na
chama da fogueira acesa, que estala alta, e na sela arrumada no chão, perto da fogueira. Não vejo
ninguém, apenas o grande cavalo está pastando por perto. Sorrio para ele, me agarrando mais à
manta, sentindo o vento gelado da noite, ouvindo apenas o som da correnteza do rio e alguns
grilos cantando. Piso descalço na grama, me aproximando do cavalo, acariciando de mansinho
sua cabeça.
Perco meus olhos na direção do acampamento ao longe, onde uma fogueira alta está
acesa, com as barracas dos vaqueiros montadas. Me afasto de Metálica, andando para perto das
árvores e esticando minha face para lá, com meus olhos caçando pelo imenso cowboy, o qual não
vi desde o segundo que retornei para a barraca. Otis, o peão que ajudou a me salvar, se
apresentou para mim com um sorriso gentil quando veio me trazer um prato de comida, me
fazendo rir quando disse que ele mesmo tinha caçado o porco selvagem que o cozinheiro assou.
Ri ainda mais, esquecendo por um segundo minha tristeza e a forma como fico quando essas
lembranças me tomam, ao ver o carimbo de um açougue na carne assada.
Depois que me alimentei, lavei meus dedos na beira do rio junto com o prato e o talher,
tendo todo cuidado do mundo para não cair nele de novo. Fiquei um tempo sentada no tronco
caído, antes de ir para a barraca, a fechar e me deitar lá dentro. Com toda certeza, Deacon veio
enquanto eu dormia, para acender a fogueira e soltar seu cavalo, o que me faz sentir uma tristeza
e ao mesmo tempo raiva, porque sei que devia sair logo desse lugar. Não posso ficar aqui, não
quando me sinto vulnerável, sem o controle das minhas emoções.
— Tem carne assada. — Me assusto quando a voz baixa sai atrás de mim, o que me faz
virar ao mesmo tempo. — Posso ir buscar, se quiser jantar...
Meus olhos passam por ele, e o vejo com os cabelos molhados, andando lento para perto
da sela e deixando seu chapéu junto com a jaqueta e seu par de botas, enquanto se endireita e
fecha os botões da camisa, o que me faz compreender que ele estava no rio, se banhando.
— Não, obrigada... — sussurro, movendo minha cabeça para os lados, caminhando
devagar para perto da fogueira. — Estou sem fome.
Ele inala fundo, e sua feição fica abatida quando desvia seus olhos dos meus, soltando
um suspiro.
— Estava no rio? — indago, olhando-o séria, não acreditando que ele entrou naquela
água que tem uma correnteza infernal.
— Por que quer saber? Pelo que me disse, não se importa com nada, dona. — Ele me fita
de relance, terminando de empurrar a camisa para dentro do cós da calça.
— É, realmente não me importo — grunho, girando meu rosto para o outro lado, ficando
sisuda e encarando o fogo. — Ao menos espere eu sair desse maldito lugar, antes de tentar se
matar na porra de um rio como esse.
Viro com raiva, esmagando meus dedos na manta, não entendendo por que perco meu
tempo com esse maldito homem.
— Tem uma parte rasa alguns metros acima, onde a correnteza não é forte. — Ouço sua
voz sair baixa atrás de mim, com ele dando um suspiro desanimado. — Quer beber, já que está
sem fome?
Olho para ele por cima do ombro, me amaldiçoando ainda mais por fraquejar diante do
seu olhar, pela forma que ele me tira do sério quando me provoca. Seus olhos verdes são como
um anzol, um maldito anzol que me pesca sem eu nem perceber.
— O que tem para beber? — indago, mordiscando meus lábios, olhando-o ansiosa.
— Uísque puro, sem gelo, dona! — Ele me dá um sorriso moroso, batendo seus pés na
grama.
— Acho que posso querer beber um golinho... — digo, girando apressada e retornando
para perto do fogo, me sentando no tronco, sendo obrigada a fazer de conta que não ouvi sua
risada baixinha, sabendo que tinha conseguido me fazer ficar. — Apenas um gole e vou dormir.
— Não vejo um plano melhor que esse — responde baixo, se agachando perto da sela e
puxando a manta de dentro da bolsa de couro, se sentando nela antes de puxar uma garrafa de lá.
— Não consegue tirar um celular por satélite dessa bolsa, ou, sei lá, uma antena de rede...
— digo, rindo, ouvindo o som alto da sua risada.
— Não, mas tem mais uma garrafa de uísque. — Ele se arruma em cima da manta, se
sentando com as pernas esticadas. — Por que não se senta aqui, perto do fogo? Ficará aquecida.
Sua mão bate na manta ao lado dele, enquanto me fita, fazendo eu sentir minha nuca se
arrepiar com a porcaria do olhar protetor que ele me dá.
— Eu estou bem aqui, cowboy! — falo firme, me agarrando mais forte à minha manta,
encolhida e sentada no tronco.
— Égua selvagem teimosa! — Ele ri e nega com a cabeça, abrindo a garrafa de uísque.
— Olha, ficaria feliz se parasse de me chamar de égua, ou de pequena loba. — Bato as
pontinhas dos meus pés uma na outra, balançando minhas pernas. — Apenas Kaice já está bom.
— Se sente ao meu lado, Kaice! — O som forte da sua voz chamando meu nome é tão
íntimo quanto as outras formas como ele me chama.
Me obrigo a erguer o rosto para ele, não conseguindo não obedecer ao comando da sua
voz, o vendo sério, tomando sua bebida, ao passo que bate lento sua mão na manta. Ele abaixa a
garrafa de uísque e a deixa do seu lado, sendo a forma dele me dizer que terei que ir buscá-la se
eu quiser beber.
— Qual é, nós dois sabemos que não resiste a uma boa briga?! Venha buscar. — Ele
inala fundo, com seus braços se cruzando em cima do peito.
— Não quero brigar — digo, me levantando. — Acho que por hoje já teve bastante briga.
Paro perto da sua manta, olhando-o desconfiada, ainda incerta se é uma boa ideia ficar ao
seu lado tendo uma garrafa de uísque junto.
— Se esticar sua mãozona para perto de mim, vou quebrar a garrafa na sua cabeça — o
aviso, e ele ri, erguendo o rosto para mim e mantendo seus braços cruzados.
— Não, não vai. Depois dela estar vazia, não duvido, mas enquanto tiver uísque aí
dentro, não vai querer o desperdiçar — ele suspira, retornando seus olhos para a fogueira.
— Talvez, mas não abuse — cochicho, sentando-me escorada na sela, junto com ele,
ficando sentadinha. Pego a garrafa e a levo aos lábios, sentindo o líquido descer rasgando em
minha garganta. — Nossa, isso sim é uísque!
Passo a língua em meus lábios, e tenho o sabor forte da bebida ainda em minha boca.
Estico a garrafa para ele, olhando para a fogueira e estendendo meus dedos para ela, para aquecer
minhas mãos.
— Eu tinha dez anos na primeira vez que ajudei a levar o rebanho de um pasto ao outro.
— O som baixo da sua voz é calma ao beber o uísque. — Naquela época, não podia subir com a
carroça, os vaqueiros traziam mulas para poder manter todo mundo alimentado. Quando ficava
difícil, tínhamos que caçar alces. Matei o meu primeiro alce do outro lado desse rio.
Meus olhos piscam rapidamente e volto meu rosto para ele, o vendo me observar com a
garrafa estendida.
— Matou um alce?
— Sim, não tinha como ficar descendo e subindo essa colina toda hora. O pasto nove
ainda não tinha rancho, então onde a grama estava fresca era onde o rebanho e os vaqueiros
ficavam, já que nunca devem abandonar o rebanho — comenta, e permaneço bebendo, o
olhando. — Não tinha alojamento ou cabana, e levei mais de dez anos para voltar a dormir em
uma cama novamente. Leva seis meses até a próxima mudança de pasto, então estava sempre em
rotação.
— Cristo! — Tusso, abaixando a garrafa e observando-o, realmente sabendo que ele não
está mentindo. — Que horror...
— Fácil não estava na descrição do trabalho de um cowboy, mas é a vida que eu sempre
quis ter. — Ele olha para cima, perdendo seus olhos no céu. — Ser cowboy é saber que sua cama
será um colchão de terra e seu cobertor um céu estrelado, tendo que ficar alerta a cada mugido,
porque toda vez que esse gado desgraçado muge, é como um sino da hora da refeição para lobos
e ursos.
— Nunca quis seguir outro caminho, Deacon? — Bebo um grande gole do uísque antes
de lhe passar a garrafa.
— Tenho quarenta anos, Kaice. — Ele vira o rosto para mim, desviando os olhos do céu.
— E digo que nada nunca me foi mais importante do que estar nessas terras.
— Sempre viveu aqui? — Fito o homem estranho, que consegue me balançar apenas com
um olhar.
— Sim, sempre. — Ele descruza seus braços e pega a garrafa, batendo-a devagar em sua
perna. — Não tenho educação, não tenho diploma, mas conheço cada palmo desse lugar. Talvez,
isso possa assustar, pode realmente me fazer ser um bronco, como me chama, mas jamais
machucaria você, jamais machucaria qualquer mulher. Então, se em algum momento fiz você ter
medo de mim...
— Não sinto medo de você! — digo rápido, desviando meus olhos dos seus e encarando
a fogueira.
— Kaice, eu vi como me olhou, e sei reconhecer o medo... — O toque em meu queixo é
delicado, o que me faz o olhar de volta. — Não era para ter visto aquilo...
— Se não tivesse visto, o que teria feito? — indago, olhando-o nervosa, sentindo meu
peito disparar, porque, no fundo, eu sei, pude ver a ira em seu olhar, a raiva bruta e selvagem.
Ele teria apertado o gatilho sem pensar duas vezes. — Aquele homem é seu colega de trabalho,
não sei o que lhe levou a fazer aquilo, mas, Deacon...
— Acredite, dona, ele mereceu cada gota de sangue que tirei dele. — Seu olhar brilha
novamente com ira, tendo o verde das suas íris escurecendo. — Pode parecer selvagem para
você, mas aqui, nessas terras, nessa colina, é assim que as coisas funcionam...
— Não sei como algo pode funcionar com você quase matando um homem...
— Para comandar um lugar desse, para sobreviver a um lugar desse, precisa entender que
o maior inimigo aqui não são os lobos, a seca, a nevasca ou a doença do gado, mas sim os outros
homens. — Ele recai seus olhos para meus lábios e escorrega seu dedo por meu queixo. — Está
na natureza do ser humano cobiçar o que outro tem, o que o outro conquistou. E se tem algo que
aprendi nessa vida, dona, é que meus inimigos têm que estar apavorados, a ponto do medo deles
ser maior que a cobiça.
Inspiro fundo, sentindo o calor quente do seu hálito, ao passo que meu corpo se molda ao
seu de um jeito tão natural que mal percebo. Ele faz um carinho dócil com seu dedo em meu
queixo.
— Dei um aviso àquele rapaz, ele foi advertido para manter os olhos no gado, mas não o
fez. — Me sinto drogada, tão embriagada por sua presença quanto pelo uísque, tendo Deacon
entorpecendo muito mais os meus sentidos. — Pelo contrário, olhou justamente para o que não
devia.
— O que... que ele olhou... — balbucio, esticando minha mão e a apoiando em seu peito
quando ele se inclina ainda mais para perto de mim, precisando o parar antes que eu cometa um
erro dos grandes. — O que ele olhou, para merecer apanhar daquele jeito...
— Para uma pequena loba. — Pisco, confusa, boquiaberta. — Ele lhe espiou na fonte...
Lembro dele se afastando de mim quando o cavalo relinchou, indo para o meio das
árvores, tendo o semblante fechado quando saiu de lá. Recordo da forma como apenas me deixou
aqui, saindo em disparada.
— Aquele merdinha estava me espiando tomar banho... — falo em choque, com minha
boca semicerrando. — Que cretino, devia ter lhe deixado apertar a porra do gatilho!
Não acredito que aquele vaqueiro me espiou nua, junto a Deacon, que desgraçado!
— Pelo menos, ele saiu daqui avisado, e vai espalhar por aí. — Retorno meus olhos aos
seus, não compreendendo o que ele quer dizer com isso.
— Avisado de quê?
— Do que acontece com alguém quando mexe com algo que é meu. — Meu cérebro
demora para entender, não porque não compreendi o que ele está nitidamente insinuando, mas
sim porque sua boca me devora em um ataque rápido.
É difícil respirar, pensar ou fazer qualquer coisa quando Deacon me tem dessa forma tão
firme, me arrancando batidas aceleradas, com seus lábios me beijando como se fossem sugar
tudo de mim. É possessivo, bruto e bom pra caralho, me levando a uma loucura tão grande
quanto sua selvageria. E sei o que vai acontecer, o que meu corpo irá implorar se não parar isso
agora. Minhas mãos vão ao seu peito e o empurro, abaixando meus olhos para sua garganta, e é
como se meu coração fosse pular por minha boca.
— E-eu... eu acho que já está na hora de voltar para a barraca — gaguejo, tendo minha
língua escorregando por meus lábios, sentindo o sabor do uísque e do beijo dele. — A gente sabe
como isso vai acabar, cowboy, e como não quero que você sinta como se tivesse cometido outro
erro, se arrependendo... e e-eu... Boa noite, Deacon.
Já estou me levantando apressada, passando as mãos trêmulas em meu rosto e indo para a
barraca. Meu corpo desaba nela e inalo fundo. Sinto-me uma tola, uma imensa tola por ter caído
em uma armadilha como essa, por ter escolhido, entre tantos homens na porra de um bar, justo o
que eu não consigo resistir.
— Merda! — Ergo meu punho e mordo-o com força, abafando um grito, querendo abrir
um buraco e me socar dentro, enquanto retiro a manta das minhas costas.
Olho para a porta da barraca e respiro mais forte, com meu corpo inteiro desejando esse
homem como um inferno.
— Isso vai ser uma burrada, Kai! — Me condeno, e meus dedos puxam o vestido, uma
vez que ele praticamente me sufoca. — Uma burrada enorme!
Eu sei disso, eu tenho absoluta certeza de que Deacon será uma burrada que eu nunca
esquecerei, mesmo assim me pego me enrolando na manta depois de jogar a calcinha quando a
tiro. Sendo tão rápida em sair quanto entrei, antes que desista. O vejo sentado, perdido, olhando
para o fogo, com o peito subindo e descendo, virando a garrafa de uísque em sua boca, tendo o
chapéu negro na cabeça.
— Tem mais algum vaqueiro curioso que curte ficar espiando? — pergunto para ele, me
agarrando bem à manta e o vendo piscar rápido ao abaixar a garrafa, me olhando sem entender.
— Não, dona. — Ele olha em volta, negando com a cabeça. — Acredite, nenhum
vaqueiro vai querer olhar nem para sua sombra... — Ele para de falar, e seus olhos se abaixam
para a frente do meu corpo quando deixo a manta cair no chão.
Suas narinas se alargam e seu peito se expande, com ele tomando mais um grande gole de
uísque antes de jogar a garrafa na fogueira, a fazendo ficar alta, estalando forte por conta do
álcool da bebida. Me aproximo de Deacon e paro perto das suas pernas, erguendo a minha
lentamente e pisando do outro lado, enquanto meus joelhos se abaixam e param apenas quando
meu quadril nu senta em seu colo. Seus olhos não desviam dos meus um segundo sequer, e
minhas mãos desabotoam sua camisa, a puxando para fora do cós da calça.
Ele não se mexe, não move um músculo do corpo, ao passo que retiro sua camisa,
sentindo o calor da sua pele quando lhe toco. Meu peito raspa no seu tórax quando me junto mais
a ele, pele a pele, e escorrego a manga da camisa por seus braços, sentindo o ar quente da sua
boca acertar minha nuca, me arrepiando inteira.
— Quero que fique bem claro que não estou implorando — digo baixinho quando jogo
sua camisa ao lado dele, parando meus olhos nos seus, com meus dedos se espalmando em seu
peito e o sentindo bater forte, como um cavalo correndo em disparada.
— Está claro. — Ele sorri de ladinho, o que o deixa tão sexy, com sua mão indo à cabeça
e retirando seu chapéu, apenas para o depositar na minha, antes de voltar a me olhar. — Tão
claro quanto água cristalina, dona...
Sorrio com safadeza para ele, percebendo seu olhar sexy e quente me queimar inteira
enquanto vai se deitando para trás, até ter sua cabeça apoiada na sela. Meus dedos se abaixam
para o cinto da calça e o desafivelo sem pressa, igual faço com o zíper. Me mantenho montada
em suas pernas, não desviando meus olhos do seu lago verde, revolto e tão brilhoso, com sua
boca se entreabrindo quando minha mão segura seu pau.
Ele arfa, e é selvagem. Sim, é a coisa mais selvagem e sedutora que já vi, como um
enorme garanhão manso que me deixa masturbá-lo, ao passo que tem seus olhos presos aos
meus. Sua mão se eleva e para em meu quadril, com ele me acariciando, assim como a outra vai
ao meu peito. Desliza seu dedo sobre o bico, me fazendo gemer baixinho, e minha boceta se
contrai e pulsa por dentro. Me arrasto sobre suas pernas, esfregando seu pau bem pertinho da
minha boceta, e vejo seus olhos se fecharem, com ele segurando mais firme meu quadril, com
seus dedos o esmagando.
— Também vai parar de me chamar de dona — murmuro, abaixando meu rosto para o
seu pau, o alisando contra minha boceta e meu ventre, que se contrai, sentindo o pulsar dele. —
Não sou dona de nada, cowboy...
— Pode ser se quiser. — O timbre rouco, com a respiração pesada, me faz erguer os
olhos, para ver as labaredas da fogueira queimando.
— Não... — Rio e fecho meus olhos, me movendo pouco a pouco e balançando meu
quadril para frente e para trás, massageando seu pau em um vai e vem com minha mão. — Não
quero ser dona. Aqui e agora, é apenas isso que temos, cowboy.
A mão se fecha em minha garganta quando sobe feito uma serpente por minha pele, ao
soltar meu seio, o que me leva a inalar mais forte, sorrindo com maldade para ele quando me
força a voltar o rosto para frente.
— Isso precisa ficar claro entre nós, Deacon. O que temos é apenas um fogo, uma atração
sem controle, uma química... — Inclino-me para frente e jogo meu tronco sobre o seu, com meus
dedos se segurando na sela, o provocando com meu quadril em um vai e vem, massageando seu
pau entre minhas pernas, o sentindo tão duro que pode me quebrar ao meio. — É isso, uma
química selvagem e inconsequente.
Meus olhos passam por seu rosto, como se pudesse gravar cada pedacinho dele, cada
parte sua, a deixando dentro de mim, como meu segredo, como um sonho. O sonho mais belo
que me fará sentir meu coração se quebrar quando tiver que acordar.
— Não sou sua, cowboy. — Meus lábios raspam na sua boca, apenas o instigando a abrir
seus lábios, e contorno minha língua por eles. — E você não é meu...
Empurro-me para trás quando ele tenta abocanhar minha boca, e rio baixinho, vendo sua
face zangada por ter sido impedido de ter o que quer, com a respiração ficando mais pesada.
— Mas aqui, agora... — sussurro, abaixando meu rosto para seu pau e me alavancando,
ficando apoiada em meus joelhos, o segurando em minha mão e raspando sua cabeça na entrada
da minha boceta. — Nesse colchão de terra, sobre seu cobertor de estrelas, cowboy, eu te
pertenço.
Meu rosto tomba para trás e minha boca se entreabre. Levanto minha mão para minha
cabeça, segurando seu chapéu e sentindo meu corpo arder, queimando a cada centímetro que vou
o recebendo dentro de mim. Abaixo meu quadril e afundo minha boceta em seu pau. Deacon
rosna, tendo um som rouco saindo da sua boca entre gemidos, com ele apertando forte meu
quadril. Seu tórax se arqueia, ao passo que o engulo dentro de mim.
— Essa sela ainda vai ser meu fim, pequena loba... — Ele retrai seu corpo, se mantendo
imóvel, e respira forte.
Abaixo, o tomando centímetro a centímetro, apenas parando quando meu quadril aterrissa
em suas pernas, tendo o tecido grosso da calça jeans o raspando. Inalo forte, com meu coração
disparado, as batidas incontroláveis me consumindo tanto quanto seu pau me enchendo por
inteira, que se apossa de cada pedaço e espaço.
Minhas mãos se abaixam e se espalmam em seu peito, e sinto o coração dele tão
desfibrilado quanto o meu. Deacon cerra seus lábios e para seus olhos em mim quando movo
meu quadril para cima, me retirando devagarinho do seu pau, apenas para descer novamente, o
sentindo pele a pele, deslizando com meus fluidos e o lambuzando. Ele ergue um pouco sua
cabeça e olha diretamente para nossos corpos, e suas mãos se agarram ao meu rabo, com os
dedos abertos, me mantendo imóvel, me impedindo de abaixar. Levanta sua face para a minha,
com um brilho tão belo em seus olhos, que posso jurar ser o céu estrelado sobre nossas cabeças
que está olhando para mim.
— Me leva para passear, garanhão. — Sorrio para ele, rebolando meu quadril, com a
cabeça do seu pau na minha boceta.
O primeiro estouro é como um corte, uma apunhalada que explode em um único
movimento quando ele empurra seu quadril para cima, o que me faz entreabrir os lábios,
gemendo e soluçando, com meu corpo queimando, com uma chama tão quente, que nem o vento
gelado da noite consegue apagar. Seu pau se retira e ele mantém meu rabo preso em sua mão,
vindo novamente com força ao me penetrar.
— Ohhhhh, Deacon! — Não controlo o gemido, não quando ele escapa da minha boca
tão alto junto com seu nome, antes mesmo que eu consiga o segurar.
Parece que isso o deixa ainda mais febril, porque me fode mais duro, descendo aos
poucos e retornando como uma explosão dentro de mim, com seus joelhos flexionando e ficando
com os pés apoiados firmes na manta, para empurrar mais denso e bruto seu pau no meu corpo.
— Ohhhhhhh! — Mordo meus lábios com força e meu corpo treme, sentindo a pressão
do seu pau que estoura dentro de mim.
— Diz meu nome... — Ele repete a estocada, afundando o máximo que pode, me
deixando sentir como se seu pau fosse me atravessar. — Diz meu nome, pequena loba. Grita meu
nome tão alto, pra porra toda desse vale ouvir...
— Ohh, porra... — Minhas unhas cravam em seu peito, e puxo o ar mais forte a cada
estouro do seu pau.
— Diga! — ele rosna, me fazendo sentir a dor em meu rabo quando sua mão irrompe
nele e a pele arde.
Meu corpo está livre a cada estouro do seu pau me martelando, tendo as partes internas
das minhas coxas se tencionando com os tremores que me pegam. O segundo tapa é tão forte
quanto o primeiro, ocorrendo ao mesmo tempo que seu pau me fode.
— DEACONNNN... — berro alto, a plenos pulmões, entre gemidos, seu nome,
empurrando com força meu quadril para baixo, arrancando um sonoro gemido rouco dele quando
rebolo. — Deacon, Deacon...
O suor escorre por minha pele a cada movimento de sobe e desce, e o sugo dentro de
mim, com meus joelhos se apoiando na manta e comigo o montando tão descontrolada quanto as
batidas do meu coração. Seu pau me enche, me toma inteira, me deixando selvagem, com um
desejo incontrolável por esse homem.
E não nego o que quero, não sinto pudor, muito menos vergonha, que alguém saiba que
esse maldito homem me fode como nenhum outro jamais me fodeu ou irá me foder, porque aqui,
agora, eu sou livre.
Seu tórax se inclina para frente e ele estica suas pernas atrás de mim, com suas mãos se
enlaçando em minha cintura, escorregando por minhas costas, me apertando contra seu peito,
tendo minha boca sendo tão sua quando ele a devora em um beijo bruto, quanto minha boceta,
que fode seu pau, mantendo a cavalgada no meu garanhão. O abraço, e meus dedos se
embrenham em seus cabelos, comigo jogando meu pescoço para trás, sentindo sua barba me
arranhar a cada raspar da sua boca em meu queixo, ao lamber minha garganta.
— Ohhhhh... — gemo, trêmula, e sinto o pico de dor me pegar, misturado ao prazer de o
ter dentro de mim quando os seus dentes mordem meu pescoço.
Agarro seus cabelos e puxo sua cabeça para trás, subindo e descendo mais rápido, tendo
meu peito esmagado em seu tórax, sentindo seu suor, sua pele quente e firme contra a minha. Eu
tinha razão, esse homem será a pior burrada da minha vida, e estar o fodendo pelo a pelo, sem
proteção, sendo a coisa mais íntima que já fiz em minha vida, é a prova disso. Porém, nesse
momento, estou me fodendo para minhas regras, estou me fodendo para não trepar com o mesmo
homem mais de uma vez, estou me fodendo para Greg, para o que me trouxe a Montana, porque
Deacon é tão meu nesse segundo quanto eu sou dele. E quero marcá-lo tanto quanto ele me
marcou.
Seus olhos verdes brilham intensos, e ele me aperta forte em seus braços. Meu pai dizia
que não existe perigo maior que uma paixão feroz por um garanhão selvagem, pela adrenalina
que ele lhe dá, porque mesmo sabendo da sua natureza, mesmo ciente do perigo que ele é, que
ele vai te destruir se te derrubar, você se arrisca, você se entrega naqueles oito segundos dentro
da arena, onde tem apenas você e uma fera indomável. Todavia, são os ferrados oito segundos
mais livres que se pode sentir em uma vida.
Sei que ele não falava sobre sexo quando contava isso, muito menos esperava que um
cowboy de Montana aparecesse em minha vida, mas aqui, nos braços desse homem, eu entendo o
que meu pai dizia, entendo a paixão que ele sentia por cada oito segundos que ele ficava em cima
daqueles cavalos. Entendo sua paixão, a verdadeira liberdade, porque mesmo se eu cair desse
garanhão, tive os oito segundos mais bem vividos da minha vida, os quais levarei para sempre
comigo.
— Selvagem. — Ele segura meu pescoço, fechando seus dedos nele e rosnando,
lambendo minha garganta. — Minha égua pura e selvagem.
O ar falta em meus pulmões, já que seus dedos estão esmagando minha traqueia. Seu
outro braço, que encontra-se preso em minhas costas, me move mais firme para cima e para
baixo, me estimulando a cavalgar mais rápido, e o tomo tanto dentro de mim, que meu corpo se
torna mais dele do que meu.
— É minha desde o segundo que me trancou dentro dessa sela. — Ele morde meu queixo
entre um rosnado, com sua mão libertando minhas costas, me fazendo vibrar entre a dor e a
luxúria com o tapão de sua mão aberta que irrompe em meu rabo, com ele o esmagando forte e
empurrando meu quadril para frente e para trás. — Essa maldita sela apertada que me fode pra
caralho, esfolando meu pau.
Ele aperta mais forte meu pescoço, me fazendo arfar quando sua mão enrola meus
cabelos em duas voltas, o puxando para trás. Meus dedos trêmulos se apoiam em suas pernas e
tremo inteira, o cavalgando, subindo e descendo, com seu pau me fazendo contrair a cada
deslizar. Ele solta meu pescoço e alisa meus lábios com seu dedo, que sugo em minha boca, com
meus olhos marejados, nublados de prazer.
Gemo em meio ao soluço, tendo meu rabo ardendo por conta de outra palmada. Minha
mão se agarra aos seus cabelos e puxo sua cabeça para trás enquanto rio, mantendo seu dedo
dentro da minha boca e o chupando, escorregando minha língua despudoradamente por ele.
— Ohhh... — choramingo, o vendo rosnar ao me fazer soluçar a cada estouro do seu pau.
— Minha! — Ele escorrega sua mão do meu rabo para frente do meu corpo, até parar à
frente da minha boceta e prensar seu dedo sobre meu clitóris.
— Ohh, porra... — Liberto seu dedo e jogo minha cabeça para trás, com os olhos
fechados, sentindo a energia incontrolável que me toma a cada deslizar do seu dedo sobre meu
clitóris, ao masturbar minha boceta. — Deacon... Ohhhh!!!
Ele acelera os movimentos, ao passo que meu quadril se solta de vez, subindo e descendo
mais frenético, selvagem.
— DEACONNNN...
Seu nome escapa dos meus lábios no segundo que a onda me pega, me tomando com seus
abalos da cabeça aos pés, fazendo meu corpo queimar. Os pés se retraem quando minhas coxas
em volta dele se contraem, e um orgasmo fulminante se liberta. Suas mãos vão às minhas costas
e ele me abraça com tanta força, que posso jurar que vai me quebrar. Me alavanca, tendo seu pau
explodindo duro em mais três golpes, antes de se retirar dentro de mim, com um som grosso
como um rugido saindo dos seus lábios.
Seu pau pulsa com os jatos de porra voando para meu ventre, escorrendo por minha
barriga a cada estouro, e ele inala mais forte, me abraçando. Meus braços caem por suas costas,
ficando dependurados em seu ombro, e sorrio, molenga, me sentindo uma criatura feita de
gelatina, com o coração disparado e a respiração entrecortada, comigo suada e presa em seus
braços.
Entreabro meus olhos, que ficam presos no céu vasto com suas estrelas, sendo o cobertor
estrelado mais belo que poderia desejar para essa noite. A mão em minha nuca me empurra de
mansinho para frente, e olho para o cowboy suado, com a face vermelha.
— Selvagem... — ele sussurra, raspando seus lábios nos meus. — Minha égua é bela e
selvagem.
Rio e o beijo, sabendo que nunca, nesse mundo, em parte alguma, existirá um homem
que faça eu me sentir uma tola, olhando-o como uma adolescente, ao ouvi-lo me chamar de égua,
como esse me faz.
CAPÍTULO 15
O arreio
DEACON TRINIX
— Texas. — Rio, negando com a cabeça, enquanto meus dedos alisam as crinas negras
sedosas caídas por suas costas, como um manto da noite.
Ela esfrega a ponta do seu nariz em meu peito dentro da barraca.
— O que foi? Não achei qual a graça de estar rindo apenas porque disse que sou do
Texas.
— Isso explica muita coisa. — Fecho meus olhos, virando meu rosto, com meu nariz se
enterrando em seus cabelos, gostando de tê-la assim, deitada nua ao meu lado. — Uma texana da
boca suja.
— Na verdade, minha boca ficou suja depois que fui morar em Luisiana. — Ela ri,
suspirando, e sua mão escorrega por meu abdômen.
— E o que fez uma texana ir parar em Luisiana? — Levo meu outro braço para trás da
minha cabeça, prestando atenção na forma como ela se retrai, parando de alisar minha barriga.
— A vida. — Seu rosto se vira e apoia seu queixo em meu peito, tendo os olhos negros
me mostrando que não foi só isso.
Mas como o animal selvagem que é, vai fugir, ficando arisca, se eu tentar me aproximar
mais do que ela me permitiu. Minha mão se move por seus cabelos e para perto das suas
bochechas. Empurro seus cabelos para trás, passando meus olhos em sua face. Nunca, em toda
minha vida, desejei tanto algo como a desejo.
— Espero que Clay chegue bem cedo amanhã. — Ela reprime o riso e ergue seu braço,
deixando-o apoiado em meu peito, com seus dedos brincando com minha barba.
— Por quê? — Inalo fundo, repuxando meu semblante, sabendo que ele não vai chegar
cedo.
— Porque só assim para eu sair dessa barraca. — Ela ri e abre ainda mais seu sorriso,
com seus olhos brilhando. — Ou vou rezar para ninguém ter me ouvido berrar, o que acho muito
difícil...
Ela se cala, mordiscando seus lábios e piscando rapidinho, dando seu sorriso travesso.
— Acha que o pessoal lá embaixo me ouviu?
Acaricio seu rosto e suspiro, sentindo meu peito acelerar, não negando como cada som
que saiu da sua boca, cada grito, com meu nome sendo explodido nessa colina por essa mulher,
me fez ficar ainda mais dominante sobre ela.
— Dona, até o gado no pasto te ouviu berrar que nem uma potranca enquanto me
cavalgava. — Sorrio para ela, a vendo fechar seus olhos, com sua cabeça se escondendo em meu
peito.
— Oh, merda... — ela fala, abafando um gritinho em minha pele. — A marcha da
vergonha será grande amanhã.
— Sente vergonha que os outros saibam? — pergunto sério, sentindo por um segundo
meu corpo inteiro ficar rígido. — Sente vergonha de saberem que está comigo...
— Não começa, cowboy! — Ela ergue seu rosto e assopra a mecha de cabelo, me dando
um sorriso doce. — Não tenho vergonha de dormir com você, muito menos de alguém ouvir o
que eu faço e com quem eu faço. É só que, normalmente, depois que faço, eu apenas vou embora
ou o mando embora, mas aqui é diferente, vou encarar uma viagem de horas para o rancho junto
com todos, e se alguém acabar dizendo ao seu patrão... Eu já não tenho boas notícias para ele,
não tenho ideia de como o ajudar, e imagina se algum vaqueiro for fazer fofoca e acabar que isso
lhe prejudique...
Ela se cala quando giro rápido, a deixando abaixo de mim, com minhas mãos espalmadas
perto da sua cabeça, me empurrando sobre ela e usando minhas pernas para afastar as suas.
— Sem patrão! — sussurro, abaixando meu corpo, esfregando minha barba no bico do
seu seio. — Sem rancho, sem o que lhe trouxe aqui, sem seu trabalho, apenas nós dois nessa
colina, dona, e seus gritos, enquanto eu lhe fodo...
Ela geme, com suas mãos se segurando em minha cintura e sua pele arrepiando quando
minha língua escorrega em seu peito, antes de o mordiscar.
— Isso não vai acontecer, cowboy... — ela suspira e suas pernas se esparramam ainda
mais, com sua boceta se esfregando em minha barriga. — Não vai. Clay volta amanhã e vamos
seguir para o rancho...
— Não vamos. — Solto seu seio, mudando a carícia para o outro bico, o sugando em
minha boca e a ouvindo gemer, com suas unhas cravando na minha pele, o que faz arder. —
Vamos ficar mais alguns dias na colina. O gado começou a ser marcado, e precisa ser feito aqui,
já que começou aqui...
— O quê? — Ela para de se mover e abaixa seu corpo, soltando meu quadril e levando
sua mão para meu rosto enquanto o segura. — Está dizendo que não partiremos para o rancho
amanhã?
Não a respondo, mantenho meus olhos presos nos seus, apenas movendo minha cabeça
para os lados. Minha mão escorrega por seu corpo e vai para o centro das suas pernas, e sinto a
quentura da sua boceta quando meu dedo se afunda dentro dela.
— Deacon... — Ela arfa, com sua boca se fechando e inalando mais forte. — Não posso
ficar, não posso, eu preciso... Oh, porra!
Suas palavras se perdem, e suas mãos se agarram em meu cabelo ao ter outro dedo sendo
levado em seu interior, comigo a fodendo lentamente. Meu rosto se abaixa e retorno a chupar seu
peito, amando cada segundo que mamo em sua teta, que enche minha boca.
— Deacon... Deacon, me escuta... — ela balbucia enquanto geme.
— Estou escutando — sussurro, escorregando minha língua por sua barriga e mantendo
meus dedos dentro da sua boceta, a fodendo mais. — Gosto de te escutar, principalmente,
quando grita meu nome.
— Deacon, é sério, eu não posso ficar... — Ela se apoia em seus cotovelos, e a olho,
mantendo minha descida, raspando minha barba por sua barriga. — Eu preciso voltar para
Luisiana, sem falar que não tenho nem sinal de telefone para avisar a Bob que estou bem...
Minha face, que estava se abaixando entre suas pernas, para no mesmo segundo, com
meu corpo tensionando. Levanto minha cabeça para ela.
— Quem é Bob? — rosno baixo, tendo meu peito inflamando, não conseguindo controlar
a possessividade que ela me desencadeia, sabendo que sou capaz de ir atrás do filho da puta, o
matando igual farei com o miserável que mandei Otis tirar das minhas terras.
Assim que retornar para o rancho, a primeira coisa que farei é caçar aquele verme,
metendo uma bala em cada olho dele.
— Quem é Bob, Kaice? — pergunto mais sério, inalando forte.
— É meu assistente. — Ela ri travessa, e seu corpo se esparrama, soltando seus
cotovelos, com seus braços se esticando ao lado. — O culpado de me colocar dentro de um avião
sem saber o nome do funcionário que iria me buscar.
— Acho que estou começando a sentir apreço por ele — murmuro, abaixando meu rosto
e raspando meu queixo em cima da sua boceta, a fazendo tremer inteira. — Apenas não acho que
ele seja culpado. Você não quis saber o meu nome, e isso não adiantaria muito também...
— E nem você saber o meu, já que estava esperando um homem. — Ela ri alto quando eu
viro meu rosto, dando uma mordida em sua virilha. — Oh, merda, cowboy, já estou assada, e
tenho quase certeza de que manca, e com a bunda dolorida, agora quer me deixar cheia de
mordidas...
Ergo meu rosto para ela e paro minha atenção em seu pescoço, vendo a marca escura em
sua pele, onde a mordi.
— Não, quero lhe deixar aqui — digo firme, não escondendo dela o que realmente quero.
Kaice tomba seu rosto de ladinho e me olha enquanto estica sua perna por cima do meu
ombro, mordiscando seus lábios.
— Tem ideia do tanto de trabalho que vai acumular... — Seus olhos se fecham quando a
lambo em cima do seu broto, e movo meus dedos, a fodendo.
— Eu e você, nessa colina, pequena loba, sem trabalho, sem patrões, por mais cinco dias,
até terminar de marcar o gado. — Beijo sua boceta, gostando da forma mansa que ela fica tão
dengosa, ronronando como uma gata. — Seu chefe pode vir para cá, e vou ter que conversar com
ele, e...
— Oh, caralho, cowboy!
A chupo com mais fome, a lambendo de dentro para fora com minha língua, percorrendo
seus lábios até parar sobre seu clitóris e o sugar, levando um terceiro dedo para dentro da sua
boceta. Não paro, a chupo mais, massageando seu clitóris entre pinceladas e leves mordidas,
sentindo as coxas em meu ombro tremerem a cada sucção, com ela arqueando suas costas. É um
pequeno tornado selvagem e lindo, tanto quanto está livre e dócil.
E ainda não estou pronto para a tirar daqui, para lhe perder, para olhar em seus olhos e
admitir que fui um mentiroso, um filho da puta, ao deixá-la acreditar que sou apenas mais um
cowboy trabalhando aqui. Não quero, porque, no fundo, sei que isso a levará para longe, que sua
forma selvagem, com a qual me rendeu a ela, será a mesma a me destruir quando ela se afastar
com raiva de mim, achando que eu apenas queria a usar ou a manipular. Porque não, não é isso
que quero dela, o que quero é ela, apenas ela, assim, livre, gemendo, ao passo que meu corpo se
inflama a cada gemido e meu paladar devora cada sabor da sua boceta, com meus dedos a
fodendo, sendo lavados pelos fluidos dela que escorrem.
— Ohhhh... — Kaice vem veloz, como um relâmpago estourando dentro da barraca, e
meus dedos sentem a pressão que sua boceta faz quando ela tem um orgasmo.
Meus dedos se retiram dela tão rápido quanto minha mão vai à sua cintura, a girando, lhe
puxando pelos cabelos quando a forço a ficar de joelhos, comigo atrás dela. Meu pau escorrega
para sua boceta, e deslizo em seu corpo quente que me esfola e me ama tão bem, o que faz eu me
sentir em casa nesse pequeno corpo suado colado ao meu. Suas unhas vão para minhas coxas, e
ela empina seu rabo, tendo sua face tombando em meu peito quando se vira para mim, me
oferecendo sua boca carnuda, que está ainda mais inchada por causa dos meus beijos.
— Só eu e você, minha pequena loba selvagem. — Movo meu pau, lhe fodendo sem
pressa, capturando sua boca e a beijando, abraçando com uma mão sua cintura, tendo a outra
indo para seu seio, o segurando e alisando o bico dele.
Ela choraminga baixinho, gemendo em minha boca assim que minha mão retorna para
sua boceta, a massageando da mesma forma que lhe fodo, entrando e saindo do seu corpo quente,
que como um maldito ferro quente de gado me marca, me tomando dentro dela.
Não menti quando disse que ela me selou, porque foi o que ela fez, me selou a ela, com
sua boceta quente me deixando de quatro, como um garanhão apaixonado por sua égua puro-
sangue.
— Deacon... — ela me chama entre gemidos, e sua face se afasta. Abre seus olhos com
brandura, me fazendo amar a forma como ela pronuncia meu nome, me deixando ver todo seu
prazer enquanto lhe fodo.
Sua mão solta minha perna e se fecha sobre a minha em seu peito, com sua bunda se
empurrando para trás a cada movimento que faço para frente. Sua boceta inchada e quente
esmaga meu pau, e meu rosto se cola ao seu, tendo meu nariz escorregando por sua pele quando
a beijo.
— O que estamos fazendo, cowboy... — ela murmura, ofegante, gemendo baixinho em
minha boca.
Estou entregando a ela minha alma, entregando minha alma a esse filhote, o qual vai me
destruir, me levando à loucura quando partir. Estou amando-a lentamente dentro dessa barraca,
não a fodendo, não a marcando, e sim amando-a. Sem pressa, sem explosão, apenas querendo a
ter o máximo de tempo que eu posso, para a manter ao meu lado.
— Estamos sendo livres, pequena loba. — Roubo seus lábios para mim e a deito,
empurrando nossos corpos para frente, com meu braço soltando seu peito, se apoiando no chão
da barraca, para não a esmagar com meu peso.
Meu rosto se enterra em seus cabelos e mantenho meu pau entrando e saindo do seu
corpo quente, massageando sua boceta. Seu cheiro, seu sabor, tudo me domina com tanta força...
Ela se retrai por dentro, com seu rabo se empinando quando o orgasmo lhe toma mais uma vez.
Me empurro para trás e agarro sua cintura, ficando de joelhos atrás dela e metendo meu pau com
fúria em sua boceta, o sentindo ter que lutar para conseguir se mover dentro de Kaice, que o
esfola, se contraindo como um torno em volta dele.
Meus músculos tensionam e meu corpo enrijece, e tenho apenas um segundo para me
puxar para fora, antes que meu pau jorre dentro dela. Meu coração acelera, e a porra marca seu
rabo, escorrendo por ele, comigo esmagando sua cintura.
— Com toda certeza, eu fiquei manca... — Ela desliza, com seu corpo inteiro mole, se
esparramando de barriga para baixo.
Caio sobre ela, com meu rosto enterrado em seus cabelos e meu peito subindo e descendo
rápido.
— Até o final desses cinco dias, se não ficar manca, vou lhe deixar — falo, beijando seu
ombro e ouvindo o riso dela baixinho.
Com seu rosto se virando, meu dedo afasta os cabelos colados em sua face suada, e fico
preso em seu olhar.
— Isso é uma péssima ideia, cowboy... — Ela recai seu olhar para meus lábios,
suspirando. — Uma péssima ideia.
Ela fecha seus olhos e esfrega a ponta do seu nariz em meu rosto, dando um beijo terno
em meus lábios.
Fui laçado pela pequena égua selvagem com crinas negras tão brilhantes, de corpo e
alma, com ela me colocando sela, cabresto e arreio sem nem perceber.
CAPÍTULO 16
Vermelho infernal
DEACON TRINIX
Puxo bem a fivela da sela, a mantendo firme em Metálica, que vira sua cara para mim e
bufa, trotando na direção da barraca, o que me obriga a puxar as rédeas, para que ele fique
parado. Ele move sua cabeça para os lados, relinchando, com seu casco batendo no chão.
— É, eu sei que estou com o cheiro dela. — Fisgo o canto da boca e arrumo o chapéu em
minha cabeça, sorrindo e virando meu rosto para a barraca onde a pequena mulher está
adormecida. — Mas aquela égua é minha, garanhão!
Puxo de novo as rédeas, o levando comigo, tendo o relincho alto dele em resposta,
enquanto rio e me afasto com ele, andando pela grama. Meu rosto se ergue para o céu ainda
escuro e sorrio como um filho da puta de merda, tão besta quanto o maldito cavalo que chama
por ela. E não o julgo, não quando meu corpo inteiro está mais marcado que meu gado, com o
cheiro de Kaice impregnado em minha pele, com meu pau esfolado, que amou cada segundo que
a teve essa noite, tanto quanto acordar com ela explodindo meu cérebro dentro daquela barraca,
como uma loba traiçoeira atacando sua presa.
Meu peito arfa e meu pau lateja. Os músculos estão rígidos, e abro meus olhos,
desejando que se estiver tendo um sonho, que pelo inferno eu não acorde.
— Eu teria que ser um filho da puta muito sortudo para começar meu dia dessa forma —
grunho, travando meu maxilar e esticando minha cabeça, tendo a visão mais bela da sua boca
tomando meu pau. — Ohhh, porra...
Ela me mata, me condena à tortura pecaminosa que é sua boca sugando meu pau, o
engolindo e contornando a cabeça inchada com sua língua, me levando ao céu a cada pincelar,
antes de começar a sugar mais forte.
— Kaice... — rujo, com meus dedos se fechando em seus cabelos, sentindo meu coração
disparar.
A mão quente e macia se fecha em meu pau, subindo e descendo sobre ele, com ela
mantendo sua boca apenas sobre a base, o sugando. Meus dedos esmagam mais forte seus
cabelos quando suas presas se prendem ao meu pau, e um choque me percorre inteiro.
— Porra... — Fecho meus olhos e os comprimo com força, a tendo me matando no
segundo que retira sua mão do meu pau e desce sua boca por ele, o tomando o máximo que
pode, com suas unhas se cravando em minhas coxas. — Kaice... merda...
Eu não duro bosta nenhuma na mão dessa mulher. O gozo me pega tão forte quanto um
menino que acabou de receber sua primeira chupada. Mas ela não para, me leva em um rodeio
selvagem, me engolindo mais, com sua saliva escorrendo por meu pau, enquanto sinto sua
boceta se esfregar em minha perna, com ela estimulando seu clitóris a cada vai e vem. Me chupa
com mais vontade a cada tremor que lhe pega, e a quentura do seu gozo escorrendo em minha
perna é tão forte quanto a porra que jorra do meu pau, que pulsa a cada deslizar da sua língua
sobre ele, me fazendo explodir, com meu coração parecendo um estouro de boiada no meu peito.
Apenas quando ela já o lambeu inteiro, retirando cada gota de porra que sua língua
pudesse tomar para si, afasta seus lábios, o que me faz tremer com o beijo travesso dela em cima
da cabeça sensível do meu pau, que está mais mole que minhas pernas. Abro meus olhos e a
encaro, vendo o sorriso em seus lábios, com seus longos cabelos negros caindo em volta do seu
corpo, assim como no meu. Ela passa devagar a língua sobre sua boca carnuda, que brilha com
minha porra. Meus braços se esticam em segundos para ela, indo por baixo das suas axilas e a
puxando para cima de mim, esmagando meus braços em suas costas, a rolando dentro da
barraca e lhe deixando abaixo de mim.
— Eu estou fodido, Metálica! — murmuro, rindo para o cavalo ao ir na direção do
acampamento dos vaqueiros.
O cavalo relincha alto, bufando, e arrumo o chapéu em minha cabeça, inalando fundo,
parando de andar, ficando ao seu lado e já o montando, o fazendo trotar rumo ao rebanho,
cortando caminho pelo acampamento, vendo alguns vaqueiros terminando de arrumar suas selas.
— Patrão! — eles me cumprimentam, batendo devagar na aba dos seus chapéus,
enquanto eu respondo com um aceno.
Instigo mais o cavalo, deixando as rédeas soltas, aliviando o cabresto, o fazendo galopar
no pasto. Puxo o laço da sela, o segurando firme e percorrendo meus olhos pelo gado.
— Bom dia, patrão! — O trote lento me acompanhando me faz repuxar meus lábios,
diminuindo os passos de Metálica.
Giro meu rosto para o lado e encontro a face cretina de Otis, que tem um sorriso de
deboche esboçado nela.
— Dia! — Me arrumo na sela, endireitando minha coluna e a deixando reta, voltando
meu rosto para frente, passando entre o gado.
Paro o cavalo, tendo os olhos de Otis me incomodando, porque posso os sentir me
queimarem, com o miserável me encarando. Giro novamente e olho sério para ele, que se
mantém com a face debochada, segurando o riso, enquanto apoia seu braço esquerdo na sela,
com o outro empurrando a aba do chapéu para cima.
— Quer me dizer alguma coisa, Otis? — pergunto direto para ele, que nega com a
cabeça, esmagando seus lábios mais forte.
— Quero dizer nada não, Deacon!
— Filho da puta! — rosno, abaixando meu rosto, rindo e o ouvindo explodir em uma alta
gargalhada.
Otis ri, me provocando, trotando com seu cavalo ao meu redor, antes de o parar do meu
outro lado, com seus ombros chacoalhando.
— Todos ouviram? — indago, erguendo meu rosto e o encarando.
Mesmo sabendo a resposta pela forma que ele ri, caçoando de mim ao dizer meu nome
inteiro, porque desde que me conheço por gente e esse merda cruzou meu caminho, ele apenas
me chama de Deac.
— Meu amigo, até os ursos hibernando nas cavernas das montanhas acordaram com o
estouro! — ele suspira, parando de rir, se arrumando na sela. — Nunca vi tanto vaqueiro
cuidando do sono de uma vaca, para se afastar da sua barraca, como vi essa noite.
Estufo meu peito, esmagando meus dedos nas rédeas, com meus olhos passando pelos
homens acendendo a fogueira à esquerda, com os ferros dos gados sendo preparados para
aquecer.
— A melhor forma de deixar os lobos afastados, é deixá-los cientes que um predador
mais forte já está comandando a trilha de caça — falo baixo, com meus olhos se esticando na
direção do rio, sabendo que entre as árvores, minha pequena loba está adormecida, tão drenada
pela forma que lhe marquei.
— Acredite, Deac, os vaqueiros sabem a quem aquela mulher pertence desde o segundo
que ela montou no Metálica — ele sussurra, virando seu rosto para mim. — O que aconteceu
com aquele filho da puta do Tailer foi um incidente, os rapazes que trabalham aqui nunca fariam
isso, eles te respeitam e, acima de tudo, te conhecem.
— Eu sei! — Cerro meus dentes, ainda sentindo meu sangue ferver, com a mesma raiva
que senti quando vi as pegadas atrás da árvore, que me alertaram que alguém tinha ficado ali. —
Mas é bom sempre lembrar.
Viro meu rosto para ele, fazendo Metálica se aproximar do seu cavalo, fisgando minha
boca.
— Onde deixou aquele verme? — pergunto sério, sabendo que Tailer é um homem
morto, que não importa para onde ele foi, assim que terminar essa marcação de gado, vou caçar
aquele verme, o fazendo desejar nunca ter vindo pedir trabalho nesse rancho.
— O coloquei na garupa de Mickei e mandei o homem pagar uma semana de trabalho
para ele e o chutar para fora do rancho — ele me responde, estalando o canto da boca. — Se
quiser, posso ir ajudá-lo a chegar até o ponto final do ônibus.
— Não, esse aí eu mesmo faço questão de levar. — Instigo o cavalo, o fazendo trotar. —
Agora, vamos trabalhar, que ainda tem muito gado pra marcar.
— E você ainda tem energia para isso? — Otis me provoca, trotando na direção da
fogueira junto comigo. — Domar tornado a noite e marcar gado de dia? Tem mais idade para
essas coisas não, cowboy!
Puxo as rédeas, fazendo Metálica parar, com meu rosto virando para o miserável, que ri,
sem medo algum de eu meter uma bala em sua cara.
— Vou foder sua boca com a porra do ferro quente, Otis!
— Duvido muito, mal está conseguindo ficar em cima dessa sela. — Ele ri, jogando sua
cabeça para trás. — Parece até um novilho assado.
— Tá querendo levar um tiro no rabo, Otis? — falo bravo para ele, rindo. — Nunca me
senti tão vivo, seu bosta!
Bato meus calcanhares no flanco de Metálica, o fazendo disparar no pasto, ouvindo o riso
de Otis, que cavalga atrás de mim.
— Bill, traz o próximo! — grito, soltando o gado que acabei de marcar e dando um passo
para trás, o vendo sair em disparada.
A marcação de gado é uma das tarefas mais importantes e tradicionais da pecuária. Não
se trata de judiar do animal, pelo contrário, isso é para o proteger. A marcação serve para
identificar os animais e evitar roubos ou confusões com outros rebanhos. Eu sou o dono do
rancho, mas também gosto de participar da marcação, de trabalhar ao lado dos meus vaqueiros,
sempre foi assim. Amo minha terra, e o suor e o sangue que já derramei por ela é uma forma de
mostrar o meu respeito e o meu orgulho pelo meu gado. Tenho orgulho de tudo que conquistei,
principalmente da minha raça de gado, que é uma das mais distintas.
A Santa Gertrudis, que eu desenvolvi a partir do cruzamento de Brahman com Shorthorn,
é uma raça resistente, produtiva e de excelente qualidade de carne, uma das melhores que existe
no mercado. Ao todo, tenho mais de duas mil cabeças de gado pastando no vale, e cada uma
delas leva a minha marca: um G.V. estilizado, que representa o nome do rancho, Green Valley.
Eu sempre quis fazer desse lugar um império do agronegócio, dando o valor verdadeiro
que essas terras têm, de cada pingo de suor que meus homens derramam, mas com os impostos
aumentando a cada ano e o valor da carne sendo uma miséria para o produtor e cobrado um
absurdo para o consumidor, todo o lucro vai para os impostos e terceiros. Há anos não consigo
ter um bom lucro com minhas terras, e além de lidar com os filhos da puta da cidade grande, que
pagam uma mixaria para comprar meu gado, também tenho que lidar com os abutres do turismo,
que resolveram vir para as montanhas, fazendo daqui um local de férias para ricaços que querem
brincar de rancheiros, sendo que nunca nem bateram um prego em uma cerca.
Vi muitos donos de rancho, famílias antigas, pioneiros, como a minha, perderem tudo,
chegando ao ponto de precisarem vender as terras, porque não conseguiram lidar com os
impostos. O que me ajudou a me manter por mais alguns anos foram os rodeios, já que aplico
meu dinheiro em cavalos que ganham premiações. Mas sei que isso não me ajudará por muito
tempo. Porém, se tem uma coisa que eu sei, é que irei continuar trabalhando até o último suspiro,
para poder salvar minhas terras. E por isso faço questão de marcar pessoalmente cada gado meu.
Ser marcado com ferro em brasa é doloroso para os animais, mas necessário e rápido.
Eles logo se recuperam e voltam a pastar tranquilamente. Eu e os peões formamos uma equipe
eficiente e sincronizada. Trabalhar no campo é um trabalho em equipe. Nós laçamos os animais,
os levamos até perto da fogueira, os imobilizamos e os marcamos. Depois, os soltamos e os
conduzimos até o pasto, onde os que já estão marcados ficam pastando, tendo três vaqueiros os
deixando unidos, para não se misturarem com os que estão sem marca.
— Ê, amigão, calma! — Me agacho, batendo na barriga do gado, o acalmando, tendo
Otis e Bill o segurando pelo laço, um no pescoço e outro nas patas traseiras.
O gado muge alto no segundo que o ferro o toca, tendo o cheiro de carne subindo forte,
junto com os pelos queimados.
— Solta! — berro, puxando o ferro, fisgando o canto da boca. — Pode laçar outro, Bill!
Viro e vou para a fogueira, levando o ferro para ela e pegando outro que estava
esquentando, o segurando firme com a luva de proteção.
— Bill, se eu for aí laçar esse gado, juro que chuto seu rabo — Otis grita alto. — Já é
quase hora do almoço, vou ficar te esperando não, porra...
Ele se vira e caminho para ele, me agachando e ficando com meu joelho esquerdo
apoiado no chão. Bill puxa o gado, o trazendo pelo pescoço, repuxando o nariz, com seus ombros
encolhidos.
— Esse aqui é bagunceiro, queria vir não. — Bill ri quando para com ele perto de nós. —
Laça bem as pernas dele, Otis, porque é bravo...
Otis se abaixa, passando a corda rapidamente nas patas traseiras, as mantendo firmes em
seus dedos. Meu braço se ergue e miro na traseira do gado, com as letras em brasas apontadas na
direção que vou marcar. Mas o bicho pula, o que me faz esquivar para trás quando se debate.
— Oh, inferno, Otis, segura firme essa corda, homem! — O vejo perdido, olhando para
trás de mim.
— Acho que você vai precisar da corda mais que eu. — Otis ri, abaixando a cabeça e
gargalhando. — Vermelho deixa touro bravo, Bill!
Pisco, confuso, me levantando e arrumando o chapéu em minha cabeça, olhando dele
para Bill, sem entender o que Otis fala. O garoto fica corado em segundos, quando olha para trás
de mim. Sua face abaixa rapidamente, e me viro, olhando para trás, não precisando de muito para
compreender o que fez Bill corar da cabeça aos pés. Meu peito se estufa e minha boca se esmaga,
com meu dedo empurrando a aba do chapéu para cima, comigo estreitando meu olhar, não tendo
como não ver o vermelho escarlate reluzindo no pasto, com as imensas crinas negras caídas em
seus ombros e um par de óculos escuros no rosto, ao passo que acena para os vaqueiros quando
passa por eles, que rapidamente ficam de costas, mudando a direção dos olhos.
Rosno, e o fluxo do meu sangue dispara. Não tem como não ver o decote baixo do
vestido de alças finas, que faz os grandes seios balançarem graciosos dentro dele a cada
movimento das suas pernas grossas, que ficam ainda mais destacadas no vestido vermelho que se
aperta até abaixo da sua cintura, ficando soltinho nas pernas. Os babados têm um corte na lateral
em V, e as botas de cowboy são marrons, o que a fazem parecer uma miragem entre o gado,
vindo em minha direção, com sua pele negra brilhante e sorriso largo que se abre para mim.
— Ê, Diabo! — Bufo pelo nariz, e meu coração bate feito um tambor, comigo realmente
me sentindo como um maldito touro. — Otis, termina de marcar esse aqui — rosno para ele,
esticando meu braço com o ferro e o deixando pegar, vendo o sorriso cretino em seus lábios, que
ele fracassa em reprimir.
— Quer a corda? — pergunta baixo, dando um pulo para trás quando ameaço dar um
passo em sua direção.
Viro para ela, arrumando o cós da calça, bufando e tirando as luvas das minhas mãos,
com meus olhos ficando presos no balançar dos peitos marcados pelo tecido, o que me deixa
saber que ela não está com sutiã, o que faz meu pau latejar dentro da calça.
— Inferno de égua selvagem! — murmuro, guardando as luvas nos bolsos da calça e
estufando meu peito, com meu olhar parando nos gestos lentos do seu braço, que se ergue e
empurra devagar seus cabelos para trás.
Estreito meus olhos e fisgo meus lábios, fixando os olhos na marca da minha boca em seu
pescoço, que ela não esconde.
— Bom dia, cowboy! — Seus passos param quando nos encontramos, com ela a poucos
passos de mim.
A fito de cima a baixo, e minha respiração fica mais densa. Realmente confirmo a falta
do sutiã ao olhar o bico da sua mama marcando o tecido do vestido de alças finas. Recaio meus
olhos por seu corpo, parando no corte na lateral da saia, que deixa metade das suas coxas, até
seus pés, completamente descobertos. Giro meu rosto e olho em volta, encarando cada vaqueiro,
os vendo cabisbaixos, trabalhando, antes de retornar minha face para ela.
— Bom dia, dona! — sussurro, levando meus dedos aos bolsos da calça. — Pensei que
queria evitar a caminhada da vergonha.
— Oh, não tem muito o que evitar! — Ela passa por mim e me dá um sorriso travesso
antes de bater em meu ombro. — Ainda temos mais cinco dias, se bem entendi, então qualquer
vergonha terá que esperar...
Arranco o chapéu da cabeça, o esmagando em minha mão e me virando aos poucos,
mirando a traseira farta, esmagada no vestido vermelho, com ela rebolando de propósito a cada
passo, com seus cabelos batendo em seu rabo, condenando meu pau, que parece nunca se
satisfazer dessa égua bela que trota.
— Vai precisar ir para trás da árvore daqui a pouco, cowboy, se não parar de ficar
encarando — ela fala sem se virar, rindo.
— Diabo de mulher! — Estufo meu peito e arrumo o cós da calça, tendo a porra do meu
pau duro me fazendo xingar. Rosno e levo o chapéu à cabeça.
— Bom dia, meninos — ela diz, alegre.
Caminho lento, a vendo sorrir e cumprimentar Otis e Bill, que a cumprimentam com um
gesto de cabeça, batendo os dedos deles nos seus chapéus, mantendo seus olhos presos no gado,
enquanto Otis segura o ferro e Bill o laço no pescoço do animal. Paro perto dela, passando meus
dedos devagar em suas costas, a puxando para o outro lado, ficando no lugar que ela estava, para
a proteger se o gado se debater. Seu rosto se ergue na mesma hora para mim, não me passando
despercebido o tremor dela ao ter minha mão em seu corpo.
— Não fique muito perto, pode acabar se ferindo com um coice. — Abaixo meu rosto
feito um cão miserável, a farejando, sentindo o perfume doce que ela exala.
— Ok... — Ela se arrepia, com seu peito subindo mais depressa, chamando a atenção dos
meus olhos para seu decote, que me dá uma visão perfeita do vale dos seios. — Bom, estão
marcando-os...
— Estamos, moça! — Otis a responde, chamando a atenção dela, que dá um passo para
frente, se afastando do meu toque. — Ainda tem mais de duzentos e cinquenta para marcar.
— Nossa, é bastante... — Ela ri, batendo uma mão na outra, olhando rapidamente para
trás quando me aproximo dela mais uma vez.
— Oh, não, é pouco... Quando chegarmos ao rancho, tem mais quinhentos nos esperando.
— Bill retira o laço do gado, soltando-o e indo buscar outro.
— Quinhentos? — ela balbucia, girando o rosto para mim. — Quantas cabeças de gado
tem nesse rancho?
— Duas mil — a respondo, retirando as luvas dos bolsos da calça e as colocando em
minhas mãos. — Otis, laça as pernas.
Dou o comando a ele, pegando o ferro e aguardando Bill trazer o próximo.
— Na verdade, na última contagem tinha dois e quinhentos.
— Isso é muito gado para marcar. — Ela inala fundo, olhando o novilho que Bill puxa.
— Chefe, esse aqui é filho da vaca que morreu afogada no rio. — Ela pisca rápido,
olhando do novilho para mim, enquanto posso me ver socando o ferro quente na boca de Bill.
— Chefe? — Ela me fita perdida, e esmago meus dedos no ferro, inalando fundo.
— Dona, eu...
— Alguém precisa comandar esses vaqueiros, do contrário, vira bagunça! — Otis fala
alto, me cortando antes que eu a responda.
Olho para ele, que fisga o conto da boca, movendo a cabeça em positivo para mim, antes
de olhar para ela. Vejo o sorriso delicado em seus lábios, ao passo que desvia seus olhos de mim
para o novilho, esticando sua mão e alisando sua cabeça.
— A mãe dele se afogou? — pergunta baixinho, e ele muge ao tê-la lhe alisando entre
suas orelhas.
— Era uma fujona, e correu para o rio. Antes que pudéssemos laçá-la, acabou sendo
puxada para o fundo — Bill tagarela, e Otis laça sua perna traseira. — Ficou sozinho agora...
— E o que vai acontecer com ele? — Sua face se ergue para mim na mesma hora, com
seus lábios se mordiscando, tendo um olhar preocupado.
— Ele vai ficar solto no pasto junto com os outros gados, e, quando crescer, o usarei para
reprodução. — Observo sua expressão suavizar, tendo um brilho carinhoso em seus olhos ao
mirar o animal, me deixando ver o mesmo olhar que ela tentou esconder na fonte.
Eu acho que podia tentar a vida inteira, e nunca iria conseguir entender essa mulher, que
tem um espírito indomável e é brigona, tendo um corpo quente e sexy como o inferno, mas que
em seu coração é um filhote perdido, que se esconde em sua carapaça selvagem.
— Não vão mandar ele para o abate, certo? — ela murmura, mantendo os afagos nele.
— Oh, não, aqui nenhum órfão é mandado embora, moça. — Otis ri, a respondendo. —
Pode marcar, Deac.
Marco o novilho, que berra alto. Kaice segura sua cabeça enquanto tenta o acalmar, me
deixando ver o olhar triste que a toma por um segundo, antes de o esconder, assim que me vê a
olhando.
— Bom garoto. — Ela ri, abaixando a cabeça e falando com o bicho, antes de se afastar e
dar um passo para trás. — Eu acho que vou andar um pouco por aí, agora.
Ela se vira, dando as costas para nós e passeando calmamente entre o rebanho, o que faz
meu corpo inteiro se enrijecer.
— Continua aqui, Otis. — Lhe entrego o ferro, me afastando dele e indo atrás dela.
Lhe sigo a cada passo, com meus olhos na loba que observa tudo com curiosidade, antes
de ter sua atenção parando no Mustang, que relincha, como se estivesse a chamando.
— Os esquilos não te incomodaram hoje, bonitão? — Metálica vira potro, completamente
vadio, com seus cascos batendo devagar no chão, relinchando mais alto ao ouvir a voz dela.
— Não acho que deveria andar por aí, dona. — Paro perto dela, e levanto meu rosto para
a montanha, não gostando da ideia dela por aí sozinha.
— Não vai me dizer que acha que não dou conta da minha alcateia se ela aparecer... —
Ela ri, me olhando por cima do ombro, acariciando a cabeça do cavalo. — Esqueceu que sou a
líder?!
Não duvido por um segundo que ela daria conta, que provavelmente os colocaria para
uivar para ela, mas o problema não são só os lobos, esse lugar é imenso e muito fácil de se
perder. Curiosa e amante de arrumar encrenca do jeito que é, acabaria dentro da toca de um urso,
o cutucando.
— Estou quase parando para o almoço, posso te levar para passear, se é isso que quer,
dona. — Inalo fundo, retirando meu chapéu.
— Não, não quero. — Ela vira para mim, catando o chapéu dos meus dedos. — Metálica
pode me levar.
O cavalo relincha mais alto, quase como se estivesse aceitando o convite, enquanto o
fuzilo com o olhar.
— Kaice, isso aqui não é um shopping nem um bar, que pode usar sua língua afiada... —
Me calo, a vendo sorrir de forma sedutora, levando o chapéu à cabeça enquanto o arruma, dando
de ombros.
— Não vou longe, cowboy. — Seu dedo se ergue e ela o escorrega em minha barba, com
meus dedos se esmagando, para me controlar e não a puxar para meus braços. — Na verdade, se
quiser me encontrar é só ir até a fonte, vou lá me lavar. Sinto meu corpo colando por conta da
cavalgada da noite passada, preciso me limpar.
Meus olhos se fecham quando a crina negra sedosa bate em meu rosto, com ela se
virando e me dando as costas. É rápido como um estopim, o que me leva a estourar, e não resisto
mais à vontade de tocá-la quando a faço voltar para mim, lhe puxando pelos cabelos, com minha
mão se agarrando à sua nuca. Giro-a, e os grandes olhos negros estão surpresos, ao passo que ela
inala forte, com suas mãos se apoiando em meu peito.
— Quer ir se lavar, eu vou lhe levar — rosno baixo, aproximando meu rosto pouco a
pouco do seu. — Mas sozinha não vai, dona.
É uma febre, uma loucura que me toma a carne e a alma, e vejo o fogo brilhar em seu
olhar enquanto mordisca seus lábios, com sua mão escorregando em meu peito, até parar em
minha cintura.
— Não sei se quero que vá, porque isso quer dizer que em vez de me limpar, vou ficar
ainda mais melada. — Seus pezinhos se alavancam e ela para sua boca a centímetros da minha,
sem desviar seus olhos dos meus. — E você tem trabalho a fazer, cowboy. Volte para lá e vá
marcar seus novilhos.
Minha sobrancelha se arqueia e meu peito inflama, com o ar entrando mais forte em
minhas narinas no segundo que sua mão solta uma palmada em minha bunda.
— Dona, acabou de bater em minha bunda? — Ela ri, erguendo sua mão para meu
pescoço e me atiçando com suas unhas, me arranhando.
— Sim, agora volte para seu trabalho, cowboy! — Vira, já tendo suas mãos se apoiando
na sela, com seu corpo se alavancando para montar Metálica.
— Enquanto estiver nessas terras, está sob minha responsabilidade, Kaice — digo firme,
nem um pouco inclinado a deixá-la vagar sozinha por aí. O tapa da minha mão em sua bunda a
faz se assustar, com sua cabeça virando para mim. — E eu cuido de você, dona. Agora, se
arrume na sela, para eu subir.
Não a deixo argumentar, não quando já estou subindo em Metálica, me arrumando atrás
dela, com meus braços passando por sua cintura. Seu rosto gira e ela me olha, tendo seus olhos
negros semicerrados.
— Não adianta me olhar assim, pequena loba. Ou lhe levo, ou me espera na barraca. —
Roubo um beijo dela, o que a faz rosnar baixo, ao passo que rio. — Me dê as rédeas, dona!
Ela esmaga sua boca e seu rosto volta-se para frente. Balanço minha mão, para que ela
me entregue as rédeas do cavalo.
— Bom, já que quer ir tanto assim... — ela suspira, negando com a cabeça. — Se segure,
cowboy!
É um tornado traiçoeiro montado em cima do meu Mustang, que responde a ela na
primeira batida em seu flanco, disparando em um galope, me dando tempo apenas de me agarrar
à sua cintura, enquanto ela ri alto, erguendo sua mão e segurando o chapéu na cabeça, atiçando
Metálica a correr mais rápido.
CAPÍTULO 17
Vale em chamas
KAICE BLOOD
— Qual é, não vai me dizer que não gostou do passeio, cowboy?! — Rio, retirando
minhas botas, olhando para o imenso homem mal-encarado puxando as rédeas do cavalo até uma
árvore, bufando pelo nariz. — Não foi tão ruim assim...
— Nunca mais vai montar meu Mustang, vocês dois juntos são um perigo — ele
resmunga sem olhar para mim.
Viro, rindo, ficando de frente para a fonte, retirando meu vestido apressadamente, para
entrar na água. O dobro, o levando a uma pedra e o depositando com cuidado. Logo em seguida
removo minha calcinha, a deixando com o vestido.
Antes de dar um passo à frente, na direção da fonte, um ruído chama minha atenção.
Olho por cima dos ombros, e fico surpresa ao encontrar Deacon sem botas e sem camisa, com o
tórax de fora e suas mãos desafivelando sua calça.
— O que está fazendo? — indago, olhando dele para sua calça, que está sendo empurrada
para o chão.
— Não espera que eu tome banho de roupa, né?! — fala sério, abaixando sua cueca e me
fazendo engolir em seco ao ver seu pau semiduro apontando para mim como uma bandeira
hasteada.
— Sem chance, cowboy! — contraponho, esmagando minha boca e apontando para a
árvore. — A única coisa que espero é você encostado naquela árvore, me olhando como um
tarado, só isso... Não vai tomar banho comigo, Deacon.
— Não será a primeira vez que tomamos banho juntos. — Escuto o som rouco da sua
risada, com ele caminhando sobre os cascalhos. — E nem se pagasse uma fortuna, dona, eu
ficaria a olhando, me torturando com esse rabo empinado para mim, como fez ontem...
— Você olhou porque é um tarado. — Giro de frente, o vendo perto demais agora,
enquanto anda em minha direção, completamente confortável em sua nudez máscula, sendo para
mim como uma pancada forte em minha libido. — E, outra, não estou nem um pouco a fim de
patrocinar um novo show para algum curioso...
Pigarreio, desviando meus olhos para a direção das árvores que ele foi ontem.
— Já lhe disse. — Ele me pega de laço com seu braço, me puxando para seu peito e
tirando meus pés do chão. — Nem um vaqueiro vai olhar para sua sombra, dona.
Meu quadril nu é prensado em seu estômago musculoso, com seus braços esmagando
meu rabo com sua grande mão. Os bicos dos meus seios ficam eretos e raspam os pelos do seu
peito, enquanto arfo, olhando-o nervosa.
— Já lhe disse para não me chamar de dona. — Meu corpo se arrepia e sinto a quentura
dele, com a fragrância forte do seu suor me embriagando muito mais que uma garrafa de uísque,
com apenas uma inalada de ar. — Deacon, eu tomo banho e depois você...
— Qual o problema, pequena loba? — ele me pergunta direto, não fazendo menção
alguma de me soltar, trotando para o lago. — O que tem de diferente em tomar banho comigo em
um quarto de hotel ou aqui nessa fonte?
Tem tudo. Porque tomar banho com ele em um quarto de hotel, quando era somente um
sexo de negócio, apenas para relaxar, sabendo que ele iria embora assim que tudo acabasse, era
muito mais fácil para eu aceitar. Mas agora, não é apenas um banho com um estranho com quem
eu quero trepar e depois o despachar, é diferente, e muito, visto que meu corpo tem uma fraqueza
incontrolável perto dele, a ponto de me fazer quebrar duas regras minhas na mesma noite: repetir
o parceiro e, ainda por cima, sem proteção. Minhas pernas são abaixadas pouco a pouco, com ele
me soltando apenas quando meus pés tocam o fundo da fonte e a água bate acima do meu
umbigo.
— É muito íntimo... — sussurro, espalmando minha mão em seu peito, precisando de um
espaço dessa força da natureza chamada Deacon. — Não devíamos fazer isso...
— Minha porra marcou cada pedaço da sua pele a noite inteira, tanto quanto sua boceta
me lavou inteiro com seus esguichos, a ponto do meu cavalo lhe farejar em mim, minha pequena
loba... — Ele segura meu pulso, não me deixando afastar, e sim me puxando ainda mais para ele,
com sua mão ficando presa em minha bunda. — Estamos muito mais que íntimos...
— Sim, é por isso que não devia estar aqui. — Nego com a cabeça, fechando meus olhos
quando sua mão se ergue, molhando lentamente minhas costas e me fazendo arfar com a
quentura d’água junto com o toque dele. — Repetimos a brincadeira, dividimos a barraca, sem
falar que a gente transou sem camisinha. Foi muita intimidade, cowboy...
Mordo meus lábios e meus olhos se abrem, me sentindo uma irresponsável. Eu nunca
senti vergonha do que meu corpo deseja, e nunca me neguei a fazer o que tivesse vontade, mas
sempre fazia isso de forma responsável, e ontem não foi assim.
— Olha, Deacon, apenas para deixar uma coisa clara. — Meus olhos se abaixam, ficando
presos nos pelos do seu peito. — Eu não costumo sair por aí dormindo com alguém sem
camisinha. Tenho meus exames em dia e meu corpo é saudável, e apenas ontem aconteceu, e-
eu...
Minhas palavras são silenciadas por sua boca quando se inclina, raspando-a na minha e
me fazendo ficar elétrica com o toque da sua barba em minha pele.
— Não estou reclamando, pequena loba. — Suas mãos afagam meu cabelo com
delicadeza, e afasta sua boca da minha.
— Eu sei... — Abro meus olhos aos poucos, me sentindo aprisionada em seu olhar calmo,
que me fita com tanta ternura. — É só que não devia ter feito... Eu não sei o que me deu, foi
irresponsável tanto comigo quanto com você...
— Não tenho nenhum tipo de doença, se é isso que lhe preocupa. — Ele se abaixa, com
suas mãos escorregando por meu corpo enquanto me lava, me alisando. — Muito menos durmo
com mulheres aleatórias, que encontro em bares, Kaice.
Meu rosto se abaixa e o olho, vendo-o agachado à minha frente, com seus ombros largos
abaixo da água, me massageando. Suas mãos alisam minhas pernas, subindo e descendo sem
pressa.
— Sendo bem franco, já fazia um bom tempo desde a última vez que toquei em uma
mulher. — Sua face se inclina para perto da minha barriga e ele passa sua barba, me
mordiscando. — Muito tempo.
Minhas pernas fraquejam, flexionando e se abaixando, cedendo às mãos dele, que vão me
puxando para baixo. Meus dedos enlaçam seu pescoço, o circulando, e fico de joelhos entre suas
pernas dentro do lago, com meus olhos na altura dos seus.
— Muito tempo quanto? — questiono, ainda incerta se realmente é possível um homem
como esse ficar muito tempo sem ter uma mulher correndo atrás dele.
Deacon não é um galã de cinema nem o protótipo perfeito, ele é bronco, com uma beleza
selvagem, mas exala masculinidade em cada olhar e passo que dá, desde a fivela em seu cinto até
o chapéu negro em sua cabeça. Cada palmo desse homem é um chamariz de uma noite de sexo
quente e bruto, com uma pegada inesquecível, e não tem como ele ficar mais que algumas
semanas sozinho.
Os olhos dele desviam para meus cabelos, e puxa-os para meu ombro, com seus dedos os
acariciando.
— Eu iria me casar — ele diz, mantendo seus olhos longe dos meus, com as pontas dos
seus dedos alisando meu pescoço.
— Você era noivo? — pergunto, sentindo como se uma pedra acabasse de cair em meu
estômago, o que me dá um nó por dentro, ao passo que uma sensação estranha, que nunca senti,
me pega ao imaginá-lo com outra mulher.
— É, eu era. — Ele mantém seus dedos percorrendo meu pescoço, descendo e
escorregando por meu seio quando afunda sua mão na água. — A conheci em uma exposição de
gado, era uma boa mulher.
Se era tão boa assim, por que não está aqui com ele?, minha mente indaga, mas não solto
a pergunta em voz alta, já que não quero continuar essa conversa.
— Mas não era para essa vida de ser esposa de um cowboy. Ela achava que eu não dava
tanta importância assim para o casamento. — Ele inala fundo, com sua boca se repuxando. —
Uma semana antes da cerimônia, ela me entregou a aliança, dizendo que não poderia se casar
com um homem como eu. Acho que estava com minha cabeça quente, era época de vacinação e
troca do pasto do rebanho, tinha muita preocupação com o trabalho. Não dei a atenção que ela
precisava naquele momento. Apenas movi a cabeça em positivo e montei no cavalo, para ir fazer
meu serviço. Não iria forçar ela a se casar comigo se não queria...
Minha mão levanta e toco seu rosto, o fazendo olhar para mim, me aproximando devagar,
vendo seus olhos verdes perdendo o brilho.
— O que aconteceu, Deacon? — Aliso seu rosto com a ponta do meu dedo, sentindo o ar
quente da sua boca acertar minha pele.
— Ela ficou brava, penso que esperava que eu agisse de outra forma. — Ele fecha seus
olhos, parando sua mão em minha cintura e a segurando. — Ela era inexperiente em montaria,
mas pegou um cavalo no estábulo, que um dos meninos estava recolhendo. O animal era bruto,
não tinha sido domado ainda, e ele a levou ao chão. Ela bateu a cabeça em uma pedra, e na
mesma noite os médicos declararam morte encefálica.
Vejo a culpa brilhar em seu olhar quando ele abre os olhos para mim, enquanto dentro do
meu peito desejo querer tirar essa dor dele, porque não foi sua culpa. Ela não queria terminar o
casamento, no máximo queria chamar a atenção dele com uma chantagem emocional, e sei disso
porque era o que minha mãe fazia com meu pai. Quantas vezes me lembro dela o ameaçar,
dizendo que tiraria a própria vida se ele não ficasse com ela, porque não suportava o fato dele
amar muito mais o trabalho que a ela... Mas isso não queria dizer que ele não a amava, meu pai a
amava, e muito, porque apenas amando demais alguém como minha mãe para conseguir ficar
tanto tempo com ela. E a noiva de Deacon não era diferente, apenas queria que ele a amasse mais
do que ele ama seu trabalho, e quando viu que não funcionou, agiu por impulso e pura
imprudência. Eu entendi sobre isso também, porque foi o que custou minha família, me fazendo
perder tanto minha mãe quanto o meu pai no mesmo dia.
— Não foi sua culpa, cowboy. — Raspo minha boca na sua, negando com a cabeça. —
Não foi.
— Às vezes, ainda me pego pensando que se tivesse ficado, se tivesse tentado entender
ela, o que ela queria, feito algo diferente, talvez, ela estivesse viva... — Ele nega com a cabeça,
com sua mão alisando meus cabelos. — Mas não tem como mudar o passado, só resta seguir
adiante. E foi o que fiz, continuei trabalhando, me dedicando ainda mais nesses últimos dez anos
ao rancho...
Meus olhos se arregalam e meu corpo vai para trás. Estreito meu olhar, não sabendo ao
certo se entendi o que ele está realmente contando.
— Está querendo dizer que focou no trabalho e não mais em ter uma relação duradoura
com alguém, é isso? — falo rápido.
— Não! — Ele ri, aproximando seu rosto do meu. — Estou dizendo que há dez anos lido
bem com minha vida, focado no meu trabalho, longe de encrenca. Isso até me ver sendo laçado
por uma égua selvagem que me provocou em um bar...
— Oh, caralho! — Tento me afastar dele, precisando processar o que esse homem está
falando. — Está dizendo que estava sem sexo há dez anos?! Não pode ser, isso é mentira,
cowboy!
Me nego a acreditar, pois é impossível que esse homem esteja há tanto tempo sem tocar
em uma outra mulher, porque ele tinha explodido com minha mente, como um verdadeiro
devorador de mulheres, me tocando em cada maldito ponto do meu corpo que respondesse a ele,
tendo uma luxúria inflamável.
— Eu lhe disse, você fez eu me sentir vivo de novo, dona. — Sua mão em meu cabelo
deixa a delicadeza, virando um gancho forte de ferro, que me puxa para ele, tomando minha
boca.
É um beijo pecaminoso e cheio de desejo, e me entrego sem demora, com sua língua
invadindo minha boca. Sua mão deixa minha cintura e escorrega para minha perna. É um
estímulo ainda mais erótico para meus sentidos, que estão excitados com seu beijo bruto. Sua
mão solta meu cabelo quando ganha minha rendição, e gemo em seus lábios. Meu seio endurece
ao seu toque quando ele o pega, o massageando com seus dedos fortes. Minha boceta se acende
tão rápido quanto uma fogueira, o que faz meu corpo inflamar com uma luxúria incandescente,
desejando que ele me tome.
A flutuabilidade da água quente me faz sentir como se estivesse boiando, precisando me
segurar nele para não me afogar nesse mar selvagem que é o cowboy. Sua mão em minha perna
se move para meu rabo, e expando meu peito, me chocando ainda mais a ele, sentindo a ereção
do seu pau raspar em meu ventre. Uma leve resistência ainda me domina, e tenho compreensão
que não devia estar nessa arena, não quando meu oponente me desarma com tanta facilidade. Eu
que sou eu estou ficando confusa com a gente, imagina ele, que está há dez anos sem tocar em
uma mulher, e agora parece um leão faminto me devorando. Ele poderá confundir ainda mais
essa atração incontrolável que nos domina.
— Deacon, a gente... — Minhas mãos se espalmam contra seu peito.
Mas sua boca me devora mais brutal quando tento me afastar, com um gemido rouco
saindo. Posso sentir o coração dele sob minhas mãos e a rigidez dos músculos do imenso
garanhão. Minhas coxas se fecham ao toque das pontas dos seus dedos entre minhas pernas.
Isso foi um erro, uma burrada sem tamanho...
— Não fecha as pernas para mim, Kaice — sussurra com a voz rouca contra meus lábios,
em comando, me apertando mais forte contra ele.
— Não, Deacon... Eu não devia... — Meu frágil protesto é silenciado tão rapidamente
quanto meus pensamentos se apagando, por conta do gemido sendo solto ao tê-lo esmagando
meu seio mais forte, beliscando o bico.
— Abra-as! — É uma ordem quando solta minha boca, mordendo meu pescoço e me
levando à desolação.
Tombo minha cabeça para trás e cravo minhas unhas em sua pele, arfando e o
obedecendo. Não tenho nada mais em minha mente a não ser seu toque dominador em minha
boceta, com ele me penetrando lento com seus dedos, usando a palma da mão para esmagar meu
clitóris ao me foder. Sinto tudo: meu corpo o respondendo, seu pau duro pulsando entre minhas
pernas e o balançar da água, que parece estar mais quente, não me deixando saber se é ela ou eu
que está fervendo. Apenas sinto o fogo me queimar, como se estivesse em lavas. Tudo está em
chamas: a água, o ar, o vale, tudo se queima junto comigo. Ele me fode aos poucos, enquanto
crava mais fundo suas presas em minha pele.
— Ohhhh... — A dor aguda da pele sendo rasgada por sua mordida me pega junto com
orgasmos, me fazendo ter tremores, e me agarro a ele.
Sem pensar em nada, sem consciência do local ou do tempo, do que eu fujo e do que
evitei a minha vida inteira sentir, eu me perco, o permitindo me fazer sua. Jamais imaginei me
entregar a um homem com tanto abandono como me entrego a ele, e muito menos receber com
tanta ansiedade seu pau dentro de mim, a ponto de ser egoísta, querendo apenas para mim tudo
que ele me oferece.
E entre os orgasmos, tremendo em seus braços, tenho meu ser admitindo que sou dele,
que Deacon é dono do meu corpo e alma, e nunca mais ninguém terá tanto poder sobre minha
carne e espírito quanto ele.
— Vivo, é isso que você me faz sentir, minha pequena loba.
Meus olhos se entreabrem e me encontro deitada na beira da fonte, do outro lado, perto
da grama. Me assusto com o fato de estar tão perdida nesse fogo que ele me arrasta, que nem
percebi em qual momento ele me trouxe para cá. Mas não tenho que entender, não quando
minhas pernas estão sendo erguidas, com ele as abrindo e puxando meu corpo, com seu pau se
empurrando, me preenchendo a cada estocada.
Arqueio minhas costas e meus dedos se agarram à grama. Gemo alto ao sentir as pélvis
colarem-se uma à outra, com o pau de Deacon enterrado até as bolas em meu ser. Sua boca cai
sobre meu peito e ele inclina seu tórax para frente, sugando meu seio, o chupando forte, ao passo
que entra e sai, se movendo rápido e duro, me levando para o vazio completo da minha mente,
que se anula de vez.
É um paraíso, ele tinha razão. Porém, não é esse lugar que é um paraíso, e sim Deacon.
Ele é meu vale em chamas, que me consome com suas grandes mãos agarradas em minhas
pernas enquanto me fode, mamando em meu seio como um animal faminto. E, fodidamente, não
existe nenhum outro lugar nesse momento que eu deseje estar que não seja aqui, em seus braços.
CAPÍTULO 18
O passeio
KAICE BLOOD
— Cristo, nunca comi uma carne tão boa! — digo, rindo e virando a garrafa de uísque em
minha boca.
Estou na manta esticada no chão, perto da sela de Deacon, e tenho em meu paladar o
sabor da carne robusta que Clay assou. Ele tinha chegado ao fim da tarde, não demonstrando
muita preocupação com a roda quebrada da sua carroça e indo direto para a fogueira. Deacon
estava na parte rasa do lago, se limpando, quando o cheiro de carne assada entrou em minhas
narinas, o que me fez sair da barraca e o seguir. Nasci no Texas, carne assada é meu ponto fraco.
Desci o pequeno morro, indo na direção de Clay, que ria com os rapazes que jogavam
cartas, descansando um pouco depois do longo dia de trabalho. Claro que eles ficaram nervosos e
em silêncio no segundo que me viram chegando, e Otis foi o primeiro a me cumprimentar,
depois Clay, com sua face enrugada vermelha e envergonhada, porque no momento que eu
chegava, estava contando uma história de sua juventude e como partia corações.
Sorri para ele, pegando a garrafa de uísque que ele segurava e tomando um gole, me
aproximando dos rapazes jogando e perguntando qual deles estava pronto para perder, tanto
quanto Clay se perdia nas barras do vestido de uma mulher. A risada explodiu, e o clima ficou
mais animado. Quando dei por mim tinha limpado dois vaqueiros no pôquer, assim como ido
para a segunda garrafa de uísque com Clay, que apostava em mim. Otis me fazia rir com seu
violão, tocando canções de vaqueiros que falavam sobre seu dia no campo e a saudade de voltar
para casa, para se acabar nos braços da sua senhora.
Senti a presença forte e intensa do cowboy antes mesmo dele deixar os outros homens o
notarem. Meus olhos se encontraram com os seus, e ele estava encostado em uma árvore perto do
acampamento, me observando com um sorriso terno em seus lábios, o que me deixou com as
bochechas quentes, pela forma que passava seus olhos em mim. Ele se desencostou da árvore e
se juntou ao grupo, caminhando como um predador silencioso entre os vaqueiros, antes de
sentar-se ao meu lado. Vi a face dos peões ficarem nervosas, com as cabeças se abaixando, mas,
em segundos, eles riram, gargalhando quando eu disse que o único som que teria essa noite era
do choro deles quando eu os depenasse no pôquer.
Otis quase se engasgou, tossindo enquanto ria, e meu rosto se virou para Deacon quando
senti o toque lento do chapéu sendo depositado em minha cabeça, anunciando que ele estaria
entrando na partida de cartas. O filho da puta ganhou todas as rodadas, saindo como o vencedor,
me fazendo corar quando sussurrou em meu ouvido, apenas para eu escutar, que ele iria ouvir, e
muito, meus gemidos essa noite. Não tive tempo de lhe responder, porque Clay servia a carne
que tinha ficado pronta, e no segundo que a coloquei em minha boca, eu senti o sabor mais
suculento de todos, de uma carne de primeira. Meus olhos se fecharam enquanto gemia,
comendo aquele imenso bife.
— Temos que vender a experiência — falo pensativa, olhando para a fogueira e
abaixando a garrafa de uísque da minha boca. — É isso que essa carne é. Não apenas mais um
pedaço de vaca, e sim a experiência de estar aqui, de sentir a grama a cada mastigada, o cheiro
do campo... Pessoas ricas pagam por experiência, não por um produto...
— Acho que bebeu demais, dona. — Deacon caminha devagar, jogando mais gravetos na
fogueira, antes de se levantar e vir até mim. — Tanto que está sentindo o gosto de grama...
— Não, você entendeu o que eu quis dizer. — Rio, negando com a cabeça. — A carne é
tão boa que ela nos faz se sentir assim. E, outra, sou texana, cowboy, apenas alguns goles de
uísque não são o suficiente para me deixar bêbada...
— Tomou duas garrafas de uísque, Kaice, não pequenas doses. — Ele a retira dos meus
dedos enquanto rio.
— Não sabia que estava contando, porque, se fosse assim, teria tomado quatro... — Bato
na ponta do seu nariz, vendo seus olhos verdes presos nos meus. — As pessoas precisam ter essa
experiência, Deacon. Não no mercado, não com a carne congelada, e sim em querer pagar uma
fortuna por um pedaço de carne que as farão se sentir como se estivessem aqui, sentadas nessa
colina. É isso que seu chefe tem que vender, a experiência...
— Achei que tínhamos nos acertado sobre chefes e trabalho, deixando isso para quando
chegarmos ao rancho. — Ele se arqueia, se levantando e me dando suas costas, caminhando para
a outra ponta da sela e guardando a garrafa de uísque.
— Não estou trabalhando, estou apenas dizendo a verdade. — Me estico na manta,
ficando de lado, apoiando minha cabeça em meu braço, olhando a fogueira. — Svalbard Water é
vendida por 10.000 mil euros no mercado, e ricos egocêntricos pagam 10.000 mil euros em uma
garrafa d’água.
— É, tem louco para tudo. — Viro meu rosto para ele, o vendo agachado perto dos meus
pés, retirando minhas botas, enquanto nega com a cabeça.
— Mas aí que está, Deacon, tem louco para tudo. E esses loucos não gastam 10.000 mil
euros por causa da água, e sim pela experiência que a empresa vende. — Estico meu braço, me
espreguiçando, o vendo retirar minhas botas. — Não se trata de água, cowboy, é a porcaria da
história, da experiência que é beber um líquido engarrafado que veio de um iceberg do lago da
costa de Svalbard, um arquipélago situado entre a Noruega e o Polo Norte.
Ele ri, me puxando pela cintura quando termina de tirar minha bota, me fazendo sentar e
empurrando meu cabelo para meu ombro, abaixando a parte de trás do zíper do vestido.
— Imagine quanto os ricaços podem pagar por um pedaço nobre de carne de um gado
vindo das colinas das Montanhas Big Sky? — Me agarro ao seu pescoço e rio quando ele me tira
do chão, indo na direção da barraca, nos levando para dentro. — Não é a carne que tem que ser
vendida, mas sim a história de Green Valley, os vaqueiros, a moda de viola, a fogueira...
Ele me silencia, me depositando no chão da barraca e retirando meu vestido por cima da
minha cabeça, me despindo aos poucos. Praticamente arfo, com as mãos grossas dele arrastando-
se para minhas costas e tirando meu sutiã, com ele tão sexy e concentrado, como se aquilo fosse
o ponto alto do seu dia, sendo a coisa mais importante.
— A experiência, cowboy — sussurro, tombando para trás e me deixando cair no
acolchoado da barraca, sorrindo safada para ele, com meu pé se erguendo e comigo acariciando
sua virilha. — Sabe que vou chupar seu pau, não é?
Ele ri enquanto segura meu pé, o erguendo, e me arrepio inteira ao sentir sua barba raspar
em meu tornozelo. O abaixa e esparrama minhas pernas, com suas mãos parando em meu
quadril, se enganchando na calcinha.
— Quero ter uma experiência com você, dona. — Seu olhar é quente e sensual, sendo
ainda mais fatal com sua voz rouca.
Suas mãos acariciam minha bunda, me obrigando a alavancar um pouco meu quadril,
para ele abaixar a peça íntima.
— Olha, não fujo de uma briga, cowboy, mas tem algumas que são demais até para
mim... — Rio, olhando Deacon agachado diante de mim, arrastando a calcinha por minhas
pernas. — Mas se pretende fazer sexo anal, vamos precisar, e muito, trabalhar meu rabo, para
conseguir encarar seu pau dentro dele...
Sua risada explode, o que faz seus olhos brilharem com luxúria, e nega com a cabeça,
levando as mãos ao botão da camisa e a retirando, jogando-a para o lado junto com meu vestido.
Deacon se senta e apoia sua bunda em suas panturrilhas, abrindo a fivela do seu cinto e sua calça.
— Amo seu rabo, e tenho certeza de que meu pau se sentiria bem pra caralho dentro dele,
mas a prefiro ter gemendo enquanto lhe fodo, e não se contraindo de dor. — Ele fisga o canto da
boca e pisca para mim, batendo no chão à frente dele. — Sente aqui.
— Vou te chupar agora? — Fisgo o canto da boca, falando animada, me sentando e
arrastando meu rabo para me aproximar dele.
— Agora não. — Sua sobrancelha se mexe e ele ri. — Ande, chegue mais perto e se vire.
Pisco, confusa, mas ainda assim me vejo o obedecendo, fazendo o que ele pede e virando
de mansinho, ficando de costas para ele.
— Um pouco mais perto, pequena loba. — O tom rouco da sua voz é grave e puxa o ar
com força para seus pulmões. — Lhe quero em meu colo.
Talvez seja o uísque, preciso acreditar que é a porra do álcool em minha circulação
sanguínea que me faz obedecê-lo tão cegamente, ficando agitada com a forma como sua voz em
comando me domina. Gemo no segundo que suas mãos esmagam minha cintura, alavancando
meu rabo e me colocando sentada em seus joelhos, tendo seu pau rígido pulsando em minhas
costas.
— Você confia em mim para não a machucar? — Sua voz é suave e perigosa, e empurra
meus cabelos para meus ombros.
Giro meu rosto para o lado e seu peito raspa em minhas costas a cada sobe e desce do seu
tórax.
— Confio... — murmuro para ele, sendo condenada com o olhar intenso de Deacon.
Ele segura mais firme meu quadril e o move de mansinho sobre seus joelhos, me fazendo
tremer com o contato da minha pele com o jeans grosso da sua calça e seu pau pulsando ainda
mais forte.
— Quero que saiba que nunca faria nada para lhe machucar, pequena loba. — Sua mão
em minha cintura se solta, se esticando para o lado esquerdo dele.
Meu rosto se vira para lá e vejo a corda enrolada que ele puxa, trazendo para perto de
mim, a deslizando em minha coxa.
— Quero lhe amarrar, apenas a parte superior. — Fecho meus olhos, e meus músculos
internos se contraem ao ter a textura da corda raspando sobre minha boceta. — Não vou lhe
machucar.
Meu rosto tomba para seu peito quando sua outra mão se ergue e esmaga minha garganta.
Ele deposita um beijo perigoso em meu ombro, rosnando baixo.
— Essa noite, vou lhe foder assim, minha égua selvagem, amarrada. — Sua boca faz a
minha queimar a cada ponto que toca, ao beijá-la. — Tão amarrada quanto imaginei no segundo
que retornei do rio para a barraca e não lhe encontrei; quando lhe avistei sentada à beira daquela
fogueira... Foi exatamente assim que decidi que lhe queria...
— Deacon... — balbucio entre respirações entrecortadas, com meus dedos trêmulos
segurando seu pulso, sentindo a aspereza da corda, que faz minha boceta pulsar. — Está
querendo me amarrar para me punir, cowboy... — falo, abrindo meus olhos e sentindo meu corpo
queimar, com o ar faltando por conta da pressão lenta que ele faz em meu pescoço.
— Não! — Ele ri rouco, me torturando com sua barba e se esfregando em minha nuca,
empurrando minha cabeça para o outro lado antes de abocanhar meu ombro, o mordendo. —
Estou marcando o que é meu, dona. E garanto que vai se sentir fodidamente bem quando lhe
envolver nessa corda. Imagine a aspereza dela comprimindo sua pele, raspando em seus peitos
enquanto meu pau lhe fode...
— Ahhhhhh! — Minha boca se entreabre, e solto um gemido ao ter a corda alisando meu
clitóris.
— Vai me deixar fazer isso, minha pequena loba?
Seu beijo é covardia quando me pega em cheio, esmagando meus lábios nos seus,
nublando meus pensamentos ainda mais do que eles já estão, e posso me imaginar muito bem
amarrada ao passo que ele me fode. É erótico a ponto de me levar à insensatez total por querer
isso, querer ele me fodendo exatamente assim. A mão em minha garganta desce, tendo a outra
com a corda subindo, fazendo calafrios me tomarem ao senti-la raspar em meu seio, e minha
boceta fica inundada com sua outra mão que brinca à frente dela, massageando meu clitóris.
— Agora, minha égua selvagem — ele rosna rouco, soltando meus lábios. — Coloque
seus braços para trás e os cruze na parte inferior das suas costas...
Eu devo realmente ter perdido completamente meu raciocínio, pois não hesito, e me
inclino para frente, tão excitada como nunca estive, desejando que ele me amarre. Levo meus
antebraços para trás, passando um por cima do outro. Deacon não vacila, e em segundos sua mão
firme está enrolando a corda em meus ombros, apenas alguns centímetros acima dos meus peitos.
Ele a testa, dando um puxão lento, conferindo se está firme, antes de dar outra volta em meu
corpo, fazendo eu me sentir um novilho, como os que vi os vaqueiros laçando essa manhã.
Estremeço inteira no segundo que ele a envolve em torno do meu seio, tendo o material bruto
arranhando minha pele, a fazendo arder, mas não muito abrasivo, a ponto de causar dor. É bom,
fodidamente bom, de uma forma estranha, como nunca senti.
Sou obrigada a morder meus lábios, abafando um gemido quando a corda se esfrega em
meu peito, com ele a enrolando mais, deixando meus braços, até a parte do meu cotovelo,
imóveis, colados à lateral do corpo, antes de amarrar meus pulsos, os mantendo unidos, me
fazendo entender por que ele me mandou levar os braços para trás. Não consigo me mexer, muito
menos o tocar. Ele pode fazer o que quiser comigo, tendo poder sobre mim, o poder que eu lhe
dei. E não tenho nem como raciocinar sobre o que acabei de aceitar, porque meu corpo inteiro
está em chamas. Sua mão escorrega por minhas costas, brincando entre minha pele e a corda,
antes de parar na minha cintura, deslizando para minha boceta e empurrando a ponta do seu dedo
dentro dela.
— Está malditamente molhada. — Seu timbre rouco sai cheio de posse, gostando de
saber o que ele fez comigo.
Sua outra mão agarra a parte de trás da corda, me fazendo inclinar mais, garantindo que
eu não caia de cara no colchonete enquanto me arruma em seus joelhos, esparramando minhas
pernas ao lado das suas.
— Deacon... — Inalo forte, com meu peito subindo e descendo depressa, sentindo ainda
mais a pressão da corda em mim.
— Apenas relaxe, e me deixe te fazer se sentir livre, minha pequena loba.
O problema é que ele me oferece a liberdade mostrando ao meu corpo uma prisão pela
qual ele vibra de bom grado, respondendo a cada círculo que seu dedo faz em minha boceta.
Minha pele queima e arde com a textura da corda me comprimindo a cada respiração, não me
deixando pensar o que é certo e o que é errado, porque isso que ele faz comigo é bom pra
caralho.
— Ohhh! — Meus olhos se fecham e inalo mais forte, com minha boceta se contraindo
ao ter seu dedo a fodendo.
— Será que ela já está pronta para me ter dentro dela? — Ele é perverso, e mordisca meu
ombro, rindo baixinho e afundando ainda mais seu dedo.
— Simmm... — digo entre gemidos, o querendo dentro de mim, querendo seu pau me
preenchendo inteira. — Cowboy, me deixa sentir seu pau... Oh, merda! — Aperto mais minha
boca quando seu dedo se retira, esfregando-se em meu clitóris.
O músculo da minha barriga retesa, assim como todo meu corpo, que está morrendo com
a tortura que ele me aplica.
— Ainda não, minha égua selvagem. — Ele lambe minha orelha, a mordiscando. —
Apenas sinta.
Eu sinto, sinto pra caralho, desde a sola do meu pé, que formiga, até a corda que queima
meu corpo, o fazendo arder, me deixando mais agitada. Seu dedo me masturba enquanto seu pau
pulsa em meu rabo, e me obrigo a balançar meu quadril em seu colo, apenas para o sentir mais.
Grito quando ele empurra seu dedo para dentro de mim, o dobrando e batendo seu polegar na
parede interna da minha boceta, mais e mais. Me engasgo e inalo agitada, com a respiração
entrecortada e o coração disparado, tendo qualquer efeito do uísque simplesmente se apagando e
apenas a embriaguez da luxúria me tomando.
— Sua boceta está quente, tão inchada e pronta para me ter a fodendo. — Ele bate o dedo
contra a parede interna do meu clitóris de novo, e arfo entre gemidos, antes dele começar a me
foder.
— Sim, oh, cowboy, simmm...
— Diga meu nome — ele rosna baixo, mordendo meu ombro e me fazendo gritar. —
Diga meu nome, pequena égua selvagem e fujona...
— Filho da puta... — Fecho meus olhos, os sentindo marejados, enquanto meu corpo está
tão inflamado de desejo, que chega a parecer uma dor física, comigo necessitando que ele me
foda.
— Pode apostar que sou, e saiba que vou lhe amarrar se fugir novamente. — Ele me fode
mais forte com seus dedos, antes de os retirar e achatar sua mão inteira em cima do meu clitóris.
— Agora, me deixe ouvir essa sua pequena boca suja gritando bem alto meu nome, ao passo que
sua boceta lava minha mão com seus esguichos, minha pequena loba...
É um fogo infernal que me toma ao tê-lo rosnando com a voz rouca. Seu dedo retorna
para minha boceta, a fodendo mais forte e duro, levando outro dedo para dentro. Meu quadril se
move ao compasso da sua mão, e rebolo em seu colo, esfregando ainda mais seu pau como rocha
dentro da calça. Sinto a onda vir forte, me tragando para as profundezas da selvageria que ele me
desperta.
— DEACONNNN... — Seu nome explode por minha boca tão intenso quanto o orgasmo
que me rasga.
É um grande filho da puta traiçoeiro, que em segundos retira sua mão de mim. Ainda
estou trêmula quando ele me puxa para cima, me obrigando a ficar de joelhos ao colocar seu pau
para fora. Ele esmaga a corda que me prende em sua mão e me abaixa devagar, e tremo pela
descarga de prazer, sentindo-a intensificar assim que a cabeça do seu pau passa, com ele me
forçando para baixo e arrematando de uma única vez para cima seu quadril, afundando seu pau
inteiro em mim.
— Ohhh, PORRAAAA! — grito, com a respiração faltando, erguendo meu quadril.
— Não! — grunhe, com seu braço esmagando minha cintura, me deixando presa a ele. —
Essa noite, quem conduz a dança sou eu, pequena loba! Eu estou definindo o ritmo, estou no
comando, e você apenas vai sentir...
Ele move lento meu quadril sobre o seu, me fazendo gritar em loucura.
— Porra, cowboy, está me punindo... — falo, mordendo minha boca, com minha boceta
se contraindo em volta do seu pau, como se pudesse o engolir ainda mais do que ele já está
enterrado em mim.
— Não, nunca. Prometo que sentirá prazer a ponto de ficar rouca, de tanto que vai gritar
meu nome. — Ele segura firme a corda, me mantendo em cima dele. — Não vou lhe deixar cair,
e nem se machucar, apenas precisa confiar em mim. Sei o que seu corpo quer, mas não vai
comandar esse passeio, pequena loba...
— Foda-se, quero que me machuque... — Tento me mexer, quero lhe tocar, mas é
impossível. — Preciso que estoure seu pau contra o meu rabo, eu preciso...
Calo-me, sentindo sua mão se enrolar em meu cabelo quando ele solta minha cintura.
— Eu sei o que precisa. — Ele ri de forma perversa, me empurrando ainda mais para
frente, até meu corpo estar praticamente dobrado, com meus joelhos tocando o chão, enquanto
fica atrás de mim. — Agora, relaxe, e me leve para passear, potranca...
Meu rosto gira por cima do meu ombro e minha boca se abre, pronta para lhe xingar
quando ouço o que ele me diz, mas a única coisa que sai é um gemido alto no primeiro golpe do
seu pau estourando em minha boceta, o que quase me faz chorar, por conta do êxtase. Estou
totalmente à sua mercê, amarrada de joelhos, sem equilíbrio algum, apenas sustentada por sua
mão bem firme na corda das minhas costas. Estou entregue a ele, recebendo seu disparo bruto,
um seguido do outro, com seu pau martelando minha boceta.
— Ohhh, Deaconnn... — berro, suada, com minha pele ardendo por conta da pressão das
cordas, que esmagam meus seios, raspando a pele e a queimando a cada puxão que ele dá, me
cavalgando.
E se olhasse essa cena agora, do estado em que me encontro dentro dessa barraca, poderia
me ver realmente como uma égua sendo montada por um cowboy musculoso, exalando poder,
me enchendo de tantas formas em corpo e prazer, que me sinto afogar em perdição.
— Sinta tudo, meu pequeno tornado. — Ele mantém seus movimentos, mas agora lentos,
apesar de serem golpes profundos.
Dobra ainda mais meu corpo, deixando meu rabo empinado totalmente para ele, me tendo
sob seu domínio. Eu posso sentir tudo nessa posição, comigo sendo estourada por seu pau. Sua
pélvis vai para trás e ele rosna, inalando forte e gemendo tão alto quanto eu empurro meu rabo
contra seu quadril, não querendo que ele se retire de mim.
— Essa sela é tão apertada, que pode me fazer chorar como uma criança para manter meu
pau dentro dela, minha pequena loba. — Sua mão em meu cabelo se solta, e ele alisa minha
bunda enquanto me fode, o que me leva a gemer entre soluços.
E logo ele retorna brutal, me tomando com tanta fúria e urgência, assim como eu me
entrego a ele. Deacon não tem misericórdia ao me foder, e empurra meu corpo para frente a cada
impacto denso da sua pélvis contra meu rabo. A mão escorrega da minha cintura para minha
boceta, o que me faz chorar, com as lágrimas escorrendo.
Meu rosto vibra a cada toque do seu dedo circulando meu clitóris, e as minhas bochechas
estão quentes como o resto do meu corpo. Meu cabelo encontra-se colado na face, e o meu corpo
está trêmulo a cada esguicho que solto, gozando entre as pancadas do seu pau em meu útero.
Ele rosna, apertando mais forte as cordas com seus dedos, rugindo tão alto como um leão
da montanha, com seu corpo ficando tenso junto ao meu, que convulsiona. Minha mente está
perdida no que acabei de vivenciar com tanta fúria, que nem sinto mais meu corpo, apenas flutuo
no nirvana.
— Porraaa! — Deacon ruge alto, empurrando seu quadril para trás, me deixando sentir
sua porra acertando meu rabo.
Ele me prende pela cintura, com os dois braços me puxando para trás, fazendo minhas
costas colarem em seu peito. Ambos estamos completamente devastados, com as respirações
entrecortadas e os corações disparados. Me mantenho embrulhada em seus braços por um bom
tempo, e ele esfrega seu rosto em meus cabelos. Experencio uma plenitude absoluta, com o corpo
abalado, tremendo a cada onda de prazer que vai disparando dentro de mim, como choques
elétricos me percorrendo.
Suas mãos são gentis enquanto afagam meus cabelos, e ele beija meu ombro, antes de
soltar minha mão. Tombo de lado em meus joelhos, caindo no colchonete da barraca, com
minhas pernas se arrastando e minhas coxas trêmulas, tendo espasmos musculares, se colando
uma à outra, com os gemidos escapando da minha boca.
— Ohhhh, cacete... — choramingo quando sua mão resvala sobre meus peitos doloridos e
sensíveis, para remover a corda das minhas mamas.
— Não tem ideia de como vou amar chupar essas belezinhas — ele murmura rouco,
escorregando sua mão sobre a pele que arde, onde a corda estava comprimindo. — Devem estar
tão sensíveis, que pode gozar apenas comigo mamando neles, pequena loba.
Meus olhos marejados se entreabrem, e sinto o toque lento da sua mão em meus cabelos,
os afastando do meu rosto, ao passo que ele me observa com seus olhos verdes brilhando de
orgulho, não escondendo como se sente por me deixar nesse estado. Inalo forte e fecho meus
olhos, com meus seios pulsando, tão inchados e sensíveis, tendo os músculos dos meus braços
agradecendo por terem sido libertos.
Escuto sua respiração, com seu corpo se movendo dentro da barraca, retirando sua calça.
Tento retornar a mim, mas não consigo. Fui levada a um ápice extremo, que mal conseguiria
levantar um dedo, se fosse preciso, para salvar minha vida.
— Os vermelhos vão sumir, assim como as marcas... — A voz rouca sai firme, o que me
faz abrir meus olhos e o encontrar como um predador fatal se esticando ao meu lado, com sua
mão espalmada em meu rosto, jogando as mechas de cabelo para trás. — Mas garanto que
mesmo quando elas se forem, ainda vai se lembrar de mim, pequena, e como realmente me fez
sentir quando retornei para a barraca e não te encontrei...
Sua cabeça se abaixa antes mesmo que possa dizer algo, e sua boca se fecha em cima do
meu peito, me fazendo ofegar, em choque, quando seus lábios quentes sugam o peito sensível.
— Oh, cowboy, não, por favor... — Me contorço, querendo o afastar, realmente sentindo
um inferno de sensibilidade em meus peitos.
Ele ignora minhas mãos, que empurram seu tórax e tentam o afastar, e me chupa ainda
mais forte. Meu corpo reluta, tentando sair de perto dele, mas sou bloqueada por sua coxa, que
cai sobre a minha e força seu joelho entre minhas pernas, não permitindo que eu as feche. Sua
mão é ainda mais rápida, e esmaga meu pulso, levando meu braço para cima da minha cabeça, o
mantendo preso enquanto me devora com sua boca, me fazendo gritar entre um misto de prazer
incontrolável e dor.
Contorço-me abaixo dele, me debatendo, e sinto forte demais a sensação da sua boca
mamando meu peito sensível e inchado, além da maneira dominadora como ele se move, com
seu peso me prensando mais. Deacon vai para a outra mama e a chupa tão duro como fez com a
primeira.
Seu joelho entre minhas pernas se empurra contra minha boceta em um vai e vem, me
estimulando, ao passo que sou castigada com seu ataque. Em minutos, o clímax me rasga tão
brutal, a ponto de eu gritar entre as lágrimas, por não suportar a força do orgasmo. Minha mão
livre se agarra ao seu ombro e cravo as unhas com desespero em sua pele.
Demoro muito mais tempo para conseguir retornar a mim quando o abalo me deixa, com
meus olhos se abrindo lentos e o fitando. A face dele paira sobre mim, com um sorriso divertido
nos seus lábios.
— Está muito orgulhoso do que fez comigo, não é, cowboy... — sussurro, fadigada e
lânguida, sem força para aguentar minhas pálpebras abertas.
— Não tem nada mais lindo que meus olhos já viram em vida, do que sua pequena face
demonstrando seu prazer quando chega ao clímax... — Ele abaixa sua cabeça e raspa os lábios
nos meus, soltando meus pulsos, com seus dedos se enroscando nos meus e comprimindo minha
mão. — Linda, minha égua selvagem...
— Você foi cruel... — falo, inalando forte. — Não sabia que precisava de permissão para
dar um passo que fosse para longe de você. Sei me cuidar sozinha, posso muito bem dar conta de
mim mesma sentada em uma roda de homens enquanto bebo...
Olho-o com raiva, desejando não estar tão cansada, com meu corpo molenga, para poder
acertar sua cabeça.
— E não duvidei disso por um segundo. — Ele sorri e abaixa sua cabeça, o que me faz
gemer, com meu peito pulsando ao ter sua boca o beijando morosamente sobre o bico. — Mas,
enquanto estiver aqui, é minha responsabilidade. Tem ideia de como foi encontrar essa barraca
vazia, sem saber para onde tinha ido, se algum mal tinha lhe acontecido? Estava a um passo de
me jogar na porra do rio, achando que tinha caído nele de novo, e apenas não fiz isso porque o
som da sua risada me segurou...
Pisco rapidamente, vendo seu olhar parando em minha face quando ergue a cabeça e
afasta sua boca do meu seio. Sinto-me idiota com a forma tola que ele me deixa com apenas um
olhar, esse maldito olhar terno e protetor.
— Me importo com você, Kaice. — Seus dedos se comprimem mais aos meus, os
segurando com a outra mão e os erguendo, alisando minha bochecha. — Jamais me perdoaria se
algum mal lhe acontecesse.
Meus olhos recaem para sua boca se esmagando e solto seu ombro, escorregando por seu
peito, sentindo seu coração bater firme abaixo da minha mão. Depois de ouvir sobre sua noiva,
compreendo essa estranha fixação dele em ficar com seus instintos protetores em alerta, mas não
sou sua noiva, e muito menos usaria de alguma manipulação sobre seu instinto protetor para lhe
magoar ou lhe deixar preocupado de propósito. Apenas fiquei curiosa, com a fome me fazendo
seguir em direção de onde a fumaça vinha, nunca me passou pela cabeça que ele pensaria que eu
tinha caído no rio.
— Não vou pedir desculpas, se é isso que quer, porque sei que não fiz por mal —
murmuro, erguendo meus olhos para ele. — Mas saiba que em nenhum momento quis lhe deixar
preocupado.
— Eu sei que não. — Ele me pega com calmaria, me beijando com ternura, e suspiro em
sua boca. — E quanto às desculpas, não é isso que quero. O que pretendo, minha pequena loba
selvagem e encrenqueira, é outra coisa.
Meus olhos se comprimem, e sua boca me beija mais bruto, ao passo que a cabeça do seu
pau se empurra para dentro de mim, o que me faz achar que vou desmaiar, sem condição alguma
de suportar outra rodada.
CAPÍTULO 19
Colina selvagem
KAICE BLOOD
— Qual é, garotão?! — falo baixo, esmagando minha boca e esticando meu braço, o
balançando à sua frente. — Faz uma forcinha pelo menos.
Os grandes olhos marrons do Mustang me encaram, antes de os abaixar para o punhado
de grama que esmago em minha mão, balançando para ele.
— Eu te ajudo e você me ajuda, é assim que as coisas funcionam. — Ele bate seu casco
no chão, tendo os olhos tão desconfiados quanto os do seu dono.
Estico meu pescoço e fico na pontinha das botas, olhando por cima dele, na direção do
acampamento, não vendo ninguém além de Clay, que está distraído, perto da carroça enquanto a
conserta.
— Não! — Puxo meu braço para trás quando o cavalo investe sua cabeça para frente,
para comer a grama que seguro. — Você vem e eu lhe dou.
Rio e dou um passo para trás, vendo o cavalo me seguir, trotando lento. Vou caminhando
de ré, balançando meu braço para ele, me distanciando pouco a pouco da barraca.
— Isso, amigão! — Dou um pulinho em pura alegria, nem acreditando que consegui
fazer o cavalo teimoso se afastar do campo de visão de Clay. — Vai pegar!
Jogo a grama no chão e o deixo vir comer, ao passo que rapidamente me movo para a
lateral e ergo a barra da minha saia, para poder o montar. Assim que estou bem-posicionada em
cima da sua sela, estalo as rédeas junto com meus calcanhares, dando uma leve batida em seu
flanco, o fazendo trotar. Puxo o ar e sigo a margem perto do rio, não me aproximando dele,
passeando entre as árvores. Consigo apenas relaxar meu corpo quando estou um pouco mais
distante da barraca, assim como dos sons do gado mugindo. Metálica relincha baixo, quase como
se compartilhasse da mesma necessidade que eu, de precisar se afastar um pouco.
— É, eu sei, amigão — sussurro para ele, soltando as rédeas e o deixando pastar, com
minhas mãos alisando seu pescoço.
Suspiro e me endireito na sela, com meus olhos se perdendo nas clareiras ao longe, tendo
apenas os sons dos pássaros à nossa volta, o que me faz perder o fôlego a cada lugar que meus
olhos pousam, como se eu estivesse encarando uma pintura perfeita, criada por Deus. Metálica se
aproxima de um córrego com águas cristalinas, o que me faz descer dele. Seguro suas rédeas e
vou para perto da água, me abaixando, molhando meus dedos aos poucos.
Meus olhos param em meu reflexo, e fico perdida, observando a mulher que me encara,
porque não a conheço. Usa minhas roupas, meu par de brincos de argolas preferido, mas não sou
eu. Tem os grandes olhos brilhantes de uma adolescente tola e fodidamente apaixonada, e eu não
compreendo se gosto dela ou não. Fecho os olhos, sentindo a brisa passar por minha face, como
se a confusão que me tomava nesses dias finalmente me desse uma pequena trégua, para poder
tentar organizar meus pensamentos.
Nunca foi tão difícil, em toda minha vida, ser racional como sempre fui, tendo um imenso
cowboy de 1,90m de altura nublando os meus pensamentos com sua presença, com seu
magnetismo e com sua forma de me olhar. Eu sinto Deacon a todo instante, como se sua
presença estivesse ligada à minha, tanto quanto a minha está a dele. Meus olhos buscam pelos
seus, e sempre que o encontro está com sua face em minha direção. Meu corpo reage ao mais
leve toque dele com selvageria, e um desejo implacável está sempre buscando pelo seu corpo.
Sinto-me abrigada, protegida quando minha face se esconde em seu peito, com seus
braços ao redor do meu corpo, como se fosse o único lugar no mundo inteiro que eu realmente
pudesse me sentir segura. E a forma dele agir me deixa sem reação. É terno e protetor à noite,
afagando meus cabelos até eu dormir; mas é selvagem e dominador quando me toca, irritante e
controlador, mantendo seus olhos sempre em mim, garantindo que nunca me afaste dele. Porém,
de tudo, o que mais me deixa em suas mãos é a forma como ele me tem com um olhar.
— Merda, garota, isso não pode acontecer! — sussurro, abrindo meus olhos.
Meu braço se ergue e empurro uma mecha para trás dos meus cabelos, mordiscando meus
lábios quando a minha atenção se prende na marca inchada em meus pulsos, tendo a risca da
corda bem delineada, mesmo já tendo se passado dois dias desde a noite que ele me marcou com
elas dentro da barraca. Eu me entreguei a ele em todos os sentidos, tão mansa e dominada, que
ronronava em seus braços quando ele me possuiu novamente, me levando para mais uma rodada
de prazer. Um prazer novo e lento, sendo tão intenso quanto a selvageria que nos consumiu.
O cowboy cretino não fez sexo comigo, e sim amor, e tive a compreensão disso ao longo
dos outros dias, já que me senti mais ligada a ele do que nunca, porque percebi que estou
apaixonada.
— Como deixei isso acontecer... — murmuro, tocando a marca da corda em meu pulso, a
alisando pouco a pouco.
A pergunta é mais sobre como meu coração tolo pôde se apaixonar por esse homem
bronco, que me faz literalmente ver estrelas quando me toca. Metálica relincha, batendo seu
focinho em meu ombro, me dando uma bufada na face quando olho para ele.
— Isso não foi nada legal, sabia?! — Rio, brincando com ele e acariciando abaixo do seu
pescoço ao levantar. — Vem, vamos, tenho que trabalhar.
Seguro suas rédeas e o puxo comigo, levando minha mão para o bolso da saia e retirando
meu celular. Eu bati algumas fotos de locais que prendem meu fôlego, amadurecendo a ideia de
como salvar esse rancho a cada vez que fitei as árvores, os córregos, os rios e o rebanho. Eu
poderia fazer as pessoas certas se interessarem por um pedaço nobre de carne, a qual não seria
qualquer carne, seria a carne de Green Valley, que lhe proporcionaria uma experiência única.
Tudo pode ser vendido com um bom marketing, até a merda de uma vaca é venda, se souber
contar a história. Rico não paga para consumir, eles pagam para viver, viver tudo que há de
melhor nessa vida.
Abro a câmera do celular e miro em uma montanha ao longe, onde pega bem um campo
aberto. Assim que chegar ao rancho, vou mandar todas para Bob, para nós dois trabalharmos em
cima da ideia. Não quero vender a varejo este lugar, vou vender para clientes específicos, os
podres de rico. Esse é o mercado para onde eu irei levar Green Valley.
O relincho de Metálica me faz virar para ele, e sorrio ao ver a cena bonita dele parado
atrás de mim, pastando, com o lago ao fundo, tendo as árvores brilhando, com as luzes do sol as
tocando.
— Com toda certeza, vou lhe vender também, garotão! — Rio e dou um passo para trás,
soltando suas rédeas, me afastando e focando a câmera do celular nele, batendo uma foto.
Sua cabeça se ergue e ele move suas orelhas, tendo sua cabeça virada em minha direção,
relinchando mais uma vez.
— Qual é, não seja ranzinza, foi só uma foto...
O som do estalo de um galho se quebrando atrás de mim me faz calar, com meus dedos
tremendo e abaixando o celular, tendo o som rouco e grave de um grunhido, seguido de um
rugido, surgindo. Ao me virar, meu coração para no segundo que o vejo. Um urso marrom,
enorme e peludo está parado a poucos metros de mim. Ele me olha com seus olhos castanhos,
sem expressar nenhuma emoção. Meu coração dispara e meu corpo congela, sem ter ideia do que
fazer, apenas tendo minha mente gritando: não corra!
Eu tinha lido em uma revista que os ursos não costumam atacar as pessoas, a menos que
se sintam ameaçados ou provocados, e, automaticamente, lembro da parte curiosa que se referia a
eles poderem sentir o medo dos humanos, e que isso pode despertar seu instinto de caça. Claro
que quando li isso, jamais pensei que um dia estaria diante de um, apenas queria matar o tempo
na sala de espera do aeroporto, para seguir para alguma viagem a trabalho, mas nunca fiquei tão
feliz por estar tão entediada a ponto de ler uma revista de caça.
Me obrigo a me acalmar, permanecendo imóvel, sem desviar meus olhos dele um
segundo sequer. O grande urso continua me encarando por alguns segundos, que para mim
parecem uma eternidade, antes dele inclinar sua cabeça para frente e farejar o chão, dando um
passo em minha direção e me fazendo sentir um calafrio na espinha. Fico paralisada, o vendo
desaparecer entre as árvores. A bufada perto do meu rosto me faz sobressaltar, e me viro,
encontrando Metálica perto de mim, me fitando sério.
— Ok, acho que já deu de fotos... — falo, rindo nervosa, com minhas pernas trêmulas,
não acreditando ainda que acabei de ficar a poucos metros de um urso de verdade, face a face. —
Vamos deixar essa pequena aventura só entre nós, Metálica...
Quase como se concordasse comigo, ele já está se virando, trotando para o meu lado.
Guardo o celular no bolso da saia e monto apressada em sua sela, querendo sair rapidamente
daqui. Metálica dispara em um galope entre as árvores, se afastando do local que acabamos de
ver o urso, mas um novo som me faz congelar, com meus dedos esmagando as rédeas, o que faz
Metálica diminuir o galope. Não escuto um rosnado alto ou rugido feroz, mas sim pis, pis, pis,
pis, com meu celular disparando com as mensagens que chegam nele.
— Ohhh, merda! — Sorrio, alegre, o pegando do bolso, vendo a enxurrada de mensagens
e e-mails bipando. Quase como por um passe de mágica, o nome de Bob se faz na tela, comigo
recebendo uma chamada dele nesse momento. — Bob! — atendo, rindo.
Nunca estive tão feliz em ouvir a voz do meu assistente em toda minha vida.
— Oh, está viva, graças a Deus! — ele grita, me fazendo rir e balançar a cabeça.
— É claro que estou viva, Bob — contraponho. — Estou em Green Valley.
— Tem ideia de que eu quase morri do coração, achando que algum mal tinha lhe
acontecido, sem falar no Greg, que está furioso porque... — A voz dele sai entrecortada,
falhando. — No rancho deu notícias suas...
— Bob, fala devagar, não estou entendendo, a ligação está falhando... — Abaixo o
telefone e vejo a risca do sinal ficando fraca. — Merda... Merda, Bob, me escuta, preciso que
faça uma pesquisa sobre vendas de carnes importadas de primeira linha para Dubai. Lembra de
Frid, o dono do hotel que ajudamos? Entre em contato com ele e diga que Kaice tem uma joia
rara para ele — grito, descendo de Metálica e pulando no chão, dando passos lentos para trás,
tentando achar o local que o sinal estava forte.
— Joia, que joia? — ele indaga, nervoso, com o chiado aumentando. — Alguém roubou
suas joias? Oh, merda, eu vou ligar para a polícia! Não, é melhor para a CIA, ou acha que o
FBI seria...
— Não, Bob, eu tenho uma joia! — grito alto enquanto rio. — Ligue para Frid e marque
uma reunião por vídeo com ele para daqui a quatro dias. Eu descobri como posso ajudar o
velhote amigo de Greg...
— Velhote, mas que velhote? — ele fala, confuso, me fazendo rir ainda mais. Estava
sentindo saudade de ouvir sua voz. — Kaice, o dono de Green Valley não é um...
A voz de Bob se perde no segundo que meus olhos focam na grama e vejo a sombra
escura e alta se aproximando de mim. Viro assustada na mesma hora, sentindo meu peito
disparar, com medo do urso, mas não chego nem a vê-lo, não quando minha cabeça é acertada
com força, o que me leva ao chão e à completa escuridão.
CAPÍTULO 20
O urso
KAICE BLOOD
Meu corpo está pesado, assim como minhas pálpebras, e sinto tudo girar em minha
cabeça, com uma dor aguda me tomando. Em minha testa, um líquido quente escorre, melando
meus olhos e dificultando ainda mais que eu os abra. Pisco devagar, me sentindo grogue, e vejo
os topos das árvores passando por mim, com o céu meio avermelhado, como sangue. Demoro
para entender que não são as árvores que estão passando, e sim eu que estou em movimento.
Levanto a cabeça com dor e esmago minha boca, precisando usar de muito esforço para
focar minha visão. Vejo ombros largos e rígidos masculinos, com sua mão esmagando meu
calcanhar, me arrastando no chão, caminhando ainda mais para dentro do vale. No segundo que
entendo o que está acontecendo, o chuto no rabo por instinto, com minha outra perna o fazendo
cambalear, ao passo que giro no chão e me arrasto, tentando me levantar. Consigo me erguer,
mas não dou dois passos antes de ter meu rosto sendo empurrado contra uma árvore, batendo
com força quando ele agarra meu cabelo, o que me faz gritar em pura dor.
— Vadia desgraçada! — Ele me joga no chão enquanto me gira, tendo sua face ficando
diante da minha.
Reconheço seu rosto machucado, a boca cortada e o olho roxo. É o vaqueiro em quem
Deacon bateu, porque tinha nos seguido até a fonte, para me espiar. Sua mão nojenta se enfia por
dentro da minha camisa, e grito ainda mais ao ter o toque imundo dele em mim.
— ME SOLTA, SEU DESGRAÇADO! — berro com puro ódio, usando minhas mãos
para arranhar seu rosto, com minhas pernas se debatendo.
Tudo roda quando a mão dele me acerta precisamente na face, com uma dor infernal
possuindo meu maxilar quando ele bate outra vez, ainda mais forte.
— Cadela maldita, maldita! Vamos ver agora quem vai se arrepender, se sou eu ou
aquele filho da puta, por achar que pode me tratar feito um lixo. — Suas mãos rasgam minha
camisa, e ele me força a abrir as pernas. — Não sou um verme, mas vou mostrar para ele o
quanto você vai parecer uma barata esmagada nesse chão, como um inseto, quando eu terminar
com você, vadia...
Minhas mãos se debatem na terra, e sinto o peso do seu quadril se prensando no meu.
— Merdinha! — grito, cuspindo em sua cara, batendo com raiva em sua face. — Devia
ter lhe deixado morrer com um tiro na cara, seu verme...
O soco é tão cruel quanto o tapa em meu rosto, e sangue escorre da minha boca.
— Vou te mostrar quem é o merdinha, sua vadia! — Ele esmaga meu pescoço, com sua
mão nojenta se enfiando mais entre minhas pernas. — Vai saber quem é o merdinha quando lhe
deixar tão larga, que vai poder foder com a porra do cavalo nessa sua boceta imunda...
Cuspo mais no rosto dele, o acertando com minha saliva e meu sangue, o que o faz tirar
sua mão da minha perna e a levar para minha garganta com raiva. Rio com ódio, sentindo dor em
meu rosto, mal conseguindo abrir meu olho esquerdo por causa do seu soco.
— Está rindo de quê, cadela... — rosna com ódio.
— De uma merdinha de pau fino como você achar que pode arrombar alguma mulher
com essa porra de pau pequeno... — grunho entre o riso de histeria, cuspindo nele de novo
enquanto grito. — VAI FAZER O QUÊ, SEU VERME, COSQUINHA NA MINHA BOCETA?!
As lágrimas escorrem por meu rosto e sinto a dor do tapa forte que ele acerta com raiva
em minha face. E rio ainda mais, com pura loucura e desespero, o deixando mais furioso, o que o
leva a me dar outro tapa. O que nesse momento é o que eu prefiro, o ter com tanta raiva, me
batendo, do que com suas mãos sujas tocando meu corpo.
Meu rosto tomba para o lado e vejo uma pedra imensa. Estico meu braço e tento a
alcançar, ao passo que ele se desequilibra quando tenta abrir sua calça, o que me dá tempo de
agarrar a pedra e acertá-la com toda força na sua cabeça, o tirando de cima de mim. Rolo tonta,
vendo tudo vermelho à minha frente por causa do sangue escorrendo em minha face, com meus
dedos trêmulos tentando se segurar nas árvores. Ele cambaleia enquanto se levanta, e me abaixo
rápido, pegando a pedra e a segurando firme, para lhe atacar de novo, mas paro no segundo que o
brilho da arma em sua mão se faz assim que é sacada.
— Bate de novo com essa porra na minha cabeça, sua cadela, que te fodo com essa arma
— ele rosna, levando a mão à testa, que tem um corte imenso onde lhe acertei. — Vagabunda!
Olho dele para o revólver e respiro fundo, vendo a face do meu pai sem vida dentro do
carro, com os dedos da minha mão quebrados, e seu rosto esfolado pelos estilhaços dos vidros
que quebraram quando o carro capotou. É como se eu estivesse lá novamente, como se visse a
morte outra vez, e não sinto medo dela, porque ela já tinha cravado suas garras em mim.
— Atira! — Ouço minha própria voz sair alta, e abaixo a pedra, a deixando cair no chão.
— ATIRA, SEU MERDA! — berro alto, rindo, negando com a cabeça e dando passos lentos
para trás. — Atira, porque só vai conseguir me foder me matando... — Minhas unhas cravam-se
nas palmas das minhas mãos e olho dele para o cano da arma. — ATIRA, SEU MERDINHA!
Jogo meu corpo para o lado, em direção aos arbustos, no segundo que ele destrava o
revólver.
— Ohhh, meu Deus... — Meu grito sai junto com o disparo que ele acerta na minha
panturrilha.
Giro, com meus cotovelos se empurrando para frente e arrastando meu corpo. O puxão
em meu cabelo me faz chorar ainda mais de dor quando ele me vira, colando o revólver em
minha face.
— Você é completamente louca, ou muito burra, sua cadela. — Ele cola mais forte a
arma em minha bochecha, e rio, sentindo as lágrimas escorrerem por meu rosto junto com meu
sangue. — Cadela louca...
— Sim, sim... — Meus dedos seguram seu pulso, o mantendo com a arma rente ao meu
rosto. — Uma cadela louca, mas não burra...
Rio mais ao olhar dele para o revólver, com minha mão se esmagando em seu pulso.
— Você é burro, seu verme, tão burro a ponto de apertar esse gatilho — falo entre o
choro, o vendo com a expressão pálida quando compreende o que fez.
— Maldita, me fez atirar de propósito, para dar sua localização... — ele grunhe, me
soltando e cambaleando para trás, inalando forte, com a mão indo à sua cabeça.
Arrasto-me no chão e tudo roda ao meu redor, com minha cabeça latejando e o sangue
escorrendo mais por minhas têmporas, o que me obriga a encostar em uma árvore. O encaro com
seu braço esticado, com a arma apontada para mim. Não desvio meus olhos dos seus um segundo
sequer, fitando-o fixamente.
— Atira, verme — balbucio, não me permitindo sentir medo, não desse filho da puta, não
quando vi a morte muito antes dele sequer pensar em me espiar naquele lago. — Atira, verme
burro!
Ele grita com ódio, jogando a arma ao chão, levando as mãos atrás das costas e pegando
uma faca, vindo em minha direção. Meus dedos se esmagam à terra, e a sinto embaixo das
minhas unhas, com minha perna se encolhendo, pronta para o chutar, nem que seja uma última
vez, mas o chutarei entre suas pernas, o fazendo amaldiçoar o dia que pôs os olhos em mim.
É algo brutal, tão rápido que mal entendo o que aconteceu, quando a sombra enorme pula
sobre ele, o levando ao chão. Ouço seus gritos, enquanto se debate, e meu corpo escorrega
devagar, caindo para o lado. Meus olhos estão nublados pelo sangue e por minhas lágrimas, mas
posso jurar ver um gigantesco e feroz urso o atacando, com sangue sendo jorrado da boca dele a
cada ataque que é desferido em sua face. Porém, não é um urso, mas é tão feroz quanto um,
sendo selvagem e cruel, prensando seus polegares em cada lado dos olhos do vaqueiro,
afundando-os para dentro com força, ao passo que sangue desliza dos seus globos oculares.
Vejo a cabeça sendo erguida e estourada no chão repetidas vezes, com os gritos se
misturando a rugidos. A faca na mão dele cai, e a grande pata a pega com ódio. O assisto cortar a
garganta de fora a fora, enquanto se banha em sangue, rugindo feroz, como um animal selvagem.
Só que não tenho medo, é engraçado como não sinto medo. A verdade é que não estou sentindo
mais nada. Meus olhos pesam, se fechando, pois é difícil os manter abertos, tão difícil me manter
consciente.
CAPÍTULO 21
A maldição do vale
KAICE BLOOD
— Isso é cheiro de mulher, seu desgraçado, cheiro das suas piranhas... — Meu rosto
gira, e desvio da televisão para a cozinha, vendo mamãe chorar enquanto grita com papai.
Encolho-me, levando meus olhos dos dois para minha boneca em minha mão, com meus
dedos cobrindo seus ouvidos.
— Não pode ouvir, Pépe, mamãe está brava — falo para ela, lhe protegendo, para não
escutar mamãe gritando em meio ao choro.
Assusto e meu rosto gira ao som da xícara se estilhaçando na parede.
— PARA COM ISSO, PORRA! — meu pai a amaldiçoa, arrancando o chapéu da cabeça
e atravessando a cozinha, segurando os pulsos dela quando ela tenta o agredir. — PARAAAA!
— ele grita alto com a mamãe, o que me faz arregalar meus olhos, com meu corpo trêmulo,
protegendo os ouvidos de Pépe.
Ele gira sua face e olha para mim, me vendo na sala, sentada no tapete, tendo sua face
ficando pálida, se entristecendo, soltando a mamãe. Ele esfrega seu rosto com força e arrasta
sua mão para a nuca, negando com a cabeça antes de a olhar com raiva, se afastando dela e
vindo para perto de mim.
— Ei, curiosa, o que acha de brincarmos no seu quarto, só nós dois? — Papai se abaixa
e passa seus braços por baixo dos meus, me erguendo em seu colo.
Meu rosto se esconde em seu ombro e agarro firme minha boneca, congelada.
— Está tudo bem, querida. — Seu beijo é terno no topo da minha cabeça e afaga meus
cabelos, subindo a escada.
Ele me deixa na cama, sorrindo para mim e se abaixando, ficando de joelhos. Levanta a
mão e acaricia meu rosto.
— Seu aniversário está chegando, logo minha mocinha vai completar dez anos. —
Sorrio, e a ponta do seu dedo bate em meu nariz rapidinho. — Já sabe o que quer de presente?
Nego com a cabeça, segurando Pépe mais firme, olhando dele para a porta, ouvindo os
sons vindo lá de baixo, como estrondos de coisas caindo.
— Mamãe está brava... — sussurro, retornando minha face para ele. — Ela chora.
Posso ouvir os gritos dela entre seu choro, e meu pai inala fundo, fechando os olhos.
— Mamãe apenas está chateada... — Ele alisa meus cabelos e abre seus olhos, negando
com a cabeça. — Pense no seu presente, sim?! Não precisa se preocupar com nada mais, minha
curiosa.
Ele se levanta e beija minha testa antes de bagunçar meus cabelos, me dando um sorriso.
— Pépe quer acampar, papai — murmuro, abaixando meus olhos para a boneca. — A
princesa no desenho que assistimos estava acampando com a família. Eles estavam felizes,
mamãe pode ficar feliz também...
Meu pai comprime seus lábios e puxa o ar, se abaixando de novo e acariciando meu
queixo.
— Sim, amor, ela vai. — Ele sorri sem felicidade e vejo seus olhos brilharem com
lágrimas, igual eu fico quando me machuco. — Vamos acampar e vai ser o dia mais feliz,
porque vamos estar juntos, todos felizes...
O som do eco dos gritos é mais alto entre os berros, o que faz meu pai se levantar
rapidamente, olhando para a porta.
— Fica aqui, amor, eu já volto.
O vejo sair do quarto e me deito na cama, segurando Pépe, sorrindo com carinho para
ela.
— Vamos acampar, Pépe, todos nós, e vai ser o dia mais feliz...
Meus olhos se abrem, mas as pálpebras estão tão pesadas, que mal consigo abrir
totalmente o olho esquerdo. Pisco devagar, com minha mente me tirando do sono, e posso
recordar de tudo tão vivamente: do cheiro de gás dentro de casa, dos gritos da minha mãe, dos
berros do meu pai...
— Merda... — resmungo, sonolenta, com minha visão focando na lâmpada acesa no teto.
Odeio quando tenho sonhos.
— Graças a Deus, está acordada! — A voz de choro, nervosa, a qual conheço tão bem, é
o que me faz tombar o rosto para o lado. Encaro Bob sentado em uma cadeira.
— Bob, o que faz aqui... — questiono, confusa, não entendendo como ele está aqui, e,
principalmente, onde é aqui. Noto que estou em uma cama, dentro de um colossal quarto rústico.
— Onde... onde estou? — balbucio, sentindo minha boca amarga e tentando me sentar, mas suas
mãos me seguram, firmando meus ombros para trás.
— Está no rancho do senhor Trinix! — Ele se senta na beirada da cama, com sua face tão
pálida que parece um papel, enquanto seus olhos marejam e sua boca tremula. — Eu me culpo
tanto... Me desculpa por não ter conseguido chegar, nunca devia ter remarcado a viagem e lhe
deixado sozinha nesse lugar cheio de gente estranha e rude...
— Bob, que diabos está falando? — Apoio minhas mãos ao lado do corpo, me
empurrando para trás e sentando, sentindo náusea. — Como vim parar aqui, e-eu... e-eu...
Calo-me, com minha mente recebendo uma pancada de lembranças. A colina, Deacon, o
gado, as fotos, o urso me encarando, as árvores parecendo estar se movendo enquanto eu era
arrastada no chão...
— O senhor Trinix lhe trouxe para cá — fala nervoso, segurando meus dedos, e o olho
confusa, ao lembrar do vaqueiro me arrastando no mato. — Eu não concordei, muito menos
Greg. Quando chegamos, você já estava aqui. Não te levaram para o hospital, aquele homem
bronco nem deixou a gente te tirar daqui. Ele disse que foi a veterinária que estava vacinando
alguns cavalos que lhe atendeu no trailer hospitalar dela, e por mais que ela tenha dito que
fizeram um raio X, ainda assim vai ter que fazer outro quando chegarmos ao hospital. O tiro foi
de raspão, mas vai ficar com muita dor na perna por um tempo...
Jogo a manta para fora da cama, me descobrindo, e Bob se levanta, assustado, com seu
rosto vermelho, me dando as costas ao ver minhas pernas nuas. Fito a camisa masculina em meu
corpo, de botões, mas é na faixa em minha panturrilha que paro meu olhar.
— Como o senhor Trinix me trouxe até aqui? — Olho para Bob, empurrando minhas
pernas para fora da cama. — O rebanho estava no meio da colina...
— Ele lhe trouxe de helicóptero, esse lugar é enorme... — Vira-se para mim. — Oh,
Cristo, o que pensa que está fazendo?!
— Estou me levantando, já fiquei horas apagada... — Estapeio sua mão quando ele tenta
me deitar novamente.
— Horas? — indaga, em choque. — Kai, está há quatro dias dormindo.
Fico paralisada, com meu cérebro processando o que ele acabou de dizer.
— Aquele merdinha me deixou apagada por quatro dias?! — rujo, inalando o ar com
força.
— Apagada? — Bob ri, nervoso, fechando seus olhos. — Kai, ele quase te matou.
— Quase! — Nego com a cabeça, repuxando meu nariz e automaticamente sentindo uma
dor infernal em minha boca. — Mas como pode ver, estou bem viva...
Apoio-me em seu ombro, me forçando a levantar, ficando de pé. Em um primeiro
momento sinto tudo girar à minha volta.
— Pelo amor de Deus, volte para a cama, a veterinária disse que tem que descansar...
— Já descansei demais, Bob. — Nego rápido com a cabeça. — Onde é o banheiro,
preciso ir até lá.
— Oh, merda, Kai! Greg já está tendo um ataque de raiva, e se ele souber que lhe deixei
sair da cama, vai me matar... — ele choraminga como uma velha, tendo uma crise nervosa.
— Largue de ser covarde, Bob! — Lhe estapeio no braço, para ele se recompor. — Se
controla e me leva para o banheiro, ok?! Ninguém vai te matar. Deixe que quando chegar em
Luisiana, converso com Greg, eu nem estou tão mal assim...
Minhas palavras se calam no segundo que meu rosto se ergue e encaro minha face em um
espelho moldado em madeira bruta, preso na parede.
— Merdinha desgraçado — sussurro, sentindo meus olhos queimarem, vendo minha boca
cortada, com a parte esquerda inteira do meu rosto inchada e roxa, com curativos em minha testa.
Ele tinha me batido pra valer.
— Greg está lá embaixo, não na Luisiana, e não está nada feliz. Acho que nunca o vi tão
raivoso em todos esses anos que trabalho com ele.
— Greg está aqui? — Viro meu rosto na mesma hora para Bob.
— Sim, nós dois viemos para cá quando o senhor Trinix ligou. Eu estava preocupado,
porque a chamada encerrou do nada quando estávamos conversando, e era o final do expediente
quando fui à sala de Greg contar a ele que consegui falar com você. — Lembro disso, de estar ao
telefone antes das minhas vistas escurecerem. — O telefone dele tocou, e Greg pegou um jato
para cá na mesma hora que lhe deram a notícia...
— Merda! — Esmago minha boca, e minha perna queima quando tento dar um passo,
ardendo onde está enfaixada. — Me ajude a achar algo para vestir, preciso falar com ele...
— Ele vai vir aqui, não se preocupe, assim que ele terminar a conversa com o senhor
Trinix — fala baixo. — Os dois estavam com os ânimos bem à flor da pele quando eu me retirei
da sala, vindo para cá ficar com você... Acredite, Greg vai destruir esse lugar, e qualquer chance
que tinha de firmar negócio, acabou...
— Não! — digo rápida. — Não, Greg não pode fazer isso, ele precisa fechar o negócio...
Deacon...
Calo-me, tendo a imagem do cowboy me pegando, me sentindo uma tola por ser teimosa
e ter me afastado da barraca. Eu só queria bater as porcarias das fotos, não iria demorar, não era
para nada disso ter acontecido. Me afasto de Bob, mancando e com dor, e vou até um imenso
guarda-roupa, o abrindo e encontrando calças compridas. Tateio meus dedos nas gavetas, as
abrindo e achando algumas cuecas, pegando a primeira que encontro.
— Preciso que faça algo para mim agora, Bob! — falo depressa, me virando e me
apoiando no guarda-roupa, sentindo uma náusea forte, com tudo rodando. — Vá até os vaqueiros
e encontre Deac...
A vertigem fica mais forte, mas a empurro para o fundo do meu ser, me negando a
fraquejar. Preciso falar com Greg, dizer a ele que ninguém teve culpa além de mim, que esse
rancho pode dar muito dinheiro ao dono, assim como para Greg.
— Volte para a cama, pelo amor Deus, Kai...
— Não! — Nego com a cabeça, me retraindo inteira de dor enquanto tento vestir a
imensa cueca. Bob se vira na mesma hora, balbuciando:
— Por que não pode me ouvir apenas uma vez? Deite-se e descanse, precisa dormir...
— Já dormi demais, preciso consertar o que eu fiz... — Ergo a cueca, a arrumando e
vendo que parece um short em meu corpo. — O que aconteceu com o urso, sabe me dizer? —
pergunto a ele, que pisca, confuso, virando de frente para mim e me olhando perdido.
— Que urso? — Ele ergue sua mão no ar.
— O urso que matou o homem que me atacou... — respondo, nervosa. — Eu o vi, bom,
eu lembro de algumas coisas, mas tinha um urso... Eu o vi...
Tento forçar minha mente, mas as imagens são fracas, tendo apenas flashes do sangue e
dos gritos do vaqueiro.
— O urso o matou? — indago.
— Aquele desgraçado está morto. — Bob inala fundo, movendo a cabeça em positivo. —
Mas não foi um ur...
— NÃO TEM ESSE DIREITO! — A explosão alta, como um trovão, da voz masculina,
faz meu coração disparar na mesma hora que a reconheço.
— Cowboy... — murmuro, já me movendo para a porta, mancando da perna, precisando
o ver com tanta urgência.
— Ei... ei, onde pensa que vai, precisa deitar... — Bob já está vindo atrás de mim,
tentando me segurar, mas saio pelo corredor.
CAPÍTULO 22
O furacão
DEACON TRINIX
— Não vai tirar ela daqui, Greg — rosno, com meu peito inflando e meus punhos
esmagados ao lado do corpo, o encarando. — Lhe respeito, e muito, sempre fui grato por sua
amizade, mas, por Deus, eu juro que não vai sair com vida daqui se tentar tirá-la daquele
quarto...
— Vou acabar com você, Deacon, escuta bem o que estou lhe avisando. — Sua face
vermelha fica ainda mais rubra, com ele apontando o dedo para mim. — Aquela menina é como
minha filha, a filha que nós dois sabemos que eu tive que enterrar, e não vou enterrar outra por
conta desse maldito lugar...
Meu rosto se vira e inalo fundo, olhando na direção da janela, sentindo meu peito
disparar, querendo rasgar minha alma, meu corpo inteiro, para arrancar o maldito inferno que me
consome, de culpa, por não ter a protegido. Quando meus olhos se fecham, ainda posso vê-la
fraca, desmaiada em meu colo, com seu corpo sujo de sangue e sua face delicada machucada.
Eu sentia a loucura me tomando, assim como o medo e o pânico, a cada maldito passo
que dava naquela colina, a caçando, seguindo as marcas do casco do Metálica, que me deixava
saber que ela tinha ido com ele. O encontrei vagando na clareira, alguns metros longe da barraca,
e me perdi ainda mais no pavor. Ao ver o celular caído no chão mais à frente, tive a confirmação
que algo havia acontecido. Corri mais rápido, e vi a marca recente na grama, como se algo sendo
puxado tivesse passado por ali. Tantas coisas surgiram em minha mente: um urso lhe atacando,
ou os lobos, e apenas orava para encontrá-la a tempo. E quando o disparo se fez, o que me levou
direto a ela, o inferno já tinha me tomado, e só via tudo vermelho à minha frente. Avistei o
desgraçado maldito que devia ter matado, de pé, com uma faca na mão. Não vi nada além da
minha ira, do ódio, da fúria. E quando esses sentimentos me deixaram, foi para me largar no
limbo, ao fitar minha pequena loba selvagem ferida, com a face ensanguentada.
— Olha... — O suspiro baixo de Greg é lento. — Eu não posso perder outra filha,
Deacon, não posso. Sei que não teve culpa na morte de Ashley, que foi uma fatalidade, mas não
posso perder mais nada para esse lugar. Mandei Kaice para cá, porque sabia que ela poderia
encontrar uma forma de salvar esse rancho, mas, agora, a única coisa que quero é salvá-la.
Maldita hora que me ligou, maldita hora que pedi a ela para vir pra cá...
Greg é um bom homem, e eu sempre o respeitei por isso, sempre o admirei, desde o
segundo que o conheci. Era um bom pai, amava sua filha, sabia do temperamento dela, e mesmo
depois da morte de Ashley, o via como um bom amigo, tanto que quando resolvi tentar salvar o
rancho, foi para ele que liguei, pois sabia que poderia me ajudar. Mas nesse segundo o vejo como
um inimigo, e por mais que o respeite, não vou o deixar tirar minha loba daqui.
— Lhe tenho como um bom amigo — rosno baixo, não desviando meus olhos dos seus
—, e é por isso que vou ser bem claro. Essas são minhas terras, Greg, e não tem ninguém nesse
mundo que vai tirá-la daqui. E, por Deus, homem, eu mato, juro que mato qualquer um que se
atrever a fazer isso!
Dou um passo à frente, e o vejo abaixar seu braço, com seus olhos ficando presos aos
meus.
— Não foi minha intenção mentir, por Deus, não foi...
— Quebrou a porcaria da roda da carroça de propósito! Podia ter trazido ela para cá e a
deixado segura, mas não... — Ele joga meus erros na cara, fazendo eu me condenar ainda mais.
— A fez ficar aqui, nessa porra de lugar, que sempre é mais importante que tudo em sua vida.
Manipulou Kaice, a prendendo aqui, pouco se lixando para as malditas consequências, igual fez
com a minha filha! Qualquer chance de eu lhe ajudar a salvar essas terras, esqueça, você a perdeu
no segundo que colocou esse lugar à frente de tudo mais uma vez...
— NÃO FOI ASSIM, PORRA! — Chuto com raiva a cadeira, a fazendo voar,
estourando na parede. — Não foi...
— Se não foi, por que mentiu? Por que não disse quem era? Por que não a trouxe para a
merda dessa casa?
Porque eu a queria comigo, minha mente me condena com o desejo que me governou.
Porque a queria comigo, porque nunca desejei tanto algo em minha vida, como desejo
aquela mulher.
— Vou tirar ela daqui, você querendo ou não, garoto!
— NÃO SOU A PORRA DE UM GAROTO! — Meu peito explode, com minha boca
espumando de ódio. — E não caia na besteira de me confundir com um. Você quer ser mais um
abutre gorando essas terras? Que seja. Quer me destruir? Destrua. Mas Kaice fica!
Seus olhos desviam dos meus e ele puxa o ar, com seus ombros se encolhendo.
— O lucro será vantajoso para os dois. — A voz baixa sai atrás de mim, e endireito-me
na mesma hora, com meu corpo se virando.
Meu coração dispara, e meus olhos param na pequena mulher na porta da sala, com seus
cabelos longos caídos sobre seu corpo, tendo minha camisa a cobrindo enquanto me olha, com
uma lágrima escorrendo por sua face machucada. Ela suspira, com seu peito subindo e descendo
rapidamente.
— Pequena loba... — Meu corpo se move tão rápido quanto as batidas do meu coração,
comigo a querendo tocar.
Mas eu nem chego a me aproximar, já que ela cambaleia, se escorando na parede, com
seus dedos trêmulos batendo na mobília. Kaice esmaga sua boca, e seus olhos se fecham, com
ela fazendo sinal de pare para mim.
— Kai, querida... — Greg se silencia quando a cabeça dela se ergue e ela limpa rápido
sua face, olhando dele para mim.
— Dubai é um ponto de comércio para iniciar a venda de exportação da carne nobre. —
Sua face se endurece como aço, e os olhos negros se apagam, sendo frios enquanto o encara. —
Em um ano terá mais lucro do que a empresa do Mitch lhe dará em cinco anos, depois que quitar
os dividendos. Sugiro um contrato limpo, 14% por 86%, o que garante a você uma boa fatia do
bolo do senhor Trinix...
A voz dela falha e fixa seus olhos em mim. Seu corpo inteiro treme, e ela me olha com
pura raiva, o que me faz querer atravessar essa maldita sala e a segurar em meus braços, lhe
implorando para me deixar explicar.
— Pequena...
— Senhor Trinix! — Ela range seus dentes ao passo que sorri com tristeza, tombando
devagar seu rosto para o lado. — Isso garantirá ao senhor muito lucro, para cobrir os impostos,
assim como investir mais na expansão do comércio de carne para clientes seletos.
— Querida, por favor, não está em condição...
— Vai investir na porra desse lugar, Greg! — Ela range seus dentes, apontando seus
dedos para ele. — Vai fazer isso, exatamente como eu falei, porque é isso que eu faço, eu encho
seu bolso de grana, eu executo a merda do meu trabalho, e você vai executar o seu...
Ele se cala, abaixando seu rosto e suspirando. A pequena loba ferida me olha com dor e
se encolhe, abaixando seu dedo.
— Receberá por e-mail, na próxima semana, seu contrato, senhor Trinix. — Seu sorriso é
tão morto quanto o olhar que ela me dirige, e leva seus dedos rapidamente para sua face, a
limpando. — Parabéns pelo negócio.
Suas costas se viram, e seu corpo se move lento, enquanto cambaleia, mancando. Nego
com a cabeça, e meus dedos vão para minha nuca. Preciso tocá-la, preciso por um segundo a ter
em meus braços, lhe dizer que não é isso, que ela não é a porra de um negócio, que não a usei.
— Dona, espera, me escuta, por favor, minha pequena loba... — Ando em sua direção,
com meu braço esticado para lhe tocar, mas não chego a fazer isso, não quando ela se empurra
para o lado, com seu braço indo para a parede e pegando a espingarda que fica lá. — Dona...
Não me movo, não desvio meus olhos da loba selvagem que me encara segurando a
espingarda em suas mãos, com seus olhos presos aos meus, a mirando para meu peito.
— Oh, meu Deus, Kai... — O loiro de terno que veio com Greg está paralisado no topo
da escada, e balbucia nervoso.
Mantenho-me firme, não desviando meus olhos dela, que esmaga com raiva sua boca, me
condenando com seu olhar. É um animal ferido e selvagem, que me atacaria sem pensar duas
vezes. Mesmo eu implorando, nada a fará me ouvir, qualquer coisa que lhe disser apenas a fará
se sentir ainda mais ferida, pronta para atacar.
— Não é o que está pensando...
Silencio-me, com meus olhos se fechando ao som alto e estrondoso da bala estourando a
parede, quando ela move rápido o cano para a esquerda e aperta o gatilho.
— Não tem ideia do que eu estou pensando — ruge baixo.
Meus olhos se abrem e a vejo mais selvagem que nunca. Como um leão da montanha
ferido, está prestes a atacar minha jugular. Uma loba magoada, com olhos marejados, que me
destroça com suas íris sem brilho.
— Eu nunca mais quero te ver na minha vida, senhor Deacon Trinix. — Seu peito se
expande e esmaga sua boca de novo, com lágrimas escorrendo por seus olhos. — É nisso que
estou pensando.
Ela abaixa a espingarda e dá um passo para trás, com seu corpo se endireitando.
— Bob, por gentileza, arrume minha mala, sim?! Greg vai mandar alguém vir lhe buscar
depois. — Ela não abaixa sua voz, nem a altera, enquanto ergue sua face de forma altiva. —
Greg, se não se importa, meu trabalho aqui acabou, e quero ir para minha casa, agora!
— Não faz isso, pequena... — Nego com a cabeça, e dou mais um passo à frente. — Não
faz isso, minha loba...
— Não sou sua! — Sua mão empurra a espingarda no meu peito com força, e se afasta
rapidamente. — E você não é meu. Mas, obrigada pela estada, que foi definitivamente única, e
vou me lembrar da lição que aprendi aqui na próxima parada de bar, senhor Deacon.
Ela vira, de cabeça erguida, ao passo que me desgraça. A ver machucada me destrói a
cada passo que dá, se afastando de mim.
— Greg, quero ir agora. — Meu rosto se abaixa e vejo a espingarda em minha mão, o que
me faz girar meu rosto para Greg.
Não sei se amaldiçoo mais ele por ter feito minha vida cruzar com a dela, ou a mim, por
ter a perdido.
Ele caminha rápido, a seguindo, lhe tocando para lhe ajudar a caminhar, mas ela puxa seu
braço, o fazendo a soltar, andando rumo à porta sem olhar para trás.
Eu me senti vivo desde o segundo que a olhei naquele bar, mas agora me sinto morto,
destroçado pelo pequeno furacão cheio de energia e selvageria que me cativou.
CAPÍTULO 23
Loba-vermelha
KAICE BLOOD
Luisiana
Três meses depois
Agora, sem seu parceiro, Takama vai precisar cavar seu próprio buraco para começar
a se preparar para a chegada da sua ninhada.
Fungo baixo, erguendo a colher de sorvete para minha boca, vendo a loba caminhar
solitária pela floresta. Estou assistindo um programa de vida selvagem na televisão.
A mamãe lobo sabe que sua jornada será difícil, tendo que enfrentar os perigos da vida
selvagem para manter seus filhotes a salvo...
— Você vai conseguir, garota, ele nem era tudo isso — falo com a TV de boca cheia,
tomando o sorvete, vendo-a cavar um buraco perto de uma árvore seca. — Se ele fosse tão bom,
não tinha caído do penhasco. Lobo idiota!
Abaixo a colher para o pote e raspo o fundo dele, enchendo-a com mais sorvete. Minhas
pernas se esticam no sofá e arrumo minhas costas, puxando um lenço de papel da caixa, em cima
do braço do sofá, e assoprando meu nariz, antes de socar a colher cheia de sorvete em minha
boca de novo.
Não sou o tipo de mulher que fica na frente da televisão, e muito menos a que chora
assistindo algum programa, mas cá estou eu, largada no sofá em plena quarta-feira, de pijama,
com um lenço no cabelo, abraçada com um pote de sorvete, que é tudo que consigo comer sem
colocar toda minha bílis para fora.
Estava navegando pelos canais a cabo a manhã inteira quando me deparei com Takama,
que tem sua vida catalogada a cada passo desde que foi solta na reserva da polícia ambiental, na
qual foi criada desde filhote. Mas ela teve que encarar sozinha sua vida adulta, em uma floresta
ao leste da Pensilvânia, onde um macho ainda habitava. Sua espécie está em extinção, então
algum idiota achou que seria bacana manipular a decisão de Takama, a jogando lá para procriar
com o lobo-vermelho da sua raça, sem nem ao menos se dar ao trabalho de querer saber se era
isso que ela realmente queria.
Acompanhei o desenvolvimento do relacionamento dos dois, vendo Takama ceder ao
lobo convencido, que apenas precisou mijar ao redor dela, distribuindo seus feromônios no ar,
para Takama dar para ele. A pobre nem conseguiu dar para outros lobos antes de a jogarem na
floresta, e nem daria mais, agora que ele morreu, porque lobos-vermelhos são leais aos seus
parceiros, tendo apenas um único a vida inteira. Me vi chorando enquanto soluçava, a olhando
parada na beira do penhasco, de onde ele acabou caindo por conta de um deslizamento de terra.
Ela permaneceu lá três dias, imóvel, esperando por ele, mas ele não voltou, porque tinha
morrido. E, agora, Takama se vê sozinha, tendo que criar seus filhotinhos na porra de um lugar
que nem perguntaram a ela se ela queria ir. Eu sei que ela não iria responder, mas, ainda assim,
sinto raiva pela situação que Takama se encontra, quase como se dividisse sua dor, sua perda e
um futuro que ela não tinha escolhido ter, mas que teria que encarar.
— Lobo idiota! — Levo a colher ao pote de sorvete, abaixando meu rosto quando
começam os comerciais, dando uma pausa no programa. — Sorvete idiota — resmungo e solto
um longo suspiro, vendo o pote vazio que eu tinha detonado.
Empurro minha bunda no sofá, me levantando, calçando minhas pantufas e saindo da
sala, indo em direção à cozinha, jogando o pote vazio no lixo, antes de ir para a geladeira pegar
outro. Se algum dia alguém me dissesse que eu estaria deprimida em minha casa, em pleno dia
de semana, me empanturrando de sorvete enquanto sofro por um documentário do canal Animal
Planet, provavelmente eu gargalharia. Aquela Kaice de três meses atrás, antes de ir para
Montana, riria muito, porque jamais me veria assim, jamais ficaria um dia longe do escritório, do
celular, do computador, da bolsa de valores. Mas a Kaice que voltou de lá se transformou em
uma versão de Takama quando entrou nesse apartamento, fugindo para sua toca, para lamber
suas feridas.
Ainda posso lembrar do meu corpo rígido ao sentar no carro de Greg, com meus olhos
presos na estrada, tendo minha mente bloqueando tudo, anulando tudo, como um ser robótico.
Lembro de pegar a chave do quarto da mão de Greg sem o olhar na cara, quando a recepcionista
do hotel a deu para ele, comigo apenas saindo de lá para ir direto ao aeroporto. Lembro de não
me importar com os olhares aflitos, curiosos e piedosos em minha direção, que caminhava
mancando, com meu melhor vestido vermelho e sapato de grife, me negando a abaixar a cabeça
ou esconder minha face.
Quando cheguei em Luisiana, não vim para casa, me vi chutando Bob, para ele sair da
minha frente, mandando o motorista de Greg me levar para o escritório. Por uma noite inteira,
fiquei à frente do computador, e fiz o contrato de Greg com o Green Valley, assim como o meu,
de nova sócia. Foi a única vez que caminhei para a sala dele, jogando os papéis sobre a mesa e
lhe empurrando uma caneta. Não queria ouvir, não queria falar, apenas me forçava a me manter
firme, me manter racional, e no segundo que ele assinou o documento de sociedade, cumprindo
sua parte do acordo que me fez ir para Montana, eu saí de lá sem olhar para trás, igual eu fiz com
o rancho.
Porém, no segundo que a porta do meu apartamento fechou, que meus pés descalços
pisaram no chão, eu desmoronei, desabei, sentindo tudo. Dor, raiva, ódio... Nem o estoque
inteiro de uísque que tinha no armário conseguiu aliviar esses sentimentos. Me senti traída,
manipulada, como se estivesse novamente na infância, vendo tudo que minha mãe fazia ao meu
pai, o usando e o chantageando. E tudo que eu não chorei por dezesseis anos em minha vida,
desde o segundo que acordei naquele hospital e descobri a morte deles, eu chorei naquela semana
que retornei para meu apartamento.
Odiava Greg tanto quanto eu odiava Deacon, e me sentia usada pelos dois, manipulada,
uma vez que ambos mentiram e me usaram como se eu não fosse nada, como se não precisasse
saber de porra nenhuma. Greg mentiu quando me mandou para Montana às cegas, sem me dizer
que o homem que eu estava indo ver era seu genro. Eu nem sabia que Greg teve uma filha. Ele
era a pessoa em quem eu mais confiava, foi o ser humano mais perto de uma família que eu tive,
sendo meu mentor, meu conselheiro, meu amigo, meu pai, e ele sabia tudo de mim, sabia como
eu odeio mentiras, como abomino pessoas manipuladoras, como minha mãe destruiu minha
família, mas, ainda assim, ele mentiu para mim.
E Deacon fez o mesmo, apenas me usou, me manipulando e usando a porra do meu corpo
para me prender naquele maldito vale, para conseguir salvar suas terras. Se fosse em outra
ocasião, com outra pessoa, talvez eu até os aplaudiria por conseguirem chegar ao seu objetivo
sem se importarem em destruir a vida de alguém, porque sempre vi tudo como negócios, e ao fim
foi isso que eu fui para os dois.
Sem condição de olhar para a cara de Greg sem ter o perigo de o estrangular, me vi tendo
o direito de sair de férias, não porque não queria que alguém me visse ainda com a cara toda
estourada e roxa, e sim porque eu não queria que ninguém visse meu coração partido, que de
tudo que me abateu em Montana, era o que mais doía. E quando achei que estava pronta para
voltar, as tonturas me pegaram, assim como os enjoos.
Durante as baterias de exames que fiz, para saber se tinha ficado com alguma sequela do
ataque do merdinha, acabei descobrindo que, na verdade, não eram sequelas, e sim
consequências. Consequências de quebrar minhas regras, consequências de abaixar a guarda,
consequências de me entregar a um homem que meu cérebro me alertou que seria a maior
burrada da minha vida, mas que meu coração tolo não escutou. E, em alguns meses, minha
consequência mamará em meus peitos, assim como correrá por meu apartamento, tendo meus
olhos ou os olhos do pai.
Assim como Takama, acabei sozinha, tendo que proteger meu filhote, porque fui estúpida
ao me apaixonar por um lobo burro. Mas, diferente dela, não foi por conta do cheiro de urina, e
nem seus feromônios no ar, que me fez acasalar com ele, e sim a merda de uma corda enrolada
em meu corpo, que acabou me deixando ligada para sempre a ele.
— Corda idiota! — resmungo, fechando a geladeira com meu pé e jogando o pote de
sorvete em cima da mesa, o abrindo, já empurrando a colher, que pego da mesa, para dentro dele,
a socando em minha boca na sequência.
O som da campainha me faz repuxar meu semblante, e mastigo, sem nem sequer erguer
minha cabeça. Toca de novo, mais insistente, como se a criatura do outro lado tivesse colado o
dedo no botão.
— Merda! — Abandono a colher no pote, suspirando com desânimo. — Bob, juro que se
for você, vou quebrar sua mão e ficará um bom tempo sem tocar punheta.
Bufo pelo nariz, sabendo que o único ser que existe que não compreende que não quero
ver ninguém, é ele. Destranco a porta rapidamente, abrindo-a, mas meus olhos param no olhar
tristonho, com um sorriso fraco nos lábios, da face enrugada de Greg.
— Achei que poderia almoçar com um velho amigo. — Ele encolhe seus ombros, me
dando um sorriso carinhoso. — Se ainda me lembro bem, batatas com queijo e peixe frito é seu
prato preferido.
Olho dele para sua mão, o vendo erguer um pacote do restaurante que fica na esquina do
prédio onde é o escritório, o abrindo. Não tenho nem tempo de fechar a porta, antes do meu
corpo curvar para frente, com uma náusea insuportável me pegando quando o cheiro de peixe
frito com queijo entra em minhas narinas, e coloco todo o sorvete para fora.
CAPÍTULO 24
A velha raposa
KAICE BLOOD
— Se sente melhor?
Olho do prato vazio de sopa, que eu devorei, para Greg, sentado na outra ponta da mesa.
Depois que tomei banho e me limpei, após vomitar o pote de sorvete que tinha comido, cheguei à
cozinha e o encontrei perto do fogão, com as mangas da camisa arregaçadas até o cotovelo, com
seu paletó arrumado na cadeira. Um rápido olhar para a porta da entrada do meu apartamento me
fez o ver limpo, tendo os sapatos de Greg arrumadinhos perto da porta, também limpos, sem a
mancha enorme de vômito sobre eles. Me sentei, ficando em silêncio enquanto ele mexia no
fogão, preparando algo para comermos.
— Não achei que esconderia um tipo de notícia dessa de um velho amigo. — Ele abaixa
suas mãos na mesa, batendo nela, me dando um olhar triste, o qual me faz querer bater nele, do
mesmo jeito que quero o abraçar. — Grávida, Santo Deus...
— Engraçado me cobrar isso, Greg. — Viro meu rosto para o lado, inalando fundo. —
Porque eu também não sabia que você teve filhos.
Meu rosto retorna para o seu, e vejo a tristeza brilhar ainda mais em seus olhos, com seus
ombros se encolhendo. Um aperto em meu estômago me pega, mas não porque o enjoo me
tomou, e sim porque se tem alguém com quem não consigo ser cruel, é com ele, por mais brava
que eu esteja, tanto que foi por isso que me afastei. Ele suspira baixo, com sua cabeça se
movendo aos poucos, e meus olhos queimam, comigo precisando esmagar firme minha boca
para não derramar uma porcaria de lágrima.
— Minha esposa sentia muitos enjoos na gravidez. — Ele ri, negando com a cabeça e
olhando para o prato vazio de sopa à minha frente. — Eu aprendi a cozinhar apenas para fazer
sopa pra ela nos primeiros meses, porque nada parava em seu estômago. Faz anos desde a última
vez que fiz uma sopa...
— Obrigada, ela estava boa! — Me levanto, pegando o prato e caminhando devagar para
a pia.
— Ela morreu no parto. — Meu rosto se abaixa e encaro a pia, deixando o prato dentro
dela ao ouvir a voz dele. — Deus, como até hoje eu sinto falta daquela mulher! Mesmo depois de
trinta anos, nunca teve um dia que não senti falta dela...
— Por que veio aqui, Greg? — Ligo a torneira, pegando a esponja, com meus ombros
encolhidos, sentindo dor em meu peito pelo tom melancólico da voz dele.
O som da cadeira dele se arrastando se faz, e ouço seus passos caminhando devagar,
parando perto de mim e se apoiando no armário.
— Ashley era igualzinha a ela, com os olhos e os cachinhos dourados, era como poder
ver minha esposa novamente. — Giro meu rosto calmamente para ele. — Nunca consegui dizer
um não para aquela garota quando ela me olhava com os olhos da sua mãe. A amava tanto, que
lhe dava o mundo, e talvez esse foi meu erro, nunca ter imposto limites, nunca a ter repreendido,
a deixar entender que nem tudo na vida se pode ter. Acabei a deixando mimada e inconsequente.
A primeira vez que ela apareceu na porta da minha casa, me dizendo que iria se casar, Cristo, eu
senti pena do pobre homem que ela escolheu. Sabia que ele sofreria na mão dela, com seu gênio
arrogante. Mas, então, conheci Deacon, um homem completamente oposto dela. Os dois se
conhecerem em uma das viagens dela. Ela amava viajar, passear, era inquieta.
Meu rosto se abaixa, retornando para o prato enquanto o lavo, e escuto-o soltar o ar
pesadamente.
— Realmente, achei que poderia dar certo, que talvez ele colocasse os freios nela, os
quais eu nunca, como pai, consegui pôr. — Esmago minha boca, fechando meus olhos,
enxaguando o prato. — Ashley não entendia que se casar com um homem como Deacon era se
casar com a vida dele, com o gado, com a terra, criar raízes, levando uma vida bem diferente em
Montana da qual eu proporcionava para ela aqui, em Luisiana. Ela esperava devoção, esperava
um amor de conto de fadas, bailes, festas e viagens...
Esmago meus dedos na esponja, desligando a torneira. Tanto meu peito quanto meu
coração destroçado se comprimem, a cada força que preciso fazer para continuar ouvindo.
— Dias antes do casamento, ela me disse que tudo seria diferente, e tentei lhe explicar
que não era assim, que amar alguém não era querer o transformar em seu animal de estimação...
— Abro meus olhos e viro minha face para ele, vendo sua dor refletida em seus olhos. — Eu
estava fechando um negócio quando ela me ligou, avisado que estava indo para Montana. Tentei
fazê-la mudar de ideia, tentei lhe fazer esperar para que eu fosse com ela, e quando meu telefone
tocou novamente, era Deacon me dando a notícia do seu acidente...
Seus olhos vermelhos me partem o coração, e sofro por ele, por seu amor incondicional
por sua filha, que não o deixou ver o quanto ele estava a estragando, criando uma mulher
mimada, que agia por emoção.
— Quando cheguei ao hospital, ela já estava morta. — Ele abaixa seu olhar para meu
ventre e esmaga seus lábios. — Assinar os documentos autorizando desligar os aparelhos foi
como perder minha esposa pela segunda vez, tendo tudo que eu tinha dela partindo.
— O que quer de mim, Greg? — Puxo o pano de prato, secando meus dedos. — Nunca,
em nenhum momento, em todos esses anos que trabalho para você, me contou que tinha uma
família, que teve uma filha...
— Quando vi aquela menina pequena entrando na sala de reuniões, silenciando alguns
dos mais antigos funcionários quando abriu sua imensa boca para falar sobre a economia de
turismo do Havaí, não se intimidando com nada, por um segundo foi como ver o espírito da
minha esposa vibrando em você, foi como ver o que Ashley deveria ter sido se eu não tivesse
aceitado todas as pirraças que ela fazia...
— Eu lamento por sua perda, lamento por tudo. — Nego com a cabeça. — Mas não sou
sua Ashley, não sou...
— Eu sei. — Ele sorri com brandura para mim. — Sei disso. E por mais horrível que seja
admitir, eu agradeço. Porque, na minha idade, não sei se conseguiria lidar com outra Ashley.
Ele dá um sorriso triste, e vejo nele o amor que sentia por ela, vejo a dor da perda
brilhando em seus olhos.
— Deacon é um homem bom, justo, mas orgulhoso, e eu sempre o admirei. De certa
forma, sempre o tive como um filho, e quando ele me ligou, me pedindo ajuda para conseguir
salvar o Green Valley, eu não pensei duas vezes. — Estica sua mão, segurando meus dedos. —
Sabia que você seria a melhor para o trabalho. Eu não conseguia ir até lá sem me lembrar da
minha filha morta no hospital. Nunca lhe contei sobre ela, não porque tinha vergonha ou queria
esconder, mas sim porque lhe ter ao meu lado era como ter uma família novamente, uma filha
irritante e extremamente boca suja, além de diabolicamente inteligente, mas uma família que eu
amo muito, minha querida...
Rio, abaixando minha cabeça e fungando baixinho, com meus ombros se encolhendo,
sentindo seus dedos enrugados alisarem minha mão.
— Você também sempre foi como um pai para mim, Greg. — Limpo meu rosto, dando
um passo para trás. — Um pai cretino e mentiroso, mas, ainda assim, o meu pai, o mais perto que
tive de um depois que o meu morreu. Agora, me diga de uma vez, por que veio atrás de mim?
Lhe conheço e sei que não veio aqui apenas para me fazer chorar, com vontade de lhe abraçar, do
mesmo jeito que quero lhe estrangular.
Ele ri e seus ombros se encolhem. Leva os dedos para os bolsos da calça e encara meu
ventre.
— Precisa voltar, querida. — Ergue o rosto para mim, e eu nego com a cabeça.
— Não! — Lhe dou as costas, caminhando para a mesa e arrumando a cadeira que estava
sentada. — Estou oficialmente afastada por tempo indeterminado. Já enchi bastante seu bolso
com dinheiro, e, agora, a única coisa que vou encher é minha barriga, até meu filho nascer, e
depois eu volto a infernizar as vidas dos nossos concorrentes...
— Kai, precisa voltar para Montana. — Minha cabeça se ergue na mesma hora para ele,
com minha boca se esmagando, enquanto ranjo meus dentes ao ouvir o que ele acabou de dizer.
— Nem fodendo que eu volto para aquele lugar! — Bato a cadeira com força no chão,
com meus dedos se esmagando no encosto dela. — Já dei o que você queria, assim como o
senhor Trinix. Agora, saia da minha casa, antes que eu te afogue no vaso sanitário.
Lhe dou as costas, não acreditando que ele teve a coragem de vir pedir isso. Não volto
para lá nem por todo dinheiro do mundo, nem se ele me fizer a única dona da sua empresa. Se eu
tiver que ter algum contato com aquele cowboy mentiroso e manipulador, será através de
advogados, depois que nosso filho nascer, o comunicando que será pai. Não o afastarei do bebê,
muito menos o deixarei sem saber que fizemos um filho, mas nunca mais ficarei perto dele, não
mesmo.
Queria ser forte o suficiente e dizer que é por conta da raiva que sinto, mas a verdade,
bem lá no fundo do meu coração, e que eu não admito nem para mim mesma, diante de um
espelho, é que é porque amo aquele cretino, e não tem um maldito dia que não sinto sua falta.
Amar é uma coisa horrível, e eu vi o que amor fez ao meu pai, vi a forma como minha
mãe o manipulava. Quantas vezes a vi quebrar aquela casa entre gritos, para depois chorar, indo
até ele e o abraçando, lhe fazendo juras de amor. Ela o levava para o quarto e o manipulava com
seu corpo, lhe prendendo naquele amor doentio e tóxico. Não vou me permitir cometer o erro do
meu pai, não vou amar alguém que mentiu para mim, que usou meu corpo e o que eu sentia com
seus toques para me manipular.
— Kai, querida, por favor...
— Já sabe onde é a saída! — falo alto, sem olhar para ele, indo para o corredor, na
direção do meu quarto.
— Deacon vai perder o Green Valley. — Meus pés param assim que a voz de Greg soa
atrás de mim. — Ele vai perder, e não para o Estado de Montana, mas para uma empresa de
hotelaria de Nova York, que sabe que ele não vai conseguir manter por muito tempo aquelas
terras, e está comprando todos os ranchos nas redondezas, até chegar a vez de abatê-lo...
— Ele terá dinheiro agora, para aumentar a produtividade e manter as terras — sussurro,
não olhando para trás, com meu rosto se abaixando para meu ventre. — Ele não tem mais com o
que se preocupar, teve o que quis.
— Ele não assinou o contrato, Kaice.
Meu corpo gira na mesma hora, e fito Greg, que suspira, negando com a cabeça.
— Como assim não assinou?
Fico séria, inalando forte. Eu mesma fiz a porra daquele contrato, que foi o melhor
contrato lucrativo de toda minha vida para uma das partes que não era a que eu trabalhava.
— Ele recusou, assim como recusou qualquer ajuda que eu ofereci a ele. — Greg ergue
seus dedos, coçando sua testa.
— Aquele contrato garante lucros e uma herança para gerações, até os bisnetos dele vão
ser podres de rico...
— Bom, creio que agora nem seu filho vai conseguir ver aquele vale quando for
adolescente. — Ele abaixa os olhos para meu ventre.
— Cowboy filho da puta! — rujo com raiva, com meus dedos se esmagando, batendo
meu pé no chão. — Ele teve o que queria, teve a chance de manter aquele lugar por muitos mais
anos do que ele poderia manter vendendo carne a varejo, como ele ousa recusar o contrato?!
Fico indignada por ele ser estúpido o bastante para recusar a merda do contrato. Não era
isso que ele queria?! Não foi para isso que mentiu?! Então, por que não assinou?!
— Eu sei o risco que estou correndo — Greg suspira, dando um passo em minha direção.
— Acredite, eu sei. Mas tenha em mente que eu nunca pediria isso, ainda mais agora, lhe vendo
grávida. Porém, pensando bem, justamente por estar grávida de um herdeiro de Green Valley,
mais do que nunca, eu devo lhe pedir.
— Não ouse abrir sua boca para me pedir nada, sua raposa traiçoeira e mentirosa! —
brado, erguendo meu braço e apontando meu dedo indicador em sua cara, conhecendo bem esse
olhar de Greg.
— Kai, Deacon vai ouvir se você falar. — Greg abre seus braços, com um sorriso
nervoso no canto dos lábios. — Preciso que leve o contrato pessoalmente e o faça assinar...
Greg já está se abaixando, desviando do vaso de flor que agarro em cima da mesinha de
canto do corredor e arremesso em sua direção, que estoura na parede. Meu corpo inteiro tremula
da cabeças aos pés.
— Nem que um raio caia sobre mim! — Minha boca espuma de raiva e sinto meu
coração destroçado me matando a cada batida, por conta desse amor idiota que se enraizou
dentro dele. — Nem que minha vida dependa de pedir um copo de água para aquele homem, me
faz ir para Montana novamente, Greg!
CAPÍTULO 25
O buraco
KAICE BLOOD
Montana
Um dia depois
— Sabe, acho que não era exatamente isso que Greg estava querendo quando te mandou
para cá. — A voz de Bob é trêmula, com ele inalando rápido. — Não sei se isso vai dar certo,
Kai...
— Claro que vai, largue de ser pessimista — rosno, fechando meus olhos e negando com
a cabeça.
Suspiro, abrindo meus olhos e esticando meu braço por cima da mesa, pegando o prato de
batatas fritas e jogando uma para a boca.
— Apenas tem que fazer o que combinamos. — Mastigo. — Repete cada palavra que eu
disser, não tem erro, e aja naturalmente, só isso. Não seja covarde, Bob!
Posso o ver perfeitamente bem à minha frente, com seus olhos arregalados enquanto sua,
me encarando assustado, entrando no carro alugado e saindo do estacionamento do hotel, indo
para Green Valley.
— Queria entender como pode ter um irmão detetive e ser tão frouxo! Será que toda
coragem ficou apenas nos genes dele? — divago, ouvindo sua respiração alta pelo pequeno
aparelho em minha orelha, o mesmo que está no seu ouvido, que me permite ouvir tudo que ele
escuta, assim como ele me ouvir. Seu irmão tinha arrumado uns brinquedos de detetive para
gente.
— Olha, acredite, até meu irmão estaria se cagando nas calças por ter que ficar frente a
frente com aquele homem assustador — Bob se defende. — Ele é aterrorizante, Kai, eu quase
me mijei enquanto o via quebrando a casa inteira com as próprias mãos...
— Bob, para! — falo apressada, jogando mais batatas fritas em minha boca e negando
com a cabeça, não querendo ouvir. — Se concentra.
Suspiro chateada, falando de boca cheia, virando meu rosto para a porcaria do balcão do
bar, que fica do outro lado da rua do hotel, sentindo meu coração doer ao ter as lembranças me
pegando, recordando do segundo que o vi sentado ao meu lado. Eu odeio essa cidade desgraçada
por ter apenas a porcaria de um bar decente para vir, o que me obriga a relembrar o exato
momento que minha vida saiu dos trilhos, quando conheci Deacon Trinix.
Não queria estar aqui, a verdade é que jurei que nunca voltaria para cá, mas entre gritos e
choros, enquanto amaldiçoava Greg depois que o coloquei para fora do meu apartamento, me vi
agarrada ao pote de sorvete de novo, olhando Takama lutando contra um coiote para proteger seu
buraco, o deixando longe dos seus filhotes. E me senti igual a ela, cansada e sozinha, porém com
uma ira infernal dos malditos coiotes desgraçados. A televisão já estava sendo desligada, e
levantei às pressas, ligando o computador e pesquisando sobre a empresa hoteleira de Nova York
que estava atuando em Montana.
Não precisei vasculhar muito a internet para encontrar eles, não quando a foto de Call
Duche apareceu na tela, sendo o imobiliário mais bem pago de Montana. Com toda certeza, ele
não é daqui, e podia ver isso em seu terno metido e na limpeza de pele em dia da sua face escrota
e burguesa. Ele estava trabalhando para a empresa hoteleira, praticamente abrindo uma cova em
volta de Green Valley, comprando todos os ranchos. Eu sabia o que estava fazendo, já tinha feito
muito isso quando queria abater uma presa grande. A assustava, a deixando sozinha e
encurralada, achando que não tinha mais chances, já que até mesmo seus concorrentes estavam
entregando o jogo.
Só que o problema do coiote Call Duche, é que ele não entende que a porra daquele vale
é o buraco do meu filho, e nem fodendo vou deixá-lo colocar as mãos na herança do meu filho,
mesmo parecendo que seu pai, o lobo idiota, está pouco se importando para isso. Porque no
segundo que ele recusou o contrato com a empresa de Greg, ele se jogou do penhasco. Mas eu
não ficarei esperando-o retornar, eu mesma terei que resolver isso, bom, em partes. Porque o
plano mais lógico e seguro foi arrastar Bob comigo, pegando emprestado os aparelhos de
comunicação que seu irmão usa no trabalho dele, para eu poder assessorar Bob de um local bem
seguro e distante de Green Valley e, principalmente, de Deacon Trinix.
Queria mentir que não senti meu coração errar as batidas quando desci do avião, queria
mentir que não quis dar meia-volta e ir para minha casa no segundo que pisei no hall do hotel.
Lembro de tantas coisas, que eu me odeio por não conseguir esquecer.
— Seu uísque, senhorita! — A garçonete parando ao lado da minha mesa sorri, falando
comigo e me fazendo mover a cabeça para ela, em agradecimento.
— Uísque? — Bob indaga do outro lado do aparelho. — Como assim está bebendo
uísque?
— É claro que não! — falo brava, negando com a cabeça.
— Então por que pediu uísque? Não pode beber, esqueceu que está grá...
— Se disser essa palavra dentro desse rancho, Bob, acredite, seu maior medo será eu, e
não sua covardia em encontrar o senhor Trinix — o advirto, falando chateada. — E não pedi para
beber, apenas pedi porque não quero nenhum idiota se aproximando da mesa, achando que estou
esperando alguém para me pagar uma bebida.
— Ah, tá, entendi! — Ele ri alto.
Fico em silêncio, olhando o copo enquanto o seguro em meus dedos, o trazendo para
perto do meu nariz, não contando a Bob que, na verdade, eu só queria sentir o cheiro. Que aqui e
agora, fazendo isso, eu posso ver Deacon à minha frente, vê-lo sentado no sofá do quarto de
hotel, enquanto meu corpo queimava em seus braços. Podia me lembrar da colina, do pôr do sol,
do nascer do sol, da sua mão grossa e áspera alisando meus cabelos, ao passo que sua barba me
fazia cosquinha e eu suspirava em seus lábios.
— O senhor Trinix já vem, ele está terminando o trabalho. — Meus olhos se abrem ao
escutar a voz de Clay.
— Ok, obrigado, eu continuo aqui o esperando — Bob o responde de forma educada.
— Se concentra — digo baixo, depositando o copo sobre a mesa, o empurrando para
longe e agarrando o prato de batatinha, levando uma à minha boca, passando meus olhos pelo
bar. — Apenas precisa dar o documento a ele e repetir cada palavra que eu disser. Pegar a
assinatura e sair daí, ok?! Não tem erro, Bob!
Estalo o canto da boca, mastigando minha batata e sorrindo, sabendo que meu plano é
perfeito, sem erros, e Bob apenas precisa agir de acordo.
— Entendeu? Cada palavra. — Giro meu rosto, caçando a garçonete. — Poderia me
trazer sorvete?
— Sorvete? — Ela pisca, confusa, como se eu tivesse acabado de pedir a coisa mais
inusitada dentro desse lugar.
— Sim, sorvete, tem? — Abaixo meu rosto para a batata, e posso sentir o gosto dela com
sorvete em minha boca. — Quero comer com a batatinha, poderia me trazer...
Ela entreabre sua boca e me olha confusa, antes de se virar, nem sequer me deixando
saber se vai trazer meu sorvete ou não.
— Qual o problema, ninguém nunca comeu batatinha frita com sorvete? — exclamo,
chateada, porque realmente queria sorvete com batata.
— Penso que só mulheres grávidas. Isso é um desejo, entende?! — Bob ri enquanto
tagarela. — Minha mãe conta que teve vontade de comer mel a gestação toda, quando estava
grávida de mim.
— Cristo, isso explica porque você é tão doce! — Rio, mastigando a batata.
— Olha, se isso era para ser um insulto, fique sabendo que não me incomodou —
retruca, agitado.
— Não, Bob, isso foi um elogio. Você realmente é uma pessoa doce e atenciosa —
suspiro, encarando o copo de uísque, com meus ombros se encolhendo enquanto mastigo.
— Oh... obrigado, eu acho. — Ele ri, me fazendo gargalhar ainda mais com sua voz
confusa.
— Se concentra e não cometa erros, muito menos demonstre medo, me ouviu?! Apenas
repita o que eu disser.
— É claro que vou...
— Posso saber aonde vai, moço?
O timbre forte masculino me pega como um soco dilacerante, o que me faz parar de
mastigar e ficar paralisada, tendo meu coração disparando ao ouvir sua voz.
— Bom... e-eu... eu estava falando comigo mesmo, senhor Trinix. — O som dos passos
de Bob é rápido. — Obrigado por me dar alguns minutos do seu tempo...
— Minutos contados, então sugiro que seja rápido e suma das minhas terras antes que
eu te chute porta afora! — Meus olhos se fecham e uma lágrima escorre por minha bochecha,
com meus dedos abaixando o prato de batatas em cima da mesa. — Anda, rapaz, fale logo.
— E-eu... Eu, bom, e-eu... — Bob ri, nervoso, e abaixo minha face, com meus olhos se
abrindo e olhando meu ventre, precisando me lembrar do porquê estou aqui.
Não é por Deacon, não é por Greg, é pelo meu filhote, pelo bebê em meu ventre, o qual
sei que um dia amará esse lugar tanto quanto o pai dele, quando o vir visitar.
— Está cometendo um erro — falo baixo, erguendo meus dedos rapidamente para minha
face. — Repita minhas palavras, Bob, repita para ele cada palavra.
— Está cometendo... um erro... — A voz covarde de Bob sai trêmula.
— Eu ouvi bem o que saiu da sua boca, rapaz.
— Não... sim, quer dizer, s-sim, eu vim para lhe dizer que está cometendo um erro,
senhor Trinix — Bob gagueja, apressado.
— Vai perder suas terras, e sua melhor chance de salvá-las é assinando o contrato.
Precisa compreender que nunca mais vai aparecer uma chance dessa. — Vou falando enquanto
escuto Bob repetir o que disse para ele. — Há um comprador em Dubai que está muito animado
em oferecer sua carne aos seus clientes, assim como outros também desejam o mesmo. Recusar o
contrato para investir em suas terras é o mesmo que dar um tiro em sua cara. Então a menos que
queira ver seu rebanho destruído e suas terras estupradas pelo ramo hoteleiro, precisa assinar o
contrato.
O som dos passos pesados se faz, com Bob terminando de repetir minhas palavras, me
deixando saber que não são os seus, já que o som alto da respiração masculina é forte, não
agitado e nervoso como o de Bob, e sim denso como uma bufada de um touro.
— Eu odeio ser repetitivo, mas em consideração à sua coragem em voltar nessas terras,
vou repetir minhas palavras, rapaz. — O rosnado é tão intenso, que quase posso o ver à minha
frente. — Vai pegar esse contrato e voltar para Luisiana, para o enfiar na porra do rabo do
Greg, fui claro?!
— Cowboy bronco de merda, de ego grande! — grunho com raiva, socando a mesa, não
acreditando que ele vai ser tão estúpido de não assinar.
— Cowboy bronco de merda, de ego grande! — Meus olhos se arregalam e meu peito
acelera no segundo que ouço a voz de Bob repetir minhas palavras.
— Cowboy bronco? — O tom firme da voz de Deacon é forte.
— Oh, meu Deus... — Ele arfa. — Eu acho que não devia ter repetido essas palavras,
não é...
— Oh, merda, Bob, cala a boca! — Minha mão se ergue e fico paralisada, encarando o
prato de batatas.
Por um segundo, tudo parece ficar em silêncio, não tendo nem a respiração assustada de
Bob do outro lado.
— Com quem realmente você está conversando, garoto?! — O som pesado dos passos se
faz, como uma locomotiva.
— Sai daí agora, Bob, sai da merda desse rancho agora! — grito com ele, o ouvindo arfar
enquanto algo cai no chão.
— Oh, merda, merda... merda... ESPERA... — Um sinal agudo de ondas sonoras me faz
retirar o aparelho do ouvido, por conta do zumbido alto.
— Bob... — murmuro, encarando o aparelho em meus dedos, perdida. — Bob...
CAPÍTULO 26
A veia da minha garganta está saltada, enquanto meus olhos petrificados encaram meu
celular em cima da mesa, ao canto do bar. Empurro as batatas fritas em minha boca, lambuzadas
de sorvete, e sinto meu peito disparar, sem um sinal sequer de Bob. Tentei retornar a ligação
assim que perdi o sinal dele, mas o telefone caiu direto na caixa de mensagem. Debato sobre ir
até Green Valley e salvar meu assessor, ou o abandonar, fugindo para o aeroporto.
— Merda... merda! — Mastigo mais depressa, parecendo um castor com as bochechas
roliças, empurrando mais batata frita com sorvete para minha boca.
Puxo o celular de novo, tentando me comunicar com Bob. Já tinha se passado meia hora
desde o segundo que perdi contato com ele. Disco de novo, com meus olhos se fechando ao
ouvir sua voz na caixa de mensagem, pedindo para deixar um recado.
— Ohhh, merda! — Inalo forte, abaixando o celular.
Sem ter ideia do que está acontecendo, me sinto entre a cruz e a espada, sem saber se
salvo meu couro ou o do covarde do Bob. Penso que autopreservação ganha, porque me levanto
rápido, chupando meus dedos, antes de agarrar minha bolsa.
— Desculpa, Bob — balbucio, balançando minha cabeça. — Mas depois eu mando flores
para sua mãe!
Endireito minha postura e passo meus dedos em meu casaco de pele cor de pêssego, que
combina com o vestido rosa, o fechando rapidamente e agarrando a bolsinha, indo direto para o
balcão, escolhendo mil vezes salvar meu rabo do que o do meu assistente.
Traço um plano, o qual envolve minha bunda sentada no avião, retornando para Luisiana,
e Greg mandando uma equipe da SWAT para resgatar o magrelo do meu assessor.
— A conta, por favor! — falo depressa, parando perto do balcão, erguendo meu dedo
para o barman.
Ele arqueia sua sobrancelha e sorri para mim, me reconhecendo, da mesma forma que eu
a ele, já que é o rapaz que me atendeu na noite que conheci Deacon aqui.
— A temporada de caça está aberta novamente, senhorita? — Ele ri, se aproximando de
mim.
— Na verdade, ela está proibida temporariamente. — Sorrio para ele, abrindo minha
bolsa. — Poderia me passar qual valor eu lhe devo? Preciso fechar minha conta no hotel ainda...
— Jura, realmente queria lhe pagar uma bebida. — Minha face gira para a direita, com
minha sobrancelha se arqueando no segundo que reconheço o cretino de terno engomadinho. —
Seria uma honra poder lhe pagar um drinque. Confesso que não é todo dia que vejo algo tão belo
que chame minha atenção.
— Isso vai ser divertido. — O barman ri, falando comigo, e olho para ele, que apoia seu
cotovelo no balcão, olhando de mim para o coiote asqueroso ao meu lado.
— Me deixe lhe fazer uma cortesia. — Olho para a face bem-cuidada dele, a qual me diz
que passou horas na frente do espelho. — Não é daqui, não é?! Deixe-me adivinhar, está a
passeio? Posso lhe mostrar a mais bela vista de Montana, se quiser.
— Quer que eu traga uísque duplo sem gelo? — o barman questiona baixinho enquanto
ri, olhando o idiota puxando conversa comigo.
— Não, lindinho, essa noite quero suco de laranja, por favor. — Puxo a banqueta e sento,
com meus olhos passando devagar pela face do desgraçado que está querendo roubar as terras do
meu filho para construir a porcaria de um hotel.
— Sou Call Duche, prazer, senhorita! — Ele estica sua mão para mim, tendo um sorriso
no canto da boca.
Cristo, eu tinha que ir embora, fugir daqui correndo para o hotel e pegar minha mala, mas
acho que não será tão ruim assim perder alguns minutos, para acabar com esse cretino!
— Sei quem você é, Call Duche! — Cruzo minhas pernas, deixando minha bolsa sobre
elas, mantendo o casaco bem fechado.
— Uau, jura?! — Ele sorri largamente, com seus dentes brancos, e percebo seus cabelos
negros ensebados de creme, que devem propagar ainda mais as caspas e seborreia da sua cabeça.
— Isso realmente é surpreendente. Nunca pensei que uma mulher assim poderia saber algo sobre
mim. Já nos conhecemos?
— Não pessoalmente, mas, acredite, nunca mais vai me esquecer. — Sorrio para ele e
giro minha mão, a esticando quando o garçom para o meu lado e estende o suco, voltando a se
apoiar no balcão enquanto nos olha, sorrindo.
Call pigarreia, agitado, arrumando sua gravata e olhando do garçom, que o deixa
visivelmente desconfortável, rindo pra ele, para mim.
— Desculpa, mas nos conhecemos mesmo? — Ele abaixa seu tom de voz, me olhando
nervoso. — É de Nova York?
— Quer saber se nos conhecemos da época que era professor de história na Universidade
de Nova York? — pergunto, puxando um sorriso em minha boca ao saborear o suco, me
preparando para começar o abate.
Ele se endireita e puxa o ar mais forte, rindo nervoso, com seus olhos se semicerrando, e
vejo sua veia pulsar forte na lateral do seu pescoço, assim como em sua testa.
— Mas não se preocupe, Call, não nos conhecemos de lá. — Abaixo meu copo no balcão,
com ele soltando um enorme suspiro de alívio. — Por mais que não duvide que muitas alunas
devam ter lhe conhecido biblicamente durante suas aulas de história, enquanto ensinava sobre os
colonizadores que invadiram terras nativas, as destruindo e montando cidades imensas, acabando
com tudo à volta, porque isso as fazia lhe olhar como um filantropo com pensamentos filosóficos
e sexy, do século XXI, que ia contra o maldito capitalismo que devora a atualidade.
Seus olhos ficam sérios e suas bochechas coram, ao passo que engole em seco,
endireitando sua postura.
— O que nós dois claramente sabemos que é mentira, visto que ama o capitalismo tanto
quanto esses seus ternos engomados e seus cremes caros de skincare, dos quais usa e abusa, na
fraca ideia que vai lhe ajudar a esconder suas rugas. — Rio e aponto para a lateral do meu olho
esquerdo. — Mas, acredite, cirurgia plástica é mais eficaz.
— Como ousa... — Ele se engasga, tossindo e soltando o nó da gravata.
— Um homem decadente, sem princípios e hipócrita, sem falar no ponto fraco por
universitárias facilmente manipuláveis, que se apaixonam por professores em crises de existência
da meia-idade. — Sorrio e pisco para ele, lhe dando um olhar preocupado. — O que foi que
aconteceu, Call? Cansou delas ou a reitoria da universidade descobriu que esse seu pauzinho fino
andava brincando no quadro mágico das suas alunas?
Seu peito sobe e desce rápido, o que me deixa saber que atingi o alvo com êxito.
— Sou um agente imobiliário respeitado de Montana, não ache que pode falar comigo...
— Você é um escroto de merda, Call! — Descruzo minhas pernas, inclinando meu corpo
para frente, não desviando meus olhos dos seus. — Um merdinha fracassado que perdeu seu
cargo de professor porque não conseguiu deixar seu pau dentro das calças. Mas seu erro não foi
esse, Call. Seu erro também não foi vir para Montana e agir exatamente como os colonizadores,
desapropriando os donos das terras e lucrando muito ao vendê-las para uma rede hoteleira, se
banqueteando do capitalismo que tanto falava mal em suas aulas.
Desço da banqueta e deixo minha bolsa sobre o balcão, dando um passo para frente e
estreitando meu olhar, cutucando seu peito, bem em cima da sua gravata horrível cor de
mostarda.
— Seu erro, Call, foi ter o olho maior que a barriga, foi ver uma presa grande demais, a
qual essa sua boca mole de chupa rola de coiote fraco não consegue suportar. — Sorrio dócil e
dou um passo para trás. — Seu erro foi, por um segundo, achar que realmente vai cravar suas
mãos em Green Valley. E, acredite, isso não vai acontecer, não quando o destino teve a infeliz
ideia de cruzar meu caminho com o seu.
— É uma vadia da concorrência! — ele rosna, com seus olhos se arregalando, me
olhando de cima a baixo.
Sorrio e passo meus dedos sobre o casaco, o endireitando, alisando meu ventre enquanto
dou de ombros.
— Acho que pode dizer que sou. — Giro meu rosto para o barman. — A conta, por
favor.
— Oh, não, é por conta da casa! — O barman ri, suspirando e piscando para mim. —
Saio às 23h30.
Rio e nego com a cabeça, pegando minha bolsa, suspirando e sorrindo para Call, me
virando e indo em direção ao banheiro, sabendo que minha bexiga vai estourar se não fizer xixi
agora.
— Posso cobrir qualquer oferta que fizer por aquelas terras... — Paro no meio do
caminho, me virando e olhando Call. — Está perdendo seu tempo aqui.
— A menos que tenha uma boceta no meio das suas pernas, acho muito difícil poder
cobrir a oferta que eu tenho a oferecer, Call. — Sorrio e o vejo ficar pálido, com seus olhos
arregalados. — Gostei da nossa conversa, depois mando meu assessor lhe passar o nome da linha
de skincare que eu uso, porque essa sua não está valendo muito a pena.
Aceno para ele, com minhas pernas se colando, já me virando, precisando com urgência
me aliviar.
— Não ouse me dar as costas, sua va... — O som alto de algo estourando, com a voz de
Call se calando, me faz sobressaltar e girar ligeira.
O vejo escorregar pelo balcão, com sua cabeça colada nele antes de desabar no chão.
Meus olhos se arregalam, assim como minha boca se abre em choque ao ver o cretino
desmaiado, feito um saco de merda espatifado no chão do bar, perto do balcão. Mas não é isso
que faz um frio acertar minha espinha e nem meu coração disparar, e sim os 1,90m de músculos
de titânio, que bufa pelas narinas, enquanto passa por cima de Call apenas com uma erguida de
perna, vindo direto para mim, como um touro bravo, com os olhos verde-escuros presos em
minha face.
— Não se atreva a mexer um músculo desse rabo que seja, loba! — Sua boca espuma,
com Deacon apontando para mim.
Meus pés já estão batendo meu salto no piso enquanto giro rapidinho, correndo em
disparada para a saída, com minhas coxas coladas uma à outra, não sabendo se fujo ou se me
mijo inteira. Bato meus dedos na porta, a empurrando, e vejo Otis parado do lado de fora do bar,
encostado na caminhonete, bloqueando minha fuga para o outro lado da rua, em direção ao hotel,
olhando surpreso para mim.
— Senhorita Blood...
Não escuto, mal fico parada por um segundo antes de disparar minhas pernas em uma
corrida de vida ou morte. Sinto a bufada brava atrás de mim, o que me faz correr ainda mais,
com meu peito subindo e descendo depressa. Meu corpo é tirado do chão e solto um grito
desesperado assim que os grandes braços me laçam, passando por meus joelhos.
— ME SOLTA, ME SOLTA, DEACON! — berro, o estapeando com minha bolsa, me
debatendo.
Pareço estar lutando com uma parede surda e muda, que apenas esmaga mais firme
minhas pernas, agarrando meus cabelos com sua outra mão.
— OTIS! — Seu rosnado é um estouro, e vira, indo na direção do automóvel.
Olho para lá, assustada, vendo Otis desencostar da caminhonete e ir para a caçamba,
enquanto Deacon trota para ela como um touro bravo.
— Não ousaria! Juro por Deus que eu faço da sua vida um inferno, seu bronco de
merda...
— Já o fez! — ele ruge em meu rosto, puxando meus cabelos e me fazendo olhar em seus
olhos. — Já o fez, maldita! Fez o inferno na minha vida desde o segundo que pus meus olhos em
você, e ainda mais desde o segundo que lhe deixei partir.
Meus olhos se arregalam e fico paralisada, girando meu rosto para o lado e ouvindo os
murmúrios abafados, me deparando com Otis ao lado da caçamba aberta, tendo Bob jogado lá
dentro, como um bezerro, com as pernas e braços amarrados e a boca amordaçada, com seus
olhos arregalados para mim, todo suado, e sua face vermelha.
— Agora, escolhe. Quer ir com ele, amarrada na caçamba, ou sentada na frente? Porque,
fodidamente, pode apostar esse seu rabo que vai voltar para aquele rancho, égua selvagem. —
Meu rosto retorna para Deacon, que me fuzila com seus olhos verde-escuros, que parecem
negros, de tão raivosos que estão.
Pisco rapidinho, e mordo meus lábios, sentindo a quentura do meu xixi escorrer por
minhas pernas, não conseguindo segurar mais minha bexiga. Deacon esmaga sua boca e seu
rosto se abaixa entre nós dois, ao passo que fecha seus olhos e inala fundo, apertando mais
minhas pernas.
— Fez o que eu estou pensando que fez, dona?
Ele me move como uma boneca de pano em suas mãos, soltando meus cabelos e
erguendo o rosto para mim, com uma mão indo para minha cintura e a outra largando minha
perna, me prensando mais a ele. Abaixa devagar sua mão em meu quadril, me soltando quando
me deposita ao chão. Inalo forte e esmago minha bolsa em meus dedos, empurrando meus
cabelos para trás e empinando meu nariz, tentando manter o resto, que ainda possa ter sobrado,
da minha dignidade, olhando suas calças jeans marcadas.
— Otis, poderia me ajudar a entrar na caçamba? — Sorrio para ele quando o olho,
batendo a ponta do meu sapato na calçada. — Sem chance de ir no banco da frente, né?!
Encolho meus ombros, recebendo uma bufada forte em minha testa, com o som da
respiração masculina ficando ainda denso. Retorno meus olhos para Deacon, que tem seu rosto
abaixado, com seus lábios semicerrados cravados à frente do meu corpo. Meu rosto se abaixa e
vejo o casaco aberto, com o vestido colado ao meu corpo. Minha mão nervosa segura o casaco às
pressas, o querendo fechar, mas meus pulsos são presos antes mesmo que eu consiga abotoar o
primeiro botão.
Deacon dá um passo à frente, com seus olhos petrificados em minha barriga, que apenas
com três meses, já apresenta um pequeno volume redondo e endurecido, que marca o vestido
perfeitamente. Ele pisca, confuso, olhando da mancha em suas pernas, do meu xixi, para meu
ventre, antes de erguer o rosto na mesma hora para mim, com seus olhos verdes faiscando.
— Está de barriga, pequena loba! — Ele solta as palavras fortes, feito um trovão, com
seu peito subindo e descendo. — Cristo, está grávida...
— O quê? — digo, rindo nervosa, negando com a cabeça e puxando minha mão para ele
me soltar, enquanto fecho meu casaco rapidamente. — Claro que não! Isso é sorvete.
Passo meus dedos pelo casaco e mordisco meus lábios, dando um passinho lento para
trás.
— Você está prenha, Kaice. Prenha de um filho meu! — ele rosna, rangendo seus dentes,
com seus olhos se comprimindo.
— Brutamontes! — Esmago minha boca, apontando minha bolsa para a cara dele. — Não
sou égua para ficar prenha, seu cowboy neandertal...
Meu braço já está sendo segurado, com ele me puxando contra ele, tendo sua outra mão
desabotoando meu casaco com tanta força, que chega a fazer voar um botão. Tento estapear seus
dedos, para que ele tire sua pata imensa de perto de mim, mas Deacon a tem firme, espalmando-a
em meu ventre antes que eu possa o impedir. Arfo, e meu corpo treme da cabeça aos pés quando
olho diretamente em seus olhos, que brilham intensos, como faíscas de uma fogueira alta. Um
sorriso se abre no canto da sua boca de forma diabólica.
— Otis, tira esse frouxo do meu carro e mete ele dentro de um avião, de volta para Greg.
Depois mando o Clay vir lhe buscar! — Sua mão solta meu braço e enlaça minha cintura,
enquanto me ergue, me tirando do chão. Meu corpo congela, comigo arregalando meus olhos.
— O quê... Não... — Nego com a cabeça, olhando Bob sendo puxado para fora da
caçamba. — Bob... Bob, não me deixa aqui...
Já estou sendo levada para a caminhonete, com meu rabo sendo depositado no banco da
frente e meus braços presos em suas mãos. Mal consigo o empurrar quando ele puxa seu cinto
com força da cintura.
— Não ouse fazer isso, Deacon... — grunho com raiva, tentando me afastar, mas o couro
já prende meus braços em segundos, com ele levando a outra ponta para o puxador acima da
porta do carona e amarrando lá. — DEACONNNNN...
Esperneio, com meus braços erguidos colados um ao outro, amarrados para cima, ao
passo que ele mantém seu sorriso cretino nos lábios, jogando minhas pernas para frente e
fechando a porta. Tento me soltar, puxando com raiva meus pulsos, antes de o atacar com minha
boca, o mordendo. O som da porta do motorista sendo estourado com força, com o peso do corpo
do cowboy se sentando no banco, me faz girar meu rosto para lá na mesma hora.
O cowboy me fita com um sorriso mais largo em seu rosto enquanto liga a caminhonete,
e desvia seus olhos de mim para minha barriga, sorrindo ainda mais, a ponto de me assustar, já
que parece um imenso urso que acabou de pegar sua presa. Colo minhas costas no canto do carro
e puxo o ar.
— Lhe deixei ir uma vez, égua selvagem — diz baixo, cravando seus olhos nos meus. —
Mas, acredite, não vai ter uma segunda.
Ele gira o rosto para frente, e me debato, puxando meus braços e virando o rosto para a
janela, vendo Bob parado na calçada, com as pernas e os braços livres, me olhando perdido, com
Otis batendo em seu ombro, o virando devagar e indo para o bar.
— BOB... BOBBBBBBBB...
CAPÍTULO 27
A queda
DEACON TRINIX
— Dimi, ninguém sobe essa colina sem minha permissão! — grito para meu piloto do
helicóptero, agarrando a pequena loba feroz dentro dele, que se debate, a pegando em meus
braços.
— Pode deixar, senhor!
Não olho para trás quando caminho em direção ao meu rancho, segurando a cabeça dela e
a protegendo do vento forte das hélices do helicóptero.
— ME SOLTA, DEACON! ME SOLTA, SEU COWBOY BRONCO! — Sua voz é
raivosa, e debate mais suas pernas, com seus pulsos amarrados a mantendo presa a mim.
Minha face se vira para ela e a vejo se calar quando fico a centímetros do seu rosto. A
angústia e a agonia do inferno no qual ela me jogou, fez eu me sentir dilacerado, como um
maldito corpo morto sem vida, a cada dia que a insanidade me pegou, sem sentir sua quentura,
sem olhar seus olhos negros presos aos meus, sem seu cheiro que me embriaga, sua alma
indômita que me cativa, comigo apenas vagando no limbo. Uma dor infernal me consumiu por
três malditos meses desde o dia que ela partiu.
Amaldiçoei o céu e a terra, o dia e a noite, por cada olhar dela que eu não tinha mais. Me
vi tão sem controle, que dirigi por mais de 2.353 quilômetros, por cerca de um dia inteiro, de
Montana até Luisiana, apenas para lhe observar de longe, como um cão miserável que mal
conseguia lembrar de como era respirar sem ter sua dona ao seu lado. Como um chacal, a
espreitei de dentro da caminhonete estacionada do outro lado da rua do seu apartamento.
Enquanto dirigia para Luisiana, tentava me dizer que apenas estava indo para lá para
devolver a porra daquele contrato pessoalmente, para mandar Greg à merda, mas sabia que não
era verdade. Eu ia por ela, ia por esse pequeno tornado selvagem que balançou meu mundo, o
sacudindo tanto que não me lembro mais como é viver sem ela.
Meus olhos lhe caçaram a cada passo que dei dentro daquele escritório, percorrendo
aquele mundo tão diferente do meu, apenas para me sentir esmagado quando joguei a porra do
contrato em cima da mesa de Greg, o mandando socar no rabo, porque não queria nada dele.
Disse que ele estava errado, que eu amo essas terras, mas ela, minha égua selvagem, é sim
importante para mim. E a queria mais do que tudo que já quis em minha vida. Porém, Kaice não
estava mais lá, e o fiz me dar o endereço dela. Perdi meu fôlego no segundo que a vi caminhando
na rua, com os olhos negros sem brilho e a face ainda ferida, mancando, enquanto caminhava
como uma fera selvagem. Não saí do carro, não fui até ela, não quando sabia que era minha
culpa o brilho em seus olhos ter se apagado e os machucados em sua pele. Tinha sido um filho da
puta que fracassou em protegê-la.
— Eu juro que vou fazer xixi em você, senhor Trinix, mas dessa vez será de propósito, se
não me colocar no chão! — Ela inala forte e esmaga seus dedos nas palmas das mãos, desviando
seus olhos dos meus.
— Pode fazer! — Giro meu rosto para frente, subindo os degraus da varanda, com meu
pé se erguendo e estourando a porta com um chute. — Não me importo, continue marcando seu
território!
Ela se engasga e o peito arfa para cima e para baixo, tendo sua boca rangendo e um
rosnado saindo dos seus lábios, com ela pronta para abrir sua boca atrevida. No entanto, ela se
silencia quando pisca rapidamente, tendo o olhar perdido por cima do meu ombro. Não olho para
a sala, mal desvio meu rosto da escada, pronto para ir pro segundo andar.
— Pelo visto, fez uma decoração! — sussurra, com seu corpo se encolhendo.
— Oh, não, isso foi o que sobrou depois que um furacão passou em minha vida, dona —
falo firme, subindo a escada com ela, dando um olhar para sua face pequena e inalando seu
perfume como um cão, a farejando.
Cristo, como morri de saudade dessa pequena criatura que destruiu meu controle tanto
quanto eu destruí cada móvel dessa casa, sendo levado pela loucura, descontando tudo em cada
mobília, para não ir atrás dela no segundo que passou por aquela porta, arrastando-a de novo para
dentro, a fazendo ficar, a amarrando àquela cama! Mas, como uma fera ferida, isso apenas me
faria a perder.
— Não quero ficar aqui, cowboy, muito menos vou permitir...
— O quê? — brado, com meu rosto girando para o seu, andando pelo corredor. — Muito
menos permitir o quê, Kaice? Que eu soubesse que tem um filho meu aí dentro? Que fizemos um
filho e você pretendia o esconder de mim...
— Não! — Ela esmaga sua boca, negando com a cabeça. — Eu não ia esconder, iria te
contar. Bom, meus advogados iriam conversar com você...
— Bom, pois acredite. — Empurro a porta do quarto e esmago meus dedos em sua
cintura. — Vamos conversar, dona, vamos conversar, e muito. E não vai ter a porra de advogado
algum entre nós!
A deposito sobre a cama, arrancando minha jaqueta e a jogando no chão enquanto abro a
gaveta da cômoda.
— O que está fazendo? — Ela arregala seus olhos no segundo que vê a tesoura em minha
mão, com seu rabo se empurrando sobre o colchão, rolando e tentando fugir. — Nem tenta
chegar perto de mim, seu bronco...
— Não vai precisar mais disso! — A seguro pela cintura quando ela se vira, ficando de
barriga para baixo, já levando a tesoura para seu casaco.
— Ohhh, o que está fazendo, isso vale uma fortuna... — ela grita, se esperneando, ao
passo que abro um corte imenso de ponta a ponta. — Filho da mãe, não acredito que está
cortando meu casacooo...
— E agora acabei de cortar seu vestido, dona! — falo firme, fazendo a mesma coisa com
o vestido em seu corpo.
— DEACOONNN... — berra, bufando e empurrando sua cara no colchão. — Bronco de
merda, EU VOU TE MATAR... CRISTO, COMO EU VOU TE SOCAR, SEU CRETINO...
Seus cabelos longos tão sedosos batem em meu peito quando a seguro pelo ombro, e a
trago para mim, lhe deixando de pé.
— Não vai socar, não vai abrir a porra dessa sua boca. — Os olhos negros brilhantes se
expandem, ficando presos nos meus quando lhe giro, a deixando de frente para mim e rosnando a
centímetros do seu rosto. — Não vai brigar, não dessa vez, dona.
Seu peito sobe e desce, com ela parecendo confusa. Solto a tesoura ao chão e uso minhas
próprias mãos para rasgar o resto da costura, tendo meus olhos fixos nos dela.
— Não vai brigar. — Abaixo minha face quando seu pequeno corpo arrepiado vibra
diante de mim, e inalo mais forte.
Meu corpo tomba, e tenho minha queda diante dessa mulher sendo iminente. Meu
coração dispara e retiro o chapéu da minha cabeça, com meus olhos presos em seu ventre,
sentindo uma emoção indescritível, uma que nunca imaginei sentir em minha vida. Minha mão
se estica e toco com cuidado seu abdômen, com a pele macia e quente contraindo-se ao meu
toque. Ergo meu rosto devagar para cima e a vejo com seus lábios trêmulos esmagados, me
fitando perdida.
— Não vamos brigar, pequena loba — sussurro, abaixando meus olhos para seu ventre e
sentindo a firmeza dele abaixo do seu umbigo, com a pequena forma arredondada formada, como
uma bolinha. — Não, não agora.
Sorrio, sentindo meus olhos queimarem. Puta merda, um filho, tem um filho meu
crescendo dentro dela, nosso filho! Minha testa se cola ao seu ventre e meus olhos se fecham. A
seguro forte pela cintura, e deposito um beijo sobre o ventre que abriga a maior alegria que já
senti em minha vida.
— Vou lhe levar para aquele banheiro — digo baixo, arrastando meu braço para a tesoura
caída no chão, cortando as alcinhas da sua calcinha.
A vejo arrepiar inteira ao toque frio do material, e ela inala forte, com seus olhos negros
presos aos meus quando me levanto, ficando à sua frente.
— Vou lhe dar banho, lhe secar e foder cada parte desse pequeno corpo que me fez ir ao
inferno, amaldiçoando cada dia da minha vida enquanto me corroía de saudade. — Estico apenas
a pontinha da tesoura e corto as alças do sutiã acima do ombro, antes de o cortar ao meio, o
vendo cair ao chão. — Vou lhe amarrar nessa cama, Kaice, fazendo exatamente o que lhe disse
que faria se fugisse de mim novamente, e depois de lhe ter tão esgotada, rouca e trêmula, com
sua boceta inchada pelo tanto que meu pau vai fodê-la...
Ela segura sua respiração e sua boca se entreabre, com seu corpo pequeno paralisado,
sem desviar seus grandes olhos de loba de mim quando minha mão se esmaga em seus cabelos.
— Irei ter uma maldita noite de sono depois de três meses, que para mim foram como
uma eternidade sem você em meus braços. — Meu rosto se aproxima do seu. — E então,
amanhã, escute bem, pequena loba: amanhã iremos conversar, iremos brigar, iremos gritar, se é
isso que quer, mas vai me ouvir, vai ouvir cada palavra que eu tenho para dizer a você, e depois
disso vou lhe foder mais uma vez, e nunca vou lhe deixar sair dos meus braços.
— N-não pense que vou lhe deixar me tocar... — balbucia, negando com a cabeça. —
Nunca mais vou lhe deixar me tocar, senhor Trinix, nunca... Nem que tenha que sair correndo
por esse pasto, pelada, mas não vai me ter em seus braços nunca mais.
CAPÍTULO 28
A loba e o urso
DEACON TRINIX
Meus olhos ficam presos na pequena face delicada adormecida em meu travesseiro,
deitada de ladinho, com a imensa crina brilhosa esparramada sobre seu corpo nu, com a luz do
sol que entra no quarto a iluminando. As coxas estão enroscadas nas minhas, com seus dedos
agarrados ao meu punho. A observo imóvel, não mexendo um músculo sequer desde a noite
passada, quando deitei ao seu lado, depois que saí do banho e a encontrei dormindo,
completamente esgotada. Apenas soltei seus tornozelos com cuidado, tendo a mesma gentileza
com seus braços, os arrumando devagar à frente do seu corpo, deixando seus pulsos unidos antes
de os conter com o cinto outra vez.
Meus olhos percorrem seus seios inchados, com as veias finas marcando as mamas.
Reparei na mudança de tamanho quando os suguei com minha boca. Meu dedo se eleva e afasto
uma mecha do seu rosto, sorrindo e vendo sua boca esmagada no travesseiro enquanto murmura
algo. Mantenho o passeio do meu dedo, traçando um caminho por seus ombros até seu braço,
escorregando do cotovelo para seu quadril, parando meus olhos em seu ventre quando o toco.
Ainda tenho a emoção me consumindo, o que não me deixou pregar meus olhos, apenas
fiquei olhando-a em minha cama. Minha pequena loba selvagem, com meu filhote em seu ventre,
em meu colchão, suspirando. É real, mas senti tanto medo de dormir e não a ver quando meus
olhos se abrissem, que nem consegui os fechar, querendo apenas a admirar.
— Pensa em me deixar amarrada até quando? — O som baixo da voz preguiçosa falando
junto com um bocejo me faz erguer os olhos para os negros moles e sonolentos, que piscam para
mim. — Vou te socar assim que me soltar, saiba disso.
— Não duvidei por um segundo — respondo, espalmando minha mão em sua barriga e a
acariciando. — Se isso lhe fizer se sentir melhor e me ouvir, então, dona, pode fechar seu
pequeno punho.
Pisco para ela, e alavanco minha mão para seus cabelos, os afagando, sentindo seus dedos
rasparem em meu abdômen.
— Não quero lhe ouvir. Não tem nada para ouvir, Deacon. — Ela fecha seus olhos,
suspirando. — Apenas vim aqui porque você foi estúpido demais ao se recusar a assinar a
porcaria do contrato que salva seu rabo e suas terras... Tem ideia do que recusou? Como pôde
fazer isso...
Ela abre seus olhos, os cravando em mim, com sua boca esmagada, ao passo que seu
peito sobe e desce e ela inala mais forte.
— Era o que queria, não era?!
— Não! — Nego com a cabeça e empurro meu corpo para mais perto do dela, jogando
minha coxa por cima da sua, com meu braço lhe deixando colada a mim quando tenta se afastar.
— Nunca, em nenhum momento, lhe disse que era isso que eu queria. O que disse era que lhe
queria...
— Mentiu para mim, mentiu e me manipulou...
— Sim, eu menti! — Não retiro o que fiz, muito menos argumento. — Menti, e não nego,
mas em nenhum momento porque queria lhe usar. Menti, porque a ideia de nunca mais lhe ver
era infernal, a ideia de lhe ter apenas por uma noite era dolorosa. Menti para lhe ter, não para lhe
usar...
— Grande diferença! Me usou bastante, cowboy... — Ela fecha seus olhos, e tenta
empurrar sua cabeça para longe, mas não deixo, a mantenho perto.
— Eu lhe amei! — falo firme, a vendo abrir seus olhos, não a permitindo desviar de mim.
— Eu lhe amei a cada segundo naquela colina, lhe amei a cada beijo e gemido que me entregou.
Assim como lhe amei quando fui obrigado a lhe ver partir ferida, em corpo e alma, se afastando
de mim, me deixando preso nesse rancho, onde apenas essa maldita cama tinha seu cheiro.
Porque, em mim, tudo que eu tinha era a lembrança do seu corpo machucado e ensanguentado,
era a raiva, a culpa e o medo. Medo de lhe perder, de perder a única coisa que fez eu me sentir
vivo.
Minha mão segura sua face e acaricio sua bochecha, escorregando meu dedo por sua
boca, tendo apenas Deus como testemunha de como perdi o controle a cada segundo que meu
coração foi devastado pelo furacão que me abandonou.
— Não vou assinar contrato algum com Greg, porque já assinei os documentos de
entrega das terras. — Vejo seus olhos se arregalarem, com ela abrindo sua boca em choque. —
Já tem três meses que essas terras não me pertencem mais.
— Você o quê?! — ela rosna, com seus punhos tentando me socar, enquanto se esperneia
brava, mas rio, a segurando. — Não acredito que fez isso! Como pôde entregar suas terras... Oh,
foi para aquele idiota do Call...
Ruge selvagem, tentando me empurrar. Mas para de repente e nega firme com a cabeça.
— Não, aquele idiota teria falado. Para quem entregou? Me conte agora, seu cowboy
bronco! Juro que vou chutar seu rabo e o do cretino que pegou essas terras... — Seus pés se
debatem, e rio, a rolando na cama, deixando meu corpo sobre o seu, com meus cotovelos
posicionados ao lado do seu corpo. — Me solta, Deacon, me solta agora, seu lobo burro! Como
pôde se jogar da porra do penhasco dessa forma?! Mas, escuta bem, não ache que vou ser uma
loba tola que vai ficar cavando buraco sozinha, eu vou morder, estraçalhar o miserável para
quem entregou o Green Valley, tomando de volta a toca do meu filho...
— O que diabos está falando, mulher? — Gargalho, esfregando meu nariz no seu, sem
entender essa estranha mulher tagarelando nada com nada. Porém, nunca me senti tão feliz por a
ter em meus braços como agora. — E acho muito difícil conseguir chutar o rabo de qualquer um,
principalmente o seu, visto que as terras são suas.
Ela me olha perdida, parando de se debater, com sua face virando no travesseiro.
— Você entregou as terras para mim? — balbucia, perdida. — Por que faria uma
loucura dessas?! Essas terras são tudo para você...
— Não, essas terras não são tudo, Kaice. — Recaio meus olhos para sua boca. — Nada
em minha vida é tudo para mim, como você se tornou. Lhe disse, pequena, eu me importo com
você, me importo tanto, a ponto de lhe entregar tudo que eu tenho para que saiba que nunca quis
lhe manipular para ter vantagem alguma. Porque o que eu quero é você, assim como quero esse
potrinho crescendo em seu ventre, minha égua...
Meus lábios se encostam nos seus, e os raspo de mansinho, a beijando.
— Eu te amo, Kaice Blood, te amo. — Ela suspira, e seu peito sobe, tendo os olhos
assustados, tão perdidos, me olhando enquanto posso os ver marejados. — Não sinta medo do
meu amor, minha pequena loba. Não sinta, porque ele é todo seu...
Ela fecha seus olhos e seu rosto tomba lento para o lado, com ela soluçando baixinho.
— Não sou uma mulher para ser amada, Deacon, não sou...
— Não, realmente não é. É uma mulher para ser venerada, com devoção e entrega, e é
isso que eu quero lhe dar, é isso que tem de mim a cada batida do meu coração, pequena loba...
— Minha mãe matou meu pai — ela me corta, retornando seu rosto para mim. — Ela o
matou com seu amor, cowboy, o amor doentio que custou a vida dela, assim como a dele e a
minha, me marcando para sempre. Eu não tenho medo do seu amor, eu tenho medo do meu...
Eu sei sobre os pais dela, soube como eles morreram em um acidente de carro depois da
mãe sacar um revólver para o pai. Greg tinha me contado tudo sobre Kaice, em como ela se viu
sozinha no Texas quando os dois genitores morreram, com uma tia de Luisiana a levando para
morar com ela. Quando ela tinha doze anos, a senhora morreu, e Kaice foi entregue para lares
adotivos, pulando de família em família até completar a maior idade. Greg precisou de três anos
dela trabalhando dedicadamente em sua empresa, para conseguir a confiança dela e saber do seu
passado. Ele tinha me trancado dentro da porra daquele escritório, me fazendo ouvir tudo, antes
de entregar o endereço dela. O que me levou a entender por que ela se escondia dentro da sua
carapaça, por que fugia dela mesma e não demonstrava se importar com ninguém, apenas
reafirmando o que eu já tinha descoberto na fonte aquela manhã, quando seus olhos se
prenderam aos meus: é uma loba com um coração de filhote.
— Amar não é bom, amar apenas...
— Eu matei aquele desgraçado com minhas próprias mãos, Kaice. — Lhe silencio, vendo
seus olhos ficarem presos nos meus. — Matei aquele maldito, e a única coisa que poderia pedir a
Deus era uma chance de poder o reviver para o matar novamente. Porque a única coisa que me
manteve lúcido para não o desmembrar inteiro, deixando sua carcaça largada naquela floresta, foi
o desejo de poder salvar o amor da minha vida.
— O urso... — ela sussurra, perdida. — Eu vi o urso, mas era você. O urso que achei ter
atacado ele, era você...
— Se acha que tem medo do seu amor, imagine o que qualquer miserável vai sentir caso
se atreva a chegar perto de você de novo... Porque meu amor é implacável. — Ergo meu corpo
um pouco, deixando um espaço entre nós, com meus olhos parando em seu ventre. — Meu amor
é por vocês. Então não sinta medo de me amar, minha pequena loba, não sinta.
Retorno meus olhos para os seus, que estão confusos, tendo suas pálpebras se fechando e
ela inalando forte, sugando o ar pela boca.
— Solte meus pulsos, cowboy! — murmura, e nego com a cabeça.
— Não vou lhe soltar, muito menos lhe deixar sair desse quarto enquanto não entender
que não quero lhe machucar, mulher. Não quero...
— Solte as porcarias dos meus pulsos, cowboy! — Sua voz é alta, com ela rosnando e me
observando arredia. — Preciso dos meus pulsos livres para poder abraçar o pai do meu filho e
amá-lo.
Silencio-me, e meu peito se enche de ar, com o coração acelerado a cada batida, vendo os
olhos travessos brilharem para mim, com um sorriso tímido em sua boca.
— Se mentir de novo para mim, saiba que nosso bebê será filho único, porque vou lhe
deixar estéril com a força do chute que vou dar em suas bolas, cowboy. — Sorrio, a olhando, me
divertindo ao ver seus olhos negros quentes brilharem de paixão. — E acho bom agilizar a
papelada do casamento. Não pretendo ser uma loba barriguda sem uma aliança em meu dedo.
— Está me pedindo em casamento, dona? — Rio, me sentando em minhas pernas e a
puxando comigo, lhe trazendo para meus braços, com meus dedos esmagando seu rabo e colando
seu peito ao meu.
— É, acho que estou! Bom, não achou que iria me ter sem formalizar essa negociação,
não é? — ela suspira, alçando seus braços e prendendo minha cabeça entre eles, com suas mãos
atrás da nuca. — E pode esquecer a comunhão de bens, não pretendo dividir o rancho que
ganhei...
— O que pretende dividir, pequena loba? — indago, escorregando minha mão por suas
costas e a observando arfar, com a pele se arrepiando, esfregando sua boceta em meu pau, que
pulsa contra o calor do corpo dela. — O que vou ter nessa negociação...
Uso minha mão em seu rabo para a alavancar um pouco para cima, com meu pau se
encaixando na entrada da sua boceta lentamente.
— Ohhh... posse... — sussurra, jogando sua cabeça para trás, a cada centímetro do meu
pau que sua boceta engole enquanto abaixo. — Muita posse sobre o produto...
— Entrega. — Lambo seu queixo, raspando minha barba em seu ombro e abraçando
firme suas costas, a colando a mim quando estou tão enterrado dentro dela.
— Muita entrega... — Ela se engasga, com seu rosto se movendo e colando sua testa à
minha.
Seguro sua cintura e a movo para frente e para trás, e suas coxas esmagam minha cintura,
ao passo que ela geme baixinho a cada movimento do meu pau lhe fodendo sem pressa.
— Gosto de entrega. — Mordo sua boca e a beijo, a tendo gemendo enquanto vai se
soltando, até começar a se mover, me fodendo em seu ritmo. — Diabo, como eu amo sua
entrega, dona!
— Eu te amo... — Meu rosto se levanta, e meu corpo inteiro fica parado por um segundo,
com meu coração errando as batidas por conta do que a voz dela sussurrou.
Minha mão se ergue e seguro seu rosto, percorrendo meus olhos por sua face e
tombando-a em minha mão enquanto me governa de corpo e alma, movimentando seu quadril e
fodendo meu pau.
— Eu amo, e não quero lhe machucar... — Vejo o brilho das lágrimas deixar seus olhos
marejados, com ela mordiscando seus lábios.
— Dona, a única forma de me machucar é me jogando no inferno novamente, ao me
deixar longe de você, minha pequena loba — falo firme, sem desviar meus olhos dos seus, a
deitando com cuidado sobre a cama, tendo cautela para não a esmagar. — Mas, acredite, isso
nunca mais vai acontecer, porque esse rabo, dona, nunca mais irá para longe de mim.
Kaice é um furacão que me arrastou para fora da minha vida tão controlada, mas não
quero voltar para lá, não depois de ter ela em meus braços.
Meu corpo busca pelo seu com urgência entre a luxúria que nos abraça, nos condenando a
necessitar tanto um do outro com tamanha euforia, como agora, com uma química selvagem e
sem controle que nos consome. A fodo com mais entrega, com meu pau indo fundo em sua
boceta quente e fogosa. Ela geme, arfando entre suspiros assim que acelero meus movimentos.
— OHHH... — Sua cabeça tomba para trás, e vejo sua entrega, tendo seus braços se
apertando mais em meu pescoço. — Cowboy...
Cerro meu maxilar, apertando com urgência seu quadril, saindo do seu corpo para me
afundar outra vez mais rápido. Meu peito bate acelerado, e choco nossos quadris, para ter cada
canto da sua boceta sendo acoplada com meu pau, que a fode. Ela me tira tudo: a paz, o controle,
o tempo, e apenas o que me segura são seus olhos negros brilhando de desejo para mim.
Minhas mãos se erguem e aliso seu rosto, com seus peitos livres soltos, sem nada para
atrapalhar seus movimentos graciosos a cada impacto que seu corpo recebe, com meu quadril
batendo no dela, chamando minha atenção. As coxas grossas e desnudas, presas em minha
cintura, me prendem mais, para que eu não possa ir para longe dela, sem ter consciência de que
seria mais fácil eu a manter para sempre presa nesse quarto, do que me distanciar do seu corpo
quente e pecaminoso.
— Deacon... — Meu rosto sobe para sua face, que se retorce entre o prazer e a dor, com
meu pau a martelando com força e minha mão espremendo seu peito com posse.
Ela geme, abrindo seus olhos cheios de volúpia para mim, me engolindo nessa roda
gigante de prazer que é estar lhe fodendo com puro amor, jurando a mim mesmo que nunca vou
permitir que ela fuja outra vez.
— Oh, Deus! — Ela estica seu corpo e arqueia seus seios para cima, apertando mais suas
pernas em minha cintura, mordendo a lateral dos seus lábios.
Meu pau arremete fundo, entre solavancos, estourando dentro da sua boceta com o dobro
de impetuosidade, fazendo o quarto ser preenchido com os sons roucos e agressivos que saem da
minha garganta e que se misturam aos gemidos dela. Os músculos quentes da sua boceta se
apertam em volta do meu pau, e o sugam com pura urgência, e gozo em libertação a cada
apunhalada bruta do meu quadril, que se choca com o seu. E cada fibra do meu corpo se enrijece,
queimando como fogo, se transformando em espasmos, com meus músculos causando tremores
em minhas pernas quando gozo forte junto com Kaice, que me arrasta para o mais puro nirvana.
Quando meu corpo desaba sobre o seu, sinto seu coração bater acelerado, e minhas mãos
estão agarradas às suas coxas, afagando sua pele. Escuto sua respiração entrecortada e seus
braços se apertam em minhas costas com urgência, assim como suas pernas em minha cintura.
Eu sei que ela é minha, que ela será para sempre minha. Kaice ronrona mansa, me
deixando saber que sou um filho da puta sortudo por ter uma loba selvagem entregando seu
corpo e seu coração para mim.
— Eu prometo, por minha vida, que sempre vou cuidar de você. — Minha voz sai rouca,
e inalo seu cheiro em seus cabelos. — Vou sempre amar você, minha pequena loba.
Afasto-me o suficiente para meus olhos se prenderem em sua face, e acaricio seus
cabelos, entregando minha vida a ela.
— Sempre minha, loba selvagem. — Aliso seu queixo, afagando seus lábios, recebendo o
olhar mais belo que apenas ela pode me dar.
— Nunca mais minta para mim, cowboy. — Movo minha cabeça em positivo para ela, a
vendo sorrir de ladinho e suspirar, com os olhos brandos e quentes me encarando. — Eu te amo,
Deacon Trinix. Merda, eu achei que nunca diria isso a alguém na minha vida, mas eu te amo,
cowboy, e não quero nunca mais sair de perto de você...
Seus olhos se fecham e ela esconde sua face em meu ombro, me abraçando com força.
Arrumo seu corpo perto do meu, a puxando junto comigo quando me levanto, sustentando sua
bunda, caminhando para perto do fim da cama e me sentando com ela, sendo sugado para o
feitiço que minha loba tem sobre mim.
Uma criatura selvagem e sexy que consegue me fazer perder o controle em segundos,
para com apenas uma batida de cílios se transformar em um filhote dócil e carinhosa, que se
aconchega a mim buscando carinho e abrigo.
Encosto minha cabeça em seu ombro e a beijo, alisando seus cabelos, com minha outra
mão em suas costas, circulando-a lentamente, ouvindo o som calmo da sua respiração, com seus
braços amolecendo em volta do meu pescoço, tão frágil e entregue em meus braços.
Fui derrubado na arena, ganhando a mais deliciosa briga na qual eu já entrei, levando
como prêmio seu coração.
EPÍLOGO
KAICE BLOOD
Três meses depois
— Oh, não, esse não foi o combinado... — A voz de Bob sai alta dentro do quarto, com
ele esmagando o aparelho em sua mão. — Você me prometeu que esse projeto do escritório
ficaria pronto na semana passada, mas até agora não me mostrou nada...
Levanto da poltrona, apoiando minhas mãos nos braços dela e impulsionando meu corpo
para frente, tentando equilibrar o peso em meu ventre, me sentindo derreter dentro do vestido de
casamento.
— Me dê esse celular. — Balanço minha mão para Bob, para que ele me entregue.
— O que... — Ele tapa o celular, o cobrindo com sua mão, tendo sua sobrancelha se
arqueando. — Não vou lhe dar nada. É seu casamento, pode sentar-se ali e deixar que eu resolvo
tudo...
— Bob, me dá a merda desse celular! — Bato meu pé no chão e seguro a barra da saia,
caminhando feito uma pata para ele, com minha barriga roliça.
Tinha o deixado cuidando da planta do projeto do nosso escritório, que abriremos aqui
em Montana, sendo uma filial da empresa de Greg. Me descobri extremamente boa no ramo
imobiliário quando comecei a competir com Call Duche, arrematando pequenas fazendas e terras
perto de Green Valley, que ele ainda não tinha conseguido comprar. A diferença é que eu e Greg
não queremos desapropriar os donos, pelo contrário, pagamos para eles continuarem trabalhando
nas terras, alavancando os livros contábeis deles com uma injeção de capital, além de melhorar
os equipamentos e os cuidados com os gados. Call me odeia, já que tinha me tornado o prego em
seu sapato, e o melhor de tudo é que ele não pode fazer nada, além de cagar de medo do urso
gigante que anda sempre ao meu lado, rosnando para ele. Call é um frouxo, que corre quando vê
Deacon. Vi muito lucro nesse mercado de imóveis e locação das fazendas para os residentes,
tanto que convenci Greg a trazer uma filial para cá, assim como arrastei o magrelo do Bob junto
comigo.
— Me deixe falar com o pessoal da equipe de design — rosno, o deixando ver que estou
prestes a explodir, como uma panela de pressão, mas conseguindo me aguentar dentro do vestido
que está me fazendo derreter.
— Seu dia está prestes a ficar horrível — Bob murmura para o rapaz do outro lado da
linha, esticando o aparelho para mim. — Ainda acho que possa resolver isso — fala, ao passo
que pego seu telefone e o levo para minha orelha, ouvindo o riso do rapaz da empresa de design,
que eu contratei para fazer o projeto de decoração do escritório.
— Ken! — falo seu nome e fecho meus olhos, bufando pelo nariz e o deixando saber que
não está mais conversando com Bob. — Escuta bem, porque vou falar só uma vez. Quero esse
projeto pronto hoje, está me ouvindo? Hoje! E se ele não ficar pronto hoje, eu vou ficar triste, e
sabe o que vai acontecer se eu ficar triste justamente hoje, Ken, no dia do meu casamento? Vou
ser obrigada a contar ao meu marido que você me deixou triste, deixou a mulher grávida dele
triste, no dia do casamento dela, e você, Ken, não vai ficar triste, você vai ficar ferrado, porque
ele vai atrás de você. Então, faça a porra do meu projeto e mande para meu assistente! Não me
irrite, porque nesse segundo estou derretendo de calor, e estou com os pés inchados e as pernas
cansadas, já que a minha neném me chutou o dia inteiro, a ponto de eu sentir os pezinhos arteiros
dela golpearem minhas costelas. Sem falar nos hormônios de mil samurais raivosos pulsando
dentro de mim, então, não me teste, seu cretino! Eu fui clara?
— Hoje mesmo vou mandar, senhorita Blood... — Sua resposta é baixa, e ele ri nervoso.
— Obrigada, Ken, sabia que não iria me querer triste.
Não espero por sua resposta, apenas passo o celular para Bob, soltando um suspiro
baixinho, me sentindo bem melhor agora. Espalmo minha mão em minha barriga e sorrio para
ela, ao passo que lhe acaricio. Um chute apressadinho me pega em cheio.
— Está animada, não é, minha princesa?! — converso com ela, suspirando e a sentindo
mexer mais rápido.
O som da porta do quarto se abrindo me faz erguer a cabeça e fitar Greg, que fica
petrificado, com seus olhos vermelhos presos em mim. Vejo-o esmagar sua boca, fungando
baixinho.
— Está linda, minha querida. Cristo, está linda! — Ele abre seus braços e vem para mim,
segurando meu rosto antes de depositar um beijo em minha testa. — A noiva mais linda!
O abraço apertado, estando tão feliz por ele ter vindo, por estar comigo nesse dia tão
importante. Eu sabia que seria algo difícil para Greg, por conta das lembranças de Ashley, mas
para mim é muito especial o ter aqui.
— Obrigada... — murmuro, beijando seu rosto, sentindo meus olhos cheios de lágrimas.
— Obrigada por vir...
— Achou mesmo que eu perderia o casamento da minha filha? — Ele acaricia meu rosto
e abaixa seu olhar para minha barriga. — Oh, veja essa barriga linda...
— Sofia — digo, sorrindo de orelha a orelha para ele. — Deacon e eu escolhemos o
nome que vamos dar a ela, e é o nome da mãe da bisavó dele.
— Sofia, a pequena princesa de Montana — ele fala alegre, alisando minha barriga, e
abre ainda mais um largo sorriso quando ela chuta sua mão.
— Sim. — Tombo meu rosto para o lado, com minha boca se esmagando. — Obrigada
por estar aqui, Greg, com nós duas.
Minhas mãos se fecham sobre as dele e suspiro, sentindo todo aquele nervosismo se
dissipar. A cada hora que se aproximava de eu sair do quarto, desejava ter alguém aqui comigo,
alguém da minha família nesse dia tão importante da minha vida, e Greg é a minha família, ele
tinha se tornado a minha única família ao longo dos anos.
— Bom, agora temos que ir, antes que a noiva fique borrada... Ou o noivo arrebente a
porta do quarto — Bob comenta, rindo nervoso, fazendo tanto eu quanto Greg gargalharmos. —
Estou falando sério, aquele homem está prestes a abrir um buracão no andar de baixo, de tão
ansioso que está.
— Então, não vamos deixá-lo esperando mais, não é?! — Greg dá um passo lento,
parando perto de mim e me estendendo seu braço. — Me daria essa honra, meu bem?
— Oh, Greg... — Fungo e balanço meus dedos perto do meu rosto, tentando controlar as
lágrimas. — É claro que sim... Bob, pega o buquê! — Dou um gritinho em comando para ele,
entre o choro, enganchando meu braço no de Greg e o deixando me levar para a porta.
Estufo meu peito e solto a barra do vestido, sorrindo e aceitando o buquê que Bob me
entrega. Meu coração dispara a cada passo, o que me faz sentir como se ele fosse pular para fora
da minha boca. Escuto as vozes lá embaixo, de Otis, Clay e dos outros vaqueiros. Deacon e eu
queríamos apenas assinar as papeladas na frente do juiz e trocar as alianças, tendo os meninos
como testemunhas e convidados, já que não precisávamos de mais ninguém.
E hoje, quando acordei, me dando conta que seria o grande dia que eu estaria me
casando, fazendo justamente o que jurei que nunca faria, eu senti um pontada de medo. Porém,
quando abri meus olhos e observei aquele homem adormecido ao meu lado, com seus braços
presos em mim e seu corpo nu colado ao meu, apenas percebi como sou uma puta mulher de
sorte, porque não tinha encontrado apenas um cowboy quente de pau grande que me fode como
ninguém, eu tinha, na verdade, encontrado o amor da minha vida.
Não aquele amor amargo e horrível que meus pais tiveram. O amor que tinha encontrado
é selvagem, belo e completamente meu. E agora, o vendo parado, com seu rosto nervoso,
esmagando o chapéu em sua mão, aos pés da escada, erguendo a face rapidamente, como se
soubesse que eu tinha chegado para o nosso grande dia, tendo os olhos verdes cintilando,
olhando para mim, eu sei que fiz a melhor escolha da minha vida ao ter aceitado entrar nessa
briga.
Greg desce devagar a escada junto comigo, e meus olhos não veem nada além de Deacon
esperando por mim. Sua mão se estica quando chegamos ao penúltimo degrau, e sorrio, vendo os
olhos dele brilharem e seu peito se estufar, se enchendo de ar.
— É a coisa mais linda que já vi na minha vida, minha loba selvagem — murmura e
inclina sua face, para beijar minha testa, enquanto prende meus dedos aos seus. — A coisa mais
linda!
Ele gira o rosto para Greg e move a cabeça para frente, dando um sorriso gentil para ele.
— Obrigado, Greg. — Sua mão se ergue, e rio quando Deacon deposita o chapéu na
cabeça de Greg. — Obrigado por me fazer o homem mais feliz desse mundo.
O amor é mesmo uma química estranha, a qual não se pode calcular. Não é como os
números ou os gráficos, apenas o sentimos, e nesse momento o sinto vibrar por mim, a cada
olhar doce de Deacon.
— Tá pronta, minha loba? — Me inclino e lhe roubo um beijo, esmagando forte o buquê
em meus dedos.
— Me leva para passear, garanhão! — o respondo com amor, estando mais do que pronta
para ser apenas sua para a vida inteira.
Fim!
AGRADECIMENTOS
Oh, meu amor todo pela Kaice! Vontade de prendê-la para sempre com esse cowboy
gostosão. Amei demais escrever essa história! O que posso dizer?! Os grandões são meu ponto
fraco!
Muito obrigada a todas que trabalharam nesse livro, que simplesmente são as melhores,
que sempre contribuem para o enriquecimento dos meus livros.
E muitíssimo obrigada a você, meu leitor, porque eu tenho os melhores!
Beijão, Caroline Andrade!
OUTRAS OBRAS:
SÉRIES:
KATORZE - LIVRO 1
PAOLO A RENDIÇÃO DO MONSTRO - LIVRO 2
PAOLO O DESPERTAR DO MONSTRO - LIVRO 3
SPIN-OFF: HELL
SPIN-OFF - JESSE
ATENÇÃO: contém cenas eróticas e gatilhos que podem gerar desconforto. não
indicado para menores de 18 anos.
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Tudo nessa vida tem um preço, e Yara sabia disso quando salvou a vida
do monstro que entrou em seu caminho. Tendo que escolher entre o homem
que amava e os frutos dessa paixão que cresciam em seu ventre, partiu,
deixando-o sem olhar para trás. O que ela não sabia é que sua magia deixou
rastros, e agora algo muito pior vêm atrás dela.
Seu mundo desaba quando suas filhas são levadas por um mal maior, e
o destino brinca com a pequena bruxa, colocando-a frente a frente com o
homem que tanto assombrou suas lembranças por longos anos.
O monstro se perde assim que seus olhos pousam na pequena mulher
solitária que vê em seus sonhos, e que agora está em carne e osso na sua
frente. Algo dentro de Paolo desperta, puxando-o para ela cada vez mais, sem
entender o que os liga.
O Cão e a Bruxa estão de volta em mais uma batalha.
Yara lutará com toda sua força para ter suas filhas de volta. No meio da
sua jornada, precisará mostrar ao monstro o poder e a força da magia do amor,
e encarar a ira de cinco anos longe dos olhos tão sombrios quanto o portão do
inferno.
Poderá o cão de caça perdoar a bruxa que o jogou no limbo por cinco
anos, sem despertar o monstro que habita nele?
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Um inimigo antigo uniu os irmãos Ávilas em uma derradeira vingança. Daario e Paolo juntos, lado a lado, abriram as
comportas do inferno, trazendo carnificina e sangue para aqueles que machucaram suas famílias.
A cada percurso da caçada, em uma busca cruel e implacável pelas suas mulheres, os monstros estavam famintos por morte e
justiça, fazendo aliados poderosos e alianças inquebráveis, deixando um rastro de corpos por onde passavam.
A pequena bruxa Yara encontrou forças para lutar pela sua sobrevivência e do seu filho quando a destemida pantera Katorze
cruzou seu caminho de uma forma inesperada. As duas mulheres traziam fé em seus corações de que seus monstros iriam libertá-
las, afinal nem todo predador é fatal, mas todos os monstros Ávilas criados pelo cruel Joaquim são assassinos.
•••
Um amor além do tempo, do universo, do grande desconhecido. E se nada fosse o que realmente é? E se entre seu
mundo tivesse outro, onde magia e realidade se chocassem? Onde uma maldição foi imposta, obrigando um príncipe do
submundo a enxergar com outros olhos a raça que ele julgava a mais inferior de todas. Onde fosse condenado a vagar por eras e
eras em busca de uma estrela solitária.
E se nada fosse o que é?
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Uma maldição rogada por um erro cometido no passado faz Jesse correr contra o tempo, para conseguir se libertar antes que a
Lua de sangue se erga. Porém, o que para ele é maldição, para Constância significa liberdade. Um segredo do passado entrelaça o
futuro dos dois, mas Jesse não imagina que a única pessoa que poderá libertá-lo é a mesma que poderá odiá-lo pelo erro que
cometeu.
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AMORES DO CAMPO:
Nos vastos campos de uma usina canavieira, um encontro improvável promete transformar vidas e desafiar destinos
predestinados. Maria Eloiza, uma incansável boia-fria, estava acostumada à batalha diária da lavoura, ao esforço sobre-humano
que seu trabalho exigia. Atrás de mais uma oportunidade, ela se depara com uma usina que parecia abençoada, mas jamais
poderia imaginar que aquele canavial lhe traria muito mais do que esperava. Perdida nos olhos verdes como esmeraldas de Pedro
Raia, dono da usina e herdeiro de um legado familiar, ela descobre que o amor pode florescer onde menos se espera.
Pedro, um homem comprometido com as tradições de sua família, abdicou de seus próprios sonhos para voltar ao lar convocado
pelo destino. Determinado e apaixonado pela terra, desde menino trabalhava nas lavouras, sentindo a essência da vida pulsar em
suas mãos. Porém, tudo muda quando, em meio a mais uma remessa de trabalhadores temporários, ele se depara com a presença
marcante de uma cabocla de olhos assustados. Naquele momento, Maria Eloiza lhe mostra o brilho puro de sua alma e
desencadeia uma revolução em seus sentimentos.
Dois mundos distintos colidem, desafiando a realidade de um e a vida do outro. Enquanto Maria Eloiza luta para sobreviver nas
árduas jornadas da colheita, Pedro enfrenta dilemas internos, tentando conciliar suas responsabilidades com a descoberta de um
amor inesperado. Entre linhas finas, eles se encontram e desafiam as barreiras que os separam, revelando a força transformadora
de um amor verdadeiro.
Nesta envolvente história de amor e superação, mergulhe na realidade implacável das plantações e descubra como dois corações
corajosos desafiam o destino e encontram a felicidade em meio às adversidades. Prepare-se para se emocionar, se encantar e se
apaixonar por "Entre Canaviais e Destinos", um romance que transcende barreiras sociais e mostra que o amor é capaz de romper
todas as fronteiras.
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A última Lavoura é uma envolvente história que nos transporta para a vida de Maria Rita, uma jovem forte e determinada que
sempre carregou o peso do mundo em seus ombros. Ela se tornou o pilar de sua família, assumindo o papel de mãe e pai para
suas irmãs. Com um sorriso raro e uma determinação inquebrável, Maria Rita nunca se deixou dominar por homens.
No entanto, tudo muda quando seus olhos se encontram com os do peão rústico e cativante, Zeca Morais. Em meio aos imensos
cafezais, uma conexão intensa nasce entre eles, desafiando todas as suas expectativas. Zeca está determinado a conquistar o
coração dessa mulher endiabrada, que faz seu próprio coração disparar como nunca antes.
Enquanto o amor floresce sem limites entre Maria Rita e Zeca, eles terão que enfrentar um grande inimigo, disposto a tudo para
destruir a vida de Zeca Morais. Os obstáculos que surgem em seu caminho testarão os limites de seu amor e sua força interior.
Em uma narrativa arrebatadora, repleta de paixão, perigo e reviravoltas emocionantes, os leitores serão levados a um mundo
vibrante, imersos em uma história de amor feroz e destino inexorável. Prepare-se para embarcar em uma jornada intensa, onde os
laços do amor se entrelaçam com a força do destino, desafiando todas as adversidades e mostrando que, juntos, Maria Rita e Zeca
são invencíveis.
Descubra se o amor e a coragem serão suficientes para vencer as provações que os aguardam. Uma leitura irresistível que
conquistará seu coração e te deixará ansiando por mais.
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Este acordo prometia a Madalena a oportunidade de partir para longe da cidade, enquanto permitia que Tião desfrutasse de todo o
poder associado à fortuna de sua esposa. Caminhos separados os levaram a seguir suas vidas separadamente, mas cinco anos
depois, Madalena retorna à cidade, transformada e resplandecente. Ela não é mais a menina sofrida que partiu, levando consigo
apenas um beijo de despedida de seu enigmático marido.
Para a surpresa de Tião Raia, que agora se tornou o respeitado prefeito da cidade, a mulher que bate à sua porta é deslumbrante,
exalando vitalidade e possuindo uma beleza encantadora, com olhos felinos que parecem ler sua alma. Ela busca o divórcio, mas
em nada se assemelha à desnutrida e maltratada jovem com quem seu irmão o obrigou a casar.
A partir desse primeiro encontro explosivo, a guerra entre o prefeito e a primeira-dama é declarada, lançando farpas e faíscas de
uma atração fatal. Amor e ódio se entrelaçam em proporções intensas, enquanto os segredos do passado são revelados e as feridas
do coração são expostas. Nessa narrativa irresistível, os leitores serão conduzidos por um turbilhão de emoções, envolvidos em
uma história de amor e redenção que desafia as convenções e desvenda os mistérios do destino. Prepare-se para se render a um
romance arrebatador, no qual o amor floresce em meio ao confronto de almas apaixonadas.
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AVISO DE ROMANCE DARK
NÃO RECOMENDADO PARA LEITORES SENSÍVEIS.
CONTÉM CENAS DE VIOLÊNCIA, SEXO, ESTUPRO DE VULNERÁVEL, INCESTO, VIOLÊNCIA
PSICOLÓGICA, RELACIONAMENTO PERVERSO E NARCISISTA, TRANSTORNO MENTAL E LINGUAJAR
INAPROPRIADO PARA MENORES DE 18 ANOS.
PODE ACIONAR GATILHOS EMOCIONAIS.
Ginger Fox embarca para a Austrália, com destino a uma ilha remota, cheia de mistérios e segredos escondidos entre as paredes
da mansão Roy. O que começou como uma aventura, se transforma em perigo quando recebe a proposta de um jogo erótico e
envolvente, tão pecaminoso quanto os pensamentos devassos que ela nutre pelo seu anfitrião. O que Ginger não sabe, é que seu
oponente, Jonathan Roy, é um astuto tratante, que a prende cada vez mais entre suas teias de sedução. E em meio à sua
curiosidade descabida pelo jogo, mais fundo ela se perde no mundo sadomasoquista, e a paixão avassaladora por seu mestre a
leva às últimas consequências. Ginger lutará para conseguir sobreviver no mar de piche e mentiras que soterram a grande mansão
da família reclusa.
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Mabel embarca para Moscou atrás de esquecer o passado, mas os demônios nunca deixam seus condenados por muito
tempo. Mabel descobrirá muito mais do que apenas prazer quando adentrar em Sodoma, sendo envolvida em um jogo perigoso
por um sedutor e charmoso russo. Czar Gregovivk despertará Mabel da vida monótona que ela vive por tantos anos, reprimindo
seus desejos. Um enlace do destino a leva direto para o mais letal oponente que já cruzou sua vida. De volta ao jogo em Sodoma,
em uma trama repleta de sedução, luxúria, perversidade e prazer. Com ameaça de novos e velhos inimigos que os espreita. Até
onde você aguentaria a submissão, antes de dizer GOMORRA?
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AVISO DE ROMANCE DARK. NÃO RECOMENDADO PARA LEITORES SENSÍVEIS. CONTÉM CENAS DE
VIOLÊNCIA, SEXO, VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA, TORTURA E LINGUAJAR INAPROPRIADO PARA MENORES DE 18
ANOS. PODE ACIONAR GATILHOS EMOCIONAIS.
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A busca de Sodoma pelas Messalinas está mais acirrada, agora que descobriram que os presentes de Elite são as filhas
de Mina, a primeira submissa alfa, e que entre o conselho de Sodoma existe um traidor. Eva foi deixada por Freire, sua madrinha,
em um colégio interno por grande parte da sua vida. Sempre silenciosa, tímida e curiosa, não possui nenhum discernimento do
real motivo que levou Freire a deixá-la escondida por tantos anos, e qual seria o seu fim. Mas o destino tem outros planos para a
pequena Messalina, com o codinome de Herodias. A descoberta da existência de Eva acarretará o despertar de demônios há muito
tempo escondidos na sombra, com sede de vingança, ansiando por justiça. Hector Pellegrini retornará à Sodoma trazendo todo
caos sobre seu maior inimigo, Oliver Pellegrini, seu pai. Mas uma pequena faísca acenderá uma paixão avassaladora no coração
do amargo homem, que há muitos anos traz apenas rancor e raiva em seu peito, quando a silenciosa Eva o cativar com sua alma
submissa.
AVISO DE ROMANCE DARK. NÃO RECOMENDADO PARA LEITORES SENSÍVEIS. CONTÉM CENAS DE
VIOLÊNCIA, SEXO, VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA, TORTURA, AUTOFLAGELAÇÃO, TRICOTILOFAGIA E
LINGUAJAR INAPROPRIADO PARA MENORES DE 18 ANOS. PODE ACIONAR GATILHOS EMOCIONAIS.
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SESSÃO DA TARDE:
Rubi tira um fim de semana de folga, para visitar suas antigas amigas em Dallas. Mas seu caminho cruza com seu
irresistível e tentador paquera da época do colégio. Crente que estaria apenas se envolvendo com ele por uma única noite,
somente para aplacar suas fantasias de adolescente, Rubi investe com toda força no charmoso xerife de DeSeto, o provocando até
fazê-lo perder por completo seu controle. E o que era para ser diversão de uma única noite, acaba despertando emoções antigas,
há muito tempo adormecidas, e uma paixão avassaladora vai renascer.
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Saila perdeu sua paz quando o novo acionista majoritário de onde trabalha chegou para tomar posse do comando da
empresa. O irresistível homem de olhar sexy estava levando-a à loucura a cada sonho erótico que ela tinha, o tendo como seu
personagem principal, a seduzindo, acabando com sua lucidez e encharcando suas calcinhas. E por um grande descuido de um
celular com a câmera ligada e uma ajudinha do destino, a vida de Saila vira de pernas para o ar quando um vídeo dela
desabafando seus desejos mais lascivos e pecaminosos com seu charmoso chefe, viraliza nas redes sociais, explodindo na
internet.
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Tina encontra uma chance de conseguir recomeçar sua vida, zerando o placar e esquecendo seu passado, quando uma proposta de
trabalho, para ir cuidar de quatro crianças na vinícola da família Sánchez, chega até ela. Mas o passado nunca esteve tão presente
em sua vida quanto agora, ao ter seu destino cruzado com um espanhol mal-humorado e amargo, que também esconde demônios
que lhe assombram, os quais há muito tempo ele deseja esquecer, mas que estarão mais vivos do que nunca quando monstros
antigos vierem atrás dele. Uma história de amor, recomeço, vingança e justiça, mas, acima de tudo, de duas almas perdidas que
buscam redenção.
Atenção: contém gatilhos para prostituição, drogas, violência contra mulher e criança, morte, tortura física e psicológica,
necrofilia e canibalismo.
Coisas leves, mais um dia normal no parquinho com a tia Carol.
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Alan Spencer é um homem sombrio e desconfiado, que carrega grandes cicatrizes do passado em sua alma. Ele nunca acreditou
na bondade das pessoas, e muito menos dividiu sua cama com a mesma mulher por mais de uma noite. Não se apegando a nada e
nem a ninguém ao longo dos anos, seu único objetivo de vida é punir seus oponentes.
Selina Lopez é uma jovem humilde e inocente, de coração ingênuo, que foi criada em Havana. Desde criança ela aprendeu a ser
independente, após perder a visão em um acidente. Sorridente, gentil e alegre, foi levando sua vida, mas a solidão sempre lhe
acompanhava, tendo como único companheiro o gato laranja e peludo, Abóbora.
Em uma noite, a vida dela muda, quando salva um homem sedutor e misterioso, pensando que ele é apenas um marinheiro que
entrou em uma briga de bar e acabou sendo baleado, cuidando dele até o mesmo se recuperar. Só que o homem que Selina salva
não é um marinheiro, e sim um implacável mercenário que atracou no porto de Havana em busca de vingança, que se sente em
dívida com a jovem garota inexperiente.
Alan deseja saber o preço de Selina, o valor da sua ajuda. Para ele, todos sempre querem dinheiro em troca, nada é feito de graça,
tudo tem um preço, e basta descobrir o valor.
Só que Selina cobrará de uma forma inusitada o pagamento, o surpreendendo e pedindo a única coisa que ela realmente deseja e
nunca confidenciou a ninguém: que ele a deixe saber como uma mulher se sente ao ser tocada por um homem.
O que era para ser uma curiosidade saciada em uma noite, se transforma em uma luxúria arrebatadora, a qual Alan pagará em
várias parcelas sedutoramente, não renunciando à pequena mulher que atiça seus desejos mais primitivos. E isso o fará lutar mais
ferozmente contra seus inimigos, para manter sua pequena salvadora, que o enfeitiçou com seu olhar ingênuo, protegida e a salva
em seus braços.
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Quando o convite de uma viagem para um cruzeiro de luxo surge, é impossível de ser recusado. Tony Spencer, um respeitado e
ardiloso empresário, se vê obrigado a levar ao cruzeiro sua teimosa assistente pessoal, Donna Cortez. A jovem mãe solo trabalha
há seis anos ao lado de Tony e mora na casa dele com Dorothy, a filha dela. Donna é a única mulher que despertou uma paixão
incontrolável no coração cafajeste e rendido de Tony. E, assim, os dois embarcam em uma aventura inesquecível.
A sorte parece conspirar contra eles quando a rota do cruzeiro é desviada para uma perigosa selva na Colômbia, os deixando
presos em terra firme. Agora, eles se encontram largados à própria sorte em um ambiente hostil, cercados por perigos
desconhecidos e inimigos poderosos. Enquanto lutam pela sobrevivência contra mercenários impiedosos e inimigos sedentos por
vingança, Donna e Tony precisam confiar um no outro para saírem vivos dessa selva.
A cada desafio enfrentado, o amor entre eles fica impossível de ser escondido, culminando em uma atração intensa, explosiva e
apaixonante. Em meio a fugas arriscadas, batalhas cheias de adrenalina e descobertas surpreendentes, Donna e Tony sucumbem
ao desejo carnal que nutriram nesses seis anos que trabalham juntos, não conseguindo mais fugir da atração fatal que os liga.
Terra Firme é um romance cheio de ação e emoção, que cativa o leitor desde o primeiro momento. Com um protagonista forte e
determinado, capaz de tudo para proteger a mulher que ama, além de uma paixão proibida e uma selva cheia de perigos mortais,
essa história levará os leitores a uma aventura eletrizante, onde o amor e a coragem se entrelaçam em uma luta pela
sobrevivência.
Prepare-se para mergulhar em uma narrativa envolvente e cheia de reviravoltas, onde o poder do amor pode superar até mesmo os
obstáculos mais perigosos e se vingar dos inimigos mais cruéis.
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ATENÇÃO: CONTÉM CENAS DE SEXO E LINGUAJAR INAPROPRIADO PARA MENORES DE 18 ANOS Zelda
estava preparada para tudo em sua vida: uma híbrida latino Afro-Americana com sangue quente que desejava apenas ter uma
chance para mostrar que não veio ao mundo para brincar. Queria um lugar ao sol entre as indústrias de construção civil. O que ela
não imaginava, no entanto, ao aceitar o estágio na Indústrias Ozbornes, era que, junto com a porta do seus sonhos ao mundo do
negócios, também se abriria a porta dos desejos e fantasias quente como o inferno: seus dois chefões em ascensão.
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Dylan Ozborne sabia que a pior época da sua vida era dezembro. Ainda não acreditava que seu irmão havia o obrigado a ser o
Papai Noel para o evento beneficente.
Elly poderia ter sido a boa menina o ano inteiro, mas deixou para ser a menina má justamente três dias antes do Natal, indignada
com o nada bonzinho e muito menos velhinho Noel. Então resolveu se vingar do tirano e por fim lhe dar uma lição que nenhum
deles jamais esqueceria.
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No Dia das Bruxas, em uma cidade onde o mágico e o mundano se entrelaçam, Júpiter,
uma jovem sensitiva, vê seus encontros amorosos fracassarem, o que a deixa cada vez mais
desanimada.
Sozinha em seu apartamento, ela desabafa com seu fiel companheiro, Café, um gato de
pelos negros brilhantes. O que Júpiter não sabe é que o encontro com o destino a espera naquela
noite.
Sentado nas sombras, Theron, um íncubo, a observa silenciosamente. Ele é um ser
sobrenatural, um demônio que há anos se alimenta dos sonhos eróticos e sexuais da pequena
sensitiva. Theron tornou-se seu guardião, cuja missão é manter a jovem a salvo de ameaças que
ela nem sequer imagina.
Porém, Theron também é assombrado por desejos insaciáveis que Júpiter desperta nele. À
medida que a magia do Dia das Bruxas se intensifica, os caminhos de Júpiter e Theron se cruzam
de maneira irresistível.
Em um mundo onde a realidade e o sobrenatural colidem, eles descobrirão que o desejo
insaciável pode ser a mais poderosa das magias.
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Luna, uma jovem de beleza incomum e olhos negros hipnotizantes, sempre acreditou ser
apenas humana, até que a morte repentina de sua mãe revela uma verdade sombria e misteriosa
sobre sua origem.
Ao ser confrontada por um demônio que se autodenomina o General do exército de seu
pai, o Rei do Inferno, Luna descobre que uma antiga profecia a nomeia como a futura Rainha do
Submundo.
Arrastada para um mundo completamente novo e repleto de perigos e seduções, Luna se
vê envolvida em uma jornada ao lado de Magnus, o poderoso e sedutor General demônio que
desperta nela um desejo sombrio implacável.
Em meio a um Submundo repleto de perigos sobrenaturais, Luna e Magnus enfrentam a
ameaça iminente de Lilith, a Rainha usurpadora, que está determinada a destruir Luna e
reivindicar o trono para si.
Gatilhos: ofiofobia, zoofilia, canibalismo, palavrões, sexo explícito, tortura e morte.
Mais um dia normal no parquinho da tia Carol!
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Em um mundo onde os limites entre a realidade e o Reino dos Sonhos se desfazem,
Theron, um demônio íncubo, é arrastado para uma epopeia deslumbrante, em uma tentativa
desesperada de resgatar Júpiter, sua amada, das garras impiedosas de seu irmão imortal, Desejo.
Júpiter é uma humana cuja alma foi roubada e escondida nas dobras do passado, sendo a
peça central de uma trama sombria meticulosamente urdida por Desejo.
O amor inabalável e implacável de Theron por sua companheira o impulsiona a embarcar
em uma busca temporal, determinado a convencer Júpiter de que seus destinos estão
inextricavelmente entrelaçados.
Ao conduzi-la para o Reino dos Sonhos, Theron desencadeia uma dança sedutora entre
magia e erotismo, envolvendo Júpiter em uma teia feita de ilusões e desejos profundos. Cada
sonho se transforma em um campo de batalha, no qual Theron luta não apenas para recuperar a
alma roubada de Júpiter, mas também para conquistar o coração relutante da humana, utilizando-
se de sedução e sonhos pecaminosos.
Entretanto, à medida que os limites entre a realidade e os sonhos se desvanecem, Theron
se vê confrontado por suas próprias sombras internas. Juntos, Theron e Júpiter enfrentarão
perigos inimagináveis, e o amor entre um demônio e uma humana surge como a única esperança
contra as maquinações sinistras de Desejo.
Contém cenas de sexo, linguajar inapropriado para menores de dezoito anos,
tortura e morte.
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ÚNICOS
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ATENÇÃO: CONTÉM CENAS ERÓTICAS E GATILHOS que podem gerar desconforto. NÃO INDICADO PARA
MENORES DE 18 ANOS.
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Yane Rinna tem sua vida mudada da água para o vinho quando se torna testemunha principal de um assassinato. Ela se vê
obrigada a entrar em um disfarce para garantir sua segurança até o dia do julgamento. E de uma stripper desastrada, inteiramente
azarada, se torna uma freira monitora de quatro adolescentes rebeldes. O que ela não imagina é que no último lugar que poderia
sonhar, o amor e o desejo puro estarão no ar. Dener Murati, o vizinho aristocrata do convento, tem seu autocontrole testado por
uma fajuta freira sexy, nada santa, que invade sua residência para se refrescar na calada da noite, pelada, em sua piscina. A
pequena feiticeira que o encanta vai virar sua vida meticulosamente organizada de cabeça para baixo.
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Doty só queria uma coisa: achar o miserável que engravidou Tifany e chutar o rabo dele até Dallas.
A única coisa que Joe queria era dobrar o demônio de olhos negros que o tirou do sério e fazê-la pagar por sua língua afiada e
boca suja.
Uma proposta!
Sete dias!
E tudo foi para os ares!
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Um magnata impiedoso de coração frio 22 anos mais velho.
Uma jovem sonhadora.
O desejo avassalador entre eles irrompe em uma trama cheia de segredos e sedução.
Um pacto incomum entre duas amigas, na adolescência, as precede na vida adulta. Miranda Lester, uma jovem universitária
gananciosa e cínica, prestes a ter seu sonhado diploma, não vê impedimento algum em tirar da profissão nada convencional o
dinheiro que paga por seus estudos, pelo conforto da sua família e pela vida de luxo que ela aprecia. Focada em uma meta que
deseja bater antes de largar de vez seu trabalho, cria um esquema de diferente usando sua loja, a BDL, como fachada, entregando
aos seus clientes as melhores companhias que eles possam desejar. O caminho de Miranda se cruza com um intenso e poderoso
admirador, o qual despertará emoções e desejos antigos nela, silenciados por sua vida adulta precoce, que a fez amadurecer
rapidamente. A chegada de Mr. Red em seu caminho a faz questionar até onde realmente ela será capaz de ir para manter sua
lealdade, sua ambição por dinheiro e, principalmente, até qual ponto o amor pode levá-la. Um romance intenso, envolvente,
sórdido, soberbo e pecaminoso, com duas almas nefastas marcadas por seus passados corrompidos, que acarreta em um enlace
que os liga além da moralidade da sociedade.
Aviso: Nessa história você encontrará abuso, violência, sexo explícito, prostituição, droga ilícita, palavrões, morte, obscenidades,
relação tóxica, incesto e traição. Se você não se sente bem com a possibilidade de ser arrastado para fora da sua zona de conforto,
não lhe aconselho a ler este livro.
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Ela é uma boa menina, que cresceu dentro da glamorosa mansão da família O’Connor, onde sua mãe trabalhava.
Ele é o herdeiro rebelde e problemático de quem ela deveria se manter afastada.
Ela acreditou nele quando ninguém mais o apoiou, escondendo o amor juvenil e inocente que crescia em seu coração pelo
rapaz incompreendido.
Benjamin sempre manteve Liz, a jovem sorridente e inocente que morava em sua casa, por perto. Ela despertava seu instinto
protetor, e ele nutria uma paixão incontrolável a cada dia que ficava ao seu lado. Só que Benjamin foi obrigado a partir, se
alistando ao exército quando uma tragédia ocorreu dentro da mansão e a culpa recaiu sobre ele, o que o fez se afastar da única
pessoa de quem desejava ficar perto.
Quando Liz reencontra o homem implacável e sombrio, que foi o grande amor da sua juventude, o mesmo homem que ela
julgava que lhe abandonou no pior momento da sua vida, fica claro que Ben não é mais o garoto revoltado que foi expulso de
casa e foi servir ao exército, mas sim Benjamin O’Connor, o major do Segundo Batalhão das Forças Especiais dos Estados
Unidos, e, principalmente, seu marido.
Liz descobriu, alguns anos atrás, que estava ligada a Benjamin por um contrato que assinou às pressas, pensando ser um
documento de confidencialidade, quando a vida dos dois foi marcada para sempre por uma fatalidade. Na época, Liz apenas
desejava partir da mansão O’Connor e se afastar de todos que viviam lá.
Mas o major que retornou para casa não está disposto a renunciar à única mulher que jamais saiu dos seus pensamentos, nem
abdicar de seu instinto de protegê-la, e muito menos a deixar longe dos seus braços e da sua cama, mesmo com todos os
fantasmas que ele carrega dentro de si.
Um militar cheio de pecados e segredos.
Uma mulher arrebatada por um labirinto de paixão.
Ambos estão envolvidos em uma trama cheia de mistério, erotismo e pura sedução.
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Adele Morder estava na véspera do seu casamento, quando descobriu, da pior maneira, a traição do seu futuro marido. Em meio à
descoberta da traição, uma ligação a faz retornar para sua cidade natal, onde nasceu e viveu sua infância. Nelly, a meia-irmã dela,
faleceu ao dar à luz, e a guarda do bebê foi deixada para Adele. Agora, ela precisa reconstruir sua vida junto com seu sobrinho na
pequena cidade, tentando esquecer as dores do passado. Mas não é apenas Adele que busca reclusão na cidade perdida, perto das
grandes montanhas de Nevada. Tom Cheper, um ex-militar condecorado, foge das suas lembranças, assim como foge da sua
vizinha, Adele Morder, que desperta emoções antigas nele. Adele e Tom embarcam em uma arriscada aventura repleta de ação,
perigo, adrenalina, coragem indômita, muita paixão e desejos explosivos, para salvar suas vidas quando ficam presos dentro do
coração da montanha, tendo apenas um ao outro para poder contar e sobreviver nas mãos de contrabandistas de armas.
Aviso: NÃO É UM ROMANCE CLICHÊ. Nessa história você encontrará ação, abuso físico e psicológico, sexo explícito,
palavrão, droga ilícita, violência física contra mulher, morte e estupro. Se você não se sente bem com a possibilidade de
gatilhos, não lhe aconselho a ler este livro.
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Em um casarão exuberante, onde segredos e paixões se entrelaçam, uma história de amor proibido floresce.
Cindi Parker, uma jovem sonhadora, se vê irresistivelmente atraída por um misterioso italiano que sempre frequenta o casarão de
seu pai. Mesmo com uma diferença de idade de catorze anos, o taciturno estrangeiro desperta nela um turbilhão de emoções que
até então eram desconhecidas. Em uma noite de destinos entrelaçados, ela foge para os braços dele, sem saber que seria o
prelúdio de uma paixão avassaladora que selaria o destino dos dois. Entretanto, a realidade logo a separa do homem que roubou
seu coração. Forçada a seguir outro caminho e se casar com outro homem, Cindi vai embora para Nova Orleans com o coração
partido, mas sem saber que carrega um fruto daquele amor proibido.
Seis anos depois, Cindi Parker retorna à cidade natal, divorciada e não mais a jovem sonhadora, mas sim uma mulher obstinada,
que luta para ter o controle da sua vida novamente depois de um divórcio conturbado e traumático. Além de tudo, ela se esforça
para proteger sua filha. A morte do pai de Cindi deixa-lhe uma herança amarga e doce: o casarão onde seu amor com o italiano
floresceu.
Determinada a reerguer a majestosa propriedade, Cindi se vê novamente face a face com o homem que nunca esqueceu: o
enigmático italiano, que agora é um poderoso banqueiro e uma figura influente na cidade. Enquanto busca desvendar os segredos
do passado e reconstruir sua vida, os mistérios da paixão que os uniram são trazidos à tona com pura força.
Entre encontros repletos de tensão e risadas cômicas, eles precisam confrontar o passado, ao mesmo tempo que lidam com a
chama da paixão, o desejo da carne e a luxúria que nunca se apagou e está mais forte do que nunca.
AVISO: livro da tia Carol não é receita de bolo, docinho. Se não gosta de recheio explosivo, com confetes de dark e
cobertura de gatilhos, sugiro que não leia.
Gatilhos: violência doméstica, estupro, palavrões, sexo explícito e tortura.
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Vanusa é uma mulher forte e bem resolvida, de trinta e nove anos, que é
apaixonada pela vida e dona do seu próprio nariz e das suas decisões. Sente
que a melhor época da sua vida chegará junto com seus quarenta anos. Mas
não são apenas os tão sonhados 4.0 que chegam para ela. A vida lhe traz
surpresas peculiares, novas experiências, conflitos, erros, acertos e um amor
do passado, que está decidido a ter uma nova chance em sua vida, para viver
ao lado dela a história de amor inacabada da juventude.
ATENÇÃO: CONTÉM CENAS DE SEXO E LINGUAJAR INAPROPRIADO.
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ATENÇÃO: CONTÉM CENAS DE SEXO E LINGUAJAR INAPROPRIADO PARA MENORES DE 18 ANOS
Tie vê sua vida mudar da água para o vinho quando uma herança inesperada aparece em seu destino. A velha mansão rosa, que
pertenceu a sua tataravó, a escandalosa notória cortesã Juditi Luvie, no século dezoito, passou para sua avó, madame Luvie, e
agora pertence à Tie, trazendo o legado da cortesã para ela. O amor que a aguardava entre as primaveras, finalmente, consegue
florescer com sua chegada à mansão, fazendo-a ficar dividida entre ser apenas o mais puro desejo, que lhe faz queimar pelo
arrogante francês, ou se ele realmente é sua alma gêmea. A única coisa que ela terá como bússola para achar seu verdadeiro
caminho, será o delicado anel que já está há quatro gerações em sua família.
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Cristina Self viveu isolada do mundo por anos, depois de um divórcio traumático e
abusivo. Ela se sentia segura em sua bolha, até que conheceu Ariel Miller, um advogado
criminalista famoso por sua frieza e cinismo nos tribunais. Atraída pelo seu carisma e seu olhar
penetrante, Cristina se entregou a uma noite de paixão nos braços do sedutor homem. Mas o que
ela não esperava era que o destino os unisse novamente, em uma situação que mudaria suas vidas
para sempre. E depois de uma noite ardente e envolvente, Cristina irá enfrentar o céu e o inferno
para viver seu amor.