Análise Do Filme - Extraordinario

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CENTRO UNIVERSITÁRIO OPET – UniOpet

BEATRIZ GEFFER CARON


SIMONE CELI CHEN
CAROLINE

TRABALHO DE PSICOLOGIA ESCOLAR


Análise Crítica do Filme “O Extraordinário” sob a Luz da Psicologia
Escolar

CURITIBA
2024
RESUMO DO FILME “O EXTRAORDINÁRIO”

“Extraordinário” é um drama norte-americano, baseado no livro homônimo de


R.J. Palacio, que teve sua estreia no ano de 2017, do qual conta a história de
August Pullman, um garoto de 10 anos que nasceu com uma deformidade
facial rara, devido à síndrome de Treacher Collins. A história se concentra em
August, também conhecido como Auggie, interpretado de forma brilhante por
Jacob Tremblay.
Logo no início vemos uma questão importante para o desenrolar da trama, o
luto na gestação e seus impactos emocionais em toda a família são essenciais
para entender o contexto no qual August Pullman se desenvolve. A
representação das características psicológicas e emocionais de Auggie, como
sua autoestima e a utilização do capacete de astronauta como uma metáfora
de proteção e projeção de emoções, são aspectos interessantes que
enriquecem a narrativa.
Durante vários anos, o menino foi criado em casa, sobretudo porque teve que
se submeter a diversas cirurgias plásticas desde o nascimento. Apesar de não
ter tido contato com outras crianças, os pais o amavam e cuidavam muito dele.
Em particular, sua mãe, que abandonou a sua tese para dedicar-se
exclusivamente ao filho, sendo também sua professora.
Quando Auggie tinha 10 anos, os pais tomaram a decisão de colocá-lo em uma
escola regular, e neste período ele passa a enfrentar uma série de desafios.
Auggie começa a enfrentar sozinho uma sala de aula, o refeitório e o pátio,
que, para ele, é o pior local, uma vez que é o local onde há um número maior
de crianças e onde há uma maior interação entre elas. Ele é constantemente
ignorado, observado e, até mesmo, "julgado", o que o faz se sentir isolado.
Auggie é um menino inteligente, amoroso e cheio de vida, mas sua aparência
física faz com que ele seja frequentemente alvo de olhares curiosos e
comentários cruéis. O filme acompanha a sua trajetória, com ele enfrentando o
preconceito, até que consegue estabelecer laços de amizade com alguns
colegas da sala de aula, o que o ajudou a aumentar a autoestima e a quebrar o
muro de proteção. Ao longo do tempo, o jovem foi se incorporando à sociedade
e estabelecendo amizades que ultrapassavam seus limites.
Além de Auggie, o filme também explora as perspectivas de outros
personagens importantes em sua vida, como seus pais, sua irmã Via e seus
colegas de classe. Cada personagem tem um período de crescimento e
aprendizado ao lidar com as dificuldades e os conflitos que surgem na história
de Auggie.

"Extraordinário" é uma obra comovente e inspiradora que nos lembra da


importância de valorizar a diversidade, cultivar a empatia e ser generoso com o
próximo. Esta é uma história que toca o coração e nos faz refletir sobre o
verdadeiro significado da beleza e da bondade.

O filme aborda de forma sensível e profunda, temas como família, superação


de desafios, bullying, autoaceitação e crescimento pessoal, oferecendo uma
reflexão sobre a importância do apoio familiar, da empatia e da tolerância na
construção de relacionamentos saudáveis e na formação da identidade
individual. Mas abordaremos neste trabalho em específico o bullying que se
sobressai no filme, sob o olhar da psicologia escolar.

REFLEXÃO CRÍTICA
Auggie é alvo de bullying por um de seus colegas por conta da sua aparência
única, o que reflete nos problemas reais enfrentados por crianças e
adolescentes nas escolas e pode ter vários impactos em suas vidas. A
constante intimidação e exclusão podem afetar profundamente a autoestima e
o bem-estar emocional.
Podemos ver no filme que é uma das crianças que pratica o bullying
especificamente, alguns ajudam na prática, outras assistem passivamente e
algumas reagem contra, de forma a dar apoio a Auggie
O Bullying é o ato de agredir alguém, fisicamente ou a sua moral, de maneira
repetida contra alguém com baixa capacidade de defesa, por um longo período
e tem caráter de abuso físico ou psicológico (OLWEUS, 1993 apud BANDEIRA;
HUTZ, 2010).
Diferente de outras agressões o Bullying, por ser algo que não é provocado
pela vítima, vem de forma gratuita com uma desigualdade de poder muito
grande, repetidamente, mesmo que a vítima não se defenda (FANTE, 2005
2008ª apud FREIRE; AYRES, 2012).
Os envolvidos na prática do bullying, são os autores, aqueles que praticam a
agressão, o alvo que é quem é vítima das investidas, e tem também o
alvo/autor, que é aquele aluno que recebe a agressão, mas revida da mesma
forma com outras pessoas ou com seu agressor. E tem também os
expectadores que assistem e muitos vezes são omissos (SCHAFER, 2005
apud FREIRE; AYRES, 2012).
O bullying pode ser direto, quando as vítimas sofrem com apelidos, ameaças,
empurrões, gerando mal-estar. O indireto é o que causa exclusão, indiferença
ou difamação. Outro tipo mais recente é o cyberbullying que é feito através de
redes sociais, e-mails, fotos, para prejudicar grupos ou pessoas, de forma
anônima na maioria das vezes, de maneira rápida e devastadora. (LOPES,
2005; FANTE & PEDRA 2008 apud FREIRE; AYRES, 2012).
Como vemos em “Extraordinário” o agressor é um aluno que passa por
problemas familiares e para sentir-se melhor desconta suas frustrações em
Auggie. É nítido que ele sofre de baixa autoestima, por conta do poder exercido
pelos pais sobre ele, o que resulta em um comportamento parecido nos
colegas mais vulneráveis. Na grande maioria os “bullies” (agressores), são
inseguros e tendem a procurar alvos frágeis e que não se defendem.
Geralmente tem habilidades de liderança, persuasão, influência e habilidade de
sair de situações difíceis, quando perguntados sobre seus atos (FANTE;
PEDRA, 2008 apud CARNEIRO, 2018).
É importante abordar esses impactos com sensibilidade e empatia, oferecendo
apoio emocional, estratégias de enfrentamento e intervenções para ajudar a
superar os efeitos negativos do bullying. Reconhecer e combater o bullying é
fundamental para promover um ambiente escolar seguro, acolhedor e inclusivo
para todos os alunos.
"A escola é um contexto que propicia desenvolvimento de
habilidades, competências, formação e desenvolvimento de
conceitos, saberes e opiniões, por isso tem o papel
fundamental de buscar alternativas para o enfrentamento e
prevenção do bullying. Nessa perspectiva, aponta-se a
importância da inserção do psicólogo escolar/educacional,
objetivando realizar um trabalho de prevenção e enfrentamento
da violência no contexto em que ocorre" (FREIRE; AYRES,
2012).
Auggie foi de imediato acolhido pelo professor e pelo diretor, assim que soube
das atitudes do outro colega, tomou as medidas cabíveis e não tolerou “passar
pano” por conta do status social da família. O que demostra muitas coisas em
relação as atitudes do aluno. O comportamento agressivo segundo Lisboa
(2005), vem da sua interação com seu entorno, seja social, escolar ou familiar,
e que uma criança não é agressiva, mas está agressiva (LISBOA, 2005; apud
BANDEIRA; HUTZ, 2010). Ocorre geralmente entre os 9 e os 15 anos (ROLIM,
2008 apud BANDEIRA; HUTZ 2010).
O bullying pode causar:
1. Baixa autoestima: O bullying mexeu com a confiança de Auggie em si
mesmo, levando a uma sensação de desvalorização e inadequação. Ele pode
começar a duvidar de suas próprias habilidades e qualidades positivas.

2. Isolamento social: O medo de ser alvo de bullying leva Auggie a se sentir


isolado e solitário. Ele pode se retrair socialmente, evitar interações com os
colegas e se sentir desconectado do ambiente escolar.

3. Problemas emocionais: Auggie pode experimentar emoções intensas, como


tristeza, raiva, medo, ansiedade e depressão, como resultado do bullying.
Esses sentimentos podem afetar seu humor, seu sono e sua capacidade de se
concentrar na escola.

Ao longo do filme, Auggie passa por um processo de desenvolvimento social e


emocional, aprendendo a lidar com suas próprias emoções e a interagir com os
seus colegas na escola. A resiliência de Auggie perante as dificuldades
enfrentadas e o apoio da escola e dos pais fazem toda a diferença para que ele
consiga desenvolver suas habilidades sociais e emocionais. Os professores
desempenham um papel crucial, mostrados como facilitadores no processo de
aprendizagem e como modelos de comportamento positivo, enquanto os pais
de Auggie desempenham um papel ativo no apoio ao seu filho e na promoção
da sua autoestima e confiança.
As possibilidades de enfrentamento ao bullying, devem ser de forma não
generalizadas, pois deve-se entender o contexto em que se insere, a cultura da
escola, a dinâmica familiar e entorno social desse aluno (MARINHO-ARAUJO
& ALMEIDA, 2008; ORTEGA & DEL REY, 2002 apud FREIRE; AYRES, 2012).
Nesse contexto entra a psicologia escolar e o trabalho do psicólogo. Não em
forma só de resolução de problema, mas principalmente de prevenção. Estudar
a dinâmica escolar, implementar oficinas sobre o assunto, abrir para escuta dos
alunos, pais e professores, desenvolver estratégias de enfrentamento e estar
aberto promovendo um ambiente seguro, formulando regras a serem seguidas,
fortalecendo os vínculos entre professores e alunos, família e escola ( FREIRE;
AYRES, 2012).
Os alunos quando ativos num processo de implementação de regras, onde
realmente participam, sentem-se seguros e ouvidos, trazendo uma relação de
respeito pelas pessoas e pelas regras construídas em grupo. Sendo assim
nota-se a importância do psicólogo no processo individual de investigação
primeiramente desse ambiente e posteriormente de resolução de problemas.
(FREIRE; AYRES, 2012).

CONCLUSÃO
O bullying é um tipo de agressão que se diferencia das demais por conta do
contexto e frequência em que acontece. Visto isso, faz-se necessário o bom
trabalho de um psicólogo escolar que estude e intervenha de maneira
contextualizada e ativa no processo de investigação, escuta, ação e resolução.
O bullying pode acarretar diversos sintomas indesejáveis e negativos em quem
sofre e até em quem pratica a longo prazo. Faz-se indispensável um trabalho
do psicólogo para com os alunos e a escola e a escola e os pais, no
enfrentamento e criação de regras que sejam favoráveis ao bom convívio entre
pares, dentro e fora das instituições de ensino.
O filme exposto tem uma carga de informações muito relevantes em relação ao
contexto escolar e a dinâmica do Bullying. Podemos concluir que
“Extraordinário enriquece o aprendizado da nossa disciplina e da futura carreira
profissional, nos faz refletir as atitudes como pais, professores, profissionais da
saúde e alunos.
REFERÊNCIAS
EXTRAORDINÁRIO. Direção: Stephen Chbosky. Produção David Hoberman e Todd
Lieberman. Canadá: Paris Filmes, 2017. Youtube.

FREIRE, Alane Novais; AIRES, Januária Silva. A contribuição da


psicologia escolar na prevenção e no enfrentamento do
Bullying. Psicologia Escolar e Educacional, [S.L.], v. 16, n. 1, p.
55-60, jun. 2012. FapUNIFESP (SciELO).
http://dx.doi.org/10.1590/s1413-85572012000100006.

BANDEIRA, Cláudia de Moraes; HUTZ, Claudio Simon. Bullying:


prevalência, implicações e diferenças entre os
gêneros. Psicologia Escolar e Educacional, [S.L.], v. 16, n. 1, p.
35-44, jun. 2012. FapUNIFESP (SciELO).
http://dx.doi.org/10.1590/s1413-85572012000100004.

CARNEIRO, Núbia Célia. Enfrentamento do bullying no ambiente


escolar. Jundiaí - São Paulo: Paco Editorial, 2018. 128 p.

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