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Introdução
Objetivo Geral
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I Congresso Pesquisa Gorda: Ativismo, Estudo e Arte, de 8 a 10 de setembro de 2022 (Anais Eletrônicos).
Compreender como as redes sociais, pela via da positividade e felicidade fabricada (han,
2015), fortalecem para o aumento e disseminação em larga escala da gordofobia junto a
adolescentes.
Objetivo específicos
1. Contribuir na desconstrução de estereótipos sobre a obesidade em adolescentes;
2. Analisar a importância das redes sociais nos processos formativos de adolescentes
obesos.
Justificativa
O presente trabalho se justifica por tentar trazer à tona uma discussão ainda atravessada
por preconceitos e polêmicas que têm aparecido de forma intensa na mídia ultimamente. Não
apenas o senso comum polemiza essa questão como a própria ciência, ou mais especificamente
a psicologia, por meio dos profissionais que atuam em nome dela. Várias manifestações na
mídia e redes sociais bem como interpretações psicológicas específicas – embora na contramão
do movimento da psicologia como ciência e profissão – legitimam a ideia de que a obesidade é
um mal que precisa ser combatido e que, para tal, basta que a pessoa obesa tenha força de
vontade. Tal legitimação produz sofrimento, o que justifica a necessidade de pesquisa e
aprofundamento teórico-metodológico em relação ao tema.
1. MÉTODOS
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reflexiva" (SZYMANSKI, 2002), que tem como premissa o fato de que uma entrevista pode e
deve apresentar uma condição de reflexividade, o que significa uma relação calcada na
horizontalidade entre entrevistador e entrevistado. Tal procedimento implica uma dinâmica
dialógica entre os participantes. O processo considera não apenas um movimento de simples
escuta, ou coleta de dados (no sentido unilateral), mas uma contínua volta ao entrevistado,
movimento este que tem como objetivo o esclarecimento daquilo que está sendo dito, bem como
a criação de um espaço de interação no qual o entrevistado se sinta confortável. O "resultado"
é sempre um recorte, um ângulo que é trazido à tona de uma maneira específica, pela linguagem
possível. Essa é a verdade a ser considerada. É neste sentido que se adere a uma visão não-
objetivista do significado. A compreensão, quanto à sua forma “(...) lembra menos o
entendimento de um conteúdo, um significado noético, do que a participação em um diálogo”
(GRONDIN apud DENZIN, LINCOLN, 2006, p. 199).
Não possuir um roteiro prévio além da questão desencadeadora e da questão-eixo, que
é o principal interesse do trabalho, constitui um importante aspecto da pesquisa de abordagem
fenomenológica: trata-se de um exercício de abertura, por parte do entrevistador, para aquilo
que se manifestará, e que não necessariamente se conhece. Trata-se de um preparo para o
inusitado, desconhecido, para o vir-a-ser, ou seja, para a gama de possibilidades com a qual
temos que lidar no âmbito da psicologia (na pesquisa ou não). Este é, portanto, um recurso
metodológico.
Participantes
A definição dos sujeitos para esta pesquisa se deu através da rede de contato dos
pesquisadores. As características da amostragem são jovens adultos, por volta de 22 anos,
engajados em redes sociais.
O primeiro entrevistado foi o R., um jovem do gênero masculino, cisgênero e
heterossexual, com uma personalidade super extrovertida, ele é usuário assíduo de redes
sociais, tem por volta de seus 1,75 de altura, além de comentar que é apaixonado por esportes
e ama futebol desde jogar até acompanhar as partidas.
A segunda pessoa que foi entrevistada foi a Ni., uma jovem do gênero feminino, que se
apresenta como uma pessoa lgbtq+ e cisgênero, além disso é influenciadora digital, trabalha
com redes sociais e diz que tem uma autoestima alta, gostando de se maquiar e usar roupas que
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a fazem se sentir bem. É super comunicativa e expressiva, sendo fácil de conversar, pois nunca
fica sem assunto.
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Assim, a interpretação do sentido é uma tarefa hermenêutica; nela a compreensão é a
antecipação de um novo projeto de sentido.
2. RESULTADOS
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gordofobia sofrida por seus colegas, além do foco da aceitação social.
A partir disso, quando nomeamos a unidade de sentido “Aceitação Social” chamamos
atenção para as falas que representam vivências de como pessoas gordas são vistas, e
enquadradas na sociedade, se são mais ou menos aceitas.
As unidades de sentido “autoestima” e “autoestima nas redes” buscam agrupar tudo
aquilo que os entrevistados entendiam como autoestima dentro e fora das redes,
respectivamente e juntamente com o modo como se viam, como cuidavam de si etc.
A “frequência de uso das redes” surge na tentativa que os entrevistados revelem parte
de sua relação com as redes, e descrevam da maneira que acharem mais confortável sua
intimidade com essa ferramenta.
Ao longo da narrativa construída nesta pesquisa pudemos concluir que nem sempre o
discurso biomédico visa a saúde do paciente, e que por vezes ignora dados importantes
apenas por estar tratando de uma pessoa gorda, que é automaticamente considerada doente.
O tópico “Gordofobia Médica” demonstra essas denúncias sutis que são de grande valia,
uma vez que é esse discurso que sustenta parte da gordofobia.
Lançamos luz também no desejo por “mudanças estéticas” e o “desejo de ser magro”,
uma vez que estas nem sempre podem ser tão inofensivas e frutos de um desejo próprio, e
sim de uma imposição social por um padrão de beleza que privilegia corpos magros e
esculpidos esteticamente. A violência relaciona-se intimamente como esse tópico. Apesar
de nomearmos duas unidades de sentido diferentes (“violência” x “violência nas redes) para
classificar a violência no contexto da gordofobia, o desejo por mudanças estéticas pode ser
sustentado na ideia de se findar um sofrimento causado pelo bullying, por exemplo. O
“desejo de ser magro” e as “mudanças estéticas” são diferentes entre si, ainda que estejam
extremamente ligados. Compreendemos que as mudanças estéticas surgem de um padrão
de beleza que não cultua somente a magreza, mas também aos narizes finos, lábios
carnudos, seios fartos, olhos grandes etc. enquanto o “desejo de ser magro” demonstra
principalmente a busca pelo corpo magro.
Ao fim foram construídas as constelações “gordofobia dentro das redes sociais”
dedicada às vivências gordofóbicas oriundas das redes, e “gordofobia fora das redes sociais”
dedicada às vivências igualmente violentas, mas que possuem outros contornos,
significados, mecanismos e modos de enfrentamento. Notamos a necessidade em
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categorizá-las dessa maneira em função da frequência com qual cada uma apareceu no
discurso dos entrevistados, e do significado e relevância que eles atribuíam a cada uma
delas.
A partir disso se deu a análise dos dados para a construção da discussão. Os pontos
observados reforçam em maior ou menor grau a compreensão do fenômeno que nos
propusemos a estudar nesta pesquisa.
Além disso, ao longo do desenvolvimento da pesquisa surgiu a possibilidade de
apresentação dos resultados parciais no “VIII Seminário Corpo, Gênero e Sexualidade, IV
Seminário Internacional Corpo, Gênero e Sexualidade e IV Luso-Brasileiro Educação em
Sexualidade, Gênero, Saúde e Sustentabilidade”.
3. DISCUSSÃO
As entrevistas trouxeram uma visão inesperada para o tema, uma vez que a expectativa dos
pesquisadores era encontrar com nitidez as consequências da gordofobia na internet na vida de
jovens adultos, entretanto o cenário foi completamente diferente. Ressaltamos que as
experiências contidas nas entrevistas podem não expressar a vasta gama de violências
experienciadas por pessoas gordas, bem como não representar um fenômeno coletivo.
Podemos observar que a vivência dos dois entrevistados é muito grande dentro das redes
sociais, pois NI é uma influenciadora digital e Ra. revela que: "Minha relação com rede social
é muito grande, eu uso muito, muito, muito redes sociais, muito mesmo..." (Ra., 2022. Anexo
3) como seu relacionamento com as redes sociais é muito grande.
Segundo esse trecho:
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Cada vez mais as redes sociais fazem parte das nossas vidas, principalmente as digitais.
Pois como demonstrado no texto cada vez mais esses meios de ligação se tornam parte do nosso
cotidiano.
Com isso, observamos uma maior dependência das pessoas para com a internet, pois como
mostrado na entrevista o Ra. até chega a se distanciar das redes sociais e diz que foi uma coisa
boa, pois elas são bem tóxicas, entretanto um tempo depois ele volta a fazer parte para dar
parabéns para um amigo. Então, isso nos traz que algo só é realmente válido se for
compartilhado de maneira que todos possam ver e validar.
Apesar das falas de ambos conterem um certo ar de exagero e autopunição pelo tempo
que passam nas redes, nenhum deles soube quantificar esse “quanto”. É de praxe que haja uma
cobrança excessiva pela redução do uso das redes, uma vez que todos compreendem os
malefícios e as repercussões dessas mídias digitais em nosso cotidiano, autoestima, qualidade
de vida e outros impactos negativos. Mas chamamos atenção para o fato de que estar
completamente deslogado pode ser igualmente prejudicial, uma vez que é nas redes que
encontramos grupos de pertencimento (mesmo que não estejamos no mundo virtual, é comum
que conversemos com nossos amigos sobre algo que vimos no Instagram, TikTok, YouTube
etc.).
Ao longo da realização da pesquisa bibliográfica observamos o caráter mágico que é
atribuído à magreza. É como se criassem um mito para pessoas gordas, que caso essas
emagreçam, todos os seus problemas magicamente deixariam de existir, e um templo seria
erguido para essas pessoas uma vez que seu antigo eu (gordo) morreu, pois essa pessoa foi
capaz de se superar e se podar em tal nível que atingiu a magreza. Ao longo das falas de RA,
quando questionado sobre a realização de uma cirurgia bariátrica, e se esse era um desejo
genuinamente seu, ou que é influenciado por terceiros, o entrevistado respondeu:
“Eu precisava emagrecer para ser saudável para voltar a jogar bola, isso
é algo que eu fico muito triste, pois eu não consigo jogar bola, muito
por conta, muito por conta não, por conta da obesidade eu adquiri asma,
então assim eu não consigo jogar bola, tipo é cinco minutos ou até
menos jogando bola eu passo mal de tipo não conseguir respirar é tipo
é horrível, então eu, eu, muito por conta da minha saúde eu gostaria de
fazer uma cirurgia dessa, mesmo que pensando agora talvez isso seja
um negócio meio que terceiro, mas enfim.” (Ra., 2022. Anexo 3)
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Ao longo da realização da pesquisa, tanto no tocante aos levantamentos bibliográficos
que sustentam nossa tese, quanto ao realizamos entrevista, nos deparamos com a gordofobia
dentro do discurso biomédico, que atua de forma segregadora e “preguiçosa” e alimenta o
discurso gordofóbico, uma vez que ao se depararem com uma pessoa gorda, os médicos
automaticamente relacionam a queixa dos pacientes ao seu peso, por vezes, sem realizar a
devida investigação, solicitar os devidos exames. RA relata um episódio no qual recebeu o
diagnóstico de Asma, e sem qualquer comprovação o médico automaticamente atribuiu o
diagnóstico ao seu peso.
A prática é tão regular que NI chega a se espantar ao não ter seu peso questionado de
forma ácida por uma médica.
Atentamos que apesar de parecer uma atitude louvável por parte da profissional, não
deveria ser. Não deveríamos parabenizar profissionais por não serem gordofóbicos e
restringirem-se ao exercício de sua profissão com ética e respeito, pois essa prática que atende
aos requisitos básicos de empatia é utilizada rotineiramente com pessoas magras, que raramente
são questionadas sobre como cuidam de sua saúde ou mesmo se essa anda “em dia”.
Segundo JIMENEZ (2021), em seu artigo sobre gordofobia para revista Epistemologias
do Sul:
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engajamento, vendo-os, dentro do possível, como nicho para gerar entretenimento que não
banalize a gordofobia, ou caia no velho estereótipo de gordo, engraçado e atrapalhado.
Além disso, conseguimos observar como a pressão familiar é fator que contribui para a
imagem que o indivíduo tem de seu corpo. O núcleo familiar prejudicou a imagem que a
entrevistada tinha de seu corpo e como ela faria de tudo para alcançar os padrões impostos por
eles até mesmo parar de comer.
Esse assunto é retomado por ela em outros pontos da entrevista e explicita como é algo
que a afeta até hoje, entretanto hoje em dia ela consegue lidar melhor com o assunto e diz ter
uma autoestima ótima.
Podemos ver em outro artigo de JIMENEZ (2021), em que ela mostra como a família
pode ser o primeiro contato da gordofobia com o indivíduo:
Partindo do ponto de vista do núcleo familiar, podemos ver como o Ra. teve o apoio de
sua mãe nesse quesito e que todos os comentários voltados a ele nunca foram como críticas e
sim por preocupação, muitas adquiridas por terceiros e informações gordofóbicas que a
sociedade reproduz.
Notamos como esse apoio foi importante para ele lidar com todo o preconceito que ele
lidou ao longo dos anos, principalmente na decisão de fazer ou não a cirurgia, que como ele
comenta é algo que o deixa muito aflito, pois é uma grande mudança em sua vida.
Ao longo da elaboração da pesquisa, pudemos perceber que em ambos os casos, por
serem pessoas gordas desde suas infâncias, NI. e RA., possuem uma relação diferente com a
gordofobia das redes sociais. Foi assim que surgiu a necessidade de classificar as constelações
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em “gordofobia dentro das redes sociais” versus “gordofobia fora das redes sociais”, a diferença
entre elas nasce tanto na forma como é exercida, quanto, neste caso em particular, no quanto
cada uma afeta os sujeitos dessa pesquisa. Uma vez que ambos sempre estiveram fora do padrão
de magreza e sempre lutaram com seus pesos e contra seus corpos, tendo ambientes que
deveriam ser acolhedores como lugares extremamente hostis - médicos, familiares, escola-
quando se deparam com a gordofobia das redes sociais, não enxergam nela tamanha violência.
Salva as devidas proporções, a gordofobia que encontramos nas redes sociais por vezes
adquirem um aspecto mais velado, sútil, quase mascarado pelo manto da saúde e bem-estar. No
mesmo ritmo, ambos os entrevistados retratam o período da infância e da escolarização como
um dos mais violentos em termos de gordofobia e bullying.
As redes sociais cumprem um papel importante na vida desses jovens adultos, ainda que
ela não seja o ambiente mais explicitamente nocivo que encontraram ao longo de suas vidas,
ambos se consideram consumidores assíduos das redes sociais, e essas têm por sua vez, o
potencial de criar um ideal de felicidade, visto que, segundo Nascimento (2018): “Pelas
interações em nossos círculos, aprendemos particulares expressões e representações da
felicidade e apreendemos aquela que nos será própria e particular, tomando-a como produto do
nosso íntimo, fruto da subjetividade”. Além disso, um dos principais padrões vendidos por essa
indústria é o da beleza, extremamente atrelado a padronização de corpos, e ao cultos a magreza,
como expõe Jacob (2014):
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perguntas e comentários de forma anônima. NI compartilhou em suas redes sociais o acesso ao
seu Ask.FM, e suas redes sociais na época eram compostas principalmente por colegas da
escola. A violência tomou tamanha proporção, que apesar de ocorrer fora do ambiente escolar,
tornou-se pauta dentro desse, sendo que alguns de seus colegas foram chamados a atenção pela
diretora. Segundo NI, as mensagens eram enviadas da seguinte forma “o que eles mandavam
era tipo falando que eu sou gorda, que eu sou feia, que eu sou puta" (Ni, 2022. Anexo 4). O
que chama atenção neste trecho, além do teor de violência contido, é a tentativa de apagamento
da identidade de NI, atrelando sua característica física ao menosprezo e ao nojo atribuídos à
prostituição. NI rompe com a ideia de mulher perfeita e mesmo que ainda fosse uma criança,
não foi poupada do linchamento por não se encaixar nesse padrão.
Vasconcelos, et al. (2004) explana sobre como esquecemos que o nosso corpo possui
uma linguagem socialmente adquirida e está inserido em um universo simbólico. Sendo assim,
pensando nos ambientes de redes sociais, nas quais o corpo gordo é banido, uma vez que ele
não é o padrão de beleza, como descrito por Jacob (2014), os estigmas que rodeiam pessoas
gordas se tornam um fardo. Além de serem corpos banidos do convívio social, também se
tornam alvo dentro das redes sociais, uma vez que essa garante anonimato em certo grau.
Quando questionados sobre como se deram as relações entre sua autoestima e seus
corpos dentro das redes sociais, os entrevistados deram respostas diferentes. O que os une é a
necessidade de mudar sua postura num movimento que se assemelha ao de autopreservação.
Ambos foram impactados mais fortemente pela gordofobia ao longo de suas vidas, sobretudo
na infância e adolescência, e ao se depararem com o ambiente hostil das redes sociais não
permitiram que essa exercesse controle sobre a visão que tinham de si.
Após as realizações das entrevistas, recebemos a notícia que o Ra. fez a cirurgia
bariátrica e que passa bem. Ele comentou que não foi movido pelas redes sociais ou pela
gordofobia que sofreu, mas sim pela sua vontade de voltar a jogar futebol e está bem com a
decisão, como dito anteriormente ele recebeu todo o apoio de sua mãe e conta com auxílio de
psicólogos, que o acompanham bem antes da tomada de decisão.
4. CONCLUSÃO
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As redes sociais, apesar de não serem o campo mais nocivo para alguns sujeitos,
sobretudo aqueles que cresceram rodeados por bullying, críticas e outras formas de violência
muito mais nocivas, cumprem um papel de perpetuação da gordofobia, espalhando simbologias
e banindo imagens de pessoas gordas. Além disso, a garantia do anonimato enche de coragem
aqueles que possuem maior aversão pelo corpo gordo, permitindo que o ódio adquira formas
nunca vistas antes.
Ao longo da realização da presente pesquisa, pudemos observar enquanto pesquisadores
e pessoas magras, o quanto questões no tocante a gordofobia nos cercam, e passam a fazer parte
de nosso cotidiano de modo que também somos perpetuadores dessa violência sem que nos
demos conta. Além disso, ficou ainda mais evidente, como ao adentrarmos nesse espaço, houve
“novidades” que não são novas, mas uma vez que até então não havíamos olhado com atenção
para a gordofobia, nos saltaram os olhos. Sendo assim, a atitude reflexiva para a construção
dessa pesquisa não se restringiu ao campo científico, mas também em uma reflexão sobre o
nosso cotidiano, conteúdo consumido, as simbologias emergidas em simples postagens em
redes sociais e a problematização de estigmas que são tidos como “normais”.
5. BIBLIOGRAFIA
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