Manual de Projecto Final
Manual de Projecto Final
Manual de Projecto Final
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Escola Superior de Enfermagem de Lisboa – Pó lo Artur
Ravara
Autores:
Ana Loureiro
Cá tia Patacas
David Franco
Filipa Santos
Miguel Soares
Ná dia Borralho
Raquel Simã o
Susana Duarte
Lisboa, 2009
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Copyright 2009
ÍNDICE
Dedicatória
Introdução
Conclusão
Bibliografia
3
Este manual é dedicado a todos aqueles que o decidiram abrir, e com este modificar as suas vidas e
Mas é especialmente dedicado a cada um de nós, que somos as pessoas mais importantes nas nossas
vidas.
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INTRODUÇÃO
Quantas vezes se perguntou “Qual a razão da sua existência?”, “Será que o seu
destino foi traçado por alguém Superior a si?”, “Ou será que está destinado a conduzir
a sua vida?”.
Havendo algo Superior ou não, o leitor pode conduzir a sua vida, pode decidir o que
fazer hoje ou amanhã, pode traçar um plano do que pretende fazer daqui a um, dois ou
dez anos. O leitor pode fazer um projecto da sua vida.
A palavra “projecto” deriva do latim “para diante”, remetendo para algo pertencente ao
futuro, algo que vai mais além. O planeamento do seu futuro é, portanto, um projecto…
O projecto da sua vida. Sendo assim, quando faz um projecto pretende, através da
acção sobre os meios que o envolvem, modificar a realidade em que se encontra para
atingir um fim, um objectivo.
Como pôde constatar na frase anterior, para realizar um projecto o leitor deve estar
envolvido nele como actor principal. A acção sobre os meios é da sua
responsabilidade, bem como a modificação da realidade para atingir os seus
objectivos. O leitor é, portanto, o actor principal da sua vida. No trabalho do seu
projecto é o leitor que vai pensar como irá alcançar os seus objectivos para o futuro.
Primeiro, é importante olhar para a sua realidade de hoje para pensar no que poderá
mudar amanhã. Tendo a noção dos seus problemas, já poderá pensar na melhor forma
de os resolver. Resolvendo-os, elimina alguns obstáculos que poderiam interferir no
percurso da sua vida. Durante este percurso o leitor pode descobrir mais um pouco
sobre si próprio e mudar as suas ideias para o futuro. Tem todo o direito de reformular
os seus objectivos e fins. É a sua vida, o leitor é que decide, a todo o momento, o que
fazer com ela. O importante é não sentir medo dos obstáculos que lhe surjam, pois eles
sempre irão existir. Seja persistente e nunca perca de vista os seus objectivos. Assim,
o seu projecto final será bem sucedido.
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CAPÍTULO I – PENSE E CRITIQUE…
Quantas vezes já não pensou no que gostaria de mudar na sua vida? Quantas vezes
pensou em algo que gostaria de concretizar? Ou quantas vezes já não pensou em
obstáculos que tem e gostaria de ver ultrapassados?
Este pensamento é com certeza uma constante na vida de cada pessoa. Mas quantas
vezes reflectiu sobre estas questões? A esta actividade mental reflexiva e
questionadora dá-se o nome de pensamento crítico ou raciocínio. Segundo Ennis
(1987,s.p.), o pensamento crítico é um “razoável pensamento reflexivo que é focalizado
no que acreditamos ou fazemos”; para Halpern (1984, s.p.) é “a tendência de envolver-
se numa actividade com uma desconfiança reflexiva” e “propositadamente o alvo do
pensamento”.
Este pensamento crítico requer, através de uma visão científica, um desenvolvimento
de estratégias que aumentem o potencial e as capacidades humanas, compensando os
problemas causados pela natureza humana.
Neste momento o leitor poderá questionar-se sobre as características que deverá ter
para pensar criticamente.
Comece por ser um pensador activo, desenvolvendo uma “atitude questionadora” não
assumindo sempre como certa a informação que lhe é fornecida. Faça uma pesquisa
constante de informação. Depois de reunida, esta deverá ser sempre por si analisada e
interpretada.
Contudo, não caia no erro de julgar que é detentor de todo o conhecimento e sabedoria
por muito perito que seja em determinada área. Seja intelectualmente humilde, ao
ponto de reconhecer as suas limitações.
Do mesmo modo, seja imparcial e empático. Não se deixe influenciar pelas suas
próprias percepções, valores e crenças. Coloque os seus sentimentos de lado e
considere todos os pontos de vista, os seus e os dos outros, compreendendo-os
genuinamente.
Para tornar isto possível, é importante que troque ideias de forma a compreender cada
fenómeno sobre o qual se debruçou e assim encontrar as melhores soluções. Torne-
se, deste modo, num bom comunicador!
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Existem ainda estratégias que promovem um correcto pensamento crítico. A primeira
estratégia corresponde à elaboração de oito questões “chave”. São elas:
Qual é o objectivo do meu pensamento?
Quais são as circunstâncias?
Que tipo de reconhecimento é requerido?
Qual é a margem de erro?
Quanto tempo disponho?
Que recursos me podem auxiliar?
Que perspectivas devem ser consideradas?
O que influencia o meu pensamento?
O ensaio – erro implica tentar várias soluções até encontrar uma que seja eficaz. É um
risco mas, em algumas situações, é uma abordagem necessária para resolver
problemas. Poderá aplicar este método quando existir uma margem de erro
considerável, quando o problema pode ser percepcionado de perto e quando a solução
for examinada logicamente do começo ao fim.
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Parafraseie as suas próprias palavras;
Compare e contraste;
Organize e reorganize a informação;
Procure falhas no próprio pensamento e solicite alguém que o ajude a
identificá-las;
Confira a informação;
Utilize a expressão “ preciso de averiguar” em vez de “eu não sei” ou “eu
não estou certo”;
Partilhe os próprios erros individuais, pois estes são valiosos.
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CAPÍTULO II – QUAL O MOTOR DE ARRANQUE DO SEU PROJECTO ?
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Em conclusão, e como pôde constatar ao longo do capítulo, o leitor é sempre desafiado
a assumir o papel principal no seu processo de aprendizagem, tanto na auto-formação
como na auto-aprendizagem. É também chamado a apropriar-se do poder de gerir a
sua própria formação e aprendizagem. O leitor é o agente activo na sua
aprendizagem!
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CAPÍTULO III - PAPEL DO FORMANDO E DO FORMADOR
O contrato pedagógico é o compromisso assumido por si e pelo seu formador o que por
si só pressupõe um investimento de ambas as partes. Antes de mais, conheça-se a si
próprio tanto a nível pessoal como profissional, visto que todo o projecto será centrado
em si, nos seus objectivos e na realidade em que se insere. Informe a instituição e/ou o
formador sobre o seu projecto através de um documento escrito onde constem: o
problema e justificação da sua escolha, a distribuição de trabalho, prazos e cronologia,
metodologia e etapas de elaboração do projecto.
Assim, deve existir uma “troca” entre formador e formando. O formador compromete-se
a trabalhar em todos os meios necessários para que o formando atinja os objectivos
estipulados. Intervém quando solicitado já que o seu papel é moderar/coordenar o
projecto deixando, no entanto, o formando procurar, descobrir e aprender por iniciativa
própria. Já o formando compromete-se a investir o esforço necessário para o alcance
dos objectivos. Deste modo, o contrato pedagógico promove a autonomia e a
responsabilidade do formando e facilita a orientação por parte do seu formador. Este
compromisso permite assim uma partilha mútua de experiências e aprendizagens entre
os dois sujeitos, em que o formando é também formador e vice-versa.
Durante a realização do seu projecto aconselhamos que faça reuniões com o seu
formador a fim de verificar o ponto da situação, identificar dificuldades sentidas e
discutir metodologias para as ultrapassar.
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CAPÍTULO IV – COMO TRABALHAR O SEU PROJECTO?
Segundo Maria de Lourdes Sampaio (in Servir, Vol. 45 nº3, Luso – Junho 1997),
existem três etapas que o leitor deve seguir para a elaboração do seu trabalho de
projecto.
1º Etapa:
Identifique e formule o problema
Ainda antes de definir o problema, é de extrema importância que identifique e
determine os factos que lhe estão associados. Para tal, responda às seguintes
questões:
Quê? E porquê?
Onde? E porquê?
Quando? E porquê?
Quem? E porquê?
Como? E porquê?
Uma vez respondidas as questões, está então apto para definir o seu problema com o
máximo de pormenor possível. Para o executar com sucesso, recorde-se daquilo que
gostaria de ver alterado e compare com a sua situação real/actual. Esse vai constituir o
seu problema e as respostas dadas no ponto anterior vão ajudá-lo a definir
exactamente a forma de actuar.
Posto isto, elabore um enunciado simples, específico e escrito de forma clara.
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Atenção!
Só depois de concretizados os passos anteriores é que poderá definir objectivos e
assim encontrar soluções adequadas para resolver o problema.
2ª Etapa:
Pesquise e Analise…
Tendo em conta a etapa anterior, a questão que deve colocar nesta etapa é “Que
estamos a fazer?”.
De um modo geral deve, juntamente com o restante grupo, procurar informação, dados
e conhecimentos. Depois deverá analisar tanto a informação colhida como o problema
e preparar as acções a desenvolver, procurando possíveis respostas para o mesmo.
Para analisar o problema, deverá ter em conta a lógica dos factos clarificando o que
lhes deu origem. Siga então os próximos passos:
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Após a análise do problema, é essencial que procure várias soluções, quer através da
pesquisa quer através da criatividade de cada membro interveniente.
Eis algumas ideias que pode utilizar para estimular a sua criatividade:
… e depois Produza!
Uma vez escolhida a solução, deverá preparar um plano que o leve a definir
ordenadamente acções que tornarão possível solucionar o problema. Para isso
sugerimos que responda às seguintes perguntas:
Nesta etapa é imprescindível que tenha momentos de reflexão com todo o grupo para
que todos estejam cientes do andamento dos trabalhos.
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3º Etapa:
Apresente/Globalize/Avalie
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CAPÍTULO V – COMO CONTROLAR E AVALIAR O SEU TRABALHO DE
PROJECTO?
Neste capítulo iremos abordar como poderá controlar e avaliar o seu trabalho de
projecto. Começamos por definir os conceitos de “controlo” e “avaliação” e a relação
entre ambos.
Segundo Jean Pière Obin (1993,s.p.), o controlo não é senão a diferença entre o
projecto-papel (desejável) e o projecto-real, ou seja, entre os objectivos delineados e os
resultados obtidos.
Por avaliação entende-se a elaboração de um juízo de valor sobre os factos
observados, que define o sentido dos acontecimentos e os regula. Ou seja, interpreta
os dados relativos à realidade. A sua maior dificuldade diz respeito à subjectividade do
avaliador, uma vez que depende da formação e conhecimento que este possui.
Tanto o controlo como a avaliação devem ser realizados por si e pelo grupo que
definiu, através da orientação metodológica do seu orientador de projecto.
Deste modo, o controlo é responsável por garantir a conformidade dos procedimentos e
a avaliação pela pertinência dos procedimentos. Assim, o controlo-avaliação são
estabelecidos segundo uma relação onde a avaliação se traduz num juízo de valor
sobre os factos constatados através do controlo.
E agora pergunta-se o leitor como poderá realizar esse controlo e essa avaliação. A
resposta está nos procedimentos internos a desenvolver. Estes só poderão ser
realizados depois do diagnóstico ou da análise da situação.
Primeiro deverá estabelecer os indicadores de controlo e os critérios de avaliação. Um
indicador é um sinal que permite apreender a realidade (processo existente ou
resultado obtido) e que poderá ter um ou mais significados.
Segundo Jacques Ardoino e Guy Berge, o critério “operacionaliza a possibilidade de
julgamento”, permitindo explicar, discutir e regular a sua acção, segundo um papel
formativo, e antes desta ocorrer, através de um papel prospectivo. A elaboração de
critérios dar-lhe-á possibilidade de ir além da questão “Qual acção?” para abordar o
“Como e porquê desta acção?”. A pertinência dos critérios é garantida pelo facto de
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serem os próprios membros a elaborá-los. Contudo, este facto constitui a principal
dificuldade do processo de avaliação.
Posto isto, está apto a efectuar um controlo-avaliação prognóstico e formativo, podendo
assim instaurar os elementos para futuros balanços e novas avaliações de diagnóstico.
Quadro 1 – Fases do Controlo e Avaliação do Projecto
1. Faça um levantamento dos objectivos gerais do
projecto;
2. Realize a lista das acções;
3. Defina os objectivos intermédios visados: que
Verifique a
transformações são esperadas da acção? A que
coerência entre
Fase 1
são observáveis?
para os
2. Proponha dois ou três indicadores para a acção;
controlos.
3. Posteriormente, examine os indicadores e discuta
com os intervenientes responsáveis a sua
aplicação prática.
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1. Defina os processos significativos para cada
acção: o que falta fazer para que aconteçam as
transformações esperadas? Para que objectivo
geral e/ ou objectivo intermédio estamos a
trabalhar?;
Esclareça os 2. Proponha dois ou quatro critérios por acção;
Fase 3
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Melhoria da gestão: procura uma maior eficácia e eficiência medindo-as no
tempo e no espaço;
Relegitimação social: esta função tem como finalidade verificar o valor e a
utilidade social. Esta certificação pode ser revertida sobre a forma de um
controlo de qualidade através da publicação dos seus resultados (indicadores do
projecto);
Transformação: esta é a função mais importante, uma vez que o controlo-
avaliação funciona como uma alavanca de evolução das identidades
profissionais dos participantes. Visa uma evolução das práticas, resultados e
utilidade social. Cada interveniente pode confrontar as suas representações,
sendo elas subjectivas e parciais (na maioria dos casos) ou objectivas e globais.
Enquanto formando, saiba que está a ser orientado por um formador e, como tal, será
avaliado pelo mesmo. Para além de uma avaliação interna (auto-avaliação), será então
alvo de uma avaliação externa.
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CAPÍTULO VI – CAMINHANDO PELO SEU PROJECTO..
O projecto
Ao longo deste manual, temos abordado a elaboração de trabalho de projecto. Neste
momento, o leitor consegue já compreender que um projecto nada mais será que a
mentalização e materialização de um desejo de mudança, a intenção de transformação
do real, representando o final da acção. Logo, o processo não significa somente
previsão, nem antecipação, nem planificação. Projecto é tudo isto, mais o empenho do
formando, que congrega um conjunto de afectos (motivação, desejo, prazer) que irão
acompanhar o desenrolar de uma acção particular e as representações ligadas a essa
acção.
Cada projecto é único e específico, não aparece a propósito de qualquer realidade,
mas sim, a propósito de uma acção específica não repetida. Para alcançar esta acção,
desenvolve-se uma estrutura particular e inédita de operações que conferem um
sentido ao projecto e incidem no seu desenrolar e eficácia.
No entanto, não é o impulso nem o desejo do mesmo que, por si só, realizam um
projecto. Isto porque, o projecto pressupõe a relação “finalidade-objectivo-fim”, fundado
na relação “desejo–limites–valor ” e condicionado pela interacção “ recursos–
limitações–gestão”, como se pode observar no esquema seguinte.
Condicionam
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Apesar do projecto se tratar de uma representação, este forma-se a partir de um
conjunto mais vasto de representações acompanhadas por acções diferentes da acção
principal. Estas acções desempenham um papel fulcral na condução da acção, embora
não actuem directamente na transformação do real.
Assim, um projecto é uma antecipação que se pretende realizar pessoalmente,
relacionada com desejos e com vista a um fim comum com um carácter dinâmico,
representando um futuro.
Frequentemente, a noção de projecto é utilizada para designar, na realidade, dois tipos
de antecipação, dependendo do seu ponto de desenvolvimento. Assim pode ser um
projecto de estado que reflecte os objectivos a atingir. Ou então pode ser um projecto
de acção, caso se verifique que ainda exista um caminho a percorrer e meios a
mobilizar para atingir os objectivos finais, ou seja, alcançar o fim que pretendemos.
O projecto de acção tem, na sua constituição, um conjunto de pressupostos base
necessários à sua estruturação. Existem operações-componentes da acção que são as
representações antecipadoras de uma acção a realizar. Estas levam obrigatoriamente
à designação e descrição de operações que vão actuar como partes da acção mais
alargada, que constitui o objecto do projecto.
De grande importância é também a organização das operações, que se devem ligar
entre si de forma harmoniosa e lógica, de modo a que produzam o resultado final
esperado. Subsequente a esta organização, é necessário hierarquizar as operações e
definir o tempo útil disponível para trabalhar cada operação, sendo neste caso
necessário um ordenamento temporal. Toda esta organização e relação vai levar ao
desenvolvimento de objectivos intermédios, necessários por si só para atingir os
objectivos finais propostos.
Planificação do Projecto
O processo de planificação, bem como todo o processo da condução das acções, é um
processo cíclico e interactivo, que só ganha sentido através de uma démarche de
análise global. Contém quatro características, referido e imagem do real, referente e
imagem do desejável, papel dos actores e resultado. Antes de as definirmos, é
importante perceber como estas são desenvolvidas através de indicadores.
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Referido e imagem do real
O referido é uma imagem finalizada do real, que irá permitir definir com exactidão a
imagem antecipadora e finalizante do estado final que se pretende atingir. Podemos
tomar como exemplo uma acção de formação, em que o seu formador possui a
imagem das capacidades iniciais dos formandos. O referido é o meio necessário e
obrigatório do acto da planificação, contudo estas imagens são subjectivas devido ao
papel dos diferentes actores envolvidos na planificação, estando implicadas a cultura, a
história e experiências de cada um. O referido é criado com o objectivo único de
permitir o desenvolvimento das acções de transformação da realidade.
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transformação. A determinação dos objectivos específicos de uma acção funciona
como que uma reconversão de objectivos, em função das limitações e especificidades
que encontramos na prática.
Assim, é mais correcto designar os objectivos como intermédios, pois normalmente vão
sofrer alterações apesar de serem, por si só, imagens antecipadoras e finalizantes da
realidade. Só pode considerar os objectivos como finais quando estão relacionados
com o estado final da realidade (ou seja após a transformação).
Tipos de operações
Operações de definição dos objectivos de uma acção
É a partir destas que surgirá a escolha dos métodos, dos meios e das estratégias.
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A determinação das prioridades pode efectuar-se em vários momentos da realização
da acção. Inicialmente são feitas escolhas que posteriormente vão evoluindo com as
experiências, o que demonstra as capacidades dinâmicas da démarche de projecto.
Relações de Planificação
Para compreender a démarche de projecto, é necessário entender a forma como se
distribui o papel dos actores e as relações sociais no processo de planificação. Através
desta análise conseguirá compreender a dinâmica entre a planificação e a acção.
Tem que ter em conta que quem intervém na realização da acção, quer como actor
directo ou como actor que disponibiliza os meios de que é detentor, vai ficar implicado
nas operações de planificação correspondentes.
Sendo que o poder real de cada actor no processo de planificação pode ser muito
variável, as decisões podem ser tomadas tendo em conta ou não, a opinião de outros
actores e até de representantes da população afectada pela realização da acção.
Quanto maior o número de actores envolvidos e mais profundo for o seu envolvimento
no processo de planificação, maior a tendência que essas acções têm para se
prolongar no tempo. Contudo, quanto maior for o número de envolvidos na elaboração
do projecto, mais difícil é distinguir o que é importante nos objectivos da planificação,
da realização ou da avaliação dessa acção.
Quanto mais envolvidos os participantes da planificação estão na elaboração do
respectivo projecto, menos a démarche se faz de maneira dedutiva (a partir dos
objectivos) e mais de maneira indutiva (a partir da constatação dos recursos). Isto
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acontece porque o conhecimento prático adquire uma maior importância em detrimento
do teórico.
Modos de Planificação
Primeiro modo: o papel fundamental da démarche não pertence aos intervenientes que
realizam a acção, mas aos responsáveis pelo processo de definição da acção. Assim,
existe uma centralização do poder, sem que a população que vai sofrer a acção tenha
poder na condução da mesma. Neste caso os actores envolvidos na execução podem
diferir dos envolvidos na concepção, assumindo papéis distintos.
Segundo modo: as decisões são tomadas em consenso pelos vários participantes na
démarche de elaboração do projecto, que tem um papel privilegiado na realização da
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acção. Neste caso os actores são polivalentes, desempenhando vários papéis
simultaneamente.
Terceiro modo: Na démarche de elaboração do projecto, os participantes, partilham um
interesse comum na realização da acção, mesmo que os objectivos finais sejam
diferentes. Desempenham, assim, o papel de uma das várias partes interessadas,
tendo como base princípios de negociação e de coerência nas práticas.
O conceito de démarche
A realização de um projecto de acção encontra-se englobada numa démarche mais
vasta designada condução da acção. As démarches de projecto podem então ser
definidas como conjuntos de operações, que possibilitam alcançar uma representação,
levando à procura de um objecto de acção.
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Diferenciam-se três tipos de acções que levam a práticas de condução e planificação
de acções:
Acções novas socialmente inéditas
Este tipo de acções está relacionado com os sectores de vida social, o domínio
industrial, a informática, a pedagogia da formação e em todos os outros em que se
verifique o aparecimento da démarche de elaboração do projecto. Em todos estes
casos, as acções possuem sempre um carácter de novidade e ineditismo.
Estas acções estão relacionadas com um objectivo particular, estando inseridas no
tempo e exigindo a mobilização de recursos definidos durante um período de tempo
limitado.
Este tipo de acções conduzem o leitor a novas práticas de planificação, sobretudo em
situações de instabilidade ou conjunturas de mudança. Aqui, os esquemas e as rotinas
adquiridas anteriormente não são suficientes. Efectue um trabalho de representações
correspondente à condução do acto. É, então, dado início a um trabalho específico ao
nível das representações correspondentes a determinada acção. O resultado final será
a representação de uma estrutura inédita de operações, ao invés de ser a produção de
uma representação totalmente nova.
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ser unicamente um instrumento mental de produção de novas práticas ou um
instrumento de gestão da implicação dos actores envolvidos. Constitui também um
instrumento de gestão da articulação entre a acção planificada e as acções ou
processos nos quais se insere ou nela inserem.
A dinâmica da démarche
A progressividade trata-se de uma importante característica das démarches de
projecto. Além desta característica, é igualmente importante que as relações entre
indivíduos e grupos sociais sejam diferenciadas no momento em que se envolvem no
projecto.
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Estes recursos são a condição da competência e o que a torna possível. É, portanto,
necessário que aconteça um processo de transformação para que todo esse
equipamento aceda a um estatuto de competência.
Segundo Le Boter (1995), competência é definida como um conjunto de três saberes
essenciais para as desenvolver. O actor deve saber mobilizar os recursos
oportunamente para os aplicar no contexto em causa (saber mobilizar), assim como
integrar todos os conhecimentos necessários para saber desempenhar a sua função no
contexto (saber integrar) e assim executar a acção à qual se propôs com sucesso
(saber transferir).
Tal como já foi constatado anteriormente, os actores que se empenham nas démarches
de projecto já possuem, no decorrer da sua experiência de transformação do real, uma
dada “mestria dos meios activados”. Através de uma démarche de projecto, os actores
desenvolvem competências que já tinham presentes. As capacidades estratégicas dos
actores intervenientes estão muitas vezes relacionadas com a sua origem social, ou
seja, com o grau de controlo que possuem sobre as condições de produção dos meios
de sobrevivência.
Segundo Joseph Nutin, citado por Babier, no caso dos grupos desfavorecidos, a gestão
temporal mais adequada à realidade em que se inserem, é aquela em que não se
elaboram planos a longo prazo, dado que têm dificuldade em dominar todas as
condições inerentes à sua realização.
Conforme o empenho do actor no projecto, este desenvolverá um conjunto vasto de
competências que serão essenciais para projectos futuros, tais como o trabalho de
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equipa. No entanto, se nem todos os actores forem envolvidos de forma equilibrada
numa démarche de projecto, podem desenvolver-se conflitos dando origem a um clima
de desconfiança e tensão entre os diferentes actores.
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existe. Por outro lado, constatamos que este actor tem esta possibilidade pois possui
uma posição/estatuto na sociedade, mais privilegiado.
Uma vez já criado um grupo de actores que se propõe a participar e elaborar a
démarche de projecto, o actor que afirmou o seu poder (o impulsionador) desempenha
uma tripla função:
2) Mobilização de energias e de integração social surge sempre que o actor que tem a
iniciativa, coloca um problema com vista à mudança de atitude do actor ou actores
incentivados a entrar numa démarche de projecto. Esta função encontra-se
praticamente em todos os níveis em que se verifica uma démarche de projecto.
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A démarche de projecto é muito determinada por relações sociais que lhe são prévias
e ao mesmo tempo constitui um espaço suplementar para o estabelecimento dessas
relações sociais.
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CONCLUSÃO
Todo e qualquer projecto elaborado deve conduzir à mudança da realidade. Para tal,
deve sentir que tem um papel central no projecto e que é de si que deve partir a
iniciativa para a elaboração do mesmo. Só assim o projecto poderá atingir o sucesso,
só assim pode mudar a realidade que o envolve a si e aos seus.
Se compreendeu a essência deste manual, pode, com clareza, concluir que o projecto
consegue ajudá-lo a produzir conhecimentos, a desenvolver a sua criatividade e a sua
capacidade de trabalhar em equipa. Através do desenvolvimento das suas capacidades
de investigação, conseguirá relacionar melhor a teoria e a prática, o que lhe permitirá
interpretar a realidade e o mundo que o rodeia com maior facilidade.
No entanto, todo o percurso exige investimento pois podem surgir obstáculos na sua
elaboração! Não desista! Avalie, reflicta, critique e planifique um percurso alternativo!
Não se esqueça, é o leitor que faz o seu caminho, porém deve sempre procurar
orientação adequada às suas necessidades de aprendizagem/formação.
“Será que o seu destino foi traçado por alguém Superior a si?”, “Ou será que está
destinado a conduzir a sua vida?”.
Lembra-se destas questões? Na realidade o seu destino não é traçado por alguém
superior a si, mas sim orientado por alguém igual a si – o seu formador. No entanto,
lembre-se que lhe cabe a si realizar as suas escolhas e seleccionar os seus caminhos.
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BIBLIOGRAFIA
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