Adriano Reis Palhares Artigo Corrigido

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Recuperação de áreas degradadas por lixões

Adriano Reis Palhares – palharesavaliacoes@gmail.com


MBA em engenharia sanitária e ambiental
Instituto de Pós-Graduação – IPOG
Porto Alegre, RS, 10 de abril de 2020

Resumo
Por conta do crescimento populacional e o uso indiscriminado dos recursos, várias
pautas relacionadas à sustentabilidade e preservação da natureza tem sido
debatidas, a fim de encontrar alternativas que possam representar uma melhoria na
qualidade de vida da sociedade. Dentre estas questões, a produção de lixo é uma
importante pauta, especialmente quando se trata das áreas degradadas pelo
depósito destes resíduos nas grandes cidades. Frente a isso, o presente trabalho
tem como objetivo discutir as alternativas para recuperação destas áreas, bem como
para minimizar a produção e depósito destes resíduos. Foi possível identificar que a
remoção dos resíduos e o uso de técnicas de engenharia química tem se mostrado
eficientes na recuperação destas áreas; assim como a coleta seletiva e a reciclagem
se mostram eficientes para diminuir a quantidade de lixo produzido.

Palavras-chave: Lixo. Resíduos sólidos. Aterros. Recuperação. Solo.

1 Introdução

O crescimento populacional é uma realidade que tem afetado de forma significativa


as sociedades, especialmente quando se considera o aumento da população
vivendo em áreas urbanas por conta do processo migratório de indivíduos que
buscam uma melhor qualidade de vida. Como exemplo do aumento populacional
geral, é possível observar a mudança do número de habitantes do Brasil entre os
anos de 1940 e 2010 que foi de 41 milhões para 190 milhões. Considerando o
avanço tecnológico e o processo de globalização, estas pessoas tem passado por
modificações significativas nos hábitos de consumo o que tem refletido em um
aumento da produção de resíduos sólidos. Especialmente após a Revolução
Industrial, o homem tem interferido cada vez mais no meio ambiente por conta da
exploração deste para atender as suas necessidades produtivas com o intuito de
melhorar a qualidade de vida (COELHO; SALES, 2018).
A questão ambiental tem se tornado um foco cada vez mais importante de
discussões e medidas protetivas pois os problemas ambientas representam graves
riscos para as sociedades atuais e para as futuras. Com relação à criação de
Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), várias soluções e alternativas tem sido testadas
para minimizar os problemas causados, pois a disposição inadequada destes
resíduos causa degradação ambiental e pode afetar a saúde e qualidade de vida da
população, além de contaminação dos recursos naturais disponíveis na área
(COELHO; SALES, 2018).
Normalmente estes resíduos são dispostos em áreas dedicadas exclusivamente a
isso, os aterros sanitários, ou popularmente chamados de “lixões”. Estes espaços
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são caracterizados por utilizar tecnologias próprias para disposição destes resíduos
no solo com base em conceitos de engenharia cujo objetivo é evitar que estes
resíduos contaminem a população e o ambiente em que estão dispostos, de forma
segura. A decomposição dos resíduos gera gases e líquidos poluentes; os gases
podem ser controlados por tubulações e queimados ou utilizados para gerar energia
posteriormente, mas os resíduos líquidos, ou lixiviado é uma grande questão
(QUEIROZ et al., 2011).
Estas áreas se tornaram fontes de poluição do ar e de contaminação do solo e das
águas superficiais e subterrâneas. De acordo com o Panorama dos Resíduos
Sólidos no Brasil da Associação Brasileira de Limpeza Pública e Resíduos Especiais
(ABRELPE, 2017), foi gerado um total de 78,4 milhões de toneladas de RSU no país
em 2017, 1% a mais em relação a ano de 2016, e desse total gerado, foram
coletados 91,2% e 59,1 foram destinados a aterro sanitário.
Segundo a ABRELPE (2017), 40,9% dos resíduos gerados foram parar em locais
impróprios, sendo que, 1772 foram dispostos em aterros controlados e 1559 em
vazadouros a céu aberto (lixões). Os dados mostram que em 3352 municípios a
disposição de RS é inadequada, sem nenhum tratamento adequado.
A disposição de RSU em vazadouros a céu aberto traz grandes problemas de ordem
social, econômico e ambiental, além de ser local de proliferação de vetores
causadores de doenças, se tornando assim, um problema de saúde pública. A
decomposição do lixo gera uma substância líquida conhecida como chorume, que
acarreta a contaminação do solo, das águas superficiais e subterrânea e a queima
desses resíduos libera gases altamente tóxicos que provoca a poluição do ar
(GONÇALVES, 2014).
É essencial que se busque alternativas de recuperação de toda a área que serviu de
depósito de lixo ao longo do tempo, pois o processo de decomposição dos resíduos
que ainda estão presentes continuará trazendo danos ao longo dos anos, não só
para o meio ambiente, mas também para a saúde da população.
A recuperação de áreas degradadas pela ação antrópica, tal como qualquer outra
área do ramo ambiental, acompanha as profundas mudanças do cenário econômico,
tecnológico e cultural das regiões em que estudamos. Neste sentido é claro que,
embora os conceitos de restauração de áreas degradadas pelos lixões partam
sempre de uma base comum, podem apresentar algumas variações ao longo do
curso do tempo.
Muita atenção acadêmica tem se dado à restauração de áreas afetadas pelo lixo,
sendo esta uma subárea da gestão urbana que vem ganhando cada vez mais
espaço na produção de artigos científicos, periódicos, além de trabalhos de pós-
graduação, despertando a atenção de especialistas e alunos para pesquisas que
são convertidas em planos-de-ação para a melhoria das condições sanitárias dos
municípios. Portanto, o objetivo deste trabalho é discutir sobre técnicas de
recuperação do solo em busca de um ambiente mais equilibrado e saudável para
todos.

2 Breve histórico sobre a produção de lixo no Brasil


O homem começou a produzir lixo assim que deixou de ser nômade e passou a se
estabelecer em um local fixo, vivendo em grupo. A partir deste momento, a
eliminação do lixo produzido começou a ser uma questão, e a melhor forma de lidar
com estes resíduos, foi depositando-os no local mais longe possível do local de
moradia (PEIXOTO; CAMPOS; D’AGOSTO, 2005).
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No Brasil, existem registros pré-históricos de sambaquis e descarte em locais


desabitados, em rios e também em córregos; além disso, existem também algumas
referências ao uso do fogo como forma de se livrar dos resíduos. Conforme o
crescimento populacional das comunidades, a questão do lixo foi se tornando mais
importante, afinal, a quantidade de resíduos produzidos somente aumentou, e os
métodos de descarte eram os mesmos (PEIXOTO; CAMPOS; D’AGOSTO, 2005).
Até o século XVIII, o lixo era composto, principalmente, de sobras de alimentos e era
produzido em pequenas quantidades pela população. A partir da Revolução
Industrial, este perfil começou a mudar, pois as fábricas começaram a produzir
grandes quantidades e variedades de resíduos, com embalagens e aumento do
consumo pela produção. Assim, se inicia a era dos produtos descartáveis, que
modificou não somente o perfil de consumo da população, mas também o descarte
de resíduos, que passou a aumentar pela necessidade de descartar estes produtos
que não tinham mais utilidade (PEIXOTO; CAMPOS; D’AGOSTO, 2005).
De acordo com Rodrigues e Cavinatto (2000), a população foi aumentando e as
áreas para dispor o lixo somente diminuíam, o que configura uma situação problema
para os grandes centros urbanos. O lixo começou a se acumular no ambiente,
provocando a contaminação do solo e das águas, e trazendo consequências
negativas para a população.
Foi a partir do século XIX que o Brasil começou a desenvolver as primeiras ações
com o intuito de resolver os problemas causados pelo acúmulo de resíduos. Foram
adotadas medidas regulamentadoras para os serviços e ações de limpeza nas
cidades e a cidade de São Paulo foi a primeira a se beneficiar com estas ações. Foi
estabelecido um local adequado para descarte final dos resíduos que ficava bem
distante do centro urbano, porém, o cidadão é quem deveria transportar seu lixo até
este loca, caso tivesse interesse. A partir disso, foram sendo desenvolvidas novas
estratégias para amenizar os problemas causados pelo lixo e facilitar seu descarte
adequado, com foco em melhorar o bem-estar de toda a sociedade. O conceito de
lixo vem sendo transformado ao longo do tempo, e não somente as questões
referentes ao local de descarte têm sido pensadas, mas também, diferentes
maneiras de reaproveitamento destes resíduos (RODRIGUES; CAVINATTO, 2000).

2 Resíduos sólidos
Após a Revolução Industrial as evoluções tecnológicas começaram a trazer diversas
mudanças na vida das pessoas e na sociedade como um todo; especialmente no
que diz respeito aos processos de produção, quantidade de produtos, disposição
das pessoas nos centros urbanos e no descarte dos produtos (HOLZER, 2012).
O aumento populacional e o aumento da renda resultaram em novos padrões de
consumo, consequentemente afetando a forma como o lixo era produzido e
descartado. Estas mudanças chamaram a atenção dos governantes para a
estruturação de ações relacionadas ao recolhimento e disposição do lixo, de forma
que este não afetasse negativamente a vida da população atraindo animais e
doenças (HOLZER, 2012).
Ao se analisar a produção de lixo da cidade e do campo, é possível afirmar que a
maior parte do lixo produzido pelas pessoas tem origem na cidade, por concentrar
um maior número de pessoas e pelo seu padrão de consumo e descarte; a cidade é
responsável pela produção de grandes massas de resíduos sólidos, o que causa
impactos ambientais severos caso não sejam descartados de forma adequada
(HOLZER, 2012).
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É importante compreender o contexto dos resíduos sólidos para que se inicie uma
reflexão adequada a respeito da necessidade e da importância da coleta seletiva
nas cidades. De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT
(2004, apud (BRINGHENTI, 2004), resíduos sólidos são aqueles que resultam de
atividades do setor industrial, doméstico, hospitalar, comercial, agrícola, de serviço e
varrição; sua apresentação pode ser no estado físico sólido ou semi-sólido. Materiais
como lodos resultantes de processos de tratamento de água ou de equipamentos
utilizados para o controle da poluição e alguns líquidos que não podem ser
despejados em rede pública de esgotos também são incluídos na definição de
resíduos sólidos.
Estes resíduos são classificados de acordo com sua origem:

· Lixo domiciliar: gerado nas residências, nos escritórios e nos refeitórios e


sanitários das indústrias. São restos de alimentos, papéis, plásticos, vidros,
metais, dentre outros. É um tipo de resíduo menos específico e mais
variado, com potencialidade de reciclagem.
· Lixo comercial: oriundo de estabelecimentos comerciais, composto
basicamente dos mesmos resíduos que o “Lixo residencial”. É um tipo de
resíduo menos específico e mais variado, com potencialidade de
reciclagem.
· Lixo industrial: resultante dos processos industriais. São restos de
materiais, lodos, subprodutos dos processos de fabricação, dentre outros. É
um tipo de resíduo mais específico e menos variado, com potencialidade de
reciclagem.
· Lixo hospitalar: gerado por hospitais, farmácias, ambulatórios médicos e
clínicas veterinárias. É um tipo de resíduo mais específico e menos variado,
com baixa potencialidade de reciclagem.
· Lixo de vias públicas: resultado da varrição de ruas, limpeza de bueiros,
bocas-de-lobo, canais, terrenos baldios, etc. É composto por terra, folhas,
entulhos, detritos diversos, galhos, dentre outros. Possui pouco potencial de
reciclagem.
· Entulho da construção civil: gerado na construção e reforma de obras
particulares, públicas, industriais e comerciais. É composto por restos de
demolições e sobras de materiais de construção. É um tipo de resíduo mais
específico e menos variado, com potencialidade de reciclagem.
· Outros: proveniente de portos, aeroportos, penitenciárias além daqueles
de origens diversas tais como produtos resultantes de acidentes, animais
mortos, veículos abandonados, dentre outros. (LIMA, 1991; SÃO PAULO,
1998 apud PEIXOTO; CAMPOS; D’AGOSTO, 2005, p. 4).

Os resíduos também são caracterizados segundos suas propriedades físicas e


químicas, tal classificação leva em conta a atividade que lhe deu origem e os
componentes que os constituem. Este tipo de classificação é importante também
para que seja possível identificar se os resíduos têm em sua composição
substâncias que possam fazer mal à saúde ou ao meio ambiente (ROVIRIEGO,
2005).
Esta classificação é se separa desta forma, de acordo com Roviriego (2005, p. 17):

a) Resíduos classe I – Perigosos;


b) Resíduos classe II – Não perigosos;
- resíduos classe II A – Não inertes;
- resíduos classe II B – Inertes.
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Os resíduos de classe I apresentam característica de periculosidade, por conta de


suas propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas de forma que estes
apresentam riscos à saúde e ao meio ambiente. São materiais inflamáveis,
corrosivos, reativos, tóxicos e patogênicos. Os resíduos de classe II A podem ter
algumas propriedades como biodegradabilidade, combustilidade ou solubilidade em
água. Já os resíduos de classe II B, são aqueles que, quando submetidos a contato
com água destilada e desionizada à temperatura ambiente não apresentam nenhum
de seus compostos solubilizados a concentrações superiores aos padrões que
definem a potabilidade da água, exceto por seu aspecto, cor, turbidez, dureza e
sabor (ROVIRIEGO, 2005).
O serviço responsável por coletar esse tipo de resíduo é chamado de coleta regular,
e é um dos serviços de limpeza urbana, portanto, é responsabilidade do município
fornecê-lo (BRINGHENTI, 2004).
Também é possível classificar o lixo de acordo com sua composição, como aponta
Jardim (1995 apud HOLZER, 2012, p. 13):
Seco: papéis, plásticos, metais, tecidos, vidros, madeiras, bituca de cigarro,
isopor, lâmpadas, parafina, cerâmicas, porcelana, espumas e cortiças.
Molhado: restos de comida, bagaços de frutas e verduras, legumes, ovos.
Orgânico: cascas e bagaço de frutas, folhas secas e cascas de ovos, restos
de alimentos, papéis molhados e engordurados. O material orgânico pode
ser utilizado para a compostagem.
Inorgânico: produtos manufaturados como plásticos, vidros, borrachas,
tecidos, metais em geral, tecidos, isopor, lâmpadas, velas, parafina,
cerâmicas, porcelana, espumas, cortiças.
Rejeitos: lixo de banheiro, lenço de papel, curativos, fraldas descartáveis e
absorvente higiênico.
Perigosos: lâmpadas fluorescentes, baterias de celulares, pilhas e
embalagens de agrotóxicos. Os materiais perigosos devem ser devolvidos à
empresa fornecedora.
É de acordo com estas classificações que se estabelece a melhor maneira de
descartar cada tipo de lixo; é preciso utilizar adequadamente os métodos de
descarte para evitar os problemas ambientais decorrentes do depósito de lixo. Tais
problemas têm se tornado cada vez mais sério, uma vez que a quantidade de lixo
produzida pela sociedade aumenta de forma progressiva ao longo do tempo,
especialmente nas grandes cidades (HOLZER, 2012).
A escolha de um método adequado de descarte de lixo tem sido um desafio para os
governantes por se tratar de um assunto importante e central e ter uma relação
íntima com a saúde pública. O lixo que não é descartado de forma adequada acaba
se tornando fonte de proliferação de animais como ratos, moscas e baratas, e
portanto, fonte de doenças (MATTOS; GRANATTO, 2005). Além disso, a
contaminação das águas pelo líquido produzido pelo acúmulo de lixo é mais um fator
de preocupação (HOLZER, 2012).
Existem três tipos de coleta responsáveis por captar estes resíduos sólidos. A coleta
de lixo urbano é responsável por recolher os resíduos que se tornam inutilizáveis
para a população, orgânicos e inorgânicos, de tamanho pequeno. A coleta seletiva é
a ação de coleta de porta em porta, domiciliar ou comercial, e também a coleta em
locais específicos e destina os resíduos a processos de reciclagem. Por fim, existe a
coleta informal, que é a captação do lixo de modo primitivo, e em pequenas
quantidades. Este método é mais encontrado em sociedades pouco desenvolvidas
(PEIXOTO; CAMPOS; D’AGOSTO, 2005).
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Dentre estes métodos apresentados, a coleta seletiva é a que apresenta melhores


resultados, pois promove a redução da quantidade de lixo produzido e melhora a
qualidade dos resíduos que serão reciclados (PEIXOTO; CAMPOS; D’AGOSTO,
2005).
O sistema de limpeza urbana deve compreender a geração, acondicionamento,
coleta, transporte, transferência, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos,
e limpeza dos locais públicos, como afirma Monteiro et al. (2001 apud BRINGHENTI,
2004).
A limpeza urbana é um tema extremamente importante de ser tratado no contexto da
sociedade, e a demanda por seus serviços é cada vez maior, por conta de sua
relação com a veiculação de doenças,

seja pela contaminação de cursos d’água e lençóis freáticos, na abordagem


ambiental; seja pelas questões sociais ligadas aos catadores – em especial
às crianças que vivem nos lixões – ou ainda pelas pressões advindas das
atividades turísticas (MONTEIRO et al., 2001 apud BRINGHENTI, 2004, p.
3).
Por conta destes aspectos, os problemas ligados aos resíduos sólidos deixaram de
ser uma questão em segundo plano e passou a ser central nas discussões entre os
diversos setores governamentais envolvidos (BRINGHENTI, 2004).
De acordo com Almeida e Rigolim (2005 apud HOLZER, 2012), normalmente, nas
cidades os resíduos sólidos são descartados em locais como lixões e aterros
sanitários.
Os lixões são formados pela disposição inadequada do lixo, pela própria população,
em terrenos abandonados. Este tipo de descarte ocorre de forma despreocupada e
não leva em consideração aspectos ambientais ou consequências deste acúmulo
inadequado. Não é raro nas cidades encontrar pessoas que reviram estes lixões em
busca de recursos como alimentos ou produtos que possam ser vendidos;
normalmente as pessoas das camadas mais pobres são as que entram nos lixões
em busca destes produtos, o que é perigoso para a saúde por conta do alto risco de
contaminação existente neste tipo de ambiente (HOLZER, 2012).
Os aterros sanitários, diferente dos lixões, são terrenos previamente preparados
para receber grandes quantidades de lixo, pois a cada camada de resíduos
depositada, é disposta uma camada de terra acima dela; além disso, estes
ambientes contam com sistemas de coleta e armazenamento de chorume, que é o
líquido produzido pelo acúmulo destes resíduos, de forma que este não escorre para
as camadas inferiores da terra, onde existe água, portanto evita a contaminação
(HOLZER, 2012).
Os espaços destinados aos aterros sanitários são terrenos comprados pelos
governantes e preparados pelo processo de escavamento e selagem da superfície
com uma camada de PVC e argila; são instalados tubos para a captação do
chorume e sistemas de coleta de gás que também são produzidos pelo acúmulo dos
resíduos (HOLZER, 2012).
Estudos a respeito dos riscos oferecidos à saúde humana pela disposição
inadequada dos resíduos sólidos apontaram que a relação que existe entre estes
dois fatores é complexa. Como resultado, a pesquisa concluiu que os resíduos
sólidos são um dos principais componentes do perfil epidemiológico da região onde
são gerados e dispostos, trazendo a necessidade de um bom planejamento a
respeito de sua gestão, e que esta deve considerar estes aspectos objetivando a
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melhorar a qualidade do ambiente bem como a saúde da população (AZEVEDO et


al., 2001 apud BRINGHENTI, 2004).
Com relação ao lixo, é preocupante pensar que a quantidade de resíduos
descartados pela população tende a crescer cada vez mais de acordo com o
crescimento populacional e o aumento do consumo. Com isso, é preciso considerar
novas formas de descarte de lixo como a reciclagem, que vem se tornando cada vez
mais indispensável como método de combate aos problemas gerados pelo acúmulo
de lixo (HOLZER, 2012).
É importante que a gestão municipal tenha projetos e ações voltadas para a
conscientização da população a respeito dos riscos e da importância da boa
utilização e descarte dos resíduos sólidos, de forma que estes possam ser
orientados a tomar medidas que minimizem a geração destes resíduos e que
incentive a participação nos programas de coleta seletiva (BRINGHENTI, 2004).
Além disso, a coleta seletiva tem se apresentado como uma das melhores
alternativas para os problemas relacionados ao lixo, por que este tipo de coleta
separa os resíduos e encaminha cada tipo de resíduo para um destino adequado;
ocorre, por exemplo, o encaminhamento dos materiais recicláveis para as empresas
do ramo para que este material seja reaproveitado, diminuindo a quantidade de lixo
disposta nos aterros ou lixões (HOLZER, 2012).

3 Disposição dos resíduos


3.1 Vazadouro a céu aberto
Podemos dizer que se trata do conhecido “Lixão”, caracterizado pela deposição em
local inadequado e em condições também desfavoráveis, causando danos ao ar
atmosférico, ao solo, ao subsolo, podendo contaminar inclusive os rios e
mananciais, além da interferência no modo de vida de espécies da flora local, da
fauna além de acometer danos à saúde humana (MACHADO & ADAMI, 2011).
Segundo a FEAM (2010), vazadouro a céu aberto é:

(...) conhecido como lixão, é uma prática de disposição inadequada de


resíduos sólidos que causa o desequilíbrio no meio ambiente através da
contaminação gerada pela decomposição, melhor dizendo, o vazadouro a
céu aberto representa uma forma de descarga final de RSU, que é
caracterizada pela simples descarga sobre o solo, sem nenhum critério
técnico e medidas de proteção ao meio ambiente ou a saúde pública, sendo
considerada uma forma de disposição de resíduos sólido inadequado e
ilegal de acordo a legislação brasileira.

Essa forma de disposição de resíduos traz grandes problemas de ordem social,


econômica e ambiental, pois é depositado no solo sem nenhuma proteção, fazendo
com que, aconteça a contaminação das águas superficiais e subterrâneas, liberação
de gases poluentes para a atmosfera e sendo fonte de vetores de doenças
transmissíveis.
Gradativamente os lixões estão sendo substituídos pelas unidades de triagem e
compostagem e aterros sanitários. Entretanto, a desativação destas áreas
normalmente se dá de maneira aleatória e sem critérios técnicos ou padrões,
caracterizado apenas pelo encerramento das atividades e abandono da área.
Mesmo após desativadas, estas áreas possuem seu uso comprometido em
decorrência de anos de deposição inadequada e imprópria, resultando em toneladas
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de compostos que podem ser tóxicos e contaminantes para o meio ambiente.


Algumas substancias químicas encontradas no lixo e no chorume podem ser retidas
pelo solo e assimiladas pelas plantas, o que inviabilizaria o seu consumo.
Mucelin e Bellini (2008 p.113) dispõe que:

Entre os impactos ambientais negativos que podem ser originados a partir


do lixo urbano produzido estão os efeitos decorrentes da prática de
disposição inadequada de resíduos sólidos em fundos de vale, às margens
de ruas ou cursos d’água. Essas práticas habituais podem provocar, entre
outras coisas, contaminação de corpos d’água, assoreamento, enchentes,
proliferação de vetores transmissores de doenças, tais como cães, gatos,
ratos, baratas, moscas, vermes, entre outros.

Além disso, as áreas de lixão também contam com a poluição visual e com o
desconforto olfativo (mau-cheiro).

3.2 Aterros
De acordo com Holzer (2012) aterros são terrenos previamente preparados para
receber uma grande quantidade de lixo, pois cada camada de lixo depositada é
coberta com uma camada de terra. Além disso, estes ambientes contam com um
sistema de armazenamento de chorume, que é o líquido produzido pelo acúmulo de
resíduos, de forma que este não entra em contato com camadas inferiores da terra,
onde existe água, evitando assim a contaminação. É papel dos governantes comprar
este tipo de terreno e prepará-lo por meio de escavação e selagem da superfície
com camada de PVC e argila, além da instalação dos tubos para captação do
chorume e sistemas de coleta de gás.

4 Métodos para recuperar e lidar com áreas degradadas


A recuperação das áreas degradadas pelo acúmulo inadequado de resíduos sólidos
consiste em uma estratégia muito importante para proteção ambiental e preservação
da saúde humana. Este processo de remediação consiste na utilização de técnicas
para remover ou conter agentes contaminantes nas áreas degradadas, para que
esta possa ser recuperada e utilizada posteriormente. É importante a atuação de
uma equipe técnica neste tipo de ação, pois inicialmente é necessário realizar um
diagnóstico do local para determinar o nível de impacto do lixão no ambiente
(RAMOS et al., 2017).
A partir disso, é importante determinar ações para tratamento dos agentes
contaminantes gerados pela disposição de lixo: os gases, e o líquido gerado com
alto poder de contaminação e poluição, também chamado de lixiviado. O gás pode
ser drenado por tubulações, entretanto, o maior problema é o lixiviado; o tratamento
para lixiviado precisa considerar as características do líquido, que variam com base
no tempo, além de precisar levar em conta aspectos econômicos, legais e as
tecnologias que se tem disponíveis (RAMOS et al., 2017).
Após a desativação de um vazadouro a céu aberto, grande parte das vezes a área
fica abandonada e o encerramento das atividades é realizado sem critérios técnicos.
Tornar o depósito de lixo inativo traz resultados observáveis na esfera social, uma
vez que elimina um espaço com alto nível de contaminação especialmente para
catadores e crianças que realizam este tipo de atividade. Entretanto, no âmbito da
recuperação do solo, o processo de contaminação e poluição continuam atuando no
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local devido o processo biológico originário dos resíduos que se fazem presentes,
continuando a contaminar os solos e a gerar lixiviado, gases e odores, fazendo com
que a área continue degradada (FEAM, 2010).
De acordo com Alberte et al. (2005), a recuperação de áreas degradadas pela
disposição inadequada de RSU deve ter como etapa inicial uma avaliação das
condições de comprometimento do local, podendo ser realizado através análise das
águas superficiais ou subterrâneas e da sondagem para ter conhecimento do
estágio em que se encontra a decomposição dos resíduos e das condições de
estabilidade e permeabilidade do solo que foi contaminado.
Ainda de acordo com Alberte et al. (2003), após realizada a primeira etapa, pode-se
prosseguir com segunda, que consiste na seleção das atividades remediadoras.
Esta etapa possui o objetivo de reduzir a mobilidade, toxicidade e o volume dos
contaminantes e permite a estabilização do solo.
Segundo BOEHM et al. (2017), existem muitas técnicas de recuperação de área
contaminada, podendo ser in situ (no local) ou ex situ (fora do local), onde passa por
processo de remediação. O tratamento in situ é o que recebe mais destaque pelo
mundo, devido ao menor custo, pois não é necessário que o solo seja transportado e
evita que outras áreas sejam contaminadas durante o transporte.

4.1 Remoção de resíduos


Segundo a FEAM (2014) é uma das técnicas empregadas para o encerramento das
atividades de um vazadouro a céu aberto, removendo os resíduos para outro local
preparado (aterro sanitário) e regularizado pelo órgão ambiental competente.
Para a FEAM (2014), esta técnica possui uma alta recomendação para um
vazadouro a céu aberto que esteja localizado em área de risco geológico ou
geotécnico que possa oferecer perigo para a população e ao meio ambiente,
podendo esses riscos ter aplicação de engenharia, como a reconformação da
geometria da área, criando-se arranjos mais estáveis em plataformas para a
disposição de resíduos sólidos.
De acordo com FEAM (2010), a remoção, o transporte e as dificuldades
operacionais dos resíduos possui um custo elevado que faz com que essa técnica
se torne inviável para grandes quantidades de resíduos, principalmente, para
municípios de pequeno porte, por não possuírem recursos suficientes.

4.2 Engenharia química


No trabalho de Toba (2012), o autor usa o termo “chorume” para se referir a estes
líquidos gerados pelo acúmulo de resíduos. Este líquido tem como característica ser
viscoso, escuro, com forte odor desagradável e um alto potencial poluidor, e
caracteriza um problema quando não tratado de forma adequada, entrando em
contato com o solo. O chorume ou lixiviado são consequência do processo de
decomposição de matéria orgânica, este líquido, em contato com a umidade dos
resíduos ou água da chuva, acaba infiltrando no solo levando consigo metais
pesados que podem contaminar o solo e as águas.
Assim, o tratamento deste líquido é essencial para a recuperação destes espaços e
para evitar os prejuízos ao meio ambiente. O autor sugere o uso do processo de
eletrólise para o tratamento do chorume, pois uma de suas características é a baixa
biodegradabilidade; a eletrólise tem o intuito de aumentar a biodegradabilidade,
permitindo que o chorume possa ser tratado por processos biológicos. De acordo
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com Toba (2012, p. 2), o processo de baseia na “imposição de uma diferença de


potencial elétrio ou uma densidade de corrente entre os eletrodos, visando a
remoção da carga orgânica e outros poluentes, normalmente encontrados no
chorume”. A vantagem do uso deste processo é a possibilidade de realiza-lo em
uma pequena área, a facilidade da montagem do equipamento, baixa incidência de
odores fortes, ausência de reagentes químicos, o que evita a geração de
subprodutos tóxicos, bem como a facilidade para automatizar o sistema (TOBA,
2012).
O intuito deste processo é tornar o chorume biodegradável para que ele possa ser
tratado biologicamente, facilitando o processo. O autor sugere o uso do processo
eletroquímico direto, utilizando materiais de eletrodo que possam favorecer a
combustão eletroquímica. O processo eletroquímico direto é aquele que atua sobre
líquido, e produzem a partir dele, os elementos necessários para a sua depuração
(TOBA, 2012).
Também é possível tratar este líquido pode ser tratado por meio de processos físico-
químicos e/ou biológicos. Os processos físico-químicos já têm sido utilizados para
reduzir N-NH3 “à montante de sistemas biológicos de tratamento ou para remoção de
compostos recalcitrantes, embora poucos trabalhos refiram-se à remoção de
toxicidade do efluente final” (QUEIROZ et al., 2011, p. 404).
De acordo com os resultados apresentados pelos autores, o processo de stripping
permitiu a redução da alcalinidade da água residuária, e aumento do pH do
conteúdo nos reatores de tratamento para 8,8, sendo uma vantagem para o
processo. O processo consome muita alcalinidade, especialmente no caso do
tratamento de lixiviado de aterros que já estão a mais tempo em funcionamento. O
processo apresentou como resultado a diminuição da concentração de matéria
orgânica do lixiviado, sendo uma importante alternativa a se considerar para
tratamento destes locais (QUEIROZ et al., 2011).

4.3 Coleta seletiva


Ainda que este não seja um método direto para recuperação das áreas degradadas,
é uma importante ação que visa minimizar a produção de lixo, consequentemente,
diminuindo a quantidade que acaba em aterros e lixões, facilitando a recuperação
destas áreas.
A coleta seletiva pode ser compreendida a partir de duas perspectivas diferentes: a
partir de seu significado literal, que representa situações específicas de separação
de materiais entre o processo de produção e reciclagem que pode ser ilustrada pelo
catador que vai até o local de descarte e escolhe o material que irá recolher; e a
perspectiva que considera a coleta seletiva como um processo de gestão de
materiais recicláveis que inclui diversas etapas como a separação dos materiais, o
transporte, o encaminhamentos dos materiais aos locais adequados e a destinação
final dos materiais rejeitados (CONKE, 2015).
A diferença entre a coleta regular e a coleta seletiva, é que na primeira, o material
recolhido é compreendido como “lixo”, ou seja, materiais que não tem mais nenhuma
utilidade para a sociedade; enquanto que na coleta seletiva, os resíduos são
tratados como “resíduos sólidos” que possuem valor como materiais que podem ser
reaproveitados e reutilizados. O objetivo da coleta chamada regular é de manter a
cidade limpa e evitar a proliferação de doenças e animais indesejados; o objetivo da
coleta seletiva é reaproveitar os materiais, de forma a minimizar a produção de lixo,
preservando a natureza e diminuindo os impactos negativos no meio ambiente. O
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destino final dos resíduos é um aspecto mais importante na coleta seletiva, pois ao
final do processo, os materiais precisam ser comercializados; já na coleta regular,
como o objetivo é apenas manter a cidade limpa, o destino final dos materiais acaba
sendo o aterro sanitário ou lixão (CONKE, 2015).
A diferença entre as duas coletas se evidencia também na escolha dos veículos que
realizam a coleta; na coleta regular é utilizado um caminhão compactador, enquanto
que na coleta seletiva o veículo utilizado é um caminhão tipo baú. Na coleta seletiva,
fica sob responsabilidade dos coletores organizar a carga que será armazenada nos
veículos de forma a aproveitar melhor o espaço. Por conta destas diferenças, a
coleta seletiva acaba sendo cerca de quatro vezes mais cara do que a coleta regular
(CEMPRE, 2014 apud CONKE, 2015).
A coleta seletiva é definida pelo processo de recolhimento de resíduos sólidos
previamente selecionados com o objetivo de redirecioná-los à processos de
reciclagem, compostagem, reuso, tratamento ou outras alternativas como aterros,
coprocessamento e incineração.
A separação do lixo orgânico e inorgânico é importante para o processo de
reciclagem pois, quanto mais limpos os materiais estiverem na hora da coleta,
maiores são as chances deles serem utilizados nos processos de reaproveitamento
(INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 200 apud PEIXOTO;
CAMPOS; D’AGOSTO, 2005).
Após a separação do material em categorias, estes são embalados de forma a
minimizar a quantidade de carga que será transportada até os locais e são vendidas
para indústrias de reciclagem (FONSECA, 2013).

4.4 Reciclagem
Assim como o método anterior, a reciclagem também visa contribuir para minimizar a
quantidade de lixo produzida cujo destino final são os aterros e lixões. Reciclar é
transformar um material que seria descartado em um material novamente útil para o
consumo. A necessidade de reciclagem surge a partir de seu caráter benéfico para o
planeta terra, no sentido de preservação ambiental (FONSECA, 2013).
O processo de reciclagem não apenas preserva o meio ambiente como também
gera riquezas; os materiais mais comumente utilizados para reciclagem são o vidro,
alumínio, papel e plástico. Por conta disso, as empresas têm aderido aos processos
de reciclagem como uma forma de diminuir os custos de produção (FONSECA,
2013).
Além disso a reciclagem também gera empregos, muitas pessoas que se encontram
desempregadas acabam procurando por este setor como fonte de renda; é possível
encontrar um grande número de pessoas trabalhando em locais específicos de
reciclagem especialmente nas cidades grandes (FONSECA, 2013).
A reciclagem faz parte do programa de coleta seletiva e se apresenta como uma
alternativa importante para a diminuição da produção e descarte de lixo. Para que a
reciclagem apresente bons resultados é preciso que toda a população participe de
suas ações, portanto, envolve ações governamentais de conscientização e incentivo
da população à aderirem a este método de descarte (HOLZER, 2012).
Por conta do aumento da produção e consumo, decorrente da evolução tecnológica,
as pessoas têm comprado e consumido cada vez mais produtos que rapidamente
perdem sua utilidade e são descartados. Por conta disso, é possível relacionar o
consumo e descarte com questões culturais como o consumido, que é altamente
estimulado pelas mídias. Por conta desta realidade cultural, a educação ambiental
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se torna cada vez mais necessária para que as pessoas se conscientizem e mudem
seus padrões de consumo e descarte de produtos (HOLZER, 2012).
Com relação aos produtos reciclados, de acordo com Fonseca (2013), o alumínio,
por exemplo, quando derretido pode retornar para a linha de produção das
empresas, sendo utilizado para a produção de novas embalagens; seu nível de
aproveitamento é de quase 100%.
A reciclagem não é uma realidade apenas nas cidades grandes, mas no campo
também tem sido utilizada. O lixo orgânico produzido nestes ambientes é
transformado em adubo e utilizado para fertilizar as plantações (FONSECA, 2013).
Fonseca (2013, p. 4) cita alguns dos produtos de uso cotidiano que podem ser
utilizados na reciclagem:

- Vidro: potes de alimentos (azeitonas, milho, requeijão, etc.),


garrafas, frascos de medicamentos, cacos de vidro.
- Papel: jornais, revistas, folhetos, caixas de papelão,
embalagens de papel.
- Metal: latas de alumínio, latas de aço, pregos, tampas, tubos
de pasta, cobre, alumínio.
- Plástico: potes de plástico, garrafas PET, sacos plásticos,
embalagens e sacolas de supermercado

De acordo com Holzer (2012), se a reciclagem não for adotada por toda a
sociedade, os impactos ambientais decorrentes do descarte de lixo causarão a
extinção de muitas espécies vivas, por conta da exploração incansável dos recursos
naturais não renováveis.
Além disso, por conta do caráter não biodegradável de muitos produtos utilizados
pelo homem, os impactos ambientais são ainda maiores. Na natureza, animais e
plantas que morrem são destruídos por larvas, bactérias, fungos e elementos
químicos próprios da natureza; portanto, sua permanência nos solos e águas não
causam efeitos negativos, pois são reutilizados por outros animais e plantas. Este
ciclo demonstra a eficiência da natureza com relação ao “lixo” produzido por ela
(FONSECA, 2013).
Os produtos descartados pelo homem, diferente disso, não são decompostos pela
natureza de forma tão fácil; vidros e latas por exemplo, levam muitos anos para se
decompor, permanecendo na natureza durante todo este tempo, atrapalhando o
ciclo natural dos animais e plantas, causando, muitas vezes a morte prematura
destes (FONSECA, 2013).

5 A importância da recuperação destas áreas


Conforme visto ao longo do trabalho, a disposição inadequada de lixo em terrenos
desabitados tem se tornado um problema sério nos grandes centros urbanos. Muitos
dos municípios brasileiros não contam com espaços adequadamente tratados para a
disposição do lixo, e continuam adotando os lixões como forma de se livrar os
resíduos sólidos descartados. Os governantes tem muitos problemas e dificuldades
relacionados à recuperação destes terrenos, afinal, precisam considerar a limitação
financeira, a falta de capacitação técnica e profissional, a descontinuidade política e
administrativa.
Os lixões contribuem para a poluição do ar, do solo e das águas, aumentando os
riscos para a saúde humana. Também existe a questão social, relacionada a
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exposição do lixo a céu aberto, afetando a estrutura local, chamando a atenção de


pessoas de baixa renda que entram nestes espaços em busca de materiais
recicláveis e alimentos, por exemplo, colocando sua saúde em risco (ALBERTE;
CARNEIRO; KAN, 2005).
A princípio, o ideal para a recuperação destas áreas seria a remoção de todos os
resíduos depositados, e a deposição de solo natural na área; porém, este método é
muito caro, o que o torna inviável, e traz a necessidade do uso de diferentes
estratégias. É com base nisso que se tem discutido a respeito do uso de estratégias
alternativas para minimizar os efeitos negativos destes espaços e recuperá-los para
seu uso adequado, intervindo para requalificar ambientalmente o local. Existem duas
alternativas para a recuperação de uma área de lixão: fechá-lo e dar outra finalidade
ao local, ou transformar o lixão em um aterro sanitário. Em ambas as situações, é
importante que uma equipe qualificada trabalhe em conjunto para analisar todos os
aspectos relacionados a área, e todas as questões ambientais (ALBERTE;
CARNEIRO; KAN, 2005).
Neste sentido, o uso de técnicas de engenharia química tem auxiliado na
recuperação das áreas pelo tratamento, especialmente, do líquido proveniente do
acúmulo dos resíduos, que tem um alto potencial poluidor e prejudicial ao meio
ambiente. Se tratando de um problema complexo, é importante pensar em todas as
alternativas que possam auxiliar na recuperação; as pesquisas têm indicado bons
resultados no uso de determinadas técnicas, e nem sempre os custos são elevados,
tornando-as viáveis para a implementação nas cidades (TOBA, 2012; QUEIROZ et
al., 2011).

6 Metodologia
O presente trabalho foi desenvolvido utilizando metodologia de pesquisa
bibliográfica que consiste na consulta de material científico já publicado por
diferentes autores em diferentes fontes que estejam disponíveis ao público. Os
materiais que podem ser consultados nesta metodologia podem ser livros, artigos
científicos, jornais, revistas, teses, artigos encontrados em bases online, entre
outros. O objetivo da metodologia de pesquisa bibliográfica é permitir que o autor se
aproxime do tema escolhido, colhendo informações de diversas fontes e criando sua
discussão e base teórica a partir delas. O papel do autor é selecionar os artigos que
se relacionam com o tema, verificar as informações apresentadas e evidenciar
semelhanças e diferenças, construindo material para sua elaboração (PRODANOV;
FREITAS, 2013).
A pesquisa bibliográfica serve como base para diversos outros tipos de pesquisa,
pois, toda pesquisa precisa partir de uma construção teórica. Sendo assim, para a
realização deste trabalho, foram selecionados artigos pertinentes ao tema escolhido,
procurados através das palavras chaves e analisados a fim de identificar quais eram
mais adequados. Aqueles artigos identificados como fora do tema foram
descartados; é importante que os artigos sirvam como base de sustentação as
ideias apresentadas. Após a seleção dos artigos, foi elaborada a base teórica e
discussão a partir das informações apresentadas pelos autores citados. A pesquisa
bibliográfica precisa ser realizada em uma linguagem que permita que o trabalho
seja acessível tanto para a comunidade científica quanto para o público em geral, de
forma a auxiliar na disseminação de importantes informações que contribuam para a
sociedade (PRODANOV; FREITAS, 2013).
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7 Considerações finais
Foi possível observar que a produção de lixo cresce exponencialmente conforme o
crescimento da população, sendo esta uma questão muito importante a ser discutida
quando se trata do destino dos resíduos produzidos.
A técnica da remoção de resíduos é uma das alternativas para recuperação das
áreas degradadas pelos lixões, entretanto oferece uma grande dificuldade quanto a
operacionalização e o transporte, sendo viável apenas para determinados casos em
que a quantidade de lixo não é tão grande. As técnicas de engenharia química, por
sua vez, têm se mostrado uma importante alternativa para áreas em que a remoção
dos resíduos não seja viável.
É importante que haja conscientização da população sobre a necessidade de
contribuir com programas de coleta seletiva nas cidades e também com a
reciclagem dos descartes, a fim de minimizar a produção de lixo.
Este é um tema de grande importância quando se pensa na preservação do meio
ambiente e nas futuras gerações. É necessário desenvolver novas pesquisas para
descobrir outras alternativas que possam ser adotadas em grandes e pequenas
cidades a fim de controlar a quantidade de lixo e também a degradação do meio
ambiente causada pelos depósitos.

8 Referências
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Universidade Tecnológica Federal do Paraná. 2012. Disponível em:
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perceptíveis no ecossistema urbano. Revista Sociedade & Natureza, Uberlândia,
20 (1): 111-124, jun. 2008.

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pelos resíduos sólidos, poluição das águas, aterro sanitário e destinação correta do
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(CBDMA), Rio de Janeiro, 2005. Disponível em:
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em: 18 mar. 2020.

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e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2 ed. Novo Hamburgo: Feevale,
2013. Disponível em:
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