Adriano Reis Palhares Artigo Corrigido
Adriano Reis Palhares Artigo Corrigido
Adriano Reis Palhares Artigo Corrigido
Resumo
Por conta do crescimento populacional e o uso indiscriminado dos recursos, várias
pautas relacionadas à sustentabilidade e preservação da natureza tem sido
debatidas, a fim de encontrar alternativas que possam representar uma melhoria na
qualidade de vida da sociedade. Dentre estas questões, a produção de lixo é uma
importante pauta, especialmente quando se trata das áreas degradadas pelo
depósito destes resíduos nas grandes cidades. Frente a isso, o presente trabalho
tem como objetivo discutir as alternativas para recuperação destas áreas, bem como
para minimizar a produção e depósito destes resíduos. Foi possível identificar que a
remoção dos resíduos e o uso de técnicas de engenharia química tem se mostrado
eficientes na recuperação destas áreas; assim como a coleta seletiva e a reciclagem
se mostram eficientes para diminuir a quantidade de lixo produzido.
1 Introdução
são caracterizados por utilizar tecnologias próprias para disposição destes resíduos
no solo com base em conceitos de engenharia cujo objetivo é evitar que estes
resíduos contaminem a população e o ambiente em que estão dispostos, de forma
segura. A decomposição dos resíduos gera gases e líquidos poluentes; os gases
podem ser controlados por tubulações e queimados ou utilizados para gerar energia
posteriormente, mas os resíduos líquidos, ou lixiviado é uma grande questão
(QUEIROZ et al., 2011).
Estas áreas se tornaram fontes de poluição do ar e de contaminação do solo e das
águas superficiais e subterrâneas. De acordo com o Panorama dos Resíduos
Sólidos no Brasil da Associação Brasileira de Limpeza Pública e Resíduos Especiais
(ABRELPE, 2017), foi gerado um total de 78,4 milhões de toneladas de RSU no país
em 2017, 1% a mais em relação a ano de 2016, e desse total gerado, foram
coletados 91,2% e 59,1 foram destinados a aterro sanitário.
Segundo a ABRELPE (2017), 40,9% dos resíduos gerados foram parar em locais
impróprios, sendo que, 1772 foram dispostos em aterros controlados e 1559 em
vazadouros a céu aberto (lixões). Os dados mostram que em 3352 municípios a
disposição de RS é inadequada, sem nenhum tratamento adequado.
A disposição de RSU em vazadouros a céu aberto traz grandes problemas de ordem
social, econômico e ambiental, além de ser local de proliferação de vetores
causadores de doenças, se tornando assim, um problema de saúde pública. A
decomposição do lixo gera uma substância líquida conhecida como chorume, que
acarreta a contaminação do solo, das águas superficiais e subterrânea e a queima
desses resíduos libera gases altamente tóxicos que provoca a poluição do ar
(GONÇALVES, 2014).
É essencial que se busque alternativas de recuperação de toda a área que serviu de
depósito de lixo ao longo do tempo, pois o processo de decomposição dos resíduos
que ainda estão presentes continuará trazendo danos ao longo dos anos, não só
para o meio ambiente, mas também para a saúde da população.
A recuperação de áreas degradadas pela ação antrópica, tal como qualquer outra
área do ramo ambiental, acompanha as profundas mudanças do cenário econômico,
tecnológico e cultural das regiões em que estudamos. Neste sentido é claro que,
embora os conceitos de restauração de áreas degradadas pelos lixões partam
sempre de uma base comum, podem apresentar algumas variações ao longo do
curso do tempo.
Muita atenção acadêmica tem se dado à restauração de áreas afetadas pelo lixo,
sendo esta uma subárea da gestão urbana que vem ganhando cada vez mais
espaço na produção de artigos científicos, periódicos, além de trabalhos de pós-
graduação, despertando a atenção de especialistas e alunos para pesquisas que
são convertidas em planos-de-ação para a melhoria das condições sanitárias dos
municípios. Portanto, o objetivo deste trabalho é discutir sobre técnicas de
recuperação do solo em busca de um ambiente mais equilibrado e saudável para
todos.
2 Resíduos sólidos
Após a Revolução Industrial as evoluções tecnológicas começaram a trazer diversas
mudanças na vida das pessoas e na sociedade como um todo; especialmente no
que diz respeito aos processos de produção, quantidade de produtos, disposição
das pessoas nos centros urbanos e no descarte dos produtos (HOLZER, 2012).
O aumento populacional e o aumento da renda resultaram em novos padrões de
consumo, consequentemente afetando a forma como o lixo era produzido e
descartado. Estas mudanças chamaram a atenção dos governantes para a
estruturação de ações relacionadas ao recolhimento e disposição do lixo, de forma
que este não afetasse negativamente a vida da população atraindo animais e
doenças (HOLZER, 2012).
Ao se analisar a produção de lixo da cidade e do campo, é possível afirmar que a
maior parte do lixo produzido pelas pessoas tem origem na cidade, por concentrar
um maior número de pessoas e pelo seu padrão de consumo e descarte; a cidade é
responsável pela produção de grandes massas de resíduos sólidos, o que causa
impactos ambientais severos caso não sejam descartados de forma adequada
(HOLZER, 2012).
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É importante compreender o contexto dos resíduos sólidos para que se inicie uma
reflexão adequada a respeito da necessidade e da importância da coleta seletiva
nas cidades. De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT
(2004, apud (BRINGHENTI, 2004), resíduos sólidos são aqueles que resultam de
atividades do setor industrial, doméstico, hospitalar, comercial, agrícola, de serviço e
varrição; sua apresentação pode ser no estado físico sólido ou semi-sólido. Materiais
como lodos resultantes de processos de tratamento de água ou de equipamentos
utilizados para o controle da poluição e alguns líquidos que não podem ser
despejados em rede pública de esgotos também são incluídos na definição de
resíduos sólidos.
Estes resíduos são classificados de acordo com sua origem:
Além disso, as áreas de lixão também contam com a poluição visual e com o
desconforto olfativo (mau-cheiro).
3.2 Aterros
De acordo com Holzer (2012) aterros são terrenos previamente preparados para
receber uma grande quantidade de lixo, pois cada camada de lixo depositada é
coberta com uma camada de terra. Além disso, estes ambientes contam com um
sistema de armazenamento de chorume, que é o líquido produzido pelo acúmulo de
resíduos, de forma que este não entra em contato com camadas inferiores da terra,
onde existe água, evitando assim a contaminação. É papel dos governantes comprar
este tipo de terreno e prepará-lo por meio de escavação e selagem da superfície
com camada de PVC e argila, além da instalação dos tubos para captação do
chorume e sistemas de coleta de gás.
local devido o processo biológico originário dos resíduos que se fazem presentes,
continuando a contaminar os solos e a gerar lixiviado, gases e odores, fazendo com
que a área continue degradada (FEAM, 2010).
De acordo com Alberte et al. (2005), a recuperação de áreas degradadas pela
disposição inadequada de RSU deve ter como etapa inicial uma avaliação das
condições de comprometimento do local, podendo ser realizado através análise das
águas superficiais ou subterrâneas e da sondagem para ter conhecimento do
estágio em que se encontra a decomposição dos resíduos e das condições de
estabilidade e permeabilidade do solo que foi contaminado.
Ainda de acordo com Alberte et al. (2003), após realizada a primeira etapa, pode-se
prosseguir com segunda, que consiste na seleção das atividades remediadoras.
Esta etapa possui o objetivo de reduzir a mobilidade, toxicidade e o volume dos
contaminantes e permite a estabilização do solo.
Segundo BOEHM et al. (2017), existem muitas técnicas de recuperação de área
contaminada, podendo ser in situ (no local) ou ex situ (fora do local), onde passa por
processo de remediação. O tratamento in situ é o que recebe mais destaque pelo
mundo, devido ao menor custo, pois não é necessário que o solo seja transportado e
evita que outras áreas sejam contaminadas durante o transporte.
destino final dos resíduos é um aspecto mais importante na coleta seletiva, pois ao
final do processo, os materiais precisam ser comercializados; já na coleta regular,
como o objetivo é apenas manter a cidade limpa, o destino final dos materiais acaba
sendo o aterro sanitário ou lixão (CONKE, 2015).
A diferença entre as duas coletas se evidencia também na escolha dos veículos que
realizam a coleta; na coleta regular é utilizado um caminhão compactador, enquanto
que na coleta seletiva o veículo utilizado é um caminhão tipo baú. Na coleta seletiva,
fica sob responsabilidade dos coletores organizar a carga que será armazenada nos
veículos de forma a aproveitar melhor o espaço. Por conta destas diferenças, a
coleta seletiva acaba sendo cerca de quatro vezes mais cara do que a coleta regular
(CEMPRE, 2014 apud CONKE, 2015).
A coleta seletiva é definida pelo processo de recolhimento de resíduos sólidos
previamente selecionados com o objetivo de redirecioná-los à processos de
reciclagem, compostagem, reuso, tratamento ou outras alternativas como aterros,
coprocessamento e incineração.
A separação do lixo orgânico e inorgânico é importante para o processo de
reciclagem pois, quanto mais limpos os materiais estiverem na hora da coleta,
maiores são as chances deles serem utilizados nos processos de reaproveitamento
(INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 200 apud PEIXOTO;
CAMPOS; D’AGOSTO, 2005).
Após a separação do material em categorias, estes são embalados de forma a
minimizar a quantidade de carga que será transportada até os locais e são vendidas
para indústrias de reciclagem (FONSECA, 2013).
4.4 Reciclagem
Assim como o método anterior, a reciclagem também visa contribuir para minimizar a
quantidade de lixo produzida cujo destino final são os aterros e lixões. Reciclar é
transformar um material que seria descartado em um material novamente útil para o
consumo. A necessidade de reciclagem surge a partir de seu caráter benéfico para o
planeta terra, no sentido de preservação ambiental (FONSECA, 2013).
O processo de reciclagem não apenas preserva o meio ambiente como também
gera riquezas; os materiais mais comumente utilizados para reciclagem são o vidro,
alumínio, papel e plástico. Por conta disso, as empresas têm aderido aos processos
de reciclagem como uma forma de diminuir os custos de produção (FONSECA,
2013).
Além disso a reciclagem também gera empregos, muitas pessoas que se encontram
desempregadas acabam procurando por este setor como fonte de renda; é possível
encontrar um grande número de pessoas trabalhando em locais específicos de
reciclagem especialmente nas cidades grandes (FONSECA, 2013).
A reciclagem faz parte do programa de coleta seletiva e se apresenta como uma
alternativa importante para a diminuição da produção e descarte de lixo. Para que a
reciclagem apresente bons resultados é preciso que toda a população participe de
suas ações, portanto, envolve ações governamentais de conscientização e incentivo
da população à aderirem a este método de descarte (HOLZER, 2012).
Por conta do aumento da produção e consumo, decorrente da evolução tecnológica,
as pessoas têm comprado e consumido cada vez mais produtos que rapidamente
perdem sua utilidade e são descartados. Por conta disso, é possível relacionar o
consumo e descarte com questões culturais como o consumido, que é altamente
estimulado pelas mídias. Por conta desta realidade cultural, a educação ambiental
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se torna cada vez mais necessária para que as pessoas se conscientizem e mudem
seus padrões de consumo e descarte de produtos (HOLZER, 2012).
Com relação aos produtos reciclados, de acordo com Fonseca (2013), o alumínio,
por exemplo, quando derretido pode retornar para a linha de produção das
empresas, sendo utilizado para a produção de novas embalagens; seu nível de
aproveitamento é de quase 100%.
A reciclagem não é uma realidade apenas nas cidades grandes, mas no campo
também tem sido utilizada. O lixo orgânico produzido nestes ambientes é
transformado em adubo e utilizado para fertilizar as plantações (FONSECA, 2013).
Fonseca (2013, p. 4) cita alguns dos produtos de uso cotidiano que podem ser
utilizados na reciclagem:
De acordo com Holzer (2012), se a reciclagem não for adotada por toda a
sociedade, os impactos ambientais decorrentes do descarte de lixo causarão a
extinção de muitas espécies vivas, por conta da exploração incansável dos recursos
naturais não renováveis.
Além disso, por conta do caráter não biodegradável de muitos produtos utilizados
pelo homem, os impactos ambientais são ainda maiores. Na natureza, animais e
plantas que morrem são destruídos por larvas, bactérias, fungos e elementos
químicos próprios da natureza; portanto, sua permanência nos solos e águas não
causam efeitos negativos, pois são reutilizados por outros animais e plantas. Este
ciclo demonstra a eficiência da natureza com relação ao “lixo” produzido por ela
(FONSECA, 2013).
Os produtos descartados pelo homem, diferente disso, não são decompostos pela
natureza de forma tão fácil; vidros e latas por exemplo, levam muitos anos para se
decompor, permanecendo na natureza durante todo este tempo, atrapalhando o
ciclo natural dos animais e plantas, causando, muitas vezes a morte prematura
destes (FONSECA, 2013).
6 Metodologia
O presente trabalho foi desenvolvido utilizando metodologia de pesquisa
bibliográfica que consiste na consulta de material científico já publicado por
diferentes autores em diferentes fontes que estejam disponíveis ao público. Os
materiais que podem ser consultados nesta metodologia podem ser livros, artigos
científicos, jornais, revistas, teses, artigos encontrados em bases online, entre
outros. O objetivo da metodologia de pesquisa bibliográfica é permitir que o autor se
aproxime do tema escolhido, colhendo informações de diversas fontes e criando sua
discussão e base teórica a partir delas. O papel do autor é selecionar os artigos que
se relacionam com o tema, verificar as informações apresentadas e evidenciar
semelhanças e diferenças, construindo material para sua elaboração (PRODANOV;
FREITAS, 2013).
A pesquisa bibliográfica serve como base para diversos outros tipos de pesquisa,
pois, toda pesquisa precisa partir de uma construção teórica. Sendo assim, para a
realização deste trabalho, foram selecionados artigos pertinentes ao tema escolhido,
procurados através das palavras chaves e analisados a fim de identificar quais eram
mais adequados. Aqueles artigos identificados como fora do tema foram
descartados; é importante que os artigos sirvam como base de sustentação as
ideias apresentadas. Após a seleção dos artigos, foi elaborada a base teórica e
discussão a partir das informações apresentadas pelos autores citados. A pesquisa
bibliográfica precisa ser realizada em uma linguagem que permita que o trabalho
seja acessível tanto para a comunidade científica quanto para o público em geral, de
forma a auxiliar na disseminação de importantes informações que contribuam para a
sociedade (PRODANOV; FREITAS, 2013).
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7 Considerações finais
Foi possível observar que a produção de lixo cresce exponencialmente conforme o
crescimento da população, sendo esta uma questão muito importante a ser discutida
quando se trata do destino dos resíduos produzidos.
A técnica da remoção de resíduos é uma das alternativas para recuperação das
áreas degradadas pelos lixões, entretanto oferece uma grande dificuldade quanto a
operacionalização e o transporte, sendo viável apenas para determinados casos em
que a quantidade de lixo não é tão grande. As técnicas de engenharia química, por
sua vez, têm se mostrado uma importante alternativa para áreas em que a remoção
dos resíduos não seja viável.
É importante que haja conscientização da população sobre a necessidade de
contribuir com programas de coleta seletiva nas cidades e também com a
reciclagem dos descartes, a fim de minimizar a produção de lixo.
Este é um tema de grande importância quando se pensa na preservação do meio
ambiente e nas futuras gerações. É necessário desenvolver novas pesquisas para
descobrir outras alternativas que possam ser adotadas em grandes e pequenas
cidades a fim de controlar a quantidade de lixo e também a degradação do meio
ambiente causada pelos depósitos.
8 Referências
ALBERTE, E. P. V.; CARNEIRO, A. P.; KAN. L. Recuperação de áreas degradadas
por disposição de resíduos urbanos. Diálogos & Ciência, v. 3, n. 5, p. 1-15, 2005.
Disponível em: < http://waste.com.br/textos/20-06-2005_11-50-14_linkan.pdf>.
Acesso em: 18 mar. 2020.