Desenvolvimento e Aprendizagem Motora 2

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DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA

1
Sumário
DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA

1. CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO MOTOR ............................ 3

2. APRENDIZAGEM MOTORA .......................................................... 8

2.1 As etapas do processo de aprendizagem? .................................. 10


3.IMPORTÂNCIA DO MOVIMENTO NO DESENVOLVIMENTO HUMANO
......................................................................................................................... 12

Capacidades motoras globais ............................................................ 14


3.1 Habilidades motoras básicas: ...................................................... 18
3.2Comportamento motor ...................................................................... 21

3.3 Áreas cerebrais e maturação na aprendizagem ........................... 25


REFERÊNCIAS ..................................................................................... 31

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NOSSA HISTÓRIA

A NOSSA HISTÓRIA, inicia com a realização do sonho de um grupo de


empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a INSTITUIÇÃO, como
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A INSTITUIÇÃO tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas


de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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1. CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO MOTOR

O desenvolvimento motor é uma contínua alteração no comportamento ao longo


da vida que acontece por meio das necessidades de tarefa, da biologia do
indivíduo e o ambiente em que vive.

O desenvolvimento motor segundo Isayama e Gallardo (1998), tem sido utilizado


para compreender o desenvolvimento humano e os aspectos relacionados. Os
primeiros estudos em desenvolvimento motor originaram-se com a intenção de
entender o desenvolvimento cognitivo a partir do movimento. Aos poucos, o
desenvolvimento motor tornou-se uma área de interesse dos profissionais de
educação física, que buscam contribuir para o entendimento do desenvolvimento
humano como um todo.

De acordo com Caetano, Silveira e Gobbi (2005) o desenvolvimento motor é um


processo de alterações no nível de funcionamento de um indivíduo, onde uma
maior capacidade de controlar movimentos é adquirida ao longo do tempo,
através da interação entre as exigências da tarefa, da biologia do indivíduo e o
ambiente.

Guedes e Guedes (1997) se referem ao desenvolvimento motor não sendo


apenas aspectos biológicos de crescimento e maturação. Além disso, o
desenvolvimento depende das experiências vividas pelo indivíduo, das relações
com o ambiente que o cerca. Le Boulch (1982) deixa evidente a preocupação de
estudiosos da área em identificar os mecanismos e variáveis que influenciam o
desenvolvimento motor e as fases específicas em que cada indivíduo é mais
suscetível às influências de determinados estímulos.

Manoel (1988) considera que atualmente os estudos nessa área procuram


entender como o organismo se torna mais complexo, ou seja, qual o processo
que leva o indivíduo a desenvolver habilidades cada vez mais complexas,
consistentes e flexíveis na interação humano-ambiente.

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Para Haywood e Getchell (2004) dá-se como desenvolvimento motor um
processo contínuo e sequencial ligado a idade cronológica, na qual o indivíduo
progride de um movimento simples, sem habilidade, até atingir o ponto das
habilidades motoras mais complexas e organizadas e assim chegar ao ajuste
dessas habilidades que irá acompanhá-lo até o envelhecimento.

As mudanças que ocorrem em um indivíduo desde sua concepção até a morte


denominam-se desenvolvimento humano. A palavra desenvolvimento em si
implica em mudanças comportamentais e/ou estruturais dos seres vivos durante
a vida. Já o processo de desenvolvimento motor revela-se por alterações no
comportamento motor. Bebês, crianças, adolescentes e adultos estão envolvidos
no processo de aprender a mover-se com controle e competência, reação aos
desafios que enfrentam diariamente (GALLAHUE E OZMUN, 2001).

Entende-se que o comportamento motor é uma expressão na qual integra todos


os domínios: afetivo, social, cognitivo e motor. Isto indica o importante papel do
domínio motor na sequência de desenvolvimento do ser humano.

Fases do desenvolvimento motor

O desenvolvimento depende de fatores individuais biológicos, do ambiente


(experiência) e tarefa (física ou mecânica).

O processo de desenvolvimento motor é apresentado por Gallahue e Ozmun


(2001) em uma forma de ampulheta (figura 1). O estudo visa o desenvolvimento
motor na educação infantil caracterizando, abaixo, a fase do desenvolvimento na
idade pré-escolar.

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Figura: 1

Figura 1. Fases do desenvolvimento motor (GALLAHUE e OZMUN, 2001)

 Fase motora reflexiva: os reflexos são as primeiras formas de movimento


humano. Os mesmos são movimentos involuntários, que formam a base
para as fases do desenvolvimento motor. A partir da atividade de reflexos,
o bebê obtém informações sobre o ambiente.

Figura: 2

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 Fase de movimentos rudimentares: os movimentos rudimentares são
determinados de forma maturacional e caracterizam-se por uma
sequência de aparecimento previsível. Esta sequência é resistente a
alterações em condições normais. Elas envolvem movimentos
estabilizadores, como obter o controle da cabeça, pescoço e músculos do
tronco; as tarefas manipulativas de alcançar, agarrar e soltar, e os
movimentos locomotores de arrastar-se, engatinhar e caminhar.

Figura: 3

 Fase de movimentos fundamentais: as habilidades motoras


fundamentais da primeira infância são consequências da fase de
movimentos rudimentares do período neonatal. Esta fase do
desenvolvimento motor representa um período na qual as crianças
pequenas estão envolvidas ativamente na exploração e na
experimentação das capacidades motoras de seus corpos. A fase
fundamental envolve a criança que se encontra no período entre 4 e 7
anos de idade, onde é desenvolvida a coordenação motora, o controle
motor e habilidades de cada fase da criança. Tendo assim uma base para
seu desenvolvimento nas outras fases durante os processos de ensino e
aprendizagem ao longo da vida. Nessa fase, é importante a exploração de
habilidades do indivíduo para que no futuro não seja detectada algum tipo
de deficiência. É importante em todas as faixas etárias da criança um
acompanhamento familiar, médico e, também, em casos de crianças que
frequentam o ambiente escolar, o acompanhamento pedagógico. Essa
fase é marcada por movimentos básicos que são classificados em três

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categorias: Estabilizadores, Locomotores e Manipulativos. Essas
categorias pertencem às experiências motoras e devem estar presentes
no dia-a-dia das crianças. Tais categorias são representadas por toda e
qualquer atividade corporal realizada em casa, na escola e nas
brincadeiras.

Figura: 4

 Fase de movimentos especializados: esse é um período em que as


habilidades estabilizadoras, locomotoras e manipulativas fundamentais
são progressivamente refinadas, combinadas e elaboradas para o uso em
situações crescentemente exigentes.

Os estudos do desenvolvimento motor, segundo Tani e colaboradores (1988),


tende a ser considerados como sendo apenas estudos de crianças, pelo fato do
desenvolvimento motor ser um processo contínuo e demorado e, as mudanças
mais acentuadas ocorrerem nos primeiros anos de vida.

Paim (2003) considera a idade pré-escolar como sendo uma fase áurea da vida,
pois a criança se torna estruturalmente capacitada a desenvolver tarefas
psicológicas mais complexas.

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Segundo Garcia, citada por Gallahue e Ozmun (2001), nesse período da vida –
a infância – o movimento passa a ser um dos meios mais importantes do
aprendizado e um aspecto muito valioso na vida da criança. Esse é o momento
em que as crianças começam a explorar seu ambiente e suas habilidades
corporais, o que representa o começo do aprendizado.

O desenvolvimento pelo movimento compreende, para Mattos e Neira (2003) na


realização de atividades motoras que visam o desenvolvimento das habilidades
motoras básicas (andar, correr, saltar, correr, arremessar, receber, empurrar,
puxar, subir, descer).

As experiências motoras estão presentes no dia-a-dia das crianças e


representam toda e qualquer atividade corporal realizada em casa, na escola e
nas brincadeiras. As experiências motoras antes vivenciadas pelas crianças e
suas atividades diárias eram suficientes para que se adquirissem as habilidades
motoras e formasse uma base para o aprendizado de habilidades mais
complexas. Seu desenvolvimento motor era aprimorado e explorado na
disposição de grandes áreas livres para brincar, como: praça, rua e quintal
(NETO et al, 2004).

2. APRENDIZAGEM MOTORA

Aprendizagem: centro de toda educação.

► Qualquer que seja o objetivo sempre estará ocorrendo interação entre


professor e aluno.

► Interação depende da forma como o professor estrutura local ou ambiente de


aprendizagem.

Daí que para o professor torna-se fundamental compreender:

► Como a pessoa aprende?

► Quais os aspectos do comportamento humano que envolvem a


aprendizagem?

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► Até que ponto a aprendizagem é semelhante para todos os tipos de
comportamento, ou muito diferenciada para cada tipo de comportamento

Para compreender a pessoa em termos de comportamento humano, a


perspectiva desenvolvimentista defende, para fins de análise, a criação de
CATEGORIAS DE COMPORTAMENTO (DOMINIOS) para determinar,
didaticamente, quais os tipos de aprendizagem podem ocorrer em cada um
desses domínios, lembrando que na realidade concreta tudo se relaciona e é
inseparável.

DOMÍNIOS

Cognitivos: semelhante a “atividades intelectuais” .

Característica principal: Capacidade do organismo para fazer uso da informação


de que dispõe.

Exemplos:

● descoberta ou reconhecimento da informação (cognição);

● retenção ou armazenamento de informação (memória);

● geração de informações a partir de certos dados;

● tomadas de decisão ou julgamentos.

Guilford e Bloom, desenvolveram Taxonomias como base para a compreensão


e desenvolvimento operacional de objetivos educacionais. Sua organização
envolve um amplo espectro de capacidades que vão além da memorização.

Afetivo: Trata dos sentimentos e das emoções manifestadas


comportamentalmente. Característica principal: Maior parte deste tipo de
comportamentos é aprendido (Berkowitz) na forma de comportamento social.

Exemplos: · Receber (prestar atenção).

● Responder.

● Valorizar.

● Organizar (sistemas de valores)

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● Caracterização de um valor ou complexo de valores.

Outros: Motivação, interesse, respeito ao próximo, responsabilidade.

Observação: Quando adequadamente reconhecidos tais comportamentos,


devem ser planejados e trabalhados em sala de aula de forma explicita e
permanentemente.

Motor: Estabelece uma base para identificação do movimento corporal humano.

Este domínio também é denominado Psicomotor, dada a relação racional/mental


com a maioria das habilidades motoras.

Habilidades motoras simples e fundamentais incluindo atividades esportivas,


industriais, militares (tais como pilotar um avião), encontram-se classificadas
neste domínio e envolvem componentes dos outros tipos de comportamento.

A compreensão dos domínios é importante para distinguir as atividades de


Educação Física em termos de sua especificidade em relação aos mundos em
que se desenvolve esta prática profissional (esporte, lazer, portadores de
necessidades especiais e geracional, educação e “fitness”.

2.1 As etapas do processo de aprendizagem?

Segundo Piaget, a interação entre o indivíduo e o ambiente é responsável pela


formação do conhecimento humano. O equilíbrio de uma ação com outras ações
pelo homem (ser humano) propicia a adaptação aos ambientes. A assimilação é
o elemento-chave que determina a base de todo esse processo de
aprendizagem.

Sendo assim, Jean Piaget trouxe aos seus experimentos e constatações que a
criança vivencia diferentes fases de desenvolvimento para adquirir habilidades
fundamentais para sua vida, como o pensamento e a linguagem.

Por trás do processo de aprendizagem estão algumas etapas que são


imprescindíveis para o progresso da mente e, também, para o fortalecimento da
capacidade do pequeno em lidar com os desafios e as descobertas do

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conhecimento e aprendizado. Confiram abaixo quais são eles, de acordo com a
visão de Jean Piaget.

O estágio sensório-motor e o começo da percepção – 0 a 2 anos

Esta fase é marcada pela consciência de algumas sensações por parte da


criança, eis o porquê ela tem como principal a percepção-ação. O pequeno
começa a compreender o significado da capacidade sensitiva e como seus
movimentos influenciam alterações no ambiente.

O campo sensorial é o que rege a vida da criança em tal período. Isso quer dizer
que ela só considera algo existente, aquilo que esteja em seu campo de visão
e/ou pode ser tocado por ela. Isso é extensivo a tudo que faz parte do seu mundo,
pode ser um brinquedo ou até a mamãe. Por isso é normal os bebês chorarem
quando não conseguem ver suas mães. É como se ela tivesse deixado de
“existir”.

O estágio pré-operatório e a representação – 2 a 7 anos

Aqui, nota-se o pensamento representativo. A criança começa a criar


representações da realidade em que vive. Importante ressaltar que neste
período o pequeno tem o desenvolvimento da fala aprimorado. Outra
característica notável é o desempenho do aspecto cognitivo.

O egocentrismo tão perceptível nos pequenos dessa faixa etária não é um traço
de personalidade, mas apenas parte do desenvolvimento cognitivo normal para
esta etapa.

O pensamento lógico começa a se desenvolver. No entanto, mesmo que


aspectos dotados de noções, regras e valores sejam identificados neste estágio,
a criança ainda não tem condições de fazer julgamentos de situações diversas,
entre certo e errado.

O estágio operatório-concreto e o pensamento lógico – 7 a 12 anos

Neste período, a criança tem a capacidade de manipular mentalmente as


representações e as experiências. Nota-se também o desenvolvimento da moral,
uma vez que ela já consegue distinguir o que é certo. As noções de regras

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passam a fazer mais sentido. Os conceitos abstratos ainda não são possíveis
para a sua compreensão.

O estágio operatório-formal e a assimilação de hipóteses – 12 anos

Por fim, a última etapa do processo de aprendizagem é marcada pela


capacidade do pré-adolescente em fazer representações abstratas e com
conceitos que não utilizam formas físicas. Além disso, outra característica é a
compreensão à experiência vivida por outras pessoas. A pessoa passa a
entender e a enxergar o ponto de vista alheio. Tudo isso como desdobramento
do estágio anterior.

3.IMPORTÂNCIA DO MOVIMENTO NO
DESENVOLVIMENTO HUMANO

► Somente o desenvolvimento perceptivo-motor correto garantirá a criança uma


concepção mais ajustada sobre o mundo externo que a rodeia.

► Dificuldades de aprendizagem simbólica (representação do mundo de forma


verbal, escrita e teleológica), refletem uma deficiente integração das noções
espaço e tempo que são fundamentais para a organização do sistema sensório-
motor da criança.

► Qualquer aprendizagem escolar, quer se trate de leitura, escrita ou de cálculo


(lógico matemático) é, fundamentalmente, um processo de relação perceptivo-
motora.

► A garantia de um pleno desenvolvimento preceptivo motor por parte da


criança, oferecerá condições para favorecer o amadurecimento e depuramento
de suas estruturas cognitivas.

É pelo comportamento perceptivo-motor que a criança aprende o mundo do qual


faz parte.

► O desenvolvimento global da criança depende (apoia-se) no comportamento


perceptivo motor, o qual exige como condição variadas oportunidades de

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aplicação: a exploração lúdica, o controle motor, a percepção figura-fundo,
integração Inter sensorial (sentidos), noção de corpo, espaço e tempo, etc.

TERMOS CHAVE

APRENDIZAGEM MOTORA: Mudança interna no domínio motor do indivíduo,


deduzida de uma melhoria relativamente permanente em seu desempenho,
como resultado da prática. No contexto educativo se promove no conjunto de
atividades GLOBAIS da criança.

No contexto esportivo-competitivo estuda e aprimora a aquisição de


DESEMPENHO PERFORMACE técnico de habilidades motoras isoladas.
Habilidades motoras uma vez aprendidas podem ser influenciadas por fatores
psicológicos, fisiológicos ou ambientais (Magill).

DESENVOLVIMENTO MOTOR: Campo de investigação que estuda o


comportamento motor (habilidades padrões, generalizações motoras e
capacidades físicas) em populações normais ou não em diferentes faixas etárias.
Estuda as teorias que fundamentam o sentido/significado do movimento humano
no processo de desenvolvimento e aprendizagem humana. Estabelece
princípios básicos para fundamentar a ação pedagógica.

HABILIDADE COMO ATO OU TAREFA: Ações ou tarefas motoras (que


requerem movimento) e devem ser apreendidas para serem executadas
corretamente (lançar, arremessar, etc.).

HABILIDADE COMO INDICADOR DE QUALIDADE DE DESENPENHO:


Expressão relacionada com o executante.

Define o grau de competência subjetiva ou objetivamente determinada pelo nível


de PRODUTIVIDADE em torno de um desempenho esperado que gira em torno
de 70-80%. A regularidade dos índices esperados, é fator importante para
determinar se efetivamente o indivíduo é ou não habilidoso em determinado ação
motora.

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Capacidades motoras globais

Qualidades caracterizadas por envolver a grande musculatura do corpo como


base principal do movimento. Precisão não é o mais importante embora
coordenação seja essencial ao movimento (ex. Habilidades motoras
fundamentais: correr, lançar, saltar, etc.

Fleischman (1972): qualidade geral do indivíduo relacionada com a execução de


uma variedade de habilidades ou tarefas. Capacidade e um prazo geral ou
qualidade de um indivíduo relacionada com o desempenho de uma variedade de
habilidades motoras, tais como FORÇA, VELOCIDADE, TEMPO DE REAÇÃO,
FLEXIBILIDADE, EQUILIBRIO, etc.

Capacidades motoras finas:

Qualidades caracterizadas por envolver e controlar musculatura pequena do


corpo a fim de garantir execução bem sucedida e elevada em termos de
PRECISÃO. Habilidades motoras finais requerem geralmente o envolvimento da
coordenação óculo-manual.

Ex. Escrever, tocar piano, trabalhar em relógios, etc.

Na Motricidade Fina, por consequência da dependência de uma progressiva


integração e diferenciação de movimentos, a motricidade fina só se desenvolve,
depois de a criança ter dominado os movimentos ligados aos grandes músculos
(MARQUES, 1979).

O desenvolvimento da motricidade é acompanhado ainda por aprendizagens


que irão complementar e auxiliar habilidades finas, como: a distinção entre
esquerda e direita, organização espaço-temporal, aumento dos lapsos de
atenção concentrada, distinção do antes e depois, resistência a fadiga e a
simbolização e reversibilidade do pensamento em suas relações com a
linguagem (MARQUES, 1979).

Aos três anos uma criança é capaz desenhar um círculo e uma pessoa
rudimentar. Aos quatro anos a criança é capaz de recortar sobre uma linha,
desenhar uma pessoa razoavelmente completa e fazer desenhos e letras

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grosseiras. E aos cinco anos, a criança é capaz de se vestir sem muita ajuda,
copiar um quadrado ou um retângulo e desenhar uma pessoa mais
elaboradamente que antes (PAPALIA, 2000).

Segundo Bee (1977) como regra geral as habilidades motoras amplas se


desenvolvem mais cedo do que as habilidades motoras finas. Uma criança de
seis anos, por exemplo, é capaz de correr e saltar bem, mas ainda não é muito
habilidosa ao manusear um lápis ou cortar uma gravura. Quando crianças de
seis anos usam um instrumento como a tesoura, todo seu corpo está envolvido
no simples cortar uma simples gravura, ou seja, movimento da língua, e
contração de músculos das costas e dos braços.

Padrão de movimento:

► Grupo amplo ou séries de atos motores desempenhados com graus menores


de habilidade que são dirigidos a alguma meta externa.

Ex. Arremesso com a mão acima da cabeça.

► Para Gallahue o padrão de movimento envolve elementos básicos de uma


certa habilidade motora. (Correr, arremessar, lançar).

► Ação motora completa com utilização da musculatura grande do corpo.

► Movimentos que constituem a estrutura básica de certas habilidades motoras


especificas.

► Componentes básicos do movimento que podem ser generalizados para as


necessidades especificas de uma habilidade motora em particular.

Ex. chutar a gol, em queda livre, em movimento ou no chão, uma bola redonda,
oval, pequena, grande, etc.

PADRÃO MOTOR = Depende das capacidades motoras globais. Ação motora


de menor precisão e maior disponibilidade na sua adaptação a várias situações.
Movimento global que confere versatilidade ao indivíduo.

Ex. Lançar (no handebol, no basquete, o dardo, etc.) Se preocupa mais com o
comportamento global do indivíduo.

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Figura: 5

AQUISIÇÃO MOTORA (NOÇÃO) = MOTOR SKILL (DISTREZA MOTORA)


Equivale a habilidade motora fina. Ação motora de grande precisão e controle
que visa resultado (objetivo) especifico (enfiar bola num cesto, escrever, etc.).

Generalização motora:

Conjunto ou combinação de padrões de movimento que permitem uma


VERSATILIDADE de adaptação à situação problema.

– Mecanismo de integração e INCORPORAÇÃO (assimilação de esquemas


motores – Piaget-) para realização de movimentos mais globais e complexos.

GENERALIZAÇÕES MOTORAS EQUILIBRAÇÃO E CONTROLE POSTURAL:


Relacionada com a vigilância e suporte do corpo face a força da gravidade em
diferentes situações de movimento ou equilíbrio estático, (deitado, sentado, de
pé).

Locomoção:

Conjunto de habilidades motoras através das quais se estabelece contato entre


si e os objetos e entre si e o próprio espaço. (Correr, saltitar, marchar, saltar,
trepar).

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Contato: Manipulação visando informação dos objetos através dos sentidos:

a) abordagem (apanhar);

b) preensão (manipular);

c) libertação dos objetos (largar). Permite a descoberta de atributos e qualidades


dos objetos (forma, relações, de figura fundo), dentre outros).

Recepção e propulsão (devolução):

Atividades que visam assimilar o movimento dos objetos (agarrar, puxar,


empurrar, lançar e bater). Ligado a percepção egocêntrica dos objetos (ponto de
partida e ponto de chegada).

Recepção refere-se a atividades de observação quando objetos se movimenta


para o sujeito. Propulsão, atividades de observação quando os objetos são
movimentados a partir de si próprio.

Capacidades motoras básicas:

Alicerce da eficácia dos processos psíquicos superiores:

Postura:

Ponto de referência do universo individual. Do controle postural depende toda


orientação no mundo e qualquer outro movimento.

Atitude:

Sinônimo de Postura. Suporte de todos os movimentos humanos. Garantida pela


ação dos músculos anti-graviticos.

Lateralidade:

CMB que traduz a percepção integrada dos 2 lados do corpo. Elemento


fundamental de relação-orientação com o mundo exterior. Noções espaciais com
cima-embaixo, anterior e posterior, dependem da noção de lateralidade.

DIRECIONALIDADE: Capacidade para transferir a lateralidade para as noções


de esquerda-direita dos objetos no espaço. Depende principalmente do controle
visual.

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Imagem corporal:

Noção de corpo, conhecimento e utilização em situações de exploração e


orientação espaço-tempo.

IDADE PRÉ-ESCOLAR APRENDIZAGEM MOTORA E DESENVOLVIMENTO


MOTOR. De Meinel, Kurt. Motricidade II e Didática do Movimento Humano:

Generalizações:

► Aumento rápido e qualitativo do rendimento.

► Aumento de disponibilidade variável das formas de movimento.

► Aumento da capacidade de aplicação em diferentes tarefas e situações.

3.1 Habilidades motoras básicas:

As habilidades motoras fundamentais têm início a partir de dois anos, nesta


idade as crianças já têm total domínio dos movimentos rudimentares que são a
base para o refinamento dos padrões motores fundamentais. Dentre as fases do
desenvolvimento infantil, as habilidades motoras fundamentais são consideradas
a maior e mais importante delas. Esta fase é considerada uma fase crítica e
sensível, pois pode acarretar mudanças que determinarão o futuro motor do
indivíduo.

Aspecto importante nesta fase é o de que o movimento se desenvolve em


estágios, e estes estão sempre em progressão. Esta progressão depende muito
da maturação e das experiências vividas pelo aluno, para que haja o
desenvolvimento adequado.

De acordo com Gallahue e Ozmun (2001), as habilidades motoras fundamentais


podem ser divididas em três categorias:

● Habilidades Locomotoras:

Movimentos que indicam uma mudança na localização do corpo em relação a


um ponto fixo na superfície. Ex: Andar, puxar, empurrar, carregar, andar ou

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correr combinado, quicar – lançar para cima e pegar (antecipação) – saltitar –
subir – trepar – equilibrar – saltar, etc.

Figura: 6

Aperfeiçoamento: 4 a 7 anos – combinação de movimentos.

Progresso: Aumento de normas sociais (ligado a entrada na escola).

Formação esportiva (5 a 7 anos): Técnicas básicas de natação – saltos aquáticos


elementares, patinação, futebol, ginástica.

Figura: 7

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● Habilidades motoras:

Movimentos de manipulação (ligadas a coordenação neuro-motora): como


tarefas de arremesso, recepção, chutes (manipulativas grossas) e costurar,
cortar (manipulativas finas).

Diferenças consideráveis de 3 p/ 5 anos;

► Aumento na velocidade de movimento com aprimoramento qualitativo da


mecânica de movimento;

► Melhora no equilíbrio estático e dinâmico – segurança

► Melhora da força e da flexibilidade (crianças treinadas);

► Condução do movimento mais rápido, vigoroso e maiores na proporção


espacial;

●Habilidades Estabilizadoras ou de Equilíbrio: a criança na tentativa é envolvida


em constantes esforços contra a força da gravidade na tentativa de manter a
postura vertical.

Ex.: girar braços e tronco, flexionar o tronco, entre outros.

Outro aspecto relevante, de acordo com Gallahue e Ozmun (2001), das


habilidades motoras fundamentais, é que durante o seu desenvolvimento, o
indivíduo passa por três estágios distintos, são eles:

● Estágio Inicial: representa a primeira metade orientada da criança na tentativa


de executar um padrão de movimento fundamental. As integrações dos
movimentos espaciais e temporais são mínimas. A criança atinge este nível por
volta de dois a três anos de idade.

● Estágio Elementar: envolve maior controle e melhor coordenação dos


movimentos fundamentais. Evidencia-se por volta dos quatro a cinco anos de
idade, dependendo do processo de maturação.

● Estágio Maduro: é caracterizado como mecanicamente eficiente coordenado


e de execução controlada. Tipicamente as crianças têm potencial de
desenvolvimento para estar no estágio maduro perto de seis a sete anos.

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Para Oliveira (2002) existem várias etapas de aquisição de habilidades motoras
ao longo da vida, no qual o surgimento de padrões fundamentais de movimento,
trabalhando atividades motoras concretas na educação física, se torna essencial
para o desenvolvimento da criança.

Segundo Freire (1994), de acordo com o conhecimento que a criança possui, as


habilidades motoras podem ser desenvolvidas nas aulas de educação física em
um contexto de jogos, de brinquedo, no universo infantil, sem a monotonia da
prescrição exata de exercícios, sem impor às crianças uma linguagem corporal
que lhes é estranha.

Para Basei (2008) merece ser ressaltada a necessidade de proporcionar


estímulos auxiliares ao desenvolvimento, bem como medir e intervir nesse
processo, quando falamos de pré-escola. Partindo da compreensão de que esse
nível de ensino deve ser um espaço socioeducativo onde é fundamental permitir
que a criança tenha acesso a elementos da cultura universal e da natureza, as
trocas de experiências com outras crianças e à mediação do professor desfrutam
de um processo de desenvolvimento e aprendizagem mais rico e significativo.

O interesse de pesquisadores na área de desenvolvimento motor tem sido cada


vez mais frequente no estudo do processo de aquisição de habilidades motoras
básicas. A simples observação do arremessar de uma bola por uma criança,
independente da sua idade, pode-se afirmar que as diferentes formas com que
um mesmo movimento é executado representam externamente os processos
que ocorrem no interior do indivíduo (FERRAZ, 1992 citado em FERRAZ e
FLORES, 2004).

3.2Comportamento motor

Em cada idade o movimento toma características significativas e a aquisição ou


aparição de determinados comportamentos motores tem repercussões
importantes no desenvolvimento da criança. Cada aquisição influência na
anterior, tanto no domínio mental como no motor, através da experiência e troca
com o meio (Fonseca, 1988). Todo o comportamento envolve processos

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neurais específicos, que ocorrem desde a percepção do estímulo até a
efetivação da resposta selecionada. Esses processos neurais possibilitam o
comportamento e o aprendizado, que acontecem de maneiras diferentes no
cérebro. Desde que nascemos, a maturação do sistema nervoso possibilita o
aprendizado progressivo de habilidades. À medida que uma determinada área
cerebral amadurece, a pessoa exibe comportamentos correspondentes àquela
área madura, desde que tal função seja estimulada.

Desta forma, o desenvolvimento comportamental é restringido pela maturação


das células cerebrais, como exemplo, considera-se que embora os bebês e
as crianças sejam capazes de fazer movimentos complexos, os níveis de
coordenação e controle motor fino só serão alcançados após o término da
formação da mielina, na adolescência (Kolb e Whishaw, 2002).

A aprendizagem é a mudança de comportamento viabilizada pela plasticidade


dos processos neurais cognitivos.

Figura: 8

Considerando que a aprendizagem motora é complexa e envolve praticamente


todas as áreas corticais de associação, é necessário compreender o
funcionamento neurofisiológico na maturação a fim de fornecer bases teóricas

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para a estruturação de um plano de ensino que considere as fases de
desenvolvimento neural da criança, maximizando assim o aprendizado.

Gardner foi buscar evidências também no estudo de pessoas com lesões e


disfunções cerebrais, que o ajudou a formular hipóteses sobre a relação entre
as habilidades individuais e determinadas regiões do órgão. Finalmente, o
psicólogo se valeu do mapeamento encefálico mediante técnicas surgidas nas
décadas recentes. Suas conclusões, como a maioria das que se referem ao
funcionamento do cérebro, são eminentemente empíricas.

Ele concluiu, a princípio, que há sete tipos de inteligência:

1. Lógico-matemática é a capacidade de realizar operações numéricas e de


fazer deduções.
2. Linguística é a habilidade de aprender idiomas e de usar a fala e a escrita
para atingir objetivos.
3. Espacial é a disposição para reconhecer e manipular situações que
envolvam apreensões visuais.
4. Físico-sinestésica é o potencial para usar o corpo com o fim de resolver
problemas ou fabricar produtos.
5. Interpessoal é a capacidade de entender as intenções e os desejos dos
outros e consequentemente de se relacionar bem em sociedade.
6. Intrapessoal é a inclinação para se conhecer e usar o entendimento de si
mesmo para alcançar certos fins.
7. Musical é a aptidão para tocar, apreciar e compor padrões musicais.

Finalmente, ele define inteligência como a habilidade para resolver problemas


ou criar produtos que sejam significativos em um ou mais ambientes culturais
(GARDNER, 1999).

Segundo Romanelli (2003), a noção de maturação nervosa é uma das mais


fundamentais para se explicar o processo de aprendizagem. Os psicólogos
acreditam que os comportamentos não podem ser externados até que seu
mecanismo neural tenha se desenvolvido (Kolb e Whishaw, 2002).

23
O conhecimento da célula nervosa é essencial para entender o funcionamento
do sistema nervoso e seus processos maturacionais, pois os neurônios são
dotados de extensa plasticidade e adaptabilidade, o que lhes permite serem os
grandes responsáveis pelos sistemas de informação e comunicação dos seres
vivos.

Os neurônios são compostos por 3 partes: dendritos, axônio e corpo celular,


Figura: 9. Quando o corpo celular envia uma mensagem, cabe ao axônio
conduzi-la até o dendrito do próximo neurônio para fazer a sinapse. Para que o
axônio consiga transmitir a mensagem ele precisa estar maduro. Torna-se
maduro quando é envolvida por uma camada de gordura e proteína denominada
mielina.

Figura: 9

O processo de mielinização acontece no tempo, de modo que diferentes


neurônios se mielinizam em épocas distintas do desenvolvimento do organismo.
Esse fato fornece embasamento para a compreensão das teorias que
descrevem as fases evolutivas da criança, como os estágios de Jean Piaget.

Para melhor compreender a aprendizagem sob a ótica da maturação nervosa,


é necessário saber como o comportamento acontece a fim de investigar os
processos neurais de mudança dele. De maneira geral, existem duas
abordagens básicas para explicar o comportamento. A primeira é a abordagem
comportamental, ou de estímulo resposta, desenvolvida por Skinner, que
acredita ser possível a redução de todo comportamento a um modelo
matemático de conexões de estímulo-resposta, de forma que conhecimento do
estímulo permite predizer a resposta. Este modelo funciona com animais, mas

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com humanos parece muito simplista. Para suprir esta lacuna entre estímulo e
resposta, Magill (2001) desenvolveu o "Modelo de processamento de
informação" que envolve o estímulo, a percepção, o processamento central, a
decisão da resposta e a sua efetivação (que é o comportamento) (Cox, 1994).

Dentro do modelo de Magill pode-se encaixar outras variáveis como atenção,


memória e ansiedade. Cada fase do processamento de informação depende de
muitas variáveis (Schmidt e Wrisberg, 2001), como da atenção e percepção do
estimulo e do resgate da memória no processamento central, que é a busca das
informações necessárias para a decisão da resposta.

Muitos fatores podem influenciar no processamento de informações, entre eles


a ansiedade. Embora existam muitas crianças com falhas no aprendizado em
função de transtornos de atenção, não se sabe ao certo quando elas realmente
apresentam o problema. Ao compreender como a atenção se desenvolve dentro
dos processos de maturação neural, pode-se verificar se o nível de atenção é
normal ou não de acordo com a maturação da criança naquela faixa etária e
também se a aula está adequada a capacidade e desenvolvimento cerebral da
criança.

3.3 Áreas cerebrais e maturação na aprendizagem

A aprendizagem resulta da recepção e da troca de informação entre o meio


ambiente e os diferentes centros nervosos (Romanelli, 2003). Desta forma, a
aprendizagem inicia com um estimulo de natureza físico-química advindo do
ambiente que é transformado em impulso nervoso pelos órgãos dos sentidos.

O impulso, transportado pela inervação sensitiva, passa pelo tronco cerebral, via
tálamo, e chega até um centro nervoso do córtex cerebral correspondente a
natureza do estimulo. Desta forma, o estimulo visual termina no lobo occipital, o
auditivo no temporal, o táctil ou somestésico no lobo parietal (Behar et al, 2001).

Estas áreas aonde chegam os estímulos são chamadas de “zona de projeção”


ou “ primárias”. O estimulo projetado nestas áreas primárias é chamada de “
sensação”, que se trata da informação na sua forma elementar e incompleta sem

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conhecimento nem elaboração de significado, constituindo-se de uma passagem
obrigatória para a percepção. Ao estimular eletricamente as áreas primárias o
sujeito vivencia sensações vagas como escutar um “zunido” ou ver estrelinhas,
sentir um formigamento, sem identificação de significado. (Romanelli, 2003).

Figura: 10

Por meio dos neurônios associativos, a informação que chegou a área primária
é transmitida para área secundária. A decodificação da informação na área
secundária proporciona a “percepção’ que consiste na formação de imagens
sensoriais correspondentes ao estimulo. Na percepção, as imagens (auditivas,
visuais e tácteis) recebem significados, de forma que permitem que a pessoa
veja e reconheça, por exemplo, esse é o rosto de minha mãe, essa voz é do meu
amigo, etc. (Bittencourt, 1985).

A sensação é comum no recém nato, pois suas áreas secundárias ainda não
amadureceram, no entanto, os adultos dificilmente vivenciam sensação devido
a informação passar para as áreas mais complexas assim que chega, de forma
que estamos sempre questionando: o que é isso? De quem é essa voz? O que
está encostando-se a mim? A percepção requer um ótimo estado de atenção.

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Pense em uma pessoa acordando com o despertador. Primeiro ela escuta ruídos
vagos e depois de um pequeno tempo identifica que é o despertador, que precisa
desliga-lo e acorda (Romanelli,2003).

Das áreas secundárias ou de associação passa-se às terciárias ou de integração


onde ocorre a edição e combinação de todos os aspectos do estímulo. Nas áreas
terciárias o sujeito faz associações entre os sentidos, por exemplo, este é o meu
amigo, cuja voz me é agradável, a pele é macia e tem um cheiro agradável.
Todos esses processos acontecem no cérebro em milésimos de segundo e
envolvem outras estruturas sub corticais que não foram mencionadas aqui. É
importante lembrar que a divisão funcional de áreas primárias, secundárias e
terciárias acontece no lobo occipital, parietal e temporal, não funcionando da
mesma maneira para o lobo frontal (Bittencourt,1985).

3.3 Como estimular o desenvolvimento motor

Para estimular o desenvolvimento infantil os jogos e brincadeiras devem fazem


parte do cotidiano infantil. A ludicidade facilita os relacionamentos interpessoais,
a criatividade, propicia a aprendizagem de forma dinâmica e proporciona um
ambiente agradável e amigável para criança.

O jogo estimula e contribui de forma prazerosa no desenvolvimento global da


criança – inteligência, afetividade, motricidade e sociabilidade – desenvolvendo
também o espírito de iniciativa, autonomia, poder de decisão, enfim, a sua
personalidade.

É no ato de brincar que a criança aprende a esperar sua vez, conviver com outras
pessoas, ganhar e perder. Quando a mesma não encontra oportunidade de
interação com o ambiente e seus mais variados desafios acaba tendo
dificuldades no seu desenvolvimento. Além de diversão a ludicidade deve ser
vista como forma de aprendizado e de desenvolvimento intelectual.

Mas, quais tipos de atividades lúdicas são essenciais para estimular o


desenvolvimento motor infantil?

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Piaget (1972) classificou essas atividades em 3 fases:

Jogos de exercício sensório motor – É o ato de jogar. Exercícios que consistem


em repetições de gestos e movimentos simples como agitar os braços, sacudir
objetos, emitir sons, caminhar, pular, correr, etc. Embora esses jogos comecem
na fase maternal e durem predominantemente até os dois anos, eles se mantêm
durante toda infância e até a fase adulta. Por exemplo, andar de bicicleta.

Figura: 11

Jogos Simbólicos – É o ato de faz-de-conta. São usuais entre 2 e os 6 anos. A


função consiste em satisfazer o eu por meio de uma transformação do real, em
função dos desejos. A criança tende a reproduzir nesses jogos as relações
predominantes no seu meio ambiente e assimilar, dessa maneira, a realidade,
sendo uma maneira de se alto expressar.

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Figura: 12

Jogos de regras – São mais indicados a partir dos 5 anos, porém se desenvolve
principalmente na fase dos 7 e 12 anos. São classificados em jogos de exercício
sensórios motor, o futebol e intelectual, o xadrez. O que caracteriza o jogo de
regras é existência de um conjunto de leis impostas pelo grupo.

Figura: 13

As crianças possuem necessidades sociais e buscam outras crianças para a


realização de suas atividades lúdicas. Esse processo permite que os
sentimentos egoístas cedam lugar aos sentimentos de companheirismo. O
desenvolvimento social envolve um procedimento de aumentar na criança a

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capacidade de agir, interagir e reagir afetivamente com as outras crianças e
consigo mesmo. Um aspecto importante a ser considerado é a formação do
autoconceito, o qual parte do princípio do que a criança sente e vê de que é
capaz e do que não é capaz, percebe o certo e o errado, o bom e o ruim,
possibilitado, de certa forma, através do jogo social. Deste modo, a partir do
momento que a criança aprende sobre si mesmo, está em condições de
participar de jogos e competições, pois está emocionalmente em condições de
perceber o grupo e as demais pessoas.

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REFERÊNCIAS

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