Direito Constitucional 0
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Autor:
Equipe Direito Constitucional
Estratégia Concursos
22 de Maio de 2024
Índice
1) Apresentação do Curso de Direito Constitucional
..............................................................................................................................................................................................3
Tudo bem?
É com enorme alegria que hoje damos início ao nosso curso de Direito Constitucional. Antes de qualquer
coisa, pedimos licença para uma rápida apresentação e passagem de algumas orientações importantes. :)
Este curso contemplará uma abordagem teórica verticalizada no estudo do Direito Constitucional, incluindo
a resolução de muitas questões da banca examinadora e uma preparação eficiente para concurso público.
Da nossa parte, pode esperar o máximo de dedicação para produzir o melhor e mais completo conteúdo
para vocês. ==2f62fd==
Os livros digitais contam com a produção intelectual originária dos professores Ricardo Vale e Nádia
Carolina, além das atualizações e revisões elaboradas pela nossa equipe de professores em Direito
Constitucional do Estratégia Concursos.
- Nádia Carolina: professora de Direito Constitucional desde 2011. Trabalhou como Auditora-Fiscal
da Receita Federal do Brasil de 2010 a 2015, tendo sido aprovada no concurso de 2009. Tem larga
experiência em concursos públicos, já tendo sido aprovada para os seguintes cargos: CGU 2008 (6º
lugar), TRE/GO 2008 (22º lugar) ATA-MF 2009 (2º lugar), Analista-Tributário RFB (16º lugar) e Auditor-
Fiscal RFB (14º lugar).
- Ricardo Vale: professor e sócio fundador do Estratégia Educacional. Entre 2008-2014, trabalhou
como Analista de Comércio Exterior (ACE/MDIC), concurso no qual foi aprovado em 3º lugar.
Ministro aulas presenciais e online nas disciplinas de Direito Constitucional, Comércio Internacional
e Legislação Aduaneira. Além das aulas, possui três grandes paixões na vida: a Profª Nádia, a pequena
Sofia e o pequeno JP (João Paulo)!! ☺
Uma recomendação importante! Procurem realizar o estudo das aulas em PDF realizando grifos e anotações
próprias no material. Isso será fundamental para as revisões futuras do conteúdo. Mantenham também a
resolução de questões como um dos pilares de seus estudos. Elas são essenciais para a fixação do conteúdo
teórico.
Buscaremos sempre apresentar um PDF com bastante didática, a fim de que vocês possam realizar uma
leitura de fácil compreensão e assimilação do conteúdo adequadamente. Tenham a certeza de que traremos,
a cada aula, o aprofundamento necessário para a prova, em todos os tópicos fundamentais do Direito
Constitucional.
Com essa estrutura e proposta, vocês realizarão uma preparação completa para o concurso, o que,
evidentemente, será fundamental para a sua aprovação. Além do livro digital, vocês terão acesso a
videoaulas, esquemas, slides, dicas de estudo e poderão fazer perguntas sobre as aulas em nosso fórum de
dúvidas.
No caso das videoaulas, contaremos com a participação do nosso time completo de professores: Ricardo
Vale, Adriane Fauth, Nelma Fontana e Emerson Bruno, visando a produção de conteúdo para o curso
extensivo e também os nossos eventos especiais e de reta final.
Dito tudo isso, já podemos partir para a nossa primeira aula! Todos preparados?
José Afonso da Silva enumera diversas expressões que fazem alusão aos direitos
fundamentais do homem, a saber: direitos naturais, direitos humanos, direitos do
homem, direitos individuais, direitos públicos subjetivos, liberdades
fundamentais, liberdades públicas e direitos fundamentais do homem.
1
MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público, 4ª ed. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2010, pp. 750-751.
2
SILVA, JOSÉ AFONSO DA. Curso de Direito Constitucional Positivo. 40. Ed. São Paulo: Malheiros, 2017.
Por fim, “direitos humanos” é expressão consagrada para se referir aos direitos positivados em
tratados internacionais, ou seja, são direitos protegidos no âmbito do direito internacional
público. A proteção a esses direitos é feita mediante convenções globais (por exemplo, o Pacto
Internacional sobre Direitos Civis e Políticos) ou regionais (por exemplo, a Convenção Americana
de Direitos Humanos).
É importante termos cuidado para não confundir direitos fundamentais e garantias fundamentais.
Qual seria, afinal, a diferença entre eles?
Os direitos fundamentais são os bens protegidos pela Constituição. É o caso da vida, da
liberdade, da propriedade etc. Já as garantias são formas de se protegerem esses bens, ou seja,
instrumentos constitucionais. Um exemplo é o habeas corpus, que protege o direito à liberdade
de locomoção. Ressalte-se que, para Canotilho, as garantias são também direitos.3
Para Maurice Hauriou, não basta que um direito seja reconhecido e declarado. É necessário
garantir esse direito porque virão ocasiões em que ele será questionado e violado.
Já Ruy Barbosa defendia que uma coisa são os direitos, outra as garantias. Devemos separar as
disposições meramente declaratórias, que são as que imprimem existência legal aos direitos
reconhecidos, e as disposições assecuratórias, que são as que, em defesa dos direitos, limitam o
poder.
Em sede de garantias dos direitos fundamentais, José Afonso da Silva faz a seguinte distinção:
3
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição, 7ª edição. Coimbra:
Almedina, 2003.
As “gerações” de direitos
Os direitos fundamentais são tradicionalmente classificados em gerações, o que busca transmitir
uma ideia de que eles não surgiram todos em um mesmo momento histórico. Eles foram fruto de
==2f62fd==
b) Segunda geração — são os direitos que envolvem prestações positivas do Estado aos
indivíduos (políticas e serviços públicos) e, em sua maioria, caracterizam-se por serem
normas programáticas. São, por isso, também chamados de liberdades positivas. Para o
Estado, constituem obrigações de fazer algo em prol dos indivíduos, objetivando que
todos tenham “bem-estar”. Em razão disso, eles também são chamados de “direitos do
bem-estar”.
Os direitos de segunda geração têm como valor fonte a igualdade. São os direitos
econômicos, sociais e culturais. Como exemplos de direitos de segunda geração, citamos
o direito à educação, o direito à saúde e o direito ao trabalho.
c) Terceira geração — são os direitos que não protegem interesses individuais, mas que
transcendem a órbita dos indivíduos para alcançar a coletividade (direitos transindividuais
ou supraindividuais).
Os direitos de terceira geração têm como valores-fonte a solidariedade e a fraternidade.
São os direitos difusos e os coletivos. Citam-se, como exemplos, o direito do consumidor,
o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e o direito ao desenvolvimento.
Percebeu como as três primeiras gerações seguem a sequência do lema da Revolução Francesa:
Liberdade, Igualdade e Fraternidade? Guarde isso para a prova! Abaixo, transcrevemos decisão
do STF que resume muito bem o entendimento da Corte sobre os direitos fundamentais.
Parte da doutrina considera a existência de direitos de quarta geração. Para Paulo Bonavides,
estes incluiriam os direitos relacionados à globalização: direito à democracia, o direito à
informação e o direito ao pluralismo. Desses direitos dependeria a concretização de uma “civitas
maxima”, uma sociedade sem fronteiras e universal. Por outro lado, Norberto Bobbio considera
como de quarta geração os “direitos relacionados à engenharia genética”.
Há também uma parte da doutrina que fala em direitos de quinta geração, representados pelo
direito à paz4.
A expressão “geração de direitos” é criticada por vários autores, que argumentam que ela daria a
entender que os direitos de uma determinada geração seriam substituídos pelos direitos da
próxima geração. Isso não é verdade. O que ocorre é que os direitos de uma geração seguinte
se acumulam aos das gerações anteriores. Em virtude disso, a doutrina tem preferido usar a
expressão “dimensões de direitos”. Teríamos, então, os direitos de 1ª dimensão, 2ª dimensão e
assim por diante.
4
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 2008.
1
NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional. 12. ed. Salvador: JusPodivm, 2017, pp. 278-279.
2
ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 2017, p. 418.
todavia, que alguns direitos não podem ser titularizados por todos, pois são outorgados a
grupos específicos (como os direitos dos trabalhadores).
b) Historicidade — os direitos fundamentais não resultam de um acontecimento histórico
determinado, mas de todo um processo de afirmação. Surgem a partir das lutas do
homem, em que há conquistas progressivas. Por isso mesmo são mutáveis e sujeitos a
ampliações, o que explica as diferentes “gerações” de direitos fundamentais que
estudamos.
c) Indivisibilidade — os direitos fundamentais são indivisíveis, isto é, formam parte de um
sistema harmônico e coerente de proteção à dignidade da pessoa humana. Os direitos
fundamentais não podem ser considerados isoladamente, mas sim integrando um
conjunto único, indivisível de direitos.
d) Inalienabilidade — os direitos fundamentais são intransferíveis e inegociáveis, não
podendo ser abolidos por vontade de seu titular. Além disso, não possuem conteúdo
econômico-patrimonial.
e) Imprescritibilidade — os direitos fundamentais não se perdem com o tempo, sendo
sempre exigíveis. Essa característica decorre do fato de que os direitos fundamentais são
personalíssimos, não podendo ser alcançados pela prescrição.
f) Irrenunciabilidade — o titular dos direitos fundamentais não pode deles dispor, embora
possa deixar de exercê-los. É admissível, entretanto, em algumas situações, a
autolimitação voluntária de seu exercício, num caso concreto. Seria o caso, por exemplo,
dos indivíduos que participam dos conhecidos reality shows, que, temporariamente,
abdicam do direito à privacidade.
g) Relatividade ou limitabilidade — não há direitos fundamentais absolutos. Trata-se de
direitos relativos, limitáveis, no caso concreto, por outros direitos fundamentais. No caso
de conflito entre eles, há uma concordância prática ou harmonização: nenhum deles é
sacrificado definitivamente.
vez previstos, passam a constituir tanto uma garantia institucional quanto um direito
subjetivo. Isso limita o legislador e exige a realização de uma política condizente com
esses direitos, sendo inconstitucionais quaisquer medidas estatais que, sem a criação de
outros esquemas alternativos ou compensatórios, anulem, revoguem ou aniquilem o
núcleo essencial desses direitos.
Os direitos fundamentais possuem uma dupla dimensão: i) dimensão subjetiva; e ii) dimensão
objetiva.
Na dimensão subjetiva, os direitos fundamentais são direitos exigíveis perante o Estado: as
pessoas podem exigir que o Estado se abstenha de intervir indevidamente na esfera privada
(direitos de 1ª geração) ou que o Estado atue ofertando prestações positivas, por meio de
políticas e serviços públicos (direitos de 2ª geração).
Já na dimensão objetiva, os direitos fundamentais são vistos como enunciados dotados de alta
carga valorativa: eles são qualificados como princípios estruturantes do Estado, cuja eficácia se
irradia para todo o ordenamento jurídico.
(DP-DF – 2022) Os direitos fundamentais caracterizam-se por seu caráter absoluto, característica
que permanece mesmo havendo eventuais colisões entre eles.
Comentários:
Uma das características dos direitos fundamentais é a sua relatividade. Não existem direitos
fundamentais de natureza absoluta, já que eles encontram limites nos demais direitos previstos
na Constituição. Questão errada.
(TJ-PR – 2019) Considerando-se o surgimento e a evolução dos direitos fundamentais em
gerações, é correto afirmar que o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é
considerado, pela doutrina, direito de segunda geração.
Comentários:
O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é direito de 3ª geração. Questão errada.
(PGE-PE – 2018) Os direitos destinados a assegurar a soberania popular mediante a possibilidade
de interferência direta ou indireta nas decisões políticas do Estado são direitos políticos de
primeira dimensão.
Comentários:
São direitos de 1ª geração os direitos civis e políticos. Os direitos políticos são aqueles que estão
relacionados à participação do indivíduo na vida política do Estado. Questão correta.
(DPE-PR – 2017) A dimensão subjetiva dos direitos fundamentais resulta de seu significado como
princípios básicos da ordem constitucional, fazendo com que os direitos fundamentais influam
sobre todo o ordenamento jurídico e servindo como norte de ação para os poderes constituídos.
Comentários:
A dimensão objetiva dos direitos fundamentais é que impõe que estes influam sobre todo o
ordenamento jurídico. Nesse sentido, fala-se em “eficácia irradiante” dos direitos fundamentais.
Questão errada.
(FUB – 2015) A característica da universalidade consiste em que todos os indivíduos sejam
titulares de todos os direitos fundamentais, sem distinção.
Comentários:
Há alguns direitos que não podem ser titularizados por todas as pessoas. É o caso, por exemplo,
dos direitos dos trabalhadores. Questão errada.
(TRT 8ª Região – 2013) Os direitos fundamentais são personalíssimos, de forma que somente a
própria pessoa pode a eles renunciar.
Comentários:
Os direitos fundamentais têm como característica a “irrenunciabilidade”. Questão errada.
1
SILVA, Virgílio Afonso da. O conteúdo essencial dos direitos fundamentais e a eficácia das normas
constitucionais. In: Revista de Direito do Estado, volume 4, 2006, pp. 35 – 39.
O Prof. Gilmar Mendes, ao tratar da teoria dos “limites dos limites”, afirma o seguinte:
No Brasil, a CF/88 não previu expressamente a teoria dos limites dos limites. Entretanto, o dever
de proteção ao núcleo essencial está implícito na Carta Magna, de acordo com vários julgados
do STF e de acordo com a doutrina, por decorrência do modelo garantístico utilizado pelo
constituinte. Isso porque a não admissão de um limite à atuação legislativa tornaria inócua
qualquer proteção fundamental3.
Por fim, vale ressaltar que os direitos fundamentais também podem ser restringidos em situações
de crises constitucionais, como na vigência do estado de sítio e do estado de defesa.4
(FUB – 2015) Os direitos fundamentais, considerados como cláusula pétrea das constituições,
podem sofrer limitações por ponderação judicial caso estejam em confronto com outros direitos
fundamentais, por alteração legislativa, via emenda constitucional, desde que, nesse último caso,
seja respeitado o núcleo essencial que os caracteriza.
Comentários:
É possível, sim, que sejam impostas limitações aos direitos fundamentais, mas desde que seja
respeitado o núcleo essencial que os caracteriza. Em um caso concreto no qual haja o conflito
entre direitos fundamentais, o juiz aplicará a técnica da ponderação (harmonização). Questão
correta.
2
MENDES, Gilmar Ferreira. Direitos Fundamentais e Controle de Constitucionalidade: Estudos de Direito
Constitucional. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 41.
3
MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito
Constitucional. p. 319.
4
O estado de defesa e o estado de sítio estão previstos nos arts. 136 e 137 da CF/88.
A partir do século XX, entretanto, surgiu a teoria da eficácia horizontal dos direitos fundamentais,
que estendeu sua aplicação também às relações entre particulares. Tem-se a chamada “eficácia
horizontal” ou “efeito externo” dos direitos fundamentais. A aplicação de direitos fundamentais
nas relações entre particulares tem diferente aceitação pelo mundo. Nos Estados Unidos, por
exemplo, só se aceita a eficácia vertical dos direitos fundamentais.
Existem duas teorias sobre a aplicação dos direitos fundamentais aos particulares: i) a da eficácia
indireta e mediata; e ii) a da eficácia direta e imediata.
Para a teoria da eficácia indireta e mediata, os direitos fundamentais só se aplicam nas relações
jurídicas entre particulares de forma indireta, excepcionalmente, por meio das cláusulas gerais de
direito privado (ordem pública, liberdade contratual e outras). Essa teoria é incompatível com a
Constituição Federal, que, em seu art. 5º, § 1º, prevê que as normas definidoras de direitos
fundamentais possuem aplicabilidade imediata.
Já para a teoria da eficácia direta e imediata, os direitos fundamentais incidem diretamente nas
relações entre particulares. Estes estariam tão obrigados a cumpri-los quanto o poder público.
Essa é a tese que prevalece no Brasil, tendo sido adotada pelo Supremo Tribunal Federal.
Suponha, por exemplo, que, em uma determinada sociedade empresária, um dos sócios não
esteja cumprindo suas atribuições e, em razão disso, os outros sócios queiram retirá-lo da
sociedade. Eles não poderão fazê-lo sem que lhe seja concedido o direito à ampla defesa e ao
contraditório. Isso porque os direitos fundamentais também se aplicam às relações entre
particulares. É a eficácia horizontal dos direitos fundamentais.
Pode-se, ainda, falar na eficácia diagonal dos direitos fundamentais. Essa expressão serve para se
referir à aplicação dos direitos fundamentais em relações assimétricas entre particulares. É o
caso, por exemplo, das relações de trabalho, marcadas pela desigualdade de forças entre patrões
e empregados.
(TJ-CE – 2018) A exclusão de sócio de associação privada sem fins lucrativos independe do
contraditório e da ampla defesa, desde que haja previsão estatutária.
Comentários:
Os direitos fundamentais têm eficácia horizontal, isto é, aplicam-se nas relações entre
particulares. Assim, na exclusão de sócio de associação privada sem fins lucrativos, devem ser
garantidos a ampla defesa e o contraditório. Questão errada.
(PGE-PR – 2015) Os direitos fundamentais assegurados pela Constituição vinculam diretamente
só os poderes públicos, estando direcionados mediatamente à proteção dos particulares e
apenas em face dos chamados poderes privados.
Comentários:
(DP-DF – 2022) Os direitos e garantias previstos pela Constituição Federal de 1988 estão
dispostos em rol taxativo, em razão da ampla rede de proteção a eles destinada.
Comentários:
A enumeração constitucional dos direitos e das garantias fundamentais não é limitada, taxativa,
haja vista que outros poderão ser reconhecidos futuramente, seja por meio de emendas
constitucionais ou mesmo mediante normas infraconstitucionais, como os tratados e as
convenções internacionais de direitos humanos celebrados pelo Brasil. Questão errada.
(CGE-CE – 2019) O rol dos direitos e das garantias fundamentais se esgota nos direitos e deveres
individuais, na nacionalidade e nos direitos políticos.
Também se enquadram como direitos e garantias fundamentais os direitos sociais e os direitos
relacionados à existência, organização e participação em partidos políticos. Questão errada.
(MPU – 2015) Na CF, a classificação dos direitos e garantias fundamentais restringe-se a três
categorias: os direitos individuais e coletivos, os direitos de nacionalidade e os direitos políticos.
Comentários:
Pode-se falar, ainda, na existência de outros dois grupos de direitos: os direitos sociais e os
direitos relacionados à existência, organização e participação em partidos políticos. Questão
errada.
QUESTÕES COMENTADAS
1. VUNESP/PCSP/2023
Teoria Geral da Constituição / Teoria Geral dos Direitos Fundamentais / Dimensões de Direitos
Fundamentais / Características dos Direitos Fundamentais / Dimensão dos direitos fundamentais /
Geração de direitos
Comentário completo
Ao estudarmos sobre os direitos fundamentais, passamos pela discussão teórica sobre a
diferença destes com os direitos humanos. Não há um consenso doutrinário acerca da distinção
entre direitos humanos e direitos fundamentais. A distinção mais comum na doutrina é o local em
que estão positivados.
Resumidamente, os direitos fundamentais são direitos humanos positivados na Constituição
Federal.
Em que pese sejam ambos os termos (“direitos humanos” e “direitos
fundamentais”) comumente utilizados como sinônimos, a explicação
corriqueira e, diga-se de passagem, procedente para a distinção é de que o
termo “direitos fundamentais” se aplica para aqueles direitos do ser
humano reconhecidos e positivados na esfera do direito constitucional
positivo de determinado Estado, ao passo que a expressão “direitos
humanos” guardaria relação com os documentos de direito internacional [...]
(SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos Direitos fundamentais. 8 ed. Porto
Alegre: Livraria do Advogado, 2007, p. 35 - 36)
Existem algumas escolas doutrinárias abordando a concepção dos direitos humanos. Para
conseguir responder a referida questão é preciso entender a diferença entre as principais
concepções:
a) Jusnaturalistas que [...] defende a existência de direitos naturais do
indivíduo que são originários e inalienáveis, em função dos quais, e para
sua segurança, concebe-se o Estado. São direitos que, portanto, não
incube ao Estado outorgar, mas sim reconhecer e aprovar formalmente.
(TAVARES, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. 6. ed. São
Paulo: Saraiva, 2008, p. 444).
b) Positivista, “[...] doutrina segundo a qual não existe outro direito senão
o “positivismo” (BOBBIO, Norberto. O Positivismo jurídico: Lições de
Filosofia do Direito. Compiladas por Nello Morra; tradução e notas
Márcio Pugliesi, Edson Bini, Carlos E. Rodrigues. São Paulo: Ícone, 1995,
p. 26)
c) A concepção realista defende que os direitos fundamentais são
originários das relações de poder presentes na sociedade. Assim, foco
dessa doutrina está
“[..] no terreno político, ainda que também, como se verificou, outorgue
uma importância decisiva às garantias jurídico-processuais de tais direitos.
(TAVARES, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. 6. ed. São Paulo:
Saraiva, 2008, p. 446).
Ao compreendermos isso, vamos agora para a classificação dos direitos fundamentais, que
ocorre por dimensões. Essa classificação foi realizada com base no:
“[...] momento de surgimento e reconhecimento pelos ordenamentos
jurídicos” (Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo. Direito Constitucional
Descomplicado. 4ed. Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: Método, 2015, p.
102).
Assim, temos os direitos de 1ª, 2ª e 3ª dimensão e/ou geração. (como alguns doutrinadores
denominam). Há doutrinadores que acreditam que exista uma 4ª dimensão de direitos
fundamentais. No entanto, para respondermos essa questão, vamos nos ater às três primeiras
dimensões.
Os direitos fundamentais da 1ª dimensão surgiram no final do século XVIII, justamente quando
ocorreram as Revoluções Francesa e Americana. O documento de maior destaque aqui é a
Magna Carta de 1215. Isso porque foi o primeiro documento a abarcar os direitos de primeira
dimensão.
Esses direitos surgiram da busca do indivíduo pela sua liberdade e segurança diante do Estado.
Trata-se de direitos individuais e negativos, também chamados de liberdades-negativas
(valor-fonte liberdade). Exercem um papel de defesa, pois o Estado é obrigado a não atuar,
havendo uma espécie de limitação de poder estatal. Ex: propriedade, liberdade e direitos
políticos.
Já os direitos da 2ª dimensão tiveram como marco histórico a Revolução Industrial do século XIX.
Nessa época, a sociedade lutava pela defesa dos direitos sociais. Havia uma busca pela
igualdade, que se concretizava com as prestações que o Estado deveria realizar em favor dos
indivíduos.
Aqui, o Estado passou a ter um papel mais atuante. Por isso, os direitos de 2ª dimensão também
são chamados de liberdades positivas.
Por fim, os direitos da 3ª dimensão estão relacionados com a proteção de interesses que
ultrapassam a órbita do indivíduo. São aqueles chamados de direitos transindividuais ou
supraindividuais difuso e coletivo.
Estes últimos, surgiram porque o indivíduo passou a ser visto como parte de uma sociedade,
adquirindo direitos cujo valor-fonte é a solidariedade e fraternidade. Ex.: direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, direito de consumo e direito ao desenvolvimento.
==2f62fd==
Por fim, quando analisamos os direitos fundamentais no caso concreto, a conclusão é que não há
um direito fundamental absoluto. Na verdade, eles possuem como característica a limitabilidade
ou relatividade
Isso é perceptível quando dois ou mais direitos fundamentais entram em conflito. Nessa situação,
deverá ser analisado qual irá prevalecer naquele momento e situação. Assim, não haverá
supressão total e definitiva de um pelo outro, mas uma redução proporcional.
Dito isso, podemos concluir que o nosso gabarito é a Letra A! De fato, os direitos de 2ª dimensão
são frutos da obra da ideologia e da reflexão antiliberal e nasceram amparados pelo princípio da
igualdade.
(...)
Letra A. CORRETA. De cara é o nosso gabarito! Os direitos da 2ª dimensão foram pautados na
igualdade, na busca da defesa dos direitos sociais. A reflexão antiliberal que norteou os direitos
de 2ª dimensão foi uma tentativa de frear o excesso de liberdade que surgiu com os direitos da
1ª dimensão. Isso porque, a falta de atuação do Estado resultou em um desequilíbrio social.
Letra B. INCORRETA. A alternativa trouxe a explicação da teoria jusnaturalista dos direitos
fundamentais. Os jusnaturalistas acreditam que tais direitos são inerentes ao homem. Dessa
forma, o indivíduo já nasce detentor desses direitos, independente de criação de lei posterior
que assegure ou os regulamente.
Letra C. INCORRETA. Na verdade, os direitos fundamentais são caracterizados pela relatividade.
Assim, em caso de conflito, um prevalecerá naquele momento. Haverá uma harmonização e não
supressão.
Letra D. INCORRETA. Pegadinha!!! A Revolução Industrial do século XIX foi marco histórico dos
direitos da 2ª dimensão.
Letra E. INCORRETA. De fato, a Magna Carta de 1215 assegurou o direito de liberdade, no
entanto a igualdade só surgiu com os direitos da 2ª dimensão, que teve como marco inicial a
Revolução Industrial do Século XIX.
Gabarito: Letra A
2. VUNESP/TJSP/2023
Assinale a alternativa que contempla penas admitidas, nos termos da Constituição Federal de
1988.
e) Pena de morte em caso de guerra declarada nos termos do artigo 84, XIX, e cassação de
direitos políticos.
Comentário Completo:
A Carta Magna, em seu art. 5º, inciso LXVI, prevê penas que poderão vir a ser aplicadas aos
transgressores da legislação. Vejamos:
b) perda de bens;
c) multa;
A doutrina entende que esse dispositivo traz um rol exemplificativo. O texto constitucional, ao
trazer a expressão “dentre outras”, permite que a lei venha estabelecer mais penas. No entanto,
o legislador infraconstitucional não pode criar penas vedadas pela Constituição. Digo isso,
porque a CRFB/88 elencou as penas que são proibidas no nosso ordenamento jurídico, no inciso
XLV do art. 5º.
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
Acredito que o legislador Constituinte buscou fazer isso em respeito à dignidade da pessoa
humana, princípio base no art. 1º da CRFB/88, já que estamos diante de um dos fundamentos da
República Federativa do Brasil.
(...)
Letra A. CORRETA. De cara é o nosso gabarito! A Constituição prevê como pena, dentre outras,
as penas privativas de liberdade e restritiva de direito, conforme art. 5º, inciso XLVI.
Letra B. INCORRETA. A alternativa está errada. Apesar de ser constitucional a aplicação de pena
de perda de bens, é vedada a pena de banimento (alínea “d”, inciso XLVII art. 5º).
Letra D. INCORRETA. Está prevista na Constituição como pena permitida a chamada prestação
social. No entanto, a pena de trabalho forçado está disposta no rol de penas vedadas pela nossa
Carta Magna, art. 5º inciso XLVII alínea “c”.
Letra E. INCORRETA. O erro da alternativa está em imputar como pena a “cassação de direitos
políticos”, que era um instrumento próprio dos regimes ditatoriais. Trata-se de ato unilateral do
poder público, retirando os direitos políticos sem respeitar os princípios da ampla defesa e do
contraditório, consagrados no art. 5° LV da CRFB/88. Hoje, a cassação é vedada expressamente
em nosso ordenamento jurídico (art.15 da Carta Magna).
Gabarito: Letra A.
3. VUNESP/TJSP/2023
a) O autor da ação popular atuando de boa-fé é isento do pagamento de custas, mas está sujeito
aos ônus da sucumbência.
d) São sempre gratuitas as ações de habeas corpus e mandado de segurança e, na forma da lei,
os atos necessários ao exercício da cidadania.
Comentário Completo:
Estamos diante de uma questão clássica sobre Remédios Constitucionais. São chamados de
ações constitucionais, ou seja, instrumentos processuais que o legislador Constituinte
disponibilizou para a proteção de direito subjetivo contra práticas ilegais ou abusos de poder
cometidos pelo Estado.
São eles: Habeas Corpus, Habeas Data, Mandado de Segurança, Mandado de Segurança
Coletivo, Mandado de Injunção e Ação Popular.
O Habeas Data pode ser impetrado para assegurar ou retificar informações relativas ao
impetrante, constantes no banco de dados das entidades governamentais ou de caráter público.
É o que dispõe o inciso LXXII, art. 5º da CF/88 transcrito abaixo:
A legitimidade ativa cabe a qualquer pessoa física ou jurídica, podendo ser brasileira ou
estrangeira. No entanto, importa relatar que não é possível impetrar um habeas data para ter
acesso a informações de terceiros. O referido remédio tem caráter personalíssimo.
O Mandado de Segurança é o remédio constitucional para proteger direito líquido e certo dos
atos ilegais e abusivos da administração pública ou de agentes que atuam no exercício das
atribuições públicas. Vejamos:
Na modalidade coletiva, a Constituição (art. 5º, inciso LXX) restringiu os legitimados ativos do
mandado de segurança. São eles:
Já Mandado de Injunção é o remédio utilizado quando por falta de norma regulamentadora não
for possível o exercício de direitos e liberdades constitucionais, bem como das prerrogativas que
são inerentes à nacionalidade, soberania e cidadania, conforme dispõe o inciso LXXI, Art. 5º:
Por fim, a Ação Popular é um instrumento constitucional que deve ser utilizado para oportunizar a
participação do cidadão na vida pública. Por meio desta, há o exercício de uma espécie de
controle dos atos praticados pelo Poder Público.
Importante lembrar que esse instrumento deve ser empregado para anulação de atos que
causam danos ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
patrimônio histórico e cultural, de acordo com o inciso LXXIII, Art. 5º:
qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de
custas judiciais e do ônus da sucumbência;
O dispositivo acima deixa expresso que se o autor estiver de boa-fé não pagará as custas
judiciais e o ônus de sucumbência.
(...)
Letra A. INCORRETA. A alternativa está errada ao afirmar que o autor de boa fé está sujeito ao
ônus da sucumbência. O inciso LXXIII, Art. 5º determina que “[..] o autor, salvo comprovada
má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência”.
Letra B. CORRETA. É o nosso gabarito! De acordo com o inciso LXX do art. 5º da CRFB/88, o
mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos um ano. Nesse caso, se a associação está em funcionamento há
dois anos, então já cumpriu o requisito mínimo, sendo possível impetrar o referido remédio.
Letra C. INCORRETA. De acordo com o art. 5º LXXII da CRFB/88, o habeas data é o remédio
constitucional utilizado tanto para assegurar o acesso quanto para retificar as informações
relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público.
Letra D. INCORRETA. A alternativa está errada, tendo em vista que o mandado de segurança não
é uma ação gratuita. A Constituição no art. 5º inciso LXXVII prevê que “são gratuitas as ações de
habeas-corpus e habeas-data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania”.
Letra E. INCORRETA. O habeas data não é impetrado quando a falta de norma regulamentadora
está inviabilizando o exercício de um direito. Nesse caso, caberia o Mandado de injunção,
conforme inciso LXXI do art. 5º, CRFB/88:
Gabarito: Letra B.
4. VUNESP/TJSP/2023
outro imóvel. Sobre a situação narrada, assinale a alternativa correta à luz da previsão da
Constituição Federal de 1988.
a) A Constituição equipara, para fins de proteção, propriedade e casa, não admitindo o uso
temporário de propriedade particular.
d) É autorizado o uso da propriedade, mas Joaquim fará jus à indenização decorrente do uso,
mesmo não ocorrendo dano à propriedade.
e) Agiu corretamente a autoridade municipal, pois o iminente perigo público autoriza a utilização
da propriedade particular, mediante indenização ulterior, se houver dano.
Comentário Completo:
Essa questão foi feita para testar o conhecimento sobre um dos direitos e garantias fundamentais
previstos no art. 5º da CRFB/88: o chamado Direito de Propriedade.
No caso do inciso XXV, há a previsão de uma intervenção restritiva. É chamado pela doutrina
também como o instituto da requisição administrativa. Em caso de iminente perigo, o poder
público poderá requisitar a propriedade do particular.
Vale destacar que o particular tem sua propriedade limitada pelo Poder Público, que só
indenizará o proprietário se causar dano ao seu bem.
(...)
Letra A. INCORRETA. A CRFB/88 não faz uma equiparação entre os termos propriedade e casa.
Proteção à casa é tratada em inciso diverso e visa a proteção da intimidade e da vida privada do
indivíduo. Vejamos:
Assim, a casa vai além de uma mera propriedade particular, é necessário que o local seja usado
como moradia.
A segunda parte da afirmativa também está errada. De acordo com os incisos XXIV e XXV do art.
5º da CRFB/88, o direito da propriedade pode ser relativizado. A Carta Magna permite, inclusive,
o uso temporário pelo Poder Público. É a chamada requisição administrativa:
Letra B. INCORRETA. O art. 5º, inciso XXV da CRFB/88, traz que diante de uma situação
emergencial, a autoridade pública que usar de propriedade particular deverá indenizar ao
particular em caso de dano.
Letra D. INCORRETA. É devida a indenização por parte do Poder Público ao particular apenas se
houver algum tipo de dano ao patrimônio do particular.
Letra E. CORRETA. É o nosso gabarito! Em caso de perigo iminente ao Poder Público, fica
autorizada a utilização de propriedade particular, mediante indenização ulterior, se houver dano.
Vejamos:
Gabarito: Letra E.
5. VUNESP/PCSP/2023
Considere que João é investigador de polícia e foi informado de que, numa residência, há
fundada suspeita de que está em risco a integridade física de uma mulher, em situação de
violência doméstica ou familiar.
a) o ingresso dos policiais na residência somente poderá ser realizado se o crime estiver
efetivamente acontecendo, pois, a Constituição veda expressamente a violação da casa na
hipótese de crime permanente.
b) é válido o ingresso do policial na residência, não havendo vedação Constitucional para que os
agentes de segurança afastem de imediato o agressor da possível vítima.
e) a entrada na residência, no período noturno, somente poderá ser realizada se houver ordem
judicial.
Comentário Completo:
Temos aqui uma clássica questão dos direitos e garantias fundamentais, especificamente, sobre
os direitos e deveres individuais e coletivos, dispostos no art. 5º da CRFB/88.
Sobre o tema em questão, o STF proferiu uma decisão acerca da constitucionalidade da Polícia
adentrar na residência de um indivíduo para afastar o agressor do local de convivência com a
ofendida. Vejamos:
(...)
Letra C. INCORRETA. A situação em análise trata-se de flagrante delito, não sendo necessário,
nesse caso, a autorização da mulher para entrada dos policiais na residência.
Letra D. INCORRETA. A Constituição Federal, em seu art. 5º inciso XI, não delimita o tipo de
crime que possibilita a polícia adentrar a casa de um indivíduo, bastando apenas o flagrante
delito.
Letra E. INCORRETA. No caso de determinação judicial, esta só poderá ser cumprida durante o
dia. É o que determina o art. 5º inciso XI da CRFB/88.
Gabarito: Letra B
Comentários:
De fato, os direitos fundamentais têm como características a historicidade, a universalidade, a
irrenunciabilidade e a imprescritibilidade. Todavia, diferentemente do que diz a questão, esses
direitos são limitáveis ou relativos. Não há direitos fundamentais absolutos. Questão errada.
Comentários:
O inciso XXI do art. 5º da Carta Magna prevê um caso de representação processual, em que o
representante não age como parte do processo; ele apenas atua em nome da parte, a pessoa
representada. Para que haja representação processual, é necessária autorização expressa do
representado. Nos termos do dispositivo, “as entidades associativas, quando expressamente
autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente”.
Questão errada.
b) A teoria dos limites imanentes, também conhecida como teoria interna, admite que os direitos
fundamentais possam sofrer restrições externas.
Comentários:
Letra A: errada. Não há hierarquia entre os direitos fundamentais.
Letra B: errada. A teoria interna (teoria absoluta) considera que o processo de definição dos
limites a um direito é interno a este. Não há restrições a um direito, mas uma simples definição
de seus contornos. Os limites do direito lhe são imanentes, intrínsecos. A fixação dos limites a
um direito não é, portanto, influenciada por aspectos externos (extrínsecos), como, por exemplo,
a colisão de direitos fundamentais.
Letra C: errada. A teoria externa (teoria relativa) entende que a definição dos limites aos direitos
fundamentais é um processo externo a esses direitos. Em outras palavras, fatores extrínsecos irão
determinar os limites dos direitos fundamentais, ou seja, o seu núcleo essencial.
Letra D: errada. A teoria dos “limites dos limites” não tem expressa previsão constitucional.
Letra E: correta. É exatamente isso o que prevê a teoria dos “limites dos limites”. Podem ser
impostas restrições aos direitos fundamentais, mas o seu núcleo essencial deve permanecer
intangível, intocável.
O gabarito é a letra E.
Comentários:
Os direitos de primeira geração dizem respeito à liberdade. A igualdade é acentuada pelos
direitos de segunda geração. Questão errada.
Comentários:
Isso se aplica aos direitos fundamentais de segunda geração, dos quais fazem parte alguns
direitos sociais. Os direitos de primeira geração estão relacionados à liberdade. Questão errada.
11. (VUNESP / TJ-RJ - 2013) A ilimitabilidade é uma das características dos direitos humanos
que, aplicável no Brasil, não admite que esses sofram qualquer restrição em sua fruição.
Comentários:
A limitabilidade (e não ilimitabilidade!) é característica dos direitos humanos. Não há direito
humano absoluto: todos eles podem ser limitados quando do conflito com outros. Questão
errada.
12. (VUNESP / TJ-RJ – 2012) Dentre as várias características dos direitos humanos elencadas
pela doutrina, podem ser mencionadas as seguintes: indivisibilidade, complementaridade,
indisponibilidade, ilimitabilidade e irrenunciabilidade.
Comentários:
A limitabilidade (relatividade) é uma característica dos direitos humanos. Questão errada.
QUESTÕES COMENTADAS
1. (IADES / PGDF – 2011) Os direitos fundamentais foram projetados para serem limites de atuação
do Estado, não irradiando, portanto, seus efeitos sobre as relações jurídico-privadas.
Comentários:
Os direitos fundamentais aplicam-se tanto à relação dos indivíduos com o Estado como nas relações entre
particulares. Pode-se dizer que os direitos fundamentais têm uma eficácia vertical e uma eficácia horizontal.
Questão errada.
2. (IADES / PGDF – 2011) Os direitos e as garantias fundamentais chegaram a tal nível de abrangência
na previsão constitucional que, de sua interpretação, é possível afirmar que não mais somente frente ao
Estado, mas, agora também, nas relações privadas, podem os cidadãos fazer valer suas garantias a fim de
concretizar seus direitos fundamentais.
Comentários:
De fato, os direitos e garantias fundamentais aplicam-se, também, às relações privadas. Questão correta.
Comentários:
De fato, a inalienabilidade dos direitos fundamentais caracteriza-se pela impossibilidade de estes serem
transferidos ou negociados, ou mesmo abolidos por vontade de seu titular. Questão correta.
4. (IADES / CFA – 2010) Os direitos fundamentais podem ser reclamados em um determinado tempo,
pois há um lapso temporal que limita sua exigibilidade.
Comentários:
Os direitos fundamentais são imprescritíveis, não se perdem com o tempo. Questão errada.
Comentários:
A complementaridade diz respeito à interpretação conjunta dos direitos fundamentais, com o objetivo de
sua realização plena. Questão incorreta.
Comentários:
É isso mesmo. Os brasileiros e os estrangeiros (residentes ou não) são titulares de direitos fundamentais.
Questão correta.
Comentários:
A teoria interna (absoluta) considera que o processo de definição dos limites a um direito é interno a este. A
fixação dos limites a um direito não é, portanto, influenciada por aspectos externos, como a colisão de
direitos fundamentais. Dessa forma, a ponderação é incompatível com a teoria interna dos direitos
fundamentais. Questão correta.
8. (FUNIVERSA / PCDF – 2009) A teoria dos direitos fundamentais leva ao estudo daqueles de natureza
indisponível por parte dos cidadãos, na medida de sua titularidade pela comunidade como um todo, como
a essência mínima de caracterização da própria definição de sociedade humana. A respeito dos direitos e
garantias fundamentais, assinale a alternativa correta.
a) Por caracterizarem espécie altamente diferenciada de direitos, impondo, inclusive, limitações ao poder
constituinte derivado, é assente na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal que, como exceção que são,
assim devem ser tratados, restringindo-os às espécies previstas no art. 5º da Constituição Federal, o
conhecido artigo da cidadania.
b) Na evolução das conhecidas dimensões dos direitos fundamentais, há, sucessivamente, substituição de
direitos na medida do atingimento de novos estágios.
c) Os direitos previstos no art. 5º da Carta Federal também têm sido deferidos pelo Supremo Tribunal Federal
mesmo aos estrangeiros não residentes.
d) Os direitos e garantias fundamentais têm, sem exceção, aplicação imediata.
e) Tendo em conta o histórico do nascimento dos direitos fundamentais, não há que se considerar a sua
aplicação em face dos particulares.
Comentários:
Letra A: errada. O rol de direitos individuais elencados no art. 5º, CF/88, não é exaustivo. Segundo o art. 5º,
§ 2º “os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja
parte”.
Letra B: errada. As gerações de direitos fundamentais anteriores não são substituídas pelas posteriores. Ao
contrário, os direitos das diversas gerações se acumulam.
Letra C: correta. Até mesmo os estrangeiros não-residentes fazem jus aos direitos previstos no art. 5º, CF/88.
Letra D: errada. Pelo art. 5º, § 1º, as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação
imediata. Essa é a regra geral. Porém, há vários direitos fundamentais que constituem normas de eficácia
limitada e, portanto, têm aplicação mediata.
Letra E: errada. Os direitos fundamentais também se aplicam aos particulares, ou seja, eles possuem eficácia
horizontal.
9. (FUNCAB / PC-RJ – 2012) Assinale, dentre as opções abaixo, aquela que indica uma característica
INCORRETA dos direitos e garantias tidos como fundamentais previstos na Constituição da República:
a) Históricos.
b) Cumuláveis ou concorrentes.
c) Inalienáveis.
d) Absolutos.
e) Irrenunciáveis.
Comentários:
Os direitos fundamentais são históricos, cumuláveis, inalienáveis, irrenunciáveis e relativos. Não existem
direitos fundamentais absolutos. O gabarito é a letra D.
LISTA DE QUESTÕES
2. VUNESP/TJSP/2023
Assinale a alternativa que contempla penas admitidas, nos termos da Constituição Federal de
1988.
e) Pena de morte em caso de guerra declarada nos termos do artigo 84, XIX, e cassação de
direitos políticos.
3. VUNESP/TJSP/2023
a) O autor da ação popular atuando de boa-fé é isento do pagamento de custas, mas está sujeito
aos ônus da sucumbência.
d) São sempre gratuitas as ações de habeas corpus e mandado de segurança e, na forma da lei,
os atos necessários ao exercício da cidadania.
4. VUNESP/TJSP/2023
a) A Constituição equipara, para fins de proteção, propriedade e casa, não admitindo o uso
temporário de propriedade particular.
d) É autorizado o uso da propriedade, mas Joaquim fará jus à indenização decorrente do uso,
mesmo não ocorrendo dano à propriedade.
e) Agiu corretamente a autoridade municipal, pois o iminente perigo público autoriza a utilização
da propriedade particular, mediante indenização ulterior, se houver dano.
5. VUNESP/PCSP/2023
Considere que João é investigador de polícia e foi informado de que, numa residência, há
fundada suspeita de que está em risco a integridade física de uma mulher, em situação de
violência doméstica ou familiar.
a) o ingresso dos policiais na residência somente poderá ser realizado se o crime estiver
efetivamente acontecendo, pois, a Constituição veda expressamente a violação da casa na
hipótese de crime permanente.
b) é válido o ingresso do policial na residência, não havendo vedação Constitucional para que os
agentes de segurança afastem de imediato o agressor da possível vítima.
e) a entrada na residência, no período noturno, somente poderá ser realizada se houver ordem
judicial.
b) A teoria dos limites imanentes, também conhecida como teoria interna, admite que os direitos
fundamentais possam sofrer restrições externas.
11. (VUNESP / TJ-RJ - 2013) A ilimitabilidade é uma das características dos direitos humanos
que, aplicável no Brasil, não admite que esses sofram qualquer restrição em sua fruição.
12. (VUNESP / TJ-RJ – 2012) Dentre as várias características dos direitos humanos elencadas
pela doutrina, podem ser mencionadas as seguintes: indivisibilidade, complementaridade,
indisponibilidade, ilimitabilidade e irrenunciabilidade.
GABARITO
1. LETRA A
2. LETRA A
3. LETRA B
4. LETRA E
5. LETRA B
6. ERRADA
7. ERRADA
8. LETRA E
9. ERRADA
10. ERRADA
11. ERRADA
12. ERRADA
LISTA DE QUESTÕES
1. (IADES / PGDF – 2011) Os direitos fundamentais foram projetados para serem limites de atuação do
Estado, não irradiando, portanto, seus efeitos sobre as relações jurídico-privadas.
2. (IADES / PGDF – 2011) Os direitos e as garantias fundamentais chegaram a tal nível de abrangência na
previsão constitucional que, de sua interpretação, é possível afirmar que não mais somente frente ao
Estado, mas, agora também, nas relações privadas, podem os cidadãos fazer valer suas garantias a fim
de concretizar seus direitos fundamentais.
3. (IADES / CFA – 2010) A inalienabilidade dos direitos fundamentais caracteriza-se pela impossibilidade
de negociação dos mesmos, tendo em vista não possuírem conteúdo patrimonial.
4. (IADES / CFA – 2010) Os direitos fundamentais podem ser reclamados em um determinado tempo, pois
há um lapso temporal que limita sua exigibilidade.
6. (IADES / PGDF – 2011) Os direitos à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, embora
assegurados no caput do artigo 5º da Constituição Federal de 1988 apenas aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País, interpretados teleologicamente, são direitos de todos os brasileiros e
estrangeiros, residentes ou não.
8. (FUNIVERSA / PCDF – 2009) A teoria dos direitos fundamentais leva ao estudo daqueles de natureza
indisponível por parte dos cidadãos, na medida de sua titularidade pela comunidade como um todo,
como a essência mínima de caracterização da própria definição de sociedade humana. A respeito dos
direitos e garantias fundamentais, assinale a alternativa correta.
a) Por caracterizarem espécie altamente diferenciada de direitos, impondo, inclusive, limitações ao poder
constituinte derivado, é assente na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal que, como exceção que são,
assim devem ser tratados, restringindo-os às espécies previstas no art. 5º da Constituição Federal, o
conhecido artigo da cidadania.
b) Na evolução das conhecidas dimensões dos direitos fundamentais, há, sucessivamente, substituição de
direitos na medida do atingimento de novos estágios.
c) Os direitos previstos no art. 5º da Carta Federal também têm sido deferidos pelo Supremo Tribunal Federal
mesmo aos estrangeiros não residentes.
d) Os direitos e garantias fundamentais têm, sem exceção, aplicação imediata.
e) Tendo em conta o histórico do nascimento dos direitos fundamentais, não há que se considerar a sua
aplicação em face dos particulares.
9. (FUNCAB / PC-RJ – 2012) Assinale, dentre as opções abaixo, aquela que indica uma característica
INCORRETA dos direitos e garantias tidos como fundamentais previstos na Constituição da República:
a) Históricos.
b) Cumuláveis ou concorrentes.
c) Inalienáveis.
d) Absolutos.
e) Irrenunciáveis.
==2f62fd==
GABARITO
1. ERRADA
2. CORRETA
3. CORRETA
4. ERRADA
5. ERRADA
6. CORRETA
7. CORRETA
8. LETRA C
9. LETRA D