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HOMICÍDIO, INDUZIMENTO, INFANTICÍDIO, ABORTO E LESÃO CORPORAL

Art. 121 - Homicídio

Homicídio Simples:

 Descrição: Matar alguém.


 Pena: Reclusão de 6 a 20 anos.

Homicídio Qualificado:

 Descrição: Matar alguém por motivo torpe, fútil, com emprego de veneno, fogo,
explosivo, tortura, ou outro meio insidioso, cruel ou que possa resultar em perigo
comum, ou mediante traição, emboscada, ou qualquer outro recurso que dificulte ou
torne impossível a defesa do ofendido.
 Pena: Reclusão de 12 a 30 anos.

Homicídio Privilegiado:

 Descrição: Matar alguém sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida à injusta
provocação da vítima.
 Pena: Pode ter a pena reduzida de um sexto a um terço.

Art. 122 - Induzimento, Instigação ou Auxílio a Suicídio ou a Automutilação

 Descrição: Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação, ou


prestar-lhe auxílio para que o faça.
 Pena: Reclusão de 6 meses a 2 anos se o suicídio se consuma ou se da automutilação
resulta lesão corporal de natureza grave.
 Circunstâncias Agravantes: A pena é aumentada em um terço até o dobro se o crime é
praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil, ou se a vítima é menor ou tem
diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.

Art. 123 - Infanticídio

 Descrição: Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o


parto ou logo após.
 Pena: Detenção de 2 a 6 anos.

Art. 124 - Aborto Provocado pela Gestante ou com seu Consentimento

 Descrição: Provocar aborto em si mesma ou consentir que outro lho provoque.


 Pena: Detenção de 1 a 3 anos.

Art. 125 - Aborto Provocado por Terceiro sem Consentimento da Gestante

 Descrição: Provocar aborto, sem o consentimento da gestante.


 Pena: Reclusão de 3 a 10 anos.

Art. 126 - Aborto Provocado por Terceiro com Consentimento da Gestante


 Descrição: Provocar aborto com o consentimento da gestante.
 Pena: Reclusão de 1 a 4 anos.

Art. 127 - Aborto Qualificado

 Descrição: As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um


terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a
gestante sofre lesão corporal de natureza grave. A pena é duplicada se, por qualquer
desses motivos, sobrevém a morte.
 Pena: Aumento da pena conforme as circunstâncias.

Art. 128 - Aborto Necessário ou no Caso de Gravidez Resultante de Estupro

 Descrição: Não se pune o aborto praticado por médico se: I - Não há outro meio de
salvar a vida da gestante; II - A gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de
consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.

Art. 129 - Lesão Corporal

Lesão Corporal Simples:

 Descrição: Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem.


 Pena: Detenção de 3 meses a 1 ano.

Lesão Corporal Grave:

 Descrição: Lesão corporal que resulta em incapacidade para as ocupações habituais


por mais de 30 dias, perigo de vida, debilidade permanente de membro, sentido ou
função, ou aceleração de parto.
 Pena: Reclusão de 1 a 5 anos.

Lesão Corporal Gravíssima:

 Descrição: Lesão corporal que resulta em incapacidade permanente para o trabalho,


enfermidade incurável, perda ou inutilização de membro, sentido ou função,
deformidade permanente, ou aborto.
 Pena: Reclusão de 2 a 8 anos.

Lesão Corporal Seguida de Morte:

 Descrição: Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o


resultado nem assumiu o risco de produzi-lo.
 Pena: Reclusão de 4 a 12 anos.

Art. 130 - Perigo de Contágio Venéreo

 Descrição: Expor alguém, por meio de relações sexuais ou de qualquer ato libidinoso, a
contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado.
 Pena: Detenção de 3 meses a 1 ano, ou multa.

Art. 131 - Perigo de Contágio de Moléstia Grave


 Descrição: Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está
contaminado, ato capaz de produzir o contágio.
 Pena: Reclusão de 1 a 4 anos, e multa.

OMISSÃO DE SOCORRO

O Art. 135 trata da omissão de socorro, estabelecendo a obrigação legal de prestar assistência
a pessoas em situação de perigo ou desamparo quando isso pode ser feito sem risco para
quem presta o socorro.

CALÚNIA, DIFAMAÇÃO E INJÚRIA

Os crimes de calúnia, difamação e injúria são delitos contra a honra, visando proteger a
dignidade, a reputação e a imagem das pessoas.

 Calúnia: Falsa imputação de crime específico.


 Difamação: Imputação de fato ofensivo à reputação, que não precisa ser crime.
 Injúria: Ofensa à dignidade ou decoro, sem necessidade de imputar fato específico.

Art. 141 - Agravantes dos Crimes contra a Honra

Descrição: Estabelece circunstâncias que agravam as penas para os crimes de calúnia,


difamação e injúria.

Circunstâncias Agravantes:

1. Contra o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro.


2. Contra funcionário público, em razão de suas funções.
3. Na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da ofensa (ex:
redes sociais).
4. Contra pessoa maior de 60 anos ou portadora de deficiência.

Pena: As penas são aumentadas em um terço nas circunstâncias acima.

Art. 142 - Excludentes de Ilicitude

Descrição: Prevê situações em que não há crime nos casos de calúnia, difamação e injúria.

Situações:

1. Ofensas proferidas em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador.
2. Opinião desfavorável de crítico literário, artístico ou científico, contanto que o
comentário não tenha excesso.
3. Conceito desfavorável emitido por funcionário público, no exercício de suas funções.

Art. 143 - Retratação


Descrição: Permite ao acusado se retratar da calúnia ou difamação antes da sentença.

Efeito: A retratação exclui a punibilidade do crime.

Art. 144 - Ofendido Desconhecido

Descrição: Prevê o que fazer quando o ofendido por calúnia ou difamação for desconhecido.

Procedimento:

 Anúncio Público: O juiz manda anunciar publicamente para que o ofendido se


apresente e possa defender-se.

Art. 145 - Ação Penal

Descrição: Define que os crimes de calúnia, difamação e injúria são de ação penal privada,
exceto quando cometidos contra o Presidente da República, chefe de governo estrangeiro, ou
funcionário público em razão de suas funções, quando a ação é pública condicionada à
representação.

CONSTRANGIMENTO ILEGAL, AMEAÇA, PERSEGUIÇÃO, VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA


CONTRA A MULHER, SEQUESTRO/CÁRCERE PRIVADO, REDUÇÃO A CONDIÇÃO DE
ESCRAVO E TRÁFICO DE PESSOAS

Art. 146 - Constrangimento Ilegal

Descrição: Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver
reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei
permite, ou a fazer o que ela não manda.

Pena:

 Reclusão de 3 meses a 1 ano, ou multa.


 Agravamento: Se há violência ou ameaça com arma, ou se a vítima é maior de 60 anos
ou portadora de deficiência, a pena é aumentada.

Art. 147 - Ameaça

Descrição: Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico,
de causar-lhe mal injusto e grave.

Pena: Detenção de 1 a 6 meses, ou multa.

Art. 148 - Sequestro e Cárcere Privado

Descrição: Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado.


Pena: Reclusão de 1 a 3 anos.

Circunstâncias Agravantes:

 Se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge, companheiro ou maior de 60 anos.


 Se a privação de liberdade dura mais de 15 dias.
 Se o crime é praticado com fins libidinosos.
 Se a vítima é submetida a grave sofrimento físico ou moral.

Art. 149 - Redução a Condição Análoga à de Escravo

Descrição: Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, submetendo-o a trabalhos


forçados ou a jornada exaustiva, ou restringindo sua locomoção por qualquer meio.

Pena: Reclusão de 2 a 8 anos, e multa.

Circunstâncias Agravantes: Se o crime é cometido contra criança ou adolescente, ou por


motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem.

Art. 149-A - Tráfico de Pessoas

Descrição: Promover, intermediar, facilitar, ou agenciar a entrada, saída ou deslocamento


interno no território nacional de pessoa, com o fim de: I - Obtenção de vantagem econômica; II
- Exploração sexual; III - Trabalho em condições análogas às de escravo; IV - Servidão
doméstica; V - Adoção ilegal; VI - Exploração de mendicância.

Pena: Reclusão de 4 a 8 anos, e multa.

Circunstâncias Agravantes:

 Se a vítima é menor de 18 anos.


 Se há violência ou grave ameaça.
 Se a vítima sofre lesão corporal grave ou morte.

FURTO

O Artigo 155 define o crime de furto como a subtração de coisa alheia móvel, para si ou para
outrem, sem o consentimento do proprietário.

ROUBO, EXTORSÃO E EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO

O crime de roubo é caracterizado pela subtração de coisa alheia móvel, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência.

O crime de extorsão ocorre quando alguém constrange outra pessoa, mediante violência ou
grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica,
a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa.
O crime de extorsão mediante sequestro ocorre quando alguém sequestra uma pessoa com o
objetivo de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem como condição ou preço do
resgate.

APROPRIAÇÃO INDÉBITA

A apropriação indébita ocorre quando alguém se apropria de coisa alheia móvel, de que tem a
posse ou a detenção, transformando-se indevidamente em proprietário ou usando a coisa
como se fosse sua, prejudicando o legítimo proprietário.

ESTELIONATO

O crime de estelionato consiste em obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em


prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer
outro meio fraudulento.

RECEPTAÇÃO

O crime de receptação ocorre quando alguém adquire, recebe, transporta, conduz, oculta, ou
armazena produto de crime, sabendo ser este produto de origem criminosa.

DESTRUIÇÃO, SUBTRAÇÃO OU OCULTAÇÃO DE CADÁVER E VILIPÊNDI A CADÁVER

Este artigo tipifica como crime a destruição, subtração (roubo ou furto) ou ocultação de um
cadáver ou partes dele.

Este artigo criminaliza o ato de vilipendiar (desrespeitar, desprezar, ultrajar) um cadáver ou


suas cinzas.

ESTUPRO, VIOLÊNCIA SEXUAL MEDIANTE FRAUDE, IMPORTUNAÇÃO SEXUAL,


ATENTADO AO PUDOR MEDIANTE FRAUDE, ASSÉDIO SEXUAL, REGISTRO NÃO
AUTORIZADO DA INTIMIDADE SEXUAL E ESTUPRO VULNERÁVEL, LASCÍVIA COM
PRESENÇA DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE E DIVULGAÇÃO DE CENA DE ESTUPRO

Esses artigos visam proteger a liberdade sexual e a dignidade das pessoas, punindo condutas
que violem esses direitos fundamentais. São crimes graves que geram sequelas físicas e
psicológicas para as vítimas, e por isso as penas são proporcionais à gravidade das condutas.

AÇÃO PENAL, MEDIAÇÃO PARA SERVIR A LASCÍVIA DE OUTREM, FAVORECIMENTO


DA PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL E RUFIANISMO

Artigo 225: Ação Penal

Explicação:

 Conduta: Estabelece que a ação penal nos crimes contra a dignidade sexual (Capítulos
I e II) é pública condicionada à representação.
 Objetivo: A representação é a manifestação de vontade da vítima (ou de seu
representante legal) de que o autor do crime seja processado.
 Importância: Protege a vítima, permitindo que ela decida se deseja ou não que o
agressor seja processado, evitando uma exposição pública desnecessária.

Artigo 226: Aumento de Pena

Explicação:

 Conduta: Prevê o aumento de pena em situações específicas.


 Objetivo: Agravar a pena para crimes cometidos com circunstâncias que aumentam a
gravidade do delito, como abuso de poder ou relações de confiança.
 Importância: Assegura que a gravidade de crimes cometidos em contextos de maior
vulnerabilidade ou abuso de confiança seja reconhecida e punida de forma mais
severa.

Artigo 227: Aumento de Pena para Menor de 18 Anos

Explicação:

 Conduta: Aumenta a pena quando o crime é praticado contra menores de 18 anos ou


em certas relações de autoridade.
 Objetivo: Proteger menores de idade e reconhecer a maior gravidade de crimes
cometidos por pessoas em posições de autoridade ou confiança.
 Importância: Reforça a necessidade de maior proteção para os menores e a punição
mais severa para aqueles que abusam de sua posição.

Artigo 228: Favorecimento da Prostituição ou Outra Forma de Exploração Sexual

Explicação:

 Conduta: Tipifica como crime induzir, atrair, facilitar ou dificultar o abandono da


prostituição ou outra forma de exploração sexual.
 Objetivo: Combater o tráfico e exploração sexual de pessoas.
 Importância: Protege a dignidade humana e combate práticas de exploração sexual,
oferecendo um instrumento legal para a repressão desse tipo de crime.

Artigo 229: Casa de Prostituição

Explicação:

 Conduta: Criminaliza a manutenção ou locação de locais destinados à prostituição ou


exploração sexual.
 Objetivo: Reprimir a exploração sexual comercial.
 Importância: Visa coibir a exploração econômica da prostituição e a criação de
ambientes que favorecem a prática de crimes sexuais.

Artigo 230: Rufianismo

Explicação:
 Conduta: Tipifica como crime obter lucro ou sustento da prostituição alheia.
 Objetivo: Reprimir o lucro ilícito obtido pela exploração da prostituição de terceiros.
 Importância: Protege os indivíduos que exercem a prostituição contra a exploração
econômica por parte de terceiros, promovendo sua autonomia e dignidade.

ATO OBSCENO, ESCRITO OU OBJETO OBSCENO

Artigo 233: Ato Obsceno

Explicação:

 Conduta: Tipifica como crime a prática de atos obscenos (gestos ou comportamentos


sexualmente explícitos) em locais públicos ou expostos ao público.
 Objetivo: Proteger o pudor público e a moralidade, garantindo que espaços públicos
sejam respeitados.
 Importância: Mantém a ordem e o decoro em locais públicos, evitando que a
população seja exposta a comportamentos que possam ser considerados ofensivos ou
imorais.

Artigo 234: Escritos ou Objetos Obscenos

Explicação:

 Conduta: Criminaliza a fabricação, importação, exportação, aquisição, ou posse de


materiais obscenos com intenção de comércio, distribuição ou exposição pública.
 Objetivo: Reprimir a comercialização e distribuição de materiais obscenos, protegendo
a moralidade pública.
 Importância: Visa controlar a disseminação de materiais que podem ser considerados
prejudiciais ou ofensivos à moral pública.

Artigo 234-A: Aumento de Pena

Explicação:

 Conduta: Determina aumento de pena para crimes contra a dignidade sexual quando
cometidos em determinadas circunstâncias agravantes.
 Objetivo: Agravar a punição de crimes cometidos em situações que denotam abuso de
confiança, autoridade ou poder.
 Importância: Reforça a gravidade dos delitos cometidos em contextos de maior
vulnerabilidade da vítima, aumentando a pena para tais crimes.

Artigo 234-B: Prescrição

Explicação:

 Conduta: Estabelece regras especiais de prescrição para os crimes contra a dignidade


sexual.
 Objetivo: Garantir que a vítima tenha tempo suficiente para denunciar o crime,
especialmente em casos onde o trauma pode atrasar a denúncia.
 Importância: Protege vítimas de crimes sexuais que podem não se sentir prontas para
denunciar o crime imediatamente após sua ocorrência, proporcionando um prazo mais
justo para a prescrição.

FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO E PARTICULAR E FALSIDADE IDEOLÓGICA

Artigo 297: Falsificação de Documento Público

Explicação:

 Conduta: Falsificar ou alterar documento público, ou inserir declarações falsas em


documentos relacionados à previdência social.
 Objetivo: Proteger a autenticidade e a integridade dos documentos públicos, que são
essenciais para a fé pública.
 Pena: Reclusão de dois a seis anos, além de multa.
 Importância: A falsificação de documentos públicos compromete a confiança nas
instituições e pode causar danos significativos ao funcionamento da administração
pública e à sociedade.

Artigo 298: Falsificação de Documento Particular

Explicação:

 Conduta: Falsificar ou alterar documentos particulares.


 Objetivo: Proteger a integridade e a confiabilidade dos documentos particulares, que
têm valor jurídico e são usados nas relações privadas.
 Pena: Reclusão de um a cinco anos, além de multa.
 Importância: Garante a segurança e a confiança nas transações e relações privadas,
prevenindo fraudes e abusos.

Artigo 299: Falsidade Ideológica

Explicação:

 Conduta: Omitir ou inserir declarações falsas em documentos públicos ou particulares,


alterando a verdade sobre fatos relevantes.
 Objetivo: Proteger a veracidade das declarações contidas nos documentos, sejam
públicos ou particulares, essenciais para a segurança jurídica.
 Pena: Reclusão de um a cinco anos, além de multa, para documentos públicos;
reclusão de um a três anos, além de multa, para documentos particulares.
 Importância: Preserva a integridade dos documentos e a confiança nas informações
que eles contêm, prevenindo fraudes que possam prejudicar direitos ou criar
obrigações indevidas.

USO DE DOCUMENTO FALSO

Artigo 304: Uso de Documento Falso


Explicação:

 Conduta: O artigo 304 tipifica como crime o uso de documentos falsificados ou


alterados, conforme definidos nos artigos 297 a 302 do Código Penal. Isso inclui
documentos públicos, particulares, certificados ou documentos expedidos por
entidades públicas ou particulares que tenham sido alterados ou falsificados.
 Objetivo: O objetivo é proteger a fé pública, ou seja, a confiança que a sociedade
deposita na autenticidade e veracidade dos documentos. A norma visa assegurar que
os documentos usados nas relações sociais, comerciais e jurídicas sejam autênticos e
verdadeiros.
 Pena: A pena prevista para o uso de documento falso é a mesma cominada para a
falsificação ou alteração do documento em questão. Ou seja, a pena varia de acordo
com o tipo de documento falsificado:
o Documento público: Reclusão de dois a seis anos, e multa (artigo 297).
o Documento particular: Reclusão de um a cinco anos, e multa (artigo 298).
o Outros documentos específicos, como atestado ou certidão: As penas são
especificadas nos artigos 299 a 302, conforme a natureza do documento.
 Importância: A criminalização do uso de documento falso é fundamental para manter
a integridade das relações jurídicas e sociais. Quando uma pessoa utiliza um
documento falsificado, ela está tentando enganar terceiros e obter benefícios
indevidos, o que pode causar prejuízos a outras pessoas e comprometer a confiança
nas instituições.

PECULATO

Artigo 312: Peculato

Explicação:

 Conduta:
o Caput: O funcionário público se apropria de dinheiro, valor ou qualquer bem
móvel, público ou particular, que está sob sua posse devido ao cargo, ou
desvia esses recursos para benefício próprio ou de outra pessoa.
o § 1º: Equipara-se ao peculato a conduta do funcionário público que, mesmo
não tendo a posse direta do dinheiro, valor ou bem, o subtrai ou facilita sua
subtração, utilizando-se da facilidade proporcionada por sua posição.
o § 2º: Estabelece a punição para o funcionário público que contribui, de forma
culposa (sem intenção), para que outro cometa o crime de peculato.
o § 3º: Trata da reparação do dano. Se o dano é reparado antes da sentença
irrecorrível, a punibilidade é extinta; se for após a sentença, a pena é reduzida
pela metade.
 Objetivo: Proteger o patrimônio público e a confiança da sociedade na administração
pública, prevenindo e punindo a apropriação ou desvio de recursos por parte de
funcionários públicos.
 Pena:
o Caput e § 1º: Reclusão de dois a doze anos e multa.
o § 2º: Detenção de três meses a um ano.
o§ 3º: Extinção da punibilidade ou redução da pena pela metade, dependendo
do momento da reparação do dano.
 Importância: O peculato é um dos crimes mais graves cometidos contra a
administração pública, pois envolve a apropriação ou desvio de bens públicos por
aqueles que têm o dever de zelar por eles. A criminalização dessa conduta visa
assegurar a integridade e a confiança nas instituições públicas, punindo severamente
aqueles que abusam de sua posição para obter benefícios indevidos.

CONCUSSÃO, EXCESSO DE EXAÇÃO E CORRUPÇÃO PASSIVA

Artigo 316: Concussão

Explicação:

 Conduta:
o Caput: Exigir vantagem indevida, para si ou para outra pessoa, direta ou
indiretamente, em razão do cargo público, mesmo que fora do exercício do
cargo ou antes de assumi-lo.
o § 1º: Exigir tributo ou contribuição social indevida, ou utilizar meios vexatórios
ou gravosos na cobrança de tributo devido.
o § 2º: Desviar, em benefício próprio ou de outrem, o que foi recebido
indevidamente para ser recolhido aos cofres públicos.
 Objetivo: Proteger a moralidade administrativa e prevenir o abuso de poder e a
exigência de vantagens indevidas por parte de funcionários públicos.
 Pena:
o Caput e § 2º: Reclusão de dois a doze anos e multa.
o § 1º: Reclusão de três a oito anos e multa.
 Importância: Este artigo visa coibir o uso indevido do poder público para a obtenção
de vantagens pessoais ou para terceiros, preservando a integridade da administração
pública.

Artigo 317: Corrupção Passiva

Explicação:

 Conduta:
o Caput: Solicitar ou receber, para si ou para outra pessoa, direta ou
indiretamente, vantagem indevida em razão do cargo público, ou aceitar
promessa de tal vantagem.
o § 1º: Aumenta a pena se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário
público retarda, deixa de praticar, ou pratica ato de ofício infringindo dever
funcional.
o § 2º: Praticar, deixar de praticar, ou retardar ato de ofício, com infração de
dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem.
 Objetivo: Reprimir a corrupção no serviço público, evitando que funcionários públicos
solicitem ou aceitem vantagens indevidas em razão de suas funções.
 Pena:
o Caput: Reclusão de dois a doze anos e multa.
o § 1º: A pena do caput aumentada de um terço.
o § 2º: Detenção de três meses a um ano, ou multa.
 Importância: Este artigo combate a corrupção passiva, preservando a imparcialidade e
a legalidade dos atos administrativos, além de proteger a confiança pública nas
instituições.

PREVARICAÇÃO

Artigo 319: Prevaricação

Explicação:

 Conduta: O crime de prevaricação ocorre quando o funcionário público:


o Retarda (atrasar injustificadamente),
o Deixa de praticar (não realiza),
o Pratica contra disposição expressa de lei (age de forma contrária ao que é
estabelecido pela lei),
o Um ato de ofício (uma obrigação inerente ao seu cargo),
o Para satisfazer interesse ou sentimento pessoal (benefício próprio, vingança,
amizade, entre outros motivos pessoais).
 Objetivo: Este artigo visa proteger a integridade e a imparcialidade da administração
pública, garantindo que os funcionários públicos cumpram seus deveres de forma
correta e dentro dos prazos estabelecidos, sem serem influenciados por interesses
pessoais.
 Pena: Detenção de três meses a um ano, e multa.
 Importância: A prevaricação compromete a eficiência e a confiança na administração
pública. Ao punir essa conduta, a lei busca garantir que os funcionários públicos atuem
com imparcialidade e dedicação, respeitando os princípios da legalidade e da
moralidade administrativa.

FUNCIONÁRIO PÚBLICO

Artigo 327: Funcionário Público para Efeitos Penais

Explicação:

 Caput: Define quem é considerado funcionário público para fins penais, incluindo
aqueles que exercem cargo, emprego ou função pública de maneira temporária ou
sem remuneração. Isso significa que qualquer pessoa que atue em nome do Estado,
mesmo que de forma não permanente ou gratuita, é sujeita às mesmas
responsabilidades e penalidades previstas para funcionários públicos no Código Penal.
 § 1º: Estabelece que também são considerados funcionários públicos aqueles que
trabalham em entidades paraestatais (entidades privadas que desempenham
atividades de interesse público, como organizações sociais e serviços sociais
autônomos) e empregados de empresas que prestam serviços à Administração
Pública. Isso inclui, por exemplo, funcionários de empresas terceirizadas que executam
atividades típicas de serviços públicos.
 § 2º: Prevê o aumento da pena em um terço para crimes cometidos por ocupantes de
cargos de comissão (cargos de confiança que não requerem concurso público), ou
funções de direção ou assessoramento em órgãos da administração direta
(ministérios, secretarias), sociedades de economia mista (empresas com participação
pública e privada), empresas públicas e fundações públicas. Esse aumento de pena se
justifica pela maior responsabilidade e poder de decisão que esses cargos
representam.

RESISTÊNCIA

Artigo 329: Resistência

Explicação:

 Caput: Define o crime de resistência como a oposição à execução de um ato legal,


usando violência ou ameaça contra o funcionário competente para executá-lo ou
contra alguém que esteja auxiliando o funcionário. A pena prevista é detenção de dois
meses a dois anos.
 § 1º: Estabelece uma pena mais severa se a resistência impede a execução do ato
legal. Neste caso, a pena é reclusão de um a três anos.
 § 2º: Esclarece que as penas por resistência são aplicáveis além das penas
correspondentes à violência utilizada. Isso significa que, além da pena por resistência,
o agressor também pode ser punido pelas agressões físicas ou ameaças cometidas.

Objetivo

O objetivo deste artigo é garantir a eficácia da administração pública e a execução das leis,
protegendo os funcionários públicos e aqueles que prestam auxílio a eles contra atos de
violência ou ameaças que possam obstruir o cumprimento de suas funções.

Importância

 Proteção dos Funcionários Públicos: O artigo 329 protege os funcionários públicos e


seus auxiliares, assegurando que possam executar suas funções sem serem impedidos
por atos de violência ou ameaças.
 Garantia da Execução Legal: A norma visa assegurar que os atos legais sejam
cumpridos, mantendo a ordem e a autoridade do Estado.
 Desincentivo à Violência: Ao prever penas específicas para a resistência, além das
penas pela violência empregada, o artigo busca desincentivar comportamentos que
atentem contra a ordem pública e a execução da lei.

DESACATO

Artigo 331: Desacato


Explicação:

 Conduta: O crime de desacato é caracterizado pelo desrespeito, insulto ou ofensa a


um funcionário público enquanto este está no exercício de suas funções ou em razão
delas. A ofensa pode ser verbal, gestual ou até física, desde que represente um
desrespeito à autoridade do funcionário.
 Objetivo: O objetivo é proteger a dignidade e a autoridade dos funcionários públicos
no desempenho de suas funções. Isso é importante para garantir que os servidores
possam realizar suas tarefas sem serem alvo de desrespeito ou intimidação, o que
poderia comprometer a eficiência e a imparcialidade da administração pública.
 Pena: A pena prevista é detenção de seis meses a dois anos, ou multa. A possibilidade
de aplicação de multa oferece uma alternativa à pena de detenção, dependendo das
circunstâncias do caso e da gravidade do desacato.

Importância

 Proteção da Autoridade Pública: O artigo 331 visa assegurar que os funcionários


públicos sejam respeitados enquanto realizam suas funções, mantendo a autoridade
necessária para a execução eficaz e imparcial dos serviços públicos.
 Manutenção da Ordem e Respeito: A norma contribui para a manutenção da ordem e
do respeito nas interações entre cidadãos e funcionários públicos. Garantir que
servidores públicos possam desempenhar suas funções sem enfrentar desrespeito é
essencial para a ordem pública e para o funcionamento adequado das instituições.
 Prevenção de Abusos: Estabelecer penalidades para o desacato ajuda a prevenir
abusos e intimidações contra funcionários públicos, promovendo um ambiente de
trabalho seguro e respeitoso.

CORRUPÇÃO ATIVA, DESCAMINHO E CONTRABANDO

Artigo 333: Corrupção Ativa

Explicação:

 Conduta: O crime de corrupção ativa ocorre quando alguém oferece ou promete


vantagem indevida a um funcionário público para influenciá-lo a praticar, omitir ou
retardar um ato de ofício.
 Objetivo: Proteger a integridade e a imparcialidade da administração pública,
prevenindo a corrupção e o uso indevido de influência sobre funcionários públicos.
 Pena: Reclusão de dois a doze anos, e multa.
 Agravante: A pena é aumentada em um terço se a vantagem ou promessa resulta em
atraso, omissão ou prática de ato de ofício com infração de dever funcional.

Artigo 334: Contrabando ou Descaminho

Explicação:

 Conduta: Importar ou exportar mercadoria proibida, bem como outras condutas


associadas ao contrabando ou descaminho, como navegação irregular,
importação/exportação clandestina, e comercialização de mercadorias estrangeiras
ilegais.
 Objetivo: Proteger a ordem econômica e tributária, prevenindo a entrada e saída de
mercadorias ilegais e garantindo a arrecadação correta de tributos.
 Pena: Reclusão de dois a cinco anos.
 Circunstâncias Agravantes: A pena é dobrada se o crime é praticado em transporte
aéreo, marítimo ou fluvial.

Artigo 334-A: Descaminho

Explicação:

 Conduta: Iludir o pagamento de direitos ou impostos devidos pela entrada, saída ou


consumo de mercadorias, bem como outras condutas associadas ao descaminho.
 Objetivo: Proteger a arrecadação tributária e garantir o cumprimento das obrigações
fiscais relacionadas ao comércio exterior.
 Pena: Reclusão de um a quatro anos.
 Circunstâncias Agravantes: A pena é dobrada se o crime é praticado em transporte
aéreo, marítimo ou fluvial.

DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA, COMUNICAÇÃO FALSA DE CRIME OU DE


CONTRAVENÇÃO, AUTOACUSAÇÃO FALSA E FALSO TESTEMUNHO OU FALSA PERÍCIA

Artigo 339: Denunciação Caluniosa

Explicação:

 Conduta: O crime de denunciação caluniosa ocorre quando alguém provoca a


instauração de uma investigação ou processo, imputando falsamente um crime a outra
pessoa, sabendo que ela é inocente.
 Objetivo: Proteger a honra das pessoas e a integridade do sistema judicial, evitando o
uso abusivo do processo legal.
 Pena: Reclusão de dois a oito anos, e multa.
 Agravantes: A pena é aumentada em um sexto se o agente usa anonimato ou nome
falso.
 Atenuante: A pena é reduzida pela metade se a imputação é por contravenção
(infração penal de menor gravidade).

Artigo 340: Comunicação Falsa de Crime ou Contravenção

Explicação:

 Conduta: Consiste em comunicar falsamente a ocorrência de um crime ou


contravenção à autoridade.
 Objetivo: Evitar que recursos da administração pública sejam desperdiçados com
falsas ocorrências.
 Pena: Detenção de um a seis meses, ou multa.

Artigo 341: Auto-acusação Falsa

Explicação:
 Conduta: Acusar-se falsamente perante a autoridade de ter cometido um crime que
não existiu ou que foi praticado por outra pessoa.
 Objetivo: Proteger a administração da justiça, evitando confusões e desvios de
recursos na investigação de crimes inexistentes ou mal direcionados.
 Pena: Detenção de três meses a dois anos, ou multa.

Artigo 342: Falso Testemunho ou Falsa Perícia

Explicação:

 Conduta: Fazer afirmação falsa, negar ou omitir a verdade quando se é testemunha,


perito, contador, tradutor ou intérprete em processos judiciais, administrativos,
inquéritos policiais ou juízos arbitrais.
 Objetivo: Garantir a veracidade e a integridade dos testemunhos e laudos periciais que
são essenciais para a justiça.
 Pena: Reclusão de dois a quatro anos, e multa.
 Agravantes: A pena é aumentada de um sexto a um terço se o crime é cometido
mediante suborno ou com o objetivo de influenciar provas em processos penais ou
civis envolvendo a administração pública.
 Atenuante: O agente não é punido se se retratar ou declarar a verdade antes da
sentença no processo em que ocorreu o falso testemunho.

COAÇÃO NO CURSO DO PROCESSO, EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS


RAZÕES, FRAUDE PROCESSUAL, FAVORECIMENTO PESSOAL E FAVORECIMENTO
REAL

1. *Artigo 344 - Impedimento ou embaraço de ato judicial*:

Este artigo tipifica como crime o ato de usar violência ou grave ameaça para impedir ou
embaraçar investigação criminal, processo judicial, processo administrativo ou
procedimento administrativo disciplinar. A pena prevista é de reclusão, de um a quatro
anos, e multa, além da pena correspondente à violência.

2. *Artigo 345 - Exercício arbitrário das próprias razões*:

Ocorre quando alguém faz justiça com as próprias mãos para satisfazer pretensão, ainda
que legítima, sem a autorização correspondente da justiça. A pena é de detenção, de
quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência. Há uma
exceção quando se trata de reaver coisa própria, onde a pena é de detenção, de um a três
meses, ou multa.

3. *Artigo 347 - Fraude processual*:


Este artigo criminaliza a alteração ou modificação do estado de lugar, de coisa ou de
pessoa, com o intuito de induzir a erro o juiz ou perito. A pena é de detenção, de três
meses a dois anos, e multa.

4. *Artigo 348 - Favorecimento pessoal*:

Define como crime favorecer alguém, que se saiba culpado de crime, com intenção de
impedir ou dificultar a execução da lei. A pena é de detenção, de um a seis meses, ou
multa. Há uma cláusula de exclusão de ilicitude quando o favorecido é cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão do agente.

5. *Artigo 349 - Favorecimento real*:

Similar ao artigo 348, mas se refere especificamente à assistência dada ao criminoso,


após a prática do crime, para ajudá-lo a assegurar o proveito do crime. A pena é de
detenção, de um a seis meses, ou multa.

EVASÃO MEDIANTE VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA

O artigo 352 do Código Penal brasileiro trata do crime de "evasão mediante violência contra a
pessoa". Este crime ocorre quando um detento foge da prisão utilizando-se de violência contra
uma pessoa para facilitar sua fuga. O uso de violência é um elemento central que diferencia
este crime de outras formas de fuga de estabelecimentos prisionais.

A pena para esse crime varia de três a oito anos de reclusão, e esta será adicionada à pena
imposta pela violência praticada durante a evasão. Esse acréscimo reflete a gravidade
adicional de usar violência, não apenas contra a segurança do estabelecimento prisional, mas
diretamente contra indivíduos, o que pode incluir outros presos, guardas ou qualquer pessoa
que esteja impedindo ou possa impedir a fuga.

A legislação busca garantir que aqueles que comprometem a integridade física de outras
pessoas durante tentativas de fuga enfrentem consequências legais mais severas, em linha
com a gravidade de seus atos. Este artigo é um dos muitos no Código Penal que visam manter
a ordem e a segurança dentro das instituições penais e proteger a comunidade em geral.

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