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FELICIDADE COMO MINDSET

O PODER DO CONHECIMENTO PARA A


FELICIDADE SUSTENTÁVEL
Gustavo Roberto Antunes

FELICIDADE COMO MINDSET

O poder do conhecimento para a felicidade sustentável

1ª edição
Dedico este livro a você e desejo que seja muito Feliz!

_______________________________________

Faça o bem e lembre-se: o ato de contribuir nos conecta com os


outros e nos ajuda a construir uma sociedade mais feliz.

A verdadeira felicidade está na doação e no amor ao próximo.

Por isso, Sorria, pratique a Gratidão, Abrace e lembre-se sempre


do Indicador do FIB: Felicidade Interna Bruta, para ser Feliz.

_______________________________ ___/___/___
A reprodução total ou parcial só é permitida mediante a
autorização expressa dos autores.

Capa
Carlos Kolm
Editoração
Depto. Editorial de Globus Editora

Revisão
Maria de Fátima Abud Olivieri

Globus Editora e Livraria ltda.


Rua Dr. Sílvio Dante Bertacchi, 188 – cj 01
São Paulo – SP
CEP 05625-000

Site: http://www.globuseditoraelivraria.com.br
E-mail: comercial@globuseditora.com.br

Telefone:(11)3297-9790

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

ANTUNES, Gustavo Robertol.

Felicidade como mindset - O poder do conhecimento para a felicidade


sustentável. São Paulo: Globus Editora – 2019, 168 p.

Inclui bibliografia

ISBN - 978-85-7981-147-0

CDD-149.5
SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – A FELICIDADE APARENTE – MÍDIAS E


13
REDES SOCIAIS

CAPÍTULO 2 – A FELICIDADE ATRAVÉS DA RENÚN-


27
CIA – SERVIR AOS OUTROS

CAPÍTULO 3 – A FELICIDADE DE ACORDO COM


39
CADA IDADE

CAPÍTULO 4 – A FELICIDADE E SUAS CONTRADI-


51
ÇÕES

CAPÍTULO 5 – A FELICIDADE NÃO É TER, É SER 63

CAPÍTULO 6 – A FELICIDADE PODE DEMORAR 73

CAPÍTULO 7 – A FELICIDADE SEGUNDO A MEDICI-


83
NA

CAPÍTULO 8 – A FELICIDADE SEGUNDO HARVARD 99

CAPÍTULO 9 – A FELICIDADE E A PAZ DE CONS-


115
CIÊNCIA

CAPÍTULO 10 – OS SENTIDOS DA FELICIDADE 125

CAPÍTULO 11– FELICIDADE COMO MINDSET 137

CAPÍTULO 12 – PESQUISA SOBRE FELICIDADE 147

CONSIDERAÇÕES FINAIS 159

REFERÊNCIAS 161

REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS 165


Nota do Autor

O objetivo principal desta obra não é ensinar a descoberta


pessoal de uma fórmula para a Felicidade. A responsabilidade
deste livro traz o compromisso pessoal de sempre buscar ser feliz
utilizando e vivendo os ensinamentos aqui contidos nas diversas
fases de minha vida. Objetiva-se também trazer ao leitor uma vi-
são diferenciada, com conhecimentos técnicos sobre Felicidade,
através de referências renomadas, que nos ensinam cientifica-
mente como lidar com ela em todos os setores de nossa vida,
provocando uma reflexão sobre a importância do entendimento
das pessoas em relação a si mesmas, com o meio e com os ou-
tros.

Procurei atentar para os mais significativos temas, que de


certa forma, envolvem as pessoas nos dias atuais, onde a tecno-
logia parece superar as emoções, conduzindo-as para caminhos
rápidos e de grande extensão, que através de um clic, pode levar
uma Felicidade aparente.

Contar estórias ou escrever frases de autoajuda, num


mundo competitivo em que vivemos, pode não ser a melhor forma
de auxiliar as pessoas com a Felicidade, uma vez que elas es-
tão acostumadas a buscar informações nas redes sociais e nem
sempre, terão a facilidade de lidar com elas e aplicá-las em seu
dia-a-dia.

Busquei uma explicação técnica, para poder oferecer aos


leitores uma forma comprovada de cada capítulo deste livro, que
traz uma credibilidade ímpar, para facilitar o conhecimento e o
aprendizado durante a leitura do mesmo.
Tenho toda certeza de que você leitor, ao finalizar a leitura
desta obra, saberá o quão feliz eu estou por dividir com vocês
estes conhecimentos e poder desejar a todos, um futuro brilhante
e feliz!

Gustavo Roberto Antunes


Prefácio

Tive a grata satisfação em conhecer o Gustavo Antunes, PhD.


em um curso de MBA., onde ele foi estudante de uma disciplina
que lecionei. Continuamente aplicado e preocupado em desen-
volver sua carreira para progredir na empresa onde trabalha até
hoje, me deixou sempre feliz, por acreditar em meus ensinamen-
tos e confiar em minhas sugestões, que não foram poucas!

Logo que terminou o MBA, sugeri a ele cursar o mestrado e


em seguida o doutorado internacional, que o tornaria mais com-
petitivo e impulsionaria os negócios da empresa.

Não teve dúvidas. Assim ele procedeu. Fez o Mestrado e em


seguida partiu para o Doutorado, na Florida Christian University
FCU, Estados Unidos, onde teve a felicidade e honra de ter como
membro de sua banca julgadora, junto de outros professores, o
Dr. Augusto Cury. Foi um momento de muita alegria e tensão,
mas ele se saiu muito bem.

Não se contentando com isso, achou que era o momento de


internacionalizar a empresa onde exerce a função de CEO, em
São Paulo, uma vez que já havia internacionalizado sua carreira.
Não hesitou, foi atrás e realizou. Essa atitude trouxe mudanças
muito positivas nos negócios em relação ao mercado.

Agora, ele me retribui convidando para fazer o prefácio deste


livro tão completo e de grande necessidade para o público em
geral. Em cada capítulo, ele conseguiu surpreender pelos ensina-
mentos técnicos abordados fazendo a conexão com a Felicidade.

São 12 capítulos de uma riqueza de conhecimentos, sendo


que o 12º refere-se aos resultados de uma pesquisa de campo
sobre Felicidade, trazendo comprovações de afirmações tratadas
nos capítulos anteriores.

Recomendo este livro a todas as pessoas que desejam co-


nhecer um pouco mais sobre a grandeza da Felicidade.

Parabenizo o autor pela iniciativa e pelo exemplo a ser segui-


do. Como o Gustavo sempre diz: “Estou feliz por ter essa oportu-
nidade em minha vida”.

Rafael Olivieri Neto, PhD.


CEO da Competency – Avanço Profissional Global; Professor de Pós-Gradua-
ção da FGV Management e outras instituições de Ensino; Autor e co-autor de
livros publicados no mercado, Coordenador do Programa de Pós Graduação
da FCU - Florida Christian University, no Brasil e em Angola.
CAPÍTULO 1 – A FELICIDADE APARENTE – MÍDIAS
13
E REDES SOCIAIS

“É fácil ser feliz. Procure buscar o possível


e não deixe ser influenciado ou alienado pe-
los sonhos dos outros”

Gustavo Antunes

Passamos uma vida inteira buscando incessantemente a


felicidade. Com a tecnologia somos bombardeados de imagens,
frases feitas, opiniões, textos de pessoas comuns ou celebrida-
des, tentando passar aos seguidores e ao público em geral que
estão felizes a todo instante. Todos notamos, que a cada se-
gundo alguém está postando um momento feliz nas diversas e
acessíveis Redes Sociais.

É bastante perceptível a necessidade do reconhecimento


do outro para se sentir feliz. Absolutamente tudo é postado: se
a pessoa vai a uma festa, jantares com os amigos, familiares,
viagens, se comprou uma roupa nova, mais e mais publicações.

Felicidade se resume ao número de likes ou comentários


que se recebe no post do dia. Seria isto verdadeiro?

Fingir que se está feliz nas redes sociais virou um compor-


tamento incidente para a maioria das pessoas. Sabemos que a
grande maioria nem sempre está feliz. Poder sentir um bem-estar
momentâneo, é representado por imagens que simbolizam uma
felicidade ilusória. As pessoas postam por necessidade de:
14
• Obter um reconhecimento pelas pessoas que estão na
rede.

• Esperar que as pessoas digam que gostaram do que elas


postaram, seja uma fotografia, um visual novo, por neces-
sidade de aumentar sua autoestima.

• Perceber de maneira rápida e fácil de se obter apoio psi-


cológico, mesmo que não sejam verdadeiros.

De acordo com Freud, a felicidade é vendida devido a uma


falta que nunca será alcançada, um vazio constante e que nunca
será preenchido em sua plenitude. E o sistema capitalista con-
tribui para isso, fazendo com que nós busquemos a felicidade
em compras, viagens, emprego de sucesso, ter um currículo in-
vejável e sermos bonitos fisicamente nos levando a simulação
de uma vida esplendorosa, justamente para preencher a falta de
uma vida real perfeita. (Será que ela existe?).

As pessoas precisam entender que não precisamos pro-


var nada a ninguém, a não ser a nós mesmos. Não será através
do Facebook ou qualquer outra rede social que conseguiremos
o emprego do sonho ou um relacionamento que desejamos. De-
pende somente de nós mesmos.

Nunca acredite que sua vida é pior do que as que postam


nas redes sociais. Podendo te trazer prejuízo emocional. Procure
trocar as horas que fica nas redes sociais por interações pessoais
com amigos, experiências através de cursos, livros, jornais ou
qualquer mecanismo que te traga valor real de vida. Algo que
futuramente poderá te agregar algum tipo de benefício físico ou
mental. E nós por uma questão de hábito sempre estamos com-
parando nossas vidas com as dos outros. 15
Como diz o ditado: “O jardim do vizinho é sempre mais
verde que o seu, se esquece porém, o fato de que, aquele jardim
é feito com grama sintética.”

Felicidade não é morar em um lugar caro ou ter um carro


do ano. Ser feliz é um modo particular de cada um ver a vida,
de se construir com as pessoas que amamos, de conquistarmos
aquilo que realmente nos fará a diferença neste mundo.

Um estudo feito e divulgado em 2014 pela Universidade


de Michigan teve como resultado o aumento da infelicidade pro-
porcional ao tempo que se fica exposto às postagens nas redes
sociais.

Participaram da pesquisa 82 pessoas de diversas idades,


onde, os pesquisadores enviavam cinco mensagens diárias, du-
rante duas semanas a cada participante. Nestas mensagens eram
mostradas a quantidade de vezes que cada um dos usuários vi-
sitava a rede social e quais eram seus níveis de preocupação,
solidão e satisfação geral com a vida. E com isso, conseguiram
provar que quanto mais estas pessoas postavam uma felicidade
falsa, mais se conscientizavam que aquela realidade era falsa e
se tornavam mais infelizes.

Para os psicólogos, as redes sociais funcionam para o nos-


so consciente como mecanismos de defesa, tentando sanar mui-
tas de nossas carências ou necessidades. As quais muitas vezes
não temos consciência, e nos projetamos nessas redes, que são
além de interações sociais, são a vida que gostaríamos de viver.
Suas postagens e suas emoções
16
O Facebook cumprimenta seus usuários todos os dias com
a frase: “No que você está pensando?”. Isso é feito devido ao fato
que profissionais cujo trabalho é zelar por nossa saúde emocional
agora estejam explorando, como usar esses canais para medir
as emoções de indivíduos, comunidades, países inteiros e até de
toda a espécie humana, através do Big Data que faz uma análi-
se geral do perfil de tudo que nós postamos ou pesquisamos na
internet.

As redes sociais podem oferecer um retrato fiel, e muitas


vezes não intencional de nosso bem-estar mental.

Outra pesquisa realizada pela Universidade Brunel, no


Reino Unido, com 555 usuários do Facebook mostrou que os
mais extrovertidos tendem a postar mais sobre atividades sociais
e sobre seu dia-a-dia e o fazem com frequência. Já indivíduos
com baixa autoestima acabam fazendo mais posts sobre seus
cônjuges ou parceiros. Já as pessoas com algum traço de neuro-
se costumam usar o Facebook para chamar a atenção, enquanto
as mais narcisistas usam seus status para exibir suas conquistas
ou discorrer sobre suas dietas e suas rotinas de atividade física.

Em ainda outra pesquisa, realizada nos Estados Unidos,


demonstrou que pessoas que postam muitas selfies são, em ge-
ral, mais narcisistas e até psicopatas, enquanto aquelas que ma-
nipulam suas fotos digitalmente têm uma baixa autoestima.

Mapeando os estados emocionais pelas redes sociais

Será que as redes sociais podem ajudar a resolver nossos


problemas? Ou trata-se apenas de um grito no escuro?
17
O Centro de Saúde Mental e de Gênero do México lan-
çou uma campanha alertando os cidadãos de que, chorar suas
mazelas na internet não é uma maneira barata de substituir um
autêntico acompanhamento psicológico.

Pesquisadores estão analisando como as postagens de


uma pessoa no Twitter, podem ser estudadas, para se encontrar
sinais de que ela pode estar sob risco de suicídio, por exemplo.

Na Austrália, o Instituto Black Dog, recentemente fez um


estudo usando um programa de computador que monitorou, por
dois meses os tuítes que contivessem algumas palavras ou ex-
pressões ligadas ao suicídio. As mensagens mais preocupantes
eram selecionadas pelos cientistas e pelo software. Ambos os
recursos se mostraram altamente compatíveis, o que possibili-
ta que pedidos de ajuda sejam identificados mais facilmente por
meios eletrônicos, que, podem alertar familiares ou profissionais
de saúde.

Há também algumas comunidades on-line que estão reco-


nhecendo o significado de alertas suicidas nas postagens e orga-
nizando suas próprias redes de apoio.

Em um grupo chamado Suicide Watch, do Reddit, pessoas


podem ajudar e responder para membros que estão correndo ris-
cos de suicídio ou mesmo pessoas que estão sofrendo bullyng
virtual.

Um outro aplicativo via bluetooth australiano mapeia a co-


nectividade social de uma pessoa com outras, detectando assim
se ela tem sinais de depressão, para então poder ajudá-la.
O mundo inteiro hoje, atravessa altos e baixos com muita
18 frequência, e por isso, Instituto Black Dog e a Organização para a
Pesquisa Científica e Industrial da Comunidade Britânica se uni-
ram para tentar medir o estado emocional de todo o planeta com
um projeto chamado We Feel (Nós sentimos).

Através do Twitter, buscam termos relacionados com emo-


ções com uma amostragem de 1% dos tuítes publicados, são
analisados em média 19 mil tuítes por minuto, assim descobrem
como os usuários estão se sentindo naquele momento. Os resul-
tados se transformam em um mapa que mostra as porcentagens
oriundas de vários estados emocionais em várias partes do mun-
do, com povos diferentes e de culturas diferenciadas, tais como:
surpresa, alegria, amor, tristeza, raiva ou medo, entre outros. Re-
velando que os estados emocionais mudam conforme os aconte-
cimentos nacionais e mundiais.

Também podemos citar o Hedonometer Project, que tenta


perceber também no twiter a felicidade relativa em várias línguas.
Por meio dos textos publicados, sejam de jornais, Google Books
e títulos de filmes. O interessante é que eles descobriram as 10
mil palavras usadas com mais frequência em cada idioma e pe-
diram para que seus pesquisados avaliassem essas palavras em
uma escala positiva e negativa.

Nesta análise foi descoberto que temos uma tendência


para a positividade e a felicidade, também se descobriu que o
português e o espanhol são idiomas particularmente “positivos”
em comparação com os outros.

Os mesmos pesquisadores agora estão usando a mesma


abordagem para analisar o impacto de acontecimentos externos
e nem sempre sob nosso controle das emoções, como por exem-
plo os debates para a Presidência (há queda na felicidade), o
status sócioeconômico, o local onde se mora e o grupo étnico a 19
que se pertence, entre outros.

O que cada tipo de foto revela sobre nós

De acordo com psicólogos e psicoterapeutas, a foto que


postamos e da forma que postamos mostra muito da nossa per-
sonalidade ou daquilo que desejamos mostrar para os outros,
que nem sempre significa ser a verdade.

Vamos dar alguns exemplos:

• Fotos de paisagens ou personagens: são impessoais,


significando que a pessoa não quer mostrar seu rosto ou
não está querendo ser encontrado. Demonstrando que
está como observador e não deseja compartilhar com nin-
guém, quem quer que seja, a verdade.

• Foto de símbolos de times: em primeiro lugar, o time é


importante para ela, em segundo, não está querendo se
mostrar, usando o time como um escudo, transmitindo que
eu sou isso e acabou.

• Fotos de animais de estimação: o animalzinho é muito


importante para ela, é uma forma de dizer que ama o bicho
e quem tiver que me aceitar ou gostar de mim terá que ser
com ele.

• Fotos de motos e carros: é o que ela valoriza, o carro


ou moto pode nem ser seu, mas quer demonstrar status e
causar boa impressão, revelando também que é uma pes-
soa materialista.
20
• Foto com Bebidas: o ideal é que não se coloque. De-
monstrando que beber é importante para ele. Para con-
correr a uma vaga de emprego é péssimo, pois hoje os
selecionadores sempre olham seu perfil nas redes sociais
para saber mais sobre você. Uma pessoa que está com
taças ou copos de bebidas nas mãos, sempre irão passar
uma imagem negativa

• Fotos no espelho: são muito comuns em adolescentes,


mas demonstra a insegurança que é muito típica dessa
fase. É como se ele tivesse precisando provar que a ima-
gem está boa o suficiente para mostrar para os outros.

• Fotos de casal: mostram que as pessoas valorizam o re-


lacionamento e os protege. Tentando mostrar para as pes-
soas que elas estão comprometidas e a pessoa que está
ao seu lado também. Um ponto negativo neste caso é que
se perde um pouco da sua identidade a partir do momento
que você se coloca com seu parceiro. É como se sua iden-
tidade fosse você e o outro ou também mostra uma certa
dependência da outra pessoa.

• Foto sorrindo: mostra que a pessoa é aberta, não tem


medo de mostrar quem é. De acordo com o marketing pes-
soal, fotos sorrindo e de braços cruzados, como geralmen-
te os executivos mostram, passam uma imagem um pouco
arrogante ou de poder.

• Foto sério, olhando para outra direção: demonstra a ideia


de uma pessoa com a autoestima elevada, não mostrando
arrogância, mostra que a pessoa é reflexiva, intuitiva e se
preocupa em mostrar beleza.
21
• Foto tirada por outra pessoa sem que você notasse: por
ser uma foto mais natural, pode significar que a pessoa
não é muito preocupada com a aparência. Prefere revelar
sua espontaneidade e não se preocupa em mostrar quem
realmente é para os amigos nas redes sociais.

• Foto de quando se era mais jovem ou criança: é uma


pessoa saudosista ou que não está segura com alguma
coisa na vida. Geralmente não se está feliz com a idade
atual e, por isso, põe-se uma foto mais jovem.

• Foto com amigos: querem mostrar que são sociáveis


e estão sempre rodeadas de amigos. Se as fotos forem
em baladas, é sinal de que as pessoas valorizam muito a
diversão.

• Foto com a família: mostrar o quanto tem orgulho de


seus familiares. São pessoas que valorizam muito a famí-
lia. Que tem o apoio dela e que nunca está sozinho.

• Foto em uma viagem: passa a imagem de ser culta, mo-


derna e de aceitar culturas diferentes. Geralmente é usada
por alguém que quer mostrar um status que considera im-
portante.

• Foto de si (selfie): vaidade envolvida. Geralmente costu-


ma-se usar esse tipo de foto para atualizar o perfil a todo
momento.

• Fotos com muitos efeitos: se a pessoa usa tantos efeitos


de Photoshop ou filtros nas fotos que mal parece ela mes-
ma, mostra que não está tranquila com a própria imagem.
Se as alterações nas imagens são mais leves, talvez seja
22 alguém que entenda de tecnologia e queira mostrar como
sabe manipular fotos.

• Foto de campanha: o símbolo de um partido ou um mo-


vimento político é preciso ser alguém militante, que quer
influenciar os colegas. Defende seu ponto de vista com
veemência e tem orgulho disso.

Uma pesquisa sobre imagem versus realidade nas redes so-


ciais

Uma ampla pesquisa foi realizada no painel de correspon-


dentes do Opinion Box entre os dias 19 e 24 de abril de 2017. Fo-
ram entrevistados 1.772 homens e mulheres a partir de 16 anos
de todos os estados do Brasil e do Distrito Federal e de todas
as classes sociais sendo a margem de erro da pesquisa de 2,3
pontos percentuais e o intervalo de confiança de 95%. Desta en-
trevista vamos destacar apenas um item que é a imagem real
versus a imagem virtual que as pessoas tentam passar nas redes
sociais, sendo:

• 75% dos entrevistados acreditam que as pessoas mos-


tram nas redes sociais uma vida melhor do que elas real-
mente têm;

• 14% acreditam que não tem diferença entre o que é pos-


tado e o que é vivido;

• 11% acham o oposto, que as pessoas exibem uma vida


pior nas redes sociais do que a vida real.
Por outro lado:
23
• 65% acreditam ser a mesma pessoa na internet e na vida
real;

• 26% admitem que são diferentes, mas não muito dife-


rentes; e

• 10% afirmam que sua imagem na internet é bem diferen-


te em comparação com a sua vida real.

Os jovens e os homens são os que mais admitem a “dupla


personalidade”:

• 60% acreditam ser a mesma pessoa, e

• 12% dos homens afirmam que são bem diferentes nas


redes sociais.

Já as mulheres:

• 68% afirmam ser iguais, e

• 8% das mulheres afirmam que a imagem na internet é


bem diferente em relação à realidade.

Além disso:

• 11% dos jovens até 29 anos afirmam ser diferentes,

• Enquanto 9% das pessoas de 30 a 49 anos e 5% dos


que tem acima de 50 anos acham que são diferentes.
A mídia e a influência na felicidade das pessoas
24
A insatisfação dos brasileiros com o próprio corpo, com a
sua condição social, a busca por uma posição de destaque e ter
sucesso é imensurável e percebemos que isso vem crescendo.
Essa visão de vida, de insatisfação pessoal e a busca perma-
nente, como se algo quase que inalcançável faltasse, é usado
como mecanismo eficiente pela TV brasileira para venda de seus
produtos, onde a prioridade é a conquista da fama, do sucesso
e dinheiro, consequentemente de uma suposta felicidade ditada
pelas mídias e TV.

Sabemos que todos nós sofremos influência da TV em


nossas vidas desde crianças. A Organização das Nações Unidas
(ONU) fez uma pesquisa sobre os desenhos animados transmiti-
dos pela televisão brasileira, tendo como objetivo medir a quan-
tidade de imagens com influências negativas passadas para as
crianças. O resultado foi que uma criança que assista a duas ho-
ras diárias de desenho animado estará exposta a 40 cenas de
violência explícita, trazendo sentimentos negativos e até trans-
tornos psicológicos em nossas crianças. Por isso, alertamos aos
pais que fiscalizem o que suas crianças assistem na TV.

A mensagem que nos transmitem todos os dias é: preciso


não apenas ser, mas “parecer ser”; e se não pudermos ser, que
nos esforcemos para parecer. A comunicação audiovisual não é
somente informativa, pretende-se oferecer muito mais que infor-
mação, lazer e entretenimento, mostram-se como instrumento de
comunicação que está acima do bem e do mal, como se as críti-
cas não os afetasse.

As estratégias utilizadas hoje em dia pelas TVs são muito


eficazes, resultando muitas vezes em uma falsa opinião pública,
que muitas vezes está transmitindo um desejo, não mais da so-
ciedade, mas sim do poder que controla a mídia. É a TV que dita 25
as regras do que deve ser assistido, oprimindo a liberdade de
escolha dos telespectadores.

Hoje presenciamos a insatisfação das pessoas com a pró-


pria imagem, com a necessidade de demonstrar felicidade, le-
vando-as a buscarem uma felicidade de novelas. Mostrando um
padrão de comportamento que a pessoa pode realizar através da
cópia dos personagens que assim aparecerem. Podendo, assim,
contribuir para o enfraquecimento da personalidade e da vontade
de um ser humano, principalmente quando encaram isto como
um caminho fácil para a felicidade.

Também devemos prestar atenção em alguns programas e


grupos musicais que exercem um sensacionalismo influenciador
de fatos e personagens sobre as pessoas, decisivos para que es-
tes escolham seus ídolos e definam, muitas vezes, seus objetivos
de vida.

Não é só o sucesso na mídia, tão bem trabalhado pelos


produtores de TV, que traz felicidade, mas sim a consciência de
definir o que é suficiente para desfrutar simples momentos da
vida. Não nos referimos ao simples conformismo, mas sim à sim-
plicidade, é fácil ser feliz, basta buscar o possível e não deixar ser
influenciado ou alienado pelos sonhos dos outros. A TV transmite
uma mensagem de que o famoso ou bem-sucedido é o mais feliz,
o mais bonito e bem afortunado, mas muitas vezes é mal infor-
mado, pois uma mensagem televisiva nem sempre expressa a
realidade.
26
CAPÍTULO 2 – A FELICIDADE ATRAVÉS DA
27
RENÚNCIA – SERVIR AOS OUTROS

“O sábio entende que a sua felicidade deve


incluir a felicidade alheia”

Dennis Weaver

Ajudar ao próximo não é apenas bom para quem faz, mas


também nos ajuda a sermos mais felizes e saudáveis. O ato de
contribuir nos conecta aos outros, e nos ajuda a construir uma
sociedade mais feliz.

Doar significa algo tão simples como uma palavra, um sor-


riso, um gesto gentil, doar seu tempo, cuidado, habilidade, preo-
cupação e atenção. Às vezes isto é tão importante quanto, ou
talvez mais importante que coisas materiais. Podemos ajudar
estranhos, familiares, amigos, colegas ou vizinhos. Podem ser
velhos ou jovens, estar perto ou bem longe, não importa, o impor-
tante é dividir aquilo que temos de melhor.

O trabalho voluntário está diretamente relacionado ao au-


mento da felicidade, independentemente da situação socioeconô-
mica do voluntário, pois, traz prazer na alma, dá sentido à vida e
a pessoa sente-se útil e com isso mais feliz. Pessoas que doam
parte de suas vidas ou parte de seu salário à caridade, incluindo-
se aí também oferecer presentes, foram identificadas como mais
felizes do que outras que não doam. Então, indicamos que você
faça caridade, não importa com o que tenha, o importante é que
ao final se sinta feliz e consequentemente fará também alguém
28 feliz.

Estudos científicos comprovam que ajudar alguém aumen-


tam os níveis de satisfação, dá sentido à vida, aumenta o senti-
mento de sermos mais competentes, melhora o humor e baixa o
estresse.

O amor traz gentileza, cuidado e amabilidade que são con-


tagiosos. Quando fazemos ou recebemos algum tipo de gentile-
za, somos propensos a sermos mais gentis e a retribuir tal ação.
Desta maneira, estas ações se espalham, influenciando o com-
portamento de outras pessoas.

Cultivar boas e sinceras amizades, orar e cuidar do pró-


ximo são ações que trazem benefícios inigualáveis. Ninguém
consegue atingir um objetivo sozinho, sempre precisamos de al-
guém que nos ajude, que nos indique um caminho, que nos dê
um conselho. Depender não, mas precisar sim. Ninguém está só
nesta vida, estamos acompanhados nem que seja dos nossos
pensamentos.

Nos dias atuais, é raro vermos alguém abrir uma porta


para alguém, dar passagem a outros carros no trânsito ou cumpri-
mentar as pessoas que se encontra durante o dia. Parece que a
gentileza é uma demonstração de fraqueza. Fraqueza é conviver
com a falta dela.

Algumas pessoas têm sucesso na vida e não valorizam as


pessoas que o ajudaram a chegar lá. Jamais se esqueça dos que
o ajudaram a chegar onde está, aqueles que te ensinaram pelo
longo trajeto. Todos os seres humanos têm algo a nos ensinar.
Mesmo assim, que te sejam ingratos, ajude sem esperar nada em
troca, porque automaticamente o bem retornará de alguma forma
ou por intermédio de alguém. Não importa o tipo de ajuda, que 29
seja material, espiritual ou através de palavras ou até mesmo um
sorriso ou uma gentileza.

Alguns estudos realizados sobre ajudar aos outros aumenta


a felicidade

Vários estudos científicos nos mostram que existem fortes


ligações entre a felicidade e ajudar outras pessoas. E eles afir-
mam que há relações entre a felicidade e ajuda para cada idade:

• Crianças na primeira idade que possuem mais empatia,


são mais felizes.

• Estudantes do ensino médio que se envolveram em tra-


balhos voluntários acabam dando depoimentos que são
mais felizes.

• Adultos que são mais felizes no trabalho são mais pro-


pensos a ajudar os outros.

• Ser voluntário apresentou ter forte ligação com muitos


benefícios para os idosos também, pois, sentem maior sa-
tisfação em viver.

O professor de psicologia Robert Levine da Universidade


do Estado da Califórnia fez em 2009 uma experiência, que resul-
tou no fator que o dia a dia das grandes cidades não faz bem à
cortesia e a doação. Ele observou e analisou 36 cidades america-
nas, avaliando a frequência de gestos como devolver uma caneta
que caiu acidentalmente, ajudar uma pessoa cega a atravessar a
rua ou colocar na caixa de correio uma carta perdida, entre outras
30 ações. Nova York foi considerada a menos gentil e Rochester foi
a mais prestativa. Ele conseguiu provar que quanto mais rápido
é o ritmo da cidade, menos gentil e colaborativa são as pessoas,
enquanto que, as com ritmo mais lento são mais gentis e doam-
-se mais.

Em outro estudo, a psicóloga Sonja Lyubomirsky da Uni-


versidade da Califórnia, pediu aos participantes que praticassem
ações gentis durante dez semanas. Todos registraram aumento
na felicidade durante o estudo. Percebeu-se que ações variadas
trazem mais satisfação e felicidade do que aqueles que pratica-
ram sempre a mesma ação. Provando mais uma vez que genti-
leza e doação estão relacionadas à felicidade. O mecanismo que
explica essa relação foi mais esclarecido por um estudo da Uni-
versidade Hebraica, em Israel, de 2005. A gentileza está ligada ao
gene que libera a dopamina, neurotransmissor que proporciona
bem-estar.

Ainda, em outro estudo, foram dados $5 ou $20 aos par-


ticipantes, para gastarem com as despesas de outras pessoas
ou doar para caridade, o resultado foi que experimentaram maior
felicidade do que pessoas que gastaram o mesmo tanto com elas
mesmas. O mais importante foi que a quantidade de dinheiro não
afetou o nível de felicidade gerado.

Existe um círculo virtuoso, felicidade nos faz doar mais,


doar mais nos faz mais felizes, o que nos leva a querer doar ainda
mais. Porque, nós, seres humanos somos altamente sociáveis e
nos desenvolveram como espécie para vivermos em conjunto.
Cientistas estão explorando a evolução do altruísmo, cooperação,
compaixão e gentileza em suas várias pesquisas pelo mundo.
Em um experimento com 1.700 mulheres, todas voluntá-
rias, os cientistas chamaram de “intoxicação solidária”, que foi 31
percebido um sentimento de euforia seguido de um período maior
de calma, experimentada por várias das voluntárias depois do
ato de ajudar alguém, não importando o grau de ajuda. Esses
sentimentos resultaram da liberação de endorfinas, e também por
um período maior de melhoria do bem-estar e senso de autova-
lorização, e estes sentimentos reduzem o estresse e melhoram a
saúde daqueles que ajudam.

O ato de ser voluntário também provou ser um fator da


não degeneração das funções cognitivas. Em mais outro estudo
realizado com 2.500 pessoas em seus 70 anos de idade, que
foram acompanhadas durante 8 anos observaram que, uma pes-
soa quando envelhece precisa ter uma atividade, geralmente cui-
dar de um bichinho de estimação, plantas e até mesmo de outras
pessoas.

Outras pesquisas mostraram ainda que entre adolescen-


tes, o hábito de ser voluntario foi associado com a melhora da
autoestima; redução de problemas antissociais, comportamentais
e ausência na escola; melhoraram suas notas e estudos; e au-
mentou as realizações na área da educação.

Enfim, pesquisas sobre o valor da gentileza e da doação


no mundo de hoje da Universidade Johns Hopkins, afirmam que
“Podemos escolher a gentileza porque temos livre-arbítrio, o pro-
blema é que você pode ter sido educado em condições que não
conduzem a isso”. Que é o caso dos países subdesenvolvidos e
sem condições financeiras, sociais e educacionais.
Doar também faz bem à saúde mental
32
Pensamos que os seres humanos só fazem algo quando
recebem alguma coisa em troca. Então, como explicar o com-
portamento de pessoas que realizaram atos gentis ou doam-se
anonimamente? Estudos sobre o cérebro mostram que quando
doamos dinheiro para causa que acreditamos ser boa, partes do
nosso cérebro se ativam como se nós mesmos estivéssemos re-
cebendo o dinheiro (ou reagindo a outros estímulos prazerosos
como comida, dinheiro etc).

Ajudar os outros têm uma forte relação com saúde mental,


mais do que receber ajuda. Estudos conseguem demonstrar que
voluntários têm menos depressão e ansiedade, e eles se sentem
mais esperançosos em relação à vida e sentem-se melhores con-
sigo mesmo. As pessoas de um modo geral se esquecem de ficar
remoendo os próprios problemas e sentem-se mais gratas por
aquilo que tem.

Doar-se também aumenta nossa longevidade. Pessoas


idosas que se doam, vivem mais do que aqueles que não se doam.
Incluindo, apoio a amigos, parentes, vizinhos e ao companheiro.
Ao contrário, receber apoio não influenciou na longevidade.

A importância de fazer o bem

Você já parou para pensar qual a importância de uma ação


feita? Imaginou o que esta ação pode ter mudado na vida de uma
pessoa? Estamos vivendo em um mundo onde não conseguimos
mais visualizar as relações humanas, o que vemos são pessoas
que só pensam em si mesmas, e esquecem de quem está ali ao
seu lado e que pode estar precisando de ajuda. Presenciamos
pessoas que não ligam para outras, agridem, zombam, humi- 33
lham, têm inveja e desejam todo tipo de maldades.

Outra observação, percebemos que quando perguntamos


a alguém se está tudo bem, a maioria responde que está, quando
nem sempre isso é a verdade, mas também não nos importamos
com a resposta que será dada. Muitas vezes um amigo ou um
familiar está precisando de nossa ajuda, uma palavra ou até mes-
mo uma oração e que poderíamos ajudar e muito se realmente
nos importássemos, se procurássemos indagar como podería-
mos ajudá-la.

Então agora vamos fazer uma reflexão, pense e reflita nes-


tas perguntas: Qual foi a última vez que você ajudou alguém?
Qual a última vez que você precisou de ajuda? Você se decepcio-
nou por alguém não ter te ajudado no momento em que você pre-
cisava? São simples perguntas, mas que importam muito, pode
até mudar uma situação, uma vida.

Não devemos nos perguntar por que ajudar alguém, mas


como eu posso ajudar alguém? E podemos começar a qualquer
momento de nossa vida. Podemos introduzir em nosso cotidia-
no esta prática. Pois, ninguém está isento de precisar do outro
um dia. Devemos ajudar sem julgar a história de vida de cada
um. Cada ser humano merece respeito e estamos aqui nesta vida
para aprender, e geralmente aprendemos com nossos erros. Se o
outro errou, não convém julgá-lo, temos que dar uma oportunida-
de sempre, pois, nós também erramos de uma forma ou de outra.

Coloque-se sempre no lugar do outro. Pense numa forma


que possa ajudar. A solidão adoece e traz depressão, sua aten-
ção pode mudar o dia ou até a vida de alguém. Troque ideias, fale
um pouco das suas experiências de vida, isso também pode ser
34 uma forma eficaz de trabalhar suas próprias emoções.

Do ponto de vista religioso, acredita-se que a prática do


bem, salva o corpo e a alma, além de elevar o espírito, de um
modo geral. Muitas pessoas conseguiram se livrar de enfermi-
dades sérias pensando mais no próximo do que em si mesmos,
fazendo algo que realmente era importante a alguém. Meus que-
ridos leitores acreditem: A caridade nunca irá falhar!

Quando doar ou ajudar pode nos fazer mal

Às vezes ajudamos da forma errada, fazendo com que sir-


va só para prolongar a pobreza, seja a nível financeiro, de vícios,
dependências emocionais destrutivas, dar a quem se recusa a re-
ceber, por vezes, a ignorância ou falta de conhecimento nos leva
a uma tomada de posição onde se descobre que só precisava de
um empurrão para o abismo.

Isso significa que de nada vai adiantar você ficar cobran-


do uma postura diferente das pessoas com quem se relaciona
ou ajuda, seja no trabalho, com os amigos, familiares ou com a
pessoa amada. Se você não está satisfeito com os resultados
que vem obtendo com essas pessoas, mude você. Até porque, no
final das contas, mudar a si mesmo é a única mudança possível.
Ninguém muda o outro.

Não se trata de exigir garantia de retorno ou, só fazer por


interesse. A questão é: se você vive fazendo, doando e se ofere-
cendo para ajudar, vai chegar uma hora em que essa dinâmica
vai pesar. E você vai se sentir cansado, exausto, com a sensação
de que está carregando sozinho o que deveria ser carregado a
dois. 35
E lembre-se: quando sua ajuda é fácil demais, simples
demais, sempre disponível, a tendência é que pareça ao outro,
mesmo não sendo proposital, exatamente assim: fácil, simples
demais. Parece a lei da oferta e da procura: se tem muito, é bara-
to e, em alguns casos, até desvalorizado; se tem pouco, é caro, é
valioso. Nunca se esqueça do seu real valor.

Ganhe consciência de seus atos, de suas escolhas e do


modo como se comporta com os outros. Se o outro não faz, geral-
mente é porque você faz antes, e faz rápido. Se o outro está aco-
modado, certamente é porque você o está deixando mal acostu-
mado.

Observe seu comportamento, e não ofereça fazer ou aju-


dar aquele que esteja acomodado. Fique calado e espere que o
outro o chame. E, quando alguém te pedir algo, antes de dizer
sim, questione-se: você realmente quer fazer? Pode fazer? Tem
tempo? Se houver qualquer dificuldade ou falta de vontade de
sua parte, respeite-se e diga que sente muito, mas que desta vez
não vou poder te ajudar.

Valorize-se, respeite suas vontades. Ganhe consciência


do seu verdadeiro lugar na vida desta pessoa. Você e todos nós
merecemos ser bem tratados e temos o dever de tratar bem o
outro.

Isso contribui para aumentar a nossa saúde e consequen-


temente a nossa felicidade. Sentir-se sobrecarregado é prejudi-
cial. Doar-se por prazer, aumenta a autoestima, a satisfação e
nos traz sentimentos positivos, doar-se sob pressão não benefi-
cia, ao contrário, traz doenças e infelicidade.
36
Ajude sempre que puder e desejar, mas que esta ajuda
não te prejudique de alguma forma, que não te traga tristezas ou
a sensação de que estão se aproveitando ou te usando.

O caminho da felicidade passa pela coragem de renunciar

A palavra renúncia pode ter uma conotação negativa para


muitos. Renúncia significa: abdicar, abnegar, abster, declinar, de-
saceitar, negar, recusar, rejeitar, renegar, renuir, repelir e repudiar.

Será que teríamos coragem de renunciar a algo importante


em nossas vidas? A maioria vai dizer que não, ou perguntar por
que, ou o que vai ganhar com isso. Será que alguém ganha algo
quando renuncia? Muitos ganharão paz de espírito.

Quando vemos matérias na mídia de pessoas com suces-


so na profissão e na vida financeira, que deixam tudo para trás
para viverem uma vida mais simples, sem luxos ou riquezas, as
achamos loucas ou ao contrário, pode ser também um sonho
nosso. Estas pessoas tiveram a coragem de correr daquilo que
as faziam felizes e optaram por renunciarem à vida que tinham
para serem mais felizes.

Você está infeliz num emprego ou carreira, no amor, com a


vida que está vivendo? Não tem coragem de renunciar? Renun-
cie aos seus medos (acho que até os medos não temos coragem
de renunciar) e vá em frente. Lógico que não irá conseguir o que
deseja em um dia, as vezes nem em um ano. Precisa-se planejar
e se preparar para as mudanças futuras. Mas, se não tiver a co-
ragem para renunciar à vida que quer mudar, nada irá acontecer,
jamais conseguirá ser feliz por completo.
37
Devemos renunciar aos padrões de pensamentos que nos
deixam pobres e tristes, amizades que não nos levam a nada,
que nos desgastam e nos fazem infelizes, relacionamentos que
nos sufocam, aos valores da família que querem nos prender ou
ideias erradas que nos fazem sofrer, é o primeiro passo para ini-
ciarmos uma grande mudança interior, que certamente nos levará
a prosperidade, paz de espírito e alegrias sem igual.

Quando praticamos a renúncia em nome da felicidade, es-


tamos trabalhando nossa autoestima e nos tornando mais fortes
perante a vida. Não há nada melhor para nossa energia, saúde e
harmonia de vida. Iremos limpar nossa alma esvaziando cargas
inúteis. Quando praticamos a renúncia em nome da felicidade,
estamos trabalhando para o nosso bem estar. Lembrando que
seja uma renúncia que não implique em fazer mal a ninguém.

Estamos neste mundo só de passagem, ser gentil e se


doar não é uma escolha, mas uma questão de propósito, viemos
a este mundo para sermos treinadores uns dos outros, para um
aprender com o outro. Os problemas do dia-a-dia nos estressa,
colocam nossas almas em constante conflito.

Para nos sentirmos felizes de verdade, precisamos nos


doar com amor ao próximo. De nada vale nossas conquistas na
vida sem agregar algo na vida das pessoas.

.
38
CAPÍTULO 3 – A FELICIDADE DE ACORDO COM
39
CADA IDADE

“Se quer viver uma vida feliz, amarre-se a


uma meta, não às pessoas nem às coisas”.

Albert Einstein

A felicidade para as crianças é um sentimento que enche


seus coraçõeszinhos de emoção, nervosismo e exaltação. Eis
algumas respostas de uma amostra de crianças, onde lhes foi
perguntado: o que é a felicidade?

• Quando eu faço um amigo.

• Quando meus pais me deixam dormir na casa do meu


amiguinho.

• Quando eu brinco com meu cachorrinho.

• Quando a professora coloca um “excelente” na minha


prova.

• Quando meus avós vêm me ver e brincam comigo.

• Quando depois de perder três semanas seguidas jogan-


do futebol, finalmente você ganha.

• Quando você se levanta correndo para ver o que o Papai


Noel deixou embaixo da árvore.
40
• Quando a menina mais bonita da classe sorri para mim.

• Quando finalmente eu consigo aquela figurinha do álbum


que estava faltando.

• Quando minha mãe me deixa assistir a minha série favo-


rita na televisão.

• Toda vez que me deixam comer chocolate.

Pelas simples respostas, percebemos que nenhum deles


baseou a felicidade em grandes coisas materiais, como na maio-
ria dos adultos assim fariam. Para eles, felicidade não precisa de
muitas coisas. Pode ser pequenos detalhes ou conquistas.

Como podemos fazer uma criança feliz?

Muitas vezes felicidade para uma família é o seu bem-es-


tar, despreocupação com os problemas do dia-a-dia, segurança,
conforto, tranquilidade, entre outras coisas. Para conseguirmos
fazer nossos filhos felizes, eis aqui 10 simples conselhos de acor-
do com a revista LiveScience, que fizeram uma ampla investiga-
ção sobre educar crianças para serem felizes:

1. Sermos pais positivos: pais negativos, os filhos estão


propensos a serem negativos também. O mesmo se dá
com pais grosseiros, agressivos, os filhos provavelmente
terão as mesmas atitudes. Se você é pai ou a mãe que
sempre está irritado, bravo, furioso, precisa mudar o seu
comportamento diante dos seus filhos. A melhor educação
é o exemplo. Você é responsável não somente por ele,
mas também pelos atos dele. 41
2. Estimular a empatia, a bondade e o agradecimento: a
empatia é exatamente não fazer com o outro o que não
gostaríamos que fizessem conosco, deve-se sempre per-
guntar à criança e se fosse com ele, o que ele faria? Ensi-
nar a ser bom sempre seja com quem for, é uma questão
de ter respeito pelo outro. E ensinar-lhes a agradecer por
tudo que têm e o que conseguem, por mais simples que
seja.

3. Oferecer liberdade: quando falamos de oferecer liberda-


de, estamos falando de estabelecer confiança nos filhos,
para que as crianças tenham novas experiências no seu
desenvolvimento e nas suas capacidades e habilidades.
Não sejam pais possessivos ou muito mandões e autoritá-
rios com os seus filhos.

4. Bom relacionamento entre os pais: toda e qualquer re-


lação entre casais tem momentos bons e ruins. Não de-
vemos permitir que os problemas entre os casais abalem
a estabilidade emocional dos seus filhos. Basta perceber-
mos como uma criança, filha de pais felizes age e como
age aquela que tristemente vive em seu lar situações de
desarmonia, os comportamentos são completamente dife-
rentes.

5. Boa saúde mental dos pais: pai ou mãe deprimidos con-


tribuem para o estresse e desequilíbrio psicológico dos fi-
lhos. Nenhuma criança pode estar bem se os seus pais
não estiverem bem. As crianças têm muita sensibilidade e
percebem tudo, e o comportamento dos pais é essencial
ao bom desenvolvimento delas.
42
6. Boa relação entre pais e filhos: os filhos desenvolvem
bons relacionamentos com os outros através do exemplo
de relacionamento que eles vivem em casa. Bom relacio-
namento não significa fazer tudo que ele quer ou passar a
mão na cabeça sempre. Significa se importar de verdade,
corrigir quando tiver que corrigir e dar amor e elogiar quan-
do tiver motivos para isso. Uma criança cujos pais dão tudo
e não se sentem amadas e sem limites, provavelmente terá
sérios problemas de comportamento no decorrer da vida.

7. Pais que respeitam a opinião dos filhos: a autonomia em


casa promove a autonomia das crianças entre os que eles
convivem. As crianças precisam desenvolver na relação
com os pais um diálogo franco e aberto para expressarem
suas opiniões. Nunca impeça que o seu filho diga o que
pensa ou que argumente. É importante que você o escute.

8. Não exija filhos perfeitos: não existe ninguém perfeito,


nem os pais, nem os filhos, por isso não devemos nos tor-
turar para dar a educação perfeita aos filhos (mesmo por-
que o que é educação perfeita?). Pais que exigem perfei-
ção dos filhos acabam sufocando-os e os tornando menos
confiantes em relação a tudo.

9. Pais precisam brincar com os filhos: os filhos precisam


de pais que se divirtam com eles, que brinquem e agre-
guem criatividade em suas vidas. As brincadeiras somam
alegria e motivação, tornando a vida de todos mais agra-
dável. Invente brincadeiras novas, pintem e bordem com
eles.
10. Conheça os seus filhos: todo ser humano é diferente
do outro. Uma boa educação, baseada no conhecimento 43
profundo de uma criança é a melhor forma de fazê-la feliz.
Quanto mais tempo os pais passam com os seus filhos,
mais aprenderão com eles e mais respeito terão pela sua
forma de ser. Se interesse pelas suas emoções, sentimen-
tos e conheça a personalidade e o caráter do seu filho,
esta será a única forma que você pode respeitar a maneira
como ele realmente é.

Como pudemos constatar, felicidade para uma criança se


encontra nas coisas simples, mas para que ela seja realmente fe-
liz, precisa de equilíbrio no lar e na família, mas o mais importante
é ainda o amor que ela recebe.

O que os pesquisadores descobriram sobre felicidade nas


outras idades

Muitas vezes pensamos o quanto éramos felizes quando


crianças. Só diversão, sem muitas responsabilidades, brincar à
vontade. E na adolescência então, nas festas, paqueras e ami-
gos. Um estudo encomendado pela Samsung com mais de 2 mil
britânicos acaba de comprovar que as pessoas são mais felizes
aos 58 anos.

Porque aos 58 anos, tudo parece funcionar melhor e estão


mais felizes com suas vidas. As pessoas relataram ter mais tem-
po para se divertir, sentem menos cobrança da sociedade e do
trabalho. Têm mais tempo e prazer para almoçar e menos preo-
cupações.
Já aos 35 anos, é quando as pessoas afirmam serem mais
44 infelizes, com o estresse de equilibrar a vida familiar, a criação
dos filhos e as crescentes responsabilidades no trabalho e a
preocupação com a carreira profissional. Um dos fatores mais
estressantes é o dinheiro. Já a principal motivação é estar com a
família seguida por ter um trabalho satisfatório.

Tem vários motivos para serem mais infelizes por volta dos
35 anos, é que enquanto tentamos desesperadamente combinar
empregos de alta pressão com exigências familiares, o dinheiro
certamente, é um dos maiores fatores de estresse segundo os
pesquisados, enquanto quase dois terços deles disseram que o
tempo de qualidade passado com a família é o que lhes traz mais
satisfação. Estar feliz em sua profissão era o segundo fator mais
importante na felicidade geral.

Outra pesquisa realizada com um grupo de 1.500 partici-


pantes, com idades compreendidas entre 21 e 99 anos, realizado
em São Diego, na Califórnia, nos Estados Unidos, constatou que
as pessoas mais estressadas e deprimidas de todo o grupo eram
aquelas que estavam em seus vinte anos. E, as de noventa se
mostraram mais felizes. Segundo eles, isto se deve a certas qua-
lidades que nos fortalecem à medida em que amadurecemos e
envelhecemos: a empatia, a compaixão, o autoconhecimento, a
abertura a novas ideias, a firmeza e a estabilidade emocional. Já
passamos por quase tudo na vida, perdemos amores, familiares
e estes fatos nos tornam mais fortes.

Outra razão é que, o que leva as pessoas mais velhas a


serem mais felizes, é a sua confiança. Dois estudos em grande
escala, realizados na Universidade de Northwestern e na Univer-
sidade de Buffalo, mostraram evidências concretas sobre isso.
O primeiro estudo feito sobre o tema foi realizado ao longo de
um período de 30 anos e com uma enorme amostra de 200.000
pessoas de 83 diferentes países e, o segundo estudo, com uma 45
amostra bem menor, de 1.230 pessoas, distribuídas em diferen-
tes grupos de idade, observaram haver relação estreita entre a
confiança e a idade, chegando as mesmas conclusões: as pes-
soas se tornam mais confiantes à medida que envelhecem, o que
resulta em sensação de maior felicidade.

Com a idade, há uma forte tendência a ver o lado positivo


da vida e aumenta a capacidade de enxergar o melhor de cada
pessoa com quem nos relacionamos, bem como serem mais to-
lerantes.

Outro estudo feito em 2015, realizado pelo Instituto Gallu-


p-Heathways, mapeou mais de 173.000 pessoas nos Estados
Unidos. Os participantes com mais de 55 anos apresentaram um
índice mais elevado de bem-estar econômico. Cerca de 52% de-
les, também disse considerarem-se mais prósperos, ao contrário
de 32% dos participantes com idades abaixo dos 55 anos.

Os mais velhos, acima dos 55, comiam melhor, sua ali-


mentação era mais saudável que a dos mais jovens. Ainda mais
interessante foi a descoberta de que os níveis de depressão e de
obesidade se reduziam drasticamente depois dos 64 anos.

Foram feitas investigações pela Universidade del Noreste


e o Instituto de Tecnologia da Georgia, que realizaram estudos
cognitivos e concluíram que as pessoas mais velhas tendem a
se concentrar nos estímulos, nas memórias e recordações mais
felizes. Acredita-se que os processos cognitivos os ajudam a re-
gular melhor suas emoções e a enxergar a vida a partir de uma
perspectiva mais positiva.
Outra diferença marcante é que os jovens buscam aventu-
46 ras mais memoráveis, enquanto os mais velhos sentem-se con-
tentes com as coisas do seu dia a dia. Enquanto a maioria dos
mais jovens está preocupada com as coisas que vão fazer, como:
férias, baladas, namorar, planos de fim de semana etc., os mais
velhos gozam das coisas simples da vida, coisas que os ajudam,
doar-se por exemplo, a estar em paz consigo próprios.

Existem alguns estudos controversos que também tenta-


ram identificar a idade exata em que podemos esperar ser mais
felizes. Um estudo disse que a vida atinge o auge aos 23 anos
e depois novamente aos 69. Outro, afirma que 33 era o número
mágico.

Até alguns anos atrás tinha-se o preconceito de que idade


avançada e tristeza estavam relacionadas. Conforme as novas
pesquisas longitudinais, a relação entre idades avançadas e tris-
teza, isolamento, não se faz presente nem constante. Achar que
velho é chato e ranzinza é puro preconceito.

Ainda que isso possa parecer loucura, as pessoas real-


mente são mais felizes à medida que envelhecem. Ainda que mui-
tas coisas em nossas vidas piorem com o tempo, como a saúde,
mas o curioso é que em muitos aspectos as pessoas começam a
se sentir melhor.

Também, as pesquisadoras Carol Graham e Milena Niko-


lova, da Brookings Instituition nos Estados Unidos, comprovaram
que a vida passa por uma curva de felicidade em formato de U e
que, da quinta década em diante, podemos ser mais felizes. Óti-
ma notícia para quem chegou aos 50 anos, nesta idade, a crise
da meia-idade fica para trás e a felicidade dá a volta na curva.
Não se trata de especulação e sim de realidade.
As nossas vidas melhoram com o avanço da idade, lógico
que para isso, devemos estar também saudáveis, conformados 47
com a nossa idade e em relacionamentos estáveis, explica o es-
tudo, publicado na IZA Journal of European Labor Studies no ano
de 2014.

A felicidade após os 50 anos

Uma das alegrias dos mais velhos é lembrar-se da inde-


pendência financeira dos filhos, a chegada da aposentadoria e o
aumento no tempo para fazer atividades de que gosta. O período
traz um novo sentido de realismo, uma aceitação da vida como
ela é.

Um dia a maioria de nós chegará lá e, precisamos nos


preparar para envelhecer. O mais importante é entender que irá
haver perdas, mas teremos maturidade e sabedoria o suficiente
para entendê-las e aprendermos como lidar com elas. Precisa-
mos aceitar por exemplo a perda muscular, a capacidade respi-
ratória, a degeneração normal do corpo bem como entender que
os exercícios físicos ajudam e são essenciais. Há tantas novas
tecnologias a nossa disposição para as eventuais perdas auditi-
va, visual e motora. Tudo é questão de adaptação e superação.

Algumas mudanças no estilo de vida são necessárias,


como: os churrascos com os amigos que eram feitos à noite, e
agora pesam no estômago e a digestão ficou mais complicada,
podemos passá-los para almoço. Para passear com as amigas,
não precisa ser com aquele “salto”, podemos usar um sapato bai-
xo, ninguém irá reparar. As limitações e implicações no bem-estar
dos idosos vão aparecer, o que não podemos deixar é que inter-
firam em nosso estado de espírito, a tranquilidade e a vitalidade.
48 A felicidade também pode ser influenciada por essas adaptações.

A aposentadoria pode soar como férias sem data para aca-


bar, e isso é bom. Todos nós precisamos de descanso. O que não
podemos deixar são os sentimentos negativos aflorarem, como a
sensação de inutilidade. Uma das técnicas que colaboram com a
quebra da rotina e eliminam as pressões é a metodologia oriental
“5s”, conforme a psicóloga Helina Ogasawara ensinou em 2015.
São pequenas mudanças que ajudam a reorganizar os pensa-
mentos, separando o que é útil, mudando padrões e hábitos, veja
como:

1. Utilização (Seiri): verifique na casa onde estão as coisas


que não serve mais, coisas quebradas, roupas velhas, re-
vistas e jornais. Identifique o que é necessário e descarte
o que não é. Não viva de lembranças; preserve consigo
apenas sentimentos e coisas úteis.

2. Ordenação (Seiton): evite manter uma bagunça e tenha


um lugar para cada coisa: remédios, documentos. Isso fa-
cilita a própria vida e a dos que estão por perto e reduz a
perda de memória.

3. Limpeza (Seiso): elimine a sujeira ou objetos estranhos


de paredes, armários, gaveta, estante, piso; use roupas,
lençóis e lingeries limpos e passados; mantenha lixeiras,
quintal e banheiro sempre limpos; limpe os pensamentos
negativos: evite falar em doenças, morte ou nostalgia.

4. Saúde e asseio (Seiketsu): zele pela higiene pessoal,


cuide da saúde, mantenha a vacinação em dia. Tenha
comportamento ético, promova um ambiente saudável nas
relações interpessoais, cultive um clima de respeito mútuo;
pratique exercícios físicos; frequente grupos de idosos e 49
busque novas atividades, novas companhias.

5. Autodisciplina (Shitsuke): desenvolva o autocontrole


(conte até dez sempre que precisar), tenha paciência; res-
peite o espaço e as vontades alheias; não se torne uma
pessoa ranzinza e não reclame sem razão.

São atividades simples, mas além de te proporcionar maior


organização no lar e em sua vida, também te deixará feliz em
poder fazê-las.

Existe realmente uma idade para sermos felizes?

A felicidade é um estado de espírito, muito interno em que


sentir um bem-estar maior, independente das situações e aqui-
sições externas ou da idade que você tenha. Quando estamos
atormentados pelos problemas do dia-a-dia, colocamos a felici-
dade do lado de fora, pulamos de prazer em prazer na tentativa
vã de um dia ser feliz por completo. Tudo isso é superficial, sem
efetividade, o mundo gira em torno da quantidade.

Quando será que vamos acordar para o que realmente


pode nos proporcionar a felicidade gratuita e real? Vamos nos de-
parar com uma imensa alegria só por existirmos, por poder con-
templar uma flor, abraçar quem amamos pela manhã, de acordar
todos os dias e ter a oportunidade de respirar. Tudo ao nosso
redor é motivo para encher nosso peito de amor, aí sim consegui-
remos identificar dentro de nós a felicidade autêntica.

Quando começamos a viver o presente, automaticamente


muitos aspectos de nossa vida mudam, além de aprendermos a
50 ser felizes no agora e aproveitarmos isso ao máximo. Nosso nível
de ansiedade cai e ficamos mais em paz com tudo.

Pessoas tendem a ser mais felizes no início e no fim da


vida e esta felicidade depende apenas de força de vontade, não
de circunstâncias externas.

Tristeza e felicidade são sentimentos transitórios, aliás


tudo na vida passa, incluindo a própria vida terrena. Nem sempre
temos o controle sobre eles, mas ações individuais podem con-
trolar a intensidade de cada um.

Como para a grande maioria das coisas na vida, não existe


uma receita passo a passo de como ser feliz ou uma idade total-
mente correta, cada ser humano é único. Cada um pode chegar
lá da maneira que mais lhe convier.

A felicidade geralmente é invisível aos nossos olhos. Em


um instante, um sentimento, uma marca profunda na gente sem
que a gente se dê conta.
CAPÍTULO 4 – A FELICIDADE E SUAS
51
CONTRADIÇÕES

“A felicidade não é um destino. É um méto-


do de vida”

Burton Hills

Epícuro (341 a.C – 271 a.C.) foi um filósofo da Grécia An-


tiga, o fundador do “Epicurismo”, sistema filosófico que proclama
o prazer obtido mediante a prática da virtude como o único bem
superior do homem. Ele sabia que as coisas que nos fazem feli-
zes são muitas vezes um pouco diferentes das coisas que busca-
mos diariamente. Ele sabia que todos nós valorizamos muito uma
amizade verdadeira, mas raramente vemos nossos amigos o su-
ficiente. Que todos nós queríamos aproveitar o que temos, mas
nos esforçamos para conseguir coisas que raramente consegui-
remos. Essas contradições, e outras semelhantes, levaram-no a
uma experiência ousada:

Ele e seus amigos se mudaram para uma casa grande que


chamaram de “Jardim”. Eles viviam comunitariamente, de forma
simples, dedicavam tempo à reflexão e à contemplação do uni-
verso e da natureza e evitavam a vida que a sociedade da época
impunha. Os epicuristas buscavam a felicidade, a placa na porta
explicava aos transeuntes a natureza da escola, que era conhe-
cida em todo o mundo grego. O experimento foi em grande parte
bem-sucedido, e as comunidades derivadas da época seguiram
seu exemplo.
Ainda, conforme o epicurismo, o homem deve cultivar a
52 felicidade da vida simples. Aprender a gozar do pouco que tem
e evitar as ciladas de ambicionar mais. Ser alegre e cultivar um
tranquilo senso de humor. Aprender a sorrir diante das loucas am-
bições das pessoas que os cercam, mas também auxiliá-los nas
suas necessidades, deixando também todo o egoísmo de lado.

Embora, nem todos nós possamos nos mudar para uma


linda casa de campo com nossos amigos, os ensinamentos de
Epicuro são validos até hoje, e muitas pessoas são felizes viven-
do da simplicidade de cada dia.

A felicidade e suas contradições em algumas áreas da vida

• Na amizade

Não podemos desconsiderar que uma grande amizade é


um caminho frutífero para estarmos felizes ao lado des-
tes amigos. Mas, por mais que fiquemos felizes em es-
tarmos ao lado dos amigos, em contrapartida passamos
muito pouco tempo desfrutando desta alegria em estarmos
na companhia deles. Por que será? Estamos imersos em
tarefas e companhias desagradáveis tanto no trabalho e
até mesmo dentro da nossa própria família. Então, porque
ficamos pouco com os amigos se isso nos faz felizes?

• Na moderação

Embora sabemos que é agradável exagerar, mas muitas


vezes o exagero nos traz desespero em algumas circuns-
tâncias e isso reduz a felicidade que temos a longo prazo.
Se temos muito, nos consome de preocupação, tira nos-
sas noites de sono, pensando como vamos administrar de
forma eficaz tudo que temos, se temos pouco, sofremos 53
porque viver com muito pouco nos priva de sermos felizes.

• Nos tipos de prazer

Os prazeres da vida estão diretamente ligados as coisas


que precisamos para satisfazer nossos desejos ou necessida-
des. Quando os nossos desejos estão satisfeitos, vivenciamos
um prazer sem grandes preocupações, essa é uma das maneiras
mais simples de felicidade. Também existe a busca de prazeres
mentais, que são coisas como os estudos, reflexões profundas e
aproveitando o tempo com as pessoas que amamos. Tudo que
ocorre, nos leva à criação de desejos posteriores que podem nos
confundir em nossa busca por prazer, trazendo assim as vezes,
infelicidade e frustração por não os conseguirmos.

E os prazeres físicos, como drogas e os bens de luxo, po-


dem facilmente levar ao desejo insaciável de mais e mais prazer,
e quando cedemos demais a eles, nos tornamos escravos, nos
trazendo dependência e muitas vezes insatisfação.

• No amor

Quem ama sofre todas as contradições possíveis. Atropela


a relação, quer ver sempre, sofre com a ansiedade do próximo
encontro, tem ciúmes, saudades, controla a vida do ser amado,
troca os pés pelas mãos, busca entender e analisar cada palavra,
cada silêncio, não esquece nada do que foi dito, não dormirá sem
saber ou falar com a pessoa amada. Amar é muito bom e nos
traz muita felicidade, mas muitas vezes nos traz também todos os
tipos de sofrimentos e inquietudes.
• Na família
54
Quem é a família senão a instituição responsável pela
formação e pelo lançamento no mundo de seus membros com
o objetivo de alcançarem a felicidade plena? É na família que
aprendemos a semear, cuidar, colher e a desenvolver nossos
dons e valores. Em contradição, há quem defenda ser a família
uma instituição opressora, algo materialmente criado para tornar
o homem preso a conceitos e ser infeliz nela.

A família em nenhum momento pode se ausentar diante


da vida dos seus ou dos conflitos da sociedade, mas deve ser
sempre sinal da esperança e do amor que vence e nos dá sus-
tentação para a vida.

A felicidade em alguns períodos históricos

Desde Heródoto (484 a.C. - 425 a.C.) que foi um importan-


te historiador grego, a felicidade foi assumindo diferentes identi-
dades, o que contribuiu para se obter um conceito confuso. Então
a felicidade se vestiu de várias designações como atitude, bem-
-estar, prazer e satisfação que enriquecem o tema que preten-
de ser a meta ideal da vida humana. Mas, aos poucos a ciência
também tomou posse do estudo da felicidade, e os filósofos na
inversa direção abandonaram-na.

O significado de felicidade é muito variável conforme os di-


ferentes períodos históricos estudados. Também se percebe que
os meios para alcançá-la mudaram muito. Basta repararmos no
retrato da felicidade observando a prática de sorrir para fotogra-
fias e imagens pictóricas. E, nesse sentido, o enigmático sorriso
da Mona Lisa que Leonardo Da Vinci pintou em 1503 representou
um marco revolucionário. O que contrasta profundamente com os 55
largos sorrisos flagrados pelas lentes da atualidade, (estampados
inclusive nas redes sociais).

Há alguns argumentos em contrário ao uso do termo “felici-


dade” em estudos científicos, preferindo-se o termo e conceito de
“bem-estar”. Uma das advertências dirigidas aos que procuram
mensurar a felicidade foi proferida por Jeremy Bentham (1748-
1832):

É em vão falar sobre adicionar quantidades


de algo que, após esta adição, continuará dis-
tinto do que era anteriormente, a felicidade de
um homem jamais será a felicidade de outro: o
ganho de um homem não é o ganho de outro;
você pode igualmente fingir adicionar 20 (vinte)
maçãs a 20 (vinte) peras.

Freud por sua vez cogitou por volta de 1876 que a felicida-
de é algo inteiramente subjetivo e deduziu ser impossível de ser
aprendida por meios objetivos. Afirma ele, o que os homens mais
desejam na vida é a felicidade. Trata-se, por um lado, da obten-
ção de prazeres intensos, e, por outro, da ausência de sofrimento
respectivamente. Afirmava também que a felicidade é súbita, tra-
tando-se apenas de episódios vividos.

Uma Resolução da ONU de 2011 apontou o direito à feli-


cidade como direito fundamental e que deve nortear o Estado de
Direito, que tem como uma das metas primordiais a preservação
da dignidade da pessoa humana.

O trabalho bem como o amor e o lazer estão relacionados


com o conceito de felicidade. E, na atualidade nunca se cogitou
56 tanto “qualidade de vida”, o que influencia as empresas e órgãos
públicos a investirem em programas de bem-estar destacando os
variados benefícios, inclusive os financeiros para seus colabo-
radores. Sabe-se que o colaborador feliz e motivado é capaz de
maior produção e de melhor qualidade.

A falta de clareza em expressar no que consiste verda-


deiramente a felicidade, a torna fonte quase inesgotável de pon-
derações e polêmicas. O que podemos afirmar e prever é que
a sociedade contemporânea seja sombria ou pessimista apenas
por conta da carência de felicidade.

O que seria mesmo cientificamente a felicidade?

A felicidade verdadeira dura mais do que uma dose de do-


pamina, por isso ela vai além da emoção. A sensação de felici-
dade de cada um também inclui reflexões cognitivas, tais como
quando você ri ou não da piada do seu amigo, ou quando analisa
o tamanho e formato do seu nariz ou a qualidade do seu relacio-
namento ou casamento. Somente parte desta sensação tem a ver
com o que você sente; o resto é produto de um cálculo mental,
em que você guarda suas expectativas, seus ideais, a aceitação
daquilo que não pode mudar e inúmeros outros fatores. Assim, a
felicidade é um estado mental e, como tal, pode ser intencional e
estratégico.

Ser feliz não é comer sempre o mesmo prato no restauran-


te que você mais gosta ou gozar de uma vida tranquila; a ciência
mostra que a chave para a satisfação pessoal é fazer coisas ar-
riscadas, desconfortáveis e até mesmo desgastantes. Os hábitos
de pessoas felizes foram documentados em estudos recentes e
fornecem uma espécie de manual a ser seguido. Paradoxalmen- 57
te, atividades que causam incerteza, desconforto, e mesmo uma
pitada de culpa estão associadas às experiências mais memorá-
veis e divertidas das vidas das pessoas.

As pessoas mais felizes, ao que parece, têm vários hábitos


não intuitivos que poderiam ser considerados como infelizes. Ou
seja, nem tudo aquilo que os livros de autoajuda defendem que
pode te fazer feliz, tem parcela significativa na sua felicidade.

Não importa como seja definida, a felicidade é emocional


e por isso está ligada a que cada indivíduo sente e isso tem um
ponto de regulagem, como um termostato, definido também pela
bagagem genética e a personalidade de cada um e o tipo de vida
que viveu. Não importa qual seja o seu ponto de regulagem emo-
cional, seus hábitos diários e suas escolhas, da maneira como
você lida com a vida e como reflete sobre decisões, tudo isso irá
refletir em seu bem-estar.

O filósofo mexicano Enrique Tamés, professor da Univer-


sidade da Carolina do Norte e diretor do Institute of Wellbeing
and Happiness e do Instituto Tecnológico de Estudos Superiores
de Monterrey, vem estudando há duas décadas, como a tecnolo-
gia tem alterado os valores da sociedade e de que forma essas
mudanças têm influenciado a nossa sensação de bem-estar e
felicidade.

Estes estudos feitos apontam que a felicidade é tão difícil


de ser alcançada, porque o ser humano tem uma pré-disposição
para a negatividade. Essa pré-disposição se deve à sua história.
Durante 1000 anos, os homens sobreviveram não porque esta-
vam atentos ao prazer, mas porque estavam atentos ao perigo.
O ser humano foi criado geneticamente para ver perigo em tudo
58 e se defender dele. É por isso que temos o noticiário sempre re-
cheado de notícias ruins, de desastres e mortes. Nossa natureza,
ainda que tenhamos uma vida boa, diz que precisamos ter preo-
cupações.

Para mudar essa nossa tendência, precisamos: meditar,


fazer terapias alternativas e substâncias que liberem a serotonina
para nos ajudarem. O importante é sabermos equilibrar as emo-
ções. Ser feliz não significa que os problemas irão desaparecer.
A vida é feita e está cheia deles. O que devemos mudar é como
abordamos esses problemas. Necessitamos descartar todas as
nossas emoções ruins. O que os pesquisadores recomendam é
que precisamos ter equilíbrio: ter em média quatro emoções posi-
tivas para cada uma negativa.

O filósofo Tamés também afirma que a maior contribuição


que esses estudos trouxeram foi a relação entre felicidade e tra-
balho. Se as gerações passadas encaravam o trabalho como um
fardo, a geração atual tende a relacioná-lo diretamente com seu
nível de bem-estar.

Deste estudo também hoje, já descobrimos que ficar ex-


posto por 20 minutos ao sol diariamente eleva nosso nível de
felicidade, que há certas comidas que liberam substâncias que
nos deixam mais felizes, pois produzem neurotransmissores no
nosso cérebro, tais como:

a) Espinafre

b) Aveia

c) Grão-de-bico
d) Laranja
59
e) Pimenta

f) Chocolate

g) Mel

h) Banana

i) Salmão

j) Frutos do mar

E sabemos também que a felicidade só está ligada a nosso


nível financeiro até certo limite, quando precisamos do dinheiro
para sobreviver. Depois, essa relação acaba.

Outra pesquisa realizada por Pinker (1997) em sua obra


“Como a mente trabalha”, investigou a felicidade sob a perspec-
tiva evolucionista e indicou a tendência humana para a infelicida-
de. Segundo o pesquisador, a habilidade de se entediar com os
prazeres teria proporcionado ao homem a vantagem evolutiva de
querer cada vez mais.

Outro dos estudos feitos é o Happiness and Productivity,


desenvolvido pela Universidade de Warwick, em 2014. O estudo
realizou quatro experimentos em várias empresas e concluiu que
a felicidade aumentava em média 12% o nível de produtividade.

Precisamos considerar alguns fatores quando estamos


analisando a nossa felicidade. Primeiro é equilibrar a felicidade a
curto prazo, isto é saber jogar com o prazer imediato, sem afetar
negativamente a felicidade no longo prazo. O segundo ponto é
ter a consciência de que valores positivos (como fazer o bem, a
60
14 verdade e a beleza), tem uma relação complexa com a realidade,
nem sempre fazer o certo te deixará mais feliz. O terceiro ponto
mostra que a felicidade tem uma relação estreita com as pessoas
ao nosso redor. Dependemos desses relacionamentos para ser-
mos mais felizes.

Se a felicidade é o resultado da somatória dos prazeres,


subtraída e em controvérsia a somatória dos sofrimentos, a socie-
dade de consumo seria excelente em produzir felicidade, onde a
quantidade de experiências prazerosas possíveis é maior do que
nunca.

É possível ser feliz num mundo infeliz?

Como ser feliz num mundo infeliz? Mais da metade da po-


pulação mundial é sofredora, vivendo abaixo do nível da pobreza.
Há terremotos, tsunamis, furacões, inundações, secas e muitas
doenças. No Brasil apenas 5 mil famílias detêm 46% da riqueza
nacional. No mundo 1125 bilionários individuais possuem riqueza
igual ou superior à riqueza do conjunto de países onde vive 59%
da humanidade. Diante deste quadro, é possível ser feliz?

Nós acreditamos que se conseguirmos coisas como: com-


prar uma casa, elevar o seu status entre outros, conquistamos a
felicidade. Mas, na verdade, inconscientemente e muitas vezes o
nosso real desejo é outro e por isso permanecemos insatisfeitos.
Isso não significa que a busca da felicidade seja inválida, apenas
nos obriga a fazer uma reflexão crítica e não ingênua sobre as
chances de felicidade possíveis e o que de verdade nos faz feli-
zes.
O casamento é um excelente exemplo disso. Tudo começa
com o namoro, a paixão e a idealização do amor eterno e perfeito, 61
o que nos leva a querer vivermos juntos. Com o passar do tem-
po, o amor dá lugar à rotina e ao desgaste natural do dia-a-dia e
dos problemas cotidianos. Diante disso é necessário aprender a
dialogar, a tolerância, a compreensão, a renunciar e a cultivar a
paciência e a ternura sem a qual o amor se acaba até virar indife-
rença. É aí quando a infelicidade pode fazer sua morada.

Ser feliz a longo prazo precisa de invenção e de sabedoria


prática. Invenção é a capacidade de romper a rotina: visitar um
amigo, ir ao teatro, inventar novos programas. Sabedoria prática
é saber acabar com os problemas, as questões, acolher os limites
com leveza, saber rimar dor com amor. Caso não consiga fazer
isso, vai ser infeliz pela vida afora.
62
CAPÍTULO 5 – A FELICIDADE NÃO É TER, É SER
63

“Existem dois tipos de pessoas, as que me-


recem sua felicidade e aquelas que preci-
sam de sua felicidade”

Gustavo Antunes

O que as pessoas mais valorizam na vida? É certo que


cada pessoa sente e valoriza coisas diferentes, e estas escolhas
e valores são marcados culturalmente, pela época e lugar que
vivemos, pelas nossas crenças e pela sociedade a qual fazemos
parte.

Conhecendo a história, pode-se observar que há muito


tempo, o homem vem se preocupando com o materialismo, o ter,
e o querer ser mais que o outro, deixando de lado os verdadeiros
valores, que são aqueles que vão rechear a nossa mala, quando
fizermos a “viagem” para outro plano.

Na sociedade de consumo, o valor dominante é determina-


do pelo Ter. Possuir propriedades, mercadorias, dinheiro, status,
poder, beleza, o carro do ano, roupa de grife, o celular mais caro
e moderno. O trabalho com salário alto é mais valioso que o tra-
balho que traz realização e satisfação pessoal. Devemos ter em
mente que o trabalho deve proporcionar às pessoas os meios
para ter suas necessidades sanadas e não para tornar-se o que
se é.

Com isso, a nossa vida torna-se volátil e as relações hu-


manas tornam-se descartáveis e na maioria das vezes por al-
64 gum tipo de interesse. Em uma sociedade marcada pelo apelo ao
consumo, aqueles que não podem ter, querem parecer que têm
para serem aceitos e desta forma, a sociedade promove o culto
às aparências e o Ter torna-se a coisa mais importante da atuali-
dade, alienando as pessoas de si e do que deveria ser realmente
importante em nossas vidas.

Tudo isso jamais ocorre sem prejuízos. Sem que se pague


um preço, às vezes muito caro como a saúde psíquica por exem-
plo. Alguém facilmente substitui o Ser pelo Ter, e em lugar de afe-
tos, vivências, relações, está tornando falsa a própria existência,
construindo castelos de areia em sua vida. A felicidade imposta a
qualquer preço, pode dar lugar ao sentimento de vazio existencial
e falta de sentido próprio e pelos outros, passamos a amar as coi-
sas e não as pessoas e por consequência a tristeza, a depressão
e ansiedade que têm se apresentado como doenças característi-
cas da nossa sociedade atual. O Ter saudável só se dá quando é
reflexo de um Ser que é autêntico. Uma vida construída sobre um
Ser alienado e falso produz aprisionamento de alma, e a angústia
produz doenças de todos os tipos.

O reconhecimento e construção da própria identidade é


um processo árduo, muitas vezes doloroso de expansão psíqui-
ca, mas ao fim libertador, pois, a única verdade capaz de trans-
formar é aquela que desmascara a mentira escondida em nós. Só
se conhecendo a si mesmo é possível conhecer além, aquilo que
realmente é essencial. Já dizia Sócrates: “conheça-te a ti mesmo
e conhecerás o Universo e os deuses”.
Afinal: Ser ou Ter?
65
Claro que é o SER o mais importante. Na prática, e num
mundo cada vez mais capitalista e competitivo, o sistema nos
empurra para valorizarmos bastante o aspecto material, o TER.
Os meios de comunicação em massa levam o ser humano a um
tipo de consumo absurdo, com imagens de pessoas mostrando
um grande sucesso, consumo de produtos caros e raros e propa-
gandas a cada segundo mais apelativas. Os valores estão sendo
invertidos, e o TER, tem sido cada vez mais prioridade para as
pessoas.

Ter uma vida confortável e sem preocupações é um desejo


de todos. É claro que é necessário ter dinheiro para sustentar
as necessidades essenciais da vida como: moradia, saúde, ali-
mento, estudos, conforto, segurança, bons meios de transporte,
possibilidades de acesso a cursos de aprimoramento, diversões,
entre outras, mas não ao ponto de nos violentarmos e a quem
está a nossa volta por dinheiro. Dinheiro pode comprar a felicida-
de sim, mas a infelicidade também, não devemos esquecer disso.

Uma das causas do consumismo desenfreado é a falsa


ideia de que necessitamos ganhar mais, porque com isso, as pes-
soas irão nos amar, nos respeitar, teremos atenção e admiração
daqueles que almejamos. Ter mais posses, mais bens materiais
do que os familiares, vizinhos ou amigos, numa competição de-
senfreada e nada saudável. É como se o nosso valor fosse o que
possuímos, o que ostentamos. Essa busca traz ansiedade, es-
tresse, problemas sociais, dificuldades de relacionamentos, pois
vivemos na correria para adquirir mais e mais bens e sucesso,
atropelando na maioria das vezes os que estão a nossa frente e
aqueles que amamos.
Aquilo que fazemos para ganhar a vida é diferente daqui-
66 lo que fazemos para ter uma vida. Trabalhamos pelo sustento,
porém para ter uma vida com qualidade, devemos amar, nos co-
nectar, servir a um propósito e encontrar um real significado, uma
razão para viver.

A verdade é que o dinheiro não fará recuperar o tempo


perdido ou desperdiçado na vida. É pura perda de vida. Quando
o dinheiro vira sinônimo de amor, a nossa vida fica vazia, e nada
pode preencher. Ele seduz porque alimenta a grande ilusão de
suprir as nossas necessidades emocionais, de estarmos salvos
dos problemas cotidianos, de aumentar a nossa autoestima e de
tentar cobrir um grande vazio afetivo. Sabemos, porém, que nada
substitui o afeto, o amor verdadeiro. Dinheiro algum compra tudo
isso.

A maneira de dar, receber, gastar ou acumular dinheiro e


bens materiais revela as nossas frustrações emocionais que se
arrastam muitas vezes desde a nossa infância. O dinheiro assu-
me uma força as vezes incontrolável de poder, para compensar
as nossas fragilidades. Precisamos valorizar o que possuímos,
não só os bens materiais, mas também aquilo que é intangível, as
pessoas não estarão eternamente em nossas vidas, porque nada
é eterno, muito menos a vida.

Precisamos descobrir outros valores, que de verdade tra-


gam mais autoconfiança, segurança, satisfação interna e plenitu-
de. É com a nossa saúde psíquica e física, bons relacionamentos
familiares e sociais, qualidade de trabalho, uma tranquilidade fi-
nanceira (sem necessidade de luxos e riquezas), que podemos
conquistar uma vida mais plena e mais feliz. Precisamos admi-
nistrar melhor o nosso tempo, procurando utilizá-lo da forma mais
saudável sem esquecer as nossas reais prioridades, visando uma
boa qualidade de vida e uma vida mais prazerosa.
67
Quando SOMOS, ficamos mais felizes do que quando TE-
MOS, além de que o SER não se acaba com o tempo, é eterno,
mas o TER pode terminar a qualquer momento. Vamos correr
atrás do SER: ser gente, ser íntegro, ser amigo, ser humilde, ser
solidário, amar e ser amado, pois assim teremos mais paz e feli-
cidade.

Diante de tantas mudanças nesse novo milênio, quer se-


jam climáticas, estruturais, de comportamento, de visão das coi-
sas, enfim todas elas estão relacionadas direta ou indiretamente
com o ser humano. Á medida que o homem avança no conheci-
mento e aplica essa ferramenta em prol da humanidade, o mundo
ganha degraus na evolução, propiciando um viver melhor, com
mais qualidade. Mas para que isso aconteça, é necessário que
se tenha habilidade, atitude e espiritualidade, ou seja, vontade de
contribuir para um mundo diferente e começar a fazer alguma
coisa, para esse fim.

Todos esses sentimentos e mudanças, formam uma ca-


deia enorme, que de certa forma, se não for bem aplicado, pode
prejudicar o planeta como um todo. Em consequência disso, a
natureza se rebela, causando as catástrofes, tsunamis, furacões
e outros fenômenos, que vem causando grandes impactos le-
vando à mortes coletivas. Nesse meio tempo, convém lembrar
que a separação do joio e do trigo segundo as profecias, já estão
acontecendo.

A tecnologia e a internet vieram alavancar grandes oportu-


nidades de comunicação, principalmente no que se refere a glo-
balização, onde se tem informações de todos os lugares do mun-
do, em tempo real, as quais estão favorecendo de certa maneira,
aqueles que mais se preocupam com a economia e finanças, do
68 que aqueles que tem finalidades sociais. Porque não utilizar estes
meios para comunicarmos mais amor, gratidão, ensinar aqueles
que precisam aprender a viver com mais paz, tranquilidade e feli-
cidade?

A Psicologia do Ser

Se o SER do homem é composto por patologias, fracas-


sos e deficiências, é preciso considerar igualmente que existe
algo em nós que nos impulsiona para o crescimento individual,
no sentido de que a maioria das pessoas chamaria bons valores:
serenidade, gentileza, coragem, honestidade, amor, altruísmo e
bondade.

O papel do meio é ajudar a realizar suas próprias poten-


cialidades ou não, mas o meio não lhe confere potencialidades e
capacidades, é o homem quem as possui em si mesmo. Assim,
tal como a criatividade, a espontaneidade, a individualidade, a
autenticidade, o cuidado com os outros, a capacidade de amar,
o anseio de verdade, são potencialidades embrionárias que per-
tencem à espécie de que ele é membro. Atualmente vivemos em
um meio deturpado e até insano, pois ele exige que sejamos cada
vez mais perfeitos, tanto fisicamente quanto psicologicamente e
sabemos que isso é quase impossível.

A família e os nossos valores são absolutamente necessá-


rios para realizar esses potenciais psicológicos que nos definem
como seres humanos. Ninguém consegue nos ensinar a capaci-
dade de amar, ou de ser curioso ou de ser criativo. O que fazem,
sim, é permitir, ou promover, ou encorajar, ou ajudar o que existe
em semente dentro de nós, e que se torne real e concreto. A cul-
tura pode ser o sol, o alimento; mas não é a semente. 69
O dinheiro pode comprar a satisfação de necessidades in-
feriores e instintivas; mas quando estas já estão satisfeitas, então
as pessoas são motivadas por formas superiores de pagamento,
como: afeição, dignidade, respeito, apreciação, honra, verdade,
justiça, perfeição, ordem, legitimidade, entre outras. E isso o di-
nheiro não compra e jamais conseguirá comprar.

Vivemos uma vida de rótulos e opiniões alheias, é isso que


somos hoje, apenas rótulos, nossa essência mesmo poucos co-
nhecem, muitas vezes nem nós mesmos nos conhecemos pro-
fundamente. Pare de viver de opiniões alheias, do que a socieda-
de acha que se deve ser ou como agir. A vida é toda inconstante
e feita de instantes, e é incrível como um único ato pode mudar
tudo de repente. Faça suas escolhas e se por acaso se arrepen-
der, volte e comece tudo novamente. São raras as vezes que não
temos outra chance de recomeçarmos.

Por que é tão importante o TER?

Diante da atual crise financeira que o mundo inteiro está


atravessando, um dos homens mais ricos do mundo Adolf Mer-
ckle de 74 anos, dono de uma das maiores fortunas do planeta,
ao perder um bilhão de dólares, entrou em uma situação deses-
peradora e cometeu suicídio. Para algumas pessoas, o TER é
confundido com o SER, que acham que sem as posses, suas
vidas acabam. Perdidos em um mundo à parte, onde perdeu-se
sua identidade como ser humano, se veem como bens e dinheiro.
Estas pessoas estão acostumadas a serem reconhecidas pelo
que possuem, pensam ser amadas e respeitadas na proporção
70 dos bens que acumularam a vida inteira. Sem eles, têm a certeza
que o amor, o respeito, a imagem e tudo mais, tiveram um fim.
Nunca pensaram que talvez as pessoas mais pobres fossem as
mais amadas. Dinheiro pode comprar quase tudo, menos a vida,
o amor, o respeito e a felicidade.

Ao buscarmos mais e mais coisas no mundo material, des-


truímos nosso lares. Os pais hoje em dia pensam que com muito
trabalho e dinheiro irão suprir as necessidades de seus filhos e
família, tentando justificar que o fazem para garantir a felicidade.
A verdade é que perdem tanto tempo no trabalho, na busca de-
sesperada por mais posses e aquisições para suprir uma família,
independente de ser grande ou pequena triste ou feliz.

Os valores estão invertidos. As pessoas não entendem


que é preciso SER, porque só desta maneira se poderá TER va-
lores que não se perdem com o tempo. Muitos jovens quando vão
ingressar na universidade ou para o mercado de trabalho pensam
“que profissão dá mais dinheiro? ”. Esse é um grande problema,
estamos sempre nos perguntando o que vai nos dar dinheiro, com
o propósito de TER e não o que vai nos fazer feliz e possibilitar
SER. Se você seguir uma profissão por amor, o dinheiro será só
consequência do seu bom trabalho.

Por outro lado, outros buscam cada vez mais SER e SER,
esquecendo-se que em um mundo quase que totalmente ociden-
talizado, precisa-se também de TER, portanto é difícil poder SER
sem TER, até porque, nessas condições capitalistas, só é pos-
sível, ou mais provável SER que Ter. Como adquirir bons livros,
assistir a bons filmes, fazer bons programas culturais, viagens
pelo mundo e visitar suas milenares e diversas culturas, fazer
cursos e especializações, ter vasto conhecimento e sabedoria,
entre outros, se você não tiver condições financeiras para isso,
como fazer? 71
Algum dia será possível uma mudança de caráter desta
sociedade em que vivemos? A resposta está na construção de
um novo homem e uma nova sociedade, com uma estrutura so-
cial ética, valores e normas diferentes daquelas que enfatizam o
TER como condição essencial da existência humana, de uma cul-
tura que não estimule o desespero da posse, mas que estimule a
realização plena das potencialidades humanas.

Para isso, é necessário avaliar quais potenciais queremos


cultivar, compreendendo que a nossa decisão é determinada pela
estrutura socioeconômica imposta pela sociedade, que nem sem-
pre nos inclina para uma solução adequada. Toda decisão terá
impactos profundos para as nossas vidas e se decidirmos cultivar
o SER o resultado será um novo homem para uma nova socie-
dade.

Devemos tentar conciliar o SER e o TER, pois neste mo-


mento não há como pensarmos em apenas um verbo. Se você
pensar só em TER, você nunca SERÁ, e se você pensar só em
SER você também nunca TERÁ.
72
14
CAPÍTULO 6 – A FELICIDADE PODE DEMORAR
73

“A nossa felicidade depende mais do que te-


mos em nossas cabeças do que nos nossos
bolsos”

Arthur Schopenhauer

Nada melhor para iniciar este tema, do que as palavras de Luiz


Fernando Veríssimo, que sabiamente nos dá uma visão concreta
sobre o assunto.

A Felicidade Pode Demorar… – por: Luiz Fernando Veríssimo

Às vezes as pessoas que amamos nos magoam,


e nada podemos fazer senão continuar nossa
jornada com nosso coração machucado.
Às vezes nos falta esperança. Às vezes o amor
nos machuca profundamente, e vamos nos
recuperando muito lentamente dessa ferida tão
dolorosa.
… Às vezes perdemos nossa fé, então descobri-
mos que precisamos acreditar, tanto quanto pre-
cisamos respirar…é nossa razão de existir.
Às vezes estamos sem rumo, mas alguém entra
em nossa vida, e se torna o nosso destino.
Às vezes estamos no meio de centenas de
74 pessoas, e a solidão aperta nosso coração pela
falta de uma única pessoa.
Às vezes a dor nos faz chorar, nos faz sofrer,
nos faz querer parar de viver, até que algo toque
nosso coração, algo simples como a beleza de um
pôr do sol, a magnitude de uma noite estrelada,
a simplicidade de uma brisa batendo em nosso
rosto.
É a força da natureza nos chamando para a vida.
Você descobre que as pessoas que pareciam ser
sinceras e receberam sua confiança, te traíram
sem qualquer piedade.
Você entende que o que para você era amizade,
para outros era apenas conveniência, oportunis-
mo.
Descobre também que outras disseram eu te
amo uma única vez.
E agora temem dizer novamente, e com razão,
mas se o seu sentimento for sincero poderá aju-
dá-las a reconstruir um coração quebrado.
Assim ao conhecer alguém, preste atenção no
caminho que essa pessoa percorreu, são fatores
importantes: a relação com a família, as condi-
ções econômicas nas quais se desenvolveu (difi-
culdades extremas ou facilidades excessivas for-
mam um caráter), os relacionamentos anteriores
e as razões do rompimento, seus sonhos, ideais
e objetivos.
Não deixe de acreditar no amor. Mas certifique-
se de estar entregando seu coração para alguém 75
que dê valor aos mesmos sentimentos que você
dá.
Manifeste suas ideias e planos, para saber se vo-
cês combinam.
E certifique-se de que quando estão juntos, aque-
le abraço vale mais que qualquer palavra.
Esteja aberto a algumas alterações, mas jamais
abra mão de tudo, pois se essa pessoa te deixar,
então nada irá lhe restar.
Tenha sempre em mente que às vezes tentar sal-
var um relacionamento, manter um grande amor,
pode ter um preço muito alto se esse sentimento
não for recíproco.
Pois em algum outro momento essa pessoa irá te
deixar e seu sofrimento será ainda mais intenso,
do que teria sido no passado.
Pode ser difícil fazer algumas escolhas, mas mui-
tas vezes isso é necessário.
Existe uma diferença muito grande entre conhe-
cer o caminho e percorrê-lo.
A tristeza pode ser intensa, mas jamais será eter-
na.
A felicidade pode demorar a chegar, mas o im-
portante é que ela venha para ficar e não esteja
apenas de passagem…
Fonte: https://www.osegredo.com.br
Estamos vivendo uma crise generalizada em todas as
76 áreas, tanto no mundo, quanto no Brasil e com o ser humano. As
pessoas estão perdidas, amedrontadas, sem saber o que fazer e
nem para onde ir. Todos estão em busca da tal felicidade e ven-
do-a cada vez mais longe do seu alcance.

Os seres humanos se orientam por motivações e desejos


que não se relacionam a sua verdadeira missão de vida. Essas
motivações estão alinhadas com a necessidade de sobrevivên-
cia, com a necessidade de agradar à família e à sociedade, nunca
com a sua verdade de alma. É como o que já foi comentado no
capítulo 1 deste livro, a felicidade aparente nas Mídias e Redes
Sociais.

As pessoas estão vivendo pelo ego, abrindo mão do que


realmente o faz verdadeiramente feliz. A identificação com o ego
e a ilusão o fez entrar em um ciclo de total paranoia, as coisas
são feitas automaticamente, sem saber exatamente o porquê. E
sempre pensando em agradar a terceiros. Não é por acaso que o
número de suicídios entre adolescentes cresce assustadoramen-
te. Não conseguimos acompanhar tantas exigências de sucesso,
glamour e cobranças por todos os lados e em todas as áreas.

Não se violente para ser aceito por quem quer que seja, se
as pessoas te aceitarem que seja pelo que você é, jamais porque
você é o que elas querem que você seja. Se não te aceitarem, é
porque não te merecem. Nossa grande missão provém do amor
que você sente e isso só acontecerá quando estiver sendo feliz.
Você só será feliz sendo quem você é.
Que a felicidade jamais vire uma rotina
77
Ouvimos muitas pessoas dizerem para as outras, que a fe-
licidade seja uma rotina em sua vida ou que seja feliz eternamen-
te. Isso é impossível, ter a felicidade como rotina, somos seres
humanos, adoecemos, choramos, ficamos cansados, entediados,
perdemos pessoas queridas no decorrer da vida. Se algum dia
a felicidade virar rotina, ela deixou de ser felicidade, terá de ser
almejada como algo mais importante ao ser humano.

Rotina é aquilo que fazemos todos os dias por obrigação


e isso não é felicidade, não pode ser, não deve ser. Alguém pode
achar que o que vivemos todos os dias da mesma forma pode ser
felicidade. Nos amores mornos que sentimos, na rotina árdua de
um trabalho desgastante, nos programas maçantes que assisti-
mos nas televisões, nas catástrofes que vemos nos noticiários.

A felicidade não pode ser parte das obrigações diárias, o


que nos dá prazer não pode se tornar obrigações. A felicidade é
leve e vem acompanhada de bons sentimentos, tais como: tran-
quilidade, paz de espírito, beleza onde se vê, liberdade de se
expressar. É algo que vem da alma.

Não dá para ser leve o tempo todo, nos chateamos, sofre-


mos quando as coisas saem do nosso controle grande parte do
tempo. Não precisamos colocar a felicidade no meio de tudo isso.
Deixemos a felicidade livre para vir quando tiver que vir, assim
como as pessoas que nos rodeiam, que podem nos trazer a leve-
za necessária somente se as deixamos livres.
Espalhe o bem que a felicidade vem
78
Faça todo o bem que puder, usando todos os
meios que puder, de todas as maneiras que pu-
der, para todas as pessoas que puder, durante
o maior tempo que puder.

(John Wesley).

Espalhar o bem é uma troca de energia entre todos nós, ou


seja, se desejo o bem para alguém, ele retornará de alguma for-
ma, onde, se eu espalhar o mal, a recíproca também é a mesma;
se desejo que o outro seja feliz, a felicidade chegará na mesma
intensidade. Por isso, cuidado com o que deseja, tudo que dese-
jar será seu também.

O mesmo acontece quando estamos bem conosco, conse-


guimos transmitir e emanar vibrações boas a todos ao redor. É o
próprio “toma lá, dá cá”. É necessário para o nosso próprio bem,
espalhar o bem, espalhar o amor, espalhar a alegria, enfim, é pre-
ciso espalhar o que há de melhor dentro de nós. A física quântica
explica isso de maneira ímpar.

A física quântica nos ensina sobre as ondas de pensamen-


to. Somos como um rádio, emitimos ondas e recebemos ondas
por todos os lados, se sintonizamos nossas ondas em algo ruim,
logo, sintonizaremos em uma rádio ruim. Veja o exemplo de quem
morre de medo de ser assaltado, é quem é mais assaltado. Faça
um teste, coloque várias pessoas em uma sala, onde uma delas
morre de medo de cachorros. Solte um cão na sala, onde estas
pessoas sejam todas desconhecidas para ele. Ele irá direto na
que tem medo. Ele sente o “cheiro” do medo e sua onda o atrai.
A lei da atração não falha, atraio aquilo que penso, que de-
sejo, que faço. Simples assim. Nesse sentido, por que não pensar 79
sempre em fazer o bem aos outros? Estará fazendo também bem
a você.

A felicidade é perfeita?

A perfeição é algo inatingível na vida e, por consequência,


a felicidade nunca será totalmente absoluta. Além de que, cada
um de nós tem uma ideia diferente do que é perfeito e também do
que é felicidade, o que por si só já mostra o quanto não existe um
padrão para o perfeito e nem para a felicidade. Podemos asso-
ciar esse conceito às nossas impressões digitais, ao nosso livre
arbítrio, ao nosso tempo de entendimento, que varia de indivíduo
para indivíduo.

O nosso conceito de perfeição está relacionado ao que


consideramos melhor ou pior do tipo de situação em que nos
encontramos neste momento. Por isso, é um erro muito comum
achar que a vida será “perfeita”, e consequentemente feliz, quan-
do conseguirmos aquilo que tanto desejamos. O problema é que
mudamos o que desejamos conforme o que estamos vivendo no
momento ou muitas vezes de acordo com a idade que temos.
Porque felizmente nós mudamos, isso é ótimo para nossa evo-
lução.

Nós queremos mais liberdade, trabalhar no que amamos,


viajar quando tiver vontade. Junto a esse pacote, vem várias in-
certezas e emoções negativas, porque para tudo há um preço na
vida. Absolutamente nada virá de graça, então, devemos assumir
a responsabilidade pelas nossas decisões e arcar com o preço
que elas nos impõem. E o que vemos são pessoas adiando seus
80 sonhos, suas ambições, sua própria vida. E para estes a felicida-
de pode demorar muito ou mesmo jamais chegar.

Muitas coisas das quais te fazem sofrer foram consequên-


cias de suas escolhas, muitas vezes erradas que se fez. Aprende-
mos com todos esses erros e através deles, podemos ser pessoas
melhores do que éramos, quando estes erros foram cometidos.

O medo é um mal necessário

A coragem não é ausência de medo, é a nossa capacidade


de agir mesmo sentindo medo. É entender que o resultado dessa
ação será mais importante do que o medo que estamos sentindo.
O medo não é algo ruim, aliás, ele é totalmente necessário para
a nossa sobrevivência. Ele só nos faz infelizes quando nos dei-
xamos paralisar por ele. Às vezes, o medo nos faz refletir e evitar
uma situação perigosa. E por medo adiamos a nossa felicidade
ou até mesmo ela pode nunca vir.

O problema é que quanto mais nos protegemos do que


nos causa medo, mais nos afastamos da felicidade. E por medo
deixamos de arriscar aquilo que poderia ser bom ou até mesmo
inesquecível. Corremos risco em absolutamente tudo nesta jor-
nada chamada vida, mas quando conseguimos alcançar o que
almejamos, não há sentimento mais forte e soberano que este.

A grande maioria das vezes tudo que tememos não acon-


tece, mas tira nossas noites de sono, a paz e até a plenitude do
amor que poderíamos ter vivido e o medo nos roubou. Dizem os
sábios que o medo em excesso é falta de fé. Seja falta de fé em
você, na vida ou até mesmo da própria felicidade.
81
É impossível aprender sem errar, acho difícil. São os erros
que nos mostram se a decisão que tomamos nos levou para o
caminho certo ou não e o que devemos corrigir para chegar onde
queremos. Quando aprendemos, progredimos e o crescimento é
que nos leva a felicidade, mesmo que quebremos nossos cora-
ções algumas vezes nesta jornada.

Falhar nos faz sofrer, mas é quase impossível existir pro-


gresso sem falhas e não existe felicidade sem progresso. Mas,
tudo vale a pena quando se tem um propósito e quando você faz
algo que te impulsiona, neste caso, o sofrimento vale a pena.

Crescer significa se tornar uma pessoa melhor. E uma pes-


soa melhor significa contribuir para a vida do outro ser melhor.
Caso contrário, a felicidade pode demorar muito ou até jamais
chegar.

A vida jamais seria bela sem os tropeços, não daríamos o


devido valor a ela. Por mais que tropecemos e haja quedas, sem-
pre haverá alguém para nos erguer, mesmo que seja nossa fé.
82
CAPÍTULO 7 – A FELICIDADE SEGUNDO A
83
MEDICINA

“Felicidade é ter algo o que fazer, ter algo


que amar e algo que esperar”

Aristóteles

Para a medicina, quem vive em paz consigo mesmo e com


o mundo é mais saudável e tem menos chances de desenvolver
doenças físicas e psicológicas. Por outro lado, depressão, triste-
za e estresse, são geradores de infelicidade, pois desencadeiam
um processo inflamatório no corpo, aumentando o risco de infar-
to e várias outras doenças.

Conforme o psiquiatra e psicoterapeuta Rodrigo Fonseca


Martins Leite, coordenador do Ambulatório Geral do Instituto de
Psiquiatria da USP, ser feliz é estar bem com a família e no tra-
balho, lidar com as adversidades de forma positiva, e ser ligado à
espiritualidade. Para o psiquiatra, não se deve confundir felicida-
de com momentos de euforia. Pois, a euforia pode ser transtorno
bipolar ou estados alternados da depressão.

Quando uma pessoa está doente, a medicina busca o


diagnóstico e usa os meios de fazer os sintomas desaparece-
rem. Receita remédios ou fazem cirurgias, que geralmente aca-
bam com os sintomas, mas não necessariamente com a causa.
Atacando somente os distúrbios, tanto o médico como o paciente
se afastam das verdadeiras causas da doença. A doença corres-
ponde a um esforço do corpo para restabelecer o seu equilíbrio e
recuperar a saúde.
84
A medicina chinesa sempre avalia junto ao paciente sobre
as sete condições de saúde e felicidade em que a pessoa se en-
contra no momento. Somente após esta avaliação, que pode até
demorar horas ou mesmo dias, se é possível determinar o grau
de doença e intoxicação do organismo.

Dentre as sete condições, as três primeiras avaliações são


de caráter fisiológico e analisam o funcionamento do corpo físico.
A quarta, quinta e sexta avaliações estão ligadas à inteligência
emocional e afetividade. Ou seja, a capacidade de amar de cada
um, de compreender, perdoar e ter compaixão; primeiramente de
você e depois os outros a sua volta. A sétima avaliação é sobre o
funcionamento dos intestinos, um foco em princípio bem fisioló-
gico, mas contém informações sobre inteligência e o amor, isso é
bastante curioso. A pontuação total que vai de zero a 200 pontos
e, quanto maior a pontuação, melhor a sua condição de saúde e
a realização de viver a vida feliz.

A ciência da felicidade

Nós somos hoje, em geral, mais ricos, mais inteligentes,


mais informados e saudáveis do que eram nossos pais e avós,
mas nem por isso estamos mais satisfeitos; vivemos em busca de
mais dinheiro, prazer, reconhecimento, entre outras coisas. Um
dos maiores desafios dos últimos anos tem sido mostrar quais
atitudes e comportamentos podem, de fato, nos fazer felizes.

Responda as seguintes questões: Você seria mais feliz se


ganhasse mais dinheiro? Teria mais satisfação na vida se perdes-
se peso? Se fosse reconhecido por suas qualidades? Acredita
que sucesso traz felicidade? Conforme a ciência, se a resposta 85
foi “sim” a alguma dessas perguntas, saiba que está errado. Pes-
quisas recentes mostram que ser feliz não tem nada a ver com
admiração, ganhar muito dinheiro ou ser promovido no emprego.
Os enganos são inúmeros.

Estamos atualmente mais ricos, mais saudáveis, mais lon-


gevos que em qualquer época da história da humanidade. No en-
tanto, estas aquisições, não trouxeram maior satisfação ou felici-
dade. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a
depressão é hoje um dos maiores problemas de saúde pública no
mundo, esta epidemia global atinge milhões de pessoas em todos
os países. Hoje, mata-se em brigas de trânsito, adolescentes se
suicidam e crianças se tornam medrosas e obesas. Mesmo as-
sim, continua-se a perseguir o crescimento do PIB, as empresas
buscam aumentar os lucros, e as pessoas se matam de trabalhar
para ganharem mais dinheiro.

Todos querem ser felizes e muitos passam a vida perse-


guindo essa felicidade. Fazemos viagens para encontrá-la, ca-
samos achando que seremos felizes, fazemos terapia para nos
encontramos e sermos mais felizes com isso e nos acabamos de
tanto trabalhar ganhando dinheiro para comprar coisas que dese-
jamos, para finalmente encontrarmos a felicidade. Mas será que
se realmente a encontrarmos, seremos capazes de mantê-la?

O ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 2002, Da-


niel Kahneman, pesquisou um novo campo: a hedônica, que é
o estudo científico da felicidade. Nos dias de hoje, o curso mais
procurado da Universidade Harvard é sobre a felicidade. Atual-
mente ela é medida através da Felicidade Interna Bruta (FIB), um
conceito que teve origem no reino do Butão. Este pequeno país
do Himalaia tem sido notado pela sua preocupação em calcular
86 o nível de bem-estar dos cidadãos e incentivá-los a serem mais
felizes.

Para alguns psiquiatras, a felicidade pode ser entendida


como a combinação entre o grau e a frequência de emoções posi-
tivas; o nível médio de satisfação que obtemos durante um longo
período e a ausência de sentimentos negativos por um período
também. Isso marca a felicidade como uma característica estável
e não como uma flutuação momentânea. Logo, ela não é apenas
caracterizada como a falta de emoções desagradáveis, mas tam-
bém como a presença de sentimentos prazerosos.

O médico e sociólogo Nicholas Christakis, pesquisador da


Universidade Harvard, constatou que a felicidade de cada pes-
soa depende não somente das suas próprias escolhas e ações,
mas também das opções e atitudes daqueles que nem sequer
conhece, pois, se estamos felizes, ao termos contato com ou-
tras pessoas, até estranhos mesmo, os contagiamos, seja com
um sorriso ou com nossas atitudes positivas. Os resultados do
acompanhamento de 4.700 voluntários por mais de 20 anos, pu-
blicados no British Medical Journal, revelaram que os sentimen-
tos positivos de alguém podem, por exemplo, melhorar o humor
do cônjuge, do irmão, amigos e vizinhos. Esse efeito aumenta o
grau de satisfação pessoal em 34% e pode durar por até um ano.

Afinal, o que nos faz realmente felizes, segundo as pesqui-


sas feitas por médicos de várias áreas? Mais dinheiro? Quando
as necessidades básicas são atendidas? Uma boa educação?
Ser mais inteligente? Em todas as questões as respostas são
negativas. A verdade é que as pesquisas indicam que idosos
valorizam mais as experiências do presente, tendendo assim a
ser mais felizes que os jovens. Estudo realizado no Reino Unido
mostrou que para grande número de pessoas o período menos
feliz da vida é entre 25 e 45 anos. Depois dessa fase, o nível de 87
felicidade (da maioria, pelo menos) sobe. Por exemplo, pessoas
que passam mais de três horas diárias em frente à televisão, es-
pecialmente assistindo novelas, costumam ser mais infelizes do
que aquelas que usam esse tempo para conviver com amigos, ler
ou dedicar-se a algum hobby.

Também foi provado que possuir beleza não provoca um


efeito significativo no aumento da felicidade; os mais atraentes
tendem a conseguir pequenas vantagens como elogios ou aten-
ção em uma relação mais duradoura, entretanto, isso não se sus-
tenta. Também o fato de se ter saúde, que é certamente muito
importante para a qualidade de vida, porém está pouco relacio-
nado com a sensação de bem-estar subjetivo. Muitas pessoas
saudáveis não valorizam esse benefício e, por várias razões,
são infelizes. E muitos com saúde ruim são capazes de lidar com
essa situação e de se adaptar a ela, principalmente se, apesar da
dificuldade física, não sentem dores. Mas é óbvio que múltiplos
problemas graves de saúde, que afetam a rotina, podem de fato
baixar o nível de felicidade de uma pessoa.

Indicadores do FIB (Felicidade Interna Bruta)

Butão, que fica encravado na cordilheira do Himalaia, sur-


preendeu ao lançar um curioso e inovador indicador de desenvol-
vimento: Felicidade Interna Bruta (FIB). O modelo considera que
o bem-estar psicológico da população é tão importante como o
crescimento socioeconômico. O economista Dasho Ura, da Uni-
versidade de Oxford, usa a imagem de uma roda para explicar o
cálculo do FIB - no centro dela está a meta final: a satisfação com
a vida, a felicidade propriamente dita; os meios para chegar a
88 ela são os raios do círculo, entre eles: uso equilibrado do tempo,
vitalidade comunitária e sustentabilidade.
Figura 1 – Roda para cálculo do FIB
89

Fonte: Rezende (2018)


No Brasil, a antropóloga e psicóloga Susan Andrews que
90 coordena a ONG Instituto Visão Futuro, colocou em prática em
2008 projetos-piloto do indicador FIB em algumas cidades do in-
terior de São Paulo. Em Itapetininga, aproximadamente 400 mo-
radores do bairro Vila Belo Horizonte responderam a um ques-
tionário sobre as nove dimensões do FIB aplicado por jovens da
própria comunidade, capacitados pela instituição. Com os dados
do levantamento, alguns moradores formaram um comitê para
participar juntamente com a prefeitura, do planejamento de ações
de melhoria da qualidade de vida do bairro e da cidade, conforme
os resultados desta pesquisa.

Os vários estudos

Existem inúmeros estudos realizados pelo mundo, porém


dois fatores têm sido citados repetidamente como resultados que
proporcionam felicidade duradoura:

1. Fortes laços afetivos com amigos e familiares: é o amor


que damos e recebemos. Nesta categoria inclui-se pes-
soas casadas costumam ser mais felizes do que as soltei-
ras; alguns especialistas chegam a dizer que o casamento
acrescenta, em média, sete anos de vida ao homem e qua-
tro à mulher.

2. A sensação de significado na vida, uma forte razão para


viver: a crença em algo superior a si mesmo, derivada de
religião, da espiritualidade, que se está contribuindo para
um bem maior, um propósito. O psicólogo Andrew Shatté,
da Universidade da Pensilvânia, coordenou um estudo em
que comparou pessoas com renda de US$ 1 milhão ao ano
com outras que ganhavam uma pequena fração disso no
setor público. Os funcionários de menor renda, mas que
acreditavam estar contribuindo para um bem maior, eram 91
mais satisfeitos com a vida do que quaisquer outros.

Um dos estudos mais surpreendentes foi o realizado por


P. Brickman, D. Coates e R. Janoff Bulman, publicados no Jour-
nal of Psychopharmacology, editado em Londres, mostrou que
uma semana depois do acidente, os recém-paraplégicos estavam
revoltados e inconformados. Depois de três meses, porém, volta-
vam a experimentar momentos de felicidade. Isso se explica por-
que com o passar dos dias eles se dão conta de que podem fazer
coisas, como desfrutar as refeições com os amigos, ler, passear;
isso tem a ver com a realocação da atenção, isto é, eles se adap-
tam. E, ano após ano, aqueles que ganharam na loteria não eram
mais felizes do que aqueles que não ganharam. Eles também se
adaptam e a felicidade que sentiam antes de ganharem, torna-se
a mesma após este tempo.

Ansiedade de Referência é o nome que os sociólogos dão


à tendência que temos de ser iguais as outras pessoas do nos-
so círculo de convivência. A maioria das pessoas julga sua vida
e seus bens em relação ao que os outros são ou possuem. Há
um século o cientista social e economista americano Thorstein
Veblen enfatizou que os bens são adquiridos tanto por razões de
status quanto por motivos puramente materiais. De modo geral,
damos mais importância à comparação social, ao status e a nos-
sa posição do que ao valor absoluto da nossa conta bancária ou
reputação. Resumindo damos mais importância ao que aparenta-
mos perante os outros.

O economista Robert Frank, pesquisador da Universida-


de Cornell, menciona em seu livro Falling Behind (Ficando para
trás), que o aumento da riqueza material nos condena a com-
petições consumistas e auto sabotadoras. Como exemplo, as
92 pessoas sempre querem casas maiores porque seus amigos têm
casas maiores. Todavia, o prazer adicional obtido em morar nes-
sas casas magníficas é ofuscado, porque um tempo depois os
amigos também chegam lá. E, além disso, a dívida contraída para
comprar a casa deixa-os ainda mais ansiosos, a ponto de se arre-
pender por sacrificar o tempo de lazer com a família, em favor do
esforço de trabalhar mais para comprar uma casa maior.

Existem três fatores que explicam por que acreditamos,


equivocadamente, que a prosperidade material levará ao aumen-
to de bem estar subjetivo, mesmo que não estejamos de fato ex-
perimentando nenhum aumento de felicidade:

1. A primeira é a chamada “ilusão que foca”, é a tendên-


cia a valorizar excessivamente qualquer fator individual do
próprio bem-estar.

2. A segunda é a “tendência a deixar de lado detalhes do


passado quando pensamos no futuro”; assim, criamos ex-
pectativas sobre eventos que estão por vir, baseando-nos
em distorções das nossas experiências anteriores e das
falhas de memória. Se acreditarmos que algo vai nos tra-
zer prazer, como a compra de uma casa nova, o cérebro
literalmente muda nossas lembranças em retrospecto, de
modo a encaixar as expectativas atuais. Esse engano cog-
nitivo, com base em recordações distorcidas, nos faz per-
ceber a realidade de forma equivocada e tomar decisões
erradas.

3. A terceira é “o fato de sermos iludidos e levados a pensar


que mais é melhor”. Imaginemos que um dos benefícios da
prosperidade seja poder multiplicar nossas opções e assim
aumentar nossa felicidade.
Schwartz aponta um estudo onde os participantes ganha-
ram férias com todas as despesas pagas no Havaí ou em Paris, e 93
não conheciam nenhuma dessas localidades. Metade dos volun-
tários não teve opção: o destino foi predefinido. A outra parte tinha
o direito de escolher um dos dois locais para passear. Os que não
puderam optar desfrutaram muito mais das férias quando compa-
rados com aqueles que puderam escolher o destino da viagem.
Os que optaram por Paris ficaram pensando: “Ah, talvez o Havaí
tivesse sido melhor”. Enquanto isso, os que escolheram o Havaí
se arrependeram: “Eu poderia ter ido a Paris... “. isso porque se
uma decisão for irreversível, isso fará você se sentir melhor sobre
a decisão tomada. Mas se a escolha for reversível, as pessoas
obtêm menos satisfação. Elas querem manter suas opções em
aberto, mas esse não é o caminho para a felicidade.

Nos ano 90 os geneticistas fizeram uma descoberta im-


portante: os genes têm papel fundamental em nossa capacidade
geral de satisfação. Cada um de nós tem um “perfil hedônico”,
um “ponto de felicidade” que é geneticamente determinado, por-
tanto, fixo e estável ao longo do tempo, imune à influência ou
ao controle, como se fosse um elástico que sempre volta para
o comprimento original de felicidade depois dos altos e baixos,
dos triunfos ou fracassos que possamos experimentar na vida.
Nos últimos anos, entretanto, cientistas vêm mudando de ideia.
Descobriram que os genes não são necessariamente o destino
e afetam nossa felicidade só indiretamente, ao influenciar os ti-
pos de experiências e ambientes que buscamos. Talvez possam
ter “tendências”, mas realmente a satisfação com a vida tem um
componente inato (algumas pessoas nascem felizes e permane-
cem assim), mas também podemos aprender a cultivar esse es-
tado de espírito.
Qual será a fórmula?
94
A psicologia positiva baseia-se na comprovação de que
podemos aumentar o nosso nível de prazer em nossa existência.
Para o pesquisador Joseph D. Lykken, a influência dos genes,
corresponde a apenas 50% da nossa atitude de vida. Com isso,
os pesquisadores da ciência hedônica criaram uma fórmula para
a felicidade:

F = G + C + AV

Onde: Felicidade = Genes + Condições externas + Atividades volitivas


(decisão de praticar uma ação em particular).

A psicóloga Sonja Lyubomirsky, da Universidade de Stan-


ford, ganhadora do prêmio Instituto Nacional de Saúde Mental
dos Estados Unidos em 2008, afirma que são necessários esfor-
ços concentrados e compromisso consistente; somente ativida-
des intencionais podem gerar mudanças sustentáveis em relação
ao bem-estar.

Pesquisadores da fisiologia e da bioquímica na tentativa


de descobrir como atingir esse estado, descobriram o que, com-
provadamente, contribui para o hábito de ser feliz:

1. Uma lista de gratidão: o fato é que incontáveis estudos, têm


mostrado seu extraordinário valor psicológico. A gratidão
é um antídoto contra emoções negativas, depressão,
ansiedade, solidão e excesso de crítica. Não é preciso
agradecer por grandes acontecimentos; mas, ter boa saú-
de, saborear seu prato predileto, ouvir as palavras “eu te
amo”, são sem dúvida, motivos para ser grato. 95
2. Ioga: uma única aula tem o efeito de baixar os níveis de
cortisol. Pesquisadores da Faculdade de Medicina de Je-
fferson, nos Estados Unidos, coletaram amostras de san-
gue de iniciantes na prática e descobriram que, nelas, o
nível do hormônio do estresse despencou imediatamente
após a primeira aula.

3. Massagem: a pesquisadora Tiffany Field e sua equipe do


Instituto de Pesquisas do Toque, na Universidade de Mia-
mi, descobriram que algumas poucas semanas de mas-
soterapia reduzem os níveis excessivos de cortisol, o
hormônio do estresse, em 30%. Além disso, constata-se
aumento dos neurotransmissores do bem-estar (seroto-
nina, que aumentou em até 28%) e do prazer (dopami-
na, que cresceu mais de 30%). A prática também melho-
ra o funcionamento mental. Também foi comprovado que
crianças consideradas temperamentais e que receberam
15 minutos de massagem regularmente saíram-se melhor
em testes de desempenho cognitivo e mostraram um au-
mento na atenção. E vale também fazer automassagem,
dando atenção especial ao rosto, ao pescoço, às axilas,
às virilhas e aos joelhos, regiões onde se localizam muitos
linfonodos, ou sejam, pequenos órgãos de defesa localiza-
dos em várias partes do corpo, beneficiando assim o corpo
todo.

4. Respiração: Segundo o psiquiatra americano Edward


Hallowell, vivemos no estado frenético e furioso, que pro-
voca uma bagunça em nossa bioquímica interna e na nos-
sa felicidade. Sobrecarregando nossas células com corti-
sol (hormônios do estresse), provocando sintomas como
dificuldades de atenção; pressa constante, sendo incapaz
de ouvir, impaciência; ânsia incessante. Uma das melho-
96 res formas de melhorar tudo isso é o relaxamento profun-
do, acompanhado de respiração diafragmática ao menos
uma vez por dia. Quando inspiramos profundamente, es-
timulamos o sistema nervoso parassimpático, que relaxa
todo o organismo.

5. Meditação: Pesquisas feitas no Departamento de Medici-


na da Universidade Chulalongkorn, em Bangcoc, na Tai-
lândia, mostraram que pessoas que não praticavam me-
ditação e o fizeram por apenas seis semanas vivenciaram
uma significativa diminuição do nível de cortisol. Pesquisa
conduzida pelo ex-presidente do Conselho Americano de
Medicina Antienvelhecimento Vincent Giampapa, revelou
que a prática meditativa regular pode diminuir os níveis
excessivos de cortisol em até 47%.

6. Fazer o bem: Foi a psicóloga Sonja Lyubormirsky, da Uni-


versidade Stanford, Estados Unidos, quem conduziu um
experimento no qual foi pedido aos participantes que fi-
zessem cinco atos de caridade por semana, no decorrer
de seis semanas. Eles foram informados que essas ações
podiam ser grandes ou pequenas, e a pessoa beneficia-
da poderia ou não estar consciente delas. Resultado: esta
prática regular tornava os voluntários mais felizes, e não
só no momento do ato, mas por um longo período, espe-
cialmente se a pessoa não contava a ninguém e não espe-
rava nada em troca. Em outro estudo com mais de 1.700
pessoas feito pelo Instituto para o Avanço da Saúde, nos
Estados Unidos, concluiu que comportamentos e emoções
altruístas aliviam estresse, enxaqueca e até dores associa-
das a transtornos sérios, como lúpus e esclerose múltipla.

7. Expressar as virtudes: O psicólogo Martin Seligman, pro-


fessor de psicologia da Universidade da Pensilvânia, um
dos fundadores do movimento de psicologia positiva, e sua
equipe pesquisaram os ensinamentos de vários filósofos e 97
grandes personagens da história e ao longo de 3 mil anos.
Praticamente todos eles endossavam as mesmas virtudes:
sabedoria e conhecimento, coragem, amor e humanidade,
justiça, temperança (autocontrole), espiritualidade e trans-
cendência. Em geral, devemos escolher cerca de duas ou
três características entre as virtudes fundamentais e prati-
cá-las para sermos mais felizes.

8. Uma meta maior: Para Viktor Frankl criador da logoterapia,


o sofrimento não é um obstáculo à satisfação, mas pode
ser um meio para obtê-la. Logoterapia significa “cuidar do
sentido”. Sentido como significado, meta ou finalidade,
sendo esta a principal força motivadora no ser humano.
Ela questiona: “O que a vida exige de mim neste momen-
to?”. Responda a essa pergunta e pratique que a felicidade
vem a reboque.

Cientistas, médicos e pesquisadores têm investigado


abordagens alternativas que se propõem favorecer a bioquímica
humana sem drogas. Afirmam que o mais importante é criarmos
o hábito de instigar a felicidade sistematicamente, num exercício
diário, valorizando o que há de bom: perdoe, medite, exercite-se,
relaxe, sirva aos outros. Dedique-se a uma meta significativa, a
um propósito além de você mesmo. E persista. Essas são con-
clusões de renomados neurocientistas, geneticistas, médicos e
psicólogos. Afinal, ninguém precisa ficar à mercê de herança ge-
nética, de pensamentos pessimistas ou de circunstâncias adver-
sas, é possível buscar a alegria dentro de nós.

O psiquiatra Augusto Cury, em seu livro O Homem Mais


Feliz da História, relata que de acordo com o Mestre dos Mestres
da emoção, a felicidade não pertence aos justiceiros, mas aos
generosos; não é conquistada pelos que julgam, mas pelos que
abraçam; não é apossada pelos que gravitam em sua própria ór-
98 bita, mas pelos que têm compaixão pelos demais.
CAPÍTULO 8 – A FELICIDADE SEGUNDO HARVARD
99

“Ser feliz sem motivo é a mais autêntica for-


ma de felicidade”

Carlos Drummond de Andrade

Este capítulo será baseado no livro O Jeito Harvard de Ser


Feliz, de autoria de Shawn Achor, que é um pesquisador ame-
ricano sobre “felicidade”, autor e palestrante sobre advocacia e
psicologia positiva. Após a faculdade, Achor trabalhou como as-
sistente de ensino na Universidade de Harvard, para o popular
curso “Felicidade” de Tal Ben-Shahar. Entre seus estudos sobre
felicidade, resolveu começar por Harvard, pois, este foi um cam-
po muito fértil para este tema. Surpreenda-se!

Apesar de todas as suas instalações impressionantes, uma


faculdade de excelente qualidade, e um dos melhores e mais bri-
lhantes corpos discentes da América (e do mundo), Harvard é o
lar de muitos jovens cronicamente infelizes. Em 2004, um levan-
tamento do Harvard Crimson revelou que nada menos que quatro
de cada cinco alunos de Harvard sofrem de depressão pelo me-
nos uma vez durante o ano letivo e aproximadamente metade de
todos os alunos sofre de uma depressão tão debilitante que não
consegue exercer suas atividades.

Toda essa infelicidade não se restringe a Harvard. Um le-


vantamento do Conference Board, um instituto de pesquisas sem
fins lucrativos, realizado em janeiro de 2010, mostrou que ape-
nas 45% dos trabalhadores entrevistados estavam felizes com
o emprego, marcando o ponto mais baixo em 22 anos de levan-
100 tamentos. Os índices atuais de depressão são dez vezes mais
altos do que em 1960. A cada ano, o número de pessoas infelizes
cresce, não apenas em universidades, mas por todo o mundo. Há
50 anos, a idade média para começar uma depressão era de 29,5
anos de idade. Hoje, ela é quase exatamente a metade disso:
14,5 anos de idade.

Os alunos de Harvard encontram tanta pressão para atingi-


rem a excelência e isso resulta em depressão, distanciando-os de
seus amigos, parentes e redes de apoio social, em um momento
em que eles mais precisam de apoio. Eles pulam refeições, se
trancam no quarto ou se isolam na biblioteca, só saindo ocasio-
nalmente na tentativa de liberar a pressão, eles se embebedam
demais para se divertir ou esquecer. Eles são ocupados demais,
preocupados demais e estressados demais para encontrar o
amor em qualquer lugar que seja.

Mentes brilhantes com atitudes não tão brilhantes, de-


coravam fórmulas matemáticas, física, química, várias línguas,
mas privavam-se da felicidade, trocando-a pelo sucesso. Talvez
achando que com o sucesso teriam felicidade algum dia. Será?

Foi conduzido um levantamento empírico com 1.600 estu-


dantes de graduação de alto desempenho e as conclusões foram
surpreendentes sobre o que leva algumas pessoas a ter sucesso
e prosperar em ambientes desafiadores enquanto outras afun-
dam e nunca realizam seu potencial. Estamos falando dos sete
princípios.
Os sete princípios
101
1. O Benefício da Felicidade: Nosso cérebro tem a vantagem
biológica que tende ao positivismo, este princípio nos en-
sina como retreinar o cérebro para atitudes positivas e
melhorar nossa produtividade e desempenho.

2. O ponto de apoio e a alavanca: A maneira como vivencia-


mos o mundo e a nossa capacidade de crescer nele, muda
constantemente a partir da nossa atitude mental. Isso nos
ensina como podemos ajustar nossa atitude mental (nosso
ponto de apoio) de maneira a nos dar o poder (a alavanca)
para atingirmos a realização e o sucesso em nossa vida.

3. O efeito tetris: Quando o cérebro fica preso a um padrão de


stress, a negatividade e o insucesso, nos condicionamos
automaticamente ao fracasso. Este princípio nos ensina
como retreinar o cérebro para que identifique padrões de
possibilidades positivas, pois modificando nosso padrão
mental, modificamos também os acontecimentos ao nosso
redor.

4. Encontre oportunidades na adversidade: Diante da derro-


ta, do fracasso e da crise, o cérebro mapeia diferentes ca-
minhos para nos ajudar a sobreviver às adversidades. Isso
nos tira do fracasso ou do sofrimento, mas também nos
ensina a sermos mais felizes e mais bem-sucedidos.

5. O círculo do zorro: Quando nos vemos em dificuldades


e nos sentimos sobrecarregados, nossa lógica cerebral
pode ser dominada pelas emoções. Nestes momentos de-
vemos retomar o controle concentrando-nos primeiro em
metas pequenas e factíveis e só depois expandindo gra-
dativamente o nosso círculo para atingir metas cada vez
102 maiores.

6. A regra dos 20 segundos: É difícil manter uma mudança


por muito tempo porque nossa força de vontade é limita-
da. E quando isso acontece, voltamos aos nossos velhos
hábitos e também aos velhos resultados que não são sa-
tisfatórios. Este princípio mostra como, por meio de peque-
nos ajustes de energia, é possível redirecionar e substituir
maus hábitos por bons.

7. Investimento social: Diante de dificuldades e fracassos, al-


gumas pessoas escolhem se isolar e se retirar para dentro
de si mesmas. As pessoas bem-sucedidas investem nos
amigos, colegas e parentes para continuar avançando.
Isso nos ensina como investir mais em um dos mais impor-
tantes fatores de sucesso e excelência, nossa rede social
de apoio.

Juntos, estes sete Princípios ajudaram alunos de Harvard


e outras pessoas no mundo a superar obstáculos, livrar-se de
maus hábitos, tornar-se mais eficientes e produtivos, beneficia-se
ao máximo das oportunidades, alcançar suas mais ambiciosas
metas e atingir todo o seu potencial.

A Neuroplasticidade

Infelizmente, é assim que criamos alguns padrões de pen-


samentos como: “Meu destino é ser infeliz”, “Eu não tenho sorte
mesmo”, “Eu não sou divertido”, “Ela já nasceu atleta”, entre ou-
tros. Se não tivéssemos a capacidade de promover uma mudança
positiva duradoura, qual é a vantagem de saber que a felicidade
pode levar ao sucesso se não sabemos como ser mais felizes? 103
A crença de que somos apenas nossos genes é um dos
mitos mais perniciosos que existe. As pessoas vêm ao mundo
com determinado conjunto de habilidades e que elas e o cérebro
delas não tem como mudar, é uma informação falsa!

A comunidade científica é em parte culpada por isso, por-


que durante décadas os cientistas se recusaram a enxergar o
potencial para a mudança que se encontrava à frente deles.

Benefícios da felicidade no trabalho

Há uma impressionante meta-análise de pesquisas sobre


a felicidade, que reúne os resultados de mais de 200 estudos
científicos envolvendo 275 mil participantes, que revelou que a
felicidade leva ao sucesso em praticamente todos os âmbitos da
nossa vida, inclusive casamento, saúde, amizade, envolvimento
comunitário, criatividade e, em particular, nosso emprego, carrei-
ra e negócios.

Há um vasto volume de resultados demonstrando que


trabalhadores felizes apresentam níveis mais elevados de
produtividade, fecham mais vendas, são mais eficazes em
posições de liderança, recebem uma melhor avaliação de desem-
penho e são melhores remunerados. Eles também usufruem de
maior segurança no emprego e são inclinados a tirar menos dias
de afastamento por doença, pedir demissão ou ficar estafados.
CEOs felizes são mais propensos a liderar equipes ao mesmo
tempo mais saudáveis e conseguem criar um ambiente de traba-
lho propício ao alto desempenho. A lista de benefícios da felici-
104 dade no trabalho é praticamente interminável, quando se é mais
feliz.

As pesquisas também apontam que colaboradores infelizes


tiram mais dias de afastamento por doença, deixando de traba-
lhar em média 1,25 mais dias por mês ou 15 dias de afastamento
a mais por ano. Em um outro estudo, os pesquisadores pediram
que os participantes respondessem a um questionário elaborado
para mensurar os níveis de felicidade e depois injetaram neles
uma linhagem de vírus da gripe. Uma semana depois, os partici-
pantes mais felizes no início do estudo tinham combatido o vírus
com muito mais eficácia do que os participantes menos felizes.
E eles não só se sentiram melhor como também apresentaram
menos sintomas objetivos da doença de acordo com a análise
realizada por médicos: menos espirros, tosse, inflamação e con-
gestão. Tudo isso significa que empresas e líderes que tomam
providências para cultivar um ambiente de trabalho feliz, não ape-
nas terão trabalhadores mais produtivos e eficientes, como tam-
bém terão menos absenteísmo e menos gastos com cuidados
médicos.

É exatamente por isso que a Google e outras empresas


disponibilizam mesas de pebolim, massagens, academia, vídeo
games, dança, permitem que colaboradores levem os cachorros
para o trabalho, entre outros.

A felicidade vem antes do sucesso ou o sucesso vem antes


da felicidade?

Se a felicidade fosse apenas o resultado final do suces-


so, a crença predominante em empresas e instituições de ensino
estaria correta: dedique-se de corpo e alma à produtividade, no 105
desempenho, faça chuva ou faça sol, mesmo esquecendo-se do
nosso bem-estar emocional e físico, e mais cedo ou mais tarde
seremos mais bem-sucedidos e, em consequência, mais felizes.
Mas, graças aos avanços da psicologia positiva, esse mito foi der-
rubado.

Vários autores do levantamento feito puderam afirmar con-


clusivamente: “estudo após estudo demonstra que a felicidade
precede importantes resultados e indicadores da prosperidade”.
Em resumo, eles descobriram que a felicidade leva ao sucesso e
à realização, e não o contrário. Vamos analisar como isso acon-
tece.

Uma das maneiras que os psicólogos têm para responder a


questão é acompanhar as pessoas durante longos períodos. Um
dos estudos, mensurou o nível inicial de emoções positivas em
272 colaboradores e o desempenho no trabalho dessas pessoas
ao longo dos 18 meses seguintes. Com isso eles descobriram
que, mesmo controlando outros fatores, as pessoas que se mos-
traram mais felizes no início acabaram recebendo avaliações de
desempenho melhores e um salário mais alto em seguida. Outro
estudo revelou que o nível de felicidade de calouros na faculdade
era um fator preditivo (refere-se a habilidade em gerar previsões
testáveis) de sua renda 19 anos mais tarde ser mais alta, inde-
pendentemente do nível de riqueza inicial.

Encontre o seu próprio propulsor de felicidade

Existem várias maneiras comprovadas para melhorar nos-


so estado de espírito e elevar nosso nível de felicidade ao longo
106 do dia. Cada atividade relacionada abaixo não apenas nos pro-
porciona uma rápida descarga de emoções positivas, melhoran-
do nosso desempenho e nosso foco no momento, como também,
se realizada habitualmente, nos ajuda a elevar permanentemente
o nosso patamar de felicidade. A meta é simplesmente elevar seu
estado de espírito e colocá-lo em uma condição mais positiva,
para que você possa usufruir de tudo o que o Benefício da Felici-
dade tem a oferecer:

• Medite: Já falamos sobre esta prática nos capítulos ante-


riores e seus inúmeros benefícios. Bastam cinco minutos
por dia de meditação observando sua respiração. Tente
ser paciente, se perceber que a sua mente está se distrain-
do, induza-a a voltar ao foco.

• Encontre algo pelo qual, o faz aguardar com expectativa:


Um estudo revelou que as pessoas que simplesmente
pensavam em assistir a seu filme preferido, aumentavam
seus níveis de endorfina em 27%. Muitas vezes, a parte
mais agradável de uma atividade é esperar por ela. Então,
sempre que precisar de uma descarga de felicidade, lem-
bre-se do evento que está por vir.

• Adote gestos conscientes de bondade: Inúmeras pesqui-


sas empíricas, inclusive um estudo com mais de 2 mil pes-
soas, demonstraram que atos de altruísmo, generosidade
voltada tanto a amigos quanto a estranhos reduzem o es-
tresse e contribuem para uma melhor saúde mental, como
também já falamos nos capítulos anteriores.

• Injete positividade no seu ambiente: Nosso ambiente físi-


co pode ter um enorme impacto sobre o nosso estado de
espírito e bem-estar. Apesar de nem sempre termos total
controle sobre o nosso ambiente, podemos realizar atos 107
específicos para injetar alguma positividade. Pense no
seu escritório: quais sentimentos o ambiente inspira? As
pessoas que enchem a mesa de fotos de pessoas queri-
das não estão apenas pensando na decoração, elas estão
garantindo uma dose de emoção positiva cada vez que
olham na direção das imagens. Um estudo revelou que
passar 20 minutos ao ar livre, quando o tempo está enso-
larado, eleva o estado de espírito positivo, como também
amplia o pensamento e melhora a memória operacional.

• Exercite-se: Exercício físico libera substâncias químicas


indutoras do prazer chamadas endorfinas, mas esse não é
o único benefício. Um estudo comprovou o poder dos exer-
cícios físicos: três grupos de pacientes deprimidos foram
alocados a diferentes estratégias de enfrentamento, um
grupo tomou medicamentos antidepressivos, outro grupo
se exercitou por 45 minutos três vezes por semana e um
terceiro grupo utilizou uma combinação das duas estraté-
gias. Quatro meses depois, todos os três grupos vivencia-
ram melhorias similares no nível de felicidade. Estes grupos
foram testados seis meses depois para avaliar o índice de
recaída. Do grupo que só tinha tomado os medicamentos,
38% voltaram a se deprimir. Os participantes do grupo de
estratégias combinadas apresentaram resultados apenas
ligeiramente melhores, com um índice de recaída de 31%.
A maior surpresa, contudo, veio do grupo dos exercícios
físicos: o índice de recaída deles foi de apenas 9%. Então,
caminhe, pedale, corra, jogue, alongue-se, pule corda, não
importa, contanto que se mantenha em movimento.

• Gaste dinheiro, mas não com “coisas”: Ao contrário do di-


tado popular, o dinheiro pode, sim, comprar a felicidade,
108 mas só se utilizado para fazer coisas e não simplesmente
para ter coisas. Apesar de os sentimentos positivos que
obtemos de objetos materiais serem efêmeros a ponto de
chegar a ser frustrantes, gastar dinheiro em experiências,
especialmente aquelas envolvendo outras pessoas, produz
emoções positivas ao mesmo tempo mais significativas e
mais duradouras. Por exemplo, quando os pesquisadores
entrevistaram mais de 150 pessoas sobre suas compras
recentes, descobriram que o dinheiro gasto em atividades,
como shows de música ou jantares com os amigos gerou
muito mais prazer do que compras materiais, como sapa-
tos, televisores ou relógios caros. Em um outro experimen-
to, 46 alunos receberam 20 dólares para gastar. Aqueles
que foram instruídos a gastar o dinheiro com os outros (por
exemplo, pagando um almoço para um amigo, comprando
um brinquedo para uma irmã caçula ou fazendo uma doa-
ção para uma instituição de caridade) se mostraram mais
felizes no fim do dia do que aqueles que foram instruídos
a gastar o dinheiro, consigo mesmos. Como você costuma
gastar o seu dinheiro? Você gasta mais com coisas ou ex-
periências?

• Exercite um dos seus pontos fortes: Todo mundo é bom


em alguma coisa. Cada vez que utilizamos uma habili-
dade, não importa qual seja, vivenciamos uma descarga
de positividade. Uma equipe de psicólogos recentemente
catalogou as 24 forças de caráter interculturais que mais
contribuem para a prosperidade humana. Feito isso, eles
elaboraram um levantamento abrangente identificando os
cinco pontos mais fortes de uma pessoa. Quando os 577
voluntários foram encorajados a escolher uma de suas for-
ças características e utilizá-la de um jeito diferente todos
os dias por uma semana, eles se sentiram significativa-
mente mais felizes e menos deprimidos. E esses benefí- 109
cios perduraram: mesmo depois do fim do experimento,
seus níveis de felicidade permaneceram mais elevados
até seis meses depois. Estudos constataram que, quanto
mais você utiliza seus pontos fortes característicos na vida
cotidiana, mais feliz é.

Um ato muito simples e que pode fazer a diferença é o ato


de sorrir, faz o seu cérebro achar que você está feliz, de forma
que ele começa a produzir as substâncias neuroquímicas que de
fato fazem você se sentir feliz. Os cientistas chamam isso de a
hipótese do feedback facial e esse conceito constitui a base da
recomendação “Finja até virar verdade”.

Como pudemos constatar são propulsores simples, mas que


fazem toda diferença em nossa felicidade e saúde física e mental.

A linha de Losada

Um psicólogo e economista chamado Marcial Losada


fez alguns experimentos matemáticos comprovados na prática.
Ele mostra que pessoas com altíssima performance recebiam
elogios antes de realizar algo.

A maioria das pessoas acredita que só deve elogiar o outro


se ele fizer algo bem feito. Questionando-se por que devo elogiar
alguém que fez não mais que sua obrigação? Por que eu vou
elogiar alguém que não fez algo extraordinário? Saiba que isso
está errado.

As pessoas usam a dinâmica de forma incorreta. Por


exemplo: um pai normalmente espera o filho tirar uma ótima nota
110 para elogiar; já um pai sábio, começa a elogiar justamente para o
filho tirar uma boa nota.

O mesmo se aplica a um líder, que espera que um colabo-


rador faça algo bem feito para depois proferir um elogio. O líder
sábio começa elogiando, para que seu colaborador atinja um alto
desempenho.

Não recebiam apenas elogios antes, mas também elogios


diante de uma métrica matemática, de um formato matemático.

Losada afirmava que para manter qualquer laço humano


com a mínima qualidade, uma pessoa deve ter 3 interações posi-
tivas com o outro indivíduo. Essas interações podem ser elogios,
expressões, ou até mesmo um tapinha nas costas. O importante
é ter um reconhecimento positivo relativo a qualquer coisa bem
feita. Tem que ser no mínimo 3, para que a pessoa mantenha um
desempenho razoável.

E à medida que se tem 3 interações positivas, é necessário


que uma seja negativa. E como deve ser esta negativa? É uma
expressão facial, uma orientação verbal, um feedback mais duro
ou então um pouco de indiferença.

Se não fosse assim, trabalharíamos apenas com


computadores. O ser humano é emocional e emotivo. Uma
reprimida significa colocar ela no rumo, e elogiar significa botar
um combustível, dar uma direção certa.

Existem casos de produtividade aumentada em mais de


30% a 50% em um período curtíssimo, tudo com a aplicação da
Linha de Losada, apenas porque os líderes mudaram a forma de
interagir, a forma de lidar com seus liderados.
111
Retome o controle

Para termos o controle sobre nossas vidas e emoções, a


primeira meta que precisamos atingir é a autoconsciência. Expe-
rimentos demonstram que, quando as pessoas são preparadas
para sentir intensa angústia, as que se recuperam mais rapida-
mente são aquelas capazes de identificar como estão se sentin-
do e expressam esses sentimentos em palavras. Escaneamentos
cerebrais mostram que as informações verbais reduzem quase
imediatamente o poder dessas emoções negativas, melhorando
o bem-estar e as habilidades de tomar decisões. Dessa forma,
verbalizar o estresse e o desamparo, seja anotando os sentimen-
tos em um diário ou conversando com um bom amigo, um con-
fidente ou com alguém que amamos, é o primeiro passo para
retomar o controle.

Na próxima meta, deve-se identificar os aspectos da situa-


ção que podemos controlar e os que não podemos. Anote todas
as fontes de estresse, problemas cotidianos e metas, e os divida
em duas categorias: a de coisas que se pode controlar e a de
coisas que se não têm controle algum. O objetivo é deixar de
nos concentrar nos fatores de estresse que estão fora do nosso
controle, para redirecionar nossas energias às áreas nas quais
nossas ações podem ter um verdadeiro impacto.

Elaborada essa lista de coisas que ainda estão sob o nos-


so controle, identifique uma pequena meta que pode ser rapida-
mente atingida. Ao estreitar seu escopo de ação e concentrar sua
energia e empenho, as chances de sucesso aumentam. No tra-
balho, o equivalente seria concentrar seus esforços em pequenas
áreas nas quais você sabe que pode fazer a diferença. Ao lidar
com um pequeno desafio por vez, um círculo estreito que se ex-
112 pande aos poucos, podemos reaprender que as nossas ações de
fato têm um efeito direto sobre os nossos resultados e que somos
em grande parte os mestres do nosso próprio destino. Com um
lócus de controle cada vez mais interno e uma confiança maior na
nossa capacidade, podemos expandir ainda mais nossas ações
e nosso foco.

Invista na sua felicidade

Um dos estudos mais longos de todos os tempos foi o dos


Homens de Harvard, que acompanhou 268 homens desde a en-
trada na faculdade no final dos anos 1930 até a atualidade. Com
base no enorme volume de dados resultante, os cientistas con-
seguiram identificar as circunstâncias na vida e características
pessoais que distinguiram as vidas mais felizes e mais plenas
das menos bem-sucedidas. No verão de 2009, George Vaillant,
o psicólogo que dirigiu esse estudo nos últimos 40 anos, afirmou
que seria possível resumir os resultados em uma única palavra:
“amor... e ponto final”.

Vaillant analisando detalhadamente os dados, chegou à


conclusão de que há “70 anos de evidências de que os nossos
relacionamentos com as pessoas importam, e importam mais do
que todo o resto”.

Os psicólogos Ed Diener e Robert Biswas-Diener analisaram


o enorme volume de pesquisas interculturais conduzidas sobre
a felicidade nas últimas décadas e concluíram que, “da mesma
forma como a comida e o ar, parecemos precisar dos relaciona-
mentos sociais para prosperar”. É por isso que, quando temos
uma comunidade de pessoas com as quais podemos contar, um
parceiro na vida, parentes, amigos, colegas, multiplicamos nos- 113
sos recursos emocionais, intelectuais e físicos. Nos recuperamos
mais rapidamente dos contratempos, realizamos mais e temos
um maior senso de propósito. Além disso, os efeitos sobre a nos-
sa felicidade e, portanto, sobre a nossa capacidade de aproveitar
do Benefício da Felicidade, são tão imediatos quanto duradouros.

As interações sociais nos inundam momentaneamente de


positividade; depois, cada uma dessas conexões fortalece um re-
lacionamento ao longo do tempo, o que eleva permanentemente
o nosso nível de felicidade. Então, quando um colega o para no
corredor do escritório para cumprimentá-lo e perguntar sobre o
seu dia, a breve interação aciona uma espiral ascendente con-
tínua de felicidade e acarreta as recompensas inerentes a esse
estado de espírito elevado.

Em um estudo apropriadamente intitulado “Very Happy Peo-


ple” ou pessoas muito felizes, os pesquisadores buscaram identi-
ficar as características dos 10% mais felizes dentre nós. Será que
eles vivem em lugares mais calmos? Eles são ricos? Eles são
fisicamente mais saudáveis ou bonitos? O estudo revelou uma e
apenas uma característica que distinguia os 10% mais felizes de
todos os outros: a força de seus relacionamentos sociais. Um es-
tudo empírico do bem-estar com 1.600 estudantes universitários
de Harvard revelou um resultado similar, a rede social de apoio
constituía um fator muito mais preciso de felicidade do que qual-
quer outro fator, mais do que suas notas, renda familiar, idade,
sexo ou raça.

Os psicólogos explicam que a necessidade de vínculos


sociais está programada no nosso corpo. Quando formamos um
vínculo social positivo, a oxitocina, um hormônio indutor do pra-
zer, é liberada na nossa corrente sanguínea, reduzindo imedia-
114 tamente a ansiedade e melhorando nossa concentração e foco.
Cada conexão social também reforça nosso sistema cardiovas-
cular, neuroendócrino e imunológico, de forma que, quanto mais
formamos conexões com o tempo, melhor é o funcionamento do
nosso corpo.
9 – A FELICIDADE E A PAZ DE CONSCIÊNCIA
115

“A felicidade não se resume na ausência de


problemas”

Albert Einstein

Inicialmente vamos esclarecer que a paz do mundo é dife-


rente da paz espiritual e a paz na visão humana (mundo) é ausên-
cia de problemas. Já na visão espiritual, a paz é não é ausência
de problemas, pois sempre estaremos sujeitos a isto, mas sim um
estado da alma, de tranquilidade e confiança, independente das
dificuldades que nos cercam e da vida que temos.

Paz de consciência é viver constantemente para mudanças


em nós mesmos, buscando o recomeçar a cada dia, uma nova
página em busca de ser feliz.

A culpa

Entre os flagelos que são impostos ao ser humano, produ-


zindo inomináveis aflições, a consciência de culpa ganha desta-
que. Instala-se de maneira destrutiva e corrói todas as nossas
engrenagens emocionais, trazendo consigo conflitos que enlou-
quecem, nos distanciando da vida que poderíamos viver de ma-
neira mais plena.

Decorrente da insegurança psicológica no julgamento das


próprias ações, abre-se um abismo entre o que se faz e o que
não deveria ter feito, sendo um suplício com dor por aquele que
sofre esta verdadeira perseguição na alma.
116
Temos a certeza que você já se questionou, sobre qual o
motivo de algumas pessoas conquistarem tudo o que desejam
na vida, enquanto que para outras nada parece dar certo? É claro
que a iniciativa é um fator primordial, mas o que realmente difere
essas pessoas é o quanto elas se sentem merecedoras. Pessoas
que sentem culpa geralmente não se sentem merecedoras de
nada que seja bom, inconscientemente aniquilam as oportunida-
des em suas vidas.

Todo e qualquer sentimento de culpa mantém uma pessoa


presa ao passado. Durante a nossa infância, nossos pais, a reli-
gião e escola nos ensinam a sentir culpa e vergonha ao cometer
um erro. Este aprendizado persiste até a nossa vida adulta, e a
cada erro nos traz mais sofrimento e culpa, muitas vezes com
atitudes e resultados que praticamos contra nós mesmos.

Ele contém uma carga negativa de crenças, valores irreais


que afetam todos os pensamentos e influenciam o modo de pen-
sar e agir a respeito de si mesmo. Ao invés de buscarmos alterna-
tivas e possibilidades, a culpa faz com que fiquemos apenas nos
lamentando e nos sentindo mal. Como consequência, a pessoa
não aprende com seus erros e fica apenas repetindo as mesmas
atitudes errôneas do passado.

De onde se origina a culpa

Durante a gestação, a futura mamãe sente todas as emo-


ções de forma alternada e desproporcional, variando entre medo,
tristeza, raiva, ansiedade e solidão. O bebê também sente e re-
gistra todos esses sentimentos e emoções, passando a sentir
culpa por causar das dores de sua mãe. Dessa forma, a culpa
se torna uma ligação entre mãe e filho. As experiências de vida
podem intensificar esse sentimento, gerando ainda mais culpa e
dor no decorrer da vida. 117
Temos que aprender a trabalhar os erros. Aceite as imper-
feições, se arrependa diariamente, pois, se fossemos perfeitos
não estaríamos todos neste planeta, estaríamos em um lugar
mais evoluído com certeza. Nós deixamos de amar alguém ape-
nas porque essa pessoa errou? Devemos ter em mente que não
somos mais aquela criança que tinha que ser perfeita e não podia
errar para ser amada: todas as pessoas erram, e a grande maio-
ria dos erros não são intencionais.

Quantas vezes você duvidou de um elogio verdadeiro que


alguém lhe fez, não se sentiu merecedor de um presente ou até
mesmo do amor daquele alguém especial? Acredite e aprenda a
receber e agradecer por cada coisa boa que chega até você, se
conectando com a energia do merecimento e da gratidão e se foi
oferecido pelo universo, é porque você de certa forma mereceu.

Devemos trocar a culpa por responsabilidade. Precisamos


perceber a diferença entre ser culpado e ser responsável. A res-
ponsabilidade é uma escolha que traz sentimentos e emoções
positivas, faz com que você se perceba como útil e motivado. A
culpa, só traz emoções negativas, que paralisa e faz com que
você fique vivendo para o passado.

Fervorosamente, a culpa pune o infrator perante si mesmo,


porém, não altera o rumo da ação desencadeada, pois, não se
pode mudar o passado, temos que conviver com ele por mais
duro que seja hoje para nós.

Freud era obcecado pelo sentimento de culpa. Na sua visão


psicológica, essa emoção dolorosa, que nada mais é que uma
tensão entre o superego, ou consciência, e o ego, exercia um pa-
pel fundamental no surgimento da depressão e era um obstáculo
poderoso à busca da felicidade.
Assim afirmava Freud:
118
O preço que pagamos por nosso avanço na ci-
vilização é a perda da felicidade com a intensifi-
cação do sentimento de culpa”, Freud escreveu
isso em sua obra-prima sociológica de 1930.
O Mal-Estar na Civilização, argumentando que
as sociedades modernas reforçam nosso sen-
timento interno de culpa. Nosso entendimento
moderno do comportamento humano já ultra-
passou muitos elementos da teoria freudiana,
mas a análise da culpa feita por Freud continua
a ser importante e é substanciada por pesqui-
sas recentes.

O sentimento de culpa pode ser útil e essencial, porque


pode nos levar a avaliar nossos pensamentos e ações, funcio-
nando como sistema de freios e equilíbrios morais. Mas quando
ele toma conta de nós, qualquer passo em falso pode desenca-
dear dúvidas a seu próprio respeito, vergonha e até depressão.

O que as pesquisas descobriram

Conforme pesquisas realizadas pela Universidade de Wa-


terloo e da Universidade Princeton, um sentimento de culpa exa-
cerbado é acompanhado por sensação de grande peso na vida.
Os pesquisadores quiseram averiguar se existe alguma base fac-
tual nas noções populares sobre “carregar uma culpa” e de que
a culpa “pesa” sobre nossa consciência. E o que descobriram foi
fascinante.

Constataram que a lembrança de atos pessoais antiéticos


cometidos, levou os participantes a relatar peso corporal subjeti-
vo aumentado, em comparação quando recordavam atos éticos
próprios, atos antiéticos de outros ou não se recordavam de nada.
Também constataram que esse senso de peso aumentado estava 119
relacionado ao sentimento de culpa maior dos participantes e não
a outros sentimentos negativos, como tristeza ou repulsa.

Outro estudo por neuroimagiologia feito em 2012 conduzido


por Roland Zahn, da Universidade de Manchester, constatou que
as pessoas que estão ou estavam com depressão apresentavam
reação de culpa aumentada. Os indivíduos com depressão po-
dem culpar-se excessivamente, mas que não é voltada à busca
de soluções.

As tomografias e outros exames revelaram que as pessoas


com histórico de depressão não unem às regiões cerebrais asso-
ciadas à culpa e ao conhecimento dos comportamentos apropria-
dos tão fortemente quanto fazem as pessoas do grupo de controle
dos que nunca tiveram depressão. Isso pode refletir uma falta de
acesso a informações sobre o que foi inapropriado em seu com-
portamento quando se sentiram culpadas, com isso estendendo
o sentimento de culpa a coisas pelas quais as pessoas não foram
responsáveis, sentindo-se culpadas por tudo.

Outro fato importante é que muitos estudos já concluíram


que o sentimento de culpa é um fator chave na procrastinação (o
ato de adiar algo ou prolongar uma situação para ser resolvida
depois). Sentimos culpa por alguma coisa que fizemos e então
hesitamos em iniciar uma tarefa nova, talvez por medo de come-
ter outro erro ou por tristeza mesmo, geralmente quando estamos
tristes perdemos o ânimo para fazer as coisas. E o próprio fato
de postergar o que deveríamos fazer, nos faz ter sentimento de
culpa, que por sua vez, enfraquece o sentimento agradável que
poderíamos ter tido por evitar a tarefa. Pesquisas constataram
que, quando você se perdoa por postergar, pode na realidade
impedir-se de fazer isso novamente no futuro.

Ainda outras pesquisas confirmaram também que o este-


reótipo cultural, faz com que as mulheres tendem a sentir mais
120 culpa que os homens. Um estudo espanhol de 2010 concluiu que
as mulheres sentem culpa mais frequente e mais intensamente
que os homens e também que têm escores mais altos que os
homens nas medições de sensibilidade interpessoal. A diferença
nos níveis de sentimento de culpa entre homens e mulheres na
faixa dos 40 aos 50 anos foi especialmente marcante. Os pes-
quisadores observaram que a falta de sensibilidade interpessoal,
pode ser um fator fundamental a contribuir para os baixos níveis
de sentimento de culpa dos homens.

Muitos psicólogos acham que o sentimento de culpa pode


nos levar à autocorreção depois de fazermos algo errado ou pen-
sar que fizemos algo errado. Já foi demonstrado que o sentimen-
to de culpa moderado pode deter maus comportamentos. Mas
o sentimento de culpa exacerbado pode na realidade manter a
pessoa mergulhada em padrões comportamentais negativos. Es-
tudos demonstram que a culpa pode reduzir nossas reservas de
força de vontade.

Culpa e vergonha não são a mesma coisa, mas os dois sen-


timentos estão interligados.

A vergonha

Enquanto a vergonha está ligada ao eu, a culpa está mais re-


lacionada aos outros, segundo o psicólogo Joseph Burgo. A culpa
geralmente envolve: sentir-se mal por um ato errado específico e
o modo como ele pode ter afetado outras pessoas. A vergonha é
o sentimento doloroso de que há algo de errado ou mau em você,
ou até mesmo por não concordar com princípios já agregados ao
seu estilo de vida.

Conforme a autora e apresentadora americana Oprah Win-


frey, a diferença entre vergonha e culpa é a diferença entre “eu
sou má” e “eu fiz uma coisa má”. 121
Mas os dois sentimentos frequentemente andam juntos, e o
que eles têm em comum é que nos mantêm presos ao passado,
refletindo sobre os erros que cometemos e sobre nossos defeitos,
conforme os enxergamos. E, em excesso, nenhum desses dois
sentimentos nos faz chegar mais perto de verdadeiramente acei-
tar e perdoar os erros que cometemos, ou de mudar as coisas em
nós mesmos que não nos agradam.

Aprenda a lidar com o sentimento de culpa

Quando decidimos que é a hora de tomarmos as rédeas


de nossa vida e as nossas emoções, melhoramos nossa comu-
nicação com os outros. Trabalhar nossa autoestima e procurar
por meios que ajudem a atingir nossos objetivos de uma maneira
mais assertiva, significa que é preciso, entre outros aspectos, sa-
ber como lidar com o sentimento de culpa.

Ao se sentir culpado, geralmente por não saber como agir,


a pessoa procura encontrar modos de fugir e de aliviar o peso em
função do que fez, ou não fez. Arrependido e com remorso, de-
senvolve atitudes e hábitos como consumir bebida alcoólica em
excesso, comer por compulsão, tratar os outros com indelicadeza
e reclamar de tudo.

A vida é feita de vários sentimentos, muitos até antagônicos,


se sentir culpado por uma atitude indevida faz parte das experiên-
cias de viver, o sentimento de culpa também funciona como um
meio de aprendizado e de enfrentamento aos desafios diários.
Tirar proveito disso é indispensável para viver em plenitude. Para
isso há algumas atitudes que podemos transformar um sentimen-
to tão doloroso em algo benéfico:
• Reconheça os erros: se “errar é humano”, reconhecer
122 seus erros é muito mais, não que devamos usar isso como
desculpas para sair por aí cometendo uma série deles.
Sempre que se age com irritação ou medo e se sente algo
ruim, como um mal-estar, tensão nos músculos ou dor de
cabeça, é preciso parar e avaliar as razões desses trans-
tornos. Ao invés de escapar do problema com uma distra-
ção ou um analgésico, investigue e identifique as origens
dele. Geralmente, você chegará a alguma falta cometida.
Por isso, não fuja dessa responsabilidade.

• Enxergue a culpa com bons olhos: quando você reco-


nhece que errou, surge a oportunidade de corrigir a falha
e de se precaver contra a repetição. Essa atitude é muito
melhor do que afundar na autocomiseração.

• Responsabilize-se pelos seus atos cometidos: geralmen-


te, o procedimento de um culpado é se eximir da culpa e
transferi-la para outra pessoa ou outra coisa em uma im-
produtiva escapada do sofrimento e da vergonha. Entre-
tanto, ao admitir seus atos você se livra da autocrítica ne-
gativa, da insegurança, do pessimismo e da tristeza. Com
isso, fortalece as possibilidades de mudança de comporta-
mento.

• Peça perdão: você reconhece o erro e se sente infeliz por


isso. Para aliviar a situação, nada melhor do que confessar
a sua falta para a pessoa prejudicada e pedir desculpas.
Comprometa-se diante dela a se corrigir e corrija-se, de
fato.

• Assuma um compromisso pessoal de não cometer o erro


outra vez: certamente, depois do doloroso aprendizado de
se libertar do sentimento de culpa, é uma bobagem cair em
outra armadilha. Mude seu jeito de agir.
Saber lidar com o sentimento de culpa é o aprendizado in-
dispensável para uma vida pessoal e profissional em plenitude. 123
Ele facilita a comunicação e a inteligência emocional, afasta os
temores com relação ao futuro, elimina as frustrações nos rela-
cionamentos e ajuda você a escapar das futuras ciladas e dos
erros. É um caminho que pode ser trilhado sozinho, contudo, a
companhia de pessoas experientes é uma excelente opção. A
paz de consciência é portanto, a sensação do dever cumprido.
Experimente isso!
124
10 – OS SENTIDOS DA FELICIDADE
125

“A gentileza pode ser uma ferramenta para


criar uma sociedade feliz”

Gustavo Antunes

Os sentidos humanos

Sentido é a nossa experiência no mundo, que depende


fundamentalmente da nossa percepção. É um processo cogni-
tivo, isto é, de aprendizado, uma forma particular de conhecer o
mundo. A percepção é um sistema complexo que depende tanto
do meio ambiente como da pessoa que o percebe, e a essência
é o que sentimos, a vivência da realidade por meio do mundo dos
sentidos e sentimentos.

Sem nos darmos conta, analisamos os padrões que vão mu-


dando à medida que nos movimentamos e vamos amadurecendo
através das vivências. De certa forma, estudamos o que ocorre
com formas, texturas, cores, sons, fatos, sentimentos, sob todos
os tipos de condições e emoções.

As reações de cada ato perceptivo precisam ser armaze-


nadas na memória; caso contrário, serão perdidas para sempre.
Estamos sempre redirecionando nossos esforços para detectar
e registrar novos conteúdos. Vamos combinando devagar os da-
dos das sucessivas explorações do mundo ao nosso redor. Não
temos a consciência de que absorvemos apenas uma pequena
parte dos detalhes e fatos vividos.
A Fisiologia (é uma área de estudo da biologia responsável
126 em analisar o funcionamento físico, orgânico, mecânico e bioquí-
mico dos seres vivos), nos ajuda a saber algo do funcionamen-
to do nosso corpo que possibilita coletar informações através do
aparelho sensorial. Animais diferentes vivem em mundos diferen-
tes porque seus aparelhos perceptivos variam muito conforme a
espécie. Um exemplo disso é que as pessoas não podem ouvir
os sons altos registrados pelos morcegos. Nem podemos sentir o
cheiro de suor que exala dos calçados, embora os cães o possam.
Até os membros de uma mesma espécie têm percepções diferen-
tes conforme o ambiente em que estão inseridos. As pessoas têm
alguma variação em termos de como veem cores e discriminam
sons e sentem cheiros e gostos. Durante a gravidez e na terceira
idade, por exemplo, as sensibilidades sensoriais mudam.

As nossas experiências vividas criam expectativas e motivos.


Ao olhar para uma paisagem você pode deduzir qual é a estação
do ano? Baseando-se nas suas experiências passadas, poderá
interpretar estas informações da paisagem: se há ou não flores,
a temperatura, a cor do céu, a presença e a intensidade do sol,
entre outros fatores.

Nosso corpo tem órgãos especializados na coleta de infor-


mações, que são os nossos sistemas sensoriais, que registram as
mudanças ocorridas ao nosso redor. Os cientistas já catalogaram
11 sentidos humanos completamente distintos. Vamos explicar os
mais interessantes, pois, alguns já sabemos do que se trata:

1) Sentidos Químicos:

Paladar: O sistema gustativo nos permite reconhecer o gosto de


substâncias colocadas sobre a língua através de papilas gustati-
vas que reconhecem e enviam a informação ao cérebro. Detecta
quatro diferentes sabores: doce, salgado, amargo e azedo. Todas
as outras ricas recordações de sabores que experimentamos são 127
promovidas pelo sistema olfativo.

Olfato: É o sistema responsável pela captação e reconhecimento


de odores. Os sistemas olfativo e gustativo estão entrelaçados de
tal forma que quando sentimos um cheiro forte e característico,
somos capazes de sentir também o seu gosto.

2) Sentidos de Posição:

Sinestésico: É um fenômeno neurológico que consiste na produ-


ção de duas sensações de natureza diferente por um único estí-
mulo. É um termo que caracteriza a experiência sensorial de cer-
tos indivíduos nos quais sensações correspondentes a um certo
sentido são associadas a outro sentido.

Vestibular: O sistema vestibular é formado por um conjunto de


órgãos do ouvido interno e responsável pela manutenção do
equilíbrio. Esse sistema detecta informações importantes como
balanço, gravidade, posição do corpo e distância. Sua integridade
permite ao indivíduo mover-se com segurança.

3) Tato ou Sentidos Cutâneos, composto por:

Contato, Pressão, Calor, Frio, Dor, Audição, Visão.

Além dos 11 sentidos já catalogados, discute-se também


a possibilidade de haver outros sentidos ainda não identificados.
Muito especula-se sobre o papel dos sentidos em processos nos
quais a percepção não depende dos canais sensoriais conheci-
dos, como é o caso da Percepção Extra-Sensorial (PES). A pes-
quisa científica nessa área é controversa e escassa. Ao contrário
da polêmica em torno da PES, o estudo da percepção durante os
estados alterados de consciência tem avançado bastante nas úl-
128 timas décadas. O termo “estados alterados de consciência” pode
englobar vivências muito distintas. Basicamente, o termo se refe-
re a situações nas quais a percepção conduzida pela consciên-
cia racional, como ocorre no estado de vigília, é substituída por
mecanismos perceptivos baseados na inconsciência parcial ou
total. Exemplos de estados alterados de consciência são o sono,
a hipnose e a intoxicação por drogas, entre outros.

Para viabilizar e entendermos todo o processo perceptivo,


da coleta à análise dos dados sensoriais, os sentidos desempe-
nham quatro papéis na percepção: detecção, transdução, trans-
missão e processamento de informações:

1) Detecção: Existe em cada sentido um receptor. Recep-


tor é uma única célula particularmente responsiva a um
tipo específico de energia. Certas células do ouvido res-
pondem a vibrações de ar; certas células dos olhos são
sensíveis a uma forma de energia eletromagnética. Os re-
ceptores podem ser responsáveis por mais de uma forma
de energia. As células dos olhos, por exemplo, respondem
à pressão ou às vibrações e também à energia eletromag-
nética. Nos olhos, os receptores reagem principalmente à
luz visível, uma minúscula fração do espectro de energia
eletromagnética (que inclui ondas de rádio e raios gama,
infravermelho e ultravioleta). Da mesma forma, os recepto-
res no ouvido respondem a vibrações de ar na faixa apro-
ximada de 20 a 20.000 hertz. Vibrações acima e abaixo
desta faixa ocorrem frequentemente, porém não consegui-
mos ouvi-las.
2) Transdução e Transmissão: Os receptores em nossos
sentidos convertem a energia que entra em sinais eletro- 129
químicos que o sistema nervoso usa para a comunicação.
Se a energia que entra for suficientemente intensa, ela
aciona impulsos nervosos que transmitem informações
codificadas sobre as várias características dos estímulos.
Os impulsos trafegam por fibras nervosas específicas até
determinadas regiões do cérebro.

3) Processamento de Informações: Receptores e cérebro


processam informações sensoriais. Em animais comple-
xos, como o ser humano, o cérebro carrega uma parte mui-
to maior desta carga.

Uma das condições para ser feliz, em primeiro lugar, é pre-


ciso estar conectado aos cinco sentidos do corpo humano. Cada
um dos nossos sentidos é uma porta de entrada para as sensa-
ções de bem-estar. Eles trabalham a nosso favor quando pres-
tamos atenção naquilo que estamos experimentando no exato
momento de agora.

A partir de nossos sentidos, podemos começar a trilhar a


nossa busca pela felicidade, pois esta só é possível no momento
presente. E percebemos que os cinco sentidos despertam a nos-
sa consciência para este instante.

Os hormônios são os sentidos da felicidade?

Ao longo dos séculos, artistas e pensadores se dedicaram


a definir e representar a felicidade em suas várias obras. Nas úl-
timas décadas, porém, grupos menos românticos se juntaram a
essa difícil tarefa: endocrinologistas e neurocientistas.
130
O objetivo do estudo é o que desencadeia no corpo huma-
no no ponto de vista físico, não o motivo que causa a felicidade.
Descobriram então que há quatro substâncias químicas naturais
em nossos corpos geralmente definidas como o “quarteto da feli-
cidade”: endorfina, serotonina, dopamina e oxitocina.

A professora e pesquisadora da Universidade Estadual da


Califórnia (EUA), afirma que:

Seria bom que surgissem o tempo todo, mas


não funcionam assim. Cada substância da feli-
cidade tem um trabalho especial para fazer e se
apaga assim que o trabalho é feito.

A seguir maneiras simples para ativar essas quatro subs-


tâncias químicas da felicidade, sem drogas ou substâncias noci-
vas:

1. Endorfinas:

É considerada a morfina do nosso corpo, é um analgésico natu-


ral. Por isso, comer alimentos picantes é uma das maneiras de
liberar essas endorfinas, o que também nos induz a uma sensa-
ção de felicidade. Mas essa não é a única maneira de obter uma
“injeção” de endorfina.

De acordo com estudo publicado em 2017, por pesquisadores da


Universidade de Oxford (Inglaterra), assistir a filmes tristes tam-
bém eleva os níveis da substância. Para Robin Dunbar, professor
de psicologia evolutiva e autor deste estudo, “aqueles que tiveram
maior resposta emocional também registraram maior aumento na
resistência a dores e sentimento de unidade em grupo”. Dançar,
cantar e trabalhar em equipe também são atividades que melho-
ram, por meio de um aumento nas endorfinas, a união social e 131
tolerância à dor.

2. Serotonina:

Ainda hoje, a depressão se situa como a principal causa de in-


validez em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da
Saúde (OMS). Trata-se de transtorno mental que afeta mais de
300 milhões de pessoas.

A estratégia mais simples para elevar o nível de serotonina é re-


cordar momentos felizes, diz Alex Korb, um neurocientista da Uni-
versidade da Califórnia.

Um dos sintomas mais característicos da depressão é esquecer


as situações felizes que vivemos no passado. Por isso, olhar fo-
tos antigas ou conversar com um velho amigo pode ajudar muito.

O neurocientista descreve três outras maneiras: tomar sol, rece-


ber massagens e praticar exercícios aeróbicos, como corrida e
ciclismo.

3. Dopamina:

A dopamina está associada como responsável por sentimentos


como amor e luxúria, mas também é viciante para o cérebro. Daí
sua descrição como “mediadora do prazer”. Baixos níveis de do-
pamina fazem que pessoas e outros animais sejam menos pro-
pensos a trabalhar para um propósito, afirma John Salamone,
professor de Psicologia na Universidade de Connecticut (EUA),
em estudo sobre efeitos da dopamina no cérebro publicado em
2012 na revista Neuron.
Por isso, acrescentou o pesquisador, a dopamina “tem mais a ver
132 com motivação e relação custo-benefício do que com o próprio
prazer.”

O certo é que essa substância química é acionada quando se dá


o primeiro passo rumo a um objetivo e também quando a meta é
cumprida. Além disso, pode ser gerada por um fato da vida coti-
diana (por exemplo, encontrar uma vaga livre para estacionar o
carro) ou algo mais excepcional (como receber uma promoção no
trabalho).

A melhor maneira de elevar a dopamina, portanto, é definir metas


de curto prazo ou dividir objetivos de longo prazo em metas mais
rápidas. E celebrar quando atingi-las.

4. Oxitocina

Por ser relacionada com o desenvolvimento de comportamentos


e vícios maternos, o apelido da oxitocina é “hormônio dos víncu-
los emocionais” e “hormônio do abraço”. Segundo estudo publi-
cado em 2011 pelo ginecologista e obstetra indiano Navneet Ma-
gon, a ligação social é essencial para a sobrevivência da espécie
(humanos e alguns animais), uma vez que favorece a reprodu-
ção, proteção contra predadores e mudanças ambientais, além
de promover o desenvolvimento do cérebro.

Por isso, o obstetra considera que a oxitocina tem uma “posição


de liderança” nesse “quarteto da felicidade”. É um composto ce-
rebral importante na construção da confiança, que é necessária
para desenvolver relacionamentos emocionais.

Dar um abraço é uma forma simples de se conseguir um aumen-


to da oxitocina (um abraço de no mínimo 40 segundos). Dar ou
receber presentes, amar o seu trabalho, amar seu bichinho de
estimação, etc., são outros exemplos para produzir oxitocina. 133

Rituais para a felicidade de acordo com a neurociência

Através do estudo da massa cinzenta do cérebro, o pesqui-


sador de neurociência da UCLA, Alex Korb, tem algumas ideias
que podem criar uma espiral ascendente de felicidade em sua
vida.

Apesar de suas diferenças, o orgulho, a vergonha e a cul-


pa ativam circuitos neurais similares. Curiosamente, o orgulho é
a mais poderosa dessas emoções para desencadear atividades
nessas regiões. Isso explica por que pode ser tão forte o senti-
mento de acumular culpa e vergonha em nós mesmos, elas estão
ativando o centro de recompensas do cérebro.

A preocupação faz seu cérebro se sentir um pouco melhor,


porque pode ajudar a acalmar o sistema límbico, aumentando a
atividade no córtex pré-frontal medial e diminuindo a atividade na
amígdala. Isso pode parecer contraditório, mas isso apenas mos-
tra que, se você está sentindo ansiedade, fazer algo a respeito,
até mesmo se preocupar é melhor do que não fazer nada.

O sentimento de culpa, de vergonha e a preocupação são


soluções horríveis, a longo prazo nos estressa, nos faz sofrer e
pode nos levar a depressão. Então, os neurocientistas dizem o
que devemos fazer:

Pergunte-se: pelo que eu sou grato?

A gratidão aumenta os neurotransmissores em nosso cére-


bro, produz dopamina e a serotonina. Como se não bastasse, a
134 gratidão aumenta a atividade nos circuitos sociais, o que torna as
relações humanas mais agradáveis e prazerosas. Devemos sem-
pre pensar em coisas pelas quais somos gratos, isso nos obriga
a nos concentrarmos nos aspectos positivos da vida.

Um estudo descobriu que, à medida que a gratidão aumenta,


a inteligência emocional também aumenta, os nossos neurônios
nessas áreas se tornam mais eficientes e aumentam as sinapses.
Com maior inteligência emocional, simplesmente é necessário
menos esforço para ser grato.

Já em outro estudo realizado através de ressonância mag-


nética funcional, intitulado “Colocando sentimentos em palavras”,
os participantes viram fotos de pessoas com diferentes expres-
sões faciais emocionais. Previsivelmente, a amígdala de cada
participante ativou as emoções da imagem. Ao final, descobriu-se
que reconhecer conscientemente as emoções com palavras re-
duziu seu impacto.

Kevin Ochsner, da Universidade da Columbia, repetiu es-


sas descobertas usando ressonância magnética funcional, onde
as pessoas tentavam inibir uma experiência emocional negativa.
Não conseguiram fazê-lo, elas pareciam bem externamente, mas
o seu sistema límbico estava excitado. Isto é sentindo em todas
as emoções. Provando que não sentir algo não funciona e, em
alguns casos, até volta contra a própria pessoa.

Resumindo, os experimentos demonstraram que: descreva


uma emoção em apenas uma palavra ou duas, e isso ajuda a
reduzir a emoção.

Talvez estejam acontecendo coisas em sua vida que estão


lhe causando algum estresse. Aqui está uma maneira simples de
vencê-las: 135
1. Tome uma decisão: a ciência do cérebro mostra que tomar de-
cisões reduz a preocupação e a ansiedade, além de ajudá-lo a re-
solver problemas. Tomar decisões inclui criar intenções e estabe-
lecer metas, todas as três fazem parte do mesmo circuito neural
e envolvem o córtex pré-frontal de maneira positiva, reduzindo a
preocupação e a ansiedade. Tomar decisões muda sua percep-
ção do mundo, encontra soluções para seus problemas e acalma
o sistema límbico. Ela não precisa ser 100% a melhor decisão,
basta que seja boa o suficiente.

2. Toque em pessoas: não indiscriminadamente; isso pode te cau-


sar muitos problemas. Mas precisamos sentir amor e aceitação
dos outros. Quando não sentimos, é doloroso. Os neurocientistas
fizeram um experimento em que as pessoas jogavam videogame.
Os jogadores jogavam a bola para você e você jogava de volta
para eles. Na verdade, não havia outros jogadores; tudo isso era
feito pelo programa de computador. Mas os participantes foram
informados de que os personagens eram controlados por pes-
soas reais. Então, o que aconteceu quando os “outros jogadores”
paravam de ser legais e não compartilhavam a bola? Os cérebros
dos participantes responderam da mesma forma como se experi-
mentassem dor física. A rejeição não apenas machuca como um
coração partido; seu cérebro sente como uma perna quebrada.
De fato, como demonstrado em um experimento de ressonância
magnética funcional, a exclusão social ativa o mesmo circuito que
a dor física, em um ponto onde eles pararam de compartilhar,
apenas jogando um para o outro, ignorando o participante. Essa
pequena mudança foi suficiente para provocar sentimentos de
exclusão social e ativou as áreas do cérebro cingulado anterior e
a ínsula, assim como a dor física o faria.
Um simples toque também faz liberar oxitocina. Para as
136 pessoas que você se sinta próximo emocionalmente, procure
tocá-las com mais frequência. Procure oferecer sua mão, isso
é muito importante. Um estudo feito com ressonância magnéti-
ca funcional examinou as mulheres casadas quando elas foram
avisadas de que estavam prestes a sofrer um pequeno choque
elétrico. Enquanto antecipava os choques dolorosos, o cérebro
mostrava um padrão previsível de resposta em circuitos de dor
e preocupação, com ativação na ínsula, no cingulado anterior e
no córtex pré-frontal dorsolateral. Durante um outro exame em
separado, as mulheres seguravam as mãos dos maridos ou a
mão do examinador. Quando uma participante segurava a mão
do marido, a ameaça de choque tinha um efeito menor. Além dis-
so, quanto mais forte o casamento, menor a atividade da ínsula
relacionada ao desconforto.

Um outro fato bastante interessante é que a massagem


aumenta a sua serotonina em até 30%. Ela também diminui os
hormônios do estresse e aumenta os níveis de dopamina, nos
ajudando a criar novos hábitos. Também melhora o sono e reduz
a fadiga, aumentando a serotonina e a dopamina e diminuindo o
cortisol, o hormônio do estresse.

Tudo está diretamente interligado. A gratidão melhora o sono. O


sono reduz a dor. A dor reduzida melhora o humor. O bom humor
melhorado reduz a ansiedade, o que melhora a concentração e
o planejamento. Concentração e planejamento ajuda na melhora
da tomada de decisão. A tomada de decisão reduz a ansiedade e
melhora o prazer. O prazer te dá mais coisas para ser grato, o que
mantém esse ciclo de bons sentimento em ascendência sempre.
O prazer também aumenta a probabilidade de se exercitar e ser
social, o que, por sua vez, o deixará mais feliz.
11 – FELICIDADE COMO MINDSET
137

“Depois de muita busca, você chega a con-


clusão de que felicidade é algo que vem da
alma”

Gustavo Antunes

Neste capítulo será explicado o porquê do título deste livro.


Agora que você já leu os 10 capítulos anteriores, ficará mais fácil
entender este conceito.

Foi escolhido Mindset devido ao grande poder de mudan-


ça de estado de vida e de espírito que podemos obter, basta ter
perseverança e vontade real de modificar e principalmente alcan-
çarmos a felicidade que tanto desejamos.

Mindset nada mais é que a mentalidade que cada um de


nós tem em relação a nossa vida. Isso significa que é o conjunto
de atitudes mentais que influencia diretamente nos nossos com-
portamentos e pensamentos.

A filosofia que afirma que podemos obter sucesso por meio


do nosso mindset foi criada pela psicóloga Carol S. Dweck, que
é professora da Universidade de Stanford nos Estados Unidos.
Ela afirma que nosso mindset demonstra o modo otimista ou
pessimista de enxergar diversas situações da vida e de como nos
portamos diante delas. Após pesquisar durante muitos anos, Ca-
rol que é referência mundial no assunto, chegou à conclusão de
que existem dois tipos de mentalidades distintas: a fixa e a pro-
gressiva.
A atividade mental fixa é aquela que faz com que os indiví-
138 duos acreditem que se não nascem com determinadas capacida-
des e dons, naturalmente, também não podem desenvolvê-los ao
longo da vida. Essa crença impede que a pessoa adquira novos
conhecimentos que considera estar em um nível de dificuldade
maior do que ela pensa ser capaz.

Geralmente, estas pessoas possuem pensamentos mais


negativos e a inclinação de ficarem estagnadas e desmotivadas
diante de situações complicadas que fogem do comum. No traba-
lho é fácil identificar esse perfil, basta prestar atenção em quem
é o colaborador que nunca quer fazer atividades diferentes do
que está acostumado, que não quer aprender novos conceitos,
que sempre pede a opinião dos outros e que foge de grandes
responsabilidades por ter medo de não conseguir lidar com elas
corretamente.

A segunda mentalidade, a progressiva ou de crescimento.


Ao contrário da mentalidade fixa, as pessoas com esse tipo de
pensamento acreditam que seus talentos e habilidades podem
ser desenvolvidos, desde que elas sejam pacientes, focadas,
esforçadas e dedicadas. Um indivíduo com esse mindset tem a
aptidão para transformar a dificuldade em uma oportunidade de
aprender e evoluir. Se ele errar, não desanima, pois acredita que
é possível assimilar novos conhecimentos com o que não deu
certo. O importante é enxergar os pontos positivos do processo e
entender como corrigir os pontos negativos.

Os profissionais com este perfil são aqueles que obtêm


mais sucesso na vida tanto profissional como pessoal, pois bus-
cam vencer suas limitações e aprimorar seus conhecimentos dia-
riamente. Observe em seu local de trabalho quem não tem medo
de adquirir novas responsabilidades, está sempre estudando e se
atualizando e que não desanima quando erra. Esse colaborador
simplesmente irá rever o processo e se esforçará para entender
o que ele deve fazer para reverter a situação. Geralmente esse
tipo de colaborador tem um crescimento bom na empresa ou já 139
são líderes.

Não precisa nem dizer que as pessoas com a mentalidade


progressiva são mais felizes.

Essa formulação pode ser a chave para alcançarmos su-


cesso ou não. Isso ocorre, pois, o modo como refletimos sobre
as situações, determina como iremos agir e os nossos atos se
desenrolam em consequências positivas, neutras ou negativas.

Para conquistarmos nossos sonhos e objetivos, seja qual


for a fase da vida, é preciso ter sempre foco no positivo, dedica-
ção e autoestima elevada. Além disso, é essencial trabalharmos
nossa resiliência, pois essa característica nos ajuda a superar as
dificuldades e ainda traz o poder de ressignificar sempre a vida.
Só assim, conseguiremos aprender com nossos erros e seguir
em frente mais fortes e preparados para sermos felizes. Essa
vontade de aprender, crescer e expandir as próprias possibilida-
des nada mais é do que o foco do mindset progressivo.

Para se alcançar sucesso na vida é necessário manter ati-


tudes mentais progressivas, que nos estimulem a crescer, identifi-
car e utilizar os nossos pontos fortes, como também os comporta-
mentos que precisam ser melhorados e as crenças sabotadoras
que precisam ser eliminadas. É do nosso conhecimento que não
é fácil, mas se não dermos o primeiro passo, jamais chegaremos
lá.

Para isso, o coaching e a psicologia positiva, vistas nos


capítulos anteriores podem ser uma poderosa aliada nesse pro-
cesso. Elas têm o objetivo de usar as emoções positivas, o enga-
jamento, a fluidez, os relacionamentos construtivos, os propósitos
e as realizações como impulsos para o desenvolvimento profis-
sional e pessoal de um indivíduo. É uma oportunidade para você
que se identificou como uma pessoa com mentalidade fixa. Ou
140 ainda, mesmo com mentalidade progressiva, acredita que pode
desenvolver-se ainda mais e melhorar sempre sua vida.

Da mesma forma que o mindset pode ser construído, ele


pode ser alterado. Isso significa que você pode desenvolver uma
nova realidade da qual gostaria de fazer parte, e começar a viver
a partir disso.

Caso não haja uma mudança de mentalidade, é muito pro-


vável que atitudes sabotadoras e crenças limitantes acabem im-
pedindo a alteração de comportamento. A partir do momento em
que você realiza uma mudança efetiva no seu pensamento, seu
comportamento também se altera, passando a ser sua nova rea-
lidade.

Outro grande desafio enfrentado pelas empresas, é mudar


a mentalidade de seus colaboradores e da organização. As or-
ganizações ficam presas às mentes e crenças das pessoas que
nelas convivem e governam. Por isso, é preciso incentivá-los a
“pensar fora da caixa”, o que exige investimento em inovação e
motivação.

Como manter seu mindset positivo e elevado

a) Trace planos para uma vida melhor que a atual, sempre


almejando o crescimento pessoal e profissional;

b) Leia livros que possam ampliar seus conhecimentos, livros


estes que elevem seu autoconhecimento e melhorem sua
vida;

c) Mantenha amizade com pessoas que obtêm grandes re-


sultados na vida ou são felizes. Perceba como essas pes-
soas agem, elas são um grande exemplo, tanto para quan-
do seus projetos dão certo ou não; 141
d) Observe como é a mentalidade das pessoas nas quais
você se espelha e, a partir daí, monte seu próprio mindset.

Absolutamente tudo em nossas vidas, seja no âmbito pro-


fissional ou no pessoal, está diretamente ligado ao que pensamos
e destes surgem nossas ações. Não adianta tentar mudar uma
atitude se a mentalidade não for alterada, pois logo o comporta-
mento anterior voltará a ser executado.

O que traz resultados em nossas vidas

Todo mundo já se perguntou por que algumas pessoas


têm, naturalmente, hábitos mais saudáveis e são mais felizes
com isso, ou então possuem mais facilidade para desenvolver
uma habilidade ou aprender um idioma ou qualquer coisa que de-
sejem? Isso acontece porque estas pessoas possuem um mind-
set favorável para estes comportamentos.

Nossa mente funciona como um computador onde o mind-


set seria o processador ou software que determina como ele vai
funcionar.

Para ilustrar, um exemplo disso é quando alguém que cos-


tumava ouvir que “É pecado deixar sobrar comida no prato”, pode
ter dificuldades para controlar as quantidades na sua alimentação
e ter dificuldades para emagrecer, pois sua mentalidade apren-
deu que o correto é comer tudo que está disponível. Um outro
exemplo é de alguém que presenciou algum familiar com dificul-
dades financeiras. Esta pessoa pode ter um mindset que prioriza
estabilidade profissional e evita correr riscos. Estes pensamentos
podem ser muito úteis para algumas pessoas, mas podem ser
limitantes para alguém que deseja abrir seu próprio negócio ou
142 ter uma vida diferente da que possui hoje.

Os pensamentos geram sentimentos. Os sentimentos ge-


ram ações. E as ações geram os resultados. Como ensina Paulo
Vieira, PhD. Primeiro você comunica a sua ideia. Depois pensa
nela. Começa sentir as reações dela. Acredita nela e aí vira reali-
dade!

Outro exemplo, um mindset fixo te traz pensamentos como


“Eu não sou capaz”, “Eu sou uma pessoa melhor que ele”, “Eu
não sou disciplinado”, “Eu não sou um bom pai/uma boa mãe”.
E seus pensamentos geram seus sentimentos, que geram suas
ações e resultados. Imagine quais resultados cada um destes
pensamentos pode gerar em sua vida, nas pessoas que o ro-
deiam, na família de um modo geral.

Com um mindset fixo, você acredita que sempre preci-


sa provar algo. Por exemplo, “Se eu não conseguir emagrecer
vão achar que sou fraco”, “Se eu não ganhar bem o suficiente
vão pensar que sou burro”, “Se eu não conseguir fazer isso vou
mostrar que sou um fracasso”. E são estes pensamentos que te
fazem desistir e te impedem de recomeçar e principalmente de
obter sucesso.

Já em um mindset crescente, os desafios não te mostram


como você “é”, mas sim como você “está”. Você entende que, no
momento, possui um bom nível de capacidade para buscar um
objetivo, e se este nível não for o suficiente, você pode desenvol-
vê-lo.

De acordo com Carmona (2017), há 19 maneiras práticas


para mudar mindsets e superar obstáculos mentais:

1. Busque a adversidade: devemos fazer algo que vá além


dos nossos limites. Nada dará mais prazer, que provar
para você mesmo que consegue fazer algo que pensava
ser além de seus limites. 143
2. Tenha uma equipe: ninguém faz isso sozinho, então, una-
se aos amigos ou familiares para trabalhar em conjunto
para conduzir sua vida para frente. Entre em um grupo
idealizador, faça atividades em grupo.

3. Descreva suas emoções: preste muita atenção em suas


emoções, isso aumentará a atividade nas áreas associa-
das com foco e consciência em nosso cérebro. Isso per-
mitirá que você, em seguida, escolha conscientemente um
novo caminho.

4. Escolha novas histórias: sabemos das histórias de quem


somos, como o mundo funciona e como as pessoas são.
Mas, muitas vezes estas histórias podem desmotivar.
Mesmo quando a economia está ruim, muitos ainda estão
ganhando dinheiro. Assim é possível escolher acreditar na
história de que a economia está ruim ou pode escrever que
o mundo está propício para lucrar.

5. Faça um diário: sempre que se encontrar preso ou enfren-


tando um desafio na vida, escreva seus pensamentos em
um diário. Isso permitirá que tire os obstáculos da sua ca-
beça e consiga se separar do impacto da experiência. Isso
traz o cérebro consciente ao jogo, enquanto reduz os efei-
tos do cérebro inconsciente, emocional.

6. Exercícios: exercícios físicos são capazes de melhorar a


rotina em todas as áreas de sua vida e aumenta a sua au-
toconfiança geral. Os exercícios também lhe darão ener-
gia para superar os desafios da vida que você pode estar
enfrentando.

7. Procure ir para a natureza: A interação com a natureza


melhora a qualidade de vida e o seu cérebro funcionará
144 melhor. Sem falar que este contato te trará paz, calmaria e
relaxamento.

8. Comemore seus sucessos: Celebre todas as suas vitórias,


por menores que sejam. Isso fará que seu cérebro mante-
nha as ações que o reconduzirão àquela emoção agradá-
vel.

9. Procure novos objetivos: Anote em uma lista todos os ob-


jetivos que deseja alcançar no futuro. Esta ação lhe dará
algo para se concentrar e uma razão para continuar em
qualquer luta que possa surgir em sua jornada. Aqueles
que definem metas e as anota são muito mais propensos
a ter sucesso, do que aqueles que não o fazem, por isso,
conseguem vencer obstáculos mentais.

10. Foco na confiança: lembre-se de um momento em que se


sentiu mais confiante do que em qualquer outro de sua
vida. Concentre-se neste momento, na sensação, nos ges-
tos do seu corpo. Seu corpo vai começar a associar estes
gestos ao sentimento de confiança.

11. Lembre-se dos momentos: de todos aqueles momentos


que houve um fracasso em sua vida e crie novos significa-
dos para eles, perguntando-se o que aprendeu com eles
e que jamais foram fracassos. As lembranças podem ser
alteradas e até mesmo falsas recordações podem ser im-
plantadas nas pessoas. Isto significa que podemos voltar
no tempo e mudar as nossas memórias simplesmente re-
tratando repetidamente o evento, ancorado em um estado
positivo, de modo que o significado dela vai se tornar uma
forma positiva.

12. Pense no outro: A próxima vez que se encontrar enfren-


tando um desafio que parece insuperável, pergunte-se o
que alguém que o admira faria em seu lugar. Uma das ma-
neiras mais rápidas para conseguir o que quer na vida é 145
encontrar alguém que tem o que você quer e fazer o que
ele têm feito.

13. Controle sua linguagem corporal: a linguagem corporal


realmente muda o funcionamento interno do nosso cére-
bro. Incorpore uma postura de confiança onde quer que
vá. Isso vai se enraizar profundamente em sua mente e
seu ser vai se tornar mais confiante. O cérebro reage con-
forme a postura que se adota na linguagem corporal.

14. Use palavras de confiança: se todos os dias você utilizar


palavras como: “deprimido”, “triste”, “fracassado”, acaba-
remos ficando assim e não saberemos como vencer os
obstáculos mentais. Estudos demonstraram repetidamen-
te que, quando as pessoas são expostas a palavras rela-
cionadas como “velhice”, elas são mais lentas na vida do
que aquelas que foram expostas a palavras mais jovens.
Use palavras como “forte”, “imparável” e “confiante” regu-
larmente no seu vocabulário diário.

15. Faça novas perguntas: normalmente os nossos pensa-


mentos são perguntas ou respostas. Se você discordou, é
porque sua mente perguntou “ele está certo ou errado?”.
A maioria das pessoas faz perguntas como “O que há de
errado comigo?” ou “Por que não posso fazer isso?”. Se
você fizer perguntas como essas, seu cérebro vai encon-
trar uma resposta. Em vez disso, pergunte a si mesmo “O
que é bom sobre esta situação?” ou “Como eu posso fazer
este trabalho?”. As perguntas que você se fizer moldarão a
sua experiência de vida.

16. Programe a sua confiança: se falarmos sobre algo, é um


sonho; se imaginarmos algo, é possível; mas se o progra-
marmos, é real. Tudo o que você quer, o que desafia você,
coloque no calendário e programe tudo. Quer mais clien-
146 tes? Quer melhorar sua taxa de conversão? Quer ser con-
vincente com as palavras?

17. Concentre-se: durante 10 minutos por dia, sente-se em


silêncio, sem distrações, e fique apenas com seus pensa-
mentos. Isso vai melhorar sua capacidade de se concen-
trar para encontrar soluções aos desafios e criar a vida que
quer viver, em vez de viver à mercê das circunstâncias.

18. Faça alguma coisa: Quem não ama a obtenção de resulta-


dos? Se quisermos descobrir uma resposta a um desafio,
faça e realize algo. Não importa quão pequena seja, defina
uma tarefa relacionada ao seu desafio e vá até a conclu-
são dela.

19. Tenha ações desejadas e deixe-as programadas automa-


ticamente: a chave para dominar o autocontrole e a força
de vontade frente a um desafio é aprender a construir há-
bitos positivos. Continue a praticar uma ação desejada por
pelo menos 30 dias para que seja automático. Pratique a
construção de um hábito desejado para ajudá-lo a se sentir
mais realizado e no controle de sua vida.

Pratique ouvir os pensamentos gerados por sua mente e


identifique suas crenças. Pense nas suas experiências do passa-
do e como elas podem estar influenciando suas atitudes do pre-
sente. Encare suas características como estados que podem ser
desenvolvidos e crie gradativamente um mindset crescente, que
aumentará seus resultados em qualquer área da sua vida.
12 – PESQUISA SOBRE FELICIDADE
147

Eu, como autor, não poderia deixar de buscar mais argu-


mentos sobre felicidade, então, me propus a fazer uma pesquisa
sobre o tema, pois, não basta falar, escrever ou teorizar, pois, a
humanidade sempre buscou ser feliz, e é o que priorizamos em
nossa jornada terrena. Felicidade é vida, é nossa existência, é
nosso legado e maior busca neste caminho chamado vida.

Por isso, fomos a campo, em busca de descobrir o que as


pessoas acham que é felicidade.

Eis o questionário aplicado em 2018, para 307 pessoas


diversas, sem discriminação e para quem desejasse responder
espontaneamente.

Nome: .........................................................................................

Cidade: ............................................... Estado...............................

e-mail: ............................................................................................

Questões:

1. Qual sua Faixa Etária ?

( ) De 18 a 25 anos

( ) De 26 a 35 anos

( ) De 36 a 45 anos

( ) De 46 a 55 anos

( ) Acima de 56 anos
2. Gênero
148 Masculino ( ) Feminino ( ) Outros (qual) ________________
Perguntar o gênero, pois para cada gênero, a felicidade pode ser
diferente.
3. Qual a rede social que você mais usa?
( ) Facebook
( ) Twitter
( ) Instagram
( ) Google
( ) Outro Qual? .................................................
4. Qual seu grau de instrução?
( ) Ensino Fundamental
( ) Ensino médio
( ) Graduação
( ) Pós-graduado
( ) Mestrado
( ) Doutorado
5. Qual sua renda mensal (R$)
( ) Até 1.000,00
( ) De 1.000 até 3.000
( ) De 3.001 até 5.000
( ) De 5.001 até 10.000,00
( ) Acima de 10.000,00
( ) Prefiro não responder
6. Leia as questões a seguir e assinale uma alternativa que mais
se relaciona com você. 149
a. Você é Feliz?
SIM ( ) NÃO ( )
b. Por que?
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
c) Assinale a seguir o item que mais se relaciona com você. Fe-
licidade está ligada:
1. Ao dinheiro ( )
2. A convivência familiar ( )
3. Em servir os outros ( )
4. Ao estado de espírito ( )
5. A determinados momentos da vida ( )
6. A fé ( )
7. Ao amor ( )
8. Aos bens materiais ( )
9. Ao Ser ( )
10. A sensação do dever cumprido ( )
11. Realização profissional ( )
12. Outros ( )
Resultados Obtidos:
150
Cidades Total %
São Paulo 132 43,0
Porto Alegre 7 2,3
Recife 1 0,3
Araçariguama 1 0,3
Taboão da Serra 5 1,6
Uberlândia 1 0,3
Cotia 73 23,8
Sorocaba 3 0,9
Osasco 6 2,0
Ponta Grossa 1 0,3
Mongaguá 2 0,7
Paulínia 1 0,3
São Bernardo do Campo 5 1,6
Embu das Artes 2 0,7
Vinhedo 4 1,3
Barueri 1 0,3
Maceió 1 0,3
Vargem Grande Paulista 5 1,6
São Jose dos Campos 1 0,3
Belo Horizonte 5 1,6
Carapicuíba 4 1,3
Diadema 1 0,3
Jandira 1 0,3
Jundiaí 2 0,7
Vitoria da Conquista 2 0,7
Santo André 1 0,3
Agudos 1 0,3
Santana de Parnaíba 1 0,3
Jacareí 2 0,7
São Caetano do Sul 1 0,3
Campo Limpo Paulista 1 0,3
Bertioga 1 0,3
Nova Lima 1 0,3
Oriximiná 1 0,3
Itaboraí 1 0,3 151
Manaus 2 0,7
Caxias do Sul 6 2,0
Curitiba 13 4,3
Pinhalzinho 1 0,3
Quatro Barras 1 0,3
Guaratuba 1 0,3
Brasília 1 0,3
Mogi das Cruzes 1 0,3
Valinhos 1 0,3
Rio de Janeiro 2 0,7
Itupeva 1 0,3
Total Geral 307 100

Faixa Etária Total %


De 18 a 25 anos 18 5,9
De 26 a 35 anos 60 19,6
De 36 a 45 anos 127 41,5
De 46 a 55 anos 64 20,9
Acima de 56 anos 38 12,1

Sexo Total %
Feminino 159 52
Masculino 148 48

Rede Social Total %


Facebook 125 41
Google 66 22
Instagram 78 25
Outra Rede Social 29 9
Twitter 9 3
Grau de Instrução Total %
152 Ensino Fundamental 4 1
Ensino Médio 43 14
Graduação 124 41
Mestrado 44 14
Pós-graduado 92 30

Renda Mensal Total %


Até R$1.000,00 6 2
De R$1.000,01 até R$3.000,00 36 12
De R$3.000,01 até R$5.000,00 42 14
De R$5.000,01 até R$10.000,00 62 20
Acima de R$10.000,00 119 39
Prefiro não responder 42 13

Você é Feliz Total %


Sim 296 97%
Não 11 3%

Discriminação Total %
Felicidade Ligada ao Dinheiro 33 10,8%
Felicidade Ligada a convivência familiar 167 54,6%
Felicidade Ligada em servir os outros 100 32,7%
Felicidade Ligada ao estado de espirito 105 34,3%
Felicidade Ligada a determinados momen- 44 14,4%
tos da vida
Felicidade Ligada a Fé 110 35,9%
Felicidade Ligada ao amor 108 35,3%
Felicidade Ligada ao Ser 43 14,1%
Felicidade Ligada a sensação do dever 86 28,1%
cumprido
Felicidade Ligada a Realização profissional 76 24,8%
Felicidade Ligada a Outros Fatores 11 3,6%
Com os resultados da pesquisa sobre felicidade, podemos
tirar a seguinte análise: 153
Na faixa etária, temos o maior percentual entre 36 a 45
anos, sendo uma renda mensal entre R$ 5.000,00, R$ 10.000,00
e acima de R$ 10.000,00. Esta faixa de renda é considerada alta
para os padrões brasileiros no atual momento em que o país vive.
E a maioria deles, tem formação universitária. Há pouca diferença
entre o número de homens e mulheres respondentes. O número
de maior índice de respostas sobre as redes sociais, foi apontado
pelo Facebook.

Ao final, a maioria esmagadora respondeu que é feliz e que


esta felicidade está ligada diretamente à convivência familiar.

Com isso, validamos os resultados obtidos com a maioria


das pesquisas feitas por vários cientistas e estudiosos sobre o
assunto.

Para darmos mais embasamento, reunimos algumas pes-


quisas, a seguir discriminadas, que descobriram aspectos curio-
sos sobre a felicidade.

Um resumo de vários resultados de pesquisas sobre felicida-


de ao redor do mundo

• Estar no emprego errado é muito pior que estar sem em-


prego. Se você se sente infeliz, não hesite em procurar o
que te faz bem.

• Pessoas que costumam acordar cedo são mais felizes. Se-


gundo pesquisa publicada em maio de 2012 pela Universi-
dade de Toronto, no Canadá, a rotina de acordar cedo con-
sequentemente faz com que se durma mais cedo, criando
um relógio biológico propício ao relaxamento.
154
• Pessoas mais velhas são mais felizes. Para os estudiosos
da Universidade de Maastricht, na Holanda, a curva do ní-
vel de felicidade ao longo da vida pode ser descrita como o
formato de um ‘U’: os níveis mais altos são quando somos
jovens e quando estamos mais velhos. A justificativa para
a relação entre idade e felicidade é que, por já terem visto
e vivido muita coisa, os idosos lidam melhor com a ansie-
dade e frustração, preocupando-se apenas com o neces-
sário.

• Ser gentil faz com que as pessoas queiram ficar perto de


você. Por meio de simples práticas diárias, que transfor-
mam a nossa bioquímica e acalmam nossas mentes, po-
demos não apenas nos sentir mais felizes, mas, ao irra-
diarmos energia positiva, podemos também ajudar outras
pessoas ao nosso redor a se sentirem melhores.

• Pessoas com mais amigos são mais felizes e têm amiza-


des mais sólidas. Funciona como um ciclo: quanto mais
gentil você for, mais amigos verdadeiros você terá e, con-
sequentemente, mais feliz e grato vai ser, segundo pesqui-
sa da Universidade de Illinois, nos EUA. Brasileiros estão
mais felizes na terceira idade.

• A posição corporal influencia no bem-estar. Quantas vezes


não nos pegamos em uma posição curvada e com os om-
bros caídos? Se você estiver assim agora, estique bem a
lombar e abra o peito. Percebeu uma mudança? Segundo
uma pesquisa do PhD e especialista em terapia de movi-
mentos de dança Tal Shafir, ficar em posições retraídas
atrai sentimentos depressivos e negativos, enquanto posi-
ções expansivas melhoram a energia.

• Ser feliz é responsabilidade sua, mas também depende da


herança genética. De acordo com pesquisa liderada pela
Universidade de Edimburgo, na Escócia, de 40% a 50% da 155
nossa felicidade depende da força de vontade de cada um.
Podemos de fato fazer coisas intencionalmente para nos
tornarmos mais felizes. Porém, a felicidade também é re-
sultado de um fator fisiológico. Se 50% é força de vontade,
a outra metade é uma mistura entre genética e a harmonia
do ambiente em que cada um foi criado.

• Ser infeliz é mais fácil que ser feliz, concluiu uma pesquisa
do Instituto Brookings, organização dedicada a pesquisas
independentes e políticas de inovação (EUA). Pessoas in-
felizes secretam níveis mais elevados dos hormônios do
estresse, como o cortisol – até 32% a mais! Estamos infe-
lizes especialmente quando estressados e não sabemos
como lidar com isso.

• Alcançar a felicidade é uma questão de equilíbrio. É saber


equilibrar as expectativas associadas à realidade. Para os
estudiosos da Universidade Nacional de Taiwan, ser uma
pessoa otimista (mas realista) é um caminho para ser mais
pleno e feliz. Ter uma visão positiva da realidade nos faz
ver que a vida não é tão dura quanto parece.

• O equilíbrio também é necessário no que diz respeito ao


seu passado, presente e futuro. Saber o que cada um re-
presenta e manter suas perspectivas condizentes com
cada momento é essencial para ter uma vida mais leve.
É não ser rancoroso, ter boas expectativas para o futuro e
cultivar gratidão pelo passado e presente, segundo estu-
dos da Universidade Nacional de São Francisco, nos EUA.

• O ditado que diz que dinheiro não traz felicidade foi cien-
tificamente comprovado. Segundo Eugenio Proto e Aldo
Rustichini, das Universidades de Warwick e Minnesota,
nos Estados Unidos, dinheiro não só não traz felicidade,
como é capaz de diminuir os pensamentos felizes. Foi o
156 que eles observaram com pessoas que têm um salário
considerado alto.

• Oito estudos independentes conseguiram chegar a uma


conclusão: viver experiências traz mais felicidade que
consumir produtos. Gastar seu dinheiro com mercadorias
pode ser aborrecedor, pois o sentimento de insatisfação é
constante. Qual dessas coisas você lembra primeiro: sua
última compra ou a sua última viagem?

• Ficar com fome pode fazer você feliz. Diversas religiões


usam o jejum como prática ritual. Apesar de parecer uma
ideia ruim, na verdade ela tem um efeito positivo: a fome
libera um hormônio que faz com que a pessoa se sinta me-
nos estressada e mais motivada – mesmo que seja para
procurar comida. É um período em que a mente fica leve
e concentrada, de acordo com pesquisa financiada pelo
Instituto Nacional de Saúde dos EUA.

• Adotar um filhote torna as pessoas mais felizes. Animais


são uma fonte poderosa de estabilidade emocional e so-
cial. Segundo pesquisa realizada pela Universidade de
Miami, nos EUA, donos de animais têm a autoestima mais
alta e são mais extrovertidos. Consequentemente, seu es-
tado de felicidade é mais constante.

Outros estudos feitos por Harvard

George Bradt, escritor, consultor e colunista de liderança da


Forbes fez um estudo e pesquisou também a resposta para a feli-
cidade. Para chegar a algumas conclusões, ele analisou estudos
feitos anteriormente. Um deles é o Grant Study, considerado um
dos maiores estudos já realizados sobre felicidade que analisou,
entre 1939 e 1944, 268 estudantes de Harvard.
157
A pesquisa, liderada pelo psicanalista George Vaillant, trouxe
diversas novas análises sobre comportamento humano e psicolo-
gia. Bradt destaca dois pontos específicos do estudo: “Felicidade
é amor” e “se o alcoolismo não é a raiz de todo o mal, ele está
estreitamente relacionado com a infelicidade”.

Outra pesquisa consultada foi feita em 2010, realizada com


pessoas que estudaram em Harvard nos anos 1980. Cada um
respondeu 100 perguntas sobre suas vidas. A conclusão do estu-
do é que a felicidade vem de três bens, que motiva todo mundo:

1. Fazer o bem para os outros (dê contribuições, cultive rela-


ções que sejam importantes para você);

2. Fazer as coisas em que você é bom (faça pouco as coisas


em que você sabe que não é bom);

3. Fazer o bem para você mesmo (mantenha a sua saúde e


bem-estar, a sua saúde financeira, e o equilíbrio entre tra-
balho e vida pessoal).

Cruzando estes estudos, Bradt concluiu que o segredo da


felicidade é composto por 3 atitudes:

1. Fazer o que se ama;

2. Estar próximo a amigos;

3. Conseguir estar saudável psicologicamente, financeira-


mente ou emocionalmente.

• 47% das pessoas que se dizem extremamente felizes di-


zem que gostam de sua atual ocupação.
• 62% dos que se dizem extremamente felizes não têm e
158 dizem não esperar ter uma crise de ‘meia-idade’

• 75% das pessoas extremamente felizes dão uma classifi-


cação altíssima quando questionadas sobre o quanto pes-
soas próximas pesam no alcance do sucesso pessoal

• 78% dos que se dizem extremamente felizes disseram que


praticam exercícios ao menos três vezes por semana

• 93% dos que se dizem extremamente felizes disseram ter


uma boa saúde

• 44% dos que se dizem extremamente felizes disseram que


conseguem ter o equilíbrio entre o trabalho e a vida pes-
soal

Apesar de todos os conselhos e conclusões, para Bradt,


a felicidade pode ser definida em uma palavra: Escolha.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
159

Como ninguém pode fazer opções por você, para ser feliz
escolha:

Manter sua honestidade: você pode até não ganhar nada


por ser honesto, mas jamais irá perder. O universo é muito exa-
to, plante e colherá exatamente o que plantar, nada mais, nada
menos.

Acreditar em si mesmo: se você não acreditar em si mes-


mo, como os outros irão te dar credibilidade e valor. Lembre-se,
tudo começa de dentro para fora.

Ter um objetivo e diretriz de vida: quem não tem um rumo,


pode ser levado para qualquer lugar, e geralmente, para lugares
na vida não tão bons.

Tomar suas próprias decisões: prefira se arrepender do


que fez, do que aquilo que deixou de fazer. Não chegue aos 60
anos de idade pensando “se eu tivesse feito isso ou aquilo, hoje
minha vida seria diferente, seria melhor do que é”. Isso é triste
demais. Faça isso com responsabilidade.

Trabalhar muito por aquilo que acredita: somos o que acre-


ditamos ser, seja você, ninguém será feliz trabalhando ou fazen-
do algo para agradar aos outros.

Não desistir de nada: não seja amanhã um ser frustrado,


infeliz ou amargo. Pense, pondere e siga o que seu coração de-
seja. Se ele se quebrar por isso, nada como um novo objetivo
para reconstruí-lo.

Aprender com os erros: o mínimo que aprendemos com


nossos erros é não cometê-los mais. Erros são aprendizado, nos
dá sabedoria sem preço;
160
Seja confiante em tudo que fizer: se você não confiar em
você, quem confiará?

Pense no semelhante: ninguém consegue ser feliz através


da infelicidade do outro. Assim o que você fizer para alguém, em
algum momento, alguém irá fazer para você.

Faça o bem que a felicidade vem!


REFERÊNCIAS
161
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interação humana nas ciências sociais. In: Tempo Social, Re-
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GLOBO.COM. Você sabe o que a sua foto de perfil da


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globo.com/programas/mais-voce/O-programa/noticia/2013/02/
voce-sabe-o-que-a-sua-foto-de-perfil-da-rede-social-diz-sobre-
-voce.html.
ISTO É. Por que ser gentil vale a pena. 2009. Disponível
162 em: https://istoe.com.br/18737_POR+QUE+SER+GENTIL+VA-
LE+A+PENA/. Acesso em> 26/06/2018.

LINDIZZIMA. Especialistas analisam o que sua foto de


perfil de redes sociais diz sobre você. 2014. Disponível em:
http://www.lindizzima.com.br/pt/especialistas-analisam-o-que-
-sua-foto-de-perfil-de-redes-sociais-diz-sobre-voce/. Acesso em:
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