3.radar DRsig
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3.1 Introdução
A deteção remota com ondas micro inclui a forma ativa e a forma passiva. Como já vimos, a
região do espectro dos micro-ondas abrange comprimentos de onda que podem variar de 1
centímetro até 1 metro. Estes comprimentos de onda são grandes quando comparados com as
do espectro do visível e do infravermelho, razão pela qual apresentam propriedades que são
particularmente importantes em deteção remota. Devido aos seus grandes comprimentos de
onda, a radiação micro-ondas penetra e atravessa nuvens, neblina, nevoeiro, pó e chuva (fig.
3.1) já que não estão sujeitos à difusão atmosférica que afeta a radiação com comprimentos de
onda mais pequenos. Esta propriedade permite fazer deteção remota sob quase todas as
condições ambientais e atmosféricas, permitindo a aquisição de dados em qualquer momento.
Figura 3.1. A radiação micro-ondas penetra e atravessa a neblina, o nevoeiro, as nuvens, e a poeira, exceto chuva
muito forte.
baixa quando comparada com os comprimentos de onda do visível. Por isso o campo de visão
do sensor deve ser suficientemente amplo para poder detetar alguma energia e para que possa
registar um sinal desta. Por esta razão os sensores passivos de micro-ondas são caracterizados
por terem uma resolução espacial muito baixa.
A deteção remota fazendo uso da energia micro-ondas registada por sensores passivos é
utilizada em vários campos de aplicação dos quais se destacam a meteorologia, a hidrogeologia
e a oceanografia. Olhando “para” a, ou “através” da, atmosfera, os meteorologistas usam a
energia micro-ondas passiva para medir os perfis atmosféricos e para determinar a quantidade
de água ou de ozono existente na atmosfera. Os hidrogeólogos usam a energia micro-ondas
passiva para medirem a humidade do solo, uma vez que a emissão micro-ondas é influenciada
pela taxa de humidade. As aplicações em oceanografia incluem a cartografia de placas de gelo
no mar, correntes, ventos superficiais, e ainda a deteção de poluentes como é o caso das
manchas de crude (hidrocarbonetos).
Os sensores ativos de micro-ondas (fig. 3.3) emitem a sua própria energia a fim de
“iluminarem” os objetos alvo e são divididos em duas categorias: os sensores que geram
imagem e os sensores que não geram imagem. O sensor ativo micro-ondas mais comum que
gera imagens é o RADAR. RADAR é as iniciais de RAdio Detection And Ranging, que quer
dizer deteção e telemetria (isto é, medir distâncias) por ondas rádio. O sensor transmite micro-
ondas (sinal rádio) em direção ao objeto alvo e deteta a parte retrodifundida do sinal, ou seja, a
resposta do objeto a essas ondas eletromagnéticas. A intensidade do sinal retrodifundido é
medido para diferenciar os objetos alvo e o tempo que demora entre a transmissão e a receção
do sinal permite determinar a distância (ou o alcance) a que se encontra o objeto alvo.
seja muito diferente e possua propriedades diferentes das imagens obtidas no intervalo do
visível e infravermelho do espectro eletromagnético. Estas diferenças permitem que os dados
de radar e os dados obtidos no espectro do visível se possam complementar permitindo obter
diferentes perspetivas da superfície da Terra uma vez que fornecem informações diferentes.
Algumas destas propriedades e diferenças serão analisadas ao longo deste capítulo.
A primeira experiência de transmissão de micro-ondas e sua resposta por diferentes objetos foi
realizada por Hertz em 1886. No início do século XX foram desenvolvidos os primeiros radares
para deteção de navios. Nas décadas de 1920 e 1930 foram ensaiados os primeiros radares
dirigidos ao solo para deteção de objetos à distância. Os primeiros radares usados durante a 2ª
Guerra Mundial possuíam um movimento rotativo e eram utilizados para deteção e
posicionamento de aviões e navios. Após a guerra, os radares aerotransportados com antena
lateral (SLAR – Side-Looking Airborne Radar) foram desenvolvidos pelos militares para
reconhecimento do terreno. Eram usados radares aerotransportados que obtinham uma imagem
de uma faixa de terreno ao longo do voo. Durante os anos 50 os militares melhoraram os SLAR
e desenvolveram o radar de elevada resolução SAR (Synthetic Aperture Radar). Nos anos 60
estes radares foram disponibilizados para fins civis e começaram a ser usados em aplicações de
cartografia civil. De seguida foram desenvolvidos vários sistemas de radar aerotransportados e
em satélites para fins cartográficos e monitorização do terreno.
Os fornos micro-ondas utilizam magnetómetros de banda “S” situada na gama de frequências entre os 2 e os 4
GHz, que correspondem a intervalos de comprimentos de onda entre os 15 e 7,5 centímetros. A rede metálica
utilizada no fabrico da porta é de tal forma “fina” (a malha é muito inferior a 7,5 cm) que age como se fosse uma
superfície metálica uniforme. Esta rede evita que as ondas micro se escapem para o exterior do forno e ao mesmo
tempo permitem boa visibilidade para o seu interior, permitindo deixar passar comprimentos de onda do visível,
que são bem mais pequenos.
se vai deslocando, a receção, registo e tratamento do sinal fornece uma imagem da superfície
em duas dimensões.
A figura 3.6. mostra duas imagens radar da mesma área da superfície da terra (campos
agrícolas) obtidas com diferentes bandas radar. A primeira foi obtida por um radar com banda
C enquanto a segunda foi obtida com banda L. É possível observar diferenças importantes no
modo como os mesmos campos agrícolas surgem em cada uma das imagens. Estas diferenças
são o resultado da forma como a energia do radar interage com a vegetação dependendo do seu
comprimento de onda.
banda C
banda L
Figura 3.6. Duas imagens radar obtidas com diferentes bandas.
Dentro do corredor “lido” por varrimento (fig. 3.10), a zona mais próxima do nadir é designada
alcance proximal (A) enquanto a zona mais afastada do nadir é designada alcance distal (B).
O ângulo de incidência (fig. 3.11) é o ângulo entre o feixe do radar e a normal à superfície do
solo (A); o ângulo de incidência aumenta gradualmente desde a zona de alcance proximal para
a zona de alcance distal. O ângulo de visada (B) é o ângulo a partir do qual o radar “ilumina”
o terreno; na zona do alcance proximal a visada pode ser considerada como sendo mais abrupta
quando comparada com a zona de alcance distal na qual a geometria da visada é mais rasante.
Para todos estes parâmetros, a antena do radar mede a distância radial entre o radar e qualquer
objeto alvo existente na superfície, designada distância oblíqua (C). A distância no solo (D)
é a verdadeira distância horizontal medida no solo, que corresponde a cada um dos pontos
medidos segundo a distância oblíqua.
Figura 3.10. Alcance proximal (A) e alcance distal (B). Figura 3.11. Ângulo de incidência (A), ângulo de visada
(B), distância oblíqua (C) e distância do solo (D).
Ao contrário dos sistemas óticos, a resolução espacial de um radar varia em função das
propriedades específicas da radiação micro-ondas e dos efeitos geométricos. Se para obter uma
imagem for usado um radar com abertura real (RAR - Real Aperture Radar) (usado como radar
de visada lateral), um simples impulso transmitido e respetivo sinal retrodifundido são
suficientes para formar a imagem. Neste caso, a resolução depende apenas da duração e
comprimento do impulso segundo a distância oblíqua (parâmetro C da fig. 3.11) e da largura
do corredor de varrimento segundo a direção do azimute (parâmetro E da fig. 3.9).A resolução
transversal ou alcance (fig. 3.12) depende da duração e comprimento do impulso (P). Dois
objetos alvo iguais existentes na superfície vão ser diferenciados na dimensão transversal se a
distância entre eles for maior do que a metade do comprimento do impulso. Por exemplo, na
figura 3.12, os objetos 1 e 2 não são identificados em separado enquanto os objetos 3 e 4 o são.
A resolução em distância-tempo permanece constante. Contudo, quando ela é projetada em
termos de distância do solo a resolução depende do ângulo de incidência. A resolução de
distância do solo decresce à medida que o alcance aumenta.
A resolução longitudinal ou azimutal (fig. 3.13) é determinada pela largura angular do feixe
de micro-ondas emitido e pela distância oblíqua (parâmetro C da fig. 3.11). A largura do feixe
(A na fig. 3.13) é a medida da largura do feixe de iluminação. À medida que aumenta a distância
ao sensor, a resolução azimutal aumenta (tornando-se mais grosseira). Na figura 3.13, os objetos
1 e 2, que se encontram no alcance proximal do radar, são discernidos, enquanto os objetos 3 e
4, que se encontram no alcance distal, não o são. A largura do feixe do radar é inversamente
proporcional ao comprimento da antena (também referida como abertura), donde uma antena
comprida produzirá um feixe mais estreito e uma melhor resolução.
É possível obter melhores resoluções transversais utilizando dois pequenos impulsos, o que é
possível dentro de determinadas restrições de conceção. Podem ser obtidas melhores resoluções
longitudinais aumentando o comprimento da antena. Contudo, o comprimento da antena está
sujeito a limitações de transporte por parte das plataformas de transporte aéreo ou espacial. Para
os radares aerotransportados, o comprimento da antena está geralmente limitado a um ou dois
metros, enquanto para os radares transportados em plataforma satélite, as antenas podem ter 10
a 15 metros de comprimento. Para ultrapassar esta limitação, é utilizado o movimento para
diante da plataforma e ainda o registo e tratamento especiais do sinal retrodifundido para
simular uma antena mais comprida e deste modo aumentar a resolução longitudinal.
A figura 3.14 simula este processo. À medida que o alvo (A) é “iluminado” pelo feixe do radar,
os ecos (retrodifundidos) de cada um dos impulsos enviados, começam a ser registados. À
medida que a plataforma vai avançando, todos os ecos, por cada impulso enviado, provenientes
do objeto alvo vão sendo registados durante todo o período de tempo durante o qual o objeto
alvo está a ser “iluminado” pelo feixe. O momento em que o alvo deixa de ser iluminado pelo
radar determina o comprimento da antena simulada ou sintética (B). Os alvos posicionados no
alcance distal, para os quais o feixe é mais largo, vão ser iluminados durante mais tempo do
que os posicionados no alcance proximal. O alargamento do feixe combinado com o aumento
do período de tempo durante o qual o objeto alvo está a ser iluminado à medida que a distância
ao solo aumenta, equilibram-se de tal forma que a resolução permanece constante ao longo de
todo o corredor. Este método, utilizado para se obter uma melhor resolução azimutal ao longo
do corredor inteiro é chamado synthetic aperture radar, ou SAR. Muitos dos radares usados
em aviões e em satélites são deste tipo.
aos distais. Com a ajuda da trigonometria é possível calcular a real distância no terreno a partir
da distância oblíqua desde que conhecida a altitude da plataforma.
A figura 3.16 mostra esta conversão para comparar uma imagem radar com inclinação
oblíqua (em altura), nas quais os campos agrícolas e estradas posicionadas na zona proximal
(lado esquerdo da imagem) estão comprimidas, e a mesma imagem convertida para a distância
do terreno (em baixo) com as estruturas e suas formas geométricas corrigidas.
Tal como nas distorções existentes nas imagens obtidas por câmaras fotográficas e por sensores
de varrimento, as imagens radar apresentam distorções geométricas devido ao deslocamento
do terreno. Tal como acontece no caso das imagens obtidas por sensores de varrimento, este
deslocamento é unidimensional e perpendicular à direção de voo. No entanto este deslocamento
acontece no sentido do sensor em vez de se alongar. Este deslocamento do terreno manifesta-
se sob duas formas: encurtamento (foreshortening) e sobreposição (layover):
Quando um feixe do radar incide na base de uma grande estrutura inclinada no sentido do radar
(uma montanha, por exemplo) antes de alcançar o seu topo, pode ocorrer foreshortening
(encurtamento), figura 3.17. Aqui, e uma vez que o radar mede distâncias oblíquas, a encosta
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Outro tipo de deformação é o layover (sobreposição) que acontece quando o feixe do radar
incide no topo de um objeto elevado (B) antes de incidir na sua base (A), figura 3.19. O sinal
de retorno do topo é recebido antes do sinal de retorno da base. Como resultado, o topo do
objeto fica deslocado no sentido do radar relativamente à sua verdadeira posição no terreno e
“sobrepõe-se” à base (B´ a A´). Numa imagem radar o efeito layover (sobreposição) assemelha-
se bastante ao efeito foreshortening (encurtamento), Figura 3.19. Da mesma forma que o é para
o foreshortening, o layover é mais grave quanto menores forem os ângulos de incidência, nas
zonas proximais do feixe, e nas zonas montanhosas acidentadas.
Estes dois efeitos, “foreshortening” e “layover”, criam sombras na imagem radar (fig. 3.20).
Estas sombras acorrem porque o feixe não é capaz de “iluminar” toda a superfície do terreno.
Estas sombras aparecem no sentido das zonas distais, por trás de objetos verticais ou encostas
muito inclinadas. Uma vez que o feixe do radar não ilumina a superfície, as regiões sombreadas
aparecem pretas numa imagem porque não há energia disponível para a retrodifusão. À medida
que o ângulo de incidência aumenta das zonas proximais para as zonas distais o efeito de sombra
aumenta segundo o feixe do radar que ilumina a superfície de modo a ser cada vez mais oblíquo.
A figura 3.21 mostra uma imagem com efeitos sombra de radar sobre o lado direito de uma
colina, que está a ser iluminada no lado esquerdo.
Figura 3.20. As superfícies assinaladas a vermelho estão Figura 3.21. Efeito de sombra radar.
completamente na sombra. As zonas pretas na imagem
estão sombreadas e não contêm qualquer informação.
Considera-se uma superfície “lisa” quando a variação vertical é muito mais pequena do que o
comprimento de onda do radar. Quando a variação vertical é da ordem de grandeza do
comprimento de onda, a superfície tem aparência rugosa. Portanto, uma dada superfície aparece
mais rugosa sempre que o comprimento de onda diminui e mais suave sempre que o
comprimento de onda aumenta. Uma superfície lisa (A) gera uma reflexão especular de energia
incidente (geralmente com direção oposta ao recetor) e em consequência, só uma pequena
quantidade de energia retorna ao radar (fig. 3.23). Numa imagem radar as superfícies lisas
aparecem como regiões em tons mais escuros. Uma superfície rugosa (B) reflete energia em
todas as direções (ocorre difusão) e uma parte importante de energia é retrodifundida para o
radar (fig. 3.23). Numa imagem radar as superfícies rugosas aparecem com tons mais claros. O
ângulo de incidência em combinação com o comprimento de onda também têm um papel
importante na rugosidade aparente de uma superfície. Para um determinado comprimento de
onda e uma dada superfície, a superfície aparenta ser mais lisa à medida que o ângulo de
incidência aumenta. Então, à medida que nos afastamos no corredor de varrimento, da zona
proximal para a distal, menos energia é retrodifundida para o sensor e a imagem torna-se cada
vez mais escura.
Em terreno plano, o ângulo de incidência local é idêntico ao ângulo de visada (B) do radar, que
não acontece caso se trate de um terreno acidentado. Geralmente, os declives com inclinação
perpendiculares ao sentido do radar têm ângulos de incidência locais pequenos, causando um
forte sinal retrodifundido para o sensor, o que resulta numa tonalidade mais brilhante na
imagem radar.
Como o conceito de ângulo de incidência local o demonstra, a relação entre a geometria da
visada e a geometria da superfície têm um papel importante na maneira como a energia do radar
interage com os objetos e gera o correspondente brilho na imagem. As variações na geometria
de visada acentuam e aumentam a topografia e o relevo de diferentes maneiras, como por
Se a direção de visada é quase perpendicular à orientação da estrutura (A), uma grande porção
de energia incidente será refletida para o sensor e esta estrutura aparecerá em tons muito
brilhantes. Se a direção da visada é mais paralela em relação à orientação do elemento (B) uma
menor quantidade de energia será devolvida ao sensor e este elemento aparecerá em tons mais
escuros. Numa imagem, a direção da visada é importante para aumentar o contraste entre os
diferentes elementos. É importante ter uma boa direção de visada em regiões montanhosas de
forma a minimizar efeitos tais como layover (sobreposição) e escurecimento. A aquisição de
imagens resultantes do uso de diferentes direções de visada podem melhorar a identificação de
elementos com a ajuda de diferentes orientações relativamente ao radar.
Os objetos que possuam superfícies lisas formando um ou mais ângulos retos, podem formar
uma reflexão em canto (fig. 3.26) se os “cantos” estiverem face à direção geral da antena do
radar. Uma superfície em ângulo reto força a energia do radar a ser retrodifundida diretamente
para a antena devido a uma dupla (ou múltipla) reflexão. Os refletores com forma de canto e
diversas formas angulares complexas são frequentes em zonas urbanas (por ex.: edifícios e
pavimentos, pontes e outras estruturas construídas pelo homem). Refletores naturais com forma
em canto também podem existir tais como blocos isolados de rocha de grandes dimensões,
falésias ou vegetação cortante verticalmente à água. Em todos os casos, os refletores em canto
aparecem como objetos muito brilhantes assim como outras estruturas construídas
artificialmente (fig.3.27).
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40329 Deteção Remota e SIG Jorge Medina 3. Deteção Remota com RADAR
Figura 3.26. Reflexão em canto. Figura 3.27. Imagem radar de uma cidade.
Figura 3.29. Radar speckle: efeito salpicado de “sal e pimenta”. Figura 3.30. Campo coberto de erva.
O efeito salpicado é um tipo de ruído que degrada a qualidade da imagem e pode fazer com que
a interpretação (visual ou digital) seja mais difícil de fazer. Então, normalmente é preferível
reduzir este efeito salpicado antes da interpretação e análise das imagens. A redução deste
efeito salpico pode ser conseguido de duas formas:
− Processamento multi-imagem
− Filtragem espacial
Figura 3.32. Imagem radar antes e depois da redução do salpico usando um filtro com a média.
3.36) utilizam duas antenas paralelas, separadas por uma pequena distância, que registam o
sinal de retorno de cada célula de resolução. As duas antenas podem estar na mesma plataforma
(como acontece nos sistemas espaçotransportados SARs), ou então os dados podem ser obtidos
a partir de duas fases com o mesmo sensor, como acontece em alguns radares montados em
aviões e em satélites. Medindo com exatidão a diferença de fase entre dois sinais
retrodifundidos (A), a diferença de comprimento percorrida pode ser calculada com uma
precisão da ordem do comprimento de onda (isto é, centímetros). Sendo conhecida a posição
da antena relativamente à superfície da Terra, é possível determinar a posição (e elevação) da
célula de resolução.
Figura 3.39. Exemplos de polarizações horizontais (a preto) e verticais (a vermelho) duma onda eletromagnética.
Figura 3.40. Exemplo de como diferentes polarizações (HH, VV, HV e composição colorida) acentuam
diferentes aspetos duma zona agrícola.
Tanto o comprimento de onda como a polarização afetam a forma como um radar “vê” os
elementos de uma cena. Por conseguinte, as imagens radar obtidas com diferentes combinações
de polarização e comprimentos de onda podem fornecer uma informação diferente e
complementar. Além destas, a combinação de três polarizações numa composição colorida
permite extrair informação suplementar sobre as características da superfície observada.
polarimétrico. Conhecida a matriz de difusão é possível calcular a resposta do alvo para todas
as combinações possíveis de polarização transmissão-receção. Este cálculo que ilustra o poder
e flexibilidade do radar com polarimetria integral é designado síntese de polarização.
Com a ajuda da síntese de polarização, é possível criar uma imagem para melhorar a
detetabilidade de elementos selecionados, como por exemplo a deteção de navios no oceano.
Para encontrar a melhor combinação de polarizações transmissão-receção são calculadas as
assinaturas de polarização de um barco e do oceano para cada polarização. A combinação de
polarização de transmissão-receção que maximiza a razão do poder de retrodifusão é
subsequentemente utilizada para aperfeiçoar a detetabilidade das embarcações. Este
procedimento é designado “acentuação do contraste polarimétrico” ou a utilização de um “filtro
polarimétrico adaptado”.
Quanto à análise dos dados de receção, eles permitem medir e corrigir os efeitos da
concordância dos canais, da intermodulação e do ruido. Para além da análise dos sinais de
calibração internos, são utilizados os sinais de alvos conhecidos, tais como os refletores em
canto, os recetor-transmissores ativos, para calibrar alguns destes parâmetros.
resolução espacial que é independente da altitude da plataforma. Assim, é possível ter uma boa
resolução em qualquer uma das plataformas, aerotransportadas ou espaçotransportadas.
Ainda que a resolução espacial seja independente da altitude, a geometria de visada e o feixe
podem ser fortemente afetados por uma variação de altitude. Às altitudes operacionais dos
aviões, um radar aerotransportado deve cobrir uma grande amplitude de ângulos de incidência
(até 60 ou 70 graus de inclinação), para cobrir uma faixa de 50 a 70 km (fig. 3.41). Como vimos
nas secções anteriores, o ângulo de incidência tem um efeito importante sobre o sinal que é
refletido nas superfícies dos objetos e na forma como aparece na imagem. As características
das imagens, tais como o efeito de camadas e o sombreamento, estão sujeitos a grandes
variações por causa da grande variação de ângulos de incidência. Os radares espaciais são
capazes de contornar alguns destes problemas de geometria visual já que operam a altitudes que
são mais de 100 vezes superiores às dos radares aerotransportados. A altitudes de algumas
centenas de quilómetros, os radares espaciais podem adquirir imagens sobre faixas comparáveis
às dos radares aerotransportados, mas numa mais pequena gama de ângulos de incidência (entre
5 e 15 graus). Desta forma é possível uma “iluminação” mais uniforme e uma redução daquelas
variações indesejáveis que são devidas à geometria de visada (fig. 3.42).
Figura 3.41. Geometria de um radar aerotransportado. Figura 3.42. Geometria de um radar espaçotransportado
Ainda que os radares aerotransportados, devido à geometria que a lhes está associada, sejam
mais sensíveis a problemas com a imagem, eles são mais flexíveis no que respeita à capacidade
de aquisição dos dados a partir de diferentes ângulos e direções de visada. Otimizando a
geometria para um terreno em particular, ou adquirindo uma imagem a partir de mais do que
uma direção, alguns destes efeitos podem ser reduzidos. Além disso, um radar aerotransportado
é capaz de obter dados em qualquer lugar a qualquer hora (desde que as condições atmosféricas
permitam o voo). Um radar espaçotransportado não tem esta flexibilidade porque a sua
geometria de visada e o horário para aquisição de dados estão controlados pela sua órbita. No
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40329 Deteção Remota e SIG Jorge Medina 3. Deteção Remota com RADAR
entanto, os radares montados em satélites têm a vantagem de poderem adquirir imagens mais
rapidamente de grandes áreas do que os aerotransportados, com uma geometria de visada
consistente. A frequência desta cobertura pode não ser tão grande quanto a de um radar
aerotransportado, mas dependendo dos parâmetros orbitais, a flexibilidade da geometria de
visada e a área geográfica de interesse, um radar espacial pode ter um período de revisita de um
dia.
Tal como com qualquer avião, um radar aerotransportado está sujeito a variações de velocidade
e a quaisquer outros movimentos a ele associados, bem como às condições meteorológicas.
Para evitar erros daí resultantes (erros de artefacto) ou erros de posicionamento como resultado
das variações aleatórias no movimento do avião, o sistema radar deve utilizar um sistema de
navegação e telemetria sofisticado e um tratamento de imagem avançado para os compensar.
Geralmente estes sistemas permitem corrigir a maioria das variações do movimento, exceto as
mais extremas (como é o caso das turbulências). Os radares espaçotransportados não são
afetados por este tipo de movimentos. Na verdade, a sua órbita é geralmente muito estável e a
sua posição pode ser calculada com grande precisão. No entanto, tendo em conta outros efeitos,
tais como a rotação e a curvatura da Terra, para os radares montados em satélites têm que ser
feitas correções geométricas nas imagens, para que o posicionamento geométrico dos elementos
estudados, posicionados sobre a sua superfície, seja o apropriado.
e em azimute. O ângulo de incidência varia de zero, no nadir, até 70 graus, no ponto mais
afastado. Esta capacidade de adquirir dados com frequências e polarizações múltiplas e também
numa vasta gama de ângulos de incidência, permite que sejam realizadas múltiplas experiências
em investigação.
Canadiano para a Deteção Remota (CCRS- Csanada Center for Remote Sensing) depois dos
anos 70.