Pop-Up Cards (Origami Arquitetônico) Como Recurso Didático
Pop-Up Cards (Origami Arquitetônico) Como Recurso Didático
Pop-Up Cards (Origami Arquitetônico) Como Recurso Didático
A origem
Essa técnica de dobradura é muito antiga e remonta aos séculos IX e XII, quando samurais,
através da prática de construção de origamis, faziam exercícios de concentração.
O pop-up card é uma invenção mais moderna, do século XX e teve seu início com um
arquiteto japonês, conhecido como Masahiro Chatani. Ele uniu a técnica do origami com a do
kirigami (corte) e passou a confeccionar cartões tridimensionais, que eram enviados aos seus
amigos em datas festivas.
Em 1982 Masahiro Chatani fez sua primeira exposição com cartões construídos com essa
técnica, na cidade de Tóquio. Outras exposições começaram a ser montadas em outros lugares
do mundo como em Nova Iorque, por exemplo.
A fundamentação
Desde o nascimento, nós passamos a conhecer o mundo a partir do toque, até que nossa
acuidade visual e percepção do mundo que nos cerca, vá aumentando gradativamente. O
aprendizado da criança começa através do toque, levando os objetos à boca e estabelecendo
relações com o que dá prazer ou não (WIEISS, 1990).
O meio utilizado serve como um ponto de equilíbrio entre as palavras e as imagens e põe o
aluno como sujeito de sua aprendizagem, através da manipulação dos modelos construídos.
Isso permitirá que o aluno alcance um pensamento com maior nível de desenvolvimento.
Para CASTRO, não se pode esquecer da importância dos meios audiovisuais e/ou concretos:
Para comprovar o que se afirma, a retenção da memória nos alunos chega a 90%, quando lhes
foi explicado e realizaram atividades práticas na sala, ou seja, quando o concreto estava
presente nas experimentações e nos exercícios.
Desta forma, a execução de atividades práticas com intensidade e significação, ainda que
subjetiva para o indivíduo, torna mais prolongada a memória das coisas apreendidas. Então,
partindo dessas premissa, o meio proposto, uma vez que é um modelo concreto, que permite o
manuseio por parte do aluno, será objeto de motivação para o ensino da disciplina que se
estiver abordando.
Este tipo de trabalho está em consonância com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997),
em Matemática, que dispõe o seguinte:
Desta forma, o meio proposto cumpre uma função didática de grande importância que é
desenvolver no aluno a capacidade de tratar livremente com as competências e habilidades
adquiridas. Desta forma, a aplicação destes conhecimentos representa, de uma forma, a ponte
para a próxima prática profissional, já que permite ao aluno aplicar os seus conhecimentos
adquiridos e reelaborados, no trabalho produtivo, na vida real. Daí a sua grande importância
pedagógica. Uma ponte entre o real, sua representação e a sua manipulação. Desse ponto em
diante, o professor e os alunos sentem-se estimulados para trabalharem com outras questões
teóricas.
Segundo KLINGER:
Uma vez que se está trabalhando com um meio concreto, ainda que uma redução da realidade,
um modelo, o tempo necessário para estabelecer uma ponte com a realidade é menor do que a
visualização de um vídeo, fotografia, representação artística ou simples descrição textual.
Este meio pode ser utilizado com o método de trabalho independente, onde o aluno, a partir
de poucas ou nenhuma explicação do professor, inicia o seu trabalho investigativo, faz
observações, extrai regras e padrões, elabora suas conclusões e aplica-as a situações
Mas a utilização do pop-up card não pode ocorrer de forma indiscriminada, deve estar em
sintonia com os objetivos, conteúdos e métodos de ensino adequados ao momento. Utiliza-lo
de forma não contextualizada colocará em risco um método que pode ser muito útil ao
aprendizado.
A aplicação do pop-up card apóia-se na exploração dos sentidos, para tornar a experiência
eficaz e duradoura, em acordo com o pensamento de FREUDENTHAL (1973), quando
afirma:
Em sala de aula, inicialmente foram aplicadas peças muito simples, com cortes fáceis e que
exploraram a matemática e algumas relações com a geometria. Isso permitiu avaliar o grau de
habilidades motoras em que se encontravam os alunos. Posteriormente, com o
desenvolvimento das habilidades motoras, peças mais complexas passaram a ser executadas.
A primeira peça selecionada foi um cubo, com 2 cortes retos e 3 linhas de dobras. Uma vez
construído, os alunos perceberam de imediato que se não são respeitados alguns princípios
matemáticos de proporção, orientação e distância, o cartão pop-up não fica montado
corretamente, surgindo enrugamentos e dificuldades a dobra.
O formato da peça foi transposto para a realidade e foram efetuadas analogias com as
construções e obras de engenharia das mais simples, mesmo que em formato de
paralelepípedos. Também estabeleceram relações com artes plásticas. (Fig. 3 e 4)
Ainda aproveitando dos cortes retos, foram introduzidas figuras com muitos cortes retos e
paralelos entre si, onde foi explorada a idéia de volume em figuras de superfície curva. Os
alunos construíram cilindros, semi-cilindros e prismas. Foram medidos: geratriz, eixo, altura,
ISSN - 1982 - 887X.
volume e área do sólido. Para executarem essas figuras, os alunos necessitavam de grande
coordenação motora para executarem os vários cortes em linha reta e paralelos. (Fig. 7 e 8)
A partir daí, figuras mais elaboradas, que necessitavam de costura, foram empregadas, para a
construção de uma pirâmide e mais tarde, a construção de objetos arquitetônicos dos lugares,
uma exploração da Geometria e da Geografia. (Fig. 9 e 10)
Animais Globos
Resultados obtidos
As habilidades motoras apresentadas pelos alunos estavam de acordo com a média de idade
do grupo (16 a 17 anos), porém não foram encontradas maiores dificuldades com grupos de
alunos de idade inferior (14 a 15 anos).
As peças executadas contribuíram para que os alunos assimilassem com maior profundidade,
tanto conceitos matemáticos quanto de outras áreas do conhecimentos, além de uma
ampliação de sua visão espacial, sua posição no espaço e aumento do poder de concentração.
A partir do domínio básico da técnica e o emprego de peças de cartões variados, às vezes até
com figuras sem nenhuma pretensão didática inicial, apenas motora, serviu como momento de
recreação para muitos alunos e lhes permitiu inclusive elaborarem variações e vislumbrarem
outras formas de utilização para os cartões.
CONCLUSÃO
A atividade proposta com a construção de cartões pop-up alcançou seus objetivos propostos,
que eram o desenvolvimento de habilidades motoras, estabelecer relações entre o objeto e a
realidade, extrair relações entre as partes, identificar padrões e propriedades das peças.
A técnica também serviu, de forma lúdica, para a complementação dos conhecimentos através
de uma outra forma que não os livros-textos ou mesmo o computador.
Esta técnica empregada em sala de aula passou a ser irradiada à outros professores de outras
áreas como mais um meio de ensino alternativo às técnicas tradicionais, inclusive em séries
do ensino fundamental, chegando até à 7ª série.
BIBLIOGRAFIA