Cap 14
Cap 14
Cap 14
(Organizador)
Educação:
dilemas
contemporâneos
2020
2020
LUCAS RODRIGUES OLIVEIRA
(Organizador)
Educação:
dilemas contemporâneos
2020
2020
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Copyright do Texto© 2020 Os Autores
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Ficha Catalográfica
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ISBN 978-65-990641-8-0
DOI https://doi.org/10.46420/9786599064180
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APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................... 4
CAPÍTULO I
DESENVOLVENDO A AUTONOMIA DO APRENDIZ DE INGLÊS COM METODOLOGIAS ATIVAS
............................................................................................................................................................. 7
CAPÍTULO II
NÚCLEO DE APOIO PEDAGÓGICO DOM BOSCO: PERCURSO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA DO
ALUNO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL EM RIO BRANCO/ACRE.......................................... 17
CAPÍTULO III
APRENDER, RESPONSABILIZAR E APLICAR: OS DESAFIOS DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO
BÁSICA FRENTE AOS ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES SUPERDOTAÇÃO ............................. 26
CAPÍTULO IV
DISCIPLINA E SEU ANTÔNIMO NA ESCOLA: UM DILEMA COTIDIANO ...................................... 37
CAPÍTULO V
ESTRATÉGIAS NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DO ALUNO SURDO: O CASO DO
IFRR / CAMPUS BOA VISTA ZONA OESTE ................................................................................. 49
CAPÍTULO VI
PICHON RIVIÈRE E BRUNER: APRENDIZAGEM, ENLACE, DILEMA E PROBLEMA EM TORNO
DAS FORMAS SIMBÓLICAS NA CONTEMPORANEIDADE .............................................................. 56
CAPÍTULO VII
A INTERNET: ENTRE A UTOPIA E A DISTOPIA ............................................................................. 67
CAPÍTULO VIII
FERRAMENTAS DIGITAIS PARA FORMAÇÃO CONTINUADA DOCENTE...................................... 83
CAPÍTULO IX
APLICAÇÃO DE TECNOLOGIAS DIGITAIS NA COMPREENSÃO DE TEXTOS MULTIMODAIS EM
LÍNGUA ESTRANGEIRA.................................................................................................................... 88
CAPÍTULO X
OS ESTUDOS DE GÊNERO NO INSTITUTO FEDERAL DO MARANHÃO CAMPUS PEDREIRAS A
PARTIR DA CRIAÇÃO DO LABORATÓRIO DE ESTUDOS DE GÊNERO IFMA PEDREIRAS -
LEGIP .............................................................................................................................................. 96
CAPÍTULO XI
REFLETINDO CONCEITOS, ATITUDES E PROCEDIMENTOS CONTRA A POLUIÇÃO SONORA:
UMA ATITUDE SONORA SAUDÁVEL OU ‘LIBERDADE’ NA ESCOLA? ......................................... 110
CAPÍTULO XII
AGROECOLOGIA COMO CAMINHO PARA UMA NOVA EDUCAÇÃO DO CAMPO....................... 124
CAPÍTULO XIII
AVANÇOS E DESAFIOS DA POLÍTICA PÚBLICA DE EDUCAÇÃO EM TEMPO INTEGRAL .......... 135
CAPÍTULO XIV
EDUCAÇÃO: UMA ABORDAGEM HISTÓRICA SOBRE O SISTEMA EDUCATIVO MOÇAMBICANO
......................................................................................................................................................... 158
CAPÍTULO XV
ORIENTAÇÃO E MOBILIDADE: A IMPORTÂNCIA DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL
ESPECIALIZADO VISANDO A AUTONOMIA DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL .............. 173
Capítulo XIV
INTRODUÇÃO
No presente artigo intitulado “Educação: Uma abordagem Histórica sobre o Sistema
Educativo Moçambicano”, pretende-se revisitar o processo evolutivo da educação em
Moçambique nos períodos pré-colonial até o pós-colonial mas concretamente 1992. A
educação que constitui a chave mestra para a preparação e promoção do Desenvolvimento
Humano, no período pré-colonial, baseava-se nas tradições culturais africanas e orientadas
para a vida (Golias, 1993; Cipiri, 1996). Com a implantação do sistema colonial, o sistema
educativo viria a sofrer uma mudança radical, pois, os colonizadores criaram outro sistema
caracterizado por ser profissional e regimental mas rigorosamente racial (Ranger, 1997). Era,
na verdade, um sistema que tinha por fim assegurar a permanência das estruturas coloniais
no nosso país.
Com a independência nacional, em Junho de 1975, o Governo moçambicano vai
implementar uma nova política educativa cujo laboratório terá sido as “zonas libertadas”. O
novo modelo educativo era finalizado à construção de uma sociedade nova e, por via disso,
de um “Homem Novo”. Um Homem munido de uma nova mentalidade que lhe permitiria
desenvolver o espírito de solidariedade, de unidade nacional e a consciência patriótica. E, na
década de 1990, com introdução da nova constituição e do liberalismo económico novas
linhas educativas foram traçadas com objectivo de adequar o sistema educativo a nova
realidade do país.
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Educação: dilemas contemporâneos
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Educação: dilemas contemporâneos
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Educação: dilemas contemporâneos
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género. Desta forma, os homens foram identificados como grupo alvo das acções
desenvolvimentistas, como é o caso do sector educativo, e foram os primeiros beneficiários
da escolaridade formal. Enquanto os homens aprendiam a ler, escrever e aritmética, as
mulheres eram ensinadas a tornarem-se boas donas de casa segundo o modelo português
(Borges, 2007).
Com a finalidade de conformar as culturas locais aos ditames da sociedade
ocidental/portuguesa, que o colonialismo concebia como superior, instaurou-se um ensino
específico para as raparigas nativas partindo da educação profissional virada para trabalhos
manuais. Desta forma, deu-se uma atenção especial às raparigas que deveriam além de
aprender um ofício, receber treinamento para se tornarem excelentes donas de casa, ou seja,
procurava-se inculcar a ideologia da mulher passiva, esposa e mãe, dependente
economicamente do pai e do marido, respectivamente. Nestas condições, o ensino para as
raparigas nativas, segundo a letra do “Programa das Escolas de Professores de Postos
Escolares” de 1964, restringia-se à “Formação Feminina”, onde se pretendia ensinar todas
as matérias necessárias para a “missão da boa dona de casa”, que incluíam economia
doméstica, culinária, costura, adorno do lar e arte doméstica, e educação Familiar, destinadas
a tornar as jovens nativas boas donas de casa, boas empregadas ou governantas (segundo o
modelo português) e prepara-las para o importante papel que lhe cabe na sociedade de sua
ambivalência (Isaacman; Stefhan, 1984).
Este importante papel era pois o de esposa e mãe de família, tendo como modelo a
concepção europeia da divisão sexual do trabalho, em que o homem ocupa a esfera pública
e produtiva, enquanto a mulher faz trabalho doméstico e reprodutivo na esfera privada. No
entanto, esta concepção da divisão sexual do trabalho e dos papéis de mulher, esposa e mãe,
veiculada pelos agentes coloniais, desconheceu a preexistência de um modelo de relação de
género em que as mulheres desenvolviam importantes papéis produtivos e reprodutivos,
simultaneamente nas esferas pública e privada. Com efeito, a importância do papel produtivo
feminino foi considerado como a evidência da opressão das mulheres e da exploração
masculina do seu trabalho. Para operacionalizar este desiderato, as escolas profissionais
destinadas as raparigas indígenas funcionavam em regime de semi-internatos destinados a
proporcionar as todas as regras de um lar (Isaacman; Stefhan, 1984).
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Segundo Mazula (1995), em 1964 foi feita uma reforma educacional, pelo decreto
45.908/64 que determinava que os conteúdos e métodos do ensino primário deviam ser
“adoptados” às realidades locais, ou seja, a “classe pré-primária” visava a aquisição correcta
da língua nacional, corrigia-se a “presumível deficiência do ensino missionário no tocante à
didáctica da língua portuguesa”. Depois desta reforma, os livros de textos das duas primeiras
classes do ensino primário foram de certa forma africanizados, contendo ilustrações com
negros e brancos a conviverem em harmonia racial. Todavia, nas classes mais avançadas, a
uniformização e centralização dos curricula foram reafirmadas. As reformas de 1964
resultaram da abolição aparente do Estatuto do Indígena, de 1961, e da consequente alteração
da situação jurídica do nativo. Outra causa aparente era a desconfiança pelo ensino
missionário, qualificado de deficiente. As causas reais estavam ligadas à conjuntura política
que Portugal vivia: a realidade das Guerras de Libertação em Angola e Moçambique. Esta
realidade exigiu do Governo Português a restruturação do ensino nas suas colónias, que
consistiu na estatização do ensino dos indígenas.
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Educação: dilemas contemporâneos
que, após as suas formações regressariam para participarem nos trabalhos de reconstrução
do país. Enquanto isso, o Departamento Educacional da FRELIMO encarregou-se de
organizar um sistema de educação a partir do próprio Instituto para ajudar a preparar um
sistema educacional para usar no interior de Moçambique logo que o programa militar tivesse
sido desenvolvido para prover a segurança necessária. Assim, dos 50 alunos iniciais, em 1963,
passou a comportar mais de 120, em 1968.
No imaginário da FRELIMO, neste período a educação era uma condição político-
ideológica básica para o sucesso da luta contra o Governo colonial. Por isso, ela não era
diferenciada, ou seja, as raparigas, os rapazes assim como as mulheres e os homens tinham
o mesmo programa de ensino. Portanto, não havia distinção de sexo (Mondlane, 1995).
Desta feita, a escola nas zonas libertadas tornou-se, em primeiro lugar, um Centro de
Formação da Frente de Libertação de Moçambique, esta tomada no sentido de um Povo
organizado em Frente de luta pela sua libertação e emancipação. Em segundo lugar, um
centro de combate às concepções e hábitos da cultura tradicional, a que aprisionavam a
iniciativa e a criatividade, pugnando por um novo tipo de relacionamento entre jovens e
velhos, entre homens e mulheres e por uma nova visão do mundo (Machel, 1979). Em
terceiro lugar, o centro de difusão de conhecimentos científicos, mesmo que elementares,
para introdução de novos métodos de trabalho, tendo em vista o aumento da produção e à
satisfação das necessidades crescentes da luta armada; Em quarto lugar, o centro de formação
de combatentes para as exigências da luta. E em quinto lugar, um espaço de formação de
produtores e, ao mesmo tempo, de militares e dirigentes, numa permanente ligação entre o
trabalho manual e intelectual.
Neste contexto, a escola seria um espaço de articulação dialéctica entre três eixos da
revolução, nomeadamente “estudar, produzir e combater”. Com efeito, a educação era tarefa
de todos: professores, combatentes, homens e mulheres. Ao mesmo tempo, todos deviam
aprender: crianças e adultos (Mondlane, 1995) Na verdade, tal como escreveu Samora Machel
num texto, em 1971, era perfeita a combinação do estudo com a prática no “aprender a fazer
e fazer aprendendo”.
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Educação: dilemas contemporâneos
efectivos escolares deveu-se a uma intensa mobilização popular levada a cabo quer pelos
oficiais do sector, quer pelos grupos dinamizadores. Esta campanha, no quadro de uma
planificação centralizada, foi galvanizada ainda mais, com o lançamento da palavra de ordem
de popularização da educação “fazer da escola uma base para o povo tomar o poder”
(Machel, 1979). Portanto, para que o povo pudesse tomar o poder a partir da educação, esta
deveria estar apenas ao seu serviço, eliminando a crença em seres sobrenaturais promovida
pela educação tradicional e a crença na inferioridade dos moçambicanos promovida e
difundida pela educação colonial (Ibid).
Uma das estratégias adoptadas para a massificação da educação foi o lançamento da
Campanha Nacional de Alfabetização a 3 de Julho de 1978, a qual teve adesão de todas as
esferas da sociedade levando a um crescimento descontrolado dos efectivos escolares. Ao
nível do ensino primário, estes elevaram-se de 671.617 em 1975 para 1.498.729 em 1979,
correspondendo a um crescimento na ordem dos 123 por cento. Dentre as consequências
imediatas do crescimento acelerado dos efectivos escolares está o crescimento do número
de escolas primária incompletas (1ª à 5ª classe) em todo o país, com maior destaque para as
zonas urbanas. Apesar de taxas de admissão terem subido para 123 por cento em 1979, uma
grande maioria de crianças em idade escolar continuou fora da escola devido a muita
demanda e pouca capacidade de oferta (Valoi, 2010).
A partir de 1979, iniciou-se um longo processo de planificação, direcção e controlo
das actividades educativas. Gradualmente, as escolas incompletas foram reduzindo e
agregadas a escolas completas, de igual modo que começaram a se traçar metas para o
ingresso na escola em função das vagas disponíveis (Isaacman; Stefhan, 1984). No entanto,
nos anos 80, com vista a acelerar os níveis de formação da população moçambicana, o
Governo decidiu nacionalizar o ensino, tendo elaborado a segunda reforma conhecida como
a Lei de 4/83, de 23 de Março decretado a escolarização obrigatória e gratuita do ensino
primário de 7 classes isto na sequência da introdução do novo sistema. A institucionalização
da escolaridade obrigatória tinha em vista facultar, todos os cidadãos, oportunidade de
frequentarem o ensino, na perspectiva de aumentar a capacidade do capital humano e reduzir
o alto índice de analfabetismo. Esta medida surtiu impacto imediato, aumentando, de forma
acelerada, o número de alunos em todos os níveis de ensino. Os programas de alfabetização
e as campanhas de escolarização constituíram estratégias de sucesso, que levaram ao aumento
acentuado do número de efectivos escolares.
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Educação: dilemas contemporâneos
O presente quadro mostra uma ligeira descida dos efectivos do EP1 de 1989 a 1990
e 1991 a 1992. Mas no EP2 a tendência é de aumento do número de efectivos entre 1989 a
1991. Em contrapartida, o número baixou em 1992. Podemos dizer que o factor
impulsionador destas tendências foi a “Guerra Civil” que assolava o país.
No começo da década de 1990, ainda sob as limitações impostas pela guerra e pelo
reajustamento estrutural, o sistema educacional moçambicano encontrava-se estagnado,
desestruturado e fragmentado. Perto de 50 por cento das escolas primárias haviam sido
destruídas, com maior incidência nas zonas rurais do Centro e Norte do país. Dentro deste
quadro a Lei do Sistema Nacional de Educação (SNE) 4/83 de 23 de Março foi revogada
pela Lei 6/92 de 6 de Maio que estabelece uma política de educação para todos, sem
discriminação de género, a todos os níveis (SARDC, 2006). Este quadro legal preconizava
que, o Estado moçambicano apenas organiza e promove o ensino, como parte integrante da
acção educativa, nos termos definidos na Constituição da República de Moçambique, onde
a educação constitui “o direito e dever de todo o cidadão”, cabendo ao Estado a promoção
do seu acesso.
Segundo o Relatório Nacional do Desenvolvimento Humano da PNUD (2005), nos
primeiros anos da década de 1990, permanecia, no ensino primário (EP1 e EP2), a tendência
decrescente das taxas de escolarização. Em 1992, as taxas brutas e líquida de escolarização
no EP1 atingiram o seu nível mais baixo, 55,6 e 38,8 por cento respectivamente.
Relativamente ao EP2, registava-se a mesma tendência. A taxa bruta de escolarização passou
de 17 por cento, em 1990, para 14,4 por cento em 1996. Na primeira metade da década de
90, as taxas de escolarização, em ambos os níveis, mostram quão distante Moçambique se
encontrava de atingir a escolarização universal. Em 1996, mais de 40 por cento das crianças
moçambicanas, de seis e doze anos de idade, não estavam escolarizadas. Às limitações
cobertura, é preciso acrescentar a extrema precariedade de recursos didácticos que a maioria
das escolas enfrentava, com particular enfoque nas zonas rurais. As escolas, sem livros para
alunos e professores, sem cadernos, sem giz, sem quadros pretos, dificilmente podiam
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Educação: dilemas contemporâneos
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Partindo do pressuposto de que a educação constitui um direito fundamental de cada
cidadão torna-se importante salientar aqui que a educação em Moçambique carrega até os
dias actuais, as marcas de um passado histórico. A educação que numa primeira fase era
tradicional e de carácter conservador. É alterada com a chegada dos portugueses, pois não
só portugalizaram a educação, como também introduziram um ensino discriminatório
baseado na diferença de raças.
No período pós-colonial a educação implantava-se pela mobilização popular e, a
FRELIMO servia-se dela para mobilizar as populações para o seu projecto global de
reconstrução nacional. Houve um esforço por parte do Governo com a introdução da
educação para todos, entretanto, muita população, especialmente das zonas rurais
permaneceu fora do sistema devido a dificuldades do próprio sistema educativo bem como
por questões sociais e culturais. Com a liberalização económica, em 1990, o Governo optou
por um modelo educativo “à imagem ocidental”, expandindo a rede escolar em todas as
povoações, melhorou também o acesso a educação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bastos JD, Duarte SM (2015). Necessidades e possibilidades de educação patriótica em
Moçambique. In: Duarte SM, Maciel, CA (org.). Temas Transversais em Moçambique:
educação, paz e cidadania. Maputo: Educar-UP. P. 68-77.
Boahen A (2010) História Geral da África VII: África Sob dominação colonial, 1880-1935. Brasília:
Unesco. 1040p.
Borges M (2007). “Educação e Género: Assimetrias e Discriminação na Escolarização
Feminina em Bissau”. In: MATA, Inocência e PADILHA, Laura c. A mulher em África:
Vozes de uma margem sempre presente. Lisboa: Edições Colibri. 136-158p.
Cabaço JL (2009). Moçambique: Identidade, colonialismo e libertação. São Paulo, UNESP.
360p.
Cipiri F (1996). Educação Tradicional em Moçambique. Maputo: EMEDIL. 475p.
Golias M (1993). Sistemas de ensino em Moçambique: Passado e Presente. Maputo: Editora Escolar.
150p.
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Educação: dilemas contemporâneos
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ÍNDICE REMISSIVO
educador ..........................................12, 9, 10
ensino .... 6, 8, 6, 7, 9, 6, 9, 14, 17, 8, 15, 8,
A
10, 15
agroecologia ...................... 6, 7, 8, 9, 10, 14 colaborativo............................................ 7
altas habilidades ... 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, escola(s)
14, 15 especial .................................................... 7
Anísio Teixeira.7, 8, 10, 11, 12, 15, 18, 20, pública .. 11, 12, 10, 6, 13, 11, 13, 15, 16
22 de tempo integral ...6, 8, 13, 14, 15, 16,
aprender fazendo........................................ 7 17, 18, 20, 21, 22, 24
aprendizagem 7, 8, 9, 10, 11, 12, 14, 16, 7, Espanhol ............................................... 6, 11
8, 11, 12, 13, 7, 8, 10, 12, 13, 14, 8, 10, estratégias ...8, 9, 11, 14, 7, 8, 9, 10, 11, 16,
12, 13, 14, 15, 6, 7, 10, 11, 6, 7, 9, 10, 6, 8, 11, 6, 8, 14, 16, 17, 8
11, 12, 13, 14, 15, 7, 8, 11, 6, 7, 8, 10, estudante ................... 12, 8, 9, 11, 14, 12, 7
12, 15, 14, 15, 16, 18, 20, 21, 9, 19, 7, experiência na educação............................ 7
10, 11, 12
baseada em equipe .................. 11, 12, 13 F
significativa ............................................. 8
autonomia do aprendiz............................ 10 formação
continuada . 12, 13, 11, 6, 7, 8, 9, 10, 15,
21, 23
C
competências.......................................... 9
cognitivo .. 12, 9, 15, 6, 7, 11, 12, 13, 12, 7, integral .....8, 6, 7, 11, 13, 15, 17, 18, 20,
24 21, 22, 23
colonialismo .................... 10, 11, 12, 13, 15 formas simbólicas 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 14,
construção de conhecimento... 6, 7, 9, 13, 15
7, 10, 11, 14, 10, 13, 17, 18 FRELIMO ....................... 12, 13, 14, 15, 19
costumes ...................................................... 7
cultura .. 6, 7, 11, 12, 13, 9, 8, 9, 12, 13, 17, G
19, 9, 14
gênero .. 9, 11, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14,
16, 17, 18
D
grupo operativo ..............................7, 10, 14
deficiência intelectual .. 16, 7, 9, 10, 11, 12,
13 I
deficiência visual ... 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13
democracia ................................................ 11 identidade ................ 12, 6, 9, 10, 11, 13, 18
disciplina ....... 6, 7, 8, 9, 11, 12, 6, 10, 11, 8 inclusão 7, 10, 12, 6, 12, 14, 15, 6, 7, 8, 10,
distopia....................... 6, 7, 9, 12, 13, 16, 20 11, 14, 9, 6, 8, 10, 13
docência ...................................... 7, 12, 15, 7 indisciplina . 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 13
instituições especializadas ....................... 11
Instituto Federal...................... 6, 7, 6, 7, 14
E
Internet ..... 6, 9, 11, 12, 13, 14, 16, 17, 18,
educação ...................................................... 6 19, 20
inclusiva ...........16, 7, 8, 11, 12, 6, 10, 12
especial ............10, 11, 6, 7, 8, 10, 11, 12 J
básica ..................................................... 10
profissional .....................................9, 6, 9 José Moran ................................................ 10
~ 182 ~
L professor ............... 6, 14, 7, 9, 10, 11, 12, 7
~ 183 ~
LUCAS RODRIGUES OLIVEIRA
Pantanal Editora
Rua Abaete, 83, Sala B, Centro. CEP: 78690-000
Nova Xavantina – Mato Grosso – Brasil
Telefone (66) 99682-4165 (Whatsapp)
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