Filosofia - A Filosofia Cristã - Texto de Estudo

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Colégio Estadual Professor Elmano Lauffer Leal

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CARINA DIAS
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Europa cristianizada: fé e razão


No período posterior à filosofia clássica, teve início o helenismo, que se caracterizou pela
fusão das culturas grega e oriental. Estendeu-se desde o século III a.C. até o século III d.C. As
principais expressões filosóficas foram o estoicismo, o epicurismo e o ceticismo.
Por volta do século II d.C., o cristianismo começou a se expressar em contraposição à cultura
greco-romana então vigente. Diante das diferenças
entre o politeísmo greco-romano e o monoteísmo
cristão, é possível entender por que o cristianismo,
de início perseguido, ao começar a ser aceito e
expandido, se contrapôs às concepções tradicionais
a fim de conseguir adeptos para sua fé.
A principal das fontes utilizadas pelo
cristianismo era a revelação divina: chama-se revelação a manifestação de Deus ao homem por meio
de uma série de verdades ou mandamentos, seja pela palavra, seja nos outros signos, geralmente
recolhidos nas obras sagradas, como a Bíblia, composta pelo Velho Testamento – herdado dos judeus
– e o Novo Testamento – escrito pelos apóstolos após a morte de Jesus.
Patrística
Além da Bíblia, os teólogos resolveram usar os textos dos filósofos pagãos, adaptando-os à
nova fé. Essas fontes eram bastante variáveis,
dependendo do que havia disponível, como Cícero,
pensador do helenismo romano, e Plotino (c. 204-270),
um neoplatônico. Também as teorias estóicas foram
bem-aceitas ainda na época do Império Romano e
fecundaram as ideias ascéticas do período medieval: o
controle das paixões tinha em vista a vida futura,
quando, de acordo com os teólogos, realmente os seres
humanos poderiam ser felizes.
Os religiosos que elaboraram a doutrina cristã
foram chamados Padres da Igreja, daí derivando a
denominação de Patrística. A Patrística estendeu-se
ainda na Antiguidade do século II ao V, portanto, no
período de decadência do Império Romano.
Distinguimos na Patrística dois momentos importantes:
 Do século II ao IV, com os primeiros padres da
Igreja;
 Nos séculos IV e V, o auge a Patrística, com
Agostinho de Hipona.
No esforço de converter os pagãos e combater
as heresias, os primeiros Padres da Igreja escreveram
obras de apologética. Os mais antigos são os
apologistas gregos, entre os quais se destacou Justino
(século II).
Agostinho, bispo de Hipona
O principal nome da Patrística foi Agostinho de Tagaste – também conhecido como Santo
Agostinho, bispo de Hipona (África). É significativo o fato de ter vivido no findar do mundo antigo,
quando os bárbaros avançavam sobre o Império Romano. Portanto, Agostinho encontra-se no
eclipsar de um mundo que se extinguia e no limiar de outro que ele efetivamente ajudou a delinear.

Teoria da iluminação
Agostinho retomou a filosofia de Platão por meio de seus comentadores, sobretudo Plotino, e
adaptou-a ao cristianismo. Aceitou a dicotomia platônica entre “mundo sensível e mundo das ideias”,
mas substituiu este último pelas ideias divinas. Do mesmo modo, adaptou ao cristianismo a teoria da

reminiscência, que em Platão significava a contemplação das essências no mundo das ideias antes da
vida presente. Em contraposição, Agostinho desenvolveu a teoria da iluminação, pela qual
possuímos as verdades eternas porque as recebemos de Deus: como o Sol, Deus ilumina a razão e
torna possível o pensar correto.
De fato, ainda que imperfeito e inquieto, o ser humano é capaz de intuir verdades imutáveis e
absolutas, superiores à sua capacidade porque elas derivam de Deus, que é a Verdade Absoluta. Ao
mesmo tempo, concluiu que reside aí a prova da existência de Deus, pois se a mente, que é
imperfeita, intui verdades imutáveis é porque existe a Verdade Imutável, que é Deus.
Para o teólogo e filósofo Agostinho, a aliança entre fé e razão significava reconhecer a razão
como auxiliar da fé e, portanto, a ela subordinada. Agostinho sintetiza essa tendência com a
expressão latina “Credo ut intelligam” (“Creio para que possa entender”).

Escolástica
Após a queda do Império Romano, formaram-se novos reinos bárbaros. Lentamente nascia a
ordem feudal, em cujo topo da pirâmide se encontravam os nobres e o clero. Nesse contexto, a Igreja
Católica consolidou-se como força espiritual e política.
A Igreja representava então um elemento agregador em diversos setores. Atuou de maneira
decisiva do ponto de vista cultural, pois a herança greco-latina foi preservada nos mosteiros.
Os monges eram os únicos letrados, o que explica a impregnação religiosa nos princípios
morais, políticos e jurídicos da sociedade medieval. No segundo período medieval, conhecido como
Baixa Idade Média, notavam-se mudanças fundamentais no campo da cultura já a partir do século
XI, sobretudo em razão do renascimento urbano.
Ameaças de ruptura da unidade da Igreja e heresias anunciavam o novo tempo de contestação
e debates em que a razão buscava sua autonomia. Fundamental nesse processo foi a criação por toda
a Europa de inúmeras universidades, que se tornaram focos por excelência de fermentação
intelectual. Com essas mudanças, a Escolástica, que teve em Tomás de Aquino seu principal
representante, surgiu como nova expressão da filosofia cristã. Persistia ainda a aliança entre razão e
fé, em que a filosofia continuava como “serva da teologia”. Com o aumento das heresias, a partir do
século XII os tribunais da Inquisição ou Santo Ofício se espalharam pela Europa para apurar os
“desvios da fé”. As ordens religiosas, sobretudo a dos dominicanos, assumiram o controle, aplicando
a censura a livros e determinando a punição dos dissidentes, até mesmo com a morte, e
concentraram, assim, o saber filosófico atribuindo ao período medieval o termo pejorativo de “Idade
das Trevas” em decorrência da pouca difusão dos saberes desenvolvidos no período.

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