Cardoso Bett Breves 2022 Bessa

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BREVES CONSIDERAÇÕES ACERCA DO ACONSELHAMENTO PASTORAL

FAMILIAR

Erivaldo da Silva Cardoso1


Geneci Behling Bett2

RESUMO

O presente artigo tem o objetivo apresentar breves considerações acerca do


aconselhamento pastoral familiar, tendo como ponto principal os conflitos entre
casais. A partir das observações de diversos casos conjugais, alguns problemas
foram identificados, tais como: finanças, posicionamentos, interesses pessoais e
principalmente razões pessoais entres os cônjuges. Desse modo, a maioria dos casos
são levados a igreja local, para que esses problemas sejam resolvidos e assim, evitar
um possível divórcio. Entende-se que o aconselhamento pastoral é a relação face a
face de duas pessoas, na qual uma delas é ajudada a resolver dificuldades de ordem
educacional, profissional, vital e a utilizar melhor os seus recursos pessoais. Assim,
percebe-se, nesse conceito, algumas das características que definem o
aconselhamento, seja este realizado por uma Igreja local ou não. Desse modo, o
objetivo, é analisar os conflitos entre casais na igreja e como o aconselhamento
pastoral pode contribuir para a resolução desses conflitos. A metodologia consiste em
um levantamento bibliográfico a partir de livros e artigos científicos. Portanto, este
projeto tem como base a necessidade de investigar esses conflitos conjugais através
de estudos científicos, e como o aconselhamento pastoral pode contribuir para
resolução desses problemas.

Palavras-chave: Aconselhamento; Casais; Divórcio; Igreja.

1 Acadêmico do 8º período do curso de Ciências Teológicas da Faculdade Boas Novas, e-mail:


erivaldo.cardoso@aluno.fbnovas.edu.br
2 Doutora em Teologia e Professora da Faculdade Boas Novas, e-mail: geneci.bett@fbnovas.edu.br
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1 INTRODUÇÃO
O presente artigo tem a pretensão de apresentar breves considerações acerca
do aconselhamento pastoral familiar, principalmente os conflitos entre casais. Assim,
percebe-se que os diálogos na maioria das vezes, ambas partes não possuem e
sempre culpam o outro pelos problemas e conflitos, e quase nunca reconhecem esses
conflitos. A maioria dos casos são levados a igreja local, para que esses problemas
sejam resolvidos e assim, evitar um possível divórcio.

Partindo dessa premissa, surgiu o interesse em elaborar uma pesquisa sobre


esse tema, incluindo o Aconselhamento Pastoral dentro desse contexto. Entende-se
que no aconselhamento pastoral e a relação face a face de duas pessoas, na qual
uma delas é ajudada a resolver dificuldades de ordem educacional, profissional, vital
e a utilizar melhor os seus recursos pessoais. Assim, percebem-se, nesse conceito,
algumas das características que definem o aconselhamento, seja este realizado por
uma Igreja local ou não.

Assim, a problemática se dará a partir de alguns questionamentos. De que


modo o Aconselhamento Pastoral pode contribuir para a resolução dos conflitos
conjugais? E as hipóteses citadas são o diálogo no âmbito da igreja a respeito desse
problema e poder ajudar casais que estejam passando por esse tipo de conflito
familiar. O Aconselhamento Pastoral como ferramenta para resolução de conflitos
conjugais.

Desse modo, o objetivo é analisar os conflitos entre casais na igreja e como o


Aconselhamento pastoral pode contribuir para a resolução desses conflitos. Os
objetivos específicos são: identificar os principais problemas que geram os conflitos
entre os cônjuges; Descrever o aconselhamento pastoral; Apontar as contribuições
do Aconselhamento Pastoral para conciliar conflitos conjugais. Os métodos consistem
em uma revisão bibliográfica em livros e artigos cienfícos.

Portanto, este projeto tem como base a necessidade de investigar esses


conflitos conjugais através de estudos científicos, e como o Aconselhamento Pastoral
pode contribuir para resolução desses problemas, assim aconselhar, significa
assumir-se como comunidade terapêutica, que é aquela que promove cura, saúde ou
bem-estar, que está a serviço de outros.
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2 OS DESAFIOS ENTRE OS CÔNJUGES

São muitos os desafios que os casais enfrentam para perseverar no propósito


de sua existência, manter os relacionamentos dentro dos limites saudáveis para a
continuidade e sobrevivência da família. Encontra-se nas Escrituras Sagradas a
definição sobre casamento, trata-se de um relacionamento entre um homem e uma
mulher. “Por esta razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles
se tornarão uma só carne”. (Gn 2:24).

Para Silva e Souza (2018) o casamento é uma união entre um homem e uma
mulher, uma relação indissolúvel na visão bíblica, porque trata-se de uma aliança,
mas também não deixa de ser um contrato, celebrado entre as partes diante de um
juiz de paz, pessoa revestida de autoridade pelo Estado, e das testemunhas. Trata-
se de um ato civil diante da lei estabelecida pelo Estado de Direito.

Neste sentido, a satisfação e a estabilidade das uniões conjugais não estão


associadas diretamente à ausência de conflitos, mas à forma com que os cônjuges
estabelecem estratégias para solucioná-los. De acordo com Mosmann e Falcke
(2011, p.03) “a qualidade conjugal refere-se a uma dimensão complexa e, por isso,
difícil de ser conceituada. No senso comum, muitas vezes, prevalece à concepção de
que um casal saudável é aquele que não possui conflitos.”

Em certo sentido, o casamento é um contrato. Há duas partes constituindo uma


sociedade. Cada qual recebe novos direitos e deveres mútuos. Como o horizonte de
tempo é ampla e a caminhada, incerta, riscos são inerentes. Para Silva e Souza
(2018) estipulações são estabelecidas a fim de conservar o acordo. Objetivos e
parâmetros de referência são negociados no decorrer do processo. Cláusulas
delimitam condições para o bom andamento da relação de confiança proposta.

A palavra fidelidade dita e escrita atesta o compromisso. A união de um


homem e uma mulher dá início a um novo núcleo familiar, isso é fundamental
dentro de uma sociedade que visa a sua perpetuação ou mesmo sua
continuidade. A família é concebida como a célula mater da sociedade, a
unidade básica e/ou grupo social primário de um povo, cultura, nação.
(OLIVEIRA; FLEURY, 2013, p. 27).

O casamento, tradicionalmente é compreendido ou visto dentro dessa


estrutura básica chamada família. Apesar de seus diferentes arranjos, configurações
e rituais, o casamento aparece como uma realidade social encontrada em diferentes
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povos e culturas. (OLIVEIRA; FLEURY, 2013, p. 3). Apesar da concepção e


compreensão sobre o casamento, algumas famílias se deparam com o adultério.
Assim, entende-se que a família encontra-se em um intenso bombardeio de valores
ideológicos, éticos e morais. Com isso, está em jogo a própria sobrevivência da
instituição, pois o pensamento pós-moderno está influenciando as gerações atuais e
as próximas gerações.

Mesmo em pleno século XXI existem pessoas que têm dificuldades para falar
abertamente com seu cônjuge sobre sua sexualidade, e isso pode gerar uma
fragilidade dentro do relacionamento conjugal. Para Silva e Souza (2018, p. 09) a
sociedade é altamente sexualizada, todavia é importante que o casal converse sobre
esse tema, principalmente sobre as expectativas que cada um tem em relação ao
outro na área sexual.

Sexo não pode ser tabu, todo mundo faz, então para que tanto pudor ao tratar
de um assunto que deveria ser tão natural! Casais que não conversam a
respeito de sua vida sexual, que não expõem de maneira [...] aberta e sincera
seus pensamentos, desejos, preferências e dúvidas, acabam com a cabeça
“cheia de minhocas”. Uma das razões para tantos problemas nessa área é
exatamente a falta de conversa sobre o assunto. (VASCONCELOS, 2009, p.
22, 23).

A comunicação é fundamental em todos os relacionamentos humanos, e


dentro do relacionamento conjugal é de fundamental importância. Para que haja
unidade na vida sexual do casal é necessária uma verdadeira intimidade dentro do
casamento. Como afirma Silva e Souza (2018, p. 09) “A comunicação requer um amor
que escute, bem como a disposição de ser vulnerável, de tentar colocar em palavras
aquilo que se está sentindo, e confiar essas palavras à compreensão do
companheiro”.

Todavia, pesquisadores e estudiosos da dinâmica familiar são contundentes


ao afirmar que a satisfação e a estabilidade das uniões não estão associadas
diretamente à ausência de conflitos, mas devem ser compreendidas de forma mais
abrangente a partir da frequência de interações positivas e negativas que os casais
vivenciam diariamente. Nesse caso, os dados apontados pelo IBGE mostram que, a
cada ano, os casamentos duram menos. Em 2018, a média de duração da união era
de 17,6 anos. Já em 2019, essa média caiu para 13,8 anos. (IBGE, 2019).
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Em 2019, 48,2% dos divórcios registrados tiveram menos de 10 anos de


duração. Dez anos antes, em 2009, esse percentual foi de 30,4%. Em
contrapartida, 9,6% dos divórcios formalizados em 2019 ocorreram entre 20
e 25 anos de união, enquanto 18,3% após 26 anos ou mais de casamento.
Uma década antes estes percentuais eram, respectivamente, de 16,4% e
24,5%%. (IBGE, 2019).

Desse modo, os padrões de resolução de conflito e o comportamento dos


cônjuges durante o processo de resolução do mesmo predizem reflexos na satisfação
e estabilidade conjugal. Para Silva e Souza (2018) a importância em identificar os
motivos mais frequentes desencadeadores de conflito refere-se especialmente à
possibilidade de os casais aprenderem a estar atentos aos seus focos mais
frequentes de desentendimentos.

3 BREVES CONSIDERAÇÕES ACERCA DO ACONSELHAMENTO


PASTORAL
Quando se menciona o termo aconselhamento nas igrejas locais, por vezes,
parece-se ignorar a amplitude desse termo. Porém, há várias possibilidades de se
exercer o aconselhamento tendo a Bíblia como referência. De acordo com Bessa
(2013, p. 54) o aconselhamento é definido em diversos termos, aconselhamento
bíblico, aconselhamento cristão, aconselhamento pastoral, aconselhamento
terapêutico, aconselhamento redentivo, cada um deles com teologias diferenciadas,
peculiaridades e maneiras diversas de ser exercido.

O Aconselhamento Pastoral se manifesta nos papéis curativo, apoiador,


orientador e reconciliador exercidos pelo conselheiro, e visa à integralidade,
ou seja, deve levar as pessoas a descobrirem seus potenciais e atentar para
os seis aspectos da vida humana: despertamento da mente, revigoramento
do corpo, renovação e enriquecimento dos relacionamentos íntimos,
interação com o ambiente e cuidado com ele, progresso em relação às
instituições e melhoria no trabalho com os outros, aprimoramento de um
relacionamento pessoal com Deus. (CLINEBELL, 1998 apud BESSA, 2013,
p. 65).

Desse modo, o aconselhamento precisa estar atrelado ao contexto e à cultura,


o que não significa que deva adotar seus valores e padrões e, sim, estar atento às
demandas que se levantam em cada época e aos temores que se apresentam. Como
destaca Bessa (2013) um conselheiro que busca ser relevante necessita conhecer os
elementos que se destacam, a fim de buscar questionamentos e respostas para
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enfrentá-los. Assim, aconselhar, significa assumir-se como comunidade terapêutica,


que é aquela que promove cura, saúde ou bem-estar, que está a serviço de outros,
ou seja, destaca-se que é aquela que se coloca a serviço dos outros, que sabe
conviver com a pluralidade e a diferença, ou seja, que assume um caráter pastoral.

Para Bessa (2013) o aconselhamento pastoral se manifesta nos papéis


curativos, apoiador, orientador e reconciliador exercido pelo conselheiro. Assim, o
objetivo maior é visar à integralidade, ou seja, deve levar as pessoas a descobrirem
seus potenciais e atentar para os seis aspectos da vida humana. Despertamento da
mente, revigoramento do corpo, renovação e enriquecimento dos relacionamentos
íntimos, interação com o ambiente e cuidado com ele, progresso em relação às
instituições e melhoria no trabalho com os outros, aprimoramento de um
relacionamento pessoal com Deus. (BESSA, 2013, p.65).

Segundo Schipani (2003) restringe os objetivos em duas áreas: inteligência


espiritual e inteligência moral. Para ele, o aconselhamento deve possibilitar às
pessoas fazer escolhas sábias diante dos desafios e dificuldades da vida. Schipani
aponta seis características dessa prática de aconselhamento. Para Schipani (2003),
o conselheiro pastoral atua como companheiro de viagem e guia dos que se dispõe
a estar com ele. E, nessa jornada estão presentes as seguintes dimensões:
testemunho, proteção, acompanhamento, crítica, envolvimento e presença, além de
momentos de análise cuidadosa dos fatos e intervenção.

Ao contrário de outras abordagens de aconselhamento, cuja marca, por


vezes, é a pouca exposição do conselheiro; no aconselhamento pastoral,
conselheiro e aconselhando caminham juntos, “tornam-se parceiros na obra
de cuidado, apoio, libertação e cura do Espírito enquanto caminham junto a
outros, mesmo que esta caminhada seja breve. (BESSA, 2013, p.66).

Ambos trabalham com a premissa de que o pastor é o encarregado do


aconselhamento, para quem a tarefa do aconselhamento se processa em 3 níveis. “O
encorajamento (pode ser ministrada de cristãos para cristãos), confronto (pessoas
com experiência em aconselhamento e formação para essa tarefa), ensino (líderes
que contribuem na formação de conselheiros).” (BESSA, 2013, p. 66).

O aconselhamento precisa estar atrelado ao contexto e à cultura, o que não


significa que deva adotar seus valores e padrões e, sim, estar atento às demandas
que se levantam em cada época e aos temores que se apresentam . Portanto, para
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Sathler-Rosa (2004), as culturas orientam padrões relacionais, valores, modelam


costumes e a personalidade, além de serem responsáveis por atribuição de sentido
ao mundo.

Para Bessa (2013, p. 66) “um conselheiro que busca ser relevante necessita
conhecer os elementos que se destacam, a fim de buscar questionamentos e
respostas para enfrentá-los.” Assim, entende-se que o final do século XX e o século
XXI trazem mudanças para a prática do aconselhamento e, não somente para ela,
mas também para outras esferas.

No aconselhamento pastoral sempre existe um lado espiritual. Como pastores


/as devemos apoiar as famílias nas situações de passagens críticas da vida. Não
apenas as grandes cerimônias no ciclo da vida (culto, batismo, casamento) servem
para renovar a vida familiar e a relação dos membros da família com Deus. Também
pequenos atos simbólicos e religiosos têm um grande valor. (HARPPRECHT;
STRECK, 1994, p.194). Há a possibilidade de fazer cultos de comunidade na casa de
membros e reunir a família com os vizinhos. No culto o membro doente da família
pode falar sobre a sua doença e sentir o apoio da família e vizinhança. Culto e oração
dão uma voz ao sofrimento e à gratidão. Para fazê-los precisa-se da aceitação dos
membros da família. (HARPPRECHT; STRECK, 1994, p.194).

O objetivo do aconselhamento com famílias em crises é ajudar a família a


melhorar a comunicação entre os membros e superar bloqueios,
conscientizar-se da situação geral da família (as relações) e do problema
atual que a levou à crise e procurar a mudança nas relações atuais com a
perspectiva de uma convivência mais sadia. (HARPPRECHT; STRECK,
1994, p.194).

O aconselhamento de famílias em crises é uma intervenção de curto prazo cujo


enfoque é o conflito atual. Ela pode ser acompanhada por um trabalho de
“enriquecimento matrimonial” ou devida familiar na comunidade e motivar as famílias
para a participação em tal programa. Pode motivar para um processo de terapia
familiar (ou de casal, ou individual). (HARPPRECHT; STRECK, 1994, p. 194). O
aconselhador precisa esclarecer expressamente por que está lidando com o conflito
da família, qual é o seu papel e o que ele quer. Ele deveria mostrar de uma maneira
cortês e educada que respeita a postura de todos os membros da família, mesmo que
eles não gostem da sua intervenção.
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O caminho cristão continua sendo a possibilidade para lidar com os conflitos


da pós-modernidade. O aconselhamento é parte desse caminho. As igrejas também
são envolvidas pelo individualismo e demais valores pós-modernos. Entretanto, como
agentes do Reino de Deus. Desse modo, o aconselhamento visa à reconciliação da
família, o aconselhamento pastoral vai ao encontro do ministério da reconciliação. Ao
lado de outras atividades, a pastoral de famílias ajuda a realizá-lo no âmbito mais
íntimo e mais conflituoso das pessoas.

4 AS CONTRIBUIÇÕES DO ACONSELHAMENTO PASTORAL PARA


CONCILIAR CONFLITOS CONJUGAIS
Quando o relacionamento conjugal é abordado, é importante falar sobre a
família, que é a célula-mãe da sociedade. De acordo com Silva e Souza (2018, p. 02)
“a família tem início com o casamento, por isso a importância do trabalho pastoral no
aconselhamento conjugal, procurando sempre a continuidade e união do casal [...].”

Por isso, em todos os segmentos da sociedade a estrutura familiar tem sido


afetada com mudanças na vida pessoal, profissional do indivíduo e das famílias.
Dietrich Bonhoeffer (1985, p. 75), afirma que “há três coisas a serem salientadas em
relação ao casamento: o casamento como instituição divina e a vida matrimonial como
um ‘estado’; a cruz do casamento; a promessa e bênção do casamento.” Por isso, é
dever pastoral salientar junto ao casal a importância da fé como dádiva de Deus ao
ser humano e, ao mesmo tempo, como atitude humana de compromisso. Para
Sathler-Rosa (2005, p. 147) “a vida na fé deve iluminar e dar sentido às outras
dimensões da existência, inclusive àquelas resultantes das precariedades humanas.”

Aconselhar um casal é ainda mais difícil e requer do conselheiro uma


habilidade especial e muita atenção. Frequentemente, um ou ambos os
cônjuges duvidam da utilidade do aconselhamento e as vezes, assumem
uma atitude de hostilidade e resistência. (COLLINS, 2004, p. 483).

Collins (2004) afirma que o aconselhamento tem várias ações que podem por
em práticas para ajudar os casais, como ensinar os princípios bíblicos relativos ao
casamento, enfatizar a importância do casamento do aperfeiçoamento da relação e
do compromisso conjugal. Desse modo, é de suma importância ensinar princípios de
comunicação e resolução de conflitos e buscar ajuda aos conselheiros quando
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necessário. Desse modo o aconselhamento pastoral deve ser entendido em seu


sentido mais amplo como a ação pastoral. Para Oliveira e Fleury (2013) a área do
aconselhamento pastoral, sirva de auxílio para pastores e pastoras, bem como
pessoas que trabalham no ministério de acompanhamento e aconselhamento.

Neste sentido, cabe ao aconselhamento pastoral ajudar casais que passam


por situações de conflitos, dramas e crises matrimoniais a superarem essas duras
realidades, caminhando rumo ao crescimento, libertação e saúde integral em sua vida
matrimonial.

O aconselhamento pastoral deve ser entendido em seu sentido mais amplo


como, a ação pastoral, dos indivíduos cristãos ou a própria comunidade que, devem
ser subsidiados por ferramentas bíblica, teológicas e pastoral, além do auxilio da área
da psicológica, que juntos, ajudam e provêem ao apoio. De acordo com Oliveira e
Fleury (2013, p. 02) “esse apoio consistem na cura, nutrição espiritual e orientações
pessoais ou a grupos em meio a momentos difíceis, de angústias e crises, com vista
a seu desenvolvimento, crescimento e libertação”.

A família é concebida como a célula mater da sociedade, a unidade básica


e/ou grupo social primário de um povo, cultura, nação. O casamento,
tradicionalmente é compreendido ou visto dentro dessa estrutura básica
chamada família. Apesar de seus diferentes arranjos, configurações e rituais,
o casamento aparece como uma realidade social encontrada em diferentes
povos e culturas. (OLIVEIRA; FLEURY, 2013, p. 3).

Nesta mesma linha de raciocínio Vaitsman, (1994, p. 19), indica que, “o que
caracteriza a família e o casamento numa situação pós-moderna é justamente a
inexistência de um modelo dominante, seja no que diz respeito às práticas, seja
enquanto um discurso normalizador das práticas”. Disto, decorre uma variedade de
implicações éticas, morais e sociais, que impactam profundamente a instituição
familiar e o casamento no presente.

Tal cenário sugere que a instituição familiar e o casamento passam por crises
profundas na contemporaneidade, devido essas rupturas e mudanças que vem
acontecendo em seu interior. “O que gera a pergunta incomoda sobre a identidade
da família e o casamento neste novo momento histórico.” (OLIVEIRA; FLEURY, 2013,
p.4).
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Essas mudanças constatadas no campo familiar e no casamento, aparecem


como reflexo de transformações amplas, complexas e sistêmicas ocorridas em âmbito
social e cultural. Para Oliveira e Fleury (2013, p.05) “entre essas realidades
produtoras de impactos na instituição familiar e no casamento destaca-se a crise da
modernidade e o surgimento da pós-modernidade”.

Desse jeito, pastores e pastoras são procurados diariamente para ajudar


pessoas através do processo de acompanhamento e aconselhamento em momentos
de crises. “Mesmo com os enormes progressos e crescimento das áreas psicológicas
e médicas, bem como proliferação de gurus e filosofias de auto-ajuda.” (OLIVEIRA;
FLEURY, 2013, p.06).

O aconselhamento pastoral, principalmente na área conjugal, apresenta


demanda crescente, pois se vive em uma sociedade hedonista, que só busca o seu
próprio prazer e satisfação. Para Silva e Souza (2018) essa demanda apresenta um
alto índice de relacionamentos fora do casamento, incentivando a busca pelo parceiro
ideal, gerando uma distorção no valor do casamento, e da família, resultando em
muitos casos no adultério.

Apesar da concepção e compreensão sobre o casamento, algumas famílias


se deparam com o adultério. A família encontra-se em um “intenso
bombardeio de valores ideológicos, éticos e morais”. Com isso, está em jogo
a própria sobrevivência da instituição, pois o pensamento pós-moderno está
influenciando as gerações atuais. (SILVA, SOUZA, 2018 p.03).

O enriquecimento matrimonial e aconselhamento em casos de crises é outra


realidade que ocupa substancialmente a agenda dos pastores. Assim o
aconselhamento pastoral tem contribuído na intervenção de ajudar casais em
diferentes níveis ou tempo de casados em situações de crises.

Sendo assim, a presença pastoral junto às pessoas em crises pode ser


encontrada na própria atuação dos pastores. Portanto, o casamento ocupa parte
significativa da existência humana e como toda experiência, promove realizações e
frustrações, alegrias e tristezas, ou seja, não está isento de crises.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considera-se que conflitos não resolvidos no casamento tornam-se um cenário


bastante propício para separação e divórcio. Os motivos podem ser os mais diversos,
desentendimento na educação dos filhos, desgaste na relação do casal, stress de um
dos cônjuges, excesso de trabalho, parentes opinando na vida do casal, falta de
dinheiro, ou falta de sexo, todos esses elementos são causadores de conflitos dentro
do relacionamento conjugal.

Os casais precisam aprender a se respeitar e respeitar os limites do


relacionamento conjugal, e priorizar o que realmente tem valor eterno, precisam
resolver os seus conflitos, para que esses não venham destruí-los. Também é muito
importante para o bem do casal evitar a exibição da intimidade do relacionamento
conjugal para qualquer pessoa.

Dentro do relacionamento existem necessidades físicas e emocionais, pois as


pessoas precisam ser entendidas, cuidada, amada, ouvida, respeitadas,
principalmente, atendidas pelos cônjuges, quando essas carências não são
atendidas, geram riscos para o relacionamento conjugal.

Quando o casal entende que precisa de ajuda para lidar com a situação, há
esperança, entretanto, é necessária muita disposição e persistência para que o casal
encontre o caminho da convergência novamente. Por isso, o aconselhamento
pastoral precisa saber como trabalhar diante das crises familiares e do cenário que
as famílias estão vivenciando na atualidade.

Diante disso, a visão do aconselhamento pastoral sobre crises familiares, e


como ajudá-las a mudar o quadro e restaurar a convivência numa perspectiva mais
sadia. O objetivo do aconselhamento com famílias em crises é ajudar a família a
melhorar a comunicação entre os membros e superar bloqueios, conscientizar-se da
situação geral da família e do problema atual que a levou à crise e procurar a mudança
nas relações atuais com a perspectiva de uma convivência mais sadia.

Portanto, o aconselhamento pastoral familiar para os casais em crises é uma


intervenção de curto prazo cujo enfoque é o conflito atual. Ela pode ser acompanhada
por um trabalho de enriquecimento matrimonial ou de vida familiar na comunidade e
motivar as famílias para a participação em tal programa. Pode motivar para um
processo de terapia familiar, casal, ou individual.
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REFERÊNCIAS

BESSA, Daniela Borja. Aconselhamento Pastoral: desafio para a igreja local. Via
Teológica Vol. 14, n.28, dez.2013, p. 62 – 74.

BONHOEFFER, D. Spiritual Care. Fortress, 1985.

CLINEBELL, Howard. Aconselhamento Pastoral: Um Modelo Centrado em


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COLLINS, Gary R. Aconselhamento Cristão: edição século 21. Tradução Lucilia


Marques. São Paulo: Vida Nova, 2004.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas,
2002.

SCHNEIDER-HARPPRECHT, Christoph; STRECK, Valburga Schmiedt.


Aconselhamento Pastoral da Família, uma Proposta Sistêmica. Estudos
Teológicos, 34(2):184-198, 1994.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estatísticas do Registro Civil.


Disponível em:
https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/9110estatisticas-do-registro-
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LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia científica. 5.


ed. São Paulo: Atlas, 2003.

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freqüências. Rev. SPAGESP vol.12 no. 2 Ribeirão Preto dez. 2011.

OLIVEIRA, Márcio Divino de. Cuidado pastoral da Igreja em tempos de


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OLIVEIRA, Márcio Divino de. FLEURY, Kleyson. Aconselhamento Pastoral


matrimonial: uma proposta de acompanhamento, enriquecimento e cura a casais
em crise. Vox Faifae: Revista de Teologia da Faculdade FAIFA Vol. 5 N°1 (2013).

SATHLER-ROSA, Ronaldo. O processo de aconselhamento pré-matrimonial,


Pautas pastorais. Revista Caminhando, vol. 9, n. 1, 2005.

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https://faculdadebetania.com.br/revista/out2018/aconselhamento_pastoral_para_cas
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