Texto Base - A Controladoria e As Funções Do Controller
Texto Base - A Controladoria e As Funções Do Controller
Texto Base - A Controladoria e As Funções Do Controller
OLIVEIRA, L. M.; PEREZ JR., J. H.; & SILVA, C. A. S. Controladoria estratégica. 11. ed.
São Paulo: Atlas, 2015.
Entre nós, é uma atividade desenvolvida e divulgada somente a partir das últimas
décadas, o que explica e justifica o fato de pairarem muitas dúvidas sobre o assunto nos meios
acadêmicos e profissionais.
Tudo isso, evidentemente, sem deixar de cumprir com eficácia e eficiência suas
responsabilidades na execução das chamadas tarefas e atribuições regulamentares,
normalmente vinculadas aos aspectos contábeis e societários, aliadas à estrita observância da
legislação tributária e fiscal, em todas as suas nuances e complexidades.
Para atingir tais objetivos de monitoramento sistemático das atividades empresariais nos
diversos níveis, o controller deve valer-se de algumas ferramentas para possibilitar a
mensuração e o controle das diversas atividades da organização, sendo que para isso torna-se
necessária a adequada integração entre os sistemas contábeis, orçamentários e padrões.
Como visto anteriormente, a moderna controladoria deve estar estruturada para tanto
atender a necessidades de controles sobre as atividades rotineiras como servir de ferramenta
para o monitoramento permanente sobre todas as etapas do processo de gerenciamento da
empresa. Em outras palavras, a estruturação da Controladoria deve estar ligada aos sistemas de
informações necessárias à gestão, tanto dos aspectos rotineiros como dos gerenciais e
estratégicos.
Dessa maneira, pode-se visualizar a Controladoria estruturada em dois grandes
segmentos:
Kanitz, por sua vez, entende que as funções da Controladoria podem ser resumidas como
segue:
Nos tempos atuais, o controller deve ser um profissional multifuncional, ou seja, deve
acumular experiências nas áreas contábeis, financeiras e administrativas.
Em decorrência das profundas mudanças que estão ocorrendo nos processos produtivos
e nas técnicas gerenciais e administrativas, as exigências para o exercício do cargo de controller
tornaram-se complexas e desafiadoras. Não há mais espaço para o profissional do passado,
contente apenas em cumprir satisfatoriamente as tarefas rotineiras.
A valorização do cargo de controller é consequência direta da necessidade das empresas
de elaborar o planejamento estratégico e controlar, com cada vez mais rigor, os custos
administrativos, financeiros e de produção dos bens e serviços.
Para atender às exigências do mercado de trabalho, os conhecimentos exigidos para o
desempenho das funções de controller são:
• contabilidade e finanças;
• Sistemas de Informações Gerenciais;
• tecnologia de informação;
• aspectos legais de negócios e visão empresarial;
• métodos quantitativos;
• processos informatizados da produção de bens e serviços.
Para enfrentar esses novos desafios, o controller precisa possuir, além de todos os
requisitos anteriormente exigidos, novas habilidades, tais como: práticas internacionais de
negócios, controles orçamentários, planejamento estratégico, além de tornar-se um profissional
de fácil relacionamento e extremamente hábil para vender suas ideias e conceitos.
Na empresa moderna, a tendência é o maior entrelaçamento entre os departamentos e
unidades de trabalho. As antigas barreiras e divisões entre setores estanques tendem a
desaparecer com a introdução cada vez maior de trabalhos em equipe.
Ressalta-se também, como qualidade importante, a visão de negócios, para tornar
possível sua efetiva atuação no business plan da organização. Esse aspecto, de reconhecida
preocupação por parte dos empresários, nem sempre tem merecido os devidos cuidados pela
equipe da Controladoria. Trata-se, inquestionavelmente, de um atributo fundamental para a
avaliação do controller, visto que alta prioridade também é dada aos conhecimentos do
controller sobre os negócios da companhia.
A diretoria deverá olhar para indícios de como o controller compreende as operações da
companhia. Ele está familiarizado com a organização, a terminologia e o estilo gerencial da
companhia? Têm seus comentários e recomendações real substância e evidenciam alto nível de
experiência?
A Contabilidade atualmente praticada será cada vez mais influenciada pelas normas
vigentes em outros países, em decorrência da globalização e abertura da economia brasileira.
Afinal, para atender aos usuários da Contabilidade nesse novo ambiente, há necessidade de
adaptar os atuais procedimentos e práticas contábeis aos padrões internacionais.
Destacam-se, entre outros, os seguintes procedimentos vigentes nos países mais
desenvolvidos, os quais ainda não são praticados em sua plenitude no Brasil:
• prestação de contas à sociedade das entidades sem finalidades lucrativas: caso das
universidades e hospitais públicos, corpo de bombeiros, delegacias de polícia etc.;
• emissão dos relatórios financeiros de um condomínio residencial: no caso, apesar de
estar desobrigado de elaborar a contabilidade para fins fiscais e/ou societários, o síndico
deve prestar contas, aos condôminos, das atividades financeiras e operacionais sob sua
responsabilidade;
• delegação de autoridade e poder e necessidade de prestação de contas: a autoridade e o
poder são delegados por meio de toda a estrutura organizacional. O processo inicia-se
com a eleição pelos investidores de um Conselho de Administração, o qual deve
representar os acionistas, definir as diretrizes estratégicas da entidade e garantir retorno
adequado sobre cada investimento efetuado.
“Há três anos consecutivos a Emerson Electric vem conquistando taxas de crescimento
nas vendas acima de 10% anuais em mercados disputados por intensa concorrência global. Seu
faturamento mundial atingiu no ano passado 11,1 bilhões de dólares.
A centenária companhia completa uma carreira de 40 anos ininterruptos de geração de
lucros e dividendos crescentes. Fabricante de produtos pouco glamourosos em termos de
marketing – compressores de geladeira a equipamentos para ar-condicionado, motores e
ferramentas elétricas –, a Emerson detém há anos níveis de produção superiores aos dos
concorrentes japoneses.
É fácil? Pense, por um instante, nas dimensões da companhia. Ela opera no melhor estilo
confederativo. Possui 54 divisões que produzem e comercializam acima de 100.000 itens.
Emprega 82.000 funcionários, distribuídos por uma centena de países. Cada divisão possui seu
próprio presidente.
São números que, à primeira vista, podem sugerir um mamute que cresce de forma
desordenada. Longe disso.
Raras empresas no mundo prosperam de forma tão organizada. Planejamento é, na
Emerson, uma prática seguida com fervor quase religioso.
Qual é o pressuposto disso? ‘A experiência nos diz que se a administração se concentra
nos dados fundamentais e faz follow-ups constantes, não há razão para que não possamos obter
lucro ano após ano’ diz o principal executivo – CEO – da empresa.
Todos os meses, seus executivos devem enviar um relatório operacional atualizado ao
CEO, que sumariza os resultados de cada divisão. A cada trimestre, os presidentes das divisões
se reúnem para discutir como alocar de forma adequada os recursos da companhia.
Além disso, uma vez por ano cada um deles é submetido a uma sabatina com duração
de dois dias. Nessas ocasiões, os presidentes divisionais são questionados sobre como alcançar
as vendas projetadas para os próximos cinco anos, sobre programas de redução de custo e sobre
aqueles detalhes decisivos que fazem deslanchar uma operação.
Há algo mais que faz diferença na Emerson. Quando as metas são aprovadas, não há
desculpa para que deixem de ser implementadas. Ocorre que os próprios presidentes divisionais
que as concebem são responsáveis pela sua execução. Por seu desempenho à frente dos projetos
é que são avaliados e bonificados.
Essa visão implica envolvimento pessoal, disciplina e persistência.”
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BEUREN, Ilse Maria; MOURA, Verônica de Miglio. O papel da controladoria como suporte ao processo de gestão
empresarial. Revista Brasileira de Contabilidade, Brasília, p. 60, nov./dez. 2000.
KANITZ, Stephen Charles. Controladoria: teoria e estudos de casos. São Paulo: Pioneira, 1977.
TUNG, N. H. Controladoria. São Paulo: Edusp, (s.d.).
NAKAGAWA, Masayuki. Introdução à controladoria: conceitos, sistemas e implementação. São Paulo: Atlas,
1993.