Jornada Do Calvário E-Book

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Jornada do Calvário:

 O que é: Série de devocionais e reflexões de


preparação para a Páscoa. A mobilização se dará
pelos grupos de interesse da igreja, com
cadernos com as reflexões para a igreja:
 Objetivos: Preparar a igreja para a celebração da
Páscoa, e gerar amor pela piedade e busca da
vida devocional.
Período:

 Início: Dia 18/03 – Segunda-feira


 Término: Na Páscoa – Dia 31/03 – Domingo
DEVOCIONAL 1

ÊXODO 12:3-14

EGITO

A primeira Páscoa aconteceu no Egito, quando o


povo de Israel era escravo naquela nação. Por 400 anos
foram oprimidos pelo regime de Faraó e clamavam a
Deus por libertação. Deus interfere na história por meio
do seu servo Moisés.

Moisés atende o chamado de Deus e desafia


faraó a libertar seu povo. Faraó não aceita, endurece
seu tratamento e oprime o povo ainda mais. Deus
manda nove pragas assolarem o Egito, mas Faraó não
se curva. Deus então, envia a pior praga de todas, a
décima, que iria tirar a vida de todos os primogênitos,
inclusive do filho do soberano.

Para poupar o seu povo do anjo da morte, Deus


os instrui a sacrificar um cordeiro na noite anterior à
praga e a pintar os batentes de suas portas com o
sangue deste animal. O sangue faria com que o anjo da
morte passasse por essas casas sem nelas entrar.

Deus também ordena que o povo asse o cordeiro


e faça uma refeição em família, curiosamente, deixando-
os prontos para partir. Mal sabiam eles que essa
refeição seria fundamental para a grande jornada que
iniciariam na próxima madrugada, quando Faraó
finalmente sucumbiria à vontade de Deus e ordenaria a
partida imediata de todo o povo judeu.

Assim surgiu a Páscoa. O sangue do cordeiro


derramado para a libertação dos judeus e a carne
partida para a provisão de suas vidas. E, para que
nunca se esquecessem da libertação que lhes foi dada
no Egito, Deus ordena que seu povo observasse esse
mesmo ritual, todos os anos.

Quando lemos isto, imaginamos que a celebração


da Páscoa pudesse ser algo muito simbólico e lindo. De
grande importância simbólica, sim. Mas não tão linda.
Séculos mais tarde, nos tempos de Jesus, a cerimônia
era realizada anualmente no templo em Jerusalém,
onde milhares de animais eram sacrificados
anualmente. Na Páscoa, a cidade toda cheirava a
sangue.

Mas por que isso? Para que aquele povo jamais


se esquecesse do preço do pecado.
DEVOCIONAL 2

1 CORÍNTIOS 15:1-10

Uma Certa Esperança

Quando Paulo se encontrou com o Cristo


ressurreto, foi para ele um desafio tanto racional quanto
pessoal. Ele não apenas teve de vencer as sérias
dúvidas que tinha de que era possível que houvesse
uma ressurreição no decorrer da história e que um ser
tão frágil pudesse ser o Messias. Teve também de
compreender que sua justiça era insuficiente, que
estava espiritualmente perdido e que nada menos do
que a morte e a ressurreição do Filho de Deus poderia
salvá-lo. Somente quando Paulo, que se achava o
máximo, finalmente compreendeu que era o menor (1Co
15.9), foi que se tornou alguém grande.

Veja a notável autoimagem que Paulo tinha


fundamentada na esperança viva na morte e
ressurreição de Cristo para ele. Paulo não diz que era o
menor dos apóstolos e que agora era o mais bem-
sucedido. Também não diz que é um pecador indigno e,
portanto, é claro que não fez muita coisa. Não, ele diz
que é o menor dos apóstolos (e ―o pior dos pecadores‖,
1Tm 1.16) e, ao mesmo tempo, foi o que mais deu frutos.
Conhecemos pouco dessa autoimagem. Para nós, ou
pensamos muito bem de nós mesmos ou então não nos
temos em grande conta. Paulo consegue manter juntas
as duas avaliações, isto é, que em si mesmo é um
homem com defeitos e pecador que merece ser
rejeitado e, ao mesmo tempo, pela graça de Deus, é
amado e produz frutos.

Quando você crê que em Jesus Cristo o Pai o ama


e o aceita totalmente, admite então seu pecado e suas
fraquezas sabendo, ao mesmo tempo, que ele o
perdoará e o usará apesar disso. É por esse motivo que
Paulo tem essa incrível autoimagem. É fantástico. Não
há nada parecido.

A ressurreição aconteceu? Sim, mas você só irá


aceitá-la se permitir que ela confronte não apenas sua
razão e sua cabeça, mas também sua autoimagem e os
compromissos do seu coração.
DEVOCIONAL 3

MARCOS 1:15

Uma esperança futura

A ressurreição foi de fato uma manifestação


milagrosa do poder de Deus, mas não deveríamos
entendê-la como uma suspensão da ordem natural do
mundo. Pelo contrário, ela era o princípio da
restauração da ordem natural do mundo, o mundo como
Deus planejava que fosse. Uma vez que a humanidade
deu as costas a Deus, tanto o mundo humano quanto o
natural têm sido dominados pelo pecado e pelo mal,
pela desordem e pela doença, pelo sofrimento e pela
morte. Mas quando Jesus ressuscitou dos mortos, ele
inaugurou a primeira etapa do poder do reino vindouro
de Deus ao mundo para restaurar e curar todas as
coisas.

A ressurreição não significa simplesmente que os


cristãos têm uma esperança para o futuro, mas que a
esperança deles vêm do futuro. A mensagem
surpreendente da Bíblia é que quando Jesus
ressuscitou, ele trouxe o reino futuro de Deus para o
presente. Ele ainda não está aqui completamente, mas
está aqui substancialmente, por isso o cristão terá uma
vida empobrecida se não se der conta do que está à sua
disposição. Paulo ora aos efésios para que ―sendo
iluminados os olhos do vosso coração, para que saibais
[...] qual é a suprema grandeza do seu poder para
conosco, os que cremos, segundo a atuação da força
do seu poder, que atuou em Cristo, ressuscitando-o
dentre os mortos e fazendo-o sentar-se à sua direita nos
céus, muito acima de todo principado, autoridade,
poder, domínio, e de todo nome que possa ser
pronunciado, não só nesta era, mas também na
vindoura‖. (Ef 1.18-21)

A ressurreição inflamou o reino de Deus e para


que Deus ―ilumine os olhos do nosso coração‖ e nos
permita ver os prodígios do que ele nos deu, temos de
compreender o que é o reino de Deus. O reino de Deus
―significa a renovação do mundo pela introdução de
forças sobrenaturais‖. Ele curará o mundo todo e todas
as dimensões da vida humana. Do trono do rei que vem
flui vida nova e poder, de tal ordem que doença alguma,
nenhuma degradação, pobreza, mácula ou sofrimento,
resistirá diante dele.
DEVOCIONAL 4

JOÃO 11:40

Uma esperança gloriosa

A ressurreição não só traz o futuro para o


presente como traz também o céu à terra. Ela une as
pessoas à glória de Deus. Este é um dos temas mais
importantes que permeiam a Escritura.

Quando Jesus disse que seu corpo ressurreto era


o verdadeiro templo, ele estava dizendo algo do tipo:
―Em todos os templos ao redor do mundo, os
sacerdotes oferecem sacrifícios e fazem rituais com o
objetivo de lançar uma ponte sobre o abismo que você
sente existir entre você e Deus. Contudo, eu sou o
sacrifício que põe fim a todos os sacrifícios. Eu sou o
sacerdote que põe fim à sua necessidade de
sacerdotes. Fui eu que passei sob a espada (Gn 3.24).
Sou eu que trago o céu à terra, porque não sou apenas
a ponte sobre o abismo que conduz à glória de Deus, eu
sou a glória de Deus‖. Ninguém, é claro, jamais havia
dito qualquer coisa parecida com isso antes. Os
fundadores de outras religiões construíram muitos
templos. Jesus, porém, é o templo que põe fim a todos
os templos.

Em Mateus 27.51, lemos que quando Jesus


morreu, o véu do templo foi rasgado em dois de cima
para baixo como se duas mãos poderosas o partissem
do alto. Quando morreu, Jesus demoliu o antigo templo
e, em sua ressurreição, ele instituiu o templo novo. Ao
nos unirmos agora ao Cristo ressurreto pela fé, através
do Espírito Santo, a presença da glória da shekiná de
Deus, que antes estava inacessível atrás do véu, está
agora à nossa disposição.

Isso é de extraordinária importância para a


igreja, pois significa que o cristão não é basicamente
uma pessoa simpática que subscreve certas crenças e
códigos. Em vez disso, o cristianismo é uma
regeneração radical do coração e uma reorientação da
vida. Somos regenerados quando cremos (Jo 3.3),
porque agora a mesma presença divina que antes
sacudia as montanhas, apavorava as pessoas e matava
os seres vivos ao entrar em contato com eles agora vive
em nós. Isso significa que ser cristão nos dá acesso à
presença de
DEVOCIONAL 5

1 CORÍNTIOS 1:27-31

Uma esperança subversiva

Em nossa época, a fé cristã é vista como algo


tradicional, e não como algo radical e subversivo. Nada
poderia estar mais longe da verdade. Devidamente
compreendida, a mensagem do reino de Deus
subverterá as crenças dominantes da nossa cultura.

O mundo esperava que o Messias viesse uma


única vez. Jesus, porém, anuncia um Messias que vem
duas vezes, o que é algo completamente inesperado:
um Messias que vem duas vezes, vem pela primeira vez
de modo frágil, e não forte. É por isso que o reino em
duas etapas é, do ponto de vista do mundo, um reino de
―ponta-cabeça‖. O Rei vem de um modo que inverte os
valores do mundo. Ele vem frágil e vem para servir, não
com força e energia, ele vem para morrer e nos
resgatar.
Há três implicações importantes aqui. Em
primeiro lugar, significa que entramos no reino pelo
mesmo padrão invertido (de ponta-cabeça).
Diferentemente das outras religiões, não alcançamos a
salvação reunindo forças para viver uma vida virtuosa.
Recebemos a salvação por meio da fragilidade do
arrependimento. Em segundo lugar, significa que
também vivemos, crescemos e servimos neste reino
não por tomar o poder, mas por seguir a Jesus,
renunciando ao poder para perdoar, para sacrificar e
para servir. Por fim, vemos o mundo todo de outra
maneira. Não valorizamos exageradamente o
competente, o confiante e o bem-sucedido. Não nos
curvamos diante dos ricos, dos brilhantes e capazes,
para satisfazê-los (Tg 2.1-7). Pelo contrário, erguemos
aqueles que estão à beira do caminho.

Essa estrutura não só desafia a cultura


dominante em que vivemos, como também reformula
nossa vida de baixo para cima. Observamos que o
caminho para o alto é o que desce, o caminho da força é
o que passa pela fraqueza e que Deus tem um plano e
caminha conosco em meio ao nosso sofrimento,
fragilidade e desamparo.
DEVOCIONAL 6

FILIPENSES 2:5-11

A grande inversão

Em Jesus, descobrimos não apenas outra


reviravolta inesperada, mas a grande inversão. Não há
exposição melhor disso do que a registrada em
Filipenses 2. Ele foi rejeitado, condenado, torturado,
executado e, portanto, Deus o ressuscitou e o exaltou. A
vindicação da ressurreição é tanto a inversão quanto o
resultado da condenação da crucificação. As trevas da
Sexta-Feira Santa resultam na aurora da Páscoa.

A encarnação, morte e ressurreição de Jesus são


boas-novas em razão do amor maravilhoso que ele
demonstrou ao trocar de lugar conosco. Ele veio do céu
para a terra para que pudéssemos ir da terra para o
céu. Ele era rico e se tornou pobre, para que através de
sua pobreza pudéssemos nos tornar ricos (2Co 8.9). Ele
se tornou pecado para que nos tornássemos a justiça
de Deus nele (2Co 5.21). Sua maldição é nossa bênção
(Gl 3.13,14). Esse é o evangelho. Do ponto de vista do
mundo, a morte de Jesus na cruz foi um fracasso total.

A grande inversão é a um só tempo sabedoria


verdadeira e poder verdadeiro e mostra ironicamente
que a compreensão que o mundo tem da grandeza é
uma fraqueza que leva a guerras e conflitos contínuos.
A compreensão que o mundo tem da sabedoria — razão
sem Deus — é a coisa mais infrutífera possível.
Portanto, ―a loucura de Deus é mais sábia do que a
sabedoria humana, e a fragilidade de Deus é mais forte
do que a força humana‖. No cristianismo, Deus nos
salva descendo até nós. Essa é a grande diferença
entre o cristianismo e todos os demais sistemas
filosóficos e religiosos.
DEVOCIONAL 7

EFÉSIOS 2:1-7

Esperança para você

Em Efésios 2, Paulo diz que não apenas seremos


ressuscitados fisicamente no fim dos tempos, mas que
já ressuscitamos espiritualmente, no momento que
cremos em Cristo como nosso Salvador e Senhor
ressuscitado. Na verdade, Paulo acrescenta que já
subimos espiritualmente aos céus. ―[Deus] nos
ressuscitou juntamente com ele, e com ele nos fez
assentar nas regiões celestiais em Cristo Jesus‖ (Ef
2.4-6).

Essa declaração mostra como são profundas as


mudanças quando alguém se torna cristão. Não se trata
de virar uma página nova e de se esforçar mais para
viver uma boa vida. Não se trata apenas de estar filiado
a uma nova sociedade religiosa. Pelo contrário, trata-se
de ser transportado de um reino para outro. Significa
estar unido a ele no Espírito Santo e aos poderes do
reino vindouro, de tal modo que ―pelo novo nascimento,
pela nossa regeneração, somos unidos ao Senhor Jesus
Cristo, e nos tornamos partícipes e membros da sua
vida em todas as bênçãos que dele procedem‖.

Especificamente, o cristão ganhou vida espiritual


embora estivesse morto. Essa ressurreição espiritual
ocorre quando cremos que Jesus Cristo morreu e
ressuscitou para nossa salvação. Contudo, com base
nessa verdade objetiva, um princípio de vida futura,
celestial, é introduzido em nós e nos afeta
subjetivamente. Passamos a desfrutar de prenúncios de
nosso estado futuro final, uma liberdade para mudar e
ser como Cristo, uma percepção da realidade, da glória
e do amor de Deus em nosso coração, bem como uma
solidariedade nova, baseada no amor, com nossos
irmãos e irmãs em Cristo.

Ressurreição espiritual significa que estamos, em


um certo sentido, vivendo no céu quando ainda estamos
na terra, que estamos vivendo no futuro quando ainda
estamos no presente.
DEVOCIONAL 8

LUCAS 14:13-14

Esperança para os relacionamentos

Em Lucas 14.13,14, vemos Jesus rompendo


completamente com o modelo transnacional e
autocentrado de relações sociais no qual o mundo
esteve baseado durante séculos até os dias de hoje.

Contudo, nos versículos 12 a 14, Jesus disse aos


discípulos que deviam se esforçar para fazer amizade
com as pessoas e servi-las, gente que jamais poderia
abrir portas para você ou convidá-lo para sua mansão,
ou aumentar o número de clientes e negócios da sua
empresa. A razão pela qual o cristão vive de um modo
tão radicalmente distinto tem uma explicação: a
ressurreição! ―Embora essas pessoas não possam
pagá-lo, você receberá seu pagamento na ressurreição
dos justos‖. A glória, a riqueza, a felicidade e o amor da
ressurreição final e do mundo renovado serão infinitos,
incontáveis vezes maiores e o recompensarão muito
mais por quaisquer sacrifícios pela justiça nesta vida.
Não devemos perder de vista as implicações
disso. Jesus está criticando duramente um aspecto
importante da cultura romana, e está proibindo os
discípulos de fazer parte de sua injustiça sistêmica.

Jesus acrescenta, no versículo 14, que


experimentarão a ―bênção‖ divina os que usarem de
generosidade incalculável para com os de status
inferior. Mesmo aqui, porém, Jesus não dissera às
pessoas que dessem para que fossem abençoadas. Ele
está dizendo que somente serão abençoados aqueles
que se derramarem pelos outros sem se preocupar em
receber algo em troca, simplesmente em uma reação de
alegria pelo modo como Deus já lhes havia dado todas
as coisas possíveis.
DEVOCIONAL 9

2 PEDRO 3:13

Esperança de justiça

Quando Jesus ressuscitou dos mortos, com ele


veio o primeiro sinal do poder de Deus, que renovará a
terra no fim da história. A Bíblia nos diz que, nesse
tempo, Deus não salvará indivíduos apenas e
desprezará o mundo como se fosse uma casca ou um
refugo sem importância. Pelo contrário, ―a própria
criação [será] libertada do cativeiro da degeneração,
para a liberdade da glória dos filhos de Deus‖ (Rm 8.21).
Os efeitos do pecado do mundo — a degeneração total
—serão curados. Não apenas haverá libertação física
da doença, do envelhecimento e da morte, como haverá
também libertação social da pobreza, da guerra, do
racismo e do crime que infestam hoje nosso mundo,
bem como libertação psicológica do medo, da culpa, da
vergonha e do desespero que hoje nos infectam. Todas
as coisas serão finalmente reparadas, serão
plenamente endireitadas. Nós seremos renovados, mas
receberemos também um mundo renovado no qual
viveremos com Cristo em nosso corpo ressurreto. Será,
finalmente, como diz Jonathan Edwards, ―um mundo de
amor‖. Na terra, o que geralmente passa por amor é o
uso instrumental e egoísta de pessoas desejáveis que
supram nossas necessidades egocêntricas e invejosas
de poder e de controle. Na nova criação, conheceremos
Jesus, a fonte infinita de amor. Amaremos uns aos
outros em consideração a ele e em consideração aos
outros. Todos os relacionamentos, portanto, serão
finalmente corretos e justos. Assim, 2Pedro 3.13 diz que
os novos céus e a nova terra serão cheios de
―dikaiosine‖ — justiça.

A ressurreição e a nova criação, portanto, terão


grande influência sobre a compreensão cristã da
maneira como analisamos as várias formas de
degeneração que vemos na criação à nossa volta
atualmente. Uma das maneiras pelas quais a natureza
―geme‖ por causa da degeneração são os
relacionamentos injustos. O cristão não deve ser
passivo em face da injustiça. Se todo o conserto do
mundo se desse apenas no futuro, haveria pouco para
fazermos, a não ser viver vidas de moralidade e
santidade pessoais, sentarmo-nos à sombra e esperar.
Contudo, ressurreição significa que o poder libertador e
saneador de Deus está aqui agora, por intermédio do
Cristo ressurreto e de sua presença em nossa vida
através do Espírito Santo. Não fomos salvos para
ficarmos seguros; fomos salvos para servir.
DEVOCIONAL 10

2 CORÍNTIOS 12:9-10

Esperança diante do sofrimento

Paulo insistiu que não apenas a tristeza produzia


maior alegria, e a fraqueza dava maior força, como
também que não havia outra maneira de se obter tais
coisas. O apóstolo fez referência a uma realidade
crônica e dolorosa em sua vida, seu ―espinho‖, e de
como ele havia pedido a Deus que o removesse. Deus,
porém, lhe dissera: ―A minha graça te basta, porque o
meu poder se aperfeiçoa na fraqueza‖ (2Co 12.9).
Olhando em retrospectiva, Paulo se deu conta de que
seu sofrimento era a única coisa que o impedia de ser
―arrogante‖ (v. 7), e que a humildade interior, a
sabedoria, a alegria e a força são inacessíveis, exceto
através de experiências de fragilidade que finalmente
nos levam a depender da graça de Deus.

Portanto, da tristeza pode brotar a alegria e da


fraqueza, força. Que ótima ideia!
O princípio da alegria produzida pela tristeza e da
força pela fraqueza funciona porque Jesus ressuscitou
dos mortos. Segundo Paulo, como a ressurreição de
Jesus aconteceu, o sentido da história é precisamente
o de que a redenção brota da injustiça; e a vida nasce
da morte.

A resposta para o cristão é muito mais clara do


que fora para o salmista. No evento central da história
do mundo, o sofrimento de Jesus não abriu caminho
apenas para a alegria: ele a produziu. Sua agonia e suas
lágrimas foram substitutivas. Ele tomou sobre si nosso
castigo. Assim, suas lágrimas foram a semeadura
derradeira em meio a lágrimas e produziram a colheita
derradeira em meio à alegria. Suas lágrimas e seu
sangue nos redimiram. Ao nos lembrarmos delas e do
seu sofrimento, choramos e nos entristecemos, mas de
outra maneira.

Não nos entristeceremos em meio à culpa não


resolvida. Não nos entristeceremos imersos na
autocomiseração e na ira. Não nos faltará paciência em
nosso sofrimento.

Assim como a fraqueza e a vergonha de Jesus


são o único caminho para a verdadeira força e glória,
assim também nosso arrependimento e a admissão da
culpa e do pecado constituem a única maneira de
chegarmos à confiança e à honra mais elevadas: o
conhecimento de que em Cristo somos aceitos e de que
o Senhor de tudo tem prazer em nós.
DEVOCIONAL 11

Hb 11:1 / Ef 1:9-12 / Rm 8:28 / Is 40:31

Esperança para o futuro

Quando o objeto de nossa esperança não é um


agente humano, mas Deus, a esperança se torna
confiança, certeza e plena segurança (Hb 11.1). Ter
esperança em Deus não é ter um desejo incerto e
ansioso de que ele confirmará nosso plano, mas
reconhecer que ele, e somente ele, é digno de
confiança, que tudo o mais nos decepcionará (Sl
42.5,11; 62.10) e que seu plano é infinitamente sábio e
bom. Se creio na ressurreição de Jesus, isso confirma
que há um Deus que é bom e poderoso, que faz das
trevas faz brotar a luz, e que está pacientemente pondo
em prática um plano para sua glória, para nosso bem e
para o bem do mundo (Ef 1.9-12; Rm 8.28). Esperança
cristã significa parar de apostar minha vida e minha
felicidade na agência humana e descansar nele.

Como fazemos isso? Uma pessoa que receba um


diagnóstico de câncer colocará com razão sua
esperança nos médicos e no tratamento médico.
Contudo, ela deve depender principalmente de Deus.
Poderá ter certeza de que seu plano para ela é sempre
bom e perfeito (Rm 8.28) e que o destino inevitável é a
ressurreição. Se ela puser a esperança do seu coração
sobretudo na medicina, um diagnóstico desfavorável
será devastador. Contudo, se a esperança principal do
seu coração estiver no Senhor, ela será como uma
montanha que não pode ser abalada ou movida (Sl
125.1). Em Isaías 40.31, lemos que aqueles que
―esperam no Senhor‖ não se entregam a uma
expectativa ansiosa, mas sempre ―renovam suas
forças‖ e, inclusive, ―subirão‖. A esperança em Deus faz
com que ―[corramos] e não [nos cansemos]‖ e que
―[caminhemos] e não nos fatiguemos‖.

Jesus nos deu a garantia de que nos conduzirá a


um lugar de luz e beleza através de sua morte e
ressurreição. Quando essa segurança habita em nós,
nosso destino imediato, a maneira pela qual a situação
presente se resolverá, não pode mais nos inquietar. A
resistência vem de olharmos para nós mesmos. A
esperança vem de olharmos para ele.
DEVOCIONAL 12

MARCOS 15:40-47/ MARCOS 16:1-8

"A Morte da Morte"

Jesus disse aos seus discípulos, "Eu vou


ressuscitar no
terceiro dia." Ele disse isso em Marcos 8, novamente
em Marcos 9, e de novo em Marcos 10.
Dada essa repetição, algo curioso acontece.
No terceiro dia após a morte de Jesus, não há
nenhum discípulo masculino por lá; as mulheres
aparecem, mas trazem especiarias e perfumes caros
com os quais um cadáver era usualmente ungido.
Ninguém espera uma ressurreição. Se você fosse
Marcos, o escritor do Evangelho, tentando escrever um
trabalho de ficção, e você tem Jesus dizendo
repetidamente aos seus discípulos que ele
ressuscitaria no terceiro dia, você não teria pelo menos
um discípulo pensando sobre isso e falando para os
outros, "Ei, é o terceiro dia.
Talvez devêssemos ir dar uma olhada no túmulo
de Jesus. Que mal há?" Isso seria razoável. Mas
ninguém disse nada disso. Na verdade, eles não
esperavam nenhuma ressurreição. Não lhes ocorreu. O
anjo em frente ao túmulo teve que lembrar as mulheres:
"Vocês o verão, assim como ele disse." Se Marcos
tivesse inventado essa história, não teria escrito dessa
maneira. E aqui está o ponto: A ressurreição era tão
inconcebível para os primeiros discípulos, quanto era
impossível para eles acreditarem, assim como é para
muitos de nós hoje.
Admite-se que suas razões seriam diferentes das
nossas. Os gregos não acreditavam em ressurreição;
na visão de mundo dos gregos, a vida após a morte era
a liberação da alma do corpo. Para eles a ressurreição
nunca seria parte da vida após a morte. Quanto os
judeus, alguns deles acreditavam em uma futura
ressurreição geral quando o mundo inteiro seria
renovado, mas não tinham o conceito de um indivíduo
ressurgindo dos mortos. As pessoas do tempo de Jesus
não eram predispostas a acreditar na ressurreição
mais do que nós somos. É difícil para você acreditar
que Jesus ressuscitou dos mortos? Como é que a
ressurreição de Jesus te dá esperança?

.
DEVOCIONAL 13

MARCOS 14:53-65

"O Rei Crucificado"

Quando o sumo sacerdote perguntou a ele, "Você


é o Messias, o Filho do Deus Bendito? Jesus respondeu,
"Sou." Ao responder da maneira que ele fez, Jesus está
dizendo: "Eu irei à Terra na própria glória de Deus e
julgarei o mundo inteiro".
É uma afirmação surpreendente. É uma
reivindicação de deidade. De todas as coisas que Jesus
poderia ter dito—e há tantos textos, temas, imagens,
metáforas e passagens das Escrituras hebraicas que
ele poderia ter usado para dizer quem ele era — Ele,
especificamente, diz que ele é o juiz.
Por sua escolha de texto, Jesus está nos
forçando deliberadamente a ver o paradoxo. Houve
uma enorme inversão. Ele é o juiz do mundo inteiro,
sendo julgado pelo mundo. Ele deveria estar na cadeira
do juiz, e nós deveríamos estar no banco dos réus, nas
correntes. Tudo está ao contrário.
E assim que Jesus afirma ser este juiz, assim que
ele reivindica divindade, a resposta é explosiva. Marcos
escreve: "Eu sou", disse Jesus. "E você verá o Filho do
Homem sentado à mão direita do Poderoso, vindo sobre
as nuvens do céu".
O sumo sacerdote rasgou suas roupas. "Por que
precisamos de mais testemunhas?" ele perguntou.
"Você ouviu a blasfêmia. O que você acha?" Todos o
condenaram como digno de morte. Então, alguns
começaram a cuspir nele; eles o vendaram, golpearam-
no com os punhos e disseram: "Profetize!" E os guardas
o levaram e o espancaram (Marcos 14:62–65).
O sumo sacerdote rasga suas próprias roupas,
um sinal da maior ofensa possível, horror e tristeza. E
então todo o julgamento se deteriora. Na verdade, não é
mais um julgamento; É um tumulto.
Os jurados e juízes começam a cuspir sobre ele e
o espancam. No meio do julgamento, eles ficam
absolutamente furiosos. Ele é instantaneamente
condenado por blasfêmia e condenado como digno de
morte.
Enquanto você e eu não podemos literalmente
cuspir no rosto de Jesus, ainda podemos zombar e
rejeitá-lo. De que maneira somos propensos a rejeitar
Jesus como Deus?
KELLER, Timothy. Preparando Nossos Corações Para a Páscoa. Redeemer
Presbyterian Church, Nova Iorque-NI, 2012.
KELLER, Timothy; SHELTON, Spence. Guia de Estudo de Jesus o Rei:
Explorando a
Vida e a Morte do Filho de Deus. Riverhead Books, Nova Iorque-NI, 2013.

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