Construindo Pontes
Construindo Pontes
Construindo Pontes
e práticos que
eu já li sobre aconselhamento de crianças e adolescentes. A criatividade de Lowe em fazer a transição entre a riqueza do aconselhamento bíblico e da teologia
para uma forma prática que ajude os conselheiros a efetivamente trazerem à tona os corações de alguns de nossos mais queridos é inigualável. Como profissional
em exercício há quase vinte anos, este livro serve como um presente muito necessário e apreciado!”
Jeremy Lelek, presidente, Association of Biblical Counselors
“De vez em quando, sai um livro excepcional que se revelará um clássico sobre um tema. O livro Construindo Pontes, de Julie Lowe, se tornará um recurso
clássico de aconselhamento bíblico para ajudar crianças e adolescentes. Julie traz a verdade centrada no evangelho, saturada de graça em cada capítulo, e termina
o livro com uma coleção valiosa de úteis exercícios e folhas de atividades. Pastores, pessoas que trabalham com jovens e crianças, e pais devem obter uma cópia,
lê-la e empregar a sabedoria de suas páginas.”
Marty Machowski, pastor; autor de Deus fez meninos e meninas, e coautor de Ministério
infantil: fundamento e prática.
“Para aqueles de nós que às vezes sentem-se um pouco perdidos em saber como se conectar com as crianças que aconselhamos e em conhecer seus corações, Julie
Lowe nos deu um recurso muito útil. Construindo Pontes está cheio de ideias e atividades extremamente úteis para entrar na vida de crianças feridas e falar a
verdade de Deus. Qualquer pessoa que queira crescer em suas habilidades de aconselhamento de crianças, vai querer um exemplar deste livro”.
Amy Baker, autora de Filhos e Divórcio, Gerenciando suas emoções, entre outros livros da
série Aconselhamento
“O livro Construindo Pontes, de Julie Lowe, leva o ministério bíblico às crianças a um novo nível de compreensão e prática! Essa ferramenta se tornará algo
padrão no cardápio no curso do Seminário da BJU sobre aconselhamento de crianças e adolescentes. Repleto de sabedoria de casos, discernimento bíblico e
atividades criativas, esse é o melhor texto disponível para descobrir os corações das crianças e ministrar a eles na sala de aconselhamento. Eu o recomendo
fortemente.”
Jim Berg, professor de aconselhamento bíblico no Seminário Bob Jones University; autor;
diretor executivo de Freedom That Lasts, um programa de recuperação de viciados baseado na
igreja local
“Hoje há uma cacofonia de vozes, sejam de livros, artigos ou blogs que gritam: ‘É assim que você cria filhos. Essa é a fórmula secreta para fazer com que seus
filhos se saiam bem’. Nesse tumulto entra Julie Lowe. Evitando falsas promessas, Construindo Pontes oferece sabedoria – uma ampla estrutura para entender as
crianças e suas lutas, bem como estratégias práticas para se conectar a elas. Um triunfo!”
Benjamin Crawford, psiquiatra no Riverside Counseling Center
“Este livro é muito rico tanto do ponto de vista teológico quanto prático. Julie se esforça muito para ser biblicamente sólida em sua abordagem de aconselhamento
e também se esforça na mesma medida para dar exemplos detalhados de exercícios práticos com o intuito de envolver as crianças. Para qualquer pai ou pessoa
que trabalha com jovens que venha tendo dificuldade para alcançar uma criança ou um aluno específico, esse livro será um grande recurso”.
John Perritt, diretor de recursos para o Reformed Youth Ministries; autor de Mark: How
Jesus Changes Everything and Insecure: Fighting Our Lesser Fears with a Greater One;
editor da série Track
“O amor genuíno inicia-se separando o tempo necessário para realmente conhecer alguém. Isso é especialmente verdade quando procuramos amar aqueles a quem
Deus nos chama para aconselhar e ministrar. No livro Construindo Pontes, Julie Lowe fornece um tesouro de atividades práticas e ilustrações que são
especificamente projetadas para nos ajudar a conhecer e a falar a verdade do evangelho às crianças e aos jovens que Deus colocou em nossas vidas. Estou
eminentemente mais preparado para amar as crianças em minha igreja (e em meu lar) como resultado de ter este recurso”.
Scott Mehl, pastor, Cornerstone Church of West L.A.; autor de Loving Messy People
“É impossível capturar com poucas palavras o amor, a sabedoria e a ajuda prática que se espalham por cada página de Construindo Pontes. Se você é pai ou mãe e
deseja saber como amar e ser a ferramenta de mudança de Deus na vida de seus filhos, você deve ler este livro. Se você é professor, conselheiro de crianças ou
trabalha em ministérios infantis ou juvenis, este livro é absolutamente essencial para você. Como pai de crianças adultas, li Construindo Pontes com gratidão pela
quantidade de pessoas que ele ajudará, mas também com tristeza por não tê-lo quando nossos filhos eram novos. Não podemos perder outra geração de crianças
vulneráveis, feitas à imagem de Deus, para os males da vida neste mundo quebrado e que geme, e por esta razão, com entusiasmo, eu recomendo Construindo
Pontes a você”.
Paul David Tripp, pastor; autor de Perdido no meio; palestrante em conferências
internacionais
“A frase ‘Conte-me seus problemas’ raramente nos dá acesso às crianças porque as palavras podem iludi-las quando as emoções são complicadas. Julie nos deu
meios criativos e envolventes para sondar o coração de uma criança”.
Edward T. Welch, docente e conselheiro, Christian Counseling and Educational Foundation
(CCEF); autor de Aconselhando uns aos outros e Sacerdócio real
“Aconselhar crianças e adolescentes proporciona desafios únicos até mesmo para os conselheiros bíblicos mais dotados. Crianças e adolescentes pensam e operam
de forma diferente dos adultos, e conectar-se com eles e entender o que está dentro de seus corações requer habilidades distintas. O livro Construindo Pontes está
aqui para ajudar. Julie Lowe tem fornecido um excelente recurso para explicar por que, o que e como conectar as verdades das Escrituras aos corações das
crianças e dos adolescentes. Conselheiros, professores, pais, obreiros da escola dominical e do ministério com jovens serão todos beneficiados com a riqueza de
conhecimento e com as ferramentas presentes nesta obra.
C.W. Solomon, diretor executivo, Biblical Counseling Coalition
“Que tesouro Julie deu à igreja e aos pais em seu último livro, Construindo Pontes. Com a convicção de que cada criança é um portador da imagem do Deus vivo,
Julie oferece exercícios práticos, ferramentas e métodos para atrair seu filho para a conversa. Em uma cultura que tem rapidamente se esquecido da arte da
conversa, Julie atrai nosso olhar de volta para a Escritura e nos mostra o coração de Jesus para com as crianças. Estou confiante de que este livro abençoará e
impactará muitas famílias para o Reino de Deus”.
Jonathan D. Holmes, diretor executivo, Fieldstone Counseling; pastor de aconselhamento,
Parkside Church
“Verdade seja dita, crianças e adolescentes que têm tido dificuldades na vida muitas vezes deixam perplexos pais, professores, equipe do ministério juvenil e
conselheiros. Julie Lowe entende isso e escreveu um livro que pretende preencher a lacuna entre o teologicamente profundo e o prático. Construindo Pontes
fundamenta o processo de aconselhamento de crianças em um modelo que não se baseia em linguagem de modificação comportamental, mas na linguagem do
evangelho. Afinal de contas, criar filhos é a forma mais desafiadora de discipulado que existe. Construindo Pontes proporciona ao leitor um padrão para entrar e
explorar a vida de uma criança e, nesse contexto, ganhar sua confiança, dar esperança ao seu coração e oferecer um caminho para a mudança”.
Jeffrey S. Black, professor e cátedra, Departamento de Aconselhamento e Psicologia, Cairn
University; psicólogo licenciado; diretor de serviços de aconselhamento, Oasis Center
SUMÁRIO
Tiana era uma adolescente solitária que participou da atividade de “sexting” online com o intuito de se adequar a um grupo da escola. Infelizmente, esse mesmo
grupo de “amigos” fez suas fotos circularem pela escola, o que eventualmente ocasionou que Tiana fosse parar na frente de um detetive, de seus pais e da
administração da escola.
De início, Tiana se mostrou irada, resistente e não confiante em relação ao aconselhamento.
Ela não acreditava que alguém realmente se importasse. Após várias sessões que tinham como
objetivo conhecê-la, ouvi-la bem e encontrar maneiras de entrar em seu mundo, Tiana
compartilhou que se conectava melhor por meio da música. Perguntei se ela estaria disposta a
compartilhar algumas canções e letras que refletissem como ela se sentia. Nós corremos para o
meu computador e ouvimos juntas.
Depois que uma música terminou de tocar na tela do computador, Tiana sentou-se, acenando
com a cabeça, como se estivesse de acordo. Eu perguntei: “Como essa canção se conecta à sua
vida?”.
Tiana respondeu rapidamente: “Bem, acho que sinto que todos têm alguém, menos eu, como
diz a canção. Então, o que eu tenho?”.
“Tenho certeza de que a sensação é essa mesma, Tiana. É difícil quando parece que todos ao
seu redor têm um namorado ou um grupo onde é possível ter uma sensação de pertencimento. A
pergunta é: nosso significado e valor são encontrados em um namorado ou em um grupo de
colegas? Será que só podemos nos sentir valorizados se outro humano achar que temos valor?”.
Tiana pensou por um momento. “Sei que a resposta certa deveria ser que Deus é tudo de que
preciso... mas também quero ser aceita por meus amigos. Eu não quero ficar sozinha”.
Eu acenei e respondi: “Eu também não quero ficar sozinha, e você e eu nunca estamos
realmente sozinhas. Sei que é difícil acreditar, mas o Senhor está bem ali e se importa. Ele vê sua
tristeza, ele sabe como você se sente e se compadece de você”.
Fiz uma pausa e vi Tiana romper em lágrimas. “Não posso prometer que as pessoas irão tratá-
la como deveriam – ou como você gostaria que elas a tratassem – mas posso prometer que o
Senhor nunca a deixará, nunca a abandonará, e que ele tomará cada momento duro e solitário em
sua vida e o usará para o bem”. Lágrimas correram pelo rosto de Tiana. Minhas palavras foram
tanto reconfortantes quanto difíceis de ouvir. “Sei que isso não faz a dor da rejeição ir embora,
mas algo que ajuda a amenizá-la é aprendermos a abraçar e a desejar o amor de Deus, mais do
que a aprovação de outras pessoas”.
“O que você acha de nós duas encontrarmos uma canção que fale do amor sem fim de Deus
quando outros falham conosco? Nós duas podemos fazer algumas pesquisas e, na próxima
semana, comparar o que encontramos”. Tiana concordou e eu a encorajei a compartilhar sua
tarefa com seus pais; talvez eles também tivessem algumas ideias que poderiam ajudar. Foi a
primeira vez que Tiana se tornou vulnerável e o primeiro sinal de que ela estava disposta a se
engajar de forma sincera. O que antes era uma visão sem Deus de seu futuro começou a revelar
um vislumbre de esperança.
Várias sessões depois, Tiana não só encontrou canções que mudaram para uma perspectiva
mais centrada em Cristo; ela começou a escrever sua própria música no aconselhamento – uma
música que moveu-se do desespero em direção à confiança no Senhor e ao conforto em seu
amor. As circunstâncias de Tiana ainda não haviam mudado, mas sua perspectiva estava sendo
transformada. Ela estava aprendendo a encontrar valor naquele que a criou. Ela estava
lentamente se tornando mais vulnerável com seus pais e optando por abrir mão dos amigos que
anteriormente ela tentaria impressionar a todo custo.
***
Jovens como Tiana precisam de adultos sábios que estejam dispostos a entrar em seus mundos
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e experiências. Eles precisam que nos sentemos com eles e que nos coloquemos no lugar deles
para sentir a vida como eles sentem, e precisam de uma visão para algo além de tais experiências.
Eles precisam de esperança de que há mais em suas vidas do que suas circunstâncias atuais, e
precisam que encontremos maneiras interessantes de apontá-los ao Senhor.
Como adultos que têm jovens sob seus cuidados, é um privilégio e uma responsabilidade
considerar como podemos atrair uma geração mais jovem para o Senhor. Nosso objetivo sempre
deve ser aplicar com aptidão as Escrituras à singularidade de cada criança, adolescente ou
família. Os princípios bíblicos são imutáveis; eles estão sempre em ação e são sempre eficazes; e
devemos estar continuamente trabalhando para aplicá-los de forma atenciosa às necessidades do
momento. Queremos que nosso cuidado sábio, amoroso e piedoso seja ao mesmo tempo vibrante
e improvisador, envolvente e atrativo. Precisamos dedicar tempo para ajudar os jovens a saberem
como reagir de maneira piedosa nas particularidades de suas experiências. A próxima geração
precisa saber que Deus realmente lhe deu tudo aquilo de que precisam para a vida (2Pe 1.3).
Este livro tem o objetivo de ajudar os conselheiros, as famílias e outros adultos cuidadosos a
construir pontes – conexões que dão vida e estão infundidas do evangelho – com os jovens em
nossa esfera de influência. Com cada nova geração, temos a tarefa bíblica de ensinar aos jovens
os caminhos do Senhor. Somos encarregados de dar vida às Escrituras para cada criança e
adolescente (Dt 6.4-6). Em uma cultura onde crianças e adolescentes estão cada vez mais
olhando para seus próprios pares como fonte de verdade e conhecimento, relacionamentos
significativos com adultos positivos e sábios conduzirão os jovens para respostas bíblicas às suas
perguntas e lutas.
Ministrar a crianças e adolescentes é diferente de ministrar a adultos. Muitos conselheiros
evitam aconselhar crianças, sabendo que é necessário uma abordagem diferente. É verdade que
muitas vezes podemos cometer o erro de nos relacionarmos com a criança da mesma forma
como nos relacionamos com os adultos. Muitos jovens simplesmente não conseguem interagir no
mesmo nível que um adulto interage. Se queremos que as crianças e os adolescentes se abram
sobre o mundo em que estão inseridos, e se desejamos ministrar a eles de forma efetiva,
precisamos nos conectar com eles de uma maneira que os faça se sentir compreendidos e
conhecidos. Isso significa que nós fazemos todo o possível para encontrá-los no estágio de
desenvolvimento em que estão. Isso requer trabalho árduo para ver a vida através dos olhos
deles. Essa prática reflete o coração de Jesus, aquele que nos lembra de que devemos nos tornar
como crianças para entrarmos no reino dos céus e que qualquer um que receber uma criança no
nome dele, a ele recebe (Mt 18.2-4).
É valioso conhecer os jovens tanto individualmente quanto em termos de desenvolvimento.
Podemos, então, nos comunicar com o mundo deles e ajudá-los a compreenderem a si mesmos e
a necessidade que eles têm do Senhor. Ao mesmo tempo, é importante lembrar que as tentações,
as lutas e as necessidades do coração humano permanecem as mesmas, independentemente do
estágio da vida. A alma precisa ser alimentada com a verdade do evangelho em qualquer idade.
Cada indivíduo precisa conhecer a Jesus e aprender sobre o amor e o cuidado de Deus em todas
as idades. Todos precisam ser desafiados a amarem a Deus e às pessoas. Porém, mesmo que a
sabedoria bíblica e os princípios bíblicos sejam imutáveis, a maneira de contextualizá-los e
aplicá-los às crianças nem sempre é a mesma.
Como adultos, muitas vezes temos dificuldade de nos conectarmos pessoalmente com os
jovens. Pode ser difícil levá-los a falar ou envolvê-los em conversas significativas. A falta de
conexão geralmente gira em torno de nossas expectativas – tentar ter uma conversa adulta com
uma criança, supor que os adolescentes estão interessados naquilo que nos interessa, ser
condescendente, esperar que eles sejam capazes de falar abertamente conosco, ou fazer com que
os jovens sentem-se e tenham uma conversa sobre coisas a respeito das quais eles não têm
nenhum interesse ou que não tenham significado algum para eles.
Como conselheiros, alguns de nós podem sentir que são mais bem-sucedidos na conexão com
crianças e adolescentes do que realmente somos. Ingenuamente nos afastamos das interações
sentindo-nos parcialmente bem-sucedidos. Mantivemos a conversa, conseguimos que ele ou ela
respondesse às nossas perguntas e podemos até ter abordado algumas lutas na vida deles.
Podemos nos afastar de uma sessão como essa e pensar que ela transcorreu relativamente bem.
Entretanto, quando você pergunta ao jovem como foi a sessão, é possível que a história seja
completamente outra: “Foi horrível. Um tédio. Eu odeio aconselhamento e não quero voltar”. O
jovem pode sair de uma sessão dessas sentindo como se alguém apenas tivesse arrancado um
dente dele, o que o levará a fazer qualquer coisa para evitar outra visita dolorosa.
Queremos que nossos laços com os outros venham facilmente, sem esforço e de forma natural.
Queremos que as pessoas gostem de nós. Podemos até mesmo presumir que nossos aconselhados
estejam ou devam estar no mesmo nível intelectual, emocional, espiritual ou social que o nosso.
Mas uma conexão sem esforço ou um entendimento compartilhado raramente é o caso com
qualquer aconselhado, muito menos com uma criança. Acreditamos, erroneamente, que bons
relacionamentos sempre vêm sem esforço e que o trabalho árduo não deveria ser necessário.
Quando pensamos assim, esquecemo-nos de o quanto Jesus deu de si mesmo para amar,
compartilhar e se conectar conosco. Ele veio até nós e continua a nos encontrar em nossa
fraqueza, debilidade e infantilidade. Ele assumiu carne humana, humilhando a si mesmo e
participando de nossa experiência, vivenciando até mesmo a morte em nosso lugar (Fp 2.6-8).
À luz de tudo o que Jesus fez por nós, a Escritura também nos exorta: “Nada façais por
partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si
mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é
dos outros” (Fp 2.3-4). Em nossos relacionamentos uns com os outros, somos chamados a ter a
mentalidade de Cristo Jesus. Como podemos ser modelo desse coração de Jesus em nossas
interações com os jovens que aconselhamos? Como seria abordar crianças e adolescentes com a
mentalidade de Cristo Jesus?
Começamos nos comprometendo a encontrar os jovens onde eles estão, não onde nós estamos,
nem onde queremos que eles estejam. Devemos estar dispostos a trabalhar com afinco e
consideração para entrar no mundo deles. Isso significará dedicar tempo para sentar, observar,
ouvir e ajudar as crianças e os adolescentes a se sentirem conhecidos. Somente quando fizermos
isso é que teremos ganhado a confiança necessária para influenciá-los para o evangelho.
Costumo dizer aos alunos que estão sendo treinados em aconselhamento que a capacidade
deles de trabalhar bem com adultos não significa que eles serão competentes para trabalhar bem
com crianças ou adolescentes. Entretanto, se eles forem capazes de aprender a trabalhar com
jovens, provavelmente estarão mais bem equipados e terão mais habilidade para trabalhar com
adultos. Por quê? Porque eles terão gasto tempo extra aprendendo a habilidade não natural de
entrar no mundo de outra pessoa, esforçando-se para conhecê-la e amá-la bem.
EXTRAINDO O INTERIOR DO CORAÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Extrair o interior do coração dos jovens significa esforçar-se para descobrir o que está acontecendo em seus corações e mentes. Estamos descobrindo seus
motivos, desejos, medos, esperanças, tentações e sonhos. Como diz Provérbios 20.5: “Como águas profundas, são os propósitos do coração do homem, mas o
homem de inteligência sabe descobri-los”. Este é o nosso objetivo: trazer à tona os propósitos do coração, e depois falar a verdade a fim de colocá-la de volta lá
dentro.
Ao sondar uma criança ou adolescente, muitas vezes é a habilidade de um adulto que
determina quão eficaz é o aconselhamento, mais do que a capacidade de um jovem de articular
seu mundo interior. Tendemos a bater um papo com uma criança e somos tentados a concluir,
após alguns minutos, que ela não tem percepção, respostas ponderadas ou mesmo que ela não se
preocupa com sua situação. Dizemos a nós mesmos que tentamos conseguir uma percepção, mas
que a criança simplesmente não tem consciência pessoal ou não está disposta a se abrir.
Infelizmente, na maior parte do tempo estamos errados. Com o cuidado genuíno, a busca
consistente, as abordagens cativantes, a paciência de um ouvido atento e a disposição para fazer
boas perguntas, os jovens conseguem compartilhar e o fazem profundamente.
Só quando você começa a conhecer bem um jovem é que consegue contextualizar a verdade
para atender às suas necessidades particulares. Esse é um passo que nunca pode ser pulado. Jesus
deu o modelo da ideia de conhecer as pessoas individualmente. Em sua vida na terra, Jesus foi
modelo do cuidado específico e da interação pessoal com aqueles que encontrou. A mulher no
poço foi conhecida intimamente e recebeu graça apesar de seus muitos pecados (Jo 4). Zaqueu,
um cobrador de impostos, foi procurado para ter comunhão (Lc 19). Os fariseus e saduceus
foram repreendidos e chamados de raça de víboras (Mt 12). As criancinhas foram aconselhadas a
ir até Jesus e foram abraçadas (Lc 18). Cada discípulo era conhecido individualmente (Jo 1.42,
47). Jesus muitas vezes demonstrou que conhecia tão bem seus seguidores que sabia o que eles
estavam pensando (Mc 9.33-34). Ele falava às dúvidas, aos medos, à incredulidade e à devoção
deles (Mt 8.26).
Seja um especialista em conhecer a criança que está na sua frente
Temos um Pai que nos conhece pessoalmente, de forma íntima e completa. Ele nos criou, nos formou e conhece o mais profundo de nossos corações. Ele pode
alcançar lugares dentro de nossas cabeças e corações que ninguém mais pode, e ele nos encontra lá. Somos chamados a ser modelos do amor de Deus, procurando
conhecer as crianças e os adolescentes com quem interagimos da mesma forma que Deus nos conhece.
Considere o Salmo 139, começando nos versículos 1-5:
SENHOR, tu me sondas e me conheces.
Sabes quando me assento e quando me levanto;
de longe penetras os meus pensamentos.
Esquadrinhas o meu andar e o meu deitar
e conheces todos os meus caminhos.
Ainda a palavra me não chegou à língua,
e tu, SENHOR, já a conheces toda.
Tu me cercas por trás e por diante
e sobre mim pões a mão
Cada pedra é diferente. Nenhuma pedra é exatamente igual… Deus ama a variedade. Em dias estranhos como os de hoje… as pessoas estudam como
serem semelhantes ao invés de como serem diferentes da forma que elas realmente são.
Dobry, Monica Shannon
Isaías era um menino de doze anos que lutava contra a ansiedade. Ele era fisicamente pequeno para sua idade, mas espiritual e emocionalmente maduro além de
seus anos de vida. Ele tinha desenvolvido uma apurada capacidade de ler as expressões das pessoas e de perceber atitudes – e potenciais críticas. Ele também
tinha dificuldades acadêmicas. A leitura era difícil para ele, o que afetava seu progresso em outras matérias à medida que crescia. Devido ao seu tamanho
reduzido, era frequente que implicassem com ele ou que fosse menosprezado na escola. Ele era sensível a isso e começou a procurar maneiras de evitar as
situações em que ele pudesse ser rejeitado ou escolhido por último.
Devido às suas dificuldades de desenvolvimento e acadêmicas, muitos pensavam que ele
poderia se beneficiar ao repetir um ano na escola. Ele parecia um garoto de dez anos,
embora tivesse a maturidade e a perspicácia de um adolescente maduro. Ele gostava de
conversar com adultos e tinha feito amizade com crianças mais velhas fora da escola. No
entanto, ele passava a maior parte do dia em um ambiente onde não se encaixava. O que
será que poderia ajudar Isaías? Do que ele precisava?
Os pais de Isaías precisavam de ajuda para montar as peças do quebra-cabeça que era o
filho. Eles tentavam entender o que estava relacionado ao desenvolvimento das dificuldades
que ele apresentava – quais eram seus pontos físicos, de temperamento e acadêmicos fortes
e fracos? O que era situacional sobre suas dificuldades – i.e., até que ponto os colegas
difíceis, o bullying ou as decisões educacionais erradas se encaixavam na equação geral?
Em que áreas Isaías vinha tendo dificuldades com reações deficientes: evitando situações
sociais, pessoas e lugares; ou lutando contra hipersensibilidade ao que os outros estavam
pensando? Algumas dessas respostas eram pecaminosas ou significavam uma falta de fé?
Ao tentar entender uma criança em dificuldade e sua situação com precisão, as fontes do
problema muitas vezes não são claras. Elas podem parecer obscuras e difíceis de serem
descobertas. Às vezes, uma dificuldade parece causar ou se conectar a outra. Por exemplo,
será que o atraso de Isaías no crescimento físico levou ao bullying, ou seu nível mais alto de
maturidade fez com que os outros implicassem com ele? A resposta nem sempre é
discernível, mas aplicar a maior sabedoria possível ajudará você a distinguir o maior
número possível de fatores em tal situação e fornecer a ajuda necessária.
Os pais de Isaías sempre afirmaram e cultivaram as qualidades positivas que viam na vida
do filho, ajudando-o a enxergar sua perspicácia e sensibilidade não como fraquezas, mas
como traços dados por Deus que ele deveria aprender a administrar. Eles descobriram que
o menino precisava de compaixão e paciência enquanto eles abordavam sua ansiedade e lhe
deram ferramentas para administrar os momentos de apreensão. Eles sempre lhe
apontavam o Senhor como fonte de consolo e ajuda, orando por ele e com ele. Eles o
desafiaram a enfrentar suas ansiedades e a trabalhar nelas, confiando que o Senhor lhe
daria o que ele precisava em todas as circunstâncias.
No caso de Isaías, seus pais sabiam que ele precisava de amigos e de apoio fora da escola.
Nós trabalhamos juntos para encontrar um mentor com quem ele pudesse se relacionar.
Eles receberam uma permissão especial para colocá-lo em um grupo de jovens mais velhos
e o colocaram em contato com um ou dois alunos mais maduros os quais eles sabiam que
acolheriam Isaías.
A situação na escola foi mais difícil de compreender. Isaías tinha dificuldades acadêmicas
e precisava de ajuda extra, mas todos nós reconhecemos que retê-lo um ano não seria a
solução ótima; isso muito provavelmente o levaria a ter mais dificuldades de se adequar e a
uma sensação ainda maior de desânimo. Não havia uma resposta fácil. Os pais de Isaías
tentaram conseguir acomodações especiais na sala de aula e contrataram um tutor para
trabalhar com o menino depois da escola. Como um último recurso, eles finalmente
permitiram que Isaías repetisse um ano de escola – apenas para verem confirmadas todas
as suas preocupações sobre a dinâmica com os colegas. Embora ambos os pais
trabalhassem fora de casa, eles acabaram tirando Isaías da escola e trabalharam
arduamente para desenvolver um programa de ensino domiciliar personalizado que se
adequasse às necessidades do menino.
Os pais de Isaías fizeram o trabalho árduo de buscar conhecer o filho e explorar o que eles
precisavam mudar na situação dele versus o que o próprio Isaías precisava aprender para
cooperar. Assim como em muitos cenários de aconselhamento, eles tiveram que percorrer
uma série de tentativas e erros, sucessos e fracassos, mas continuaram buscando o que era
melhor para o filho e pedindo ao Senhor por provisão para fazê-lo.
Compreender os pontos fortes e os desafios de desenvolvimento de um jovem é um
componente enorme na tarefa de conhecer a criança que Deus colocou à sua frente, e será
crucial em sua capacidade de falar com precisão sobre a situação dela. (Veja também um
detalhamento do que é típico para cada idade e etapa no Apêndice A: Amostra de Tabelas
de Desenvolvimento). As anomalias de desenvolvimento muitas vezes entram no cerne dos
desafios de uma criança e, portanto, é melhor examinar esses componentes desde o início.
Nosso desenvolvimento como seres humanos inclui fatores físicos, cognitivos, emocionais,
sociais e espirituais. Medidas padronizadas do que é “típico” para uma criança ou um
adolescente podem nos ajudar a ver quando uma criança está atrasada ou quando ela é
dotada de maneiras específicas que podem demandar uma ajuda focada. O rastreamento
do desenvolvimento emocional ou social de alguém pode indicar se a criança é imatura ou
avançada para sua idade. Há diversos bons recursos online, como o Centers for Disease
Control and Prevention [Centros de Controle e Prevenção de Doenças], que fornecem os
padrões mais atualizados para o desenvolvimento saudável da criança/adolescente. Muitos
sites de hospitais também possuem artigos acadêmicos e gráficos de desenvolvimento online
que você pode acessar com facilidade.3
Você verá algumas vezes jovens que não se encaixam claramente em uma categoria de
desenvolvimento para a idade deles. Quando isso ocorre, tanto o jovem quanto seus pais
têm dificuldades para encontrar sentido nas fraquezas, deficiências e até mesmo nos
talentos daquele jovem. Eles querem ser “normais” tentando se encaixar na sua categoria
de desenvolvimento ou escondendo suas diferenças. Jovens tentam compensar sua situação
imitando seus colegas quando precisam de ajuda para entender, abraçar e para se adaptar
de forma sábia às suas diferenças.
A maioria das crianças passa a maior parte do tempo em um ambiente escolar onde se
presume que elas estejam no mesmo nível que as crianças ao seu redor. Para crianças que
estão atrasadas ou que se destacam no desenvolvimento em qualquer área, isso pode criar
uma lacuna – uma sensação de ser estranho, diferente ou menor do que aqueles ao seu
redor. Isso leva a todos os tipos de problemas que regularmente trazem as crianças ao
aconselhamento: dificuldades de aprendizagem, rejeição social, ansiedade, frustração,
isolamento, dificuldades relacionais, bullying etc.
O que fazemos quando as crianças estão, de alguma forma, desenvolvendo-se com atraso
ou à frente de seus pares? Começamos procurando compreendê-las. Observamos os
padrões, avaliamos o que esses padrões indicam sobre a criança e consideramos como
precisamos lidar com o que está ocorrendo. A criança pode estar amadurecendo em seu
próprio ritmo; ela pode simplesmente gostar de brinquedos e jogos de crianças mais novas
ou mais velhas, ou de se conectar melhor com um grupo de colegas mais novo ou mais
velho. As diferenças no desenvolvimento podem não indicar que algo está errado, mas pode
haver a necessidade de pensar criativamente sobre como atender às necessidades daquela
criança.
Conselheiros, educadores, cuidadores e pais precisam considerar como o desenvolvimento
particular de uma criança afeta a habilidade dela de atuar em ambientes apropriados à sua
idade. Algumas vezes deixamos passar o fato de que uma criança pode atingir marcos de
desenvolvimento, mas estar significativamente aquém em outros marcos, ou ainda se
sobressair além do normal em outras categorias. Isso pode gerar problemas emocionais e
sociais significativos quando uma criança é forçada a se enquadrar ao que é considerado
normal para sua idade. Isso era parte do problema de Isaías.
Quando é útil reconhecer as diferenças de uma criança e ajudá-la a saber como se
adaptar? Quando essas diferenças refletem algo problemático (tais como habilidades
sociais significativamente subdesenvolvidas ou questões de processamento acadêmico)?
Quando uma fraqueza impede a vida diária ou os relacionamentos, os cuidadores devem
considerar quais intervenções serão vantajosas. Temos que pensar sobre quais recursos são
necessários, incluindo ajuda profissional, um ambiente diferente, habilidades ou serviços
especiais etc. Essas coisas nem sempre ficam imediatamente claras, mas se você se esforçar
para entender bem a criança, com o tempo você ganhará discernimento.
No caso de Isaías, levou tempo e muita tentativa e erro, mas eu e seus pais nos tornamos
estudiosos daquele filho e comecei a treiná-los em direção a objetivos saudáveis para Isaías,
a fim de que o menino pudesse prosperar. Refletimos sobre como ele foi criado de forma
singular, em que ponto ele estava em seu desenvolvimento, quais eram suas necessidades e
quais dons e aptidões precisavam ser desenvolvidos e encorajados. Todos nós nos tornamos
especialistas em conhecer Isaías e trabalhamos para ajudá-lo a encontrar sua identidade
em quem Deus o moldou para ser. Nosso objetivo era ajudá-lo a ser um Isaías piedoso. Nós
abordamos as áreas nas quais ele tinha dificuldade com o medo, a falta de fé ou a tentação,
e o ajudamos a compreender suas próprias tendências. Foi necessário pensar fora da caixa
e olhar além das soluções típicas que um distrito escolar poderia oferecer, além de ser fiel
para compreender bem o coração e as lutas dele. Ao fazer isso, os pais de Isaías
estabeleceram sabiamente um plano para ajudá-lo a prosperar.
PECADO OU TRAÇOS DE PERSONALIDADE?
Ao procurar compreender e ajudar um jovem, é prudente perguntar quando as questões são de desenvolvimento e quando são questões morais (de pecado).
Aquele comportamento desafiador é resultado da vontade e dos desejos pecaminosos ou apenas da imaturidade? Inicialmente, nem sempre é óbvio. Mas com
sabedoria, tempo e vontade de se envolver com as lutas de uma criança, a clareza muitas vezes se desenvolverá.
Crianças e adolescentes, assim como os adultos, têm um coração sempre ativo e dinâmico.
Eles são movidos por vontades, motivações, desejos e objetivos. Não há nada de passivo
sobre como vivemos ou experimentamos o mundo. Vemos nas Escrituras e ao longo da
história que, por causa do pecado, nossos desejos e motivações nos levaram a tentar criar
substitutos para Deus. Queremos estar no controle, queremos ser o centro das atenções e
queremos que todos os nossos desejos sejam realizados de acordo com os nossos próprios
planejamentos. Nós, seres humanos, somos frequentemente tentados a trocar o Criador
pela coisa criada – a estabelecer mini deuses que sirvam aos nossos propósitos. Esse é outro
componente crítico a considerar ao conhecer uma criança e procurar entender suas
necessidades quando elas vêm até você para obter aconselhamento.
Uma forma de pensar nessa figura multifacetada do seu aconselhado é refletida no
diagrama abaixo.
Considere a diferença entre caráter e temperamento. O caráter é um comportamento
moral aprendido; pode ser pecaminoso ou piedoso, moral ou imoral, egoísta ou altruísta. O
temperamento (pontos fortes, fraquezas, talentos, inabilidades, qualidades e disposições
inatas) abrange os traços inatos encontrados em cada pessoa; nós os consideramos como
sendo de natureza criacional. Eles não são nem pecaminosos nem piedosos em si mesmos,
simplesmente inclinados à personalidade.
O caráter abrange traços desenvolvidos e escolhas morais relacionadas ao que e a quem
uma pessoa se tornará. Os atributos de temperamento são qualidades inatas e tendências
individuais que uma pessoa tem para ser introvertida ou extrovertida, barulhenta ou
silenciosa, um seguidor ou líder, dependente ou independente, organizado ou
desorganizado etc. As crianças são almas encarnadas, com temperamento e caráter que
precisam ser moldados e desenvolvidos pelo evangelho.
Os pais muitas vezes têm dificuldades para saber se sua criança ou adolescente está
lidando com um problema de pecado ou com uma força ou fraqueza física/de
temperamento. Muitas vezes são ambos. Os jovens não sabem o que fazer quando têm
dificuldade em prestar atenção, quando esquecem-se das coisas com frequência ou quando
têm dificuldade com situações sociais, de modo que muitas vezes compensam de forma
pecaminosa.
Algo que ajuda é ter uma estrutura bíblica forte para entender as crianças. Devemos
olhar para a criança como um todo, um ser tanto espiritual como criacional/físico. Se
ignorarmos a necessidade espiritual de fé e obediência, o pecado será justificado como “isso
é apenas quem [ele ou ela] é”. Podemos justificar as tendências pecaminosas como se elas
fossem simplesmente parte de uma força ou de uma fraqueza, ou podemos permitir que a
maneira como a pessoa foi programada em seu temperamento seja corrompida pelo pecado
e se torne egoísta por natureza.
Por outro lado, se ignorarmos as fraquezas criacionais e as diferenças individuais,
transformamos as fraquezas de temperamento em questões de caráter e disciplinamos
nossos filhos por coisas que não são imorais ou pecaminosas por natureza. Eles começam a
se sentir condenados por coisas que são fraquezas genuínas e acabarão acreditando que
Deus também os condena. Não queremos deixar de chamar de pecado o comportamento
imoral; nem de fraqueza as coisas que são resultado de um corpo quebrado. Mesmo assim,
porém, queremos que nossos filhos aprendam a confiar mais em Deus, cuja força se torna
perfeita na fraqueza.
Dito isso, há vezes em que um traço inato de temperamento se torna um problema de
caráter. Por exemplo, uma criança pode ter grandes dificuldades com atenção e
organização (temperamento). Não lhe é algo natural saber organizar, ela tem memória
ruim ou simplesmente não sabe por onde começar uma tarefa. Quando nós entendemos
isso, não lhe imputamos falta; nós a ajudamos. Porém, quando é dada à criança as
habilidades e os recursos para ajudá-la e ela escolhe não aplicar as ferramentas, essa
escolha passa a ser um problema de pecado (caráter). A escolha pecaminosa pode ser
motivada pela preguiça diante do esforço necessário ou por uma falta de preocupação
sobre como essa decisão impactará as pessoas ao seu redor. Também pode ser que ela evite
tentar realizar o que parece ser intransponível. Independente do motivo, a criança é
alguém que responde moralmente nas escolhas que faz. Quanto mais entendemos o que se
passa por trás do comportamento, maior o sucesso que teremos ao abordar o problema.
Aconselhar uma criança através dessa lente também significa aprender a contextualizar a
Escritura para que ela se ajuste à criança ou ao adolescente que está à nossa frente. As
fórmulas e os ideais encalham porque presumimos que, se ligarmos cada criança às nossas
fórmulas, todas elas se sairão como crianças de um cartaz prontas para o sucesso. Em vez
disso, os jovens que tentamos ajudar com fórmulas superficiais são frequentemente
atrapalhados ou prejudicados. Ao nos aproximarmos para ministrar a esses jovens, seria
útil nos perguntarmos se estamos nos tornando perspicazes em conhecer bem essa criança.
Do que essa criança em particular precisa?
Talvez o que devemos enfrentar é a necessidade de sabedoria para trazer à tona o coração
dos jovens. Há tanto sabedoria quanto habilidade em lavrar o que é caracterológico ou
comportamental na natureza e o que são fraquezas inatas ou traços de desenvolvimento
que produzem dificuldades, mas não são pecaminosos por natureza. Quando algo
simplesmente requer mais maturidade, mas é apropriado para a fase de desenvolvimento
em que uma criança se encontra, e quando um pai ou um adulto deve se preocupar com o
comportamento de uma criança?
Há algumas situações que são bastante simples. Uma criança está fingindo ser quem não é
na escola devido à ansiedade, ao ciúme ou à dinâmica familiar em casa. Nós abordamos
isso, substituímos o que motiva o comportamento e vemos mudanças. Há outras situações
em que a complexidade é abundante. Uma criança tem mau comportamento, está agindo
pecaminosamente, está sendo maltratada, tem dificuldades de aprendizagem ou está
ficando para trás na escola e se sente rejeitada. Por onde começamos a ajudar uma criança
assim? Essas são as situações nas quais devemos nos tornar mais perspicazes e competentes
para enfrentar.
Consideremos outro cenário. Bento é um garoto de nove anos. Bento é mais forte e maior
do que a maioria dos meninos de sua idade; ele se parece mais com um garoto de doze anos.
Bento é enérgico, forte e agressivo com as crianças na escola. Ele gosta de se vangloriar de
como é bom em quase tudo. Sua bravura é um disfarce para o fato de que ele está
realmente em dificuldades acadêmicas. Ele está abaixo do nível escolar em matemática e
leitura e tem um desempenho acadêmico ruim. Ele se sente inseguro e burro, então tenta
compensar se encaixando com os garotos durões. Ele não presta atenção às instruções e
disfarça suas dificuldades agindo como se estivesse entediado ou atrapalhando a aula. Seu
desenvolvimento emocional parece estar atrasado; ele parece não saber ou não se
preocupar com o impacto de suas ações naqueles ao seu redor.
Em casa, Bento brinca com dinossauros em miniatura, muitas vezes encenando suas
dificuldades sociais por meio de brincadeira. Bento vem de uma família divorciada. Ele
vive com sua mãe e visita o pai nos fins de semana. Seu pai é um alcoólatra que usa a
intimidação como uma forma de criação de filhos. Sua mãe trabalha longas horas e se sente
sobrecarregada com as necessidades de Bento.
Bento é um quebra-cabeça, e o adulto cuidador ou o conselheiro atencioso precisarão de
sabedoria para que as peças se encaixam e para entender do que ele precisa para
prosperar. Ele não se encaixa perfeitamente em um mapa de desenvolvimento, nem luta
apenas com questões comportamentais ou tendências pecaminosas, nem podemos
classificar tudo como uma deficiência. Sua situação familiar o afeta, mas isso também não
explica todas as suas dificuldades. Como daremos sentido ao que está acontecendo na vida
desse jovem menino e onde começaremos a ministrar a ele?
Como mencionado anteriormente, às vezes, quando uma criança está atrasada ou mesmo
avançada em uma determinada área de desenvolvimento, isso pode causar desafios que
prejudicam seu crescimento ou seus relacionamentos. As crianças podem se sentir
estranhas ou diferentes de seus pares quando não têm experiências de desenvolvimento
compartilhadas. Isso é verdade no caso de Bento. Ele tem tido dificuldades acadêmicas e
está atrasado nas aulas. A desconexão entre seu desenvolvimento físico avançado e seu
déficit emocional e acadêmico cria um abismo de frustração e dificuldade com seu grupo de
colegas. Acrescente a essa luta a dor de uma família fraturada e de um relacionamento
difícil com seu pai. Bento e sua mãe precisam de alguém que caminhe ao lado deles e o
ajude a dar sentido ao seu mundo e a aprender a seguir em frente de uma forma saudável.
À medida que desenvolvemos nossa capacidade de reconhecer as questões de
desenvolvimento e as escolhas de caráter/comportamento, nos tornaremos mais sábios na
compreensão tanto dos problemas quanto das soluções. Podemos ajudar a trazer luz e
recursos às áreas onde a pessoa é fraca, e corretamente confrontar e desafiar o crescimento
nas áreas onde a pessoa precisa abrir mão de sua agenda pessoal para se conformar a
Cristo.
DESENVOLVIMENTO
É importante que pensemos sobre como o desenvolvimento da criança pode estar se transformando nas lutas imediatas dela. Profissionais qualificados como
médicos, educadores e especialistas em aprendizagem também dependem do conhecimento daquilo que está dentro do desenvolvimento normal e saudável, a fim
de identificar onde se encontram os problemas específicos. Quanto mais versados estivermos nas capacidades de desenvolvimento de crianças e adolescentes,
melhor nos tornamos no discernimento do que um indivíduo pode ou deve ser capaz de fazer. Essa compreensão ajuda a moldar o que devemos esperar em termos
de metas ou crescimento em qualquer idade. Também nos ajuda a identificar quando um jovem parece estar significativamente fora do que é normal para sua
idade e a perguntar como isso pode estar influenciando-o.
Há muitos modelos de desenvolvimento que são seguidos por aqueles que trabalham com
jovens. Para o propósito do ministério individual, uma amostra das etapas e suas
características foi fornecida no Apêndice A. Cada etapa tem marcos gerais que dão uma
noção de onde uma criança pode se situar, mas há sempre um espectro que dá espaço para
vários índices de desenvolvimento. Os gráficos não pretendem ser exaustivos, mas servem
como exemplo para ajudá-lo a considerar como abordar o ministério para cada faixa etária
específica.
É essencial tornar-se um especialista em conhecer a criança que está diante de você. Você
deve avaliar sabiamente o desenvolvimento dela e se (ou como) ele pode estar causando
impacto nela. Você deve distinguir em qual área ela está amadurecendo, mas a um ritmo
mais lento, ou em qual área ela pode estar se destacando, mas ainda dentro de uma faixa
normal. Você deve avaliar quando ela ultrapassa sua idade em certas áreas de
desenvolvimento ou onde ela pode estar significativamente atrasada de maneiras
prejudiciais e que requerem intervenção.
Ao observarmos estilos de vida, normas culturais e padrões, veremos também mudanças
na forma como as crianças se desenvolvem. Por exemplo, algumas pesquisas mostram que
as crianças que gastam mais tempo com dispositivos eletrônicos são frequentemente mais
lentas no desenvolvimento da força das mãos; por causa disso, a capacidade delas de
segurar um lápis, cortar com tesouras, colocar miçangas em um fio, colorir ou trabalhar
com quebra-cabeças é significativamente retardada. Coisas como essa nem sempre são
refletidas nas diretrizes de desenvolvimento, mas têm impacto nas áreas em que a atuação
das crianças é afetada pelas normas sociais.
Por que isso é importante para aqueles que aconselham ou ministram aos jovens? Porque
as acelerações ou atrasos no desenvolvimento muitas vezes têm implicações emocionais,
sociais e espirituais para os jovens. Isso afeta a forma como eles se veem, se comparam aos
outros ou entendem o sentido de suas experiências. Devemos estar preparados para ajudá-
los a navegar com exatidão nessas coisas.
Por exemplo, se uma criança é muito concreta em seu pensamento, podemos confundi-la
com metáforas e analogias que ela não consegue compreender. Tendemos a ver isso em
crianças pequenas, em crianças no espectro do autismo e até mesmo em adolescentes que
são apenas bastante literais e concretos por natureza. Podemos frustrá-los, e também a nós
mesmos, tentando torná-los abstratos quando eles não possuem essa capacidade.
Da mesma forma, se uma criança tem um tempo curto de atenção, mas a obrigamos a
sentar, conversar e focar por mais tempo do que é amoroso, criamos frustração, uma
atmosfera desagradável e uma resistência nela em retornar ou em se engajar conosco. É
provável que a culpemos – ela é simplesmente indisciplinada ou teimosa (e às vezes isso
pode ser verdade). No entanto, há momentos em que isso tem muito mais a ver com a
rigidez de nossa abordagem do que com a disposição daquele jovem.
Há crianças que se sentem intimidadas pelo contato direto com os olhos e que se abririam
muito mais rapidamente se nós fornecêssemos uma distração (tal como uma atividade, ou
simplesmente desenhando ou construindo algo) enquanto conversam. Elas se envolvem com
menos esforço e mais vulnerabilidade quando lhes é dado algo para fazerem com suas
mãos. As atividades que extraem o interior dos jovens podem ser muito úteis e frutíferas;
isso será discutido mais adiante no Capítulo 4.
Nosso conhecimento das crianças também deve informar como nos aproximamos delas e
nos envolvemos em conversas. Ministrar e falar à vida dos jovens exige que nos esforcemos
ao máximo para tornar nossas palavras tão cativantes, claras e atraentes quanto possível
para eles. Muitas vezes vejo crianças e adolescentes que são fracos no processamento de
informações. Se não adaptarmos nossas interações, os perderemos na conversa. Eles
perdem o que estamos dizendo. Eles não querem parecer tolos, por isso não perguntam.
Em vez disso, eles nos ignoram – e nós os taxamos como relutantes ou rebeldes, quando na
realidade eles simplesmente não compreendem o que estamos dizendo a eles. A
responsabilidade é nossa de encontrar portas abertas para o mundo deles, de trazer o
interior deles à tona e de responder efetivamente.
É particularmente importante que aqueles que ministram a crianças/adolescentes
compreendam como eles entendem, aprendem, processam e resolvem problemas. É fácil
supor que eles devem pensar como nós, saber as coisas que sabemos ou ter uma riqueza de
exemplos e informações para serem extraídas. Quando as crianças não entendem, muitas
vezes elas apenas acenam com a cabeça ou nos deixam continuar falando com elas. Se
tivermos sorte, um jovem nos dirá realmente que não entende; mas, na maioria das vezes,
muitos deles simplesmente nos aplacarão.
Alguns estudos até sugerem que os cérebros dos jovens não se desenvolvem
completamente ou “crescem” até os vinte e poucos anos. Embora fisicamente um jovem
4
possa parecer e até falar de uma forma madura, sabemos que ele muitas vezes tem
dificuldades nas áreas emocional, social e espiritual. Eles estão lutando para entenderem o
sentido de suas experiências. Eles precisam de adultos amorosos e sábios em suas vidas,
ajudando a guiá-los, a conhecê-los e a falar sobre suas experiências. As crianças não são
fixas no desenvolvimento; elas são uma obra em andamento. Isso significa que devemos
estar constantemente reavaliando em que ponto elas estão e como podemos contribuir para
o crescimento delas.
O que uma menina de seis anos e uma menina de treze percorrem na esfera cognitiva será
muito diferente (esperamos). O nível emocional em que estão um menino de sete anos e um
menino de quinze será muito diferente. Independentemente da questão ou da necessidade
de aconselhamento na vida de um jovem, é importante que consideremos em que nível ele
ou ela está em termos de desenvolvimento; isso inclui fatores físicos, cognitivos, emocionais,
sociais e espirituais. Em seguida, devemos considerar como eles estão em termos de
desenvolvimento e como iremos envolvê-los.
Conforme mencionado anteriormente neste capítulo, há diversos bons recursos de
consulta sobre o desenvolvimento típico em crianças e adolescentes, assim como gráficos de
desenvolvimento que você pode procurar para entender melhor onde uma criança pode
estar em seu estágio de vida. Esses recursos podem ajudá-lo a avaliar se suas expectativas
sobre o comportamento, a compreensão e o desenvolvimento geral de uma criança são
realistas, e dar indicação sobre em quais áreas pode haver fraquezas ou déficits de
desenvolvimento. Os recursos também podem lhe dar uma visão do porquê eles estão
lutando e como você pode ajudá-los a crescer. Mas novamente, lembre-se de que as
crianças nem sempre se enquadram em claras categorias de desenvolvimento.
Não acredito que o desenvolvimento dirija tudo o que fazemos; ele simplesmente ajuda a
construir uma imagem maior e melhor da criança como um todo. Desenvolvimento,
temperamento e traços e características inatos não são determinantes na vida de uma
pessoa. É imperativo que nossas observações sejam informadas por uma cosmovisão bíblica
– uma que enxergue os jovens como portadores da imagem, entenda a natureza humana e
reconheça nossa inclinação inerente ao pecado, e como nossos corpos e nosso
desenvolvimento são afetados pelo pecado e pela fraqueza, pelo sofrimento e por estarem
quebrados.
Conforme as crianças e os adolescentes se desenvolvem, eles estão formando visões de
identidade, autocompreensão, normalidade e valores, relacionamentos (com o homem e
Deus) e tomada de decisões morais. Também sabemos que todos nós processamos a vida e
as nossas experiências de maneira diferente, e muitas vezes de maneira imprecisa. As
crianças precisam de uma sabedoria externa a si mesmas; precisam de ajuda para
entenderem quem elas são diante do Senhor e como viverem em um mundo quebrado.
Quando elas aparentam ser diferente ou se sentem diferentes dos colegas, quando não
conseguem acompanhar as pessoas ao seu redor, ou quando não são aceitas por suas
diferenças, precisamos apontá-las a um Criador que ajude a dar sentido às experiências
que elas vivenciam.
Aprender a entender tanto o desenvolvimento quanto a natureza do coração humano irá
ajudá-lo a desenvolver a sabedoria em juntar as peças do quebra-cabeça a fim de ajudar os
jovens.
N.E.: O CDC disponibiliza informações em diversas línguas, incluindo Português (www.cdc.gov).
Colin Fernandez, “Adulthood Begins at 30: Scientists Say That Our Brains Are Not Fully Grown-up When We Are in Our Twenties,” The Daily Mail, 18 de Março de 2019, https://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-6824499/Adulthood-
begins-30-Scientists-say-brains-not-fully-grown-twenties.html.
3 | A IMPORTÂNCIA DE ENVOLVER OS PAIS
Bill e Amanda são os pais de três filhos: Matheus (quatro anos), Rachel (seis anos) e Micah (quatorze anos). Ambos trabalham fora de casa, são regularmente
envolvidos na igreja e estão fazendo o possível para conciliar as agitações da vida e as atividades familiares. Assim como muitos pais, eles procuram soluções
para os problemas que seus filhos estão enfrentando. Micah é consumido por seu telefone e parece estar lentamente se retirando da vida familiar. Rachel é ansiosa
e tem dificuldade de simplesmente entrar no ônibus escolar pela manhã, e Matheus é uma criança típica de muita energia que esgota sua mãe com sua constante
movimentação.
Bill e Amanda vieram para aconselhamento a fim de descobrirem o que poderiam fazer
para que sua família “funcionasse normalmente”. Ao conversarmos sobre o que significava
“função normal” para eles, percebemos que estavam procurando “a coisa” que poderiam
fazer para que seus filhos obedecessem, não brigassem e fossem jovens felizes e decentes.
Certamente havia a coisa certa – uma receita infalível para produzir os resultados que eles
estavam procurando.
Você e eu podemos compreender essa mentalidade. Queremos relacionamentos em que
possamos nos sentar e raciocinar com os outros sobre o comportamento e as escolhas deles,
e vencê-los com nossa visão. Esse não é um ideal ruim. Entretanto, os pais acreditam
erroneamente que existe um caminho que é melhor para seus filhos, que pode ou não ser
verdade.
Há muitas situações no aconselhamento em que são os pais que precisam de ajuda para
saber como navegar nas lutas de seus filhos. Quando esse é o caso, queremos ter certeza de
que estamos ajudando os pais a mudarem e crescerem no amor e no pastoreio de seus filhos
de forma cada vez mais sábia e útil.
Como conselheira, meu objetivo é trabalhar de modo que quando chegar a hora de me
retirar do caso, os pais estejam preparados para assumi-lo. Entro na vida de um jovem por
uma temporada para acompanhar e ajudar em seu processo de mudança e crescimento. Os
pais estão investidos na vida de seus filhos por um longo prazo. Portanto, faz sentido que
quando trabalhamos com crianças e adolescentes, devemos sempre, até certo ponto, nos
empenhar para equipar os pais, seus principais mentores.
É preocupante para mim a frequência com que os pais são deixados de fora do processo
de aconselhamento de seus filhos, sejam de crianças ou de adolescentes, independentemente
da idade do jovem. Muitos conselheiros enxergam os pais como um empecilho ou um
tropeço para trabalhar com crianças. Algumas vezes, a relutância de um conselheiro é
porque a presença dos pais na sala impede que as crianças se abram. Outras vezes, é
porque os pais podem assumir a discussão e responder por seus filhos. Inadvertidamente,
um pai pode ter um planejamento diferente e trabalhar contra o que um conselheiro talvez
esteja tentando realizar. Essas complicações podem certamente acontecer, e é por isso que é
importante para nós, conselheiros, discutirmos com antecedência as expectativas e os
objetivos com os pais.
Seria fácil continuar listando as muitas razões pelas quais pode ser um desafio ter os pais
como parte do processo de aconselhamento de seus filhos. Entretanto, acredito que uma
compreensão bíblica de família nos obriga a enxergar os pais como os principais
conselheiros, mentores, instrutores e discipuladores de seus filhos (Dt 11.19; Sl 78.5-7; Pv
22.6). Culturalmente, nossa sociedade tem se afastado dessa ideia, acreditando que
devemos deixar esse trabalho fomentador para os “especialistas”. Esquecemos que Deus
colocou os pais na posição de serem os especialistas de seus filhos. Os pais lutam cada vez
mais para ajudar seus filhos com as coisas difíceis que estão enfrentando. Seja por causa
das rápidas mudanças das normas sociais ao ritmo de vida que as famílias tentam manter,
ou à ênfase na cultura de pares, os jovens estão perdendo a influência de adultos maduros e
piedosos. Mais uma razão, portanto, para que os pais sejam participantes vitais no processo
de aconselhamento.5
Costumo dizer aos pais que ninguém estará tão empenhado em conhecer seu filho como
eles estão. Conselheiros, mentores e outros profissionais têm observações importantes a
fazer e percepções a compartilhar, mas o conhecimento dessas pessoas não é tão bom
quanto o que um pai terá a respeito de seu filho. Os pais que estão comprometidos em
compreender seus filhos terão a tendência de saber coisas que parecem intuitivas, mas que
na verdade vêm de anos de vigilância, escuta, observação e interação com seus filhos.
Isso não quer dizer que o envolvimento dos pais terá o mesmo aspecto em todas as
situações de aconselhamento. Muitos fatores – a idade da criança, a qualidade do
relacionamento pai/mãe/filho, a luta particular da criança – determinarão o arranjo mais
benéfico. Haverá situações em que os pais não poderão se envolver de forma alguma devido
a abuso, questões de segurança, abandono, cuidado em lar temporário e afins. Nesses casos,
considere se há outros adultos cuidadores que possam ser um apoio no processo. Há muitas
outras circunstâncias que exigem o envolvimento ativo dos pais em reuniões e discussões,
tais como situações que requerem intervenção: distúrbios alimentares, suicídio, desafios
acadêmicos e crises. Mesmo quando não há crise, sabemos que as crianças podem controlar
apenas até certo ponto o que acontece em seu mundo e ainda dependem dos pais e de uma
família. É sempre benéfico incluir a família quando possível. Na maioria dos casos, nos
familiarizarmos com a situação de um jovem em particular nos informará quando e como
trazer os pais para a discussão, e há muita flexibilidade em como isso pode ser feito.
Para muitos conselheiros, quanto mais jovem a criança for, mais necessário será o
envolvimento dos pais. Crianças pequenas muitas vezes não têm a capacidade de tomar
boas decisões por si mesmas e não dispõem de recursos para mudar. Nesses casos, a ação
dos pais é frequentemente a chave para ajudar a criança a superar suas lutas. É possível
que algumas questões das crianças precisem ser tratadas diretamente com os pais, ao invés
de com a criança. Um conselheiro pode fornecer percepção, orientação e recursos aos pais,
que então retornam para casa e trabalham para incorporar essas estratégias.
É igualmente valioso ter o envolvimento dos pais à medida que as crianças crescem,
embora isso possa se dar de forma diferente. Embora pareça mais fácil se envolver
diretamente com crianças mais velhas e adolescentes e obter informações sobre a situação
deles, isso não minimiza a necessidade de envolver seus pais. Os adolescentes estão cada vez
mais desconectados de seus pais e mais conectados com seus colegas. É cada vez mais
valioso para os conselheiros procurar maneiras de ajudar a construir conexões entre pais e
adolescentes. Assim como a confiança é importante para nós, conselheiros, a fim de
construir pontes de credibilidade com um adolescente, também queremos facilitar esse
vínculo entre os adolescentes e seus pais.
Muitas vezes vou compartilhar com os adolescentes que, assim como eu dedico tempo e
atenção trabalhando com eles, também quero trabalhar no mesmo nível com seus pais, a
fim de ajudar os pais a saberem como amá-los melhor. Raramente um adolescente vai dizer
não a isso. Se o fizerem, isso revela uma barreira considerável a ser abordada.
Às vezes os pais são de fato parte do problema, e a dinâmica pai/filho se torna o foco da
mudança. Entretanto, quer os pais sejam ou não parte do problema, eles devem sempre ser
parte da solução. Isso significa que os envolvemos na coleta inicial de dados, perguntamos a
eles sobre seus objetivos para o aconselhamento e reunimos o máximo de informações
possíveis sobre seus filhos e as preocupações que eles têm como pais. Em seguida,
compartilhamos nossa filosofia de aconselhamento e permitimos que eles façam perguntas
para garantir que o planejamento esteja satisfatório. É muito melhor descobrir se estamos
ou não na mesma página que os pais antes de nos encontrarmos com seus filhos.
Muitas vezes os pais querem uma solução imediata para os seus problemas – quando o
que realmente necessitam é de tempo para aprender e entender seus filhos e quais fatores
têm contribuído para os desafios que se apresentam. Eles precisam de tempo para
examinar o filho individualmente, para orar e perguntar o que os ajudaria e, em seguida,
para tomar decisões informadas para o benefício de seu filho. Os pais precisam de
encorajamento. Eles nem sempre farão tudo certo, mas quando estão empenhados em
conhecer e amar bem seus filhos, eles podem confiar o resultado a Deus. Isso não significa
que o aconselhamento irá correr bem ou que a melhor direção será sempre clara desde o
início. No entanto, podemos ajudar os pais a encontrarem esperança e apoiá-los para que
sejam fiéis à tarefa que Deus lhes deu.
Em cada família as necessidades e as lutas das crianças e dos adolescentes variam.
Considere as seguintes diferenças que eu observei nas crianças que já aconselhei:
• Algumas crianças discutem ou são opositoras/desafiadoras. Elas precisam de estrutura
e de responsabilidade.
• Algumas crianças acenam afirmativamente com a cabeça enquanto discordam
silenciosamente. Elas precisam de alguém para notar isso e gentilmente chamar-lhes a
atenção.
• Algumas crianças são sensíveis e têm uma tendência a se retraírem. Elas não têm
consciência de si mesmas e precisam de um adulto paciente que traga à tona o que está
dentro delas e que faça uma reflexão com elas.
• Algumas crianças demonstram atrasos ou deficiências de desenvolvimento que afetam a
forma como elas ouvem ou processam informações. Elas precisam de uma abordagem
personalizada para seus desafios que as ajude a aprender.
• Algumas crianças não respondem à postura descontraída dos pais; elas prosperam em
rotinas e ritmos. Elas precisam ser altamente estruturadas e disciplinadas ou caem em
padrões não saudáveis ou ímpios.
• Algumas crianças não respondem bem a famílias excessivamente estruturadas; elas
precisam de graça e tempo extra, e menos pressão para pensar e realizar tarefas.
Nessa lista, cada resposta apontada dos pais se baseia nas necessidades de cada criança
em vez de basear-se nas preferências dos pais (ou do conselheiro). O conhecimento que os
pais têm de uma criança pode e deve moldar como eles a pastoreiam; como envolvem-se
com suas lutas e fraquezas; como lidam com as tentações e pecados que as atraem; e como
encorajam seus pontos fortes, talentos e sensibilidade espiritual. Portanto, queremos
sempre ajudar os pais a se envolverem bem e com sabedoria.
Os pais estão perfeitamente posicionados para essa tarefa. Embora a ajuda externa e os
profissionais sejam um auxílio e muitas vezes sejam necessários, queremos que os pais
saibam que eles próprios são os especialistas. Isso significa que eles provavelmente
conhecem melhor seus filhos, e quando se comprometem a deixar de lado suas preferências
para realmente avaliarem as necessidades de seus filhos, eles se tornam os especialistas.
Pouquíssimas pessoas na vida de uma criança estarão tão comprometidas em conhecer e
entender essa criança quanto seus pais. Eles passam o maior tempo e gastam a maior
energia com a criança. Eles têm mais conversas e compartilham mais a vida cotidiana com
seus filhos do que qualquer outra pessoa. Muitas vezes eles são capazes de ler
intuitivamente os rostos, a linguagem corporal e o silêncio de seus filhos. Eles sentem
quando algo está errado.
Um de nossos filhos sempre fica com um “olhar de fui pego” quando faz algo errado. Seu
rosto sempre revela quando está mentindo. Felizmente, ele nunca descobriu como é esse
olhar. Nem todas as crianças são tão óbvias, mas os pais ainda podem pegar pistas sutis.
Nós também desenvolvemos essa sensibilidade como conselheiros. O instinto e a experiência
entram em ação e nos dizem que a criança com quem estamos conversando está
escondendo algo, ou está sofrendo, ou agindo fora do caráter. Quando uma adolescente
entra e não faz contato visual, diz que seu dia estava bom, mas claramente está mais
emotiva e retraída do que nunca, é um sinal de que as coisas não estão bem.
Isso significa que notamos, prestamos atenção e a buscamos. Quando ela interrompe a
conversa, nós ou um dos pais a observamos e a perseguimos ou arquivamos o momento na
esperança de que o Senhor nos proporcione uma visão ou uma oportunidade de abordá-la
em um momento posterior. Por exemplo, um adolescente engasga ao falar de uma situação
dolorosa na escola, mas ele afirma “Não me importo” ou “Não foi nada demais”. O
adolescente chega em casa e minimiza o ocorrido, mas os pais percebem que ele está
emocionado, retraído e magoado. Com o passar do tempo, os pais percebem que há mais
coisas acontecendo e se esforçam para saber o que fazer. Frequentemente, eles estão
captando corretamente os problemas do filho. Incertos sobre se estão reagindo em excesso
ou reagindo insuficientemente, os pais precisam de afirmação sobre o que estão discernindo
e de ajuda para saberem como proceder.
Os pais conhecem seus filhos de maneiras que um conselheiro profissional levaria meses
para descobrir. Os pais podem prever suas reações e discernir quando os filhos não estão
agindo como eles mesmos. Ter os pais como parte do processo pode nos poupar, como
conselheiros, tempo e energia valiosos à medida que conhecemos a criança ou o adolescente
com quem estamos trabalhando. Às vezes, só precisamos ajudar os pais a diminuírem a
velocidade o suficiente para avaliarem e juntarem o que eles sabem e percebem.
Como conselheira, quando converso com os pais sobre as circunstâncias, muitas vezes
descubro que as percepções deles são precisas. Muitos pais questionam seus instintos, se
perguntam por que eles têm sensações tão fortes em relação a algo e se estão errados.
Provavelmente, qualquer pai ou conselheiro deveria estar aberto a fazer essas perguntas.
No entanto, à medida que eu me aproximo do motivo pelo qual eles se sentem de uma
determinada maneira, muitas vezes surgem fatos e detalhes que apoiam suas conclusões.
Eles simplesmente nunca tiraram tempo para desembaraçar seus pensamentos e
percepções. Precisamos respeitar e apoiar a realidade de que Deus colocou os pais na
posição única de serem os conselheiros mais sábios de seus filhos. Eles têm anos de
experiência e interações que moldam o que sabem.
É claro que às vezes os pais estão errados, cegos à dinâmica da vida de seus filhos,
percebem mal os motivos de seus filhos, ou podem ser movidos por suas próprias reações
pecaminosas. Ter a mãe e o pai incluídos no processo de aconselhamento ajudará a
descobrir quando isso estiver acontecendo e proporcionará uma oportunidade de abordar
isso. Os pais às vezes precisam de uma perspectiva externa para ver aquilo que não
conseguem enxergar por estarem muito próximos. Um conselheiro pode dar uma nova
perspectiva e uma contribuição objetiva, e pode ajudar a equipar os pais com compreensão
para que eles criem os filhos com sabedoria.
Os pais podem erroneamente acreditar que as lutas de seus filhos devem ser o resultado
de algo que eles próprios estão fazendo de errado. Se eles fossem bons pais, seus filhos não
teriam dificuldades, certo? Podemos encorajar os pais dizendo-lhes que às vezes as crianças
passam por coisas difíceis que não têm nada a ver com uma criação boa ou ruim, mas que
necessitam de uma resposta. Os pais precisam de orientação para descobrir como ajudar
seus filhos a passarem pelas coisas difíceis que estão enfrentando.
Como conselheiros bíblicos, temos a melhor base para orientar os pais. Temos a
Escritura, que é útil para repreensão, correção e educação (2Tm 3.16). A Bíblia nem
sempre nos dá detalhes sobre como ajudar uma criança em meio a uma birra ou o que
fazer quando um adolescente tem dificuldades com pornografia. Mas ela de fato nos dá os
princípios para respondermos e criarmos bem nossos filhos (discipulado, disciplina,
mordomia, orientação e treinamento). Ao pedirmos, o Espírito nos dá toda a sabedoria
para aplicarmos princípios gerais às especificidades da vida de um filho.
A Palavra de Deus dá tanto aos conselheiros quanto aos pais a sabedoria para saberem
como se envolverem relacionalmente com os jovens e caminharem cuidadosamente ao
longo de momentos de sofrimento, desafio, raiva, tristeza, ansiedade e disciplina. A Palavra
de Deus nos dá o incentivo para perseverarmos na fidelidade e na oração pelos nossos
filhos. Dentro dessa estrutura, há uma orientação específica para cada interação e a ajuda
do Espírito para aplicar o princípio certo no momento certo.
ENCORAJANDO A CRIAÇÃO DE FILHOS PROATIVA AO INVÉS DA REATIVA
Quando uma criança ou adolescente vem ao aconselhamento, geralmente é em resposta a algum tipo de luta, problema ou comportamento na vida dele. Os pais
raramente trazem as crianças para o aconselhamento de maneira proativa – ou seja, por terem identificado um padrão significativo na vida da criança antes de
decidirem que aquele padrão se tornou urgente para buscar sugestões e encorajamentos externos. Quando isso acontece, a interação pode parecer e ser sentida
mais como uma mentoria ou um discipulado.
Com muita frequência os pais respondem de forma reativa em vez de proativa aos filhos.
Eles esperam para ter uma conversa difícil até que o filho esteja em apuros. Talvez uma
criança tenha uma luta relativamente menor como não escovar os dentes, esconder seus
deveres de casa e/ou discutir com seus irmãos. Ou talvez os problemas tenham escalonado
para cola na escola, briga no recreio, uso de aplicativos ou websites inapropriados,
pornografia, sexting, comportamento sexual e/ou uso de drogas. De qualquer forma, os pais
tendem a esperar muito tempo para falar na vida de uma criança. Os pais precisam de
ajuda a fim de estarem preparados para oferecer orientação bíblica a seus filhos quando
percebem que esses estão em profunda dificuldade ou em um padrão de pecado.
Charles Spurgeon explicou da seguinte maneira a diferença entre a criação de filhos
proativa e a criação de filhos reativa:
Ouvi falar de um homem que disse que não gostava de predispor seu filho, portanto ele não lhe dizia nada sobre religião. O diabo, entretanto, estava
bastante disposto a predispor o rapaz, portanto, muito cedo na vida, ele aprendeu a falar palavrão, embora seu pai tivesse uma tola objeção a ensiná-lo a
orar. Se alguma vez você sentir que não é sua incumbência predispor um pedaço de chão semeando boa semente sobre ele, pode estar certo de que o
joio não imitará sua imparcialidade. Onde o arado não vai e a semente não é semeada, as ervas daninhas certamente se multiplicarão. E se os filhos não
forem treinados, todo tipo de mal surgirá em seus corações e em suas vidas.6
Como águas profundas, são os propósitos do coração do homem, mas o homem de inteligência sabe descobri-los. (Pv 20.5)
Com demasiada frequência esperamos que as crianças e os adolescentes sejam perspicazes e articulados. Esperamos que eles nos digam o que estão pensando e
sentindo, e depois nos digam o porquê. Esse nível de autoconsciência é demais para se esperar até mesmo de alguns adultos. Como conselheiros, precisamos
trabalhar arduamente para adquirir sabedoria e habilidades que ajudarão a extrair o mundo interior de um indivíduo. Queremos ser cativantes, prudentes e
atenciosos na forma como ajudamos a descobrir o que está acontecendo lá dentro da pessoa.
As crianças geralmente não estão em uma fase de desenvolvimento em que possam refletir
sobre si mesmas. Muitas vezes, elas não têm capacidade, maturidade ou habilidade para pensar
sobre suas emoções, processos de pensamento e motivações. Elas possuem emoções,
pensamentos e são muito motivadas por desejos internos, mas frequentemente não conseguem
entender essas dinâmicas por si mesmas, que dirá verbalizá-las a nós.
Os jovens estão sempre expressando seus corações, quer eles percebam ou não. No
aconselhamento, queremos proporcionar-lhes um meio natural para que expressem o que está
acontecendo internamente. Essa prática exige que nós, conforme afirma Provérbios 20.5 acima,
cresçamos na habilidade de envolvê-los e de trazer à tona o que está no interior. Também
devemos nos esforçar para sermos igualmente habilidosos e ternos em falar a verdade em suas
vidas. Colossenses 4.6 nos encoraja nessa prática: “A vossa palavra seja sempre agradável,
temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um”.
Como mencionado anteriormente, muito do nosso sucesso ou fracasso em extrair o interior das
crianças tem mais a ver com nossa habilidade em nos conectarmos com elas do que com a
capacidade delas de se articularem. Devemos ter muito cuidado para sermos prontos para ouvir e
tardios para falar (Tg 1.19) à medida que conhecemos um jovem. Nossos esforços para conhecer
e compreender uma criança são vitais para avançarmos de um modo que encontre a criança de
forma precisa e pessoal em seu ponto de necessidade. Os métodos abaixo fornecem caminhos
diretos para abrir esse tipo de diálogo construtivo.
O QUE QUEREMOS DIZER COM “ATIVIDADES EXPRESSIVAS”
Eu gosto de usar o termo terapias expressivas ou atividades expressivas para descrever meus métodos de ajudar a trazer à tona o mundo interior de meus jovens
aconselhados, porque esse conceito engloba muitos métodos e válvulas de escape expressivas que eu tenho achado particularmente úteis.
As atividades expressivas são demonstrativas, são formas cativantes de extrair o que está
acontecendo no coração e na mente de um indivíduo. Cada atividade é tanto expressiva
(significativa e comunicativa) quanto projetiva (simbólica de seu mundo interior) e procura
encontrar maneiras de entender os indivíduos e de ajudá-los a crescer. As atividades são usadas
para ajudar a descobrir os pensamentos e sentimentos de uma pessoa de uma forma indireta e não
ameaçadora. Elas são caminhos para encontrar uma criança em seu nível de desenvolvimento e
em seu nível emocional. Ao usá-las, entramos no mundo de uma pessoa jovem e fazemos
experiências usando os métodos mais naturais para ela. Saímos de nossa própria maneira natural
de nos relacionarmos com crianças e usamos a “linguagem” delas para entrar em seu mundo.
Considere como Anne Sullivan, uma tutora, entrou na escuridão e na confusão do mundo da
jovem Helen Keller. Helen, que tinha sido cega e surda desde a infância, era considerada
inalcançável. Ela tinha frequentes explosões violentas e incontroláveis devido à sua incapacidade
de se comunicar com aqueles ao seu redor. Seu mundo era escuro, solitário e aparentemente
inacessível, até que Anne Sullivan entrou em sua vida e se esforçou para quebrar seu silêncio.
Seguiu-se uma batalha para alcançar o que parecia inalcançável - a mente e o coração de Helen.
O filme The Miracle Worker é a história do amor, da determinação e da persistência de uma
tutora para quebrar as barreiras e a escuridão do mundo de Helen Keller. Helen não tinha
linguagem ou meios para expressar a si mesma ou o seu mundo. Sua professora lhe deu um meio
de expressar o que estava dentro de si – uma linguagem para atraí-la para fora. O compromisso e
a dedicação absolutos levaram Anne a usar sinais e objetos manuais para entrar na experiência
escura e silenciosa de Helen e trazer um sopro de vida e de esperança. 7
Esse é o tipo de amor encarnado que Deus está nos chamando a exibir às crianças que vêm até
nós para obter ajuda. Esse é o tipo de amor que encontra as pessoas onde elas estão e depois as
encoraja a crescerem em amor a Deus e aos outros.
Pense nas muitas maneiras que Deus nos serviu de exemplo dessa forma de amor. Entendemos
Deus somente porque ele nos alcançou e nos envolveu em nosso nível. Ele falou a nós de
maneiras que pudemos entender, usando histórias e parábolas, a criação e muito mais para
comunicar quem ele é e quem somos em relação a ele (Sl 19.1-4; Rm 1.19-20). Ele fez ainda
mais do que isso, enviando seu Filho para viver plenamente nossa experiência e habitar entre
nós, morrendo na cruz por nós (Fp 2.6-8). Jesus participou plenamente de nossa fraqueza e
humanidade, de nossas limitações e lutas (Hb 4.15). Ele entrou em nossa experiência sombria e
soprou vida e esperança.
Os missionários também entendem isso – a necessidade de mergulhar completamente em uma
cultura, língua e mentalidade a fim de realmente conhecer, entender e ministrar a um grupo de
pessoas não alcançadas.
É necessário tempo, energia, recursos e estudo cuidadoso para saber como uma cultura diferente
opera, pensa e aborda a vida, e também para saber de que maneira determinar como levar o
evangelho efetivamente a eles.
Pense em outras populações que têm dificuldade para expressarem o que está acontecendo
internamente: os deficientes mentais ou físicos, aqueles com lesões cerebrais, os idosos etc. Há
muitas pessoas que se encontram em uma fase da vida ou em uma situação em que já não mais
possuem as habilidades verbais para comunicarem-se com o mundo ao seu redor. Elas estão
presas, sem meios de transmitir suas necessidades ou seus desejos. O amor de Deus nos obriga a
sermos atenciosos, intencionais e cativantes para envolver bem as pessoas. É nossa
responsabilidade e privilégio encontrar maneiras de nos envolvermos com crianças e
adolescentes.
ATIVIDADES EXPRESSIVAS NO ACONSELHAMENTO
Talvez você já tenha ouvido falar de atividades expressivas e terapias expressivas antes. Você tem uma vaga consciência de que elas são frequentemente
utilizadas na prática do aconselhamento para ajudar todas as pessoas, mas particularmente os jovens. Vamos dar uma olhada em como esses métodos são
geralmente utilizados no campo terapêutico. Considere a seguinte imagem:
Na maioria das vezes, a arte, o drama, a dança, a música, os animais e outras experiências
táteis são usados no mundo da ludoterapia (um termo que vou definir abaixo). Vou tentar ampliar
a linguagem da ludoterapia para incluir (e transformar) essas atividades em algo mais expressivo
ou “criacional”.
A Association for Play Therapy [em português, Associação para a Ludoterapia (ATP)] define a
ludoterapia como “o uso sistemático de um modelo teórico para estabelecer um processo
interpessoal onde terapeutas lúdicos treinados utilizam os poderes terapêuticos da brincadeira
para ajudar os clientes a prevenirem ou resolverem dificuldades psicossociais e alcançarem
crescimento e desenvolvimento ideais”.8
Por causa de seu nome, muitas pessoas que ouvem o termo “ludoterapia” assumem
erroneamente que um conselheiro está apenas sentado com uma criança, brincando com
brinquedos, e que há muito pouco trabalho intencional sendo feito. Quando um conselheiro está
empenhado em realmente ajudar um jovem a crescer e se curar, isso não poderia estar mais longe
da verdade. Há uma habilidade em saber como usar a brincadeira para trazer à tona o que se
passa no interior de um jovem e falar reflexivamente de volta ao seu mundo.
Aqueles no campo (secular) da ludoterapia trabalham arduamente para falar a língua das
crianças. Eles trabalham para encontrar ferramentas e recursos que ajudem as crianças a
resolverem as lutas da vida. Há o compromisso de entender as crianças em termos de
desenvolvimento, de ter um conhecimento profundo dos problemas que os jovens enfrentam, de
compreender o impacto desses eventos dolorosos e de oferecer recursos para ajudar as crianças a
serem curadas e crescerem. Algumas descrições muito breves dessas terapias são as seguintes:
• Arteterapia: o uso das artes visuais (pintar, colorir, colar, esculpir, desenhar etc.) para
permitir a expressão criativa e ajudar a expressar as lutas e superar as limitações da
linguagem. Se as emoções são muito difíceis, confusas ou dolorosas para serem verbalizadas,
a arte pode se tornar outro caminho ao trabalhar as coisas difíceis.
• Terapia assistida por animais: uma intervenção de aconselhamento que incorpora animais
(cavalos, cães, gatos, porcos, pássaros, etc.) ao aconselhamento a fim de aumentar ou
complementar os benefícios do aconselhamento. Mais do que simplesmente passar tempo
com um animal, a terapia assistida por animais envolve objetivos, planos e resultados
específicos. Essa terapia muitas vezes é utilizada em processos judiciais, casas de repouso,
escolas, bibliotecas etc.
• Biblioterapia: Às vezes referida como terapia de poesia ou contação de história terapêutica, é
uma abordagem criativa que incorpora a narração de histórias ou a leitura de textos
específicos com um propósito de cura.
• Terapia com caixa de areia: uma intervenção não-verbal usando uma caixa de areia,
miniaturas de brinquedo e, às vezes, água para criar mundos em miniatura refletindo os
pensamentos interiores, as lutas e as preocupações da pessoa.
• Musicoterapia: O uso terapêutico de música ou de atividades musicais que tipicamente
envolve ouvir música, cantar, tocar instrumentos musicais ou compor música para produzir
um certo resultado. Isso muitas vezes é usado em diversas populações; por exemplo, as casas
de repouso frequentemente irão incorporar harpistas e outras formas de terapia musical, para
ministrar a essa população.
• Terapia de horticultura: o uso de jardinagem ou atividades com plantas, facilitadas por um
conselheiro treinado para atingir objetivos terapêuticos.
Essa lista não pretende ser exaustiva, mas fornecer uma imagem das metodologias que podem
ser usadas para ajudar a facilitar a comunicação interpessoal, reduzir a ansiedade, melhorar o
funcionamento cognitivo, promover a reabilitação física ou resolver as lutas da vida.
Muitos na área de aconselhamento profissional acreditam que somente profissionais
licenciados podem usar a ludoterapia para ajudar os indivíduos a se articularem melhor e
resolverem seus problemas. Isso é como dizer que brincar com crianças ajuda, mas não tente isso
em casa – somente um profissional treinado pode fazer isso! Embora haja sempre sabedoria em
desenvolver uma forma profissionalmente praticada de entender e ajudar os outros, muitas vezes
o mundo secular toma muitas coisas que você e eu sabemos que são sábias e úteis no âmbito
relacional, e as transforma em um modelo terapêutico que somente especialistas podem acessar.
METODOLOGIA E COSMOVISÃO
Como conselheiros que seguem o Senhor e cuja prática está fundamentada na Palavra de Deus, entendemos que nenhum método de aconselhamento é neutro em
sua abordagem às pessoas. Todas as terapias e metodologias vêm com pressupostos e fundamentos filosóficos que informam o modo como as técnicas são
utilizadas. Devemos sempre trabalhar para discernir o que está por trás de qualquer método antes de abraçá-lo. Às vezes as terapias seculares funcionam a
despeito de, não por causa de, seu entendimento filosófico. Jamais devemos adotar métodos de aconselhamento sem crítica, mas devemos nos perguntar como
cada um deles se encaixa no mundo e nos caminhos de Deus.
Muitos dos principais métodos de aconselhamento foram desenvolvidos à parte de uma
cosmovisão distintamente cristã, portanto, é natural que quando os examinamos, encontraremos
o potencial para pressupostos errados e conclusões errôneas sobre as pessoas e seus problemas.
No entanto, isso não significa que esses métodos não possam ser incorporados de forma útil ao
aconselhamento de maneiras que sejam distintamente cristãs e bíblicas. As terapias expressivas
podem funcionar, mas por razões muito mais ricas, profundas e precisas quando as
reinterpretamos por meio de uma matriz bíblica.
Pelo fato de o amor de Deus nos chamar a caminhar em direção aos outros e a compreendê-los,
todos nós precisamos, em graus variados, trabalhar de maneira cativante, trazendo à tona o
interior uns dos outros. Embora permaneçamos comprometidos em ser biblicamente sábios em
nossa compreensão da natureza humana, podemos nos beneficiar das percepções que esses
métodos nos proporcionam em nossos esforços para extrair o interior dos outros.
Aquilo para o qual o mundo tenta encontrar sentido, a Escritura tem uma explicação melhor. A
criação nos reorienta para o Criador, e toda a beleza tem o objetivo de nos apontar para o Mestre
Artista. A vastidão do mundo de Deus coloca a natureza temporal de nossos problemas e da vida
em pleno foco. Ela nos relaxa, nos liberta e nos lembra o que tem valor. Tendo isso em mente,
percebemos que, em sua graça, Deus proporcionou muitas experiências comuns nesse mundo
com o intuito de dar oportunidades reflexivas e restauradoras para reflexão pessoal. As
atividades expressivas podem nos ajudar a experimentar a graça de Deus e a cura por meio de
atividades comuns.
Considere as seguintes perguntas:
• Por que um veterano com TEPT pode se sentir calmo e mais em paz descendo um rio de
caiaque?
• Por que as pessoas fazem caminhadas ou trilhas para limpar a mente?
• Por que é reconfortante acariciar um cavalo ou segurar um animal? Por que nos sentimos um
pouco menos sozinhos?
• Por que desejamos nos sentar em uma praia com nossos pés na areia e nosso rosto ao ar e
observar as ondas, a imensidão do oceano – e por que isso tende a ajudar a colocar a vida
novamente em perspectiva?
• Por que as crianças gostam de caixas de areia e de construir castelos de areia na praia?
• O que há no ato de cavar a terra e plantar algo bonito que dá a sensação de abundância de
vida e realização?
• Por que os asilos, os hospitais e até os tribunais acham que ter um animal traz vida, prazer e
conforto para os desanimados?
A terapia assistida por animais, a terapia assistida pela natureza, a terapia da natureza
selvagem, terapia de horticultura, terapia com caixa de areia, musicoterapia e outras formas de
terapia lúdica, todas elas exploram a verdade de que a criação oferece algo curativo e
reorientador em nossas vidas. Há muitos exemplos de como a natureza e a criação ministram
para nós.
A natureza aponta para um Criador muito pessoal. A criação nos reorienta. Ela aponta para
alguém muito maior do que nós mesmos e nos leva a um relacionamento com ele – alguém que é
pessoal e interativo, não passivo e distante. A criação nos aponta inerentemente para o Deus que
é maior do que nós mesmos e do que as nossas lutas. O Salmo 19.1-2 expressa isso de forma
bela: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. Um
dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite”.
Gosto de pensar nas terapias expressivas como um “aconselhamento criativo” – usando coisas
na natureza para nos lembrar de verdades bíblicas e nos apontar para o Senhor. Parece ao mesmo
tempo cativante e sábio usar a criação de Deus para atrair aqueles que aconselhamos para o que é
verdadeiro, certo e bom. Estamos pegando as coisas que o mundo secularizou ou “terapeutizou”
e reivindicando o que é bíblico e vivificador em nossa experiência com a natureza.
Caio era um garoto de quatorze anos que não queria estar no aconselhamento. Como muitos
jovens, ele vinha porque seus pais o queriam ali, não porque ele admitiu que precisava de ajuda.
Seus pais viram uma mudança perceptível em seu comportamento em relação à escola, assim
como em relação à família. Ele estava menos tolerante, ficava muito agitado facilmente e suas
notas estavam caindo de forma brusca. No último mês, Caio havia sido enviado duas vezes ao
escritório do diretor, recusando-se a cooperar nas aulas e mostrando desrespeito para com um
professor. Em minha sessão inicial com os pais, eles me avisaram que ele poderia ser hostil em
sua primeira sessão.
Quando cumprimentei Caio com um sorriso e me apresentei, Caio não respondeu. Ele
simplesmente se levantou e me seguiu como se estivesse indo em direção à guilhotina. Eu
perguntei: “Caio, você gosta de cães? Eu tenho um cão de terapia em meu consultório; tudo bem
por você?”.
Já sabendo por seus pais que Caio realmente gostava de cães, esperei para ver como ele
responderia. Ele deu de ombros sem olhar para cima, mas assim que abri a porta do meu
consultório, um sorriso cruzou seu rosto enquanto Spud, o cão de terapia, o saudou alegremente.
Caio ajoelhou-se para acariciar Spud enquanto eu colocava em meu escritório cadeiras
confortáveis, tapetes coloridos e estantes cheias de miniaturas, jogos e obras de arte.
Spud seguiu Caio até o sofá enquanto ele se afundou ali e continuou a acariciar seu novo
amigo. “Esse cachorro é seu?”, perguntou Caio.
“Sim, Spud é um cachorro de resgate. Ele foi abusado quando mais jovem e depois resgatado,
adotado e treinado como cão de terapia”. Eu compartilhei a história de Spud e como ele teria
todos os motivos para não confiar nos humanos – mas, com o devido tempo e ao aprender a
confiar, ele agora ajudava as pessoas.
Caio não olhou para cima, mas continuou a acariciá-lo, então disse: “Isso parece comigo”.
“Sério? Em que sentido?”, eu perguntei. Caio começou a se abrir sobre ser adotado de um
orfanato e como ele se sentia pouco amado. Eu nunca tinha recebido uma criança resistente que
se abrisse tão rapidamente.
Eu esperava que fossem necessárias muitas reuniões para criar confiança; levou minutos com
Spud na sala. Um animal amigável com uma história significativa diminuiu imediatamente a
resistência de Caio e cultivou nele uma disposição em se abrir. A história de Spud também foi
uma ponte construída para ele acreditar que se Deus se importava com esse animal maltratado,
quanto mais ele se importaria com Caio e sua história.
As terapias expressivas utilizam distintamente a criação de Deus para proporcionar conforto e
resolver lutas, mas devem ser usadas com especial intencionalidade para apontar expressamente
as pessoas àquele que em última instância dá vida e sentido. Devemos propor ativamente esses
recursos porque eles são instintivamente bíblicos e criacionais; precisamos nos certificar de usá-
los ao máximo a fim de apontar às pessoas o amor de seu Criador de forma convincente e
proativa.
Como Paulo diz em Romanos 1.20, o universo, a criação e todas as suas criaturas fazem parte
da história mais refinada e adorável já revelada, e tudo aponta para Deus. Por meio da criação e
do uso da revelação geral, Deus comunica sua existência, seu poder e sua glória ao mundo
inteiro, de modo que todos nós somos indesculpáveis. Toda revelação geral é destinada a apontar
para seu Criador. Então, o fato de as pessoas encontrarem conforto, esperança e perspectiva
quando são expostas à natureza não é algo que faz sentido? Portanto, podemos usar o que Deus
criou para convidar as pessoas a ele!
Toda experiência com a criação ensina uma lição sobre a glória de Deus. Quando entramos na
criação, há algo sobre a maneira como vemos a Deus que é muito experimental e pessoal. A
criação proclama e dá testemunho da beleza, da liberdade criativa, da inteligência, do poder, da
autoridade, da ternura e da majestade de Deus.
E nós somos parte de sua maravilhosa criação, um reflexo de sua maravilha e glória. Fomos
criados de modo assombrosamente maravilhoso, nos lembra o Salmo 139.14. Toda a criação é
um lembrete da bondade e da provisão de Deus para conosco. Ela nos proporciona um vislumbre
dos novos céus e da nova terra que um dia desfrutaremos. É por isso que experimentar a criação
por meio de terapias expressivas pode ser tão fundamental para destravar o coração dos jovens e
construir uma conexão com eles que os abrirá para as verdades curativas do evangelho.
Estamos criando crianças com horários exagerados, altamente estressadas e cada vez mais
solitárias e isoladas do que nunca. Uma vez que as crianças e os adolescentes de hoje tendem a
passar cada vez mais tempo dentro de casa, eles estão cada vez mais distantes da criação de Deus
do que jamais estiveram. Eles passam mais tempo conectados às telas do que nadando ou
pescando em riachos. Em seu livro A última criança na natureza: resgatando nossas crianças do
transtorno do déficit de natureza, o autor Richard Louv pesquisou como os jovens têm sido
impactados pela privação do envolvimento com a criação. Suas pesquisas indicam que aqueles
que passam tempo na natureza são mais saudáveis, menos propensos a doenças, menos
estressados e mais adaptáveis. Podemos entender isso, já que a criação nos aponta para um
9
Criador que nos lembra de quem ele é e qual é nosso próprio lugar nesse mundo.
Se toda a criação aponta para um Criador, e o aconselhamento se destina a apontar os jovens
àquele que os conhece e a permitir que o Espírito trabalhe, mova e floresça em suas vidas, então
é bom e correto que nós apliquemos a criação de forma cativante e sábia ao processo de
aconselhamento.
COMO PODEMOS UTILIZAR AS ATIVIDADES EXPRESSIVAS OU A CRIAÇÃO NO ACONSELHAMENTO?
Então, como e quando empregamos essas atividades em nosso aconselhamento? Todos queremos uma fórmula: faça isso, não faça isso, diga isso, siga esses três
passos. Mas perderemos a pessoa à nossa frente se não buscarmos primeiro a sabedoria de Deus. As ferramentas de aconselhamento, de métodos e de recursos são
úteis e fornecem uma percepção; no entanto, elas nunca poderão substituir uma compreensão bíblica da natureza humana e da sabedoria para compreender o que
fazer com elas.
Muitos conselheiros debatem como devemos ser diretivos (didáticos/instrutivos) ou não
diretivos (retendo a interpretação/avaliação) quando trabalhamos com uma criança ou um adulto.
Alguns argumentam que os conselheiros deveriam ser mais relacionais e menos didáticos,
enquanto outros insistem em ser mais diretivos e menos passivos. A figura abaixo apresenta uma
abordagem equilibrada, baseada na sabedoria bíblica.
Muitas vezes as pessoas presumem que se você trabalha com crianças, isso deve ser fácil para você. Suponho que para alguns poucos isso possa ser verdade, mas
para o resto de nós não é. Envolver-se totalmente com uma criança ou um adolescente requer trabalhar com afinco e pode ser cansativo. A prática regular de
pensar e de se relacionar com os jovens no nível deles requer compromisso e um pensamento fora da caixa, bem como a busca constante de discernimento e
sabedoria.
Pelo fato de o trabalho ser tão difícil, é tentador dependermos apenas de nossas próprias
capacidades e inclinações naturais para amarmos e aconselharmos bem. Porém, isso pode
facilmente nos levar a uma abordagem estereotipada e nos fazer deixar passar a variedade de
necessidades que temos diante de nós. A ampla gama de situações e personalidades que
encontramos no aconselhamento nos estica além de nossa capacidade natural e nos lembra de
que precisamos do Espírito de Deus vivendo e trabalhando em nós para fazermos aquilo que nos
parece desconfortável e fora de nosso conjunto de habilidades. O desafio adicional de nos
envolvermos com crianças pode ser uma tentação para buscarmos as soluções mais fáceis e
rápidas para as lutas que elas enfrentam, em vez de fazer o trabalho árduo de discernir o que é
mais benéfico para os jovens que estamos servindo.
Parece simples, talvez até óbvio, que precisaríamos depender constantemente do Senhor para
recebermos sabedoria e discernimento no aconselhamento. No entanto, muitas vezes
descobrimos que estamos tentando funcionar sem nenhuma noção do envolvimento pessoal de
Deus no processo. Atuamos dentro de nossas próprias aptidões e habilidades, dando pouquíssima
atenção a como Cristo desempenharia um papel naquele momento. Devemos ter confiança não
em nossa própria capacidade, mas na capacidade de Deus de trabalhar dentro de nós e de nos dar
os recursos necessários para amar, compreender e falar a verdade.
DEPENDA DA PALAVRA DE DEUS
Ao avaliarmos as necessidades à nossa frente e buscarmos transmitir vida e verdade aos desafios que temos em nossas mãos, a Escritura será nossa âncora. A
Palavra de Deus não só nos ensina a sabedoria relacional, mas nos mostra como o evangelho fala a todas as questões do coração e das situações da vida. Ela nos
dá discernimento para saber como enfrentar amorosamente questões de ira, tristeza, disciplina, criação de filhos, longanimidade e muito mais.
As Escrituras nos dão a compreensão fundamental de quem cada um de nós é em relação a
Cristo, o que ele fez por nós e de que maneira nosso ministério como conselheiros flui do desejo
de conectar nossos aconselhados a essas verdades que dão vida. Esse alicerce nos dá um coração
para disciplinar bem (escutar, exercer paciência, ensinar, orientar e treinar) enquanto o Espírito
nos fornece a sabedoria e o compromisso necessários para aplicarmos os conselhos bíblicos à
vida e às lutas de cada indivíduo. Se você estiver interessado em crescer em uma estrutura bíblica
para seu aconselhamento, o ministério The Christian Counseling and Educational Foundation10
tem uma abundância de ricos recursos.
É essencial que pensemos profunda e biblicamente sobre a vida e sobre a nossa compreensão
das pessoas. Por meio da Escritura, “nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e
à piedade” (2Pe 1.3) e ela “é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a
correção, para a educação na justiça” (2Tm 3.16). Comprometa-se em saber o que Deus tem a
dizer sobre as lutas que nossos jovens têm enfrentado.
DEPENDA DO ESPÍRITO DE DEUS
Você e eu não estamos sozinhos no aconselhamento. O Espírito de Deus está em ação e intimamente envolvido em nossas vidas e ministério. Haverá momentos
em que não saberemos o que fazer ou como responder à pessoa que está diante de nós. Nos momentos em que nos sentirmos confusos, perdidos ou com o coração
partido pelo que ouvimos, podemos confiar que o Espírito intercederá e nos dirigirá, dando-nos uma visão da ajuda de que nosso aconselhado precisa. Romanos
8.26 nos lembra de que, mesmo quando não sabemos o que orar, o Espírito Santo intercede em nosso favor.
É igualmente encorajador saber que o Espírito de Deus nos dirige. João 16.13 nos lembra:
“Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará
por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir”.
Sabemos também a partir de João 14.26 que “quando o Pai enviar o Encorajador, o Espírito
Santo, como meu representante, ele lhes ensinará todas as coisas e os fará lembrar tudo que eu
lhes disse” (NVT). Haverá momentos em que nos sentiremos perplexos ou pegos desprevenidos,
mas nunca estamos sozinhos nisso. Temos um Encorajador que instrui, conforta, recorda e
intercede.
QUALIDADES DE QUE O CONSELHEIRO PRECISA PARA TRABALHAR COM PESSOAS JOVENS
Ao pensar no tipo de conselheiro que é mais eficaz com crianças, a tentação é pensar que uma pessoa feliz, assertiva, animada, divertida e de personalidade
calorosa é a coisa mais importante a ser procurada. Da mesma forma, se você trabalha com adolescentes, pode pensar que precisa ser uma pessoa legal, engraçada,
moderna, na moda, sociável e extrovertida. Embora essas qualidades pareçam ser vantajosas na conexão com os jovens, às vezes elas podem ser enfatizadas em
demasia.
Alguns dos conselheiros mais sábios e eficazes que conheço são naturalmente introvertidos,
descontraídos e de natureza mansa, mas são incrivelmente dotados para fazer com que as pessoas
(inclusive os adolescentes) se sintam bem cuidadas. Nada substitui o verdadeiro cuidado e
interesse por uma pessoa jovem. Crianças e adolescentes podem ser incrivelmente perspicazes
em detectar cuidados e preocupações falsos. Da mesma forma, quer pensemos ou não que
estamos programados para trabalhar com os jovens, eles irão perceber quando alguém
genuinamente demonstrar que gosta deles e os escuta.
Acredito que podemos crescer e desenvolver habilidades no trabalho com crianças e
adolescentes, mesmo que não sintamos que isso nos seja algo natural. Essas habilidades
crescerão à medida que você pedir ao Espírito que lhe dê um amor profundo e genuíno pelas
crianças que você está aconselhando.
Como é o amor quando se fala com crianças e jovens? Abaixo estão algumas formas
específicas de mostrar a uma criança que estamos genuinamente interessados nelas e
comprometidos a amá-las do jeito que Deus as ama.
• Conexão no nível de desenvolvimento deles.
• Vontade de aprender sobre o mundo, a cultura e as experiências deles.
• Paciência com comportamentos de não conformidade, distração ou de busca por atenção.
• Gentileza quando se deparar com sarcasmo e rebeldia.
• Capacidade de ouvir e dedicar tempo para garantir que eles se sintam compreendidos.
• Capacidade de fazer perguntas abertas e de obter mais informações quando as respostas
fornecidas forem curtas.
• Um entendimento de que eles são limitados na capacidade de mudar as circunstâncias.
• Disposição para trabalhar com os pais e o contexto familiar.
• Capacidade de permanecer ativo e engajado.
• Prontidão para ser flexível com o humor de uma criança ou de um adolescente que não tem
vontade de falar.
• Flexibilidade para ter múltiplas opções e planos quando sua primeira abordagem não for
bem-sucedida.
• Disposição para ser inventivo e espontâneo e se adaptar conforme necessário.
• Habilidade de ser leve e envolvente.
• Perseverança quando encontrar resistência.
FORMAS PRÁTICAS DE DEMONSTRAR AMOR
Quando ministramos a uma pessoa jovem, queremos que ela sinta que a entendemos. A habilidade é trazer à tona o que está dentro daquele jovem; o dom é
realmente compreender. Nenhuma habilidade pode substituir o cuidado genuíno e o “conhecer” uma criança.
As crianças podem regularmente nos apresentar surpresas ou algo que não esperamos, então
devemos estar dispostos a encontrá-las naquele momento, nos envolver com o que é importante
para elas e sempre ficar de olho na direção para onde precisamos levá-las.
Devemos evitar nos apresentar de forma falsa ou paternalista. Não devemos tentar fingir que
somos descolados ou agir como algo que não somos. Vale a pena ser contemporâneo e “estar
ligado”, mas os jovens percebem os adultos que realmente não estão atualizados em relação ao
mundo deles e sentem a natureza paternalista daqueles que fingem estar mais informados do que
realmente estão. É muito melhor ser um adulto verdadeiramente atencioso, que está um pouco
“por fora”, mas disposto a aprender, do que um adulto que tenta agir como se fosse legal ou
descolado, mas que deixa o jovem passar batido.
Precisamos nos vestir de uma maneira que seja confortável tanto para nós quanto para a faixa
etária com a qual estamos trabalhando. Queremos usar roupas que possibilitem a facilidade de
sentar-se no chão, ajoelhar, entrar e sair do papel que desempenhamos, jogar uma bola, ou
sentar-se no chão com um quebra-cabeça, com bonecos, ou miniaturas. Não queremos que a
maneira como estamos vestidos nos limite na interação com um jovem. Queremos que os jovens
sintam-se à vontade e confortáveis – se você e eu estivermos vestidos com trajes de negócios,
podemos facilmente passar a sensação de sermos implacáveis para uma criança ou adolescente.
HABILIDADES PRÁTICAS AO AMARMOS CRIANÇAS POR MEIO DE ATIVIDADES EXPRESSIVAS
À medida que começamos a atrair as crianças para atividades expressivas, há métodos que tornarão uma atividade frutífera, bem como práticas que podem levá-
las ao fracasso. Quando uma interação com um jovem sai dos trilhos ou parece ser um fracasso total, geralmente isso tem mais a ver com nossa habilidade em
abordar uma criança do que com a própria atividade. Somos rápidos em eliminar uma abordagem que consideramos “ineficaz” ou “inútil”, quando a realidade
frequentemente tem mais a ver com a forma como implementamos a ferramenta.
Por exemplo, você pode realizar uma atividade sem muita preparação e depois começar a
aplicá-la com uma criança sem ter um caminho claro do que você espera realizar. As instruções e
os exemplos não ficam claros e a criança não entende. Portanto, a criança dá respostas que não
são reveladoras ou úteis. Você (e talvez a criança) considera a atividade como um recurso inútil.
Por outro lado, se você tivesse parado para refletir sobre o porquê de ter escolhido aquele
recurso, e tivesse desacelerado, dado instruções claras e parado para discutir a atividade,
provavelmente o resultado teria sido muito diferente.
Abaixo estão alguns princípios sobre como envolver-se bem com crianças e adolescentes. À
medida que você repassa essa lista, tenha em mente que sempre há exceções à regra e que você
vai querer flexibilizar e adaptar a atividade à criança que está diante de você.
1. Dê instruções um passo de cada vez. Dê o primeiro passo, deixe que elas façam perguntas
se precisarem de esclarecimentos, depois dê tempo para que elas completem a tarefa.
Quando se dá demasiados passos de uma vez, as crianças têm a tendência de apressar-se,
pular passos ou esquecer-se do que lhes pedimos. Incentive-as a levar o tempo necessário,
vá devagar e explique que não há pressa. Seu objetivo é extrair o que está lá dentro, não
apressar a conclusão.
2. Mantenha as instruções simples e claras. Como adultos, podemos explicar demais e muitas
vezes dar detalhes demasiados. Você confundirá, perderá, aborrecerá e afastará os jovens
com a monotonia de palavras desnecessárias, longas instruções e explicações confusas.
Palavras desnecessárias tendem a confundir e distrair em vez de trazer clareza. Pense em
como você vai dizer alguma coisa. Pergunte-se: “Existe uma maneira mais simples de dizer
isso?”. Uma vez que você tenha se decidido quanto a sua explicação, não invente várias
maneiras de dizê-la. Quanto mais você elabora, mais você confunde. As crianças podem se
perder no que você lhes pede para fazer quando você se torna muito falador, usa linguagem
complicada ou apresenta múltiplas ideias que as confundem.
Por exemplo, se eu disser: “Eu quero que você escreva as pessoas de quem você é
próximo, com quem você tem o melhor relacionamento ou que você acha que goste mais”,
na verdade eu dei três perguntas muito diferentes a uma criança. É melhor simplesmente
dizer: “De quem você é mais próximo?” e depois esperar e ver o que eles fazem com a
pergunta. Mesmo que você pense que deu orientações inúteis, pode valer a pena esperar que
eles peçam clareza. Uma criança dirá com frequência: “Como assim?”. Se ele ou ela
parecerem hesitantes ou confusos, você pode reafirmar suas orientações de uma nova
maneira que ele ou ela entenda melhor. Mesmo que a criança faça algo muito diferente do
que você pretendia, ainda assim a resposta revelará a capacidade cognitiva e a percepção
situacional da criança ou do adolescente.
3. Verifique com a criança para saber se ela entendeu suas instruções. Basta perguntar:
“Você tem alguma pergunta?”. Embora algumas crianças peçam esclarecimentos, outras
podem ter medo de admitir que não entenderam. Você pode certificar-se de que elas estão
acompanhando você pedindo-lhes que repitam as instruções que você deu.
4. Ao pedir a uma criança ou adolescente que faça um brainstorming com você, ou quando
eles estiverem fazendo uma lista, evite perguntar “Acabou?” Isso tende a encerrar a
discussão. Ao contrário, fazer a pergunta “O que mais?” várias vezes durante toda a
atividade encorajará a criança a dizer que há mais a dizer. A criança ou o adolescente falarão
mais e compartilharão mais quando você assumir que eles têm mais a compartilhar, e eles
lhe informarão quando realmente terminarem.
5. Considere a utilidade de completar uma atividade junto com elas. Algumas crianças vão
gostar se você for modelo e compartilhar sua atividade assim como elas compartilham a
delas. Entretanto, as crianças também podem ser tentadas a copiarem o que você faz ou a
acreditarem que o seu caminho deve ser o caminho certo. Eu tenho o cuidado de não
terminar uma atividade junto com elas; em minha experiência, minha resposta pode muitas
vezes impactar como elas moldam suas próprias respostas.
6. Considere como e quando o silêncio é útil, ou, ao contrário, desconfortável. Muitas vezes
você pode usar uma música de fundo sutil para preencher qualquer silêncio desconfortável.
A música pode acalmar, relaxar e criar um ambiente confortável para crianças e
adolescentes. No entanto, alguns podem achá-la perturbadora, portanto, esteja preparado
para desligá-la se necessário. Pegue dicas sobre como eles gostam de conversar enquanto
fazem as atividades ou se eles precisam apenas se concentrar. Algumas crianças gostam de
conversar e explicar o que estão fazendo enquanto trabalham. Elas podem até estar mais
abertas a compartilharem coisas difíceis enquanto a atenção delas está em uma atividade.
7. Não suponha que você compreende um projeto concluído que uma criança lhe apresenta.
Embora possa parecer óbvio, deixe-os sempre explicarem o trabalho que fizeram. Peça-lhes
que lhe digam o que eles desenharam, que miniatura escolheram ou que cor usaram. É muito
melhor deixar uma criança lhe dizer o que ela desenhou, escreveu ou fez do que acreditar
que você sabe o que ela fez e adivinhar incorretamente. Nós nos preocupamos com as
percepções delas sobre o que criaram, não com as nossas. Quando você faz suas próprias
suposições, às vezes identificará errado o que a criança fez – e a criança pode ou não corrigir
você. Isso pode mudar a conversa ou o pensamento original da criança sobre o assunto.
Algumas crianças irão corrigi-lo se você estiver errado, mas outras terão medo de corrigi-lo.
Também tenha cuidado ao proferir palavras de forma que a sua suposição fique implícita.
Por exemplo, ao invés de perguntar para a criança “Por que você escolheu aquele sapo
roxo?”, uma resposta mais útil seria “Diga-me o que você escolheu que representa a sua
mãe. Por que você escolheu isso?”.
8. Faça perguntas abertas sempre que possível. Perguntas com respostas de “sim” e “não”
tendem a terminar uma conversa, enquanto perguntas abertas – perguntas que não podem ser
respondidas com um simples “sim” ou “não” – estimulam uma explicação. Também é
melhor fazer perguntas usando a palavra “o quê” do que perguntas usando a palavra “por
quê”. Perguntas do tipo “por que” podem ser úteis quando se quer entender o motivo pelo
qual uma criança escolheu um objeto em particular ou deu uma resposta específica, mas
também é fácil para uma criança encolher os ombros e dizer: “Não sei”. Perguntas que usam
“o que”, tais como “O que estava acontecendo na foto?”, tendem a promover uma discussão
melhor.
Quando chegarmos às atividades expressivas que descrevo mais tarde no livro, vocês
verão que muitas vezes peço às crianças que façam um brainstorming comigo. Elas
poderiam fazer um brainstorming de todas as possibilidades potenciais para o que estão
pensando, o que estão sentindo, por que estão sentindo etc. Os jovens muitas vezes não
sabem o que estão pensando ou por que fizeram o que fizeram. Talvez eles tenham razões
múltiplas e conflitantes para estarem chateados ou para explicarem como responderiam a
uma pergunta. Muitas vezes eles sentem a pressão de uma resposta correta. Talvez eles se
sintam pressionados para responder a perguntas difíceis apesar de não estarem preparados.
Quando isso acontece, eles tendem a se fechar, dizer “não sei” ou encolher os ombros e dar a
resposta que eles acreditam que você está querendo. Quando eu digo: “Vamos pensar em
todas as coisas possíveis que o deixam ansioso”, eu permito que ele tenha mais de uma
resposta ou um motivo. É menos ameaçador para uma criança saber que pode haver muitos
motivos ou opções a considerar. Descobri que quando permitimos que crianças e
adolescentes façam um brainstorming ou forneçam uma lista de ideias, muitas vezes eles
revelam o que está acontecendo. Se você perguntar a uma criança “Por que você estava
ansioso?”, é possível obter uma resposta, até mesmo uma resposta que seja de certa forma
precisa, mas ela pode não ser uma resposta completa. Se, ao invés disso, você disser,
“Vamos fazer um brainstorming nesse papel escrevendo todas as coisas que o deixam
ansioso”, você provavelmente obterá uma imagem mais completa de todas as coisas que
acontecem dentro da criança.
9. Seja descontraído e conversador. Você quer que as crianças sintam que estão em um lugar
seguro onde são livres para serem vulneráveis, abrirem-se a respeito de sua situação,
cometerem erros e expressarem pensamentos e ideias.
10. Tenha um Plano A, um Plano B e um Plano C! Quando está conhecendo uma criança,
você está aprendendo o que funciona e o que não funciona. Você está escolhendo
ferramentas e métodos para conhecê-la e extrair o que há no interior dela. Uma atividade
pode ou não funcionar por múltiplas razões: uma criança ou um adolescente não se conecta
com o que você está fazendo; você não explicou a atividade com clareza; a criança está
simplesmente de mau humor, cansada, com fome, rabugenta ou distraída. Talvez você possa
voltar à atividade mais tarde e a criança a receberá bem; mas também esteja preparado para
que, por qualquer razão, você possa precisar abandonar o navio e tentar uma abordagem
diferente. Quando você tem múltiplas opções que servirão ao seu objetivo, você pode ser
flexível enquanto interage. Se uma atividade parece estar indo muito mal, você tem a
liberdade de colocá-la de lado e tentar uma nova abordagem. Há muitas maneiras de falar a
alguém e de extrair o mundo dela, e como conselheiro você está procurando uma porta
aberta. Se uma porta parece fechada ou trancada, dê a volta e tente outra porta.
11. Ofereça-se para ser seu “ajudante”. Quando um jovem estiver compartilhando seus
pensamentos e ideias, voluntarie-se para escrever os detalhes. Quando aplicável, eu gosto de
escrever as palavras deles diretamente na atividade a fim de enfatizar o que eles disseram de
importante. A maioria das crianças não gosta de escrever; parece uma tarefa da escola, é
trabalhoso e retarda o pensamento e a expressão delas. Quando você diz: “Suas ideias são
importantes. Eu quero lembrar do que você disse, então eu serei seu ajudante”, elas sentem
que você se importa e as compreende. Isso também o ajuda a lembrar o que elas disseram,
palavra por palavra, em vez de confiar em sua percepção do que elas comunicaram.
Lembre-se, mesmo quando uma atividade parece falhar, você provavelmente aprendeu algo
importante sobre a criança que está aconselhando. A atividade revelará algo sobre a criança – seu
nível de desenvolvimento, sua capacidade cognitiva ou em que ponto ela está emocional,
espiritual ou socialmente. Quão autoconsciente ou alheia ela é? Será que ela pensa de forma
abstrata, tem pressa ou tem atenção limitada? Ela gosta de desenhar ou de escrever um diário, ou
odeia isso? Tudo o que aprende o ajuda a montar o quebra-cabeça diante de você.
Saiba mais em: www.ccef.org.
6 | MÉTODOS PARA EXTRAIR O INTERIOR DO CORAÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Eu amo Provérbios 20.5, o qual já citei repetidamente neste livro. Esse versículo nos lembra muito bem de que somos chamados a sermos pessoas sábias,
comprometidas em extrair os motivos interiores do coração. Muito do nosso sucesso ou fracasso em trazer à tona o que está no interior das crianças tem mais a
ver com a habilidade cativante de um adulto do que com a capacidade dos jovens de se articularem. A maioria dos jovens tem dificuldade para conhecer suas
próprias motivações; como adultos, precisamos trazer o cuidado perseverante e a capacidade de ajudá-los, sempre atentos para que sejamos prontos para ouvir e
tardios para falar (Tg 1.19), fazendo todo o esforço para conhecermos e compreendermos uma criança, a fim de podermos falar com sabedoria àquela experiência
vivenciada por ela.
Abaixo, você encontrará exemplos de métodos que são úteis ao trabalhar com pessoas
jovens.
Especialmente nos próximos dois capítulos, tentei incluir recursos, métodos, ideias e
atividades que podem ser adaptadas para quase todas as idades. Em cada caso, você
precisará considerar o motivo pelo qual você as usará e como você as adaptará à sua
situação. Frequentemente, presumimos que os adolescentes pensarão em uma atividade
como sendo algo infantil ou bobo e que a dispensarão antes de tentarem realizá-la. É
possível que também tenhamos a expectativa de que crianças muito novas façam conexões
ou vejam a relação de causa e efeito em áreas de pouca ajuda. Sempre haverá motivos para
algo funcionar ou não com a criança com a qual você está trabalhando. Portanto, lembre-se
sempre de que:
• Você está adaptando sua atividade à criança que está diante de você. Considere o que
você espera aprender sobre ela.
• A maioria das atividades expressivas pode ser modificada para se adequarem às
crianças de ensino fundamental ou aos adolescentes.
• Não tenha pressa em fazer a atividade. Ela não é um item a ser riscado da sua lista; não
há um prazo definido. Seu objetivo é construir pontes de confiança e relacionamento, e
abrir portas para conhecer melhor aquela criança.
• É bom parar e falar sobre as coisas que surgem enquanto a atividade é realizada. Não
se concentre simplesmente em um resultado final (como completar a tarefa), mas
realmente invista no processo (aprender, conhecer e ver o mundo através dos olhos do
seu aconselhado).
• Seja criativo. Esteja sempre à vontade para adaptar, mudar ou edificar sobre qualquer
atividade a fim de torná-la melhor ou mais útil para sua situação.
O USO ESTRATÉGICO DE LIVROS E DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS
Grandes histórias nos ensinam sobre a vida, o amor, o autossacrifício, o perdão e os perigos do orgulho e da corrupção. Cada uma delas contém uma lição para
instruir e equipar com verdades importantes. Sendo assim, há muito tempo, a contação de histórias tem sido uma tradição de educação e tem servido como um
método chave para transmitir tradições e crenças culturais, instilando valores morais e lembrando uma nova geração de sua história.
Da tradição oral ao uso de fábulas e parábolas até a invenção da palavra escrita, as
histórias há muito têm emocionado as pessoas, educado culturas e levado para as casas
uma mensagem (boa ou ruim). Contos ou fábulas (estas últimas muitas vezes tendo animais
ou objetos inanimados como personagens) podem ser usados de maneira construtiva para
ensinar uma lição de moral. Por meio do uso de boa literatura – incluindo livros, histórias,
poemas, contos de fadas, fábulas e cartas – verdades são reiteradas de forma desarmadora
e captam a atenção de um jovem.
Contamos histórias e lemos livros para as crianças com o intuito de educá-las e de
construir habilidades de comunicação que nos conectam relacionalmente. Na cultura de
hoje, contar e ler histórias é uma prática familiar em declínio, pois requer tempo extra e
um abrandamento da rotina de um dia típico. Manter vivo o hábito de contar histórias,
porém, pode aumentar os laços dentro das famílias, bem como incutir crenças essenciais no
coração e na mente de uma criança.
Do ponto de vista do desenvolvimento, as crianças estão constantemente aprendendo
sobre as emoções – as suas e as dos outros. Bons livros podem ajudá-las a aprenderem a
reconhecerem quais emoções elas estão sentindo, quais emoções os outros possuem, como
tais emoções impactam a todos, e o que fazer e como responder de maneira saudável e
piedosa. Livros podem ensinar habilidades importantes que ajudarão as crianças a
aprenderem comportamentos apropriados para as emoções, a começarem a compreender
causa e efeito e a aprenderem responsabilidade nos relacionamentos. Se uma criança está
no espectro do autismo e tem dificuldade de se envolver socialmente, os livros podem ser
uma maneira útil de servir de modelo para como navegar em vários cenários relacionais.
Boas histórias ajudam a encorajar um comportamento social saudável, esclarecer valores
e instilar identidade cultural. Elas ensinam o discernimento e fornecem oportunidades de
modelar e melhorar a comunicação.
A cultura está contando sua própria história, comunicando uma narrativa do que é
verdadeiro, moralmente bom e socialmente aceitável. Essa história é difundida em filmes,
redes sociais, revistas e na educação infantil. A narrativa cultural de hoje doutrina as
crianças com uma cosmovisão cada vez mais sem Deus. O certo muitas vezes é tratado
como errado, e o errado é muitas vezes tratado como certo. As crianças precisam de ajuda
para entender o sentido do que elas estão ouvindo, o que também significa que elas
precisam de instruções proativas sobre o que é verdadeiro, certo e bom.
As crianças se beneficiam ao verem suas próprias lutas serem resolvidas por meio do uso
de uma história. Agir corajosamente, superar um valentão ou aprender a resolver conflitos
repercutem mais profundamente quando vemos essas situações sendo vividas diante de nós.
Alguns jovens adoram escrever suas próprias histórias e podem lidar com lutas pessoais,
projetando seus pensamentos e sentimentos em um personagem.
Ao ler ou contar uma história, certifique-se de conectar explicitamente os pontos de volta
à vida e às experiências da criança. O que pode ser óbvio para nós precisa ser deixado claro
para a criança ou o adolescente. Por exemplo, quando estou tentando ajudar crianças
pequenas a identificarem sentimentos, muitas vezes uso um livro do Dr. Seuss chamado My
Many Colored Days [Meus Muitos Dias Coloridos]. A história ilustra como as cores também
podem expressar sentimentos e humores; ela leva a uma atividade expressiva na qual eu
trabalho com a criança depois.
Com crianças que possuem pensamento e maturidade mais abstratos, procuro livros que
se relacionem com suas vidas e lutas, e depois encontro maneiras de tecer isso no processo
de aconselhamento. Alguns jovens detestam ler, mas gostam que alguém leia para eles;
outros se relacionam melhor em ver a história desdobrar-se em uma tela. Para os
adolescentes, as histórias podem ser melhor contadas pessoalmente por meio de filmes,
poemas, canções ou um vídeo ou testemunho no YouTube. Qualquer que seja a forma que
você use, seja atencioso ao conectar os pontos para eles de forma a produzir mudanças,
crescimento e esperança, e que os apontem para a verdade.
Não há história melhor do que aquela que nos é dada na Escritura. Grande parte da
Escritura está na forma de uma história narrativa. Há uma narrativa bíblica unificada de
criação, queda, redenção e restauração. Ela é a nossa história e deve ser a história que serve
de modelo para a vida e o coração de nossos jovens, fornecendo uma lente para todas as
outras histórias que eles irão ouvir. No aconselhamento, podemos e devemos nos tornar
melhores em contar essa incrível história de maneiras que capturem o afeto de crianças e
adolescentes. Quanto melhor nos tornarmos em dar vida às Escrituras para as crianças,
mais provável é que elas abracem as verdades bíblicas por si mesmas. Precisamos ajudá-los
a mapear a história da Escritura de maneiras que transformem suas vidas e experiências.
Queremos dar aos nossos jovens a esperança de que tudo pelo qual eles passam será
redimido e usado por Deus. Ele faz novas todas as coisas.
Muitas vezes, crianças e adolescentes se sentem desconectados do Senhor e da Bíblia.
Falar da Escritura como uma história ajuda os jovens a se conectarem com o Senhor e seu
caráter imutável. Nela, Deus está retratando sua glória e seu caráter, restaurando todas as
coisas e levando seus filhos de volta a si mesmos. É vital que quando trabalhamos com os
jovens, procuremos maneiras de inserir a verdade bíblica, e então conectarmos as vidas,
experiências e necessidades dos aconselhados de volta ao Senhor.
Há uma grande variedade de estilos literários usados na Bíblia, incluindo narrativa,
poesia, sermões e cartas. A instrução é fornecida tanto direta quanto indiretamente. No
aconselhamento, podemos acessar cada uma dessas formas bíblicas para nos conectarmos
com o jovem diante de nós. Um olhar ao longo dos Salmos mostrará a um adolescente que
ele pode ser sincero com Deus sobre suas emoções profundas. Uma parábola de Jesus
esmiuçará um conceito teológico de uma forma que uma criança possa entender. Um olhar
para a cruz descreverá o profundo amor sacrificial do Senhor.
Outros exemplos serão dados no próximo capítulo, mas as possibilidades são infinitas à
medida que nos tornamos mais cativantes e sábios em conectar os jovens à Escritura.
Considere como se tornar melhor no uso tanto das histórias comuns quanto, mais
importante ainda, das Escrituras, para encorajar mudanças reais na vida das crianças e
dos adolescentes.
Super-heróis e vilões no aconselhamento
Super-heróis
Os super-heróis têm fomentado uma tremenda inspiração e imaginação na vida dos
jovens. Há muitas razões para que crianças e adolescentes sintam-se atraídos por uma
história ou um filme de super-heróis. Eles possuem capacidades maiores do que as da vida
real, se elevam triunfantemente acima do conflito e da desgraça, dão um sentido de
esperança na tragédia, mostram coragem diante da opressão e demonstram o bem
vencendo o mal. Eles fornecem exemplos de vencedores que superam a adversidade e de
desfavorecidos que alcançam o impossível. Por causa disso, os super-heróis podem ser
prontamente usados para se conectar com as crianças no aconselhamento.
As crianças ficam rapidamente apegadas a animadas histórias de resgate. Essas
narrativas são capazes de fornecer um meio para que crianças e adolescentes usem a
imaginação a fim de darem vida às suas próprias histórias e singularidades.
Há muitas outras características de vitória que nos atraem aos super-heróis. Eles são
intrigantes e envolventes. Eles são suficientemente parecidos conosco para que nos
identifiquemos com eles, mas diferentes o suficiente para nos fazerem desejar que
pudéssemos realizar as coisas que eles realizam. Eles são complexos e misteriosos, nos
deixando a pensar no que os move. Descobrimos que muitas vezes eles se levantam da
tragédia ou das dificuldades e depois avançam com uma missão e um propósito maior do
que eles mesmos. Eles usam sua nova identidade para combater o crime, o fanatismo, o mal
e o racismo. Eles possuem qualidades a serem admiradas por todos: abnegação, lealdade,
patriotismo e compaixão, para citar algumas.
O que as crianças podem deixar passar é a maneira como os super-heróis são
sobrecarregados tanto por sua identidade secreta quanto por sua obrigação moral de usar
seus poderes para combater o mal. Muitas vezes um super-herói se sente como um
forasteiro e vive uma vida solitária. Ele ou ela são mal compreendidos por aqueles que os
rodeiam e permanecem disfarçados, sem nunca se sentirem realmente conhecidos pelos
outros.
Nesses aspectos, os jovens também podem se identificar com eles.
Os super-heróis podem ser usados por conselheiros e por outros adultos na construção de
pontes com os jovens. As crianças vão gostar de trazer você aos seus interesses e
passatempos e até mesmo à obsessão que elas têm por super-heróis. Trata-se também de
uma grande continuação das próprias experiências de um jovem aconselhado. Você pode
fazer perguntas reflexivas como:
• Conte-me o que você gosta sobre a história de Star Wars.
• Quem é seu personagem favorito? Por quê?
• Você se identifica com as lutas dele ou dela?
• De que forma você já se sentiu assim?
Além disso, com grande poder vem uma grande responsabilidade, e o peso desse tipo de
prestação de contas é um fardo para os super-heróis. Eles carregam o fardo de saberem
que todos de quem se aproximam correm o risco de serem machucados pelos vilões que eles
combatem. Além disso, cada super-herói tem um calcanhar de Aquiles – algo que ameaça
expô-lo e que pode levar à sua destruição.
Os temas ou as emoções associadas à solidão, aos fardos de responsabilidade e às
fraquezas escondidas são temas que também vemos na vida das crianças que aconselhamos.
Conectá-las a uma história de outra pessoa pode muitas vezes ajudá-las a enxergarem
como suas dificuldades podem ser usadas para o bem. Mais importante ainda, essas
histórias podem abrir a porta para ajudar as crianças a sonharem sonhos maiores de um
Deus que é mais poderoso do que qualquer super-herói que elas possam criar em suas
imaginações – alguém que seja real, pessoal e que realmente lute batalhas em favor delas.
Às vezes, quando usamos histórias de super-heróis para entrar no mundo do imaginário
com crianças, nós as libertamos para expressar seu mundo interior sem limites. A
associação com histórias fora de si mesma ajuda a criança a revelar uma imagem de seus
desejos, motivações e pensamentos mais profundos quando dada a capacidade de expressá-
los por meio de brincadeiras e distrações.
Homem-Aranha é a história do jovem Peter Parker, que é movido pela culpa e pelo
remorso. Peter volta para casa para descobrir que um criminoso que ele havia ignorado
por razões egoístas matou seu tio Ben. Ele fica marcado pelo pecado que cometeu e é
impelido pela angústia para corrigir seus erros. Ele combate os sentimentos de culpa e sua
incapacidade de manter sua família segura. Ele é uma imagem de super-herói que é ele
mesmo uma vítima, lutando contra seus próprios demônios. Os super-heróis dessa
categoria se sentem incompreendidos, sozinhos e isolados. Como esse tipo de história pode
mapear a experiência de uma criança que passou por uma tragédia e está batalhando em
uma mistura de tristeza e arrependimento?
Se um jovem gravita em direção ao Homem-Aranha, faça perguntas como:
• O que você gosta na história/filmes do Homem-Aranha?
• Existe alguma forma de você se conectar com a luta dele? Como?
• Você já se sentiu incompreendido? Sozinho?
• Quais são os demônios contra os quais você luta?
• Você alguma vez sente que precisa se redimir? Como?
Há também a história do Incrível Hulk. Ele é atormentado, até mesmo torturado, por sua
fúria incontrolável, e suas lutas vêm como resultado de abusos que sofreu nas mãos de seu
pai. Há temas fortes a serem explorados aqui, particularmente sobre a forma como ser
vitimado pode impactar uma criança tanto emocional quanto psicologicamente. Mesmo as
crianças que não foram vítimas de abuso, muitas vezes lutam para controlar sua raiva e
podem facilmente se relacionar com a forma como o Hulk se comporta.
Uma criança que tenha sido maltratada ou que tenha dificuldade com ira pode gravitar
em direção à história do Hulk. Você também pode usar a história, solidarizando-se com a
dificuldade do Hulk em relação à ira e aos maus-tratos. Considere discutir:
• Por que você acha que o Hulk fica tão irado?
• Você já se sentiu assim? Quando?
• O que o Hulk faz com a raiva dele?
• Como isso o faz sentir-se mais isolado e sozinho?
• O que você faz com a sua raiva?
• Isso ajuda ou tende a piorar as coisas para você?
• Onde podemos ir para obter ajuda real com nossa ira?
Você é capaz de enxergar que pegar o enredo de personagens com os quais crianças e
adolescentes se relacionam também pode conectar os pontos na vida dos seus aconselhados
– e então conectar esses pontos com a pessoa de Cristo, que realmente os equipa com
recursos sobrenaturais para a vida?
O Super-Homem, talvez um dos super-heróis mais icônicos, é um alienígena, um
forasteiro de outro planeta. Ele perdeu sua família natal quando jovem, ficou órfão e
depois foi adotado. Você consegue imaginar o número de crianças que podem se identificar
com a história dele? Considere fazer estas perguntas:
• Quais poderes você gostaria de ter?
• Como você acha que era ser o Super-Homem?
• Como você acha que era a vida dele?
• De que maneira o Super-Homem é imperfeito?
• Você acha que ele já se sentiu sozinho? Malcompreendido?
Para mais ideias de como abordar o assunto, vá até a atividade “Se Eu Fosse um Super-
herói”, no próximo capítulo.
Vilões
Às vezes, quando você conhece uma criança, ela prontamente compartilha seu amor por
determinadas histórias, filmes e personagens. Muitos jovens adoram histórias de aventura
ou fantasia com temas fortes do bem e do mal, uma batalha para salvar o mundo, e heróis e
vilões claramente definidos. Exemplos populares que frequentemente surgem são a série
Star Wars ou Senhor dos Anéis. Na maioria das vezes, crianças e jovens são atraídos por
essas narrativas por causa do papel nobre que o herói desempenha na derrota de um
inimigo formidável e inatacável realizando o feito contra todas as probabilidades.
O que você faz, entretanto, com as crianças que podem se sentir mais atraídas pelo vilão
em uma história? Uma afinidade com o “vilão” pode se desenvolver por muitos motivos. As
crianças podem se sentir incompreendidas da mesma forma que um vilão se sente em uma
história. Elas veem que o vilão foi intimidado ou maltratado desde cedo e sentem empatia
por ele ou ela. Uma criança pode se identificar com o desejo de se vingar daqueles que a
enganaram, e pode até gostar do poder que o vilão exerce ao atacar seus inimigos.
Muitos vilões demonstram tremenda genialidade criativa e engenhosidade. O problema é
que eles usam tais habilidades para ganhos egoístas ou sinistros. Eles geralmente estão
empenhados em destruir o herói e crescem em um desejo insaciável de poder e controle. Os
vilões são egocêntricos, narcisistas e falham em aprender com suas próprias derrotas. Eles
acabam se autodestruindo e causando sua própria ruína.
Quando as crianças que aconselhamos são atraídas por tais personagens, queremos
entender o que está por trás da atração pelo anti-herói. Essa afinidade muitas vezes
revelará lutas mais profundas – talvez por que elas são maljulgadas ou mal-interpretadas,
não aceitas, ou vitimadas.
Em muitos casos, as crianças são atraídas por vilões pela mesma razão que muitos de nós
são atraídos pelo herói – elas se identificam com a experiência, os desejos ou as lutas do
personagem. Queremos aprender como fazer uma conexão entre essas experiências reais e
as batalhas que nossos aconselhados enfrentam, e depois ajudar a orientar a atenção deles
para uma narrativa redentora que reconheça a seriedade de suas lutas, mas que também os
direcione para o principal reparador de erros.
Somos todos propensos a vaguear. Somos todos propensos a usar até mesmo nossos
pontos fortes para os nossos próprios desejos egoístas. Tanto os super-heróis quanto os
vilões têm decisões a tomar. Será que eles se voltarão para seus próprios interesses e serão
corrompidos por seus desejos, ou viverão abnegadamente para algo maior do que eles
mesmos? Queremos chamar os jovens a viverem para a glória de Deus – Alguém que seja
maior e digno da lealdade deles.
Considere as percepções que poderíamos obter perguntando: O que você faria se pudesse
...
• voar ou se mover em uma super velocidade?
• viajar no tempo?
• mudar de forma?
• ser invisível?
• ter uma força sobre-humana?
• cometer crimes sem ser pego?
• ver o futuro?
• ter a habilidade de infligir vingança?
• controlar outra pessoa?
À medida que essas conversas se desenvolvem, devemos considerar como utilizar nossas
sessões de aconselhamento para promover uma mudança de mentalidade nas crianças. Elas
desejam existir em um mundo onde se sintam no total controle de suas circunstâncias.
Como podemos ensiná-las a descansar em um Deus real e amoroso que tem o total controle
do resultado? As crianças não precisam tomar as rédeas da situação, nem ceder à tentação
de buscar sua própria justiça. Há aquele que luta suas batalhas e que vence todo o mal no
final.
Considere a passagem em Êxodo 14, quando Deus está prestes a libertar os israelitas dos
egípcios, abrindo o Mar Vermelho. Moisés assegura ao povo: “Não temais; aquietai-vos e
vede o livramento do Senhor que, hoje, vos fará; porque os egípcios, que hoje vedes, nunca
mais os tornareis a ver. O Senhor pelejará por vós, e vós vos calareis” (Ex 14.13-14, ênfase
adicionada).
Anteriormente eu disse que muitas de nossas dificuldades para envolver os jovens não se
devem simplesmente à incapacidade deles de se articularem, ou à imaturidade, ou falta de
visão que eles possam ter; mais frequentemente, essa dificuldade deve-se à nossa
incapacidade de trazer à tona o que está no interior deles e de atraí-los para o que é
verdadeiro e real. Imagine se pegássemos tudo o que é sobrenatural, mágico e atraente
sobre o reino dos super-heróis da fantasia e pintássemos um retrato melhor, mais vivo e
cativante de Deus e de seus caminhos. Devemos fazer um trabalho melhor de mostrar o
poder, a autoridade, a intervenção milagrosa e o cuidado tão pessoal de Deus.
Mesmo o maior e mais poderoso super-herói tem fraquezas, derrotas e dificuldades com
as perdas e o isolamento. Essas figuras são limitadas, imperfeitas, e apenas uma fantasia.
Quando ajudamos as crianças a entenderem que o maior valor em super-heróis é que eles
nos apontam para o Vitorioso máximo, nós as guiamos para mais perto de um Deus vivo
que é, em todos os sentidos, o melhor herói – mais forte, melhor, mais dinâmico, mais
amoroso, mais poderoso, e que está mais pessoalmente envolvido em suas vidas do que
qualquer outro jamais seria capaz.
O USO ESTRATÉGICO DA DRAMATIZAÇÃO11
Outra abordagem que costumo usar com meus filhos e no aconselhamento é a dramatização ou técnica de role-playing. A dramatização é a prática de apresentar
uma situação a uma criança e de lhe perguntar o que ela faria ou diria naquela situação ou história. Por exemplo, uma criança pode não saber o que fazer quando é
provocada agressivamente por outra criança, ou quando um colega a pressiona a mentir, trapacear ou fazer e dizer algo prejudicial a outra criança. A dramatização
dá às crianças um meio de praticar possíveis respostas a situações difíceis. Essa prática também pode fornecer às crianças as palavras e ações necessárias para
serem usadas em situações difíceis ou desconfortáveis.
Como conselheiros, a dramatização nos ajuda a entender como uma criança pensa e nos
dá a oportunidade de falar de volta à vida da criança. Ouvir as reações da criança aos
personagens nos fornece uma visão para os medos, as tentações e as áreas nas quais a
criança pode ser pega desprevenida ou despreparada. As crianças pensam em termos de
preto-e-branco. Como resultado, para elas pode ser desafiador navegar sabiamente pelas
áreas cinzentas da vida.
No aconselhamento, eu falo muito sobre habilidades de segurança e avaliação de
comportamento. Digo frequentemente: “Se alguém lhe disser a coisa certa a fazer, você
deve sempre ouvir, independentemente de quem seja: um adulto, um estranho, uma babá,
um amigo ou um irmão. Por outro lado, se alguém lhe disser a coisa errada a fazer, seja um
amigo, irmão, adulto, estranho ou babá, você nunca deve fazer isso, e nós o apoiaremos”.
Em seguida, passo a falar sobre alguns exemplos de coisas erradas que um adulto, uma
babá ou um colega podem lhes pedir para fazer. Isso pode incluir coisas bobas, como fazer
pegadinhas arriscadas, ou coisas imprudentes, como correr pelo meio da estrada, ou ainda
coisas completamente inapropriadas, como despir-se ou tirar fotos nuas.
Inevitavelmente, uma criança perguntará: “E se eu não souber se o que eles estão me
perguntando é algo ruim?”. Então eu os encorajo a pensar em alguns exemplos de cenários
confusos e depois falaremos sobre o que eles podem dizer ou fazer. Um exemplo de situação
confusa poderia ser um adulto que eles conhecem e que se aproxima e pede a uma criança
para ajudá-los a levar algo para um local privado, isolado ou então que peçam à criança
que entre em um carro para ir até uma loja. Essas coisas não parecem “erradas”, mas
podem parecer desconfortáveis para uma criança ou deixá-las sem ter certeza sobre a
situação. Nesses casos, sempre os encorajo a ir procurar outro adulto e perguntar a opinião
dele.
Ao ajudar as crianças que foram vitimadas, é importante começar a ensinar-lhes
maneiras de reagir caso alguém as faça sentir-se desconfortáveis ou inseguras. Ajudá-las a
crescer significa também dar-lhes as habilidades para saber o que fazer em situações
confusas como as mencionadas acima. A dramatização dessas situações é uma ótima
maneira de criar cenários possíveis nos quais a criança possa se encontrar e praticar como
ela responderia. Trata-se de ensinar a habilidade de avaliar uma situação e depois dar a ela
múltiplas maneiras de agir em resposta.
A dramatização permite que a criança pense com você sobre as situações que elas ainda
não encontraram. Ao utilizar essa ferramenta, você fornece um espectro de possibilidades,
desde bobas, passando pelo óbvio, pelo confuso e perigoso, até aquelas que você nuca
acharia possível. Fazer um brainstorming de uma gama de cenários irá ajudar a engajar
uma conversa. Quando você tiver um momento de ensino, você pode pegar princípios que
se aplicam em uma situação (demonstrar amor, bondade, misericórdia, perdão ou
habilidades de segurança) e transferi-las a diferentes situações. Isso prepara as crianças
para pegarem um princípio e aplicá-lo a uma multidão de contextos que elas podem não ter
considerado e as prepara para as diversas situações que podem ou não acontecer.
Por exemplo, você poderia desenvolver uma situação em que uma criança é tentada a ser
um agressor (talvez com um irmão mais novo) e falar sobre reagir às irritações com amor e
paciência. Você poderia, então, seguir esse esboço com um cenário onde a criança é uma
vítima de alguma forma, e caminhar sobre como sair dessa situação insalubre.
Descobri que quanto mais estou disposta a falar sobre os muitos “e se” com as crianças,
mais elas estão dispostas a dizer: “Não sei. O que eu faço quando isso acontecer?”. A
dramatização abre a porta para a conversa e para a participação direta nas lutas de uma
criança. Ao fazer às crianças perguntas que as encorajam a pensar e tomar decisões,
ajudamos a evitar que elas fiquem presas em muitas situações nas quais elas não sabem o
que fazer.
À medida que as crianças amadurecem e aprendem a navegar em situações pegajosas ou
desconfortáveis, não se esqueça de encontrar todas as oportunidades para encorajá-las.
Elas nem sempre acertam, mas nós também não. É importante dizer às crianças: «Dê o seu
melhor e teremos orgulho de você. E se você errar, nós vamos conversar sobre o que
aconteceu». Isso assegura às crianças de que elas não serão culpadas pelos erros quando
tentarem aplicar o que aprenderam conosco. Lembre-as de que é importante discutir toda
a tentativa e erro para que possamos celebrar o que deu certo e ajudá-las a considerar
diferentes maneiras de responder se uma tentativa não der certo.
Bonecos
Bonecos podem proporcionar outra saída para que as crianças expressem seu mundo interior. O envolvimento expressivo pelo uso de bonecos pode ser projetivo,
divertido, envolvente e pode ajudar as crianças a baixarem a guarda para interagirem mais honestamente com o que estão pensando e sentindo.
Transformar brinquedos em objetos animados ajuda as crianças a externalizarem
conflitos internos, crenças, valores e desejos. Esses objetos também ajudam as crianças a
exibirem a presença ou a falta de habilidades relacionais. Por meio do uso de brincadeiras,
dramatizações e do faz de conta, as crianças podem arriscar dizer coisas a um boneco sobre
o que realmente pensam ou sentem, coisas essas que elas poderiam não dizer diretamente a
uma pessoa por medo de uma reação negativa. Usar esses objetos como ferramentas
proporciona uma janela de entendimento sobre como as crianças realmente pensam,
sentem e percebem o mundo:
• Eles ajudam a expandir a expressão de pensamentos e ideias interiores.
• Eles aumentam a autorrevelação, bem como a autoconsciência.
• Eles podem ajudar uma criança a compreender melhor o bem e o mal, ou o certo
versus o errado.
• Eles ajudam a verbalizar perguntas e pensamentos os quais elas se sentem inseguras de
formular por si mesmas.
• Eles ajudam a mostrar a confusão que uma criança pode ter sobre eventos da vida, ou
então visões imprecisas que elas abraçaram.
As crianças às vezes encenam com um boneco algum tipo de dano que lhes tenha sido
infligido. Algumas encenam como gostariam de poder responder às pessoas ao seu redor.
Uma criança pode sobrepor pensamentos ou emoções em um boneco os quais ela percebe
ser inaceitável de admitir por si mesma. Uma criança que é abusada pode nunca se abrir,
mas é possível que ela fale a um boneco policial que foi maltratada por um dragão. Uma
criança com raiva extrema em relação a um dos pais pode, de forma voluntária, projetar
isso em um boneco cachorro, sem nunca sentir a liberdade de admiti-lo por si mesma.
Outras crianças encenarão conflitos relacionais entre dois bonecos de formas que nos
ajudarão a começar a oferecer recursos ou soluções. Ao ajudar as crianças a se engajarem
com bonecos e encontrar novas maneiras de dramatização, podemos ajudá-las a transferir
aqueles mesmos princípios e habilidades para suas vidas reais.
Katie é uma garota reservada de onze anos que sente muita ansiedade em pegar o ônibus
para a escola e uma ansiedade moderada em relação à escola em geral. Ela tem tido
problemas para sair de casa pela manhã, muitas vezes perdendo o ônibus, o que faz com
que um dos pais tenha que levá-la à escola, apenas para ter outro problema no
estacionamento da escola antes de entrar.
Quando Katie começou a ser aconselhada, era difícil alcançar seu coração – ela respondia
a muitas perguntas com um “não sei” ou com um encolher de ombros e se retraía quando
temas difíceis eram abordados. Ela, no entanto, começou a gravitar em direção aos
bonecos, e a um em particular: o boneco de tartaruga.
Eu perguntei se ela alguma vez se sentiu como a tartaruga. Ela disse que sim. Eu
perguntei o que ela achava que a tartaruga sentia por dentro. Ela começou a me dizer que
a tartaruga odiava pessoas más e sentiu que a única maneira de evitá-las era sendo
invisível. Ao descrever a reação da tartaruga, ela colocou sua mão no boneco e fez a
tartaruga se retrair para dentro de seu casco.
Perguntei se eu poderia conversar com a tartaruga; ela acenou que sim. Então a
tartaruga e eu começamos a conversar sobre as coisas que a faziam sentir-se segura e
insegura. Eu lhe pedi que me contasse o que a ajudava a sentir-se segura perto de alguém e
a tartaruga começou a me responder. Ao longo de duas sessões, Katie finalmente começou
a falar sem a tartaruga.
Outro boneco que achei particularmente útil no aconselhamento é o de uma lagarta que
se transforma em uma borboleta. Há tantas maneiras produtivas de usar um boneco como
esse para trazer à tona o interior de uma criança ou para relacioná-la à vida dela. Uma
maneira útil é simplesmente permitir que ele demonstre como o aconselhamento pode
ajudar a criança com quem você está conversando. Assim como a lagarta passa por muitas
mudanças no processo de metamorfose, nós também passamos por mudanças enquanto
trabalhamos nas lutas e dificuldades da vida.
Você também pode usar a lagarta como uma metáfora para o modo de Deus trabalhar
em nossas vidas. A vida de uma lagarta passa por uma tremenda mudança entre a vida
como lagarta para uma nova vida como borboleta. Podemos usar essa realidade para
ilustrar que às vezes não entendemos o porquê de algo estar acontecendo conosco, ou o
motivo pelo qual sentimos que estamos presos no meio de coisas difíceis em nossa vida,
mesmo que Deus esteja planejando algo bom. Ele quer fazer um belo trabalho em nós.
Aconselhar, obter ajuda e deixar os outros entrarem pode ser parte do processo de
transformar algo difícil em algo realmente bom. Uma ferramenta como esse boneco pode
ajudar uma criança a compreender que quando coisas difíceis ou confusas acontecem com
ela, Deus é capaz de fazer um de seus trabalhos mais magníficos.
Há tantos bonecos diferentes que podem ser ótimos na criação de metáforas, na contação
de histórias e ao estimular conversas. Adicionar essas ferramentas à nossa coleção se
provará valioso em nosso trabalho com crianças.
Caixas de areia
Colocado de forma simples, caixas de areia são vários tipos de recipientes cheios de areia que podem ser usados para ajudar pessoas de todas as idades a
trabalharem em problemas dentro de um ambiente livre de riscos. Uma variedade de miniaturas também é usada com frequência. Miniaturas de pessoas de várias
etnias, idades e deficiências; animais (tanto agressivos quanto amigáveis); insetos; edifícios; cercas; árvores e arbustos; símbolos religiosos; meios de transporte;
miniaturas do mundo da fantasia; e muitos outros objetos podem ser usados para assumir significados e papéis para as crianças.
Uma vez que é pedido aos jovens que se abram emocionalmente durante o
aconselhamento, compartilhando seus pensamentos e sentimentos mais profundos, as
caixas de areia podem proporcionar um espaço protegido e a oportunidade de uma
comunicação não-verbal. Brincando em um recipiente estruturado, os aconselhados podem
construir um mundo, real ou imaginário, através de símbolos, miniaturas ou outras
figuras; isso oferece uma maneira eficaz para que os indivíduos possam se expressar sem
palavras. Crianças e adolescentes podem intuitivamente escolher um objeto que representa
uma pessoa, uma emoção, uma luta, uma ideia ou um sonho, uma esperança ou um medo.
Isso facilita a capacidade deles de compartilharem suas experiências e sentimentos de uma
forma não ameaçadora.
As crianças em aconselhamento são capazes de expressar em areia coisas que de outra
forma não seriam capazes de verbalizar ou abordar na terapia tradicional. Observamos e
depois analisamos a interação da criança com os objetos, essa versão em pequena escala de
seu mundo interior. O mundo dentro da caixa de areia (incluindo a colocação e interação
entre os brinquedos em miniatura, figuras e outros objetos) é expresso por meio de
simbolismo e metáfora, e pode nos ajudar como conselheiros a começarmos a reconhecer a
relação entre a criação na areia e o mundo interior da criança ou do adolescente.
Um pequeno animal ou uma estatueta podem representar a complexidade de algo que é
tanto bom quanto ruim. Por exemplo, uma vez um menino escolheu um conjunto de dentes
de vampiro gelatinosos para representar sua mãe. Quando lhe perguntaram o motivo, ele
disse: “Porque o dente é macio e ela é doce e gentil, mas ela também é afiada e cortante
comigo”. Uma vez um adolescente escolheu um pinheiro para representar Deus. Quando
lhe pedi para compartilhar sobre sua escolha, ele disse: “Bem, o pinheiro é grande e
majestoso como eu sei que Deus deveria ser, mas não me parece muito pessoal”. Que
percepção profunda ganhamos quando oferecemos outra maneira para os jovens
expressarem as complexidades que eles frequentemente sentem, mas que têm dificuldade
para articular.
As caixas de areia também podem ser uma ferramenta para ajudar aqueles que estão
“empacados”, à medida que continuam a assumir uma forma e a ajudar os aconselhados a
trabalharem em seus problemas. Pessoas jovens muitas vezes reencenam eventos dolorosos
em uma caixa de areia, tentando resolver os problemas ou chegar a uma solução diferente.
Considere um adolescente que tem dificuldade com ansiedade na escola, que monta uma
bandeja para desenrolar a história de como é ir para lá. Ou talvez seja uma criança
tentando sobreviver a um divórcio altamente conflituoso entre seus pais, ou um acidente de
carro, um amigo que se afogou em um lago ou um abuso sofrido. Nesses momentos, nós
vemos as crianças externalizarem o que se passa dentro de si, enxergamos qual é a
percepção delas e a interpretação que fazem dos eventos, e assim podemos começar a
interagir com elas.
Como conselheiro, há momentos para simplesmente assistir e observar, e há momentos
para entrar, fazer perguntas e oferecer soluções ou interpretações alternativas.
Procuramos as maneiras pelas quais nossos aconselhados estão prosperando e as maneiras
pelas quais eles estão angustiados. Procuramos formas de encorajar, instruir, corrigir e
oferecer esperança e cura. Buscamos maneiras de recontar a história deles com o Senhor
como um personagem ativo no meio dela.
Uma criança que vivenciou abuso usou a caixa de areia para capturar a complexidade de
todas as formas pelas quais o abuso estava impactando seu mundo e as pessoas no mundo
dela, desde seus pais, passando por suas tias e seus tios, até a si mesma.
Essa criança vivenciou abuso por parte de seu pai. Quando o abuso foi revelado, parecia
que um tornado tinha destruído sua família. Havia uma miniatura de um homem e de uma
mulher de mãos dadas fugindo de um tornado de plástico. Isso representava o pai dela e a
tia que apoiava o pai. Sua mãe era uma miniatura assustada e deitada no chão, devastada
pela notícia e incapaz de lidar com ela. Havia miniaturas de super-heróis e de um dragão
dourado, representando os trabalhadores do serviço social e os detetives que entraram na
história. A criança conversou sobre eles de uma maneira que demonstrava o medo que ela
sentia deles, mas também uma consciência de que eles estavam ali para ajudar. Uma
miniatura de sua casa estava em um canto e uma cerca fechava o evento caótico.
Havia também uma abertura onde estava um baú de tesouro. A abertura representava
uma saída do caos, mas também a possibilidade de entrar novamente nele. O baú do
tesouro simbolizava a revelação do abuso, mas estava fechado pois “ainda havia mais” para
contar. Havia ainda mais abuso para ser revelado, mas ela estava com medo de que isso
causasse mais dano.
No canto esquerdo havia uma pessoazinha, que ela explicou ser ela mesma. Ela colocou a
si mesma o mais longe possível do tornado. O papai Smurf e a Smurfete (irmã de sua mãe e
o marido dela) eram pessoas seguras com quem estar; eles eram como “joias preciosas”
(joias de plástico colocadas na areia) para ela. A Smurfete (sua tia) estava perto de um
crucifixo, pois “ela sempre me aponta para Jesus e me leva à igreja”.
Essa menina foi capaz de contar sua dolorosa experiência falando sobre as miniaturas,
em vez de falar sobre si mesma, e projetando os eventos sobre as miniaturas. Ela
compartilhou como seus pais reagiram, como ela se sentiu a causa de tudo isso e como
estava processando não apenas seus sentimentos, mas as reações de todos os envolvidos. Ela
podia falar dos momentos de caos e das áreas de alívio. Ela podia compartilhar a revelação
de detalhes e fatos – e aqueles ainda escondidos em um baú do tesouro, com muito medo de
sair. Ela foi capaz de começar a contar sua história com segurança, assim como encontrar
ajuda e apoio enquanto continuávamos a trabalhar em sua história por meio das
miniaturas.
Uma caixa de areia pode ser estática – uma única foto instantânea de seu mundo ou uma
experiência. Ela também pode ser dinâmica – evoluindo, movendo, mudando e progredindo
à medida que a discussão avança. Você pode pedir a uma criança que monte uma caixa de
areia de todos os membros de sua família. Essa é uma caixa estática – uma imagem de
como a criança vê os indivíduos em casa. Podemos então pedir à criança que conte uma
história sobre sofrer bullying, onde a criança monta uma caixa de areia com peças em
movimento e tem as figuras interagindo umas com as outras (um exemplo dinâmico).
Qualquer um dos métodos pode servir como uma ferramenta útil para trazer à tona o
interior de uma criança e dar-lhe uma maneira não ameaçadora de expressar o que está
acontecendo dentro dela.
Embora o céu seja o limite, abaixo está uma amostra de assuntos que podem ser cobertos
por meio do uso da uma caixa de areia:
• A visão que a criança tem de seu mundo.
• Autoimagem.
• Uma imagem da família da criança.
• Um exemplo do tipo de situações que a colocam em apuros.
• Uma demonstração de como ele ou ela consegue o que quer.
• Uma ilustração de como a criança se sente fora de controle.
• Um exemplo de algo que uma criança deseja que aconteça.
• Ilustrações de coisas de que a criança tenha medo.
• Um quadro de relacionamentos importantes.
• Uma demonstração das regras da família.
• Um exemplo de como a criança demonstra amor, como a família demonstra amor, etc.
• Uma ilustração de como é a escola, como são as amizades e até de como é um evento
traumático.
• Um exemplo de como a criança enxerga Deus, ou de como Deus interage com ela.
Se você estiver interessado em utilizar as miniaturas como recurso no aconselhamento, há
muitas maneiras criativas de utilizá-las com ou sem uma caixa de areia. Você pode usar
qualquer recipiente ou caixa, ou simplesmente um grande papel do tamanho de um cartaz
para construir uma imagem do mundo dos aconselhados. Eu também já construí linhas do
tempo ou “mapas” e permiti que as crianças colocassem miniaturas nelas para representar
eventos ou pessoas. A habilidade não está na ferramenta em si; está na forma como
escolhemos usá-la para ajudar as pessoas.
O USO ESTRATÉGICO DAS ATIVIDADES ARTÍSTICAS
A arte e outras expressões criativas podem muitas vezes fornecer um local para a comunicação quando as palavras não são suficientes. Esse é um espaço aberto
para compartilhar e descrever lutas, perspectivas, emoções e decisões complexas, percepções e relacionamentos.
Várias formas de arte – pintar, desenhar, colorir etc. – oferecem uma nova maneira de
transmitir crenças, preocupações e esperanças (faladas e não faladas). Elas podem ajudar
na expressão do eu, na compreensão das interações pessoais e relacionais, e no
estabelecimento de objetivos. A arte se conecta com pessoas de todas as idades, por meio do
espectro de habilidades, e proporciona outra forma de engajar o cérebro, as emoções e o
coração de nossos aconselhados. Você verá frequentemente a arte sendo usada em lares de
idosos, hospitais infantis e em casas de recuperação de drogas e álcool. Há uma maneira na
qual a arte atua como um catalisador para melhorar o funcionamento do cérebro,
fomentar a autoestima e o autoconhecimento, melhorar as habilidades sociais e ajudar a
reduzir e resolver conflitos e angústias. A arte envolve a mente, o corpo e o espírito de
maneiras distintas da comunicação verbal, além de facilitar a interação aberta e expressiva,
o que pode contornar as limitações da comunicação verbal.
A arte também pode ser útil quando se trabalha com grupos. Considere um grupo de
meninas adolescentes que sofreram abuso infantil em tenra idade. Pedir-lhes que criem
imagens que representem suas experiências difíceis pode servir como uma forma menos
ameaçadora para que as meninas se articulem e reflitam sobre suas experiências dolorosas.
As atividades artísticas são uma ótima maneira de construir pontes de comunicação não
apenas entre nós e nossos aconselhados, mas também entre eles e seus familiares. Muitas
atividades podem ser feitas em conjunto com a família. Quando os pais observam e
participam, eles podem ouvir e compreender de novas formas as experiências de seus
filhos. As crianças também podem ver como seus pais se sentem, pensam e vivenciam as
coisas. Em muitos aspectos, isso nivela o campo de jogo entre adultos e crianças; todos eles
estão fazendo a mesma atividade e interagindo igualmente em algum tópico dado. Esse tipo
de exercício pode construir empatia e compaixão por outro membro da família, facilitar
uma melhor comunicação e até mesmo nutrir um senso de valores ou regras familiares.
Para aqueles que se sentem limitados em sua expressão verbal, demonstramos bondade e
amor quando lhes oferecemos outra forma de expressar seu mundo interior. Como afirma
Provérbios 20.5, queremos ser pessoas de compreensão e desejamos alcançar o que está
acontecendo no coração. Os indivíduos podem muitas vezes transmitir mais sobre suas
emoções e experiências quando são motivados por imagens, símbolos e figuras que
representam seu mundo interior.
Algumas amostras de atividades são fornecidas ao final deste capítulo. A maioria delas é
aberta, o que significa que temos muitas opções quando usamos a arte para ver no que as
crianças e os adolescentes estão interessados e como eles são capazes de se comunicar. Eu
também ofereço sugestões de como você pode aperfeiçoar essas atividades em direção a
uma percepção e um crescimento máximos para o aconselhado. Conforme mencionado
anteriormente, sempre se sinta à vontade para adaptar o que você está fazendo a fim de
ajustá-lo às necessidades da pessoa à sua frente.
Considere perguntar ao jovem se ele ou ela gosta de falar enquanto cria arte, se ele ou ela
prefere o silêncio, ou se ele ou ela gostaria de uma música de fundo (isso pode criar uma
atmosfera relaxante). Adapte o ambiente com o intuito de facilitar o maior envolvimento
com o jovem.
Dê a ele ou ela tempo suficiente para trabalhar no projeto criativo. Observe calmamente
ou fale com ele ou ela caso queiram dialogar. Às vezes é útil trabalhar (ou agir como se
estivéssemos trabalhando) silenciosamente em algo ao lado do aconselhado, para que saiba
que estamos disponíveis, mas sem que se sinta como se estivesse sendo examinado ao
microscópio.
Pode ser tentador projetar nossa própria interpretação no projeto de arte que um jovem
aconselhado cria, e haverá momentos em que teremos percepções ou suspeitas sobre o que
pode estar acontecendo no quadro. Lembre-se, entretanto, que é mais importante ouvir as
percepções e ideias da criança do que lê-las através de nosso próprio entendimento. O
objetivo é extrair o mundo interior de uma criança; portanto, escute como ela percebe o
que se passa dentro de si.
O USO ESTRATÉGICO DA TECNOLOGIA
Para explorar a imaginação das crianças e obter uma compreensão mais profunda de seus problemas, os conselheiros muitas vezes têm ido além das ferramentas
habituais. Alguns conselheiros usam tablets e smartphones para atividades relacionadas ao aconselhamento, incluindo aplicações que incorporam arte e desenho
de quadros, contação de histórias e o uso de um diário. Pedir a uma criança ou um adolescente para compartilhar fotos de família, amigos, animais de estimação e
seus interesses é outra maneira de usar a tecnologia para criar uma conexão de forma pessoal, fazer perguntas e obter mais entendimento.
A tecnologia revolucionou a maneira como muitos conselheiros trabalham com crianças e
adolescentes, tornando, assim, a ajuda mais facilmente acessível. O uso estratégico de
computadores, tablets, smartphones, MP3 players e outros pode ser especialmente
importante para conselheiros que trabalham em ambientes onde o processo de
aconselhamento é frequentemente limitado pelas restrições de espaço, tempo, recursos ou
outras responsabilidades.
A tecnologia tornou-se uma parte tão vital da vida moderna que há muitas opiniões fortes
sobre o quanto ela deve ser incorporada ao trabalho de aconselhamento com crianças e
adolescentes. Alguns argumentam que os jovens estão consumidos com telas e meios de
comunicação de maneiras que são tanto viciantes quanto destrutivas; portanto, incorporar
a tecnologia como uma ferramenta de aconselhamento exacerbaria ainda mais o problema.
Outros argumentam que as crianças estão perdendo a capacidade de trabalhar com as
mãos ou de parar para conversar, além de não conseguirem se comunicar bem, e que o uso
da tecnologia também impediria que isso acontecesse no aconselhamento. Por causa dessas
preocupações legítimas, deve-se ter cuidado com o motivo e a forma como escolhemos usar
a tecnologia com qualquer criança ou adolescente.
Quando utilizada adequadamente, a tecnologia pode facilitar que as crianças se abram e
que ministremos a elas de uma forma que lhes seja confortável. Pode-se argumentar que,
para realmente construir pontes com os jovens, é imperativo entrar no mundo da
tecnologia. É o reino em que muitos jovens estão envolvidos: redes sociais,
computadores/tablets, smartphones, aplicativos, música etc. A entrada nesses mundos nos
dará percepções valiosas e produzirá capital relacional com as crianças.
E, quando usada com cuidado, ela pode responder às lutas dos aconselhados. Programas
baseados em tecnologia, como o iPad Playroom: A Therapeutic Technique de Marilyn
Snow (que cria uma sala de jogos virtual para interação), o Marvel’s Superhero Avatar
Creator (onde você pode construir seu próprio super-herói), e outros programas criativos
abriram a possibilidade de alcançar as crianças de novas maneiras.
Dito isso, a tecnologia está em constante fluxo. Aplicativos são criados e desaparecem
com frequência. Portanto, é importante que você faça o trabalho de pesquisar quais
recursos podem encaixar-se em seu contexto. Sou sempre cuidadosa na forma como trago a
tecnologia para a sala de aconselhamento. Eu nunca quero que ela substitua a importância
de construir confiança e relacionamento. Mas, quando usada corretamente, é uma
ferramenta que nos conecta aos jovens e ajuda a manter essa conexão. Ela também pode
proporcionar oportunidades para voltarmos a falar com eles de forma criativa e atenciosa.
Até mesmo a simples discussão da cultura pop ou dos meios de comunicação atuais
construirá um relacionamento no aconselhamento. Muitos adolescentes começarão a se
abrir quando lhes pedirmos para compartilhar uma música ou um vídeo favorito. Podemos
nos oferecer para assistir online com eles e discutir o que gostam sobre o assunto. A
maioria das músicas mostrará a letra, o que nos ajudará a falar sobre a mensagem e por
que ela é apelativa para eles.
Vamos procurar maneiras como essas de abrir portas para o mundo deles. Muitas vezes
quando mostramos interesse no que as crianças gostam, elas baixam suas defesas e nos
permitem entrar voluntariamente para abordarmos suas vidas.
N. T.: O termo no original é o role-playing. Essa técnica promove a comunicação por meio da simulação de um contexto da vida real. A técnica de role-play, também conhecida como dramatização, possui ampla variedade de objetivos, tais
como: trazer à tona pensamentos automáticos, desenvolver a aprendizagem e a prática de habilidades sociais, trabalhar respostas adaptativas e reestruturar crenças intermediárias e centrais. Beck, J. S. (2013) apud Fiuza W.L. e Lhullier C.
Possíveis aplicações da técnica de role-play no atendimento a famílias adotantes. Pensando fam. vol.22 no.2 Porto Alegre jul./dez. 2018.
AMOSTRAS DE ATIVIDADES ARTÍSTICAS
A figura de uma árvore
Do que você precisa:
Papel em tamanho A3 ou maior.
Diversos instrumentos de arte – giz de cera, lápis de cor, canetinhas etc.
Objetivos:
Os jovens frequentemente compartilharão mais sobre si mesmos quando solicitados a
desenharem ou se imaginarem de uma forma diferente. Esse exercício busca ajudá-los a pensar
como eles se veem; como os outros os veem; como é a percepção deles em relação aos seus
pontos fortes, fracos e aos seus relacionamentos – ou talvez como eles estão sozinhos ou
enraizados na comunidade.
O local onde uma árvore é plantada (perto de um ribeiro de água ou em um deserto) muitas
vezes dá uma ideia de como alguém se sente bem cuidado, nutrido, como está profundamente
enraizado e onde encontra descanso.
As estações do ano podem ser uma metáfora poderosa. À medida que crescemos, aprendemos
a aceitar que a vida tem estações, boas e ruins, com bênçãos e lutas (tipificadas como
primavera/verão ou outono/inverno). Você pode usar essa atividade artística para aprender em
que estação do ano seu aconselhado está, e começar a construir uma imagem de como ele
enxerga a própria vida e de que maneira você pode ajudá-lo a enxergar o Senhor em meio a
qualquer estação do ano em que ele esteja.
Instruções:
Usando a ideia da árvore como uma metáfora, faça um brainstorming de todas as
características e traços de uma árvore. Liste com o jovem todos os vários tipos de árvores que
vocês conseguirem pensar, juntamente com o lugar onde é possível encontrá-las, se elas
produzem algum fruto ou flor, em que estações essas árvores prosperam ou não etc.
Pergunte ao aconselhado: “Se você fosse uma árvore, que tipo de árvore você seria?”. Oriente-
o a começar a desenhar-se a si mesmo como uma árvore. Peça à criança que considere qual seria
seu entorno, em que época estaria e o que mais incluiria na figura que a representa. Alguém ou
alguma coisa estaria na figura com ela? Haveria alguma coisa na árvore?
Dê tempo aos aconselhados para trabalhar na árvore, e só lhes diga para informá-lo quando
tiverem terminado. Incentive-os a se esforçarem na dedicação ao desenho. Peça-lhes que
compartilhem seu desenho e por que escolheram certos detalhes para a figura que fizeram. Que
pontos fracos ou preocupações eles identificam? Tome nota disso e faça mais perguntas.
Perguntas de acompanhamento:
• Que árvore você escolheu para si mesmo? Por quê?
• Como ela representa você?
• Há alguma coisa dentro da árvore ou em cima da árvore? O que isso representa?
• O que está ao redor da árvore? Você escolheu um ambiente específico? Em caso afirmativo,
por quê?
• Você está sozinho no quadro? Se não, quem ou o que mais está lá com você?
• Em que estação você acha que está e por quê?
• Como está o clima? Tem sido assim por muito tempo? Você acha que esse clima vai durar?
• O que você gostaria de mudar se fosse possível?
• Quais você acha que são os pontos fortes de seu quadro? E os pontos fortes em relação a
você?
Coisas a observar:
Procure saber quão abstrato ou simbólico seu aconselhado é em sua autoexpressão. Eles são
bem literais e criam uma imagem de uma árvore favorita que há no quintal de suas casas,
oferecendo pouca informação sobre si mesmos? O jovem usa prontamente essa atividade para
fazer conexões úteis consigo mesmo e com sua situação pessoal? Que preocupações ou objetivos
você identifica?
A seguir: Como você passa da coleta de informações sobre árvores, meio ambiente e estações
do ano para a discussão das questões da vida real de um aconselhado? Depende de quais
informações você descobre à medida que o projeto avança. Será que o desenho fornece uma
visão útil sobre as circunstâncias nas quais ele se encontra e as visões que ele tem? Há maneiras
de contribuir e de fornecer mais clareza ou exatidão? Há percepções errôneas que você precisa
corrigir de forma gentil ou maneiras de afirmar o que eles veem? Há objetivos úteis que você
possa desenvolver para ministrar a eles?
Essa atividade artística pode ser combinada bem com a atividade “A Árvore Frutífera”
disponível na página 216 se isso ajudar o jovem a fazer conexões com suas escolhas, seus
comportamentos e motivações do coração.
Atividade da ponte
Do que você precisa:
Papel em tamanho A3 ou maior.
Diversos meios de arte – giz de cera, lápis de cor, canetinhas etc.
Objetivos:
Os jovens muitas vezes revelam coisas sobre si mesmos quando recebem uma tarefa
aberta como essa. Queremos ver o que eles fazem com as instruções, assim como entrar e
guiá-los em uma conversa produtiva. Isso pode avançar no sentido de estabelecer metas e
fazer boas escolhas – considerar escolhas ou coisas das quais eles estão se afastando ou
deixando para trás, o que eles gostariam de fazer e os passos que querem dar para chegar
lá.
Instruções/ Perguntas de acompanhamento/ Coisas a observar:
Peça ao jovem que desenhe uma ponte – qualquer ponte que ele deseje. Alguns farão
mais perguntas sobre por que eles devem desenhar uma ponte, que tipo de ponte você quer
que eles desenhem ou se a ponte representa eles mesmos. Explique que eles podem
desenhar o que quiserem e que não há maneira certa ou errada de fazer essa atividade.
Você quer observar como e o que eles desenham. Isso moldará as perguntas que você fará e
em que direção você as conduzirá.
• Será que eles se desenham na figura?
• Eles estão na ponte? Em que direção eles estão indo?
• Há alguma coisa debaixo da ponte? O quê?
• Qual é o contexto, a localização ou o fundo, se houver?
• Alguma parte do desenho tem algum significado para eles?
Se você achar que o desenho de uma ponte fez sentido para eles e for conduzir sua
discussão em uma direção óbvia, sinta-se à vontade para adaptar-se e seguir na direção do
que é útil para eles. Caso contrário, aqui estão algumas ideias de acompanhamento para
coletar informações e desenvolver uma relação significativa:
• Se você estivesse na ponte, onde você estaria e por quê?
• Em que direção você estaria indo?
• Você está indo em direção a alguém ou a alguma coisa ou indo para longe? O quê ou
quem?
• O que você está esperando? Com o que você está preocupado?
• Há alguém na ponte com você?
• Há passos que podemos dar para ajudá-lo a crescer, mudar ou fazer escolhas positivas?
Atividade do barco e do refúgio
Do que você precisa:
Papel em tamanho A3 ou maior.
Diversos meios de arte – giz de cera, lápis de cor, canetinhas etc.
Objetivos:
Essa atividade pode ser especialmente útil para aqueles que lutam contra a ansiedade e o
medo. É um cenário para eles pensarem sobre como suas emoções e crenças impactam a
maneira como eles olham para a vida, e onde/como encontram abrigo.
Instruções/ Perguntas de acompanhamento/ Coisas a observar:
Peça ao jovem que desenhe um barco – qualquer barco que ele gostaria – e peça-lhe que
desenhe em que tipo de ambiente o barco está. Explique que eles podem desenhar o que
quiserem, e que não há maneira certa ou errada de fazer esse exercício.
Depois que a criança completar seu desenho, faça algumas destas perguntas:
• Que tipo de barco você desenhou? Por quê?
• Você está no barco? Você está na figura? Onde?
• O que mais você desenhou na figura? Por quê?
• Em que tipo de corpo d’água você se encontra? Por quê?
• O corpo d’água é calmo, agitado ou assustador?
• Como é o clima? Qual é a estação do ano?
• Alguém precisa ser resgatado? Se sim, do quê?
• Como a ajuda pode ser fornecida? Por quem?
Algumas crianças ou adolescentes acharão essa atividade simplesmente divertida, mas a
finalizam tão rapidamente e em um nível tão superficial que você não é capaz de reunir
informações muito úteis. Outros jovens revelarão muito sobre si mesmos e suas opiniões
sobre segurança, estabilidade, como eles encontram descanso e como veem o Senhor. Aqui
estão algumas perguntas adicionais a serem feitas:
• Se Deus entrasse nessa situação, como seria?
• Como ele viria?
• Considere as seguintes passagens dos Salmos. Quais são algumas maneiras de descrever
Deus? Como isso o ajuda quando você está enfrentando uma grande tempestade em sua
vida?
Salmo 73.28: “Quanto a mim, bom é estar junto a Deus; no Senhor Deus ponho o meu
refúgio, para proclamar todos os seus feitos.”
Salmo 62.7: “De Deus dependem a minha salvação e a minha glória; estão em Deus a
minha forte rocha e o meu refúgio.”
• Como seria se Deus fosse seu refúgio nessa figura?
• O que significa dizer que o Senhor é a sua rocha?
Salmo 18.2: “O Senhor é a minha rocha, a minha cidadela, o meu libertador; o meu Deus,
o meu rochedo em que me refugio; o meu escudo, a força da minha salvação, o meu
baluarte”.
• Se Deus entrasse nesse quadro, o que você desenharia?
• Como ele ajudaria?
• Como ele seria seu libertador? Seu escudo?
Faça um brainstorming com o adolescente ou a criança e veja o que ele pode encontrar.
Procure maneiras de ajudá-los a fazer conexões quando eles mesmos estiverem tendo
dificuldade em fazê-lo. Então, considere como você pode fazer com que essas conexões
ganhem vida nas áreas onde eles realmente têm dificuldade. Como eles podem confiar em
Deus para ser o libertador deles, e o que isso significa de forma tangível nas circunstâncias
em que se encontram? O que eles podem e devem esperar que Deus faça ou não faça?
Os Salmos estão cheios de imagens ricas para ilustrar as formas como Deus é escudo,
protetor, refúgio, torre forte, abrigo etc. Sinta-se livre para pensar de forma cativante e
criativa, pois as Escrituras podem falar com a criança com quem você está trabalhando.
Atividade da porta
Do que você precisa:
Figura de uma porta.
Papel em tamanho A3 ou maior.
Diversos meios de arte – giz de cera, lápis de cor, canetinhas etc.
Objetivos:
A imagem de uma porta pode representar antecipação – o que está do outro lado dela?
Também pode representar esperanças e sonhos, ou medos e incertezas sobre o futuro. Para
alguns, uma porta pode simbolizar o perigo e os inimigos que estão à espera. Ao contrário, uma
porta também pode simbolizar um convite para iniciar algo novo e animador. Qualquer que seja
a metáfora, a imagem de uma porta pode ser usada para envolver uma criança ou um adolescente
a fim de ajudá-los a descobrirem o que imaginam estar atrás dela e por quê.
Instruções:
Você pode optar por ser não-diretivo em sua abordagem. Diga algo do tipo: “Temos aqui uma
porta. Quero que você imagine o que pode estar esperando por você do outro lado. Você pode
escrever seus pensamentos e suas respostas ou desenhar um quadro. O que você prefere?”. Ou
você poderia ser mais específico e diretivo, dizendo algo como: “Eu sei que você está
preocupado com seu último ano do ensino médio. Se você pudesse imaginar todas as coisas que
esperam por você do outro lado dessa porta ao começar a escola, boas ou ruins, quais seriam
elas?”.
Depois de escreverem, desenharem ou interagirem com sua pergunta de alguma outra maneira,
esteja atento ao que eles compartilham e por quê. Assim como nas atividades anteriores, a forma
como você se dirige e fala sobre a vida e as circunstâncias de alguém corresponderá diretamente
com o que você descobre e com o modo como você entende a necessidade daquela pessoa. Você
vai querer considerar como o evangelho cruza com as experiências do aconselhado e como você
pode construir pontes entre os dois.
Coisas a observar:
Mais uma vez, esse recurso pode ir em uma infinidade de direções. Peça ao Senhor sabedoria
enquanto você procura os temas que surgem. Você vai querer fazer perguntas baseadas no que a
criança ou o adolescente divulgar. Isso também exigirá que você se pergunte como o Senhor fala
a essas questões e como você pode começar a falar sobre isso com a criança. Procure:
• Padrões, hábitos ou comportamentos que precisam ser abordados.
• Conflito relacional que pode ser identificado e trabalhado.
• Fortes medos ou emoções que você pode acompanhar e perguntar o que eles informam ao
aconselhado.
• Áreas nas quais eles estão animados, encorajados e/ou encontram esperança.
• Áreas nas quais são tentados a colocar demasiada esperança ou conforto.
7 | ATIVIDADES PARA EXTRAIR O INTERIOR DO CORAÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
ENTENDENDO AS CRIANÇAS
No aconselhamento, queremos ter certeza de que estamos empenhados em conhecer bem os outros. Isso significa que somos tardios em tirar conclusões e
demonstramos primeiro que os aconselhados são ouvidos e conhecidos. Provérbios 18.2 nos adverte: “O insensato não tem prazer no entendimento, senão em
externar o seu interior”. Que nunca sejamos pessoas que tenham prazer em falar rápido demais e em expressar nossas próprias opiniões. O amor de Deus nos
obriga a sondar os outros, ouvir bem, compreender o mais completamente possível e depois falar a verdade com sabedoria.
Esta seção diz respeito a exatamente isto: extrair atenciosamente o que está no interior das
crianças e dos adolescentes para que possamos conhecê-los bem. Algumas atividades trazem à
tona seus sentimentos, outras trazem à tona seus valores, pensamentos/crenças,
medos/ansiedades, dinâmicas familiares e circunstâncias. Todas as atividades, de um grau a
outro, trazem à tona a forma como eles enxergam o mundo.
O que vem a seguir foi declarado no capítulo anterior, mas cabe repetir. Sempre se lembre de
que:
• Você está adaptando as atividades à criança que está à sua frente. Considere o que você
espera aprender sobre elas.
• Na maioria das vezes, cada atividade expressiva pode ser modificada tanto para crianças de
ensino fundamental quanto para adolescentes; exceções serão apontadas conforme
necessário.
• Não tenha pressa para fazer a atividade. Ela não é um item a ser riscado em sua lista; não há
um prazo determinado. Seu objetivo é construir pontes de confiança e relacionamento, e abrir
portas para conhecê-los melhor no futuro.
• É bom parar e falar sobre as coisas que surgem enquanto a atividade é feita. Não se
concentre simplesmente em um resultado final (completar a tarefa), mas realmente invista no
processo (aprender, conhecer e ver o mundo através dos olhos da criança).
• Muitas vezes é útil ampliar várias das imagens vistas neste livro para que os jovens tenham
mais espaço para trabalhar, colorir ou desenhar. O tamanho de pôster é ótimo para ser usado
com os jovens. Eles também podem ser laminados para uso com marcadores apagáveis. Você
pode adicionar tiras de velcro a um pôster laminado, assim como às borboletas, às moscas,
aos corações, aos pontos ou a qualquer outro item criativo que você gostaria de usar. Seja
criativo. Sinta-se à vontade para construir sobre as atividades, remodelá-las de acordo com as
necessidades de sua situação, e até mesmo para criar a sua própria.
ENTENDENDO A IDENTIDADE DAS CRIANÇAS
Conheça-me
Do que você precisa:
Folha de atividades Conheça-me
Objetivos:
Na página seguinte está uma simples folha de atividade que você pode percorrer com as
crianças quando vocês se encontrarem pela primeira vez. É uma maneira de quebrar o gelo e de
fazer perguntas interessantes e divertidas sobre quem elas são e do que gostam.
Instruções:
Você pode entregar essa folha antes que a criança se encontre com você e deixar que ela
preencha com suas próprias palavras. Ou, vocês podem preenchê-la juntos, como uma forma de
conhecer a criança. Ao preenchê-la, muitas vezes reservo um tempo para fazer perguntas de
acompanhamento e ver se eles vão compartilhar mais informações sobre a família, sobre como é
a escola, de quem eles são mais próximos etc.
Perguntas de acompanhamento:
Essas perguntas serão personalizadas às repostas específicas que cada jovem der.
CONHEÇA-ME
Meu nome é:
Minha idade:
Eu moro com:
Eu estudo na ______________________________________ (escola)
e estou no ________ (ano).
Minhas matérias preferidas são:
As matérias de que menos gosto são:
As coisas que mais gosto de fazer são:
As coisas que menos gosto de fazer são:
Sou bom em:
Não sou bom em:
Quando estou sozinho, eu penso em:
Sinto-me feliz quando:
Fico preocupado com:
Fico triste quando penso em:
Sou capaz de compartilhar melhor meus sentimentos quando:
As pessoas com quem mais gosto de passar tempo junto são:
É difícil passar tempo com:
Eu passo mais tempo com:
Gosto quando minha família:
Eu não gosto quando minha família:
Eu não gosto de contar aos outros:
É fácil falar com as pessoas quando elas:
Eu gostaria que as pessoas:
As pessoas que me fazem sentir seguro são:
As pessoas que me fazem sentir inseguro são:
Eu descreveria Deus assim:
Sinto-me perto de Deus quando:
Não me sinto perto de Deus quando:
Atividade do Doce Colorido
Do que você precisa:
Doces em cores variadas.
Objetivos:
Esta é uma ótima atividade de conhecimento que pode iniciar o processo de extrair o que uma
criança pensa, sente ou como ela enxerga a vida. Ela também pode ser adaptada para discutir
uma área específica de preocupação em um nível mais profundo.
Instruções:
Tenha em mãos uma variedade de doces coloridos. Tente também ter mais de uma opção, no
caso de uma criança ter alguma alergia alimentar ou não gostar de um tipo específico de doce.
Selecione uma bolsa, despeje um monte de doces na frente da criança e peça à criança para
ajudar a separar os doces por cor. Explique que cada monte de doces representa um assunto
sobre o qual elas podem conversar com você. Pergunte com que cor elas gostariam de começar e
dê-lhes o pequeno monte de balas. Diga-lhes qual é o tema que a cor representa e peça a eles que
lhe digam uma coisa (uma emoção ou uma ideia, por exemplo, dependendo do tema em questão).
A criança pode então comer um pedaço de doce para cada exemplo compartilhado. Por exemplo,
se eu quiser falar com uma criança sobre raiva, posso escolher um monte de doces vermelhos e
dizer: “Diga-me todas as coisas que o fazem sentir raiva. Você pode comer um pedaço de doce
para cada exemplo que você me der. Pronto?”.
Use esta atividade para extrair os pensamentos e sentimentos das crianças sobre cada coisa que
elas compartilham. Peça-lhes exemplos, peça para contarem uma história a você etc. Se uma
criança está compartilhando todas as coisas que a deixam ansiosa, introduza mais perguntas
como: “Andar de ônibus a deixa ansiosa? Por quê?”. Aguarde a resposta. “Há pessoas no ônibus
que a deixam ansiosa? Quem?” Aguarde a resposta. Então elas podem optar por ir para a
próxima coisa que as deixa ansiosas. Uma vez terminado, passe para a próxima cor/tópico até
que você tenha esgotado o tempo ou o doce tenha acabado.
Se existe um tópico específico sobre o qual você realmente quer encorajar uma criança a falar,
escolha a cor com mais doces e use essa cor para representar o tópico sobre o qual você quer
aprender. Isso é particularmente útil para crianças mais novas ou para aquelas que precisam de
um pouco mais de motivação para compartilhar.
Essa atividade pode ser ampla, como mencionado acima, ou pode ser muito específica a um
tópico que você conhece ou suspeita que a criança venha tendo dificuldade. Considere que tipo
de informação você gostaria de aprender e adapte as perguntas à sua situação. A seguir estão
algumas abordagens/tópicos possíveis, e o que as várias cores dos doces podem representar:
Categorias gerais:
Azul – coisas que a deixam triste.
Vermelho – coisas que a deixam com raiva.
Verde – coisas que a deixam animada.
Amarelo – coisas que a deixam feliz.
Laranja – coisas que a deixam chateada.
Marrom – coisas que a machucam.
Tópico específico: Raiva
Vermelho – algo que a deixa com raiva.
Marrom – algo que você faz quando está com raiva.
Laranja – um palpite sobre o motivo disso a deixar com raiva.
Amarelo – algo que você gostaria de sentir ao invés de raiva.
Verde – algo que você poderia fazer diferente quando estiver com raiva.
Azul – algo que uma pessoa poderia fazer para ajudar você.
Coisas a observar:
Mais uma vez, personalize as categorias e as perguntas com base no que você está tentando
encorajar a criança a falar. As crianças tenderão a ser menos resistentes na discussão de temas
desagradáveis quando motivadas por algo agradável no processo. Antes que você perceba, elas
estão compartilhando coisas que talvez nunca teriam compartilhado sem que houvesse um
divertimento agradável.
Por exemplo, se você quiser incutir habilidades de solução de problemas, talvez faça um monte
de doces maior e chame-o de “respostas gentis que você pode dizer ao seu pai quando estiver
com raiva”, “coisas que você poderia dizer a um valentão” ou “maneiras de você responder às
brigas com sua irmã”.
Sinta-se à vontade para fazer brainstorming com crianças quando elas ficarem presas. Talvez
elas compartilhem uma boa ideia e você possa acrescentar mais algumas sugestões ou exemplos.
Lembre-se, essas atividades têm o objetivo de facilitar a conversa aberta e a mudança. O objetivo
não é ater-se a um roteiro ou simplesmente competir na tarefa; é entrar no mundo delas,
compreendê-las e ajudá-las a efetuar mudanças.
Se eu fosse um super-herói
Do que você precisa:
Folha de atividades Se eu fosse um super-herói.
Objetivos:
Os super-heróis têm fomentado tremenda inspiração e imaginação na vida dos jovens. Há
muitas razões para que crianças e adolescentes sejam atraídos por uma história ou um filme de
super-heróis. Eles possuem capacidades notoriamente extravagantes, elevam-se triunfantemente
acima do conflito e da desgraça, dão um sentido de esperança na tragédia, mostram coragem
diante da opressão e demonstram o bem triunfando sobre o mal. Eles fornecem exemplos de
vencedores que superam a adversidade e de desfavorecidos que alcançam o impossível. Por
causa disso, os super-heróis podem ser prontamente usados para formar uma conexão com as
crianças no aconselhamento.
As crianças se apegam rapidamente às histórias emocionantes de resgate. Essas narrativas
podem fornecer um caminho para crianças e adolescentes usarem a imaginação a fim de dar vida
às suas próprias histórias e singularidades.
Instruções:
Converse sobre cada uma das perguntas. Enquanto a criança responde, sinta-se à vontade para
fazer perguntas de acompanhamento e entrar em uma discussão sobre o motivo pelo qual a
criança respondeu da forma como o fez. Muitas vezes, uma pergunta pode levá-la a uma
conversa significativa que diz muito sobre como a ela pensa, sente e percebe a vida.
As perguntas de acompanhamento fluirão a partir das respostas que lhe forem dadas. Será que
a criança sente que tem inimigos? Em caso afirmativo, por quê? O que torna alguém um
inimigo? Se a criança identifica uma fraqueza, essa fraqueza se compara a uma luta/fraqueza em
sua vida real ou ela é imaginária?
Coisas a observar:
Em uma atividade como essa, você está procurando maneiras pelas quais as respostas reflitam
as percepções, os medos, as inseguranças, as preocupações e os desejos da criança. Existe um
anseio por um colega e por relacionamentos, ou a criança expressa um desejo de isolamento? O
que o superpoder desejado diz sobre a criança? Existe alguma correlação com o que está
ocorrendo na vida dela ou nas dificuldades que ela enfrenta?
Onde houver conexões claras com o que está acontecendo na vida da criança, será bom
considerar como você pode usar isso para abordar a dificuldade que ela está vivendo. É preciso
reflexão, imaginação e sabedoria para encontrar as verdades bíblicas. Enquadrar de forma
criativa a conversa em torno do prazer que elas têm em seus super-heróis servirá para envolvê-las
bem.
SE EU FOSSE UM SUPER-HERÓI
Se eu fosse um super-herói, eu seria:
Meus poderes de super-herói seriam:
Minhas fraquezas seriam:
Meu inimigo seria:
Porque:
Minha fantasia de super-herói seria:
Meu esconderijo de super-herói seria:
Meu parceiro seria:
Ele ou ela me ajudariam da seguinte forma:
Minha linha do tempo
Do que você precisa:
Folha de atividades Minha linha do tempo e caneta ou lápis.
Objetivos:
Essa atividade pode ser uma maneira útil para você construir uma linha do tempo de eventos
da vida, bons ou ruins, que impactaram a criança ou o adolescente com quem você está
trabalhando. Você pode ajudar uma criança ou um adolescente a mapear cronologicamente
eventos importantes para ter uma visão ampla de sua vida. Conversar sobre os principais eventos
ano a ano (ou evento a evento) ajudará você a reunir detalhes importantes e a ver uma ordem
precisa desses eventos.
Instruções:
Peça à criança para compartilhar seus momentos mais felizes da vida no topo da linha do
tempo e seus eventos mais difíceis na parte inferior da linha do tempo. Você pode preencher a
ficha enquanto ela conta sua história para você. Às vezes, crianças mais velhas podem querer ser
a pessoa que escreve as respostas, mas minha experiência é que isso atrasa a conversa; a maioria
fica mais feliz em permitir que você seja o “ajudante” delas.
Quando possível, também é útil dar uma cópia aos pais e pedir a eles que escrevam o que
enxergam como sendo eventos de impacto na vida de seus filhos, enquanto você preenche uma
folha de trabalho separada com a criança ou o adolescente. Isso lhe dará uma oportunidade de
comparar o que cada parte escreveu. É sempre útil ter tanto a perspectiva dos pais quanto o ponto
de vista da criança. Isso ajuda a avaliar a lembrança que a criança tem dos acontecimentos e a
confirmar os fatos. Também fornece uma imagem de como os eventos se desenrolaram e muitas
vezes ajuda o jovem a recuar e ver sua vida de uma maneira ordenada.
Perguntas de acompanhamento:
• Há alguma coisa que o surpreenda ou que você considere interessante sobre sua linha do
tempo?
• Se você pudesse acrescentar ou retirar algo que tenha acontecido, o que seria?
Coisas a observar:
À medida que você revisa a linha do tempo completa do jovem, os eventos positivos ou
negativos se agrupam ou se espalham? Houve um ou dois anos em particular que o afetaram
mais profundamente do que outros? Como isso o afetou em termos de desenvolvimento? Quem o
ajudou a processar ou a responder a esses eventos?
Quando possível e com permissão, eu gosto de compartilhar a linha do tempo com um dos pais
para reunir suas observações. É possível que uma criança tenha datas ou eventos confusos.
Também pode ser útil que um dos pais acrescente outros eventos significativos que eles acham
que a criança escondeu ou que ela simplesmente não tem conhecimento ou ainda que esqueceu.
Também é possível convidar os pais a observarem e a participarem, quando benéfico.
Perguntas para adolescentes
Do que você precisa:
Folha de Perguntas para adolescentes.
Instrumento para escrita.
Objetivos:
Reunir informações sobre as visões, os gostos, as aversões e as percepções dos adolescentes.
Instruções:
Essa folha pode ser preenchida pelo adolescente antes de vocês se encontrarem. Ela também
pode ser preenchida no primeiro encontro ou ser enviada para casa como tarefa.
Perguntas de acompanhamento:
Não são necessárias perguntas de acompanhamento, a menos que o adolescente diga algo que
você sinta necessário ser discutido posteriormente.
Coisas a observar:
• Quão curtas ou longas são as respostas do adolescente?
• Ele/ela se abre e compartilha ou as respostas são fechadas e não reveladoras?
• Algum tema ou padrão significativo emerge das respostas?
• Algo perturbador ou alarmante é revelado?
• O adolescente tem relacionamentos saudáveis em sua vida?
• Ele/ela tem algum relacionamento destrutivo?
Essas informações devem fornecer um ponto de partida para conhecer melhor um adolescente.
Em que áreas o adolescente parece estar bem ajustado e maduro? Em que áreas parece estar
lutando com algo, escondendo algo ou pensando insensatamente? Como você pode se aproximar
para falar um pouco mais sobre essas questões?
PERGUNTAS PARA ADOLESCENTES
1. Quais são seus objetivos de vida? O que você espera alcançar ou ter?
3. Quais são as coisas com as quais você se preocupa ou que você teme?
4. Quando se sente sobrecarregado por tristeza ou ferido, o que você sente vontade de fazer?
7. Que coisas ou maneiras você procura a fim de ter suas necessidades atendidas?
9. O que as pessoas pensam é algo importante para você? Por quê ou por que não?
10. De quem a opinião ou aprovação é mais importante para você? Por quê?
13. Em seu leito de morte, o que resumiria sua vida como uma que valeu a pena?
19. Como você gasta o seu tempo livre? O que você gosta de fazer?
21. Onde você encontra sua identidade? Como você define quem você é?
Se eu fosse um(a). . .
Do que você precisa:
Folha de atividade “Se eu fosse um(a)...”.
Instrumento de escrita.
Objetivos:
O objetivo é reunir informações sobre a criança de uma forma criativa. É um exercício
projetivo para ver como as crianças se percebem e por quê. Essa atividade muitas vezes revelará
se elas se inclinam para serem abstratas ou concretas, e de que forma a imaginação delas é ativa.
Instruções:
Deixe-as responder as perguntas ou ofereça-se para ser o “ajudante”, escrevendo as respostas
para elas. Lembre-se de que, muitas vezes, as crianças escreverão o mínimo possível, enquanto
você quer reunir o máximo de informações. Sempre que puder escrever, elas provavelmente
terão mais a dizer, e você terá documentado seus pensamentos e ideias mais detalhadamente.
Perguntas de acompanhamento:
Você pode querer simplesmente expor o que eles dizem fazendo perguntas mais profundas,
como por exemplo:
• O que você gosta sobre ser esse tipo de [árvore, animal, cor]?
• Por que essa estação do ano a deixa [feliz, triste, com medo]?
Coisas a observar:
Em termos de desenvolvimento, você vai querer observar como essa atividade é fácil ou difícil
para as crianças.
Você está procurando ver quão vívida é (ou não) a imaginação delas. As crianças são
autorreveladoras ou autoprotetoras? Elas se tornam tolas e suas respostas não têm significado?
Será que elas pensam profundamente e demonstram uma extraordinária perspicácia?
“SE EU FOSSE UM(A). . .”
Se eu fosse uma árvore, eu seria:
Porque:
Se eu fosse uma cor, eu seria:
Porque:
Se eu fosse um animal, eu seria:
Porque:
Se eu fosse um brinquedo, eu seria:
Porque:
Se eu fosse um super-herói, eu seria:
Porque:
Se eu fosse uma pessoa famosa, eu seria:
Porque:
Se eu pudesse viver em qualquer estação do ano, eu viveria na(o):
Primavera Verão Outono Inverno
Porque:
Se eu fosse um inseto, eu seria:
Porque:
Se eu fosse um tipo de veículo, eu seria:
Porque:
Se eu fosse um personagem de contos de fada, eu seria:
Porque:
ENTENDENDO SUAS EMOÇÕES
O que você está sentindo?
Do que você precisa:
• Uma variedade de opções de cor, se possível: giz de cera, lápis de cor, canetinhas de ponta
fina etc. No entanto, se você tiver apenas uma opção disponível, certifique-se de que as
crianças tenham uma grande variedade de cores para trabalhar.
• Folha de atividade O que você está sentindo?
• O contorno da pessoa (ou do coração). Nas páginas seguintes você verá esse contorno da
pessoa usado para várias atividades expressivas.
• Quadro de Emoções. Essa ferramenta pode ajudar as crianças e os adolescentes que
sentirem-se empacados (ou que precisarem de um estímulo) quando estiverem pensando nas
emoções que sentem. Faça com que eles identifiquem as emoções com as quais eles mais se
identificam.
Objetivos:
• Atividade de coleta de informações para adolescentes e crianças, projetada para ajudar a
explorar e avaliar as emoções de uma criança.
• Identificar as emoções que uma criança/adolescente sente com mais frequência e como essas
emoções são vivenciadas.
• Ajudar a criança ou o adolescente a ter uma maior autoconsciência de seus sentimentos.
• Identificar emoções problemáticas que podem precisar de ajuda/intervenção.
• Estabelecer metas para ajudar a criança a trabalhar as emoções negativas ou destrutivas.
Instruções:
É importante realizar essa atividade em passos:
1) Todos nós temos coisas que sentimos. Usando a página dos círculos “O que você está
sentindo?”, pergunte: “Diga-me seis emoções que você acha que sente com mais frequência?
Quero que escreva (ou eu posso escrever para você) uma emoção em cada círculo”.
2) Comece com o primeiro círculo. Diga: “Conte-me que emoção você escolheu”. (Por
exemplo, a criança pode escolher “raiva”.) Agora pergunte: “Que tipo de coisas fazem você
sentir (raiva)? Eu serei seu ajudante e escreverei o que você me disser”. Quando a criança
terminar, pergunte: “O que mais?”. Continue perguntando até que a criança diga que
terminou. Você sempre quer supor que as crianças têm mais para compartilhar até que elas
digam que não têm. Faça isso com cada círculo/emoção e escreva o que elas dizem ao lado
de cada círculo.
3) Uma vez terminado, diga que você gostaria que ele/ela escolhesse uma cor que melhor
representasse a emoção e que colorisse o círculo com essa cor. Peça à criança que faça isso
com cada círculo, e deixe disponível cada lápis de cor ou giz de cera para que ela possa usá-
lo novamente. Depois que a criança terminar, volte e pergunte qual cor ela escolheu para
cada círculo e por quê. Peça que ele/ela lhe diga a cor em vez de você presumir a cor. Por
exemplo, o vermelho pode ser uma cor de frutas vermelhas porque lembra à criança
morangos que a fazem feliz, ou o azul pode ser azul claro por causa de lágrimas/tristeza. Dê
às crianças a oportunidade de matizar suas respostas, se elas quiserem. Algumas dirão
apenas: “Marrom, porque parece uma emoção marrom”. Registre ao lado de cada círculo o
que elas dizem.
4) Faça com que elas peguem cada cor que escolheram para suas emoções e pintem o contorno
de seu corpo (fornecido na página 149) em todos os lugares onde elas sentem essa emoção.
Quando terminarem, peça que lhe falem sobre a foto, em que parte do corpo colocaram a
emoção e por quê. Registre o que elas dizem no mesmo papel.
Esta atividade também pode ser feita com o contorno de um coração (também fornecido na
página 150). Você pode perguntar: “Pinte em seu coração onde você acha que sente emoções e o
quanto você as sente”. Para a maioria das crianças, quanto maior/forte a emoção, mais espaço
ocupará no coração. O coração lhe dá uma ideia do que elas sentem com mais intensidade e com
que frequência. O contorno do corpo lhe dá uma ideia de como a emoção pode aparecer na forma
de ações e comportamento.
Perguntas de acompanhamento:
Você sempre deve adaptar sua linguagem, instruções e perguntas de acompanhamento ao nível
de desenvolvimento da criança ou do adolescente com quem você está trabalhando. Observe
também que essa atividade pode ser feita um a um, em um contexto familiar ou em grupo.
Compartilhar em pequenos grupos pode ajudar os adolescentes a sentirem que não estão
sozinhos em suas lutas com as várias emoções e pode ajudar a facilitar discussões saudáveis
sobre como lidar com elas.
Coisas a observar:
Fazer essa atividade pode lhe fornecer várias percepções. Primeiro, observe como as crianças
respondem a uma atividade como essa. O que ela diz acerca do nível em que as crianças estão
tanto no desenvolvimento quanto no emocional? Elas gostam de colorir ou não gostam? O
trabalho delas é limpo e organizado, ou bagunçado e desorganizado? Elas levam muito tempo
para decidir e pensar, ou se apressam e se movem rapidamente? Elas têm dificuldade ao
expressarem suas emoções? Elas têm dificuldade para escolher ou identificar as emoções?
Em segundo lugar, você quer entender melhor quais situações criam essas emoções. O que as
deixam felizes? Tristes? Zangadas? Com medo? Nervosas? Entediadas? Isso revela dificuldades
de relacionamento em casa ou com os outros? Revela lutas internas? As emoções que elas
escolheram são mais negativas? Positivas? Equilibradas? Em caso afirmativo, por quê? Como as
crianças/adolescentes percebem suas vidas ou a si mesmos?
Terceiro, estabeleça uma ideia daquilo com o que a criança pode precisar de ajuda, o que você
pode ajudar a fomentar/animar nela, e o que precisa mudar. Isso também poderia ser
compartilhado com um dos pais para reunir as contribuições que eles tenham: O que os
surpreende? O que eles validam? O que acrescentariam a partir da perspectiva deles?
Sugestões adicionais para crianças mais novas:
Se uma criança é mais nova e ainda não entende o conceito de emoções e cores, você pode usar
livros para ajudar a construir sua compreensão. O Livro My Many Colored Days, do Dr. Seuss, é
um ótimo livro para ler em voz alta antes de iniciar a atividade, a fim de construir uma imagem
do que elas devem fazer na atividade. Aviso: algumas crianças tentarão imitar as emoções e
12
ideias do livro, então você deve querer enfatizar a necessidade de pensar nas emoções que elas
sentem com mais frequência.
Você pode fazer perguntas de acompanhamento para estabelecer objetivos ou primeiros
passos, como:
• Numere as emoções de 1-6 na ordem de quantas vezes você as sente. O que você mais sente?
Quais são as que você menos sente?
• Se você pudesse se livrar de qualquer uma dessas emoções ou substituí-las, qual você
substituiria? Coloque uma estrela ao lado delas. O que você colocaria no lugar delas? Use o
quadro de emoções, se você precisar.
• Que emoções você gostaria de manter? Por quê?
Considere bem como essas informações o ajudam a entender a criança que está diante de você.
O que isso lhe diz sobre as emoções dessa criança? Como ela tende a expressar, lidar e
administrar suas emoções? Ela tem dificuldade para expressá-las?
Você também pode fazer essa atividade com um objetivo mais específico, dizendo algo como
“Diga-me que emoções você sente mais frequentemente quando sua família tem dificuldades” ou
“Quais são as seis emoções que você sente mais frequentemente sobre [o divórcio dos seus
pais]?” Você também pode revisitar essa atividade mais tarde, para ver quanto progresso foi
feito.
Dr. Seuss, My Many Colored Days (New York: Random House, 1996).
O QUE VOCÊ ESTÁ SENTINDO?
QUADRO DE EMOÇÕES
Meça seus sentimentos
Do que você precisa:
Diversas cópias da folha de atividades Meça seus sentimentos.
Qualquer instrumento de escrever ou colorir.
Objetivos:
Os jovens podem ter grandes sentimentos/emoções – ira, tristeza, medo, ansiedade etc. – e por
várias razões. Essa atividade pode ajudar as crianças a refletirem sobre si mesmas no que diz
respeito à frequência e a força com que elas sentem tais emoções durante a semana.
Pedir que as crianças preencham e meçam como elas se sentem no decorrer da semana pode
levar a várias coisas:
• Ajudar você a ver quão fortes são as emoções das crianças.
• Ajudar a identificar padrões – dias específicos quando as emoções são mais altas ou mais
baixas, e os possíveis fatores de estresse que as causam.
• Ajudar você ou os pais a se prepararem e responderem melhor às emoções/dias difíceis e o
que leva a eles.
• Ajudar as crianças a fazerem conexões e verem padrões ou razões pelas quais elas têm tido
dificuldade.
• Pode ser usado inicialmente como uma verificação regular ou como uma forma de
demonstrar progresso/crescimento.
Instruções:
Converse sobre como nossos sentimentos às vezes flutuam de semana para semana e como eles
dependem do que pode estar acontecendo em um determinado dia. Se existe uma emoção
específica com a qual uma criança tem dificuldade, explique que você gostaria que ela
mantivesse um registro de quão forte é essa emoção ou reação diariamente naquela semana ou
nas duas seguintes. (Você provavelmente precisará fazer cópias da folha de atividades dos
“Governantes”).
Ao final de cada dia, a criança deve preencher ou colorir a folha de trabalho, indicando quão
fortes/severas foram as lutas (ansiedade, frustração, tristeza etc.) naquele dia. Talvez os pais
queiram acompanhar quão reativo, obediente ou obstinado é seu filho. A folha poderia ser usada
para medir uma série de sentimentos ou reações com base nos objetivos do aconselhamento.
Peça a criança e aos pais para conversarem sobre o que tornou aquele dia melhor ou mais
difícil e para que anotem comentários na lateral de suas folhas de atividade. Dessa forma, quando
trouxeram a folha de atividades para você, eles terão lembretes do que aconteceu em cada dia.
Perguntas de acompanhamento:
Peça à família ou ao adolescente para trazerem suas folhas de atividade de volta e, em seguida,
discuta por que eles a preencheram da maneira como o fizeram.
• Houve algo em particular que foi destacado?
• O que fez a emoção melhorar ou piorar?
• Houve temas relacionados aos dias ou aos horários em que as coisas se tornaram mais
difíceis para eles?
• Como eles lidaram com os momentos que foram difíceis?
Coisas a observar:
Observe se há dias ou horários específicos da semana em que o jovem tende a se sair melhor
ou pior. Procure padrões ou pistas sobre as coisas que o fazem reagir da maneira como ele reage.
Fazer isso durante muitas semanas pode informar como e por que eles são emotivos ou reativos,
e também lhes dá uma visão de quão bem estão indo ou não. Isso pode ser uma motivação útil
para incentivar o trabalho proativo na fonte da luta.
O que está irritando você?
Do que você precisa:
Contorno de pessoa (veja a página 149).
Adesivos de insetos. 13
Adesivos de estrela.
Adesivo de pontos.
Lápis ou lápis de cor.
Objetivos:
No livro Você é Especial, vivem pequenas pessoas de madeira chamadas Xulingos. Todos os
dias eles colam estrelas douradas ou pontos cinzas uns sobre os outros, significando aprovação
ou desaprovação das outras pessoas ao seu redor. Aos Xulingos bonitos, talentosos e populares
sempre são dadas estrelas. Outros Xulingos, no entanto – aqueles que não conseguem fazer muita
coisa ou que estão com a tinta lascada – recebem desaprovação e pontos cinzentos feios. Nessa
história, Eli, o carpinteiro/criador dos Xulingos, ajuda uma de suas criaturas de madeira a
entender o quão especial ele é – não importa o que os outros Xulingos possam pensar. Essa
história ilustra uma lição fundamental para os leitores de que, independentemente do valor que
os outros lhes atribuem, Deus o valoriza, pois ele é seu Projetista e Criador.
A atividade é facilmente acessível para crianças de 5-14 anos. No entanto, adultos têm
expressado quão útil tem sido essa história e essa imaginário para eles.
Instruções:
Leia o livro para o jovem. Sinta-se livre para parar e conversar sobre a história, os personagens
ou sobre uma declaração em particular que os personagens fazem. Pergunte à criança se alguma
vez ela já se sentiu assim como as pessoas de madeira e por quê.
Depois de ler o livro, direcione a criança para os materiais. Dê à criança os adesivos de estrelas
e pergunte: “Quais são as estrelas que você acha que as pessoas tentam lhe dar?. Faça um
brainstorming sobre todas as coisas pelas quais as pessoas a têm elogiado. Ofereça-se para o
papel de “ajudante” da criança e escreva declarações enquanto ela cola os adesivos na figura de
pessoa. Depois pergunte: “Quais são os pontos que você acha que as pessoas tentam lhe dar?”.
Peça à criança que coloque os adesivos e compartilhe sobre as áreas nas quais ela se sente
criticada ou desprezada. Escreva o que a criança diz.
Perguntas de acompanhamento:
• O que significaria dizer “não deixar os adesivos grudarem?”. Será que significa que não
devemos ver nossos pontos fortes ou fracos, ou significa que não devemos deixar que essas
coisas determinem nosso valor?
• De quais adesivos você gostaria de começar a se livrar? (Você pode então ajudar a criança a
entender o que significam as passagens acima e como soltar as estrelas e os pontos conforme
ela confiar no amor de Deus).
• Que adesivos você se sente tentado a guardar? (Significado: A criança quer encontrar valor
em uma determinada estrela ou ponto).
Coisas a observar:
As crianças tendem a responder às perguntas de duas maneiras – ou elas expressam as coisas
que sentem que os outros gostam ou não gostam nelas, ou expressam as coisas que gostam ou
não gostam sobre si mesmas. Independentemente da forma como elas respondem, é útil descobrir
como elas se enxergam. Considere:
• Há mais estrelas ou mais pontos na figura? O que isso lhe diz? A criança tem uma visão mais
negativa ou positiva de si mesma?
• Você também pode rever isso com um dos pais e ver que detalhes os surpreendem, que
detalhes eles podem confirmar ou que fatores eles pensaram que seriam incluídos na
discussão, mas não foram.
Essa também é uma ótima atividade para ser usada com o intuito de responder ao mundo da
criança. O objetivo do livro é que “os adesivos só colam se você os deixar”. Quanto mais
confiamos no amor de Deus por nós e encontramos valor nele, menos nos importamos com o que
os outros dizem – seja algo bom ou algo ruim.
Queremos ajudar as crianças a perceberem que o valor delas não está em seus talentos (ou falta
deles), em sua aparência ou no que os outros ao seu redor pensam sobre elas. Elas são única e
maravilhosamente criadas do jeito que Deus queria que elas fossem.
Aponte às crianças o que Deus tem a dizer sobre de onde vem a identidade delas. Abrir a
Bíblia ou ler juntos é algo que ajuda. Eu gosto de imprimir uma passagem do computador para
que possamos ler juntos, destacar certas palavras e desenhar conexões. Aqui estão várias
passagens das Escrituras que falam sobre isso:
• Jeremias 1.5: “Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e, antes que
saísses da madre, te consagrei”.
• Salmo 139.14: “Graças te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me
formaste; as tuas obras são admiráveis, e a minha alma o sabe muito bem”.
• 1 Pedro 2.9: “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade
exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para
a sua maravilhosa luz”.
• 1 João 3.1-2: “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados
filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus. Por essa razão, o mundo não nos conhece,
porquanto não o conheceu a ele mesmo. Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se
manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos
semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é”.
Max Lucado, Você é especial (Campinas, SP: United Press, 2014).
ENTENDENDO SEUS RELACIONAMENTOS
Avaliação relacional
Do que você precisa:
Folha de atividade Avaliação relacional.
Diversas canetas coloridas ou lápis de cor.
Adesivos (opcional, mas especialmente útil com crianças mais novas).
Objetivos:
• Construir confiança e afinidade.
• Reunir informações sobre a percepção que a criança tem dos relacionamentos pessoais.
• Discernir onde há relacionamentos positivos, de apoio, e onde há relacionamentos negativos.
• Construir um relacionamento de trabalho com a criança.
Instruções:
Enquanto você trabalha nessa atividade, esteja atento para dar à criança o tempo adequado para
completar cada passo. Não faça nenhuma pergunta detalhada até que a criança esteja
completamente pronta para escrever.
Para começar, dê à criança a folha de avaliação relacional e explique a atividade. Diga algo
como as frases a seguir à medida que você trabalha em cada uma das caixas:
Vamos falar hoje sobre as pessoas que estão em sua vida. Quero que você escolha uma caneta. De que cor você gostaria?
Na caixa central, escreva seu nome. Como as pessoas chamam você?
De quem você se sente mais próxima? Na próxima caixa, quero que você coloque o nome da pessoa (ou pessoas) de quem você se sente mais próxima.
Agora, na próxima caixa, quero que você coloque as pessoas de que você gosta e com quem se alegra de estar junto, porém, que não sejam tão
próximas assim. Quais são os nomes delas?
Agora escreva os nomes das pessoas que fazem parte de sua vida, mas das quais você não se sente próxima.
Na última caixa, liste as pessoas que fazem parte de sua vida, mas das quais você não gosta, ou com quem talvez tenha dificuldade de se entender –
talvez até mesmo alguém que faz coisas que te machucam ou até assustam.
Quando terminar, peça para a criança pegar uma caneta/lápis de outra cor. Pergunte:
Dentre todas as pessoas que você escreveu, a quem você vai quando precisa de ajuda? Circule os nomes dessas pessoas.
Com quem você passa mais tempo? Sublinhe os nomes daquelas pessoas.
Pense em todas as pessoas que você escreveu. Coloque uma estrela ao lado das pessoas de quem você mais gosta.
Quais são as pessoas com quem você tem dificuldade para se dar bem? Ponha uma caixa ao redor dessas pessoas.
Se a criança não tiver mencionado Deus, pergunte: “Onde você colocaria Deus?”.
Para crianças mais novas, ou para aquelas com dificuldades de leitura ou escrita, você pode se
oferecer para escrever para elas.
Você também pode usar adesivos e fazer a criança (mesmo adolescente) escolher um para
representar cada pessoa identificada, inclusive ela mesma. É melhor oferecer uma grande
variedade de adesivos (animais, formas, insetos, pessoas, objetos etc.). Isso dará informações
adicionais sobre como a criança vê cada pessoa. Quando discutir a folha de trabalho, não deixe
de perguntar à criança qual adesivo foi escolhido e por quê. Pergunte como o adesivo representa
a pessoa. Permita sempre que a criança lhe diga o que é o adesivo (mesmo que pareça óbvio). As
crianças frequentemente terão motivos ou nomes específicos para suas escolhas que podem ser
reveladores.
Perguntas de acompanhamento:
Quando a criança tiver terminado, explore os detalhes. Comece com a caixa mais próxima ao
centro e pergunte de quem é o nome na caixa. Fique à vontade para fazer perguntas sobre cada
pessoa (tipo de relacionamento, o que a torna próxima etc.). Em seguida, passe para cada uma
das outras caixas. Pergunte quem está sublinhado, encaixotado, quem recebeu uma estrela ou foi
circulado. Lenta e metodicamente, pergunte por que a criança fez cada uma das escolhas
mostradas.
Você também pode acrescentar ou subtrair perguntas, dependendo do que sabe sobre a situação
da criança. Usando marcadores de cores diferentes, peça à criança para responder a perguntas
como, por exemplo:
• Quem são as pessoas que lhe dão a sensação de segurança?
• Quem são as pessoas que lhe dão a sensação de insegurança?
• Quem são as pessoas que fazem você se sentir triste, feliz, frustrada, irritada etc.?
• Com quem você gostaria de passar mais tempo?
• Há alguém que você gostaria que não estivesse na figura?
Coisas a observar:
Essa é a sua oportunidade de aprender mais sobre o mundo da criança. Em tudo isso, você está
procurando entender a qualidade dos relacionamentos da criança: Bom? Ruim? Indiferente?
Construtivo? Destrutivo? Isolado?
• Quanto ou quão pouco apoio está disponível na vida dessa criança? Há muitos nomes,
apenas alguns poucos ou nenhum?
• Com quem a criança conversa ou a quem ela pede ajuda?
• Os membros da família foram citados? Como eles são percebidos?
• A criança tem muitos amigos?
• Existem muitos relacionamentos difíceis? Um relacionamento particularmente difícil? O que
torna esses relacionamentos difíceis?
• A criança se sente apreciada e amada por alguém?
• A criança passa uma grande quantidade de tempo com as pessoas identificadas como fáceis
de se dar bem ou muito tempo com pessoas de quem a criança não gosta?
• Deus está na esfera dos relacionamentos? Como a criança vê Deus? Jesus? Qual é a
qualidade do relacionamento?
AVALIAÇÃO RELACIONAL16
© Copyright 2012 Christian Counseling and Educational Foundation. Uso com permissão.
Etiqueta de cuidado
Do que você precisa:
Folha de atividade Etiqueta de cuidado, em branco.
Caneta ou lápis.
Objetivos:
Muitas crianças e adolescentes desejam ser mais bem compreendidos por suas famílias,
por seus pares ou pelo mundo ao seu redor. Essa atividade ajuda a trazer à tona em quais
áreas eles podem se sentir incompreendidos, assim como a maneira como gostariam de ser
tratados. Essa atividade funciona bem a partir dos seis anos de idade, mas é especialmente
útil com crianças mais velhas e adolescentes. Ela também pode ser valiosa em um ambiente
de grupo, para facilitar a conversa.
Instruções:
Dê uma folha de atividades Etiqueta de cuidado em branco para o jovem. Explique que
muitos itens, particularmente nossas roupas, vêm com etiquetas que nos instruem sobre
como cuidar corretamente do item. Elas dirão coisas como “Lavar à mão”, “Manusear com
cuidado” ou “Não passar a ferro”.
Diga: “Não seria bom se viéssemos com etiquetas de cuidado que nos ajudassem a saber
como tratar os outros ou que ajudassem os outros a saber como nos tratar? Se você viesse
com uma etiqueta de cuidado, o que você gostaria que a sua dissesse? Escreva o que você
gostaria que os outros soubessem sobre você”.
Encoraje o jovem a escrever o máximo possível. Você também pode ser mais específico
em suas instruções se souber em que áreas ou relacionamentos o jovem enfrenta lutas. Você
poderia dizer: “Se seus pais pudessem ler sua etiqueta de cuidado, o que você gostaria que
ela dissesse?” ou “Se você pudesse criar uma etiqueta de cuidado para que seus amigos
pudessem ler, o que você gostaria que ela dissesse?”.
Perguntas de acompanhamento:
• Discuta com o jovem o que motivou as respostas em sua etiqueta de cuidado.
• Alguém cuida bem de você? De que maneira?
• Quem eles desejam que cuide melhor deles? Por quê?
• A forma como você gostaria de ser cuidado por alguém é saudável ou não saudável?
Razoável ou insensato?
• É assim que o Senhor cuida de você? Por quê ou por que não?
Coisas a observar:
Leve a conversa adiante, explicando que Deus nos deu um manual sobre como cuidar dos
outros e como devemos ser cuidados. Comece a discutir as formas como Cristo foi modelo
para nós de como devemos cuidar uns dos outros. O que isso significa para os nossos
relacionamentos agora?
Abaixo está uma lista de passagens que você pode introduzir em sua discussão. Essas
passagens ajudam a estabelecer um padrão de cuidados mais adequado para nós mesmos.
Você pode ler, escolher passagens que falam diretamente de um assunto que veio da
etiqueta de cuidado do jovem ou caminhar pelo que deve ser uma visão saudável e piedosa
de cuidado.
• Mateus 7.12 (NVI): “Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles
lhes façam; pois esta é a Lei e os Profetas”.
• Mateus 22.39: “O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti
mesmo”.
• Mateus 25.40: “O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que
o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”.
• Lucas 6.27: “Digo-vos, porém, a vós outros que me ouvis: amai os vossos inimigos, fazei
o bem aos que vos odeiam”.
• João 13.34-35 (NVI): “Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como
eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros. Com isso todos saberão que vocês são
meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros”.
• Romanos 13.8: “A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos
ameis uns aos outros; pois quem ama o próximo tem cumprido a lei”.
• 1 Coríntios 13.4-7 (NVI): “O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se
vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira
facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com
a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”.
• Efésios 5.21: “Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo”.
• Filipenses 2.3 (NVI): “Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas
humildemente considerem os outros superiores a si mesmos”.
• Colossenses 3.13 (NVI): “Suportem-se uns aos outros e perdoem as queixas que tiverem
uns contra os outros. Perdoem como o Senhor lhes perdoou”.
• 1 Tessalonicenses 5.12-13 (NVI): “Agora lhes pedimos, irmãos, que tenham
consideração para com os que se esforçam no trabalho entre vocês, que os lideram no
Senhor e os aconselham. Tenham-nos na mais alta estima, com amor, por causa do
trabalho deles. Vivam em paz uns com os outros”.
• 1 Timóteo 5.1-2: “Não repreendas ao homem idoso; antes, exorta-o como a pai; aos
moços, como a irmãos; às mulheres idosas, como a mães; às moças, como a irmãs, com
toda a pureza”.
ETIQUETA DE CUIDADO
Coloque-se no meu lugar
Do que você precisa:
Folha de contorno de Sapatos (opcional).
Canetas, lápis, lápis de cor, canetinhas ou giz de cera.
Objetivos:
Essa é uma boa atividade para ajudar as crianças a sentirem que você entende o que é colocar-
se no lugar delas. Ela pode ser particularmente útil para aqueles que se sentem diferentes de seus
pares, que foram intimidados ou que lutam com uma necessidade especial.
Instruções:
Peça às crianças que tracem, mais ou menos, o contorno de seus pés em um pedaço de papel ou
use a figura do contorno a seguir. O objetivo é fazê-los falar sobre como é estar no lugar delas, e
como elas lidam com suas lutas.
Façam um brainstorming pensando em todas as coisas que elas sentem que contribuem para
serem quem elas são, o que elas desejam que os outros entendam sobre elas, ou como sentem que
os outros não as compreendem. Peça que lhe digam como é “colocar-se no lugar delas” e deixe- 17
Outros:
Quais são seus três principais medos? Por quê?
O que você faz quando se sente ansioso sobre essas coisas?
Você acha que sua solução funciona? O que não funciona? Por quê?
Você fala com Deus sobre suas ansiedades? Você acha que ele pode ajudá-lo?
O que você acha que ele tem a dizer sobre elas?
Vamos fazer um brainstorming juntos: O que Deus diz na Bíblia sobre esses medos?
Como isso pode ajudar você? O que podemos fazer?
Atividade do alienígena
Do que você precisa:
Folha de Atividade do alienígena.
Caneta, lápis, lápis de cor ou canetinhas.
Objetivos:
Os jovens muitas vezes expressam sentimentos diferentes ou “alienígenas” em comparação a
seus pares. Isso pode acontecer por causa de alguma deficiência, pelo fato de crescerem com
diferentes valores familiares ou culturais, por terem dificuldade com a imagem corporal ou por
qualquer outra razão pela qual sentem que não se encaixam ou não são aceitos. Quando sabe que
essa é uma dificuldade para uma pessoa jovem, você pode usar a figura a seguir de um alienígena
para ajudá-la a extrair suas percepções sobre como ela se encaixa ou não se encaixa.
O objetivo é compreender suas experiências, e depois pegar o que você aprendeu e considerar
como você se engajará nas lutas que ela descobre. Essa atividade funciona com crianças de sete
anos ou mais.
Instruções:
Diga ao seu aconselhado que você gostaria de pensar em todas as maneiras pelas quais ele ou
ela se sente (ou se enxerga) como diferente. Encoraje a criança a compartilhar o máximo de
coisas que ela possa pensar. Você pode escrever tudo o que a criança lhe disser ou permitir que
ela as escreva (dependendo da preferência). Lembre-se, muitas crianças acham incômodo
escrever, portanto, oferecer-se para escrever encoraja mais compartilhamento.
Essa atividade pode ser usada com adesivos para as crianças mais novas que gostam desse tipo
de coisa. Você pode usar pontos ou pequenos alienígenas para colocar na figura.
Perguntas de acompanhamento:
Uma vez que as crianças disserem que terminaram, você pode fazer as seguintes perguntas:
• Cite alguns exemplos de como você se sente diferente ou alienígena?
• Quais são algumas características suas, que você acha que outros dizem ou acham que o
tornam diferente?
• Existem diferenças das quais você se orgulha? Quais são elas?
• Que diferenças você gostaria de mudar?
• Que diferenças você não mudaria, mesmo que os outros não o aceitassem?
• O que você acha que Deus tem a dizer sobre você? Por quê?
• Você acha que poderia haver algo de bom em ser diferente? Por quê ou por que não?
Coisas a observar:
Que temas emergem para essa criança? Esses temas são decorrentes de maus-tratos, conflitos,
insegurança interna, deficiência ou algo mais? Como os pais se envolvem nessa dificuldade?
Comece a pensar em como você se aproximaria para ajudar essa criança. Como a Escritura fala
às dificuldades que ela tem? Como você precisa levar a criança em direção a crenças ou
pensamentos diferentes? Veja também a folha “Deus diz” (página 225), para ajudar as crianças a
pensarem sobre o assunto.
ATIVIDADE DO ALIENÍGENA
O que está abaixo da superfície?
Do que você precisa:
Folha de atividade O que está abaixo da superfície?
Caneta ou lápis.
Objetivos:
O objetivo desta atividade é ajudar os jovens e/ou seus pais a identificarem que
comportamentos preocupantes eles estão percebendo na vida da criança ou do adolescente, e
começar a investigar que situações ou motivos podem estar atrás do comportamento
problemático.
Por exemplo, um dos pais pode trazer uma criança ao aconselhamento por causa de problemas
com a ira, mas o que está acontecendo por trás é, na verdade, dor e ansiedade pela morte de um
membro da família. Talvez uma criança venha ao aconselhamento lutando contra a
automutilação, apenas para que você descubra que ela está sendo intimidada ou maltratada por
um colega de classe. Há uma variedade de maneiras de discutir o que você pode observar
exteriormente versus o que está acontecendo no coração de um aconselhado, ou que problema
inicialmente traz uma família ao aconselhamento versus quais questões subjacentes são
descobertas no processo de aconselhamento.
Fazer um brainstorming de ações mais saudáveis/piedosas serão úteis para expressar o que a
criança sente por dentro, bem como para encontrar maneiras de resolver as lutas subjacentes e os
comportamentos exteriores.
Instruções:
Muitas vezes essa atividade é útil para pais e filhos. Ela pode ser feita em conjunto para ajudar
a família a compreender que aquilo que leva as pessoas ao aconselhamento pode ter causas
subjacentes mais profundas. O comportamento de uma criança pode ser um sintoma de
perturbação no lar, eventos que acontecem na escola ou outros fatores externos. Ela também
pode ajudar os pais a entenderem que o comportamento negativo que ocorre externamente é
reflexo de lutas ou crenças que ocorrem internamente.
Esse exercício pode ser usado com um jovem para ajudá-lo a pensar sobre o que sente, faz ou
como os outros o percebem. Pode ser que você queira adaptá-la às necessidades da situação.
Após o quadro, há perguntas para facilitar a discussão. Ajude o jovem a identificar os
comportamentos que são preocupantes e que necessitam de ajuda. À medida que vocês
percorrerem juntos as perguntas, comece a ajudá-lo a considerar o que está motivando a luta
dele.
Perguntas de acompanhamento:
Perguntas de acompanhamento muitas vezes fluem do que está descobrindo enquanto vocês
conversam. Você vai querer considerar se surgem questões que requerem o envolvimento dos
pais ou a ajuda de outro indivíduo de fora. Você estará procurando questões que surjam e que
possam moldar a direção ou o foco do seu tempo com a criança.
Coisas a observar:
Você levará mais tempo com algumas perguntas e menos com outras, dependendo da
percepção da criança. É possível que você também precise de ideias para estimular o raciocínio
delas.
Também pode ser benéfico ter um dos pais na conversa quando apropriado. Alguns jovens
precisam de ajuda, e ter alguém em quem eles confiam e que os conheça bem pode trazer mais
percepção.
O QUE ESTÁ ABAIXO DA SUPERFÍCIE?
1. Que comportamentos as pessoas veem em você que as preocupam?
2. Por que você acha que elas estão preocupadas com você?
3. Como você se sente em relação à reação que recebe dos outros?
4. Por que você acha que faz as coisas que faz?
5. Como você acha que seria obter ajuda ou mudar?
6. O que ajudou no passado?
7. O que não ajudou?
8. Você está aberto a permitir que outros o ajudem? Por quê ou por que não?
9. Vamos fazer um brainstorming. Em quais coisas podemos trabalhar juntos?
10. Quais são as coisas que podemos fazer que o ajudariam com isso?
A vida em minha casa
Do que você precisa:
Contorno de casa.
Instrumentos para colorir e desenhar.
Objetivos:
Essa atividade foi projetada para ajudar as crianças a transmitirem como é a vida em
suas casas, e funciona melhor com crianças de seis a doze anos. Você pode ter muito mais
ideias, dependendo do que gostaria de saber sobre a criança com quem está trabalhando.
Instruções:
Peça à criança para escrever e fazer um desenho de cada pessoa, e depois coloque o
desenho dentro da figura de contorno da casa. Algumas crianças gostam de colorir e
desenhar exemplos dentro da casa; outras gostam de escrever suas respostas; algumas
gostam de colocar adesivos de pessoas, animais e de pontos ao lado daqueles de quem elas
gostam, com quem brigam, de quem passa tempo com elas.
As instruções adicionais que você fornecer serão baseadas nas informações que gostaria
de reunir. Veja também as perguntas de acompanhamento abaixo.
Perguntas de acompanhamento:
Novamente, as perguntas que você fizer serão baseadas em quais informações está
buscando.
Você pode querer informações gerais como por exemplo:
• Quem mora em sua casa?
• Onde vive cada um deles?
• Quais são os quartos de sua casa?
• Você tem animais de estimação?
• Onde fica seu quarto? Como é o seu quarto?
Pode ser que você deseje construir um entendimento sobre como a família funciona:
• Quais são as regras em sua casa?
• Quem as aplica?
• Quais são as tarefas domésticas?
• O que acontece quando alguém quebra uma regra?
• O que sua família faz junto para se divertir?
• Como é um dia em sua casa? Como é uma noite em sua casa?
• O que cada pessoa faz quando está em casa?
É possível que você deseje entender as dinâmicas de relacionamento no lar:
• De quem você está mais próximo em sua família?
• De quem você não é tão próximo?
• Quem se dá melhor em sua casa?
• Com quem você tem mais dificuldade, se houver alguém?
• Com quem você passa a maior parte do tempo?
• Com qual dos pais você passa mais tempo?
• Quem brinca com você?
• Quem o ajuda com sua tarefa da escola?
• Quem você procura quando está triste ou chateado?
• Quem o ajuda com seus sentimentos?
Coisas a observar:
Procure coisas que possam ser recursos naturais e apoio para a criança (tais como um
vínculo próximo com o pai, ou o animal de estimação da família, visitas regulares com a
avó etc.), ou coisas que possam estar causando mais sofrimento e dificuldade para a criança
(um determinado membro da família, regra severa, falta de supervisão etc.).
Considere também:
• A criança fala, escreve e descreve um ambiente familiar feliz e saudável, ou descreve
conflito e desespero?
• O que se destaca como normal e bom? O que se destaca como sendo preocupante ou
questionável?
• Há coisas que você compreendeu que gostaria de acompanhar? Há coisas com as quais
você está preocupado e deseja saber mais?
A VIDA EM MINHA CASA
A casa da mamãe, a casa do papai
Do que você precisa:
Duas cópias do contorno de Casa (página 199).
Caneta ou lápis.
Objetivos:
Quando os pais se divorciam, às vezes os filhos são apanhados no meio de conflitos que
acontecem entre os pais. O que costumavam ser as regras na família de repente fica virado
de cabeça para baixo, ou as crianças descobrem que agora têm dois conjuntos diferentes de
regras para cada casa que estão visitando.
É útil descobrir o que a criança percebe como diferenças em cada lar, como as regras
mudam ou são inconsistentes de casa para casa, onde ela se sente mais confortável e por
que, e como ela vê sua relação com cada um dos pais. Essa atividade funcionará para
crianças de seis ou mais anos de idade.
Instruções:
Peça para a criança escrever “Casa da Mamãe” em uma casa e “Casa do Papai” na
outra. Faça uma ou todas as perguntas a seguir:
• Quais são as regras na casa da mamãe? Quais são as regras na casa do papai?
• Quais são as tarefas na casa da mamãe? E na casa do papai?
• Pelo que você é disciplinado na casa da mamãe? E na casa do papai?
• Quais são as coisas divertidas que você faz na casa da mamãe? E na casa do papai?
• Na casa de quem você faz suas tarefas da escola?
• Quais são as diferenças em cada casa?
• Quais são as coisas que são semelhantes em cada casa?
• Onde você dorme? Como é o seu quarto? Você divide um quarto com alguém?
• Você fala sobre o divórcio na casa da mamãe? Do que você fala?
• Você fala sobre o divórcio na casa do papai? Do que você fala?
• Em que casa você conversa mais abertamente/livremente?
• Em que casa você fala de seus sentimentos?
• Em que casa você se sente mais confortável? Seguro? Inseguro? Estressado? Por quê?
Você pode adaptar essa atividade de diversas maneiras. As crianças podem escrever suas
respostas em cada casa; ou você pode escrevê-las para elas, usando as palavras delas.
Algumas crianças gostam de fazer desenhos de sua vida doméstica, onde as pessoas
dormem, o que fazem etc.; outras podem usar adesivos.
Perguntas de acompanhamento:
Além das perguntas acima, faça tantas perguntas esclarecedoras quantas forem
necessárias para entender melhor o que as crianças pensam, sentem e percebem sobre cada
lar e por quê. Você pode perguntar se elas lhe dariam um exemplo, contariam uma história
ou compartilhariam um evento. Isso o ajudará a identificar as áreas em que a criança tem
tido dificuldade ou em que áreas a família tem precisado de ajuda, e também o ajudará a
discernir como abordar essas questões.
Coisas a observar:
• Quão saudável ou insalubre é cada lar que a criança visita?
• Os pais tentam criar e compartilhar regras semelhantes juntos para o benefício das
crianças? Eles são capazes de deixar de lado suas diferenças para o bem das crianças?
• A criança se sente colocada no meio das diferenças de seus pais? Elas são obrigadas a
apaziguar as emoções ou a hostilidade de algum dos pais?
• Há coisas para as quais a criança ou os pais precisam da sua ajuda para trabalhar?
Brainstorming
Do que você precisa:
Folha de atividade Brainstorming.
Instrumentos de escrita.
Objetivos:
Muitas vezes os jovens têm várias coisas acontecendo dentro de si. Entretanto, quando
perguntados, eles congelam, dá um branco em suas mentes ou eles se sentem sobrecarregados
sem saber por onde começar. Pode parecer que há uma tempestade acontecendo em suas mentes.
É possível que haja muitos pensamentos girando, os quais podem causar confusão, ansiedade,
estresse, agitação, ou fazer com que eles se sintam esmagados. Uma maneira de ajudar é
abrandar a tempestade e olhar o que está acontecendo em seus pensamentos.
Essa atividade tende mais para crianças mais velhas, mas as crianças mais novas na faixa de
oito ou nove anos de idade podem ser astutas o bastante para executá-la.
Instruções:
Peça à criança ou ao adolescente para começar a listar todas as coisas em que eles pensam.
Não há certo ou errado; eles estão simplesmente tentando fazer um “despejo cerebral” – pegando
o que está acontecendo em seus cérebros e despejando o máximo que puderem no papel. Eles
podem escrever os pensamentos à medida que aparecerem, mas se você escrever o que dizem,
eles são liberados apenas para o brainstorming e podem pensar de forma mais rápida e fácil.
Você ou eles podem escrever na mente/cérebro, ao redor do rosto etc.
Uma vez feito o brainstorming, vocês podem começar a classificar juntos a(s) causa(s) das
dificuldades daquele jovem. Faça algumas perguntas de acompanhamento abaixo para
esclarecimento.
Perguntas de acompanhamento:
• Circule os três principais pensamentos esmagadores.
• Sublinhe os que menos o incomodam.
• Coloque uma estrela nos que mais o incomodam.
• Quando esses pensamentos tendem a dominá-lo? O que está acontecendo naquele momento?
• O que ou quem o ajuda quando há uma tempestade dentro de seu cérebro?
• O que ou quem não ajuda?
Coisas a observar:
Pegue o que foi discutido e depois avalie com a criança ou o adolescente alguns dos temas e
preocupações-chave que você enxerga. A sua forma de abordar esses temas dependerá do que
você descobrir.
BRAINSTORMING
8 | ATIVIDADES EXPRESSIVAS QUE FALAM AOS CORAÇÕES E AOS DESAFIOS DAS CRIANÇAS
O sábio de coração é chamado prudente, e a doçura no falar aumenta o saber. (Provérbios 16:21)
O capítulo anterior detalhou muitas maneiras pelas quais podemos conhecer bem nossos aconselhados. Nesse processo, devemos ser tardios para tirar conclusões
sobre os problemas ou as lutas dos corações deles, e em vez disso demonstrar-lhes que os ouvimos e que realmente queremos conhecê-los (Pv 18.2). A fim de
falar a verdade com sabedoria àqueles que aconselhamos, somos compelidos pelo amor de Cristo a primeiro trazer à tona o que está em seus corações e ouvi-los
bem.
Uma vez estabelecida essa base de confiança e que tenhamos sido capazes de ajudar a
descobrir alguns dos pensamentos, problemas e outras lutas que nossos aconselhados enfrentam,
parte de nossa mordomia essencial como conselheiros é falar sobre as várias situações que
trazemos à luz.
Uma vez que conseguimos extrair o que está no interior do nosso aconselhado, agora nosso
trabalho apenas começou. Nossa tentação é simplesmente dizer às crianças e aos adolescentes o
que eles precisam consertar e depois escolher um versículo da Bíblia para que eles memorizem.
Quando compartilhada de forma rápida ou impessoal, essa abordagem não é suficientemente rica
para levar a pessoa, de forma integral, em conta, nem faz com que o jovem à nossa frente sinta-se
ouvido, amado e conhecido. Falar a verdade saturada do evangelho de forma cativante para o
nosso aconselhado é o objetivo.
A Escritura não é tediosa, monótona ou impessoal – ela é rica, profundamente pessoal e
significativa, cheia de vida e ilumina claramente o caminho diante de nós. Hebreus 4.12 nos diz:
“Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois
gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir
os pensamentos e propósitos do coração”.
Devemos nos esforçar para mostrar a atratividade do evangelho. A forma como falamos do
Senhor e de seus caminhos pode fazer com que nossos aconselhados queiram conhecê-lo
pessoalmente ou podem repeli-los para mais longe. Devemos buscar maneiras de falar sobre as
lutas, a vida, o Senhor e as Escrituras, e tornar o poder transformador do evangelho pessoalmente
relevante para os jovens no nível deles. Essa seção oferecerá apenas algumas sugestões sobre
como podemos mostrar a beleza de Cristo e de seus caminhos.
Por exemplo, muitos jovens enxergam a Bíblia como irrelevante, uma desmancha-prazeres, ou
inútil, particularmente no que diz respeito a namoro, sexualidade ou identidade sexual. Isso
acontece frequentemente porque falamos de relacionamentos e sexualidade como se os princípios
bíblicos fossem uma lista de coisas boas e más, em vez de um presente de um Deus que quer o
melhor para seus filhos. Precisamos comunicar claramente que Deus não é anti-sexo – ele criou o
sexo e, portanto, o sexo é bom. Precisamos articular que o sexo é um dom tão precioso que só
leva à bênção quando é usado da maneira que ele pretendeu. Os limites estão lá para nos proteger
da destruição.
Esse conceito pode ser ilustrado com um smartphone. Você pode segurar um na frente de um
adolescente e fazer um brainstorming sobre todas as coisas que aquele telefone é capaz de fazer
(enviar textos, ativar chamadas de voz ou vídeo, facilitar as redes sociais, tocar música etc.).
Então você pode falar sobre as limitações do telefone e o que ele não é capaz de fazer (ele não
pode voar, nadar no oceano, fazer o jantar ou limpar minha casa). Por quê? Porque ele não foi
criado para fazer isso. Posso jogá-lo pela janela de um prédio e exigir que ele voe, mas não
deveria ficar surpreso quando ele quebrar. Você e eu ficaríamos zangados com o fabricante do
smartphone se isso acontecesse? Nós ligamos para a Apple, Samsung ou LG e dizemos-lhes que
estraga-prazeres eles são por não estarem de acordo com os desejos que temos em relação ao
telefone? Nós não fazemos isso porque entendemos que ele foi criado apenas para certas tarefas e
que, se o usarmos fora da maneira como ele foi projetado para ser usado, ele provavelmente
quebraria – a culpa seria nossa.
Você pode pegar essa ilustração para explicar que, de semelhante modo, Deus é o criador do
sexo e da sexualidade. Ele fez com que o sexo funcionasse bem dentro de um determinado
contexto, para nosso benefício e prazer. Entretanto, sempre que saímos dos limites que Deus
criou para o sexo, ele será violado, vai desapontar e terá consequências.
Exemplos, lições objetivas e histórias como essas podem introduzir maneiras novas e
interessantes para que os jovens compreendam verdades importantes.
Muitos jovens não acreditam que Deus tenha algo a dizer sobre seus problemas ou sobre as
questões “modernas”. É como se tratássemos a Bíblia como irrelevante para a vida. Pelo
contrário, a Palavra de Deus oferece esperança e respostas até mesmo para os problemas mais
difíceis que enfrentamos. Embora a maneira como os jovens tenham dificuldades pareça nova e
alarmante, em muitos aspectos suas dificuldades não têm nada de novo debaixo do sol – ainda
existem temas de aceitação e rejeição, luxúria e ganância, egoísmo e corrupção, maus tratos e
sofrimento, quebrantamento e conflito. A verdade e os princípios bíblicos são atemporais.
Precisamos fazer o trabalho de conectar nossas crianças de volta ao Senhor e às respostas que ele
fornece para o viver de vidas piedosas.
Pense nisso
Do que você precisa:
Folha de atividade Pense nisso e/ou Converse sobre isso.
Objetivos:
Fazer com que as crianças e os adolescentes desacelerem e processem as situações é essencial
para ajudá-los a aprender a responder bem às situações. Caminhar com um jovem pelas seguintes
perguntas desacelera os eventos e as situações de forma que você possa descobrir em que áreas
as coisas deram errado e conversar sobre como pensar, sentir e reagir de forma diferente.
Essa atividade também age como um espelho para as crianças, auxiliando-as a enxergarem em
que áreas elas estão funcionalmente crendo e pensando em meio a um evento. Queremos
reinterpretar os eventos da vida das crianças à luz da verdade. Muitas vezes, nós temos a
tendência de olhar as coisas através de lentes ímpias – lentes que evitam Deus. Quando trazemos
Deus e seus caminhos para a história, passamos a entender de forma acurada as experiências
delas.
Instruções:
Utilize as duas folhas de atividade fornecidas, tanto a Pense nisso como a Converse sobre isso.
Ambas cumprem a mesma tarefa, porém oferecem diferentes formas de processar uma
experiência. Essas questões podem ser escritas em um diário durante a semana, conversadas com
um adulto de confiança ou conversadas com você.
Perguntas de acompanhamento:
Qualquer discussão de acompanhamento será baseada no que surgir a partir do processamento
das perguntas da folha de atividades.
Coisas a observar:
Procure entender como os jovens pensam e respondem, ao mesmo tempo em que você os ajuda
a entenderem melhor suas próprias motivações. Procure crenças ou pensamentos errôneos dos
quais eles não tem consciência.
• Como eles são tentados a responder? Existem padrões?
• O que eles precisam mudar?
• Em que áreas eles precisam de uma imagem mais clara de quem Deus é e do que ele tem a
lhes dizer?
PENSE NISSO
A Escritura é rica em imagens que fazem conexões entre nós e a árvore/ramos/vinha. Além das
passagens acima, Juízes 9.8-15 oferece uma alegoria do espinheiro; Lucas 13.6-9 fornece as
imagens da figueira e o chamado para Israel; Paulo nos ilustra sendo enxertados na árvore em
Romanos 11; e Apocalipse 22.2 e 19 (assim como em Ezequiel 47.7 e 12) descreve a Árvore da
Vida. Portanto, seja sábio à medida que você aplica fielmente a Palavra de Deus à necessidade
do momento.
A ÁRVORE FRUTÍFERA
Atividade do espelho
Do que vai precisar:
Folheto Deus diz.
Pequeno espelho de mão ou uma cópia de uma folha de Atividade do espelho (página
227).
Caneta ou lápis.
Objetivos:
Crianças e adolescentes são frequentemente tentados a encontrarem identidade no que os
outros (ou no que a cultura) definem como valioso. Há muitas vozes e imagens que
bombardeiam os jovens e ameaçam moldar a autoimagem deles: valores e imagens
seculares, conceitos de amor e sexualidade, romance, sucesso e normalidade. Essa atividade
é útil para a maioria das crianças e adolescentes mais velhos, especialmente aqueles com
dificuldades relacionadas à imagem corporal, questões de pressão dos colegas ou
deficiências que eles sentem que os definem como diferentes ou “inferiores”.
Instruções:
Prepare seu “espelho” (seja de mão ou de papel) e peça aos jovens para falarem (ou
listarem) o que eles veem ou acreditam sobre si mesmos quando se olham no espelho.
Permita que eles não se apressem para escrever seus pensamentos ou se ofereça para
escrever por eles. Peça que eles falem todas as ideias que possam surgir. Alguns
responderão à sua pergunta com base em como eles se enxergam; outros responderão com
base no que eles próprios acreditam ou no que ouviram dizer sobre o que pensam deles.
Perguntas de acompanhamento:
Uma vez que vocês tiverem terminado, considere o que eles compartilharam e como
incorporar os seguintes pontos na conversa:
• O que você faz para tentar ficar no mesmo nível dos outros ou para tentar se encaixar
com os outros?
• Há algo de errado com as coisas que você faz?
• Há algo de bom ou benéfico nas coisas que você faz (por exemplo, exercício, comprar
roupas bonitas, construir uma imagem na internet)?
Em seguida, converse sobre como algumas vezes a questão não é o comportamento em si,
mas o grau em que permitimos que essas atividades ditem o nosso valor.
• Isso molda o que você sente por si mesmo hoje?
• Isso influencia o modo como você acredita que os outros o veem?
• Isso altera suas ações?
• Isso motiva seu comportamento?
• Como seus hábitos refletem suas crenças funcionais (ou seja, o que suas ações revelam
sobre o que realmente acredita)?
Coisas a observar:
Queremos ajudar os jovens a verem que as imagens que eles criam para si mesmos – as
pessoas que eles enxergam no espelho – prejudicam eles próprios e impedem
relacionamentos genuínos por diversas razões:
• Só podemos enxergar os outros através das lentes pelas quais eles nos enxergam.
• Isso nos escraviza a uma imagem ou ao que os outros pensam sobre nossa imagem.
• Isso nos impede de sermos conhecidos ou de conhecermos os outros.
• Isso destrói relacionamentos – separa o “nós” do “eles”.
• Ficamos obcecados por nós mesmos, sem espaço para nos preocuparmos com os outros.
Pegue a folha de Deus diz e peça ao jovem para pensar em como seria abaixar ou destruir
os espelhos que eles estão segurando, e, em vez disso, escolher acreditar no que a Bíblia
reflete sobre quem eles são.
Toda a verdadeira beleza e o verdadeiro sucesso advêm do padrão de Deus sobre essas
coisas. Ele não é um anti-beleza; ele é o criador da beleza. No entanto, a beleza ou o sucesso
não servem para nos dar nosso valor ou nosso mérito – isso só pode vir de Deus. A Bíblia
reconhece que grandes e pequenos existem em todos os intercâmbios da vida. Há os
atraentes e pouco atraentes, os famosos e aqueles que vivem vidas tranquilas, os bem-
sucedidos e os fracassados, os inteligentes e aqueles com pouca inteligência. Quão
rapidamente uma diferença ordenada por Deus se torna uma ferramenta que usamos para
medir a nós mesmos.
A resposta não é focar mais nós mesmos, mas focar menos e fazer do Senhor e de sua
vontade nosso foco adequado. Estamos ensinando nossos adolescentes a encontrarem
identidade, conforto e segurança nas relações humanas ou em Cristo? Queremos que as
crianças aprendam a encontrar identidade e esperança naquele que não falhará,
decepcionará ou as rejeitará. Qualquer agenda de mudança deve concentrar-se nos
pensamentos e desejos do coração.
DEUS DIZ
Deus diz que você foi criado de forma assombrosamente maravilhosa.
Graças te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me formaste; as tuas obras
são admiráveis, e a minha alma o sabe muito bem. (Sl 139.14)
Deus diz que você sempre será amado.
E estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o que existe
hoje nem o que virá no futuro, nem poderes, nem altura nem profundidade, nada, em toda a
criação, jamais poderá nos separar do amor de Deus revelado em Cristo Jesus, nosso Senhor.
(Rm 8.38–39, NVT)
Deus diz que você pertence a ele.
[Ele] nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o
beneplácito de sua vontade. (Ef 1.5)
Deus diz que ele lhe dará poder, amor e uma mente sensata.
Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação.
(2Tm 1.7)
Deus diz que ele deu seu Filho por você.
Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o
que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. (Jo 3.16)
Deus diz que ele pode curá-lo.
Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo
que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. (Is 53.5)
Deus diz que ele é a sua força.
Ele é o Deus que me reveste de força e torna perfeito o meu caminho. (Sl 18.32; NVT)
Deus diz que ele o fará completo.
Portanto, porque estão nele, o cabeça de todo governante e autoridade, vocês também estão
completos. (Cl 2.10; NVT)
Deus diz que você é dele.
Não tema, pois eu o resgatei; eu o chamei pelo nome; você é meu. (Is 43.1; NVI)
Deus diz que você está perdoado.
Escrevo a vocês, filhinhos, porque seus pecados foram perdoados pelo nome de Jesus. (1Jo
2.12; NVT)
Deus diz que ele sempre estará com você.
Não fui eu que lhe ordenei? Seja forte e corajoso! Não se apavore, nem desanime, pois o
Senhor, o seu Deus, estará com você por onde você andar. (Js 1.9; NVI)
Deus diz que ele tem um plano para você.
Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz e não
de mal, para vos dar o fim que desejais. (Jr 29.11)
Deus diz que você tem valor e propósito.
E quem sabe se para conjuntura como esta é que foste elevada a rainha? (Et 4.14)
Deus diz que ele conduzirá você.
Quer você se volte para a direita quer para a esquerda, uma voz atrás de você lhe dirá: “Este é
o caminho; siga-o”. (Is 30.21; NVI)
Deus diz que ele lhe dará paz e consolo.
Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o
vosso coração, nem se atemorize. (Jo 14.27)
Deus diz que ele pode lhe dar alegria.
Tenho-vos dito estas coisas para que o meu gozo esteja em vós, e o vosso gozo seja completo.
(Jo 15.11)
ATIVIDADE DO ESPELHO
Atividade da ansiedade
Do que você precisa:
Folha de atividade da ansiedade.
Objetivos:
A ideia dessa atividade é pegar Filipenses 4.6-9 e aplicá-la às lutas de um jovem. Queremos
ajudar a tornar a Escritura relevante para a vida pessoal da criança. Isso pode ser adaptado para a
maioria das idades, mas funcionará melhor com crianças e adolescentes que possuem a
capacidade de pensar nessas questões com você.
Instruções:
Percorra a folha atividade da ansiedade com o jovem. Tome tempo para desacelerar e explorar
cada afirmação e pergunta. Fale sobre o significado de cada termo e as maneiras como ele muda
nossa perspectiva.
Perguntas de acompanhamento:
• O que essa passagem nos lembra de dizer, fazer ou pensar?
• Ela o encoraja ou desencoraja? Por quê?
• Quais são as medidas que você pode tomar para colocar isso em prática?
Coisas a observar:
• Em que áreas a criança tem tido dificuldade para fazer conexões significativas com a
experiência dela? Como você pode ajudar a preencher a lacuna para ele ou ela?
• A conversa o leva a outras passagens ou versículos que são úteis ou aplicáveis à discussão?
Em caso afirmativo, caminhe por essas passagens, extraindo perguntas e passos de ação
similares.
ATIVIDADE DA ANSIEDADE
Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de
graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus.
Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa
fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento. O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e
vistes em mim, isso praticai; e o Deus da paz será convosco. (Fp 4.6-9)
Que coisas o deixam ansioso ou assustado?
Quando isso acontece, como você faria com que “sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições”? Como você leva essas coisas a Deus em oração?
O que você acha que a ação de graças tem a ver com a oração e nossas ansiedades? Quais são as coisas pelas quais você pode ser agradecido?
O que você acha que é a paz de Deus, e como seria isso em sua situação?
Depois de entregarmos nossa ansiedade ao Senhor, o que faremos a seguir? Filipenses nos diz para controlar ou dirigir a maneira como pensamos nos versículos
8-9: “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama,
se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento. O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim,
isso praticai; e o Deus da paz será convosco”.
Vamos falar sobre o que cada termo significa e como você pode pensar nessas coisas. Vamos fazer um brainstorming das coisas que você pode pensar, dizer ou
fazer e que reflitam cada uma destas categorias.
Tudo o que é verdadeiro (o que é certo, bom e acurado):
Tudo o que é respeitável (moral, justo, nobre, honroso):
Tudo o que é justo (imparcial, certo, sábio, bom para todos):
Tudo o que é puro (saudável, intacto, não corrompido, virtuoso):
Tudo o que é amável (atraente, agradável, bom, fácil de se deleitar diante de Deus):
Tudo o que é de boa fama (admirável, estimável, venerável):
Se alguma virtude há e se algum louvor existe (digno de admiração, espanto):
Seja isso que ocupe o vosso pensamento. Como você escolhe pensar nisso ou lidar com essas coisas? O que isso fará por você?
O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai. Como você pode praticar essas coisas em casa, na escola e em outros lugares?
E o Deus da paz será convosco. Como você acha que seria isso em sua vida? Como isso mudará/ajudará você?
Quem é o rei?
Do que você precisa:
Panfleto das passagens de realeza (páginas 235 e 236).
Contorno do trono e/ou coroa (páginas 237 e 238).
Vestes e coroa de rei (se você estiver dramatizando com crianças mais novas).
Objetivos:
Em um número demasiado de lares, as crianças têm sido criadas para acreditar que estão lá
parar serem servidas e satisfeitas. Em outros lares existe o oposto – espera-se que a vida do lar,
as rotinas e as pessoas girem em torno da agenda de um dos pais ou de ambos. Os dois
paradigmas são igualmente falhos.
Existe apenas um Rei: o Senhor Jesus Cristo. Cada lar e cada indivíduo deve viver em
submissão ao Rei. Não é a nossa vontade que deve ser feita, e sim a vontade do Senhor. Os pais
não são governantes, e os filhos não são seus súditos. Eles são administradores do Rei; aos pais é
dada a responsabilidade de administrar e pastorear seus filhos, sua família e seus recursos para a
glória do Rei, não para benefício próprio. Da mesma forma, as crianças e os adolescentes
precisam ser criados para saber que não são eles que estão sentados no trono; eles devem
lembrar-se quem é o Rei deles e permitir que isso modele suas vidas e comportamentos.
Conversar com as crianças sobre o que significa sair do trono e deixar Jesus ser Rei pode ser
benéfico de diversas formas:
• Aos jovens é mostrado que o mundo não gira em torno deles.
• Ensinamos a submissão e a humildade piedosas; isso também pode fomentar uma grande
conversa sobre como deveriam ser as características dessas duas virtudes.
• Cultivamos o coração de um servo nas crianças, em vez de uma mentalidade de mini deus.
• Oferecemos conforto e segurança ao acreditar que um Rei poderoso cuida de seu povo. Isso
pode proporcionar alívio para aqueles que temem abrir mão do controle.
• Instilamos a crença de que tudo o que o Rei faz ou permite pode ser confiável e será para o
nosso bem.
Instruções:
Personalize essa atividade de acordo com o que a criança, o adolescente ou a família têm
enfrentado. De que maneira ele têm dificuldade para deixar Jesus ser Rei em suas vidas? De que
forma eles tentam sentar-se no trono ou usar a coroa? Com quem eles fazem isso? Como isso se
dá em suas vidas?
Para as crianças mais novas: Você poderia fazer uma dramatização em que a criança é o rei,
vestida com um manto ou uma coroa e carregando um cetro. Você pode perguntar a ela:
• Se você fosse um rei, quais seriam suas regras?
• Como você manteria a paz? Como evitaria conflito? Como governaria de forma justa? Como
lidaria com a desobediência?
Procure maneiras de demonstrar que, para nós, é impossível ser rei e quais são todas as
dificuldades pelas quais devemos tentar navegar. Faça conexões com o quanto seria melhor ser
um súdito de um rei que é sábio, justo, amoroso e bom ao invés de tentar fazer o trabalho dele.
Para os adolescentes (ou crianças menores): Use a figura do trono ou da coroa e permita que a
criança fale sobre essas questões:
• Se você pudesse ser rei em sua casa, em sua escola, em suas circunstâncias, o que você faria?
• Como você lidaria com as pessoas difíceis, com seus pais ou irmãos, ou colegas?
• O que você mudaria?
• E se os outros não ouvissem ou não seguissem suas regras?
• Quais seriam suas limitações?
Você pode pedir à criança que escreva o que ela pensa que faria, ou você pode listar as
maneiras como você a vê tentando ser rei. O objetivo é ajudar as crianças a enxergarem como
elas são seus próprios mini deuses e de que forma elas trazem sua própria ruína.
Perguntas de acompanhamento:
Com base na necessidade, abaixo estão algumas sugestões de abordagens para discussões
posteriores.
• Peça às crianças que listem as maneiras como elas podem sair do trono e crescer em
confiança no Senhor, ou as maneiras como elas podem revelar a realeza dele nas vidas delas e
como ele é digno de confiança.
• Converse sobre (ou liste) as maneiras do Senhor ser onisciente, onipotente e onipresente e
sobre ele ter poder para lidar com todas as coisas.
• Percorram juntos o panfleto Passagens de realeza, depois pergunte se o aconselhado acha que
poderia fazer um trabalho melhor do que o do Senhor. Muitas vezes pensamos que podemos
fazer um trabalho melhor, então esteja preparado para falar sobre as formas como ficamos
aquém desse papel.
Coisas a observar:
Como as crianças estão se envolvendo com o tema? Tire um tempo para pintar um quadro
vívido do rei bom e benevolente a quem servimos e por quê. Fale sobre seu caráter, como ele nos
trata como filhos e seu desejo de nos atrair e não de nos arruinar.
PASSAGENS DE REALEZA
1 Crônicas 29.11–12
Teu, Senhor, é o poder, a grandeza, a honra, a vitória e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu, Senhor, é o reino, e tu te
exaltaste por chefe sobre todos. Riquezas e glória vêm de ti, tu dominas sobre tudo, na tua mão há força e poder; contigo está o engrandecer e a tudo
dar força.
Salmo 103.19
Nos céus, estabeleceu o Senhor o seu trono, e o seu reino domina sobre tudo.
Isaías 37.16
Ó Senhor dos Exércitos, Deus de Israel, que estás entronizado acima dos querubins, tu somente és o Deus de todos os reinos da terra; tu fizeste os céus
e a terra.
1 Samuel 12.12
Vendo vós que Naás, rei dos filhos de Amom, vinha contra vós outros, me dissestes: Não! Mas reinará sobre nós um rei; ao passo que o Senhor, vosso
Deus, era o vosso rei.
Salmo 95.3
Porque o Senhor é o Deus supremo e o grande Rei acima de todos os deuses.
Isaías 44.6
Assim diz o Senhor, Rei de Israel, seu Redentor, o Senhor dos Exércitos: Eu sou o primeiro e eu sou o último, e além de mim não há Deus.
1 Timóteo 1.17 (NVI)
Ao Rei eterno, o Deus único, imortal e invisível, sejam honra e glória para todo o sempre. Amém.
Apocalipse 15.3
E entoavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo: Grandes e admiráveis são as tuas obras, Senhor Deus, Todo-
Poderoso! Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei das nações!
Salmo 93.1
Reina o Senhor. Revestiu-se de majestade; de poder se revestiu o Senhor e se cingiu. Firmou o mundo, que não vacila.
Salmo 145.11-13
Falarão da glória do teu reino e confessarão o teu poder, para que aos filhos dos homens se façam notórios os teus poderosos feitos e a glória da
majestade do teu reino. O teu reino é o de todos os séculos, e o teu domínio subsiste por todas as gerações. O Senhor é fiel em todas as suas palavras e
santo em todas as suas obras.
Apocalipse 19.16
Tem no seu manto e na sua coxa um nome inscrito: Rei dos Reis e Senhor dos Senhores.
Estrada das emoções
Do que você precisa:
Página Estrada das emoções.
Miniaturas de pessoas, barricadas ou cercas, placas de trânsito, carros (o suficiente para cada
criança que você estiver trabalhando) e diversos veículos de emergência (polícia, ambulância,
helicóptero).
Canetas marcadores para quadro branco (opcional).
Objetivos:
As crianças frequentemente lutam com emoções fortes como ansiedade, ira, medo, frustração.
Às vezes, a dificuldade consiste no controle dos impulsos, em falar sem refletir e nos
comportamentos reativos.
A Estrada das emoções é uma forma criativa de falar sobre emoções que parecem estar fora de
controle para as crianças; ela também ajuda as crianças a entenderem a dinâmica e os efeitos de
suas fortes emoções. Essa atividade lhes dá uma metáfora com a qual consigam se identificar,
para que sejam capazes de começar a incorporar maneiras de desacelerar, bem como de abrandar
suas emoções. Essa atividade também proporciona uma maneira criativa de falar sobre a forma
como a mãe, o pai ou qualquer adulto pode ajudar a oferecer sinais de aviso, balaustradas,
lombadas ou pit stops para proteger as crianças de ficarem fora de controle. Essa atividade
funciona melhor com crianças de cinco a treze anos de idade.
Instruções:
A página Estrada das emoções funciona melhor quando ampliada ao tamanho de um cartaz e
plastificada, de modo que possa ser usada regularmente com objetos em miniatura colocados
sobre ela ou com marcadores para quadro branco.
Pegue a folha/cartaz e comece a falar com as crianças sobre o conhecimento que elas têm
acerca das regras de trânsito e de velocidade. A maioria vai adorar compartilhar o que sabe – ou
dizer quando seus pais ou outros quebraram as regras. Fale sobre o que acontece quando as
pessoas aceleram, quem elas põem em risco e quais podem ser as consequências. Fale sobre o
que significa “fúria no trânsito”. Compartilhe como as emoções que correm fora de controle
podem ser muito parecidas com um veículo correndo fora de controle em uma estrada.
Em seguida, deixe as crianças escolherem veículos para representarem a si mesmas. Tenha
uma variedade de veículos para elas escolheres: caminhões, motocicletas, carros de corrida etc.
Peça-lhes que escolham veículos para representar as pessoas de sua família, escola ou
circunstâncias de vida, e coloque-os no cartaz.
Pergunte o que acontece quando um veículo acelera em uma estrada. Ele está fora de controle,
não consegue diminuir a velocidade, nem fazer curvas ou paradas bruscas. Quanto mais rápido
você for, menos provável é que você esteja preparado para paradas bruscas, curvas ou bloqueios
de estradas. Isso também interfere na sua capacidade de aproveitar o passeio e de se manter
dentro das faixas ou das balaustradas. Pergunte também:
• Quais são as formas de colocar os outros em risco quando as emoções correm rápido demais?
• Quais são as consequências?
A seguir, indique os carros da polícia que representam as pessoas ou as formas pelas quais as
consequências acontecem. Talvez você receba apenas um aviso, talvez você receba uma multa ou
uma consequência. Talvez você tenha ignorado todos os sinais de advertência e criado tamanha
desordem que as consequências se tornaram muito maiores. Pergunte às crianças: “Quem tende a
ser a polícia em sua vida?” (pais, professores, líderes, treinadores, etc.).
Perguntas de acompanhamento:
• O que está abastecendo seu motor quando você se vê dirigindo muito rápido ou
imprudentemente?
• A quais armadilhas de tentação você é vulnerável (eu sou uma vítima; você me fez acelerar;
eu não consigo diminuir a velocidade; outros estavam acelerando e por isso eu tive que
correr)?
• Como até mesmo as emoções positivas poderiam criar problemas semelhantes? O que você
pode fazer quando ficar muito agitado, mesmo quando se trata de uma coisa boa?
• De que formas podemos ajudá-lo a diminuir a velocidade? Como as lombadas ou pit stops
podem ajudá-lo?
• Onde você pode encostar para se acalmar e lidar com suas emoções (estação de educação, pit
stop)?
• Que tipo de pit stops podem ajudá-lo em casa (sentar-se em uma cadeira confortável, ir para
seu quarto para relaxar, balançar em um balanço em seu quintal até que você esteja calmo)?
• Que sinais um adulto poderia lhe dar de que você está indo muito rápido?
Lembre às crianças de que os pit stops são diferentes das consequências, que só vêm depois
que elas optam por ignorar todos os sinais. Quando a polícia pede para você encostar o carro,
isso significa que você ignorou todos os sinais dados para diminuir a velocidade. As
consequências, pequenas ou grandes, então virão com base na infração.
Coisas a observar:
Existem maneiras práticas de ajudar as crianças e os pais a diminuírem a velocidade das
emoções, enquanto também ajudam as crianças a entenderem o que as motiva (ira, controle,
medo etc.). Convide um dos pais para participar de um brainstorming sobre como ele pode
ajudar seu filho a trabalhar nisso e sobre a linguagem que ele pode adaptar para sinalizar que a
criança precisa de pausas ou ajuda. Você quer que os pais ou outros adultos sejam capazes de
usar a linguagem das corridas, lombadas e pit stops para que isso ressoe nas crianças de uma
nova maneira.
ESTRADA DAS EMOÇÕES
Edificando ou derrubando
Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos
que ouvem. (Ef 4.29)
Do que você precisa:
Sacos de papel marrom ou branco.
Lápis de cor, canetinhas e giz de cera.
Objetivos:
O velho clichê “Paus e pedras podem quebrar meus ossos, mas as palavras nunca irão me ferir”
soa bem, mas a realidade é que as palavras cortam profundamente. O objetivo dessa atividade é
ajudar a ilustrar o impacto que as palavras têm sobre os outros. Se uma criança é objeto de
bullying ou é aquela que maltrata os outros, é útil demonstrar o que acontece quando derrubamos
uma pessoa com palavras (ou com comportamentos). Essa atividade é uma grande ilustração para
as crianças sobre o impacto das palavras, das atitudes e das ações, e funciona melhor com
crianças de três a doze anos.
Instruções:
Sente-se com a criança e descreva como fazer um fantoche com o saco de papel. Em seguida,
peça à criança que faça o fantoche dela; você também fará um fantoche enquanto a criança
estiver trabalhando.
Quando ambos tiverem terminado, diga à criança que você gostaria de conversar sobre como
as palavras (e as ações) podem edificar uma pessoa ou derrubá-la. Coloquem seus fantoches nas
mãos e depois peça à criança que diga algo grosseiro ou maldoso para o seu fantoche (algo como
“Você é feio” ou “Você é burro”). Depois que a criança disser as palavras maldosas, amasse
levemente o fantoche em sua mão. Fale para a criança dizer outra coisa desagradável: continue
amassando seu fantoche a cada palavra rude dita, até que o fantoche tenha se tornado uma bola
amassada.
Converse sobre como as palavras e as ações impactam as pessoas e destroem umas às outras. O
fantoche amassado demonstra o impacto que as palavras têm. Nem sempre podemos vê-lo do
lado de fora, mas elas podem esmagar o espírito de uma pessoa.
Em seguida, peça à criança para dizer algo gentil ao boneco amassado. Cada vez que uma
palavra gentil é dita, desamasse o fantoche aos poucos, à medida que palavras de graça são ditas
a ele. Pergunte à criança o que ela está observando enquanto as palavras gentis são ditas, depois
discuta as maneiras pelas quais podemos edificar alguém e lhe transmitir graça pela maneira
como falamos.
Coloque seu boneco enrugado ao lado do boneco da criança, que ainda deve estar bonito e liso.
Fale sobre as diferenças entre os dois. O fantoche que uma vez foi amassado ficou lentamente
nivelado (embora ainda tenha linhas e vincos) por palavras amáveis. Entretanto, o impacto (os
vincos) ainda é evidente. Marcas foram deixadas e não desaparecem rapidamente. Discuta como
você viu isso acontecer na vida do aconselhado ou na vida de outros.
Perguntas de acompanhamento:
Se a criança é impactada por palavras indelicadas, fale sobre as maneiras como ela foi
maltratada e de que maneira ela se identifica com o fantoche. Fale sobre como Deus define quem
vocês são; fale palavras que a edifiquem e diga-lhe o que é verdadeiro, certo e bom.
Se a criança é alguém que intimida os outros ou fala de maneira indelicada, discuta o que
significa Efésios 4.29. Explore o que está acontecendo dentro delas:
• Quais são as formas de destruir os outros por meio de palavras, ações e até mesmo de
atitudes?
• Como você faz isso com seus pais, irmãos ou colegas?
• O que está por trás de suas ações? O que a motiva a agir dessa maneira?
• Você entende ou se importa com o impacto que suas palavras, ações ou atitudes têm tido?
Por quê ou por que não?
• Faça um brainstorming sobre como a criança pode mudar e falar palavras de vida ou de
graça aos outros. O que torna isso possível? O que torna isso difícil?
Coisas a observar:
Através dessa discussão, você pode descobrir outras coisas que acontecem na vida da criança.
Algumas crianças agem de forma rude por terem sido maltratadas ou intimidadas. Algumas o
fazem devido a ferimentos e rupturas em sua família, ou porque tiveram esse modelo de
comportamento. A sabedoria considera como abordar a criança com base na dificuldade e na
necessidade. De que forma a Sagrada Escritura fala sobre o assunto e quais são as melhores
maneiras de comunicar isso aos aconselhados?
Levando cativos os pensamentos
Do que você precisa:
Folha de atividade Levando cativos os pensamentos.
Canetas, lápis de cor e/ou outros objetos de escrita.
Adesivos (ou desenhos) de moscas.
Objetivos:
Há jovens que acham particularmente difícil lidar com seus pensamentos. Alguns lutam com
os pensamentos ansiosos que os bombardeiam. Algumas crianças podem se sentir
sobrecarregadas por pensamentos inoportunos ou perturbadores, enquanto outras podem ter
pensamentos e ideias que não param de correr em suas mentes, os quais elas sentem que não
capazes de controlar.
Muitas vezes os pensamentos que os bombardeiam dizem algo sobre o que os tem consumido.
É algo que eles temem? Algo que eles desejam? Alguma coisa que lhes causa estresse? É
importante ajudar os jovens a entenderem o que exatamente está por trás dos pensamentos. Outro
desafio é convencer as crianças de que, apesar da forma como os pensamentos vêm, elas são
capazes de controlar o que fazem com eles.
Precisamos ajudar as crianças a saberem o que fazer com seus pensamentos. As crianças
precisam ter em mente que elas controlam seus pensamentos; seus pensamentos não devem
controlá-las. Uma passagem que muitas vezes me vem à mente é 2 Coríntios 10.5 (NVI):
“Destruímos argumentos e toda pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus, e
levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo”.
Uma imagem com a qual a maioria das crianças pode se identificar é a de moscas voando ao
redor de sua cabeça. Uma mosca pode ser irritante, duas moscas podem ser frustrantes, mas três,
quatro, cinco moscas são absolutamente insuportáveis! Quanto mais moscas, mais distraídos,
ansiosos ou estressados ficamos. Nós batemos em uma para mandá-la para longe, e ela retorna
um minuto depois. Tentamos esmagar várias, e pode parecer que elas estão se multiplicando; não
sabemos de qual ir atrás primeiro.
Nossos pensamentos também podem ser assim. Um pensamento perturbador pode ser difícil,
dois podem ser irritantes, mas uma vez que três ou quatro vêm, sentimo-nos muito mais
sobrecarregados e distraídos. Não sabemos como lidar com um pensamento sem que outro esteja
bem ali e, antes que você perceba, o primeiro está de volta.
O que queremos enfatizar é que não importa como e por que os pensamentos vêm, devemos
escolher o que fazer com eles. Dar às crianças a consciência de que elas podem escolher o que
fazer com seus pensamentos também lhes dará a confiança para agirem contra esses pensamentos
e buscar a mudança.
Instruções:
Antes de se reunir com a criança, faça uma cópia da folha de atividades Levando cativos os
pensamentos. Ela também pode ser transformada em um cartaz que você amplia, plastifica e usa
faixas de velcro nas moscas para que elas sejam colocadas, tiradas ou movimentadas. Há
adesivos de moscas que você pode comprar; as crianças adoram colar os adesivos enquanto você
anota que pensamento aquela mosca representa. Você também pode desenhar ou usar uma
ilustração de uma mosca, ou simplesmente listar os pensamentos ao redor da cabeça. Procure
maneiras de tornar essa atividade mais envolvente.
Com o jovem, faça um brainstorming de todos os pensamentos que o sobrecarregam,
escrevendo esses pensamentos à medida que ele os relaciona. Depois de listá-los todos, procure
temas ou padrões que você vê e considere maneiras de começar a abordar o que está por trás dos
pensamentos dele.
Lembre-o de que 2 Coríntios 10:5 diz: “levamos cativo todo pensamento, para torná-lo
obediente a Cristo”. Assim como as moscas que não o deixarão em paz, às vezes parece que seus
pensamentos estão a atacá-lo e não vão embora. Quando isso acontece, queremos pensar: Como é
levar cada pensamento cativo – ou capturar cada pensamento – e torná-lo obediente ao
Senhor?. Queremos capturar cada pensamento, um a um, e decidir o que fazer com ele, para que
não continue voltando. A única maneira de fazermos isso é pegar nossos pensamentos e fazê-los
se submeterem ao que Deus diz ser verdade.
Perguntas de acompanhamento:
Pegue uma “mosca”, ou pensamento, de cada vez e pergunte ao aconselhado:
• Como seria se você capturasse aquela mosca e se livrasse dela?
• Qual seria a sensação?
• O que a Palavra de Deus diz sobre esse pensamento?
Registre as respostas à última pergunta na folha de atividade da criança, para que ela possa
consultá-la depois.
Coisas a observar:
Não queremos ser simplistas ou desdenhosos enquanto trabalhamos nessa atividade. É
importante discernir porque a criança é consumida por cada pensamento com o qual você está
lidando, para ajudá-la a saber o que é verdade e para falar sobre como ela pode administrar esse
pensamento ou livrar-se dele.
LEVANDO CATIVOS OS PENSAMENTOS
Meu pensamento diz:
Deus diz:
O pensamento 2 diz:
Deus diz:
O pensamento 3 diz:
Deus diz:
Buscando a Deus
Do que você precisa:
Folha de atividade Buscando a Deus.
Bíblia (opcional).
Objetivos:
O Salmo 27 fala sobre o que fazer quando tememos que coisas ruins aconteçam. É um clamor
pela proteção de Deus, bem como uma declaração de quem Deus é: ele é confiável e é bom. Ele
nos dá uma visão de onde vem o nosso auxílio – não das nossas circunstâncias, nem da
segurança de que coisas difíceis não acontecerão, mas da presença de Deus em meio às coisas
difíceis. Estar perto do Senhor e saber que ele está bem ali conosco é vital para moldar nossas
respostas e para nos lembrar de onde nossa esperança/conforto se encontra.
Instruções:
Use a folha de atividade e a passagem para explicar como o jovem pode buscar a Deus em
meio a uma situação difícil. O Salmo 27.4 (ênfase adicionada) tem a chave para nos ajudar a
enfrentar os “e se”:
“Uma coisa pedi ao Senhor; é o que procuro: que eu possa viver na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a bondade do Senhor
e buscar sua orientação no seu templo”.
Cada palavra enfatizada é diferente, mas contém uma verdade semelhante: trata-se da presença
de Deus. Queremos que ele esteja à nossa direita, que seja nosso guia, que seja nosso abrigo, que
nos dê conforto. Uma maneira mais simples de comunicar isso para crianças da idade do ensino
fundamental (expressa na segunda folha de trabalho) pode ser a seguinte:
Cavar – quero saber o que é verdade e acreditar no que Deus diz.
Viver – quero que Jesus seja meu melhor amigo e companheiro, aquele que está sempre
comigo.
Deleitar – quero desfrutar e ter prazer em estar com Jesus.
Discuta cada palavra e trabalhe com a criança as perguntas da folha de atividade.
Perguntas de acompanhamento:
Você também pode ler o salmo inteiro com a criança para encontrar maneiras úteis de resumir
o que está acontecendo. Peça ao jovem para fazer um brainstorming sobre como esse versículo
se aplica a ele ou a ela diretamente, e/ou à situação na qual ele ou ela está trabalhando
atualmente. Você pode escrever na folha, fazer uma lista ou pedir que a criança escreva em um
diário durante uma semana.
Coisas a observar:
Lembre-se, você está construindo pontes entre a Escritura e as circunstâncias da criança. Você
pode edificar e acrescentar outras passagens bíblicas que possam falar sobre a situação da
criança, dependendo do que é relevante para a vida dela. Como você pode encorajar a criança a
ver Deus nas experiências do dia-a-dia?
O livro My Heart, Christ’s Home Retold for Children, de Robert Boyd Munger (IVP Books,
2010), também pode ajudar os jovens a compreenderem e processarem essas verdades.
BUSCANDO A DEUS
Uma coisa pedi ao Senhor; é o que procuro: que eu possa viver na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a bondade do Senhor e
buscar sua orientação no seu templo. (Sl 27.4; NVI)
Viver: residir, habitar, estar em.
Como seria viver ou residir com o Senhor em meio a essa situação?
Contemplar: observar, olhar, permanecer focado ou meditar em.
O que significaria considerar, ter respeito e permanecer focado no Senhor, apesar do que você está passando?
Buscar: perseguir, aspirar a, ir atrás.
Como você poderia ter um coração que aspira seguir ao Senhor, em vez de temer o que pode vir em seguida?
BUSCANDO A DEUS
Cavar: O que Deus e sua Palavra têm a dizer sobre o que está acontecendo em minha vida?
Viver: Como seria aproximar-se de Jesus e convidá-lo para ser o meu melhor amigo?
Deleitar: Como posso me deleitar em Jesus mais e mais?
CONCLUSÃO | SOLTANDO SUA PRÓPRIA CRIATIVIDADE
Minha esperança é que este livro tenha lhe dado apenas um gostinho das abundantes opções possíveis quando pensamos bem em ministrar aos jovens. Deus é um
Deus de criatividade, e ele nos deu uma imaginação que pode buscar incursões únicas no coração daqueles a quem alcançamos. Cada um de nossos dons como
conselheiros pode ser usado de várias maneiras à medida que seguimos o chamado de Deus para amar as pessoas com sabedoria e de forma pessoal – assim como
Cristo nos ama.
Deus tem dado a cada membro do corpo de Cristo diferentes dons do Espírito (1Co 12).
Considere seus dons e como eles podem ser usados para que você se conecte com um jovem
magoado ou relutante. Talvez você seja forte em compaixão e misericórdia. Talvez você seja
realmente dotado para criar histórias ou pode ser que ouvir seja a sua força.
Além de seus conjuntos de habilidades mais naturais, seja um aprendiz perpétuo e descubra
onde você pode buscar crescimento de forma intencional. Há muitos livros e recursos de
qualidade disponíveis sobre narrativa, lições objetivas, recursos de aconselhamento etc. Aprenda
também a confiar na criatividade dos outros; observe e aprenda com eles e como eles abordam a
atividade de ajudar a juventude. Todos nós, até certo ponto, construímos a partir do trabalho que
outros começaram.
O falecido diretor da CCEF, David Powlison, um pensador sábio e dotado, muitas vezes
permitiu generosamente que outros utilizassem suas ideias ou edificassem sobre elas, dizendo
“Tudo bem; eu recebi todas elas da Escritura”. Nós sempre queremos dar crédito onde o crédito é
devido, ao mesmo tempo em que fomentamos um espírito de generosidade. Como conselheiros
que representam Cristo, todos temos o mesmo objetivo – amar bem as pessoas e atraí-las para o
evangelho. Todo esforço criativo deve, de alguma forma, ser construído a partir do que Deus já
nos deu. Ele é o autor de tudo o que é bom e verdadeiro, tudo o que é vitorioso, criativo e belo.
Tempo e esforço são essenciais para cultivar a criatividade. Grandes ideias e momentos
brilhantes são na verdade o resultado de um trabalho que consome tempo e fluem da junção de
ideias, sabedoria, experiências, tentativas e erros etc. Aprendemos e crescemos por meio da
prática e da adaptação. Sinta-se livre para pegar as ideias deste livro e edificar sobre elas,
desenvolvê-las ou adaptá-las, sendo fiel para usar a Escritura de forma boa e atraente na vida dos
jovens. Além disso, experimente criar novas atividades. Há tanto tesouro a colher da Palavra de
Deus; há verdades infinitas para compartilhar e imprimir na vida das crianças e dos adolescentes.
Trabalhar com jovens pode parecer um dom inato dado por Deus, mas, na realidade, é uma
expertise e uma aptidão fomentadas que cresce quando nos comprometemos a conhecer e amar
bem essa comunidade. Apoiemo-nos na verdade, na sabedoria e no encorajamento da Palavra de
Deus como nossa base, enquanto procuramos ser os melhores mordomos do ministério que ele
nos deu. É um privilégio servir na linha de frente do ministério como conselheiro e procurar, de
forma cativante, conectar um jovem em sua dificuldade à batida do coração de Cristo.
É preciso oração e consideração deliberada a fim de intencionalmente trazer para fora o
interior e falar à vida das pessoas. Com algumas populações é mais fácil, mais parecido com o
nosso estilo e forma de engajamento. No entanto, o amor fraterno sempre procura aproximar-se e
compreender aqueles que são diferentes de nós.
Independente do público com o qual você trabalha, esteja disposto a entrar no mundo das
pessoas. Procure conhecê-las e compreendê-las bem. É minha oração que todos nós desejemos
viver Efésios 5.1-2 na maneira como nos relacionamos com os outros: “Sede, pois, imitadores de
Deus, como filhos amados; e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si
mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave”.
APÊNDICE A | AMOSTRAS DE TABELAS DE DESENVOLVIMENTO
Há muitos modelos de desenvolvimento que as organizações seguem, seja entre profissionais médicos, especialistas em educação e aprendizagem, ou
profissionais de aconselhamento. Essas listas de exemplos foram criadas com o propósito de ministrar aconselhamento um-a-um com crianças.
O desenvolvimento é dividido nas cinco etapas de desenvolvimento: primeira infância,
infância intermediária, infância tardia, pré-adolescência e adolescência. Tais divisões são
flexíveis e baseadas nas observações de grandes populações de crianças. (Por esse motivo,
dividimos a primeira infância em duas listas separadas). Cada estágio tem marcos gerais que dão
uma noção de onde uma criança pode se encaixar, mas há sempre um espectro que permite várias
taxas de desenvolvimento. É um processo contínuo a ser avaliado regularmente.
MARCOS DA PRIMEIRA INFÂNCIA (3 - 4 ANOS DE IDADE)
Físico
√ Aprende a segurar utensílios e instrumentos de escrita √ Capaz de começar a vestir-se sozinha
Emocional
√ Percebe o mundo a partir do seu ponto de vista √ Torna-se mais social e gosta de fazer amizades
Cognitivo
√ Consegue contar até dez ou mais √ Consegue formular suas próprias ideias e perguntas
√ Incapaz de ver perspectivas diferentes das suas √ Consegue completar quebra-cabeças e jogos da memória
Social
√ O mundo interior é expresso por meio de brincadeiras √ Começa a aprender cooperação e compartilhamento
√ Consegue acompanhar jogos e regras simples √ Observa o mundo físico ao seu redor
Espiritual
√ Aprende o certo e o errado a partir de exemplos √ Entende verdades simples de forma concreta
√ A consciência é subdesenvolvida, conformada pelo o que a criança tem como √ Entendimento literal de Deus, do céu, do pecado, da obediência, da bondade e do
modelo compartilhar
√ A obediência a Deus é padronizada na obediência aos pais √ Comportamento bom e mau muitas vezes entendido por meio das consequências
Recursos Úteis
Bonecos em miniatura para usar em caixa de areia Casa de boneca para a identificação dos papéis, das regras e dos padrões familiares
Cenários e ferramentas de dramatização Instrumentos musicais para expressão pessoal
Material de arte: papel em branco, canetinhas, giz de cera, cola, etc. Livros, figuras e o uso de contação de história para passar mensagens e entendimentos
MARCOS DA PRIMEIRA INFÂNCIA (5 - 6 ANOS DE IDADE)
Físico
√ Fala com clareza √ Consegue vestir-se completamente sozinha
√ Demonstra mais independência e preferências √ Ansiedade e emoções demonstradas nas brincadeiras e na fantasia
√ Demonstra uma vasta gama de emoções √ A realidade e a fantasia podem se misturar
√ Torna-se mais social e gosta de fazer amizades √ Começa a verbalizar sentimentos de dúvida, culpa, vergonha e constrangimento
Cognitivo
√ Consegue seguir regras e gosta de fazer com que outros as sigam √ Pode começar a exibir competição
√ Quer que tudo seja justo – é aqui que podem ocorrer as birras
Espiritual
√ Sabe que a Bíblia é um livro importante sobre o povo de Deus e sobre Jesus √ Desenvolve um senso de comunidade e de frequência na igreja
√ Gosta de histórias sobre Jesus e gosta de ouvir histórias repetidas vezes √ Beneficia-se ao aceitar os adultos que estão dispostos a ouvir suas muitas perguntas
√ Faz muitas perguntas: Onde está Deus? Ele come? Quem fez Deus? Por que Deus é √ Depende das autoridades para serem sua bússola moral
invisível?
√ Aprende orações fáceis e simples √ A consciência em relação a pecado e comportamento está se desenvolvendo
√ Pode ser encorajada a dar sua própria oferta a Deus na igreja √ Experimenta e desfruta o mundo de Deus
Recursos Úteis
Materiais de arte: lápis de cor, giz de cera, canetinhas, cola, trabalhos manuais simples Livros e histórias que ajudam a analisar e a reafirmar uma mensagem/verdade
Lições objetivas para ajudar a passar uma mensagem ou uma verdade Instrumentos musicais para contar ou criar suas próprias histórias ou canções
Bonecos, miniaturas ou casas de boneca/caixa de areia – dramatização e aplicação pessoal Outras formas concretas de transmitir a mensagem/verdade que você deseja afirmar
Jogos simples para fazer perguntas, dramatização ou cenários da vida real para se trabalhar
MARCOS DA SEGUNDA INFÂNCIA (7 - 9 DE IDADE)
Físico
√ Tem dentes de adulto e apetite crescente √ Escrita à mão e coordenação visomotora aperfeiçoadas
√ Coordenação e força aperfeiçoadas √ Com um número crescente de crianças, a puberdade pode se desenvolver (por volta dos 9 anos)
Emocional
√ Gosta de afeto e afirmação por parte dos adultos √ Crescente autonomia em relação aos pais em muitas aptidões e habilidades
√ A influência dos colegas é crescente e molda gostos/afeições √ Demonstra maior habilidade em controlar impulsos e pensa antes de agir
√ Consegue articular muitas emoções e sentimentos √ Pode ser mais argumentadora e teimosa
Cognitivo
√ Consegue pensar de forma mais sistemática; capaz de generalizar o que é aprendido √ Aumenta a habilidade de recontar eventos e de lembrar-se de sequências
√ Considera mais perguntas e torna-se mais curiosa em relação à vida √ Capaz de soletrar palavras e de ler livros
Social
√ Muitas vezes preferirá grupos de colegas do mesmo sexo √ Deseja a aprovação dos colegas
√ A liderança e o status dentro dos grupos sociais começam a surgir √ A identidade de grupo é afirmada pelos gostos: esportes, música, arte
√ Começa a procurar um senso de pertencimento no grupo dos colegas √ Começa a formar passatempos e interesses
Espiritual
√ Será curiosa, fazendo perguntas sem fim enquanto explora o mundo de Deus √ Capaz de enxergar a batalha entre ver as coisas “do meu jeito” e do “jeito de Deus”
√ Pratica o amor e a confiança como um resultado dos pais ou de outros adultos significativos; √ Pode ser orientada para regras (i.e., “siga as regras e você é bom” – ao invés de “Jesus nos torna bons”)
começa a entender o amor de Deus
√ Aprende que os pais obedecem a Deus e que elas também precisam obedecer a Deus √ Forte senso de justiça; propensa a ser farisaica
√ Desenvolvem empatia e amor pelos outros e em relação a pessoas novas √ O relacionamento pessoal com Deus se desenvolve, tornando-se aparente ao pedir a Deus que a auxilie, a mude e a ajude a fazer o que é
certo
√ Imita e repete o que os pais fazem √ Reconhece o comportamento errado e o pecado dos outros
√ A consistência se torna uma das qualidades mais importantes para o desenvolvimento moral e
espiritual
Recursos Úteis
Trabalhar com objetos concretos ao invés de apenas com imagens Contação de história por meio de canções, música, livros, dramatização
Histórias e livros que capturam o interesse da criança e ajudam a desenvolver um senso de Projetos/ideias/tarefas para os pais que sejam concretos, a fim de praticar novas verdades ou coisas que elas estão aprendendo em casa ou no
fascinação e deslumbramento ambiente escolar
Materiais de arte para continuar a extrair o interior e envolver-se com ideias Ferramentas criativas, como bolas ou o jogo Jenga, que tem perguntas e cenários de dramatização – fomenta a conversa e o processamento
de coisas difíceis enquanto faz algo agradável
Criar espaços ou mundos (de fantasia ou real) para engajar sentimentos, eventos ou ideias
difíceis
MARCOS DA INFÂNCIA TARDIA (10 - 12 ANOS DE IDADE)
Físico
√ Energética e ativa √ Pode começar a puberdade – evidente desenvolvimento sexual, mudança de voz e odor corporal aumentado são
comuns
√ Altura e peso aumentam progressivamente √ A pele se torna mais oleosa e pode desenvolver espinhas
√ O corpo começa a passar por mudanças √ Pelos crescem em diversas áreas do corpo
Emocional
√ Começa a definir a si mesma da forma como os outros a enxergam √ Faz distinção entre vontade, ações e motivações
√ Habilidade de enxergar diferentes pontos de vista √ Tem mais consciência dos pontos fortes e dos pontos fracos
Cognitivo
√ Habilidade aumentada para aprender a aplicar aptidões √ A visão de mundo estende-se para além das perspectivas de preto no branco/certo e errado
√ Estabelece habilidades de pensamento abstrato, mas volta ao pensamento concreto quando sob estresse √ Desenvolvimento da habilidade interpretativa
√ Ainda não é capaz de fazer todos os saltos intelectuais, como inferir uma motivação ou razão hipotéticas √ Capaz de responder a perguntas de quem, o que, onde e quando, mas ainda pode ter problemas com perguntas do tipo
‘por quê?’
√ Aprende a estender o pensamento além das experiências e do conhecimento pessoal √ O período de atenção varia em grande medida; a média é de 20 minutos por vez
Social
√ Maior habilidade para interagir com os colegas √ Demonstra maior interesse no sexo oposto
√ Muitas vezes tem dificuldade em relacionar-se com colegas, seja porque é controlada pelos colegas ou por tentar √ Imagina a si mesma como adulta e independente
controlá-los
√ Procura aceitação por meio do grupo de seus pares √ Define autoconceito em parte pelo sucesso na escola
√ Capacidade aumentada de participar de competição √ Capaz de entender as emoções e as dificuldades dos outros e envolver-se com elas
√ Tem uma forte identidade de grupo; define a si mesma cada vez mais por meio de seus pares √ Capaz de aprender e aplicar habilidades de resolução de conflitos
Espiritual
√ Desenvolve e testa valores e crenças que orientarão os comportamentos presentes e futuros √ Tem dificuldade para pensar e reagir quando pecam contra ela
√ Está ciente da consciência interna e das motivações que influenciam escolhas e comportamentos √ Começa a questionar as regras, ao mesmo tempo em que as mantém por considerá-las importantes e que devem ser
seguidas
√ A busca pela ajuda de Deus muitas vezes está ligada a atender às necessidades e a ajuda nos relacionamentos √ Tem dificuldade para saber como Deus a vê versus como os outros a veem
√ Identifica discrepâncias nos valores dos outros e as compara/contrasta com valores próprios √ Precisa ser ensinada a orar e a o que esperar quando orar
√ Consegue fazer distinção entre seus desejos em relação ao pecado e o desejo de seguir a Deus
Recursos Úteis
Manter um diário e fazer atividades de autorreflexão Atividades em grupo que facilitam as discussões maduras de questões difíceis
Jogos de perguntas e respostas Contação de histórias; testemunhos; exemplos reais e pessoais de mudança, fé e crescimento
Jogos que promovem a resolução piedosa de Jogos estratégicos que trabalham a resolução de problemas
conflitos e o trabalhar das situações difíceis
√ Os hormônios mudam quando começa a puberdade √ Atividade física importante para a saúde e o humor em geral
√ Maior preocupação com as mudanças físicas e a aparência √ Requer mais sono, mas muitas vezes resiste a ele
√ A alimentação aumenta e muda; às vezes surgem problemas alimentares √ Desenvolvimento de órgãos sexuais e mudança de voz
Emocional
√ Experimenta mais mau humor √ Tristeza, depressão, ansiedade relacionada ao desempenho escolar, aceitação dos colegas ou expectativas dos pais
√ Demonstra mais preocupação com a aparência, a imagem corporal, o visual √ Capaz de expressar sentimentos e conversar sobre eles
Cognitivo
√ Tem mais capacidade de pensamento complexo √ Tem opiniões próprias e começa a recorrer aos colegas para obter informação
√ Capaz de ser abstrato √ Precisa de ajuda para considerar as consequências de longo prazo para as escolhas/decisões, ao invés dos benefícios de curto prazo
Social
√ É significativamente motivado pelo valor de seu grupo de colegas √ A construção proativa de relacionamentos com adultos não é valorizada, mas muito necessária
√ As amizades são formadas em torno dos sentimentos de quem o aceita e de onde ele se √ Forma conexões e vínculos por meio das redes sociais
encaixa
Espiritual
√ Começa a perceber que as escolhas são complexas e que pode escolher pecar √ Desenvolve valores individuais e morais mais fortes
√ As regras podem ou não ser importantes – tentação de sentir que pode julgar moralidade √ Irá questionar mais ideias
√ Pode compreender a letra da lei mais do que o espírito da lei √ Pode expressar desconforto ao orar em voz alta e precisa de ajuda para aprender a orar e a saber o que esperar quando ora
√ O relacionamento pessoal com o Senhor deve levar a decisões/escolhas √ Está aprendendo a assumir a responsabilidade pelas próprias ações, decisões e consequências
Recursos Úteis
Exercícios e atividades de perguntas e respostas Atividades ou exercícios que encorajam a autoexpressão de sentimentos, pensamentos e valores
Recursos que ajudam a desenvolver uma boa tomada de decisões e valores piedosos Interesse genuíno em ouvir opiniões, gostos e aversões
Atividades artísticas e recursos para a autoexpressão e autoconsciência Formar confiança/respeito mútuo ao se envolver com ou entrar em seu mundo – rede social, arte, atletismo, passatempos, outros
interesses
√ As mulheres tendem a atingir a altura adulta, enquanto os homens continuam a crescer √ Requer mais sono e nutrição adequada
√ Aumento da força muscular, tempo de reação, funcionamento cardiovascular e habilidades sensoriais √ Maior independência física: aprende a dirigir, consegue um emprego, gasta tempo com os
amigos
Emocional
√ Consegue articular seu próprio sentimento e analisar por que se sente de uma determinada maneira √ Atribui valores à aparência, aos talentos e à personalidade
√ Tem dificuldade com a compreensão do que impulsiona suas emoções/motivações √ Capaz de ter emoções e mudanças de humor intensas
Cognitivo
√ A tomada de decisões ainda está se desenvolvendo √ O cérebro ainda está em desenvolvimento e maturação
√ Está aprendendo que as escolhas têm riscos e consequências √ Forma hábitos de trabalho bem definidos
√ Constrói habilidades de autossuficiência √ Considera e faz planos para o futuro: escola, faculdade, trabalho
√ Às vezes tem dificuldade para pensar nos riscos e nas consequências das ações
Social
√ Demonstra lealdade ao grupo de colegas √ Desafia a autoridade dos pais com o desejo de ser mais autônomo
√ Deseja maior independência dos pais/família √ Tem a capacidade de formar relacionamentos profundos, mútuos e saudáveis
√ É influenciado por escolhas, valores e hábitos do grupo de colegas √ É influenciado por valores e mensagens culturais
√ Maiores preocupações com relação à imagem corporal e roupas √ Maior capacidade de perceber o certo e o errado
√ Maior capacidade para cuidar dos outros √ Pode sentir mais tristeza e emoção – pode levar a notas ruins, uso de substâncias viciantes e a
outros problemas
Espiritual
√ Deseja maneiras de tornar a fé relevante para a vida √ Relacionamentos adultos saudáveis e piedosos, vitais para o desenvolvimento espiritual
√ Fica confuso com normas e valores culturais versus valores bíblicos √ Necessita de modelo de como lidar com pressão do grupo e questões de vício, sexualidade e
suicídio
√ Culto corporativo e frequência à igreja são cruciais para moldar valores e formar uma relação pessoal com Cristo √ Beneficia-se de discussões lideradas por adultos e das oportunidades para fazer perguntas
√ Pode expressar desconforto ao orar em voz alta e precisa de ajuda para aprender a orar e a saber o que esperar quando ora
Recursos Úteis
Exercícios e atividades de perguntas e respostas Atividades ou exercícios que encorajam a autoexpressão de sentimentos, pensamentos e valores
Recursos que ajudam a desenvolver uma boa tomada de decisão e escolhas maduras Interesse genuíno em ouvir suas opiniões, gostos, aversões
Recursos que instilam valores piedosos e amadurecem relacionamentos Formar confiança/respeito mútuo ao se envolver com ou participar de seu mundo – rede social,
arte, atletismo, passatempos e outros interesses
Histórias, depoimentos e exemplos pessoais de quem já superou problemas difíceis, tais como aqueles que os adolescentes enfrentam, Criar lugares de comunidade de apoio
fornecendo exemplos que orientam em direção à piedade e à fé
Atividades artísticas e recursos para a autoexpressão e a autoconsciência Fomentar discussões seguras e oportunidades para perguntas sobre temas de amizade entre
colegas, drogas e álcool, sexo, depressão e suicídio
O Ministério Fiel visa apoiar a igreja de Deus de fala portuguesa, fornecendo conteúdo bíblico, como literatura, conferências, cursos teológicos e recursos digitais.
Por meio do ministério Apoie um Pastor (MAP), a Fiel auxilia na capacitação de pastores e líderes com recursos, treinamento e acompanhamento que
possibilitam o aprofundamento teológico e o desenvolvimento ministerial prático.
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